Pb Francisco Barbosa
TEXTO ÁUREO
“Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da comum salvação, tive por necessidade escrever-vos e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos” (Jd 3)
Entenda
o Texto Áureo:
- todo
empenho
– (2Pedro 1:5). Como o ministro deve dar toda a diligência para admoestar,
assim o povo deve, de acordo com sua admoestação, dar toda a diligência para
ter todas as graças cristãs, e fazer com que seu chamado seja certo. a
nossa salvação comum – forjada por Cristo. Compare Nota, veja em 2Pedro
1:1, “obtido como fé preciosa”, Esta comunidade de fé, e do objeto de fé,
salvação, forma a base de exortação mútua por apelos a esperanças e medos
comuns. tive por necessário – em vez disso, “senti a necessidade
de escrever (agora de uma vez; assim o aoristo grego significa; o presente
infinitivo” para escrever “, que precede, expressa apenas o fato geral da
escrita) exortando-o”. razão pela qual ele sentiu que era necessário “escrever
com exortação”, ele declara, Judas 1:4, “porque alguns homens se introduziram”,
etc. Tendo pretendido escrever geralmente sobre “a salvação comum”, ele achou
necessário os males existentes na Igreja, para escrever especialmente que eles
deveriam lutar pela fé contra esses males. fervorosamente contender
– Compare Filemom 1:27, “lutando juntos pela fé do Evangelho”. uma vez
– grego, “uma vez por todas entregue”. Nenhuma outra fé ou revelação é para
substituí-lo. Um forte argumento para resistir a inovadores hereges (Judas
1:4). Os crentes, como os trabalhadores de Neemias (Neemias 4:17), com uma mão,
“edificam-se em sua santíssima fé”; com o outro eles “lutam fervorosamente pela
fé” contra seus inimigos. aos santos – todos os cristãos, santos
(isto é, consagrados a Deus) por seu chamado e pelo desígnio de Deus.
VERDADE PRÁTICA
Heresias são crenças e práticas
contrárias ao pensamento bíblico que distorcem os pontos principais da doutrina
bíblica.
Entenda
a Verdade Prática:
-
Ensinamento contrário a uma verdade
fundamental da Bíblia. A heresia é o que a Bíblia chama de “doutrina
falsa”, um ensinamento errado (1 Timóteo 6:3-5).
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Atos 20.28-31; 1 Pedro 3.15,16; 2 Pedro 2.1-3
Atos 20.28-31
28
Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos
constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com
seu próprio sangue.
-
e
por todo o rebanho – Veja Hebreus 13:17. Observe aqui como o pessoal é
colocado diante do cuidado pastoral. sobre os quais o Espírito Santo tem vos
posto – Compare Jo 20:22-23; Efésios 4:8, 11-12; Apocalipse 3:1. (Atos
14:23 mostra que o apóstolo não pretendia excluir a ordenação humana). como
supervisores – Ou, como a mesma palavra está em toda parte em nossa
versão, “bispos”. A distinção entre esses ofícios não pode certamente ser
traçada até o segundo século, nem foi estabelecida até o final daquele século. seu
próprio sangue – “Seu próprio” é enfático: “Que glorificou o Senhor que
da mão direita do poder nos céus está reunindo e governando a Igreja, e pelo
Seu Espírito, através da ação humana, te colocou sobre ele, não pode ser
indiferente ao seu bem-estar em suas mãos, vendo que Ele deu para si Seu mais
precioso sangue, tornando-o Seu pelo mais querido de todos os laços”. A
sacralidade transcendente da Igreja de Cristo é, assim, repousada sobre a
dignidade de seu Senhor e a consequente preciosidade daquele sangue que Ele
derramou por ela. E como o caráter sacrificial expiatório da morte de Cristo é
aqui claramente expresso, assim Sua suprema dignidade é implicada tão
claramente pela segunda leitura como é expressa pela primeira. Que motivo para
a fidelidade pastoral é aqui fornecido!
29
Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos
cruéis, que não pouparão ao rebanho;
-
Duas classes de inimigos vindouros são anunciadas aqui e no versículo 30, a
mais externa a si mesma, a outra criada no seio de sua própria comunidade;
ambos eram para ser mestres, mas a um, “lobos cruéis”, não poupando, ou seja,
fazendo presas do rebanho; o outro (Atos 20:30), simplesmente pervertedores da
verdade, com o objetivo de atrair partidarismo após deles. Talvez aqui
apontasse para aquele sutil veneno do gnosticismo oriental, que sabemos ter
infectado muito cedo as igrejas asiáticas; o outro, a tais tendências
judaizantes, como sabemos que incomodaram quase todas as igrejas primitivas.
Veja as Epístolas aos Efésios, Colossenses e Timóteo, também aquelas às sete
igrejas da Ásia (Apocalipse 2:1-3:22). Mas a vigilância contra tudo o que tende
a ferir e corromper a Igreja é o dever de seus pastores em todas as épocas.
30
E que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas,
para atraírem os discípulos após si.
-
E
que dentre vós mesmos se levantarão homens a falarem coisas perversas –
ou coisas tortas, “Como um membro do corpo pode ser forçado (diz Lechler), e
por curvatura violenta colocada em uma posição distorcida, também as verdades
podem ser pervertidas, colocadas em falsas relações entre si, distorcidas pelo
exagero, transformadas em caricaturas daquilo que eles originalmente
representados. E esta é a natureza de toda a falsa doutrina. O erro é apenas
uma deturpação da verdade; toda falsa doutrina tem alguma verdade no fundo, que
é deturpada pela culpa dos homens”. [JFU]
1 Pedro 3.15,16
15
Antes, santificai ao SENHOR Deus em vossos corações; e estai sempre preparados
para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da
esperança que há em vós,
-
santificai
– honre como santo, consagrando-o em seus corações. Assim, na oração do Senhor
(Mateus 6:9). A santidade de Deus é assim glorificada em nossos corações como
morada do Seu Espírito. e. No grego, “mas”, ou “além disso”.
Além desta santificação interior de Deus no coração, esteja também sempre
pronto para responder – uma resposta apologética defendendo sua fé. a
razão – o motivo razoável. Isto refuta o dogma de Roma, “Eu acredito
nisso, porque a Igreja acredita nisso”. Credulidade é acreditar sem evidência;
fé é acreditar em evidência. Não há repouso para a razão em si, mas na fé. Este
versículo não impõe uma obrigação de apresentar uma prova aprendida e uma
defesa lógica da revelação. Mas como os crentes se negam, crucificam o mundo e
enfrentam a perseguição, eles devem ser encorajados por uma forte “esperança”;
os homens do mundo, que não têm essa esperança, são movidos pela curiosidade a
perguntar o segredo dessa esperança; o crente deve estar pronto para dar um
relato “como esta esperança surgiu nele, o que ela contém e sobre o que ela
repousa” (Steiger). com. Os manuscritos mais antigos dizem: “mas com”. Esteja
pronto, mas com “mansidão”. Não com arrogância. mansidão (1Pedro 3:4). A
maneira mais eficaz; não a impetuosidade auto-suficiente. [JFU, 1866]
16
Tendo uma boa consciência, para que, naquilo em que falam mal de vós, como de
malfeitores, fiquem confundidos os que blasfemam do vosso bom procedimento em
Cristo.
-
tendo
uma boa consciência. A fonte da prontidão para prestar contas da nossa
esperança. Assim, esperança e boa consciência andam juntas em Atos 24:15-16.
Confissão sem prática não tem peso. Mas aqueles que têm uma boa consciência
podem prestar contas de sua esperança “com mansidão”. naquilo (1Pedro 2:12). insultam
o vosso bom comportamento. “Caluniam”; o grego expressa malícia
mostrada tanto em atos como em palavras. É traduzido como “maldizem” em Mateus
5:44; Lucas 6:28. em Cristo – quem é o próprio elemento da vossa vida como
cristãos. “Em Cristo” define “bom”. É a vosso bom comportamento como cristãos,
não como cidadãos, que desperta a malícia dos ímpios (1Pedro 4:4-5,14). [JFU,
1866]
2 Pedro 2.1-3
1
E TAMBÉM houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também
falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e
negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição.
-
Mas
– em contraste com os profetas “movidos pelo Espírito Santo” (2Pedro 1:21). também
– bem como os verdadeiros profetas (2Pedro 1:19-21). Paulo já havia testificado
a entrada de falsos profetas nas mesmas igrejas. entre o povo – Israel:
ele está escrevendo para os israelitas crentes principalmente (ver em 1Pedro
1:1). Tal “falso profeta” foi Balaão (2Pedro 2:15). Haverá – Já sintomas do
mal estavam aparecendo (2Pedro 2:9-22; Juízes 1:4-13). falsos instrutores –
professores de falsidade. Em contraste com os verdadeiros mestres, a quem ele
exorta seus leitores a darem atenção (2Pedro 3:2). quem – como
(literalmente, “o que”) deve. disfarçadamente – não a princípio
direta e abertamente, mas a propósito, trazendo erros ao lado da doutrina
verdadeira (então o grego): objetos de Roma, os protestantes não podem apontar
a data exata do início das falsas doutrinas sobrepostas à doutrina verdadeira.
verdade original; nós respondemos, Pedro nos prediz que seria assim, que a
primeira introdução deles seria furtiva e inobservada (Juízes 1:4). condenável
– literalmente, “de destruição”; acarretando destruição (Filipenses 3:19) em
todos os que os seguem. heresias – doutrinas
auto-escolhidas, que não emanam de Deus (compare “adoração de vontade”,
Colossenses 2:23). mesmo – indo até mesmo a ponto de negar tanto no ensino como na
prática. Pedro sabia, por amargo arrependimento, que coisa temerosa é negar ao
Senhor (Lucas 22:61-62). negando – Aquele que, acima de todos
os outros, eles deveriam confessar. Senhor – “Mestre e Proprietário”
(Grego), compare Juízes 1:4, grego. A quem a verdadeira doutrina ensina ser seu
PROPRIETÁRIO por direito de compra. Literalmente, “negar Aquele que os comprou
(que Ele deveria ser assim), seu Mestre”. os comprou – até mesmo os ímpios
foram comprados por seu “sangue precioso”. Será sua mais amarga autocensura no
inferno, que, no que diz respeito à redenção de Cristo, eles poderiam ter sido
salvos. A negação de Seu sacrifício propiciatório está incluída no significado
(compare com 1João 4:3). trazer sobre si mesmos – compare
“Deus trazendo o dilúvio sobre o mundo”, 2Pedro 2:5. O homem traz sobre si a
vingança que Deus traz sobre ele. repentina – descendo rapidamente:
como a vinda do Senhor será rápida e repentina. Assim como a terra tragou Coré
e Datã, e “desceram rapidamente ao abismo”. Compare com Juízes 1:11, que é
semelhante a esta passagem. [Fausset, aguardando revisão]
2
E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da
verdade.
-
perdições
– Os manuscritos mais antigos e Vulgata ler, “licenciosidade” (Juízes 1:4). A
falsa doutrina e a prática imoral geralmente andam juntas (2Pedro 2:18-19). por
causa de quem – “por conta de quem”, ou seja, os seguidores dos falsos
mestres. o caminho da verdade será insultado – “blasfemado” por aqueles
que estão fora, que deve colocar sobre o próprio cristianismo a culpa de seus
professores “prática do mal. Contraste 1Pedro 2:12.
3
E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de
largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita.
-
através,
etc. – grego, “na cobiça” como seu elemento (2Pedro 2:14, final). Contraste
2Coríntios 11:20; 12:17. de muito tempo – no propósito eterno
de Deus. “Antes do velho ordenado para condenação” (Juízes 1:4). não
demora – embora os pecadores pensem que isso persiste; “Não está
ocioso.” condenação – grego, “destruição” (ver em 2Pedro 2:1).
Personificado. não adormece – embora os pecadores durmam.
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INTRODUÇÃO
Heresias são crenças e práticas
contrárias ao pensamento bíblico, pois elas distorcem os pontos principais da
doutrina cristã, confrontam o Cristianismo Histórico e criam um problema para
as igrejas e as famílias. As heresias da atualidade são as mesmas da
antiguidade, mas com uma roupagem nova, que foram rejeitadas pelos apóstolos e
primeiros cristãos, pois “nada há novo debaixo do sol” (Ec 1.9). O presente
trimestre tem por objetivo mostrar o referencial doutrinário da fé cristã,
levando-o (a) a reconhecer de longe as heresias. Esta primeira lição é um
estudo sobre o problema das heresias nas igrejas e a nossa responsabilidade na
defesa da fé.
-
No sentido geral, heresia é um ensino que vai contra uma religião estabelecida.
A heresia é um desvio do ensinamento dessa religião. Nem todo o ensino contra a
Bíblia é uma heresia. A heresia é apenas aquilo que distorce o ensino da
Bíblia. Por exemplo, um ensinamento herético pode concordar com a maioria da
Bíblia, mas negar que Jesus é Deus (Jo 10.30-33). Como a verdade que Jesus é
Deus é um ensinamento fundamental da Bíblia, negar que Jesus é Deus é heresia.
Assim, para iniciarmos esse assunto, é interessante esclarecer o que não é
heresia:
• Outra religião – religiões diferentes não têm a
Bíblia como fundamento, por isso não tentam distorcer o que diz;
• O ensinamento que rejeita a Bíblia – uma heresia
afirma se basear na Bíblia;
• Opiniões sobre questões secundárias – nem tudo é
um ensino fundamental da Bíblia; por exemplo, acreditar que a terra tem 6000 ou
45 milhões de anos não muda a mensagem da Bíblia;
A
Bíblia nos avisa sobre pessoas que ensinam mentiras. À primeira vista, a
heresia pode parecer boa e correta, mas quando estudamos o que a Bíblia diz
descobrimos que é um ensino errado. Para não ser enganado por uma heresia, é
muito importante conhecer e estudar a Bíblia (At 17.11). Ela é nossa grande
autoridade, porque é a Palavra de Deus (2Tm 3.16-17). Toda a doutrina deve ser
fundamentada na Bíblia. Qualquer ensino que vai contra a Bíblia é uma mentira e
deve ser rejeitada (Gl 1.8-9).
Palavra-Chave: Heresia
I. AS AMEAÇAS DOS LOBOS VORAZES
1. Os cuidados pastorais (At 10.28). Os “anciãos” mencionados no versículo 17 são
chamados de bispos nessa passagem e, ao dizer que eles foram constituídos pelo
Espírito Santo para “apascentardes a igreja de Deus”, mostra que eles são
pastores. A função primordial do pastor é alimentar, guiar e proteger o rebanho
(Lc 15.4-6). O Novo Testamento emprega essa metáfora ao tratar o relacionamento
entre pastor e rebanho na igreja. A exortação apostólica aos líderes da igreja
visa proteger os irmãos e as irmãs das heresias e guiar todos na verdade do
Evangelho. Esse cuidado aparece nos ensinos de Jesus (Mt 7.15-20).
-
Em nossa leitura Bíblica em Classe, o texto de Atos 20.28, traz uma exortação
do apóstolo Paulo, quando ele estava em Mileto, dirigindo-se aos presbíteros da
igreja de Éfeso em um discurso carregado de emoção e urgência. Ele antecipa sua
partida definitiva e adverte sobre os perigos que ameaçam a igreja, como os
lobos vorazes (v. 29) e as heresias internas (v. 30). Este versículo centraliza
a identidade divina de Cristo, a responsabilidade pastoral e a origem divina da
igreja. A Éfeso do primeiro século era um centro religioso e cultural de
destaque no mundo greco-romano. Além da famosa idolatria em torno do templo de
Ártemis (Atos 19:24-27), a cidade abrigava influências filosóficas e
sincretistas que ameaçavam a pureza doutrinária. É nesse cenário que Paulo
instrui os líderes sobre o cuidado da igreja, destacando a verdade
cristológica. No versículo em apreço, a palavra no Grego, Ἐπισκοπεῖτε
(Episkopeíte) – “Cuidai”, é um verbo usado no imperativo presente, significa
“vigiar”, “supervisionar” ou “tomar conta”. Ele carrega a ideia de uma
observação atenta e cuidadosa, como a de um pastor com o seu rebanho. Aqui,
Paulo exorta os presbíteros (anciãos ou líderes espirituais) a exercerem
vigilância sobre si mesmos e sobre a congregação, enfatizando a liderança espiritual
responsável. Refuta o abandono pastoral
ou o exercício negligente da autoridade espiritual. Além disso, rebate a ideia
de que a liderança cristã é apenas um título honorário, apontando para sua
natureza sacrificial e ativa.
2. “Depois da minha partida”
(v.29). Essa expressão é uma palavra
profética, pois o apóstolo não está apenas se referindo à sua morte, mas também
ao avanço dos hereges no seio da igreja depois do período apostólico, no
futuro. Paulo usa uma linguagem metafórica para identificar os falsos
doutrinadores, “lobos cruéis” ou “lobos vorazes” (v. 29 – Nova Almeida
Atualizada – NAA). O apóstolo Pedro, depois de ensinar que o Espírito Santo
inspirou os profetas do Antigo
Testamento (2 Pe 1.19-21), mostrou que a
presença do verdadeiro ensino nem sempre é suficiente para impedir a
manifestação do falso. Tanto que, ao falar a respeito dos profetas legítimos
dentre os hebreus, ressaltou que também havia entre o povo falsos profetas,
como haveriam de surgir com o tempo, no meio da Igreja, falsos mestres (2 Pe
2.1). Na verdade, eles já estavam presentes no período apostólico (Gl 1.7; Cl
2.8; Jd 4).
-
A Responsabilidade Pastoral. Paulo enfatiza a responsabilidade dos líderes em
preservar a pureza doutrinária e espiritual da igreja. Isso refuta movimentos
que permitem a relativização da verdade bíblica sob o pretexto de inovação ou
pragmatismo. Em Atos 20.29, o apóstolo Paulo, em seu discurso aos presbíteros
de Éfeso, alerta sobre os perigos que a igreja enfrentará após sua partida. Ele
utiliza a metáfora dos “lobos” para descrever os falsos mestres e líderes
corruptos que ameaçariam a comunidade cristã. O termo “lobos cruéis” sublinha a
agressividade desses agentes destrutivos. A imagem dos lobos cruéis enfatiza a
gravidade das heresias. Elas não apenas confundem intelectualmente, mas também
destroem espiritualmente, comprometendo a pureza da fé e da comunhão cristã. No
versículo 30, a menção de “dentre vós mesmos” evidencia que nem todos os
problemas doutrinários são causados por inimigos externos. A igreja
frequentemente enfrenta divisões e desvios doutrinários originados de líderes
ambiciosos ou mal informados, o que exige vigilância constante.
3. A origem dos falsos mestres
(v.30). Dois pontos surpreendentes,
nessa parte do discurso, nos chamam a atenção; primeiro, os lobos vorazes
surgem de dentro da própria igreja “dentre vós mesmos” e, segundo “se
levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos
após si”. Os discípulos deles ainda estão por aí. Entre eles estão os que se
posicionam acima das Escrituras, os quais, sem o menor pudor espiritual, usam
as redes sociais para “corrigir” a Bíblia e discordar abertamente dos profetas
e dos apóstolos bíblicos. Tais pessoas consideram seus discursos modernos e a
mensagem da Bíblia, desatualizada, em razão disso oferecem um novo
evangelho (2 Co 11.13-15). Em face disso, vemos a importância de estudar um
campo da Teologia denominado de apologética para orientar os crentes dos nossos
dias.
-
Encontramos em At 20.30, o termo Ἀναστήσονται (Anastēsontai) – “Se levantarão”.
Este verbo, derivado de ἀνίστημι (anístēmi), significa “erguer-se”,
“levantar-se” ou “surgir”. Indica ação deliberada e enfatiza que esses
indivíduos surgirão de forma intencional, com o propósito de desviar os
crentes. Aplicação Teológica: Ressalta a soberania de Deus em permitir tais
situações como uma forma de provar a fé da igreja, mas também a
responsabilidade humana de resistir e refutar esses levantes. Outro termos
importante aqui é Διεστραμμένα (Diestramména) – “Perversas”. Este adjetivo,
derivado de διαστρέφω (diastréphō), significa “torcido”, “distorcido” ou
“corrompido”. Refere-se a ensinos que subvertem a verdade, apresentando-a de
forma alterada para enganar ou manipular. Aplicação Teológica: Aponta para a
natureza enganosa das heresias, que frequentemente usam elementos da verdade misturados
com erro para confundir os crentes. Paulo destaca que o maior perigo pode vir
de dentro da própria igreja. Isso reforça a necessidade de uma liderança madura
e de membros bem fundamentados na Palavra de Deus, para reconhecer e refutar
ensinos falsos. A Manipulação de Discípulos. Os falsos mestres frequentemente
buscam atrair seguidores não para Cristo, mas para si mesmos. Este
comportamento reflete ambição, egoísmo e desrespeito pela santidade da igreja,
que pertence ao Senhor. A natureza corrupta dos ensinos, os “ensinos perversos”,
são uma mistura de verdade e erro, tornando-os particularmente perigosos. Por
isso, Paulo exorta à vigilância, para que a igreja seja capaz de discernir a
verdade. Mais uma vez, reforço a ideia de que, parte do erro pode vir do nosso
próprio meio, por essa razão, um estudo acurado das Escrituras, e ouvir os
ensinos como ouviram os crentes de Beréia, com as Escrituras abertas e
conferindo se essas coisas eram assim mesmo, é algo que deve ser levado em alta
consideração. Tivemos recentemente uma debate entre dois pastores da
denominação sobre a tal “tristeza” no Tribunal de Cristo, o saldo desse debate
foi “achismo”, nenhuma base bíblica sólida para ambas as partes debatentes.
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SINOPSE
I
Os lobos vorazes surgem de dentro do
povo de Deus. Por isso, a Apologética é tão necessária.
AUXÍLIO
TEOLÓGICO
UM TESTEMUNHO COERENTE
O segredo da coragem e sucesso em
enfrentar oposição é santificar a Cristo, como Senhor, no coração (1 Pe 3.15).
Isso significa entronizar Cristo no coração como o Senhor supremo, que apesar
de inocente sofreu pelos culpados e tem a preeminência em todas as coisas (Cl
1.18); reconhecê-lo como santo; confiar plenamente nas suas sábias providências
com toda a sinceridade; e amá-lo com um amor inspirado por uma teologia correta
que cobre a sua morte ‘com significado expiatório’. Sempre devemos estar
preparados para enfrentar a zombaria dos críticos e a investigação honesta
daqueles que buscam a verdade. Pedro pode ter se lembrado daquela noite amarga
em que negou a Cristo. A resposta a qualquer que […] pedir a razão da esperança
envolve um relato racional das verdades básicas do Cristianismo e uma refutação
convincente das acusações falsas. Esse tipo de resposta requer mansidão e temor
e uma boa consciência (v. 16). Para ser eficiente, o testemunho deve estar
baseado numa vida piedosa; deve ser apresentado com firmeza, livre de qualquer
traço de rebeldia ou desrespeito para com os inquiridores, e deve vir de um coração
que está consciente da presença divina. Nos dias de Pedro, quando os cristãos
eram vistos como malfeitores e acusados de posições religiosas heréticas e maus
costumes, sua melhor defesa não era uma argumentação veemente, mas um bom
procedimento (conduta) em Cristo, o testemunho silencioso de uma vida santa
centrada no Senhor Jesus” (Comentário Bíblico Beacon. Vol. 10. Rio de Janeiro:
CPAD, 2006, p.233).
II. O QUE É APOLOGÉTICA?
1. Definição (1 Pe 3.15). Apologética Cristã é a defesa lógica e
racional da fé cristã e de suas práticas doutrinárias. O termo vem do
substantivo grego apologia, que literalmente significa “defesa, resposta”. O
termo grego traduzido por “responder”, em “preparados para responder com
mansidão” em 1 Pedro 3.15 é apologia, numa tradução literal é “… sempre
preparados para [uma] defesa”. A versão bíblica chamada de Nova Versão
Transformadora (NVT) emprega o verbo “explicar”, assim: “sempre preparados para
explicá-la”. A Apologética mostra que o cristianismo é racional, os
dados da revelação podem ser explicados de maneira metódica e sistemática,
portanto, aceitável. Jesus disse que devemos amar a Deus de todo os nossos
corações […] e de todo o nosso entendimento (Mc 12.30). Isso ensina que devemos
amar a Deus por completo, com o corpo, as emoções e o intelecto.
-
A primeira carta de Pedro foi escrita para cristãos dispersos na Ásia Menor que
enfrentavam perseguições e sofrimentos. Neste versículo, o apóstolo encoraja os
crentes a permanecerem firmes em sua fé, mesmo em meio à adversidade,
destacando a importância de estar preparados para explicar sua esperança em
Cristo. A menção da “esperança” reflete a expectativa escatológica dos cristãos
primitivos, que aguardavam a volta de Cristo. No contexto cultural, a palavra
“responder” implica um cenário judicial, sugerindo que os cristãos poderiam ser
questionados formalmente sobre sua fé. A exortação de Pedro reforça a
necessidade de defender a fé com graça e reverência, sem recorrer à hostilidade.
Em grego, Ἕτοιμοι (Hétoimoi) – “Preparados”, um adjetivo significando “prontos”
ou “dispostos”. Ele carrega a ideia de estar constantemente alerta e bem
equipado para responder a perguntas ou desafios à fé. Aplicação Teológica: A
prontidão espiritual requer um conhecimento profundo das Escrituras e uma vida
de comunhão com Deus, capacitando os crentes a defenderem sua fé com clareza e
respeito. Ἀπολογίαν (Apología) – “Razão” ou “Defesa”. Derivado de ἀπολογέομαι
(apologéomai), este substantivo significa “defesa formal” ou “resposta
racional”. No contexto, refere-se à apresentação de argumentos lógicos e
convincentes em defesa da esperança cristã.
Aplicação Teológica: A apologética não é apenas um exercício
intelectual, mas uma expressão de fé fundamentada na razão e revelação divina.
Pedro coloca a santificação de Cristo como o ponto central de uma vida cristã.
Isso significa que toda ação, incluindo a defesa da fé, deve fluir de uma
devoção sincera e profunda ao Senhor. A Esperança Cristã. A “esperança”
mencionada está enraizada na ressurreição de Cristo e na promessa da vida
eterna. Essa esperança transcende as circunstâncias terrenas e serve como uma
âncora para a alma, especialmente em tempos de perseguição. A Defesa da Fé com
Mansidão e Temor. Pedro exorta os cristãos a responderem às objeções com uma
atitude que reflete o caráter de Cristo. Isso implica equilíbrio entre firmeza
doutrinária e humildade, evitando a arrogância ou o confronto desnecessário.
2. A que defesa Pedro se refere?
(v.16). Há quem argumente que essa defesa
seja uma resposta a uma acusação, visto que essa mesma palavra, apologia,
aparece, nesse sentido no Novo Testamento, como defesa de uma acusação tanto
formal (At 22.1; 25.16) como informal (1 Co 9.3; 2 Co 7.11; Fp 1.7,16). O
versículo 16 fala do bom testemunho cristão que serve para provar a
inconsistência das acusações contra os crentes. Mas não parece ser esse o caso,
porque a defesa, resposta ou explicação nessa passagem é sobre a razão da fé
dos cristãos, e isso diz respeito à doutrina cristã. Ainda que Pedro esteja se
referindo à resposta a uma acusação formal num ambiente hostil, não deixa de
ser uma oportunidade para a defesa da fé cristã, como aconteceu com o apóstolo
Paulo diante de Festo (At 26.24,25) e de Agripa, na mesma audiência (At
26.27-29).
-
“Tendo uma boa consciência, para que,
naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, fiquem confundidos os que
blasfemam do vosso bom procedimento em Cristo” (1Pe 3.16). Pedro continua
sua exortação aos crentes perseguidos, enfatizando a importância de manter uma
conduta irrepreensível e uma consciência limpa diante de acusações injustas. No
mundo greco-romano do primeiro século, os cristãos frequentemente enfrentavam
calúnias e preconceitos, sendo acusados de subversão social, traição ao
imperador e até práticas imorais. A “boa consciência” mencionada aqui reflete
um coração puro diante de Deus e dos homens, mesmo em um contexto de oposição. A
cultura da época valorizava a reputação pública, e Pedro exorta os cristãos a
se destacarem por seu bom procedimento, desarmando as acusações falsas e
glorificando a Cristo por meio de suas vidas. “Consciência” refere-se à
capacidade moral de discernir entre o certo e o errado. No contexto cristão,
implica uma consciência guiada pela Palavra de Deus e pelo Espírito Santo,
alinhada à vontade divina. Aplicação
Teológica: Uma boa consciência reflete integridade e fidelidade a Deus,
permitindo que o crente enfrente acusações injustas com paz interior.
Καταλαλοῦσιν (Katalaloûsin) – “Falam mal”. Este verbo, derivado de καταλαλέω
(katalaléō), significa “caluniar“, “falar contra” ou “difamar“. Ele descreve a
atitude dos opositores que, de forma injusta, acusam os cristãos de más ações. Aplicação Teológica: Indica que o sofrimento
causado por calúnias pode ser enfrentado com uma vida exemplar, que desarma as
acusações pela evidência de um caráter transformado. Ἀναστροφήν (Anastrophḗn) –
“Procedimento”. Este substantivo significa “conduta“, “modo de vida” ou
“comportamento“. No contexto, refere-se à vida visível dos cristãos, que deve
refletir os valores do evangelho. O procedimento do crente deve ser consistente
com sua confissão de fé, evidenciando a transformação operada por Cristo. Pedro
exorta os crentes a manterem uma consciência limpa, o que exige uma vida de
santidade e obediência a Deus. Isso reflete o equilíbrio entre a posição do
cristão em Cristo e sua responsabilidade ética no mundo. A conduta cristã tem o
poder de desarmar os críticos e glorificar a Deus. Pedro destaca que uma vida
íntegra pode confundir e envergonhar os que caluniam os crentes, mostrando que
suas acusações são infundadas. Cristo como Centro do Procedimento. O “bom
procedimento em Cristo” enfatiza que a transformação do crente não é meramente
moral ou cultural, mas resultado da obra de Cristo em sua vida.
3. Por que devemos combater as
heresias? (3.16).
a) Para defesa própria (1 Tm 4.16) :
Os cristãos devem estar informados daquilo que os vários grupos ensinam e saber
a forma de refutá-los biblicamente;
- Tem
cuidado de ti mesmo e da doutrina – Os dois requisitos de um bom pastor:
Seu ensinamento será de nenhum proveito, a menos que sua própria vida esteja de
acordo com ele; e sua própria pureza de vida não é suficiente, a menos que ele
seja diligente em ensinar. Este verso é um resumo de 1Timóteo 4.12.
b) Para ajudar os outros na
compreensão da própria fé: principalmente os que rejeitam pontos fundamentais
da fé cristã e, muitas vezes, de forma inconsciente, pois sabemos que existem
muitas pessoas sinceras as quais buscam servir a Deus e precisam conhecer a sua
Palavra (Tt 1.9). Esse debate sobre as crenças deve ocorrer de maneira
respeitosa e com argumentos e fundamentação bíblica, respondendo às objeções
contra a fé cristã. O êxito dessa luta é garantido quando se está nos domínios
do Espírito Santo (Jo 16.13).
-
Manter Cristo como o centro da vida, preparados para defender a fé com respeito
e mansidão. Viver de forma irrepreensível para que a vida pessoal confirme a
mensagem do evangelho. Responder às críticas ou calúnias com integridade, mostrando
o caráter transformador da fé cristã. As “heresias de perdição” não apenas
distorcem a verdade, mas conduzem os ouvintes à destruição espiritual. Este
perigo destaca a importância de proteger a igreja contra ensinos que
comprometem o evangelho. A negação do “Senhor que os resgatou” é o ponto
culminante das heresias. Qualquer ensino que diminua a autoridade, a divindade
ou a obra redentora de Cristo deve ser rejeitado como destrutivo e contrário à
fé cristã. Pedro continua no capítulo 2, a sua advertência contra os falsos
mestres, destacando o impacto devastador de suas ações. Ele afirma que muitos
seguirão suas “dissoluções”, uma referência à imoralidade e ao abandono das
normas divinas. O resultado será que “o caminho da verdade” será blasfemado, ou
seja, a fé cristã será desprezada devido às práticas vergonhosas associadas a
esses mestres.
SINOPSE
II
O cristão é chamado a responder de
maneira respeitosa às objeções contra a fé cristã.
III. O QUE SÃO HERESIAS?
1. Seitas e heresias. A palavra hairesis no Novo Testamento grego é
traduzida como “seita” (At 5.17; 15.5; 24.5; 28.22) e “heresias” (1 Co 11.19;
Gl 5.20; 2 Pe 2.1). É verdade que o Cristianismo foi também chamado de “seita”,
mas por não cristãos, pessoas que não conheciam as verdades do Evangelho de
Cristo e que se opunham a Ele (At 24.5,14; 28.22). A palavra “seita” é usada
para designar as religiões heterodoxas. É um termo já desgastado, trazendo em
si, muitas vezes, um tom pejorativo, por isso devemos saber quando aplicá-lo.
-
Se deriva da palavra háiresis, como descrito acima, que significa escolha,
partido tomado, corrente de pensamento, divisão, escola etc. Geralmente é um
grupo não-ortodoxo, esotérico (do grego esoterikós, que significa conhecimento
secreto, ao alcance de poucos). Podem ter uma devoção a uma pessoa, objeto, ou
a um conjunto de ideias novas.(Alexandre Galante, ex-Boston).
2. “Hairesis” no Novo Testamento. Esse vocábulo aparece com o sentido de
“partido, espírito sectário” e nem sempre representa uma ruptura com o sistema
convencional de determinada comunidade. Os saduceus e os fariseus eram seitas
que formavam facções dentro do próprio judaísmo (At 5.17; 26.5), e a versão
bíblica NAA traduz por “partido”. Paulo adverte para que não haja no seio da
igreja essas divisões (hairesis) e condena as inovações doutrinárias que causam
divisão ou dissensão (1 Co 11.19; Gl 5.20).
-
Como já bem definido, seita e heresia derivam da palavra grega “ háiresis”, que
significa escolha, partido tomado, corrente de pensamento, divisão, escola etc.
A palavra heresia é adaptação de “háiresis”. Quando passada para o latim,
“háiresis” virou “secta”. Foi do latim que veio a palavra seita. Originalmente,
a palavra não tinha sentido pejorativo. Quando o Cristianismo foi chamado de
seita (At 24.5), não foi em sentido depreciativo. Os líderes judaicos viam os
cristãos como mais um grupo, uma facção dentro do judaísmo. Com o tempo,
“háiresis” também assumiu conotação negativa, como em 1Co 11.19; Gl 5.20; 1Pe
1.1-2. Em termos teológicos, podemos dizer que seita refere-se a um grupo de
pessoas e que heresia indica as doutrinas antibíblicas defendidas pelo grupo.
Baseando-se nessa explicação, podemos dizer que um cristão imaturo pode estar
ensinando alguma heresia, sem, contudo, fazer parte de uma seita. Vejamos ainda
algumas definições de apologistas famosos:
1ª “um grupo de indivíduos reunidos em torno de uma
interpretação errônea da Bíblia, feita por uma ou mais pessoas”. Dr. Walter
Martin.
2ª “é uma perversão, uma distorção do Cristianismo
bíblico e/ou a rejeição dos ensinos históricos da Igreja Cristã”. Josh
McDoweell e Don Stewart.
3ª “Qualquer religião tida por heterodoxa ou mesmo
espúria”. J. K. Van Baalen.
A
palavra doutrina vem do latim “doctrina”, que significa ensino. Referindo-se a
qualquer tipo de ensino ou a algum ensino específico. Algumas pessoas confundem
doutrina com a questão de usos e costumes. Alguns falam: “a minha igreja tem doutrina”. Quando, possivelmente, lá existam na realidade
muitas heresias. O verdadeiro ensino bíblico e teológico é que constitui a
verdadeira doutrina!
3. Heresias de perdição (2 Pe
2.1). É nessa passagem que hairesis
apresenta o sentido de erro doutrinário como a “heresia”, propriamente dita, no
campo teológico que nós conhecemos hoje. As heresias distorcem os pontos
principais da doutrina cristã no que diz respeito a Deus: Trindade, o Senhor
Jesus Cristo e o Espírito Santo; ao ser humano: natureza, pecado, salvação,
origem e destino; aos anjos; à igreja e às Escrituras Sagradas. O mais grave
erro é quando diz respeito à Divindade e interfere na salvação (v.1b), pois não
existe salvação sem Jesus (Jo 14.6; At 4.12).
-
Pedro continua a denunciar os falsos mestres, agora abordando suas motivações e
métodos. Ele descreve sua avareza como a raiz de suas ações, transformando o
povo de Deus em objeto de exploração. No primeiro século, práticas religiosas
frequentemente eram usadas para ganho pessoal, e os falsos mestres seguiam essa
tendência ao usar palavras enganosas para manipular e lucrar às custas dos
crentes. A expressão “negócio” indica que esses líderes tratavam a fé como
mercadoria, algo comercializável. Essa atitude não apenas contradiz a essência
do evangelho, mas também expõe os falsos mestres ao julgamento iminente de
Deus. Os falsos profetas alegavam dolosamente ser profetas ou profetizavam
coisas falsas. Já os falsos mestres ensinavam as doutrinas falsas dos falsos
profetas. Jesus, no Sermão do Monte, alertou para o surgimento desses falsos
mestres: Vede que ninguém vos engane.
Porque surgirão muitos em meu nome, dizendo: Eu sou 0 Cristo, e enganarão a
muitos (Mt 24.4,5). Ouvimos com muita frequência que doutrina não é
importante, que o cristianismo é relacionamento, e não um credo. Hoje há uma
gritante indiferença em relação à doutrina, para não dizer hostilidade. Isso é extremamente
perigoso e lamentável. R. C. Sproul destaca, com razão, que a maior ameaça ao
povo de Deus no Antigo Testamento não foram os exércitos filisteus, assírios ou
amalequitas, mas os falsos profetas dentro de seus portões.
SINOPSE
III
O apóstolo Paulo adverte acerca das
divisões no seio da igreja e condena as inovações doutrinárias que causam
dissensões.
AUXÍLIO
BIBLIOLÓGICO
SEITA
A palavra grega hairesis traduzida
como ‘seita’ em algumas versões significa literalmente ‘divisão’ ou ‘partido’,
sem uma conotação depreciativa. Ela era usada para falar das várias escolas
filosóficas de pensamento. E usada nesse sentido neutro a respeito dos fariseus
e saduceus em Atos 5.17; 15.5. Nos últimos capítulos do livro de Atos, onde ela
é usada em relação aos cristãos, começa a aparecer um tom mais crítico (24.5;
26.5; 28.22). Em 1 Coríntios 11.19; Gálatas 5.20 e 2 Pedro 2.1, algumas versões
a traduzem como ‘heresias’. Embora não se possa ter a certeza de que esta
palavra passou a ser sinônimo de falsas doutrinas assim tão cedo, ela é usada
aqui no sentido de ‘dissensão’ ou ‘opiniões destrutivas’ (Arndt. p. 23)”
(Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p.1785).
CONCLUSÃO
Os apóstolos responderam aos
opositores da fé cristã e lançaram a base da nossa teologia. Todos os escritos
do Novo Testamento mostram essa luta acirrada contra as falsas doutrinas. É,
pois, tarefa da igreja atual “batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos”
(Jd 3). Finalizamos com a seguinte pergunta para reflexão: Estamos afazer pela
verdade o que esses agentes da heresia fazem pela mentira?
-
Quando o apóstolo Pedro nos pede para “...estar
sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos
pedir a razão da esperança que há em vós” (1Pe 3.15); a palavra
“responder”, é apologia. Ou seja, Pedro nos diz que devemos estar preparados
para fazer uma defesa segura de nossa fé. Como alguém que está sendo acusado em
um júri. Será que todos nós, líderes, ovelhas e pastores, temos esta condição
de sermos apologistas da fé cristã? Ou estamos descendo de ladeira abaixo rumo
às falácias de homens incautos e arrogantes, que “não sabem o que dizem sem as
coisas sobre as quais fazem ousadas asseverações?” Pois são pessoas que
“resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à
fé”. 2Tm 3.8b. Que Deus nos dê a Sua graça, e nos ajude. Parafraseando Lutero:
que a nossa mente esteja cativa à palavra de Deus.
Tudo
já valeu a pena, mas a maior recompensa ainda está por vir.
Que
o mundo saiba que Jesus Cristo é o seu Senhor!
Dele
seja a glória!
_______________
Francisco
Barbosa (@Pbassis)
• Graduado
em Gestão Pública;
• Teologia
pelo Seminário Martin Bucer (S.J.C./SP);
• Pós-graduado
em Teologia Bíblica e Exegese do Novo Testamento, pela Faculdade Cidade Viva
(J.P./PB);
• Professor
de Escola Dominical desde 1994 (AD Cuiabá/MT, 1994-1998; AD Belém/PA,
1999-2001; AD Pelotas/RS, 2000-2004; AD São Caetano do Sul/SP, 2005-2009; AD
Recife/PE (Abreu e Lima), 2010-2014; Ig Cristo no Brasil, Campina Grande/PB,
2015).
• Pastor
da Igreja de Cristo no Brasil em Campina Grande/PB
Servo, barro nas mãos do Oleiro.
_______________
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REVISANDO O CONTEÚDO
1. Nesta lição, qual a exortação
apostólica aos líderes da igreja?
R. A exortação apostólica aos líderes
da igreja visa proteger os irmãos e as irmãs das heresias e guiar todos na
verdade do Evangelho.
2. Qual a definição de Apologética
Cristã?
R. Apologética Cristã é a defesa
lógica e racional da fé cristã e de suas práticas doutrinárias.
3. Por que devemos combater as
heresias?
R. a) Para defesa própria (1 Tm
4.16): Os cristãos devem estar informados daquilo que os vários grupos ensinam
e saber a forma de refutá-los biblicamente; b) Para ajudar os outros na
compreensão da própria fé: principalmente os que rejeitam pontos fundamentais
da fé cristã e, muitas vezes, de forma inconsciente, pois sabemos que existem
muitas pessoas sinceras as quais buscam servir a Deus e precisam conhecer a sua
Palavra (Tt 1.9).
4. Onde, no Novo Testamento, hairesis
tem o sentido de heresia, como erro doutrinário?
R. 2 Pedro 2.1. É nessa passagem que
hairesis apresenta o sentido de erro doutrinário como a “heresia”, propriamente
dita, no campo teológico que nós conhecemos hoje.
5. Qual a pergunta para a nossa
reflexão?
R. Estamos a fazer pela verdade o que
esses agentes da heresia fazem pela mentira?