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29 de julho de 2023

Lição 10: A renovação Cotidiana do Homem Interior

 TEXTO ÁUREO

Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia.” (2 Co 4.16)

Esmiuçando o versículo-chave:

- não desfalecemos Paulo usa um forte termo grego que se refere a urna pessoa entregar-se a uma rendição covarde. Não foi essa a maneira como Paulo respondeu aos contínuos ataques enfrentados por ele. A tarefa de ministrar a nova aliança era nobre demais para que ele pudesse desanimar (Gl 6.9; Ef 3.13). Urna vez que Deus o tinha chamado para proclamá-la, Paulo não podia abandonar o seu chamado. Ao contrário, ele confiou em Deus para fortalecê-lo (At 20.24; 1Co 9.16-17; Cl 1.23,25).

- nosso homem exterior se corrompa Nosso corpo físico está em processo de decomposição e, por fim, morrerá. Superficialmente, Paulo estava se referindo ao processo normal de envelhecimento, mas com a ênfase de que o seu estilo de vida acelerava esse processo. Conquanto não fosse idoso, Paulo desgastou-se no ministério, tanto pelo esforço e ritmo que mantinha quanto pela quantidade de açoites e agressões que havia recebido de seus inimigos (2Co 6.4-10; 11.23-27).

- homem interior A alma de cada cristão, ou seja, a nova criatura — a parte eterna do cristão (Ef 4.24 ; Cl 3.10).

- se renova O processo de crescimento e amadurecimento do cristão está ocorrendo constantemente. Enquanto o corpo físico está se decompondo, o ser interior do cristão continua a crescer e a amadurecer à semelhança a Cristo (Ef 3.16-20).

 

VERDADE PRÁTICA

Por instrumentalidade do Espírito Santo, os salvos experimentam a renovação interior em meio as adversidades externas.

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

2 Coríntios 4.11-18

 

INTRODUÇÃO

As adversidades externas são uma incontestável realidade (Rm 8.22,23). Apesar disso, por meio do Espírito, os salvos experimentam a renovação espiritual no interior de sua vida (2 Co 4.16). Não obstante, durante a nossa existência, o corpo mortal permanecerá sujeito às adversidades da vida (2 Co 5.2,4). Nesta lição, veremos o sofrimento do homem exterior, o fortalecimento do homem interior e os desafios atuais como forças externas que tentam esmagar a nossa vida espiritual. A finalidade é mostrar que o crente espiritualmente renovado pode resistir a qualquer ataque das trevas.

- A prova da glória final do cristão é que ele sofre — seja por zombaria, injúrias ou perseguição - por causa do Senhor (Mt 5.1012; Jo 15.18-21; 2Co 4.17; 2Tm3.12). Nas Escrituras, o contexto das adversidades é sempre em oposição à luz, não às vicissitudes da vida, estas vêm sobre todos. Paulo tinha um desejo ardente de livrar-se de seu corpo terreno e de todos os pecados, frustrações e fraquezas inexoráveis que o acompanhavam, os quais eram tão implacáveis (Rm 7.24), ele ansiava por ser revestido de nossa habitação celestial - as perfeições da imortalidade. Paulo esclarece o fato de a esperança do cristão para a vida futura não ser uma vida espiritual desencarnada, mas um corpo verdadeiro, eterno e ressurreto. Diferente dos pagãos que viam a matéria como má e o espírito como bom, Paulo sabia que a morte do cristão não significaria ser confinado a uma infinidade nebulosa e espiritual. Ao contrário, significava o recebimento de um corpo glorificado, espiritual, imortal, perfeito, diferente em qualidade e, contudo, verdadeiro, assim como Jesus recebeu (1Co 15.35-44; Fp 3.20-21; 1Jo 3.2). Paulo reiterou que mal podia esperar para obter o seu corpo glorificado (Fp 1.21-23), ele queria a plenitude de tudo o que Deus havia planejado para ele na vida eterna, quando tudo o que é terrestre e humano deixará de existir.

 

 

I – O SOFRIMENTO EXTERIOR

1. A experiência de Paulo. O apóstolo Paulo é um exemplo de um homem que sofreu adversidades externas, mas não perdeu a solidez da vida espiritual. Suas epístolas relatam tribulações acima de suas forças, a ponto de ele perder a esperança da preservação da própria vida (2 Co 1.8). Ainda podemos ler menções do apóstolo a prisões, açoites, apedrejamento, perseguições, fadiga, fome, sede, frio e nudez (2 Co 11.23-27). Dessa forma, Paulo sintetiza as adversidades da nossa jornada de fé nas seguintes palavras: “E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições” (2 Tm 3.12). Por isso, o texto bíblico diz que o tesouro do Evangelho está guardado em vasos de barro (2 Co 4.6,7). Isso é uma declaração de que somos feitos do pó, ou seja, somos mortais, e, por isso, como seres humanos, somos frágeis (2 Co 7.5). Nesse aspecto, o homem exterior padece e sofre ataques por causa da cruz (2 Tm 2.9,10).

- As adversidades externas relatadas pelo apóstolo são resultado de sua dedicação à causa do Evangelho. Paulo nos relata em 2Co 1.8 que também, tribulação que nos sobreveio na Ásia, isso era algo que havia acontecido há pouco tempo, talvez depois da escrita de 1Coríntios, que ocorreu em Éfeso ou ao redor dessa cidade. Os detalhes dessa situação são desconhecidos, mas levou o apóstolo a desesperarmos até da própria vida! Paulo enfrentou algo que ia além da sobrevivência humana e era extremamente desanimador porque acreditava que isso ameaçaria pôr um fim prematuro ao seu ministério. A palavra grega para "desesperar-se” significa, literalmente, "sem passagem'', a total inexistência de uma saída (2Tm 4.6). Os coríntios estavam cientes do que havia acontecido a Paulo, mas não perceberam a absoluta seriedade disso, ou o que Deus estava fazendo por meio dessas circunstâncias. A palavra para "sentença" é um termo técnico que indica a aprovação de uma resolução oficial, nesse caso a sentença de morte. Paulo estava tão certo de que morreria pelo evangelho que tinha decretado a sentença para si mesmo. O propósito último de Deus para a situação terrível de Paulo e também para nós, hoje, quando enfrentamos os mesmos ataques por causa da cruz, é para que não confiemos em nós, e sim no Deus todo Poderoso. Deus o havia levado ao ponto e que ele não poderia recorrer a nenhum recurso intelectual; físico ou emocional (2Co 12.9-10), nesse ponto, começa a agir a mão de Deus.

 

2. O exemplo do Apóstolo. Mesmo diante do sofrimento, o apóstolo não retrocede e tampouco nega a fé (2 Tm 4.7; Hb 10.39). Suas provações forjaram a confiança em Deus na sua vida e ministério (2 Co 1.9,10; Fp 4.12,13). Ele reconhece que suas fraquezas são instrumentos do poder divino (2 Co 2.4; 4.11; 12.9,10). Sua vida está a serviço do Mestre, em favor dos escolhidos e para a glória de Deus (2 Co 1.12-14; 4.11,12,15). Cônscio de sua vocação, o apóstolo declara: “por isso não desfalecemos; [...] ainda que o nosso homem exterior se corrompa” (2 Co 4.16a). Nesse aspecto, o legado do apóstolo é de perseverança. Embora o homem exterior seja consumido pelas tribulações, o salvo não desanima nem recua. Acerca disso, Cristo nos assegurou: “no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (Jo 16.33). 

- Perseverança é não desistir. A Bíblia não promete uma vida de sucessos instantâneos. Muitas vezes, o caminho para alcançar a vitória é longo e difícil, mas Jesus nos ajuda a continuar fielmente. E temos esta promessa: quem persevera receberá a recompensa que Deus tem preparado. Paulo teve muito sucesso enquanto missionário, mas também passou por muito sofrimento. Em todo lugar onde pregava, Paulo fazia inimigos. Ele foi corrido para fora de muitas cidades, atacado, preso, acusado de ser falso e até sofreu tentativas de assassinato! Além disso, suas viagens eram perigosas e ele naufragou três vezes (2Co 11.24-27). Muitas pessoas acham que a pregação do evangelho não vale tanto sofrimento. Mas Paulo amava Jesus e amava seu próximo tanto que não desanimava diante dos problemas. Seu amor o ajudava a perseverar. O resultado de todo o sofrimento do apóstolo se mostra nas muitas igrejas entre vários povos, fundadas por ele e na escrita da metade dos livros do Novo Testamento. Ainda hoje a perseverança de Paulo abençoa muitas pessoas. Assim, as palavras de Tiago são encorajadoras: “Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas provações, pois vocês sabem que a prova da sua fé produz perseverança” (Tg 1.2,3).

 

3. A esperança do crente. Na Escritura, o contraste entre as aflições do homem e o poder de Deus estão assim representadas:

(a) “atribulados, mas não angustiados” (2 Co 4.8a) significa que, mesmo pressionado, o crente não é esmagado;

(b) “perplexos, mas não desanimados” (2 Co 4.8b), indica que, mesmo confuso, o crente não se desespera;

(c) “perseguidos, mas não desamparados” (2 Co 4.9a), sinaliza que, mesmo ameaçado, o crente não é abandonado;

(d) “abatidos, mas não destruídos” (2 Co 4.9b), mostra que, mesmo derrubado, o crente não é nocauteado. O texto ensina que, embora nosso corpo esteja sujeito ao pecado e ao sofrimento, Deus sempre provê um meio de escape (1 Co 10.13). Nosso Senhor obteve êxito sobre a morte e, do mesmo modo, temos esperança da vitória e da vida eterna (2 Co 4.14). Portanto, como cristãos, não podemos deixar de aguardar a bem-aventurada esperança em Cristo (Tt 2.13).

- Todos nós passamos por momentos difíceis, isso é inevitável porque estamos sendo aperfeiçoados em Cristo. Assim como nós, o apóstolo Paulo também passou momentos terríveis por causa de sua decisão de negar-se, tomar a sua cruz e seguir a Jesus. Não há como negar que o sofrimento é tema importante dos escritos paulinos. Inúmeras vezes ele trata do assunto. Paulo fala mais de sessenta vezes de angústias e do sofrimento em si. Ao fazer isso, Paulo reveza o uso dos grupos de palavras para ‘sofrimento’ (pathema, pascho, etc.) e ‘angústia’ (thlipsis, thlibo) (2Co 1.4-8 e Cl 1.24), juntamente com a categoria geral de ‘fraqueza’ (astheneia). Com certeza este tema é recorrente em suas cartas, porque ele mesmo sofria dores e angústias. Qualquer estudo sobre a vida de Paulo requer uma análise cuidadosa sobre seu sofrimento. Aqui, Paulo apresentou quatro metáforas contrastantes para mostrar que a sua fraqueza não o havia incapacitado: na verdade, ela o havia fortalecido (2Co 6.4-10; 12.7-10). Paulo enfrentou todo tipo de sofrimento possível: fome, sede, solidão, perseguição enfermidade.

- A tudo isso o apóstolo denomina de “coisas exteriores” (2Co 11.28). Paulo é tão enfático nessa questão que ele mesmo encarou todas aquelas tribulações como uma verdadeira “sentença de morte”, e brinda seu livramento delas como se fosse a sua própria ressurreição dentre os mortos, operada pelo Deus ressuscitador (2Co 1.9, 10). Paulo reconheceu a sua total incapacidade para superar toda aquela situação, e nada lhe restou senão a certeza de que iria sucumbir se Deus não lhe estendesse a mão. Ele chega à conclusão de que o propósito de tudo isso era para que ele não confiasse em si mesmo, e sim, em Deus (2Co 2.9), porque é na nossa fraqueza que o poder de Cristo é aperfeiçoado (2Co 12.9).

 

II – A RENOVAÇÃO INTERIOR

1. O fortalecimento diário. A Bíblia enfatiza que o Espírito Santo é o agente que habilita o cristão a manter-se firme na adversidade (Jo 14.16,17). Esse poder do Espírito atua no homem interior e capacita o crente a perseverar e a viver afastado do pecado (1 Co 2.12-16). Assim, apesar da fraqueza e do sofrimento exteriores, o nosso “interior, contudo, se renova de dia em dia” (2 Co 4.16b). Isso é a operação do Espírito que qualifica o salvo a não desfalecer. Do ponto de vista das disciplinas espirituais práticas, esse renovo ocorre por meio da santificação pessoal, fidelidade, reverência, oração, jejum e temor a Deus (1 Co 7.5; Ef 5.18; Hb 12.14,28). Portanto, não podemos permitir que a aflição nos desanime, mas devemos renovar o nosso compromisso em servir a Cristo e permitir que o poder do Espírito Santo nos fortaleça dia a dia (1 Co 16.13).

- A Bíblia diz que o Espírito Santo é o "paracleto", que significa "advogado" ou "consolador". Ele é um presente de Deus para os cristãos, e Ele está disponível para nos ajudar em todas as áreas de nossas vidas, incluindo a adversidade. O Espírito Santo nos dá força, coragem e esperança quando estamos passando por dificuldades. Ele nos lembra do amor de Deus e nos ajuda a perseverar. Ele também nos guia e nos ajuda a tomar as decisões certas "E da mesma maneira o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis" (Rm 8.26).

- Assim como a criação e os cristãos gemem pela restauração final, o Espírito também o faz com gemidos inexprimíveis - as expressões divinas dentre a Trindade que não podem ser expressas em palavras, mas que carregam apelos profundos pelo bem-estar de cada cristão (1Co 2.11). Essa obra do Espírito Santo compara-se à obra de intercessão sumo sacerdotal do Senhor Jesus Cristo em favor dos cristãos (Hb 2.17-18; 4.14-16; 7.24-26).

- As disciplinas espirituais práticas são atividades que os cristãos podem realizar para crescer em sua fé e relacionamento com Deus. Essas disciplinas nos ajudam a nos preparar para receber de Deus; incluem coisas como a oração, a leitura da Bíblia e o jejum. Também compartilhando o que recebemos do Senhor com os outros, em diaconia (serviço), evangelismo e a partilha de nosso testemunho.

            Oração: A oração é uma conversa com Deus. É uma forma de nos conectarmos com Ele e compartilharmos nossos pensamentos, sentimentos e necessidades.

            Leitura da Bíblia: A Bíblia é a Palavra de Deus. É uma fonte de sabedoria, orientação e conforto. Ao ler a Bíblia, aprendemos mais sobre Deus e Seu plano para nossas vidas.

            Jejum: O jejum é uma forma de nos abster de comida ou outras coisas que gostamos como um meio de nos concentrar em Deus e buscar Sua vontade para nossas vidas.

            Serviço: O serviço é uma forma de mostrar nosso amor a Deus e aos outros. Quando servimos, estamos compartilhando as bênçãos que recebemos de Deus com aqueles que precisam.

            Evangelismo: O evangelismo é uma forma de compartilhar o evangelho com outras pessoas. Quando evangelizamos, estamos convidando outras pessoas a conhecer Jesus Cristo e a experimentar o amor de Deus.

            Partilha de nosso testemunho: Nosso testemunho é nossa história pessoal de como conhecemos Jesus Cristo. Quando compartilhamos nosso testemunho, estamos inspirando outras pessoas a seguirem Jesus também.

As disciplinas espirituais práticas são uma parte importante da vida cristã. Ao praticar essas disciplinas, podemos crescer em nossa fé e relacionamento com Deus, e podemos compartilhar o amor de Deus com os outros.

 

2. O eterno peso de glória. O apóstolo Paulo declara o seguinte: “a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente” (2 Co 4.17). Aqui, ele faz um contraste entre o sofrimento presente e o futuro glorioso. O apóstolo ensina que, se comparada ao peso da glória, que é eterna, a tribulação é leve e passageira. Nesse sentido, a adversidade serve como instrumento encorajador do homem interior, impulsionando-o a prosseguir (Fp 3.13,14) e que a fé se renova à medida que o crente é capaz de suportar as tribulações (Jó 42.5; Sl 119.67). Portanto, faz-se necessário sermos sábios diante da tribulação, fugindo da murmuração e reconhecendo que as lutas, segundo o critério de Deus, são inevitáveis. Entretanto, as Escrituras ratificam que as aflições deste tempo não podem ser comparadas com a glória do porvir (Rm 8.18).

- A palavra grega para "leve" significa "uma ninharia sem importância" e "tribulação" refere-se a uma intensa pressão. De uma perspectiva humana, o próprio testemunho de Paulo lista, aparentemente, uma insuportável litania de sofrimentos e perseguições padecidos por ele ao longo de sua vida (2Co 11.23-33), embora ele os visse com o leves e que duravam apenas por um breve momento. A palavra grega para "peso" diz respeito a uma matéria pesada. Para Paulo, a glória vindoura que ele experimentaria com o Senhor sobrepujava em muito qualquer sofrimento experimentado por ele neste mundo (Rm 8.17-18; 1Pe 1.6-7). Paulo entendia que, quanto maior o seu sofrimento, maior seria a sua glória eterna (1Pe 4.13).

- 2 Coríntios 4.17 é uma passagem da Bíblia que fala sobre o sofrimento e a esperança. O versículo diz: "Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente." Esta passagem é muitas vezes usada para confortar as pessoas que estão passando por dificuldades. Ela lembra-nos de que o nosso sofrimento é temporário, mas a glória que vem depois é eterna. O sofrimento pode ser difícil de suportar, mas é importante lembrar de que ele não é o fim. Deus está trabalhando em todas as coisas para o nosso bem, mesmo quando não podemos ver isso. Quando passamos por dificuldades, podemos confiar em Deus para nos dar a força e a coragem que precisamos para perseverar. Podemos também confiar nEle para nos dar esperança para o futuro. A glória que vem depois do sofrimento é muito maior do que o sofrimento em si. É uma glória eterna, que nunca vai acabar. Então, se você está passando por dificuldades, lembre-se de que você não está sozinho. Deus está com você, e Ele vai te ajudar a perseverar. E lembre-se também de que a glória que vem depois é eterna, e ela vai valer a pena.

 

3. A visão da eternidade. Fortalecido em Deus, tendo plena consciência da vida vindoura, o cristão é exortado a não focar “nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas” (2 Co 4.18). Contrastando as coisas visíveis com as invisíveis, as temporárias com as eternas, o apóstolo Paulo apela ao exercício da fé bíblica como uma importante motivação para o crente não desfalecer nas tribulações (cf. Hb 11.1). Nesse caso, somado à renovação diária, o crente deve viver sob a perspectiva da eternidade. Não por acaso, o apóstolo Paulo escreveu: “pensai nas coisas que são de cima e não nas que são da terra” (Cl 3.2).

- A perseverança baseia-se na capacidade de uma pessoa de enxergar além do físico, o espiritual; além do presente, o futuro, e além rio visível, o invisível. Os cristãos devem olhar além do que é temporário — o que está perecendo (ou seja, as coisas do mundo), e as que se não veem são eternas. A busca por Deus, por Cristo, pelo Espírito Santo e pela alma das pessoas deve consumir o cristão. Por essa razão, somos exortados a "dispormos a nossa mente" ou "termos essa disposição interior" de pensar nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra. Assim como o ponteiro de uma bússola aponta para o Norte, toda a disposição do cristão deve apontar na direção das coisas do céu. Os pensamentos celestiais podem vir somente pelo entendimento das realidades celestiais que se encontram na Escritura (Rm 8.5; 12.2; Fp 1.23; 4.8; 1Jo 2.15-17; Mt 6.33).

 

III – OS DESAFIOS DE HOJE

1. Cultura secularista. O “espírito da Babilônia”, por meio da cultura secularista, procura esmagar a vida espiritual dos crentes (Ap 17.5). É um sistema materialista, conforme estudamos até aqui, que nega a realidade espiritual, a existência de Deus, a verdade bíblica e todo o conjunto de valores provenientes da Palavra de Deus. Diante desse ataque, o Altíssimo continua a buscar um povo que seja renovado por dentro, resista aos ataques externos e tome posição contra o advento do mal (Ez 22.30).

- Secularismo é uma ideologia que promove a ausência de qualquer obrigação relacionada à autoridade ou crença em Deus. É uma forma de ver o mundo onde se reconhece apenas o aqui e o agora, e se o mundo espiritual existe, isso não é uma preocupação para o secularismo, assim, podemos viver como se esse mundo espiritual não existisse. Outra questão é que, em contraste com o forte ateísmo de certas ideologias, como o novo ateísmo ou o comunismo, o secularismo é uma forma mais sutil de ateísmo, nem sempre exigindo que declaremos “não há Deus”. Isso implica em que, simplesmente, Deus não é relevante para a discussão – nunca. Em suas linhas ainda mais perniciosas, o secularismo implica em que Deus seria, na realidade, destrutivo para a sociedade. O secularismo tem surgido, ainda, de várias outras formas em nossa cultura. A aceitação dominante da expressão sexual extravagante, dos movimentos de “direito à morte” e da animosidade geral “em praça pública” em relação às visões cristãs ortodoxas, indica que o secularismo está em toda parte à nossa volta.

- Na verdade, Paulo nos esclarece que esse não é um movimento novo, mas, como está em 2Ts 2.7, “Com efeito, o mistério da iniquidade já opera e aguarda somente que seja afastado aquele que agora o detém”. Esse é o espírito da injustiça já predominante na sociedade (1Jo 3.4; 5.1 7), mas ainda um mistério não revelado por completo, pois o será naquele que tão abertamente se opõe a Deus a ponto de assumir, com blasfêmia, o lugar de Deus na terra, o qual o Pai reservou para Jesus Cristo, o espírito desse homem já está atuando (1Jo 2.18; 4.3).

 

2. Relativismo doutrinário. Outro ataque que procura matar a nossa vida espiritual é o processo de desconstrução dos fundamentos da fé. Não podemos tolerar a relativização doutrinária. Ora, relativizar a doutrina bíblica é enfraquecer o homem interior. Não há como renovar a nossa vida espiritual sem ter em alta conta a Palavra de Deus. Não se pode fazer uma releitura seletiva da Bíblia para agregar à Igreja os que não aceitam a sã doutrina (2 Tm 4.3). O relativismo aliado à ideologia secularista impõe o que deve ser considerado como ideal. Assim, o pecado é aceito e tolerado. Porém, o crente renovado deve reagir contra essa inversão de valores, resistir ao “espírito da Babilônia” e “batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos” (Jd 1.3).

- Nossa sociedade está sendo embalada pelos ventos do relativismo. O relativismo filosófico ou doutrinário, deságua no relativismo moral. Diante deste quadro, precisamos ensinar e viver os absolutos da Palavra de Deus. O cristão não negocia com a verdade de Deus. Ele é o arauto de Deus que proclama as boas novas de salvação.

- Embora a salvação daqueles a quem Judas havia escrito não estivesse em perigo, os falsos mestres que pregavam e viviam na prática de um evangelho falso estavam desviando os que precisavam ouvir o verdadeiro evangelho. Judas escreveu esse chamado imperativo para que os cristãos travassem uma guerra contra o erro em todas as suas formas e lutassem vigorosamente pela verdade, como um soldado a quem foi confiada uma tarefa sagrada de proteger um tesouro santo (1Tm 6.1 2; 2Tm 4.7), que é a nossa fé, todo o corpo da verdade revelada acerca da salvação contida nas Escrituras (Gl 1.23; Ef 4.5,13; Cl 1.27; 1Tm 4.1). Aqui está um chamado para conhecer a sã doutrina (Ef 4.14; Cl 3.16; 1Pe 2.2; 1Jo 2.12-14), discernir a verdade do erro (1Ts 5.20-22) e dispor-se a confrontar e atacar o erro (2Co 10.3-5; Fp 1.7,27; 1Tm ,1. 18; 6.72; 2Tm 1.13; 4.7-8; Tt 1.3). A revelação de Deus foi entregue uma única vez como uma unidade, na conclusão da Escritura, e não deve ser editada com supressões nem adendos (Dt 4.2; 12.32; Pv 30.6; Ap 22.18-19). A Bíblia é completa, suficiente e está concluída; portanto, ela está fixada para sempre. Nada deve ser acrescentado ao corpo da Palavra inspirada (2Tm 3.16-17; 2Pe 1.19-27), porque nada mais é necessário. Os cristãos agora têm a responsabilidade de estudar a Palavra (2Tm 2.15), pregar a Palavra (2Tm 4.1) e lutar para que ela seja preservada.

 

3. Batalha espiritual. Todo salvo trava uma batalha espiritual neste mundo. A Escritura diz que Satanás é o “deus deste século” e que o mundo jaz no Maligno (2 Co 4.4; 1 Jo 5.19). Por isso, nossa Declaração de Fé realça que foi com engano que ele começou as suas atividades contra o homem (Gn 3.13; 2 Co 11.3). E é com essa arma que o Diabo e seus agentes ainda seduzem as pessoas neste mundo (Ap 12.9). Outrossim, os espíritos malignos têm capacidade de influenciar os que vivem na desobediência, manipulando, aprisionando e colocando pessoas contra Deus (Ef 2.2). Por isso, a Bíblia alerta que nossa luta não é contra o homem, mas contra os demônios (Ef 6.12). De certo, o crente renovado, de posse da armadura de Deus, deve posicionar-se contra as ciladas do Diabo, “orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito” (Ef 6.18).

- A expressão “batalha espiritual” nunca aparece na Bíblia. É um termo teológico prático para descrever o conflito da vida cristã. A batalha espiritual que estamos enfrentando é uma luta épica contra Satanás e seus anjos, contra os principados e as potestades. Ela está sendo travada diariamente onde nós vivemos – em nossos lares, nossos escritórios, nossos casamentos, nossa igreja e no íntimo do nosso coração. Quando somos convertidos, temos paz com Deus (Rm 5.1) e desfrutamos da paz de Deus (Jo 14.27). A vida cristã, porém, é uma guerra, um grande combate, uma vida de lutas e tribulações (Jo 16.33). A causa desta guerra é que vivemos numa sociedade que está em rebelião contra Deus, num mundo que jaz no maligno (Jo 16.11; 1Jo 2.15-17). O causador desta guerra é Satanás. Ele lidera ataques espirituais contra o cristão e persegue a igreja de maneira implacável (Ap 12.13-18). Paulo ensina que a guerra do cristão não é contra pessoas, mas contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes. Estes inimigos são poderosos (Jo 12.31), malignos (os agentes secretos do mal) e astutos ou inteligentes para enganar (2Co 11.14). A principal cilada que o diabo utiliza é fazer com que as pessoas não acreditem na sua existência. John MacArthur define batalha espiritual como “uma guerra de proporções universais contrapondo Deus e sua verdade contra Satanás e suas mentiras. É uma batalha de vontades entre Deus e Satanás. É um conflito cósmico que envolve Deus e a mais alta criatura que ele fez, e o conflito atinge cada ser humano. Satanás e seu exército de demônios estão lutando contra Cristo, seus santos anjos, a nação de Israel e os crentes. As linhas de batalha estão claramente desenhadasJohn MacArthur, Standing Strong: How to Resist the Enemy of Your Soul, 2ª ed. (Colorado Springs, CO: David C. Cook, 2006), p. 21.

- Estejamos atentos, por que há possibilidade de sermos derrubados nesta guerra. O diabo e suas forças espirituais do mal intentam derrubar o cristão, prejudicar o relacionamento do crente com Deus, e ele não o faria se não houvesse, de fato, a possibilidade de sucesso. Para isso, ele arma ciladas e lança dardos inflamados para destruir o crente. As principais ciladas são: lançar dúvidas sobre o caráter e a Palavra de Deus (Gn 3); lançar dúvidas sobre a nossa filiação espiritual (Mt 4.1-11); levantar perseguição contra os crentes, principalmente, os líderes (At 12.1-8; Ap 2.10). E aqui entendemos a razão pela qual o Senhor Jesus nos advertiu: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26.41). A carne ou a nossa natureza humana não tem poder suficiente para resistir ao pecado. Também Paulo exorta: “Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia” (1Co 10.12). Mas estamos num Exército vitorioso e muito bem equipado! Podemos vencer esta guerra, utilizando as armas que Deus nos proporciona: “Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo”. Observe que Paulo fala de duas armas: o poder do Senhor e a armadura de Deus. Não devemos enfrentar as forças demoníacas utilizando a nossa habilidade humana, mas o poder de Deus. Este poder foi o mesmo que ressuscitou a Cristo e o exaltou (Ef 1.19). Este poder está a nossa disposição. Também devemos utilizar a roupa adequada de um guerreiro, a armadura de Deus.

 

CONCLUSÃO

Durante a existência do corpo mortal, nosso homem exterior estará sujeito às tribulações desta vida (2 Co 4.11). Apesar do padecimento e das aflições, o nosso homem interior não deve desfalecer, mas se renovar por meio do poder do Espírito (2 Co 4.16). Assim, os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com o peso de glória eterna reservado para os fiéis (2 Co 4.17). Por isso, no tempo presente de ataques e desconstrução da fé cristã, necessitamos de renovação do nosso interior, dia a dia, para enfrentar o poder do pecado e do mal.

- O exemplo de Paulo é encorajador para o povo de Deus de todas as épocas. O mesmo Deus que assistiu o apóstolo nas suas fraquezas ainda é o mesmo, “ontem, hoje e eternamente” (cf. Hb 13.8). Infelizmente, às vezes encaramos os relatos bíblicos como abismos intransponíveis, com mais de dois mil anos de diâmetro, como se Deus não mais socorresse aqueles que lhe pertencem. “Temores por fora e lutas por dentro” é a causa do desânimo de muitos pastores hoje em dia, desembocando por vezes até em desistência do ministério. Isso é agravado ainda mais quando os “oportunistas da fé”, muitos dos quais se autodenominam “apóstolos” e “profetas” hoje em dia, angariam sucesso, glória pessoal e prosperidade à custa de suas ovelhas, fazendo com que os números dos templos cheios (mesmo que para isso os bolsos das ovelhas se esvaziem) apontem o fracasso daqueles que teimam em permanecer fieis à Palavra e resistentes à sedução das estratégias de marketing como meio de alavancar seus ministérios. Para Paulo, tais pessoas não passam de “falsos apóstolos, obreiros fraudulentos”, que se transformam em ministros de Cristo, mas que não passam de verdadeiros emissários de Satanás (2Co 11.13–15).

 

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REVISANDO O CONTEÚDO

1. Qual exemplo podemos contemplar na vida do apóstolo Paulo?

Mesmo diante do sofrimento, o apóstolo não retrocedeu e tampouco negou a fé.

2. O que a Bíblia enfatiza a respeito do Espírito Santo?

A Bíblia enfatiza que o Espírito Santo é o agente que habilita o cristão a manter-se firme na adversidade.

3. Que contraste o apóstolo Paulo faz para apelar ao exercício da fé bíblica?

Ele contrasta as coisas visíveis com as invisíveis, as temporárias com as eternas.

4. De acordo com a lição, o que o “espírito da Babilônia” nega?

Nega a realidade espiritual, a existência de Deus, a verdade bíblica e todo o conjunto de valores provenientes da Palavra de Deus.

5. O que a Bíblia nos alerta a respeito de nossa luta?

A Bíblia alerta que nossa luta não é contra o homem, mas contra os demônios (Ef 6.12).