TEXTO ÁUREO
“Jesus respondeu e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus.” (Jo 3.3)
Entenda o Texto Áureo:
- nascer de novo. Literalmente, a frase significa "nascer
do alto". Jesus respondeu a uma pergunta que Nicodemos nem mesmo fez. Ele
leu o coração de Nicodemos e foi ao amago do problema dele, ou seja, a
necessidade de transformação espiritual ou regeneração produzida pelo Espirito
Santo. O novo nascimento é um ato de Deus pelo qual vida eterna é concedida ao
crente (2Co 5.17; Tt 3.5; 1Pe 1.3;
1Jo 2.29; 3.9; 4.7; 5.1,4,18). O texto de 1.12-13 indica que "nascer de novo" também carrega a ideia de
"tornar-se filho de Deus" por meio da fé no nome do Verbo encarnado. não
pode ver o reino de Deus. No
contexto, essa é primariamente uma referência a participação do reino milenar
no final dos tempos, fervorosamente aguardado pelos fariseus e outros judeus.
Uma vez que os fariseus eram sobrenaturalistas, naturalmente aguardavam com
ansiedade a profetizada ressurreição dos santos e a inauguração do reino
messiânico (Is 11.1-16; Dn 12.2). O problema deles era que pensavam que a mera
linhagem física e a observância das exterioridades religiosas os qualificavam
para entrar no reino, e não a necessidade de transformação espiritual, a qual
Jesus enfatizou (cf. 8.33-39; Gl 6.15). A vinda do reino no final dos tempos pode ser descrita como a
"regeneração" do mundo (Mt 19.28); porém, a regeneração da pessoa é
requerida antes do fim do mundo para que ele possa entrar no reino.
VERDADE
PRÁTICA
O Novo
Nascimento marca o início da jornada do crente em Jesus Cristo.
Entenda a Verdade Prática:
- O nascimento pelo qual Cristo sustenta é a água de cima – pela ação do
Espírito Santo. Todo homem deve ter dois nascimentos, um do céu, o outro da
terra – um do seu corpo, o outro da sua alma: sem o primeiro ele não pode ver
nem desfrutar deste mundo, sem o último ele não pode ver nem desfrutar do reino
de Deus. Como existe uma necessidade absoluta de uma criança nascer no mundo,
para que possa ver sua luz, contemplar suas glórias e desfrutar de seu bem, há
uma necessidade absoluta de que a alma seja tirada de seu estado de escuridão e
pecado, através da luz e poder da graça de Cristo, para que possa ver, ou,
discernir, as glórias e excelências do reino de Cristo aqui, e estar preparado
para o desfrute do reino de glória a seguir. Os judeus tinham alguma noção
geral do novo nascimento; mas, como muitos entre os cristãos, eles colocam os
atos de proselitismo, batismo, etc., no lugar do Espírito Santo e sua
influência: eles reconheceram que um homem deve nascer de novo; mas eles
fizeram esse novo nascimento consistir em profissão, confissão e lavagem externa
batismo) (Jo 3.10). O novo nascimento aqui mencionado compreende não apenas o
que se chama justificação ou perdão, mas também santificação ou santidade. O
pecado deve ser perdoado, e a impureza do coração lavada, antes que qualquer
alma possa entrar no reino de Deus. Como esse novo nascimento implica a
renovação de toda a alma em justiça e verdadeira santidade, não é um assunto
que possa ser dispensado: o céu é um lugar de santidade, e nada além do que é
como ele próprio pode entrar nele.
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE
João 3.1-8
1. E havia
entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, príncipe dos judeus.
- fariseus. A palavra "fariseu" provavelmente provém de
uma palavra hebraica que significa "separar" e, por isso, possivelmente
significa "os separados". Os fariseus não eram separatistas no
sentido de isolacionismo, mas no sentido de puritanismo, ou seja, eles eram
muito zelosos pela pureza ritual e religiosa, tanto segundo a lei de Moisés
como segundo suas próprias tradições, que eles haviam acrescentado à legislação
do AT. Embora a origem deles seja desconhecida, parece que surgiram como uma
ramificação dos "hasidim" ou "piedosos", durante a era dos
Macabeus. Geralmente provinham da classe média dos judeus e na maioria
consistiam do laicato (homens de negócio), e não de sacerdotes ou levitas.
Representavam o cerne da ortodoxia do judaísmo e influenciavam fortemente o
povo comum de Israel. Segundo Josefo, no tempo de Herodes, o Grande, havia
6.000 fariseus. Jesus os condenou porque eles se concentravam de modo extremo
nos aspectos externos da religião (regras e regulamentações) em vez de
centrarem-se na transformação espiritual interior (vs. 3,7). Nicodemos. Embora Nicodemos fosse
fariseu, seu nome, que significa "vencedor sobre o povo", era de
origem grega. Era um fariseu proeminente e membro do Sinédrio ("um dos
principais dos judeus"). Nada se sabe sobre o seu pano de fundo familiar.
No final, ele passou a crer em Jesus (7.50-52), tendo arriscado a sua própria
vida e reputação ao ajudar a dar um sepultamento decente ao corpo de Jesus
(19.38-42). um dos principais dos
judeus. Essa é uma referência ao Sinédrio (Mt 26.59), o principal corpo
governante dos judeus na Palestina. Era a "suprema corte" judaica ou
conselho governante da época; surgiu provavelmente durante o período persa. No
tempo do NT, o Sinédrio era composto pelo sumo sacerdote (presidente), pelos
principais sacerdotes, pelos anciãos (chefes de famílias) e pelos escribas, num
total de 71 membros. O método de nomeação era tanto hereditário quanto político.
Executava jurisdição civil e criminal, segundo a lei judaica. Entretanto, os
casos de pena de morte requeriam a sanção do procurador romano (18.30-32). Após
70 d.C. e depois da destruição de Jerusalém, o Sinédrio foi abolido e substituído
pela Beth Din (corte de julgamento), que era composta de escribas, cujas
decisões possuíam apenas autoridade moral e religiosa.
2. Este foi ter
de noite com Jesus e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és mestre vindo de Deus,
porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele.
- Este, de noite, foi ter com Jesus. Conquanto alguns pensem que
a visita de Nicodemos a Jesus à noite representa, de algum modo, as trevas
espirituais do coração (cf. 1.5; 9.4; 11.10; 3.1-21 A história de Jesus e Nicodemos
reforça os temas de João de 13.30) ou que ele tenha decidido ir nessa hora
porque disporia de mais tempo com Jesus e não precisaria apressar-se na
conversação, talvez a explicação mais lógica encontra-se no fato de que, por
ser um dos principais dos judeus, Nicodemos temia as implicações de associar-se
abertamente numa conversa com Jesus. Ele escolheu a noite para manter na
clandestinidade o encontro com Jesus, em vez de arriscar-se ao desfavor dos
colegas fariseus, por quem Jesus não era benquisto em geral.
3. Jesus
respondeu e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer
de novo não pode ver o Reino de Deus.
- Essa resposta brusca foi claramente
destinada a abalar todo o edifício da religião de Nicodemos, a fim de
estabelecer uma fundação mais profunda e duradoura. Nicodemos provavelmente
pensou que ele havia percorrido um longo caminho e esperava, talvez, ser
elogiado por sua franqueza. Em vez disso, ele ouve que levantou uma questão que
ele não está em uma capacidade de resolver, e que antes de se aproximar, sua
visão espiritual precisava ser corrigida por uma revolução completa em seu
homem interior. Se o homem tivesse sido menos sincero, isso certamente o teria
repelido; mas com pessoas em seu estado de espírito misto – para o qual Jesus
não era estranho (Jo 2.25) – tais métodos são mais rápidos do que palavras mais
melíferas e abordagens graduais. Nascer
de novo, – ou, por assim dizer, recomeçar a vida em relação a Deus; sua
maneira de pensar, sentir e agir, com referência às coisas espirituais,
passando por uma revolução fundamental e permanente. não pode ver – não pode participar (assim como se diz “ver a
vida”, “ver a morte”, etc.). o Reino
de Deus – seja em seus primórdios aqui (Lc 16.16), ou sua consumação
futura (Mt 25.34; Ef 5.5).
4. Disse-lhe
Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura, pode tornar a
entrar no ventre de sua mãe e nascer?
- Na qualidade de mestre, Nicodemos
compreendia o método rabínico do uso de linguagem figurativa para ensinar
verdades espirituais, e ele estava meramente retomando o simbolismo de Jesus.
5. Jesus
respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e
do Espírito não pode entrar no Reino de Deus.
- nascer da água e do Espírito. Jesus não se refere aqui à água literal,
mas à necessidade de "purificação" (p. ex., Ez 36.24-27). No AT,
quando a água é usada de maneira figurada, isso geralmente se refere à
renovação ou purificação espiritual, especialmente quando usada em conjunção
com "espírito" (Nm 19.17-19; SI 51.9-10; Is .32.15; 44.3-5; Jr 2.13;
Jl 2.28-29). Portanto, Jesus fez referência à lavagem espiritual ou purificação
da alma realizada pelo Espírito Santo por meio da palavra de Deus no momento da
salvação (cf. Ef 5.26; Tt 3.5), requerida para poder pertencer ao reino.
6. O que é
nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.
- Para mostrar a necessidade dessa mudança, o Salvador direciona a
atenção de Nicodemos para a condição natural do homem. Por “O que é nascido da
carne”, ele evidentemente pretende o homem como é por natureza, nas
circunstâncias de seu nascimento natural. Talvez ele também faça alusão à
pergunta de Nicodemos, se um homem poderia nascer quando ele fosse velho? Jesus
diz a ele que, se pudesse, não responderia a nenhum propósito valioso; ele
ainda teria as mesmas propensões e paixões. Outra mudança foi, portanto,
indispensável. É carne –
Participa da natureza dos pais. Compare Gênesis 5.3. Como os pais são corruptos
e pecaminosos, também serão seus descendentes. Ver Jó 14.4. E como os pais são
totalmente corruptos por natureza, seus filhos serão os mesmos. A palavra
“carne” aqui é usada como significando “corrupto, contaminado, pecador”. A
“carne” nas Escrituras é frequentemente usada para denotar as propensões e
paixões pecaminosas da nossa natureza, pois essas propensões devem ter seu
lugar na natureza animal. “As obras da
carne são manifestas, que são: adultério, fornicação, impureza, lascívia”,
etc. Gl 5.19-20. Veja também Efésios 2.3; 1 Pedro 3.21; 2.18; 1 João 2.16 ;
Romanos 8.5.
7. Não te
maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo.
- É possível que Nicodemos, de alguma
maneira, ainda tenha expressado uma dúvida sobre a doutrina, e Jesus aproveitou
a ocasião de uma maneira muito impressionante para ilustrá-la.
8. O vento
assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde
vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.
- O vento sopra onde quer. O que Jesus quis dizer é que, assim
como vento não pode ser controlado ou compreendido pelos seres humanos, mas os
seus efeitos podem ser testemunhados, assim também acontece com o Espírito
Santo. Ele não pode ser controlado ou compreendido, mas a prova de sua obra é
aparente. Onde o Espírito atua, ali há evidência inegável e certa.
- OBS.: Todos os comentários,
exceto os com citações, são da Bíblia de Estudo MacArthur, SBB, Edição de
Janeiro de 2017)
- Caso deseje, poderá baixar o
MyBible: https://play.google.com/store/apps/details?id=ua.mybible.
INTRODUÇÃO
Neste
trimestre, estudaremos a Jornada do Cristão. Para iniciarmos os nossos estudos,
temos o propósito de compreender o início de nossa caminhada com Cristo e o
quanto somos agraciados com a presença da Santíssima Trindade nessa trajetória.
Conceituaremos também o Novo Nascimento e o estudaremos como uma experiência
proveniente do Espírito Santo, conforme as Escrituras nos apresentam.
Finalmente, mostraremos a importância do Novo Testamento no início dessa
jornada de fé.
- A lição abordará o novo nascimento. Em
Efésios, Paulo afirma que todos estamos mortos espiritualmente e só vamos ter
acesso ao Reino de Deus se nascermos de novo, ele afirma que, embora
estivéssemos mortos por causa de nossos pecados, ELE (Deus) nos deu vida
juntamente com Cristo (Ef 2.5). Agora entenda isso, quando ele diz “nos deu
vida”, é o mesmo que dizer, “nasceu de novo”. O que estamos falando aqui é de
como o Espírito de Deus e a Palavra de Deus trabalham juntos para nos trazer da
morte espiritual para uma nova vida, vida eterna onde vamos conhecer a Deus e
estar na sua presença eternamente. Agora preste atenção ao que iremos discorrer
nesta lição.
PALAVRA-CHAVE:
CAMINHADA
- No espírito desfrutamos Cristo como
nossa vida (Rm 8.10; 2Tm 4.22). É ali que devemos viver e andar (Rm 8.4; Gl 5.16,25).
No espírito temos a expressão de Deus e o Seu governo. Assim, podemos desfrutar
do descanso.
I. A CAMINHADA COM CRISTO
1.
Compreendendo os dois caminhos. Na história
humana, temos dois caminhos: o da vida natural e o da vida com Cristo.
a) Vida
humana. A primeira se inicia no momento do nosso nascimento natural. Ela poderá
ser longa ou curta, mas não eterna. Essa trajetória humana é marcada pelas
fases da infância, adolescência, juventude, vida adulta e velhice. Também é
caracterizada por dois momentos: o nascimento e a morte. É a esse tipo de
jornada da vida que Jesus se refere quando diz: “O que é nascido da carne é
carne” (Jo 3.6).
b) Vida com
Cristo. A vida humana pode se tornar uma jornada maravilhosa quando convidamos
o Senhor Jesus para fazer parte dela. A nova vida com Cristo é o começo de uma
nova história, de felicidade verdadeira e de plenitude no Espírito (Rm 8.2).
Nessa vida há novos propósitos, novos pensamentos e novas esperanças (Rm 12.2).
Afinal, nos tornamos um(a) filho(a) de Deus. Esse tipo de jornada de vida que
nosso Senhor se refere quando diz: “O que é nascido do Espírito é espírito” (Jo
3.6).
- Na seção final do Sermão do Monte registrado em Mt 7.13-29, encontramos
uma aplicação geral do evangelho. Estão presentes ali duas portas, dois
caminhos, dois destinos e dois grupos de pessoas (vs. 13-14), dois tipos de
árvores e dois tipos de frutos (vs. 17-20), dois grupos de julgamentos (vs.
21-23) e dois tipos de construtores, construindo sobre dois tipos de
fundamentos (vs. 24-28). Cristo está traçando a linha do modo mais claro
possível entre o caminho que leva à destruição e o caminho que leva à vida. Ainda,
vale destacar que, tanto a porta estreita quanto a larga são tidas como dando entrada
ao reino de Deus. Dois caminhos são oferecidos às pessoas. A porta estreita é
pela fé, somente por meio de Cristo, apertada e exigente. Ela representa a
verdadeira salvação, da maneira de Deus, que leva à vida eterna. A porta larga
inclui todas as religiões de obras e de justiça própria, sem um caminho único
(cf. At 4.12), mas que leva ao inferno, não ao céu. Também o Salmo primeiro, ao
contrário de muitos outros Salmos, não é uma oração dirigida a Deus, mas uma
exposição do contraste entre dois homens, dois caminhos e seus dois destinos; Os
dois homens são:
• O Justo: Comparado, no versículo 3, com uma árvore. Um organismo vivo,
que recebe provisão de água, é produtivo e bem-sucedido. Seu caminho é reto,
pois tem uma postura firme contra o mal ao mesmo tempo que desfruta das belezas
da lei do seu Senhor. Já o seu destino é conhecido e recompensado por Deus.
• O Ímpio: Comparado, no versículo 4, à palha. Que não produz, não se
estabelece, nem tem vida. Seu caminho envolve duro julgamento e condenação, no
versículo 5. Por fim, seu destino está marcado pela destruição. Estes dois
homens retratam a humanidade. De um lado, os que vivem pela fé, àqueles que
foram declarados justos por Deus, através da obra de Cristo na cruz. Por outro,
os ímpios que, apesar de viverem suas vidas, terem suas famílias, seus empregos
e que buscam ser cidadãos honestos e cumpridores dos seus deveres, estão,
segundo Deus, mortos, sem fé e incapazes de se defenderem no dia do julgamento.
2. Os
três companheiros da nossa caminhada. Quando
recebemos Jesus como Salvador, Deus passa a ser o nosso Pai (Ef 1.3-6). Agora
somos cuidados, instruídos e fortalecidos por Ele. Temos um relacionamento de
pai e filho. Além do Pai, temos também o seu Filho como aquEle que nos concede
a vitória contra o pecado e toda a sorte de males (1 Co 15.57); e, por nos
amar, nos concedeu a sua vida (Jo 3.16) e nos conduz em segurança para o seu
reino celestial (Cl 2.6,7). Finalmente, temos agora o terceiro membro da
trindade, o Espírito Santo como nosso auxiliador e consolador (Jo 14.26). Pelo
intermédio dEle, Deus operou o milagre do Novo Nascimento, transformando a
nossa natureza caída e nos tornando em seus legítimos filhos. Tudo isso
significa nascer do Espírito ou Novo Nascimento (Jo 3.6; Jo 1.13; 1 Co 15.50).
- Deus tem nos alcançado com a sua
graça e nos chamado para brilhar como estrelas em meio a uma geração corrompida
e perversa (Fp 2.15). A nossa comunhão – o nosso caminhar – não é com o mundo,
mas com o Pai, com seu Filho, Jesus Cristo e habitados pelo Espírito Santo. Se
andarmos com ele, certamente obteremos vitória contra o mundo, a carne e o
diabo e seremos sal e luz nesta terra. Como Noé e seus dias de corrupção generalizada,
não seremos influenciados pela concupiscência da carne, pela concupiscência dos
olhos, nem pela soberba da vida, mas seremos influenciadores, pregadores da
justiça (2 Pe 2.5).
- Apenas uma ressalva aqui a uma
afirmativa da sentença desse subtópico: “nos tornando em seus legítimos filhos”. Não somos filhos legítimos, mas filhos por
adoção. A doutrina da Adoção precisa ser conhecida. Em Romanos 8.13-17, o
apóstolo Paulo escreve que os crentes receberam o espírito de adoção, e são
agora guiados pelo Espírito de Deus. Isso significa ser o Espírito Santo que dá
testemunho com nosso espírito que somos filhos de Deus. O apóstolo Paulo,
também escreveu que Deus enviou seu Filho, Jesus, para redimir os que estavam
debaixo da Lei. Estes recebem a adoção de filhos (Gl 4.5). Desta forma, a
doutrina da adoção é uma verdade maravilhosa para uns, e terrível para outros.
Isto porque ela destrói a crença de que todos são filhos de Deus.
II. O NOVO NASCIMENTO
1. Por
que precisamos do Novo Nascimento? No início do diálogo entre Jesus e Nicodemos, o
termo “homem” se destaca. Esse substantivo masculino do grego ἄnthrōpos, que
significa “homem”, tem um uso
genérico no texto e, por isso, seu sentido inclui
todos os seres humanos (Jo 3.4). Assim, o Senhor Jesus afirmou que Nicodemos
precisava nascer de novo, um novo nascimento vindo diretamente do céu. Como
homem, ele estava na condição caída de todos os seres humanos “porque todos
pecaram” (Rm 3.23). Nesse sentido, todo ser humano precisa passar pelo processo
de regeneração, experimentar uma ação divina no interior, ou seja, nascer de
novo (Jo 3.5; 20.22; 15.5; 2 Co 5.17).
- “Necessário vos é nascer de novo”
(Jo 3.7). Os espiritualmente mortos não podem entrar na santa presença de Deus.
“Se alguém não nascer de novo, não pode
ver o reino de Deus” (Jo 3.3). Para ver o reino de Deus, então, o natimorto
espiritual deve ser trazido à vida. Deve haver uma ressurreição espiritual. Nascer
de novo, literalmente, significa "nascer do alto". Jesus respondeu a
uma pergunta que Nicodemos nem mesmo fez. Ele leu o coração de Nicodemos e foi
ao âmago do problema dele, ou seja, a necessidade de transformação espiritual
ou regeneração produzida pelo Espírito Santo. O novo nascimento é um ato de
Deus pelo qual vida eterna é concedida ao crente (2Co 5.17; Tt 3.5; 1Pe 1.3; 1Jo
2.29; 3.9; 4.7; 5.1,4,18). Em João 1.12-13, o texto indica que "nascer de novo"
também carrega a ideia de "tornar-se filho de Deus" por meio da fé no
nome do Verbo encarnado. Os que estão mortos em seus delitos e pecados não pode ver o reino de Deus. No
contexto, essa é primariamente uma referência à participação do reino milenar
no final dos tempos, fervorosamente aguardado pelos fariseus e outros judeus.
Uma vez que os fariseus eram sobrenaturalistas, naturalmente aguardavam com
ansiedade a profetizada ressurreição dos santos e a inauguração do reino
messiânico (Is 11.1-16; Dn 12.2). O problema deles era que pensavam que a mera
linhagem física e a observância das exterioridades religiosas os qualificavam para
entrar no reino, e não a necessidade de transformação espiritual, a qual Jesus
enfatizou (cf. 8.33-39; Gl 6.15). A vinda do reino no final dos tempos pode ser
descrita como a "regeneração" do mundo (Mt 19.28); porém, a
regeneração da pessoa é requerida antes do fim do mundo para que ele possa
entrar no reino.
2. A
religião não faz nascer de novo. Nicodemos era
um príncipe dos judeus. A inclusão do termo “fariseu” no relato evidencia que
era um homem bem enraizado na religião judaica. Ele conhecia profundamente
Deus, segundo a tradição monoteísta do judaísmo, os ensinos da Lei e dos
Profetas e a história do seu povo. Mas ao que se nota, sua tradição não
oferecia o que sua alma precisava. Por isso Nicodemos foi ao encontro de
Cristo, identificando nEle o real poder de Deus, conforme podemos comprovar
nestas suas palavras: “ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes” (Jo 3.2).
Conhecendo bem o coração desse príncipe dos judeus, Jesus foi direto ao ponto:
“Aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus” (Jo 3.3).
Portanto, a nova vida que Nicodemos precisava só seria encontrada diretamente
na ação poderosa do Espírito Santo (Jo 16.7-11; Rm 8.5-7).
- As palavras de Jesus confundiram a Nicodemos. “Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, voltar ao
ventre materno e nascer segunda vez?” (Jo 3.4). Aqui Nicodemos nos dá uma
aula de não entender. Nicodemos não está sozinho. Há um grande número de
cristãos professos que não entendem. Ao ouvir alguns falarem, você pensa que
Jesus disse apenas: “Você precisa ficar bem de novo.” De acordo com muitos, nós
não estamos espiritualmente mortos, mas estamos simplesmente doentes. Estamos
em nossos leitos de morte, e Jesus nos oferece a cura. Tudo o que temos que
fazer é estender a mão e pegar. Ou estamos nos afogando e Jesus nos oferece uma
boia salva-vidas, e tudo o que temos que fazer é agarrá-la para salvar nossas
vidas. O quadro pintado por Jesus e os apóstolos, contudo, é muito mais
deserto. Em nosso estado natural adâmico, nós não estamos em nossos leitos de
morte. Estamos no túmulo. Não estamos flutuando na superfície do mar. Estamos
sem vida no fundo do oceano. Estamos mortos. Este é o ponto que Nicodemos e nós
devemos entender. Quando Jesus diz a Nicodemos que ele deve nascer de novo, ele
está indicando que isso não é algo que Nicodemos pode fazer por si próprio, com
sua religiosidade. Assim como nós não tivemos controle no nosso nascimento
físico, nós não temos controle em nosso nascimento espiritual. Trata-se da obra
soberana do Espírito Santo.
3. O
Novo Nascimento e seu processo. A expressão “de novo”, que significa “do céu”
(Jo 3.31; Gl 6.15; 1 Jo 3.9), mostra que a nova vida com Cristo, isto é, a vida
eterna, gerada por intermédio da Palavra (1 Pe 1.23), vem de cima, de Deus e de
mais ninguém (Jo 1.13). Para explicar esse processo de nascer de novo, nosso
Senhor fez uso de dois termos: “água” e “Espírito”. Com a água, de acordo com o
contexto do Evangelho de João, pode-se referir à Antiga Lei e, simbolicamente,
ao seu sentido (Jo 1.33; 4.7-14; 7.38,39). Ora, nosso Senhor cumpriu a Lei (Mt
5.17), de modo que ao falar da velha ordem, a representação da água era
assegurada; mas por intermédio da nova ordem, a Nova Aliança, por meio da obra
do Espírito Santo, a água iria jorrar para a vida eterna (Jo 4.14). Com o
Espírito, nosso Senhor faz o uso analógico do vento, do grego pneuma (espírito,
vento). Ninguém pode vê-lo nascer, nem para onde vai, mas pode senti-lo.
Semelhantemente, a vida com Cristo se inicia pela regeneração (gennao – ser nascido)
como obra do Espírito Santo que transforma pessoas pela fé em Cristo. Esse
processo é um milagre do alto, um mistério da fé.
- Visto que somos pecadores diante de Deus, todos nós estamos mortos em
ofensas e pecados. Nada menos do que a intervenção de Deus pode trazer-nos à
vida espiritual. Visitar pecadores indignos e aplicar a Palavra da vida ao
coração deles é uma obra especial do Espírito Santo. O que podemos fazer para
conseguir esse novo nascimento da parte de Deus? A resposta é: “Nada”. Muitos livros
já foram escritos por pessoas bem-intencionadas que reivindicam instruir outras
sobre como nascer de novo. No entanto, se somos fiéis à Palavra de Deus, temos
de reconhecer que não podemos ensinar a alguém como nascer de novo. Isso era o
que os apóstolos de Cristo não faziam, quando evangelizavam. Eles nunca
chegavam em uma cidade e anunciavam que o tema do sermão daquele dia seria
“Como Nascer de Novo”. Pelo contrário, eles exortavam as pessoas a se
converterem de seus pecados e crerem em Cristo. Por natureza, estamos mortos em
nossos pecados. Não podemos salvar a nós mesmos. Deus tem de agir para
resgatar-nos. Ele fez isso, ao enviar seu Filho para morrer em lugar dos
pecadores na cruz. No entanto, a obra expiatória de Cristo precisa ser aplicada
a cada um de nós: esta é a obra do Espírito Santo. O Espírito Santo nos traz o
benefício da morte de Cristo, bem como nos traz em Si mesmo à ressurreição e à
vida de Cristo. Temos de deixar claro que o Espírito Santo, ao realizar esta
obra divina, utiliza a Palavra de Deus. A pregação do evangelho é uma parte
essencial na obra de regeneração realizada pelo Espírito Santo — “Pois fostes regenerados não de semente
corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é
permanente” (1 Pe 1.23).
III. O NOVO TESTAMENTO E A
CAMINHADA DE FÉ DO CRISTÃO
1. O Novo Testamento. O conceito de Novo Testamento como Escritura é um
processo gradual na vida da Igreja. No início, ele não era visto pela Igreja
como um livro, mas como uma unidade que fazia a diferença entre a Antiga
Aliança (a Lei) e a Nova Aliança (o Evangelho) com o cumprimento pleno em
Cristo (Gl 4.4). Esse entendimento deriva das raízes bíblicas (2 Co 3.6). Nesse
contexto, a palavra “aliança” ganha relevância. Traduzida pela Septuaginta, da
palavra grega diathéke, de acordo com Jeremias 31.31, ela tem o sentido de ordenação,
dispensação e economia da salvação. Do latim, o termo testamentum traz essa
mesma força descritiva do termo diathéke. Assim, do ponto de vista canônico, o
Antigo e o Novo Testamentos formam as Escrituras Sagradas do cristão.
-
2. O
tema principal do Novo Testamento. O tema
central do Novo Testamento é a pessoa de Jesus Cristo. Há diversos personagens
apresentados nesse documento sagrado, mas todos ganham relevância apenas quando
estão relacionados à sombra de nosso Senhor. Tudo se volta para a pessoa de
Cristo, posto que seu ministério tem uma ênfase salvífica cujo interesse maior
é o de reconciliar o mundo com Deus (Mt 1.21,23; Jo 1.14; 1Tm 2.5).
-
3. A
importância do Novo Testamento na caminhada do cristão. O Antigo
Testamento tem grande importância para o povo de Deus. O Senhor Jesus o
dividiu, evidenciando três categorias que apontavam para sua pessoa: Lei,
Profetas e Escritos (Lc 24.44). Contudo, o cristão deve começar sua jornada de
fé pelo Novo Testamento. Este documento sagrado reflete o desenvolvimento da
revelação divina, envolvendo a vida e o ministério de nosso Senhor Jesus
Cristo, no qual se desdobra todo o plano arquitetado por Deus a respeito da
nossa salvação. No Antigo Testamento temos a promessa; no Novo, o seu
cumprimento (Hb 1.1,2). Nesse testamento, temos a consumação do plano do Pai em
Jesus para que o ser humano fosse reconciliado com Ele e iniciasse uma nova
jornada de fé (2 Co 5.19).
-
CONCLUSÃO
A jornada com
Cristo tem início com o Novo Nascimento. Ela se estende por meio de uma longa
peregrinação espiritual até o relacionamento perfeito com Jesus (Mt 16.24).
Nessa peregrinação, os que começaram a nova vida com Cristo podem contar com a
presença do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Assim, seremos guiados pelas
palavras do Novo Testamento que tratam da vida, morte e ressureição do Senhor
Jesus, em quem a nossa fé está fundamentada.
-
_______________
Pb Francisco
Barbosa (@Pbassis)
Esse artigo foi útil?
Considere fazer uma contribuição.
Chave PIX. assis.shalom@gmail.com
REVISANDO O CONTEÚDO
1. O que é a nova vida com Cristo?
A nova vida com Cristo é o começo de uma nova história, de felicidade
verdadeira e de plenitude no Espírito (Rm 8.2).
2. Quais os três companheiros da
caminhada cristã?
A Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.
3. Explique o termo “homem”, de
acordo com a lição.
É um termo de uso genérico no texto e, por isso, seu sentido inclui todos
os seres humanos.
4. O que a expressão “de novo”
significa e, ao mesmo tempo, demonstra?
A expressão “de novo” significa “do céu” e demonstra que a nova vida com
Cristo vem de cima, de Deus e de mais ninguém.
5. Por que o cristão deve começar
sua jornada de fé pelo Novo Testamento?
Porque nesse testamento, temos a consumação do plano do Pai em Jesus para
que o ser humano fosse reconciliado com Ele e iniciasse uma nova jornada de fé.