TEXTO ÁUREO
“Porque a nossa exortação não foi com engano, nem com imundícia, nem com fraudulência.” (1 Ts 2.3)
Esmiuçando o
versículo-chave:
- ...engano, ...imundícia, ...fraudulência: Paulo usou essas três palavras distintas a fim de afirmar a veracidade do seu ministério, cada uma expressando um contraste com o que era característico dos falsos mestres. Primeiro, ele afirmou que a "sua mensagem" era verdadeira e não falsa. Seu "modo de vida" era puro, não pervertido sexualmente. Seu "método de ministério" era autêntico, não enganoso (2Co 4.2).
VERDADE PRÁTICA
O cultivo da convicção cristã é imperioso para a prática e a defesa da fé em tempo de adversidades.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
1 Tessalonicenses 2.1-12
INTRODUÇÃO
Diante das incertezas atuais e dos ataques às doutrinas bíblicas, é
indispensável ao crente cultivar uma profunda convicção cristã (2 Tm 1.12-14). Não
cabe ao salvo esmorecer em meio às tribulações, mas prosseguir confiante pelo
prêmio da soberana vocação (2 Co 4.1; Fp 3.14). Nesta lição, estudaremos os
aspectos espiritual, moral e social que formam a convicção de nossa fé cristã.
O objetivo é despertar em cada cristão o desejo de ser um autêntico “embaixador
de Cristo” em um mundo de trevas.
- Escrevendo em 2Co 4.1, Paulo afirma que cumpre o seu
ministério com fidelidade, levando o evangelho da nova aliança de Jesus Cristo,
e diz que não desfalecemos, usando um
forte termo grego que se refere a uma pessoa entregar-se a uma rendição
covarde. Não foi essa a maneira como Paulo respondeu aos contínuos ataques
enfrentados por ele. A tarefa de ministrar a nova aliança era nobre demais para
que ele pudesse desanimar (Gl 6.9; Ef 3.13). Urna vez que Deus o tinha chamado
para proclamá-la, Paulo não podia abandonar o seu chamado. Ao contrário, ele confiou
em Deus para fortalecê-lo (At 20.24; 1Co 9.16-17; Cl 1.23,25).
- O Evangelho nos dá forças para enfrentar o sofrimento, é que é afirmado no texto <<não desfalecemos>>. A palavra grega egkakoumen significa perder a coragem, desfalecer, desanimar. Denota o covarde, o de coração mole. Esse verbo não tem que ver com fadiga física, mas com cansaço espiritual. O evangelho é a melhor notícia que já ecoou no mundo, mas também é a que enfrenta a maior resistência e oposição do diabo, do mundo e da carne. Paulo enfrentou toda sorte de sofrimento: perseguição, rejeição, oposição, abandono, apedrejamento, açoites, prisão, acusação, naufrágio e a própria morte. Mas esses sofrimentos todos, além da preocupação que tinha com todas as igrejas, não puderam demovê-lo nem desencorajá-lo, porque o chamado divino é sempre acompanhado da capacitação divina. Além disso, o Evangelho nos capacita a ser íntegros na pregação “Pelo contrário, rejeitamos as coisas que, por vergonhosas, se ocultam, não andando com astúcia, nem adulterando a palavra de Deus; antes, nos recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade” (2Co 4.2).
I – CONVICÇÃO ESPIRITUAL
1. Poder do Espírito. Por
orientação divina, o Evangelho foi proclamado na Europa. Paulo teve uma visão
em que um homem lhe dizia: “passa à Macedônia e ajuda-nos” (At 16.9). A partir
dessa revelação a mensagem da cruz foi anunciada em Filipos e depois em
Tessalônica (At 16.10-12; 17.1). O apóstolo deixa claro que o Evangelho não foi
pregado como mero discurso racional, “mas, sobretudo, em poder, no Espírito
Santo e em plena convicção” (1 Ts 1.5 - ARA). Nesse caso, o Evangelho foi
ministrado com ousadia no poder do Espírito, de modo que resultou na salvação e
libertação dos tessalonicenses (1 Ts 1.6-10). Assim, podemos afirmar que, na
ausência de convicção espiritual, a Palavra de Deus é reduzida a mero
intelectualismo humano e seu resultado é ineficaz na transformação de vidas (Mt
7.29; 1 Co 2.1-5).
- Paulo e sua equipe missionária entrou na Macedônia por orientação
do Espírito Santo, porém, a escolha de Tessalônica, como capital da província
da Macedônia, para plantar uma igreja foi estratégia do apóstolo. Na verdade, é
Deus quem escolhe os obreiros e dirige a obra. É Deus quem abre portas para a
pregação e os corações para a mensagem. Em apenas três semanas em Tessalônica,
o apóstolo plantou uma igreja que floresceu e espalhou sua influência para
outras províncias, apesar de amarga perseguição que enfrentou.
- Esse sucesso ministerial
não foi resposta ao esforço humano, senão o poder do Espírito Santo. A palavra
utilizada por Paulo para “poder”, dynamis, é usada geralmente para denotar a
energia divina. Pregar em poder, portanto, significa pregar na força e energia
do próprio Deus. O evangelho não consiste de meras palavras. Palavras humanas
seriam inúteis se a mensagem não fosse dada em poder. O evangelho é o poder de
Deus que trabalha no coração do homem. Havia dinamite (dynamis) espiritual na
mensagem, explosivo suficiente para demolir os ídolos (1Ts 1.9). Paulo estava
convencido de que nenhum método era por si suficiente para alcançar os
corações. Ele dependia totalmente do poder do Espírito Santo em sua pregação.
Paulo não colocava o uso da razão como algo contrário à ação do Espírito. Ele
usava os melhores métodos e se esmerava na preparação da mensagem, mas confiava
totalmente no poder do Espírito para aplicar a mensagem. Se não houver poder do
Espírito Santo certamente não haverá pregação com efeito. A verdadeira
pregação, afinal de contas, consiste na atuação de Deus.
2. Confiança em Deus. O apóstolo
declara que mesmo tendo “padecido e sido agravados em Filipos” (1 Ts 2.2a), sua
fé não estava abalada. Ele se refere à perseguição sofrida antes de pregar em
Tessalônica. Paulo e Silas tinham sido publicamente espancados com varas. Em
seguida, lançados no cárcere interior com os pés no tronco (At 16.22-24).
Todavia, apesar de feridos, perto da meia-noite, oravam e cantavam hinos a Deus
(At 16.25). Após essa severa provação, não esmoreceram, mas, impelidos pelo
Espírito, vieram à Tessalônica. Na cidade, em meio às suas lutas, e com ousada
confiança, anunciaram a Cristo (1 Ts 2.2b). Nessa perspectiva, somos
encorajados a não desfalecer na pregação do Evangelho, mas confiados em Deus,
jamais recuar, mesmo diante das ameaças de prisão ou de morte (Ap 2.10).
- Paulo acabara de enfrentar uma prisão ilegal em Filipos. Ele fora
preso e torturado, mas em vez dessa situação o desencorajar, deu-lhe ainda mais
disposição para viajar para Tessalônica e prosseguir no ministério de pregação
do evangelho. Um verdadeiro ministro do evangelho busca conversões em vez de
conforto e conveniência. Em vez de ganhar a vida pelo evangelho, ele estava
pronto a dar a vida pelo evangelho. Paulo e Silas tinham sido espancados e
ultrajados em Filipos e mesmo assim foram a Tessalônica e pregaram o evangelho.
Muitos poderiam tirar férias ou dar um tempo no ministério depois de tão
violenta perseguição, mas Paulo se dispôs a pregar a Palavra de Deus
ousadamente em Tessalônica como os outros apóstolos de Jerusalém (At
4.13,29,31). O ministério de pregação em Tessalônica foi também em meio a uma
luta agônica.
- O ministério de Paulo entre os tessalonicenses foi tão frutífero que as pessoas não só foram salvas e uma igreja vibrante e renovada foi estabelecida, como também a igreja cresceu e frutificou mesmo depois da partida de Paulo. Eles sofreram fisicamente quando foram açoitados (At 16.22-23) e encarcerados (At 16.24). Eles foram, de modo arrogante, maltratados sob falsas acusações (At 16.20-21) e castigados de maneira ilegal embora fossem cidadãos romanos (At 16.37). A confiança em Jesus é um dom concedido por Deus a todos que, com corações submissos, aceitam o amor, fé e esperança dadas de graça (Ef 2.8). Assim, a fé não se trata de uma emoção ou experiência momentânea, mas é a confiança real e prática no Senhor Deus para toda a vida. É desenvolvida através de um relacionamento pessoal com Deus, baseado no amor, fidelidade e apreço à Bíblia Sagrada. Os que confiam em Deus não são meros cristãos nominais ou simpatizantes do cristianismo, mas pessoas que tiveram as suas vidas transformadas por Ele. Quem confia faz-se amigo de Deus. A amizade com Deus só é possível através da mediação de Jesus Cristo e da atuação do Espírito Santo no coração do crente (1Tm 2.5). O exemplo de Paulo nos encoraja a um relacionamento mais íntimo com o Senhor, só assim alcançaremos sucesso nos embates da vida!
3. Fidelidade na pregação. O apóstolo
dos gentios assegura que o Evangelho anunciado em Tessalônica “não foi com
engano, nem com imundícia, nem com fraudulência” (1 Ts 2.3a). Mostra que a
doutrina cristã não procede de fábulas inventadas, condutas imorais ou de
artifícios para seduzir as pessoas a crerem em mentiras (2 Pe 1.16). Ao
contrário, Paulo declara que o Evangelho é de Deus, e que o próprio Deus o
comissionou como arauto, “não como para agradar aos homens, mas a Deus, que
prova o nosso coração” (1 Ts 2.4b). Dessa forma, o propósito do apóstolo não era
o de satisfazer seus ouvintes com falsos discursos (Tg 1.22). Nesse sentido,
somos exortados a manter fidelidade na pregação, repudiar os falsificadores da
Palavra de Deus e anunciar Cristo com sinceridade (2 Co 2.17).
- Paulo pregava o puro evangelho, a primeira coisa que Paulo faz é
reafirmar a veracidade de sua mensagem, quando diz: “Pois a nossa exortação não procede de engano” (2.3a). A mensagem de
Paulo não era criada por ele, mas recebida de Deus. Seis vezes nesta carta, ele
menciona esse auspicioso fato de que havia recebido o evangelho de Deus e não
de homens.
- Paulo não enganava as
pessoas. Ele não empregava métodos desonestos a fim de que as pessoas
acreditassem na sua mensagem, ele não pegava as pessoas em armadilhas
prometendo a salvação, como um vendedor astuto faz para as pessoas comprarem
seus produtos. A salvação não se dá por uma argumentação engenhosa nem por uma
apresentação refinada. Antes, é resultado da Palavra de Deus e do poder do
Espírito Santo (1 Ts 1.5). Nos dias de Paulo a religião estava se transformando
num meio de se conseguir dinheiro (1Ts 2.5), mas Paulo dá seu testemunho de
integridade na área financeira (1Ts 2.9; 2Ts 3.8-10). Ele era um obreiro muito
atento quanto à transparência na questão do dinheiro (1Co 9.1-18), e chegou a
abrir mão do seu legítimo direito de sustento para não comprometer o progresso
do evangelho. Uma igreja sadia necessita ter entre suas características uma compreensão
bíblica da pregação do evangelho.
- O cenário religioso atual não está muito diferente daquele dos dias de Paulo; há muita confusão teológica, muitos falsos mestres ensinando suas heresias e factoides, outros estão mercadejando a Palavra, como aqueles falsos mestres em Corinto e aos muitos outros mestres e filósofos desses dias, que atuavam mediante a sabedoria humana (1Co 1.19-20). Não é à toa que o termo mercadejando, oriunda do verbo grego que significa "corromper", essa palavra passou a se referir aos vendedores ambulantes corruptos, ou aos homens trapaceiros que por sua inteligência e capacidade de enganar conseguem vender como genuíno um produto inferior que é apenas uma imitação barata. Os falsos mestres na igreja estavam chegando com uma retórica inteligente e enganosa para oferecer uma mensagem degradada e adulterada que misturava o paganismo o com a tradição judaica. Eles eram homens desonestos que buscavam lucro pessoal e prestígio à custa da verdade do evangelho e da alma das pessoas.
II – CONVICÇÃO MORAL
1. Retidão nas ações. A conversão
opera a transformação moral na vida do crente salvo (2 Co 5.17). Desse modo, a
Bíblia orienta, dentre outras recomendações, a deixar a mentira e falar a
verdade (Ef 4.25); deixar o furto e ser honesto (Ef 4.28); não pronunciar
palavras torpes e dizer apenas o que edifica (Ef 4.29). Nesse aspecto, o
apóstolo Paulo reivindica a retidão das próprias ações ao afirmar: “nunca
usamos de palavras lisonjeiras, nem houve um pretexto de avareza” (1 Ts 2.5).
Aqui, ele enfatiza que jamais usou de falso sentimento para obtenção de favor.
Ainda assevera que sua motivação era desprovida de ambição financeira. Somente
o falso cristão é que busca poder e influência por meio da bajulação mentirosa
(Rm 16.18). Logo, a conduta de retidão é uma virtude do crente regenerado (Cl
3.23; 1 Jo 3.18).
- Somente aqueles que temem a Deus podem manter a consciência limpa
diante dos homens. Paulo andava de forma íntegra com Deus e com os homens. Ele
temia a Deus, por isso, nada tinha a esconder dos homens. Seus motivos e suas
ações estavam abertos diante de Deus. Não existia nenhum engano embutido em
suas tentativas de persuadir os homens. O temor do Senhor, no sentido de temor
demonstrado pelo pensamento de comparecer perante o tribunal de Cristo e ter
toda a vida exposta e avaliada, é a força por trás dessa atitude. Cristo morreu
para que vivêssemos a realidade da nova criação. Estar em Cristo é participar
antecipadamente da nova criação de Deus; é ter um gosto antecipado da
restauração de todas as coisas. É pertencer a uma nova ordem. Isso é
santificação!
- Em 2Ts 2.5, Paulo usou três
ressalvas para afirmar a pureza de seus motivos para o ministério:
1) elo
negou ser um pregador bajulador que tentava passar impressões favoráveis a fim de
obter influência para benefício, próprio;
2) ele não
fingia ser pobre e trabalhar dia e noite (v. 9) como um pretexto para ficar
rico durante o ministério à custa deles; e
3) ele não
usou sua posição de honra como apóstolo para buscar glória pessoal, somente a
glória de Deus (1Co 10.31).
- Logo, a conduta de retidão é uma virtude do crente
regenerado (Cl 3.23; 1 Jo 3.18). Porque Cristo morreu
por nós, agora devemos viver para ele. Isso é serviço. O Salvador não morreu
por nós para vivermos uma vida egoísta e centrada em nós mesmos, mas morreu
para vivermos para ele. Obviamente, não servimos a Cristo para sermos salvos,
mas porque já fomos salvos. As nossas boas obras não são a causa da nossa
salvação, mas sua consequência.
2. Reputação ilibada. Considera-se
portadora de reputação ilibada a pessoa de reconhecida idoneidade moral (At
6.3). Veja como Paulo avalia sua reputação com esta frase: “não buscamos glória
dos homens, nem de vós, nem de outros” (1 Ts 2.6a). Isso indica que o apóstolo
não trabalhava no Reino em busca de reconhecimento humano. Essa postura foi
adotada por ele em todo o lugar, demonstrando a coerência e a integridade de
seu apostolado. Ele não procurava obter “vantagens” e nem “honra” em parte alguma
(1 Ts 2.5,6). Aos coríntios, escreveu que o crente deve gloriar-se no Senhor e
não em si próprio (1 Co 1.29-31). A conclusão é clara: os que aspiram fama e
prestígio caem em tentação e maculam o Evangelho. Nosso viver deve glorificar a
Deus. A Ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, para sempre! (Ef 3.21).
- Paulo pregava para agradar a Deus e não a homens. Ele não pregava o que o povo queria ouvir, mas o que o povo precisava ouvir. Ele não pregava para entreter os bodes, mas para alimentar as ovelhas. A pregação da verdade não é popular, mas é vital para a salvação. O bajulador é aquele que fala uma coisa e sente outra. A palavra usada por Paulo para “bajulação” é kolakeia, que descreve sempre a adulação que pretende ganhar algo, a lisonja por motivos de lucros. Essa palavra grega contém a ideia de enganar com fins egoístas. Não é apenas uma palavra fiada para dar prazer a outras pessoas, mas a fim de ter lucro. É o engano mediante a eloquência, para ganhar os corações das pessoas a fim de explorá-las. Paulo não pregava para arrancar o dinheiro das pessoas, mas para arrancar-lhes do peito o coração de pedra, a fim de receberem um coração de carne. Paulo não buscava lucro, mas salvação. Sua recompensa não era dinheiro, mas vidas salvas. Os motivos de Paulo em fazer a obra de Deus eram puros. Ele não fazia do ministério uma plataforma para se enriquecer. Ele não estava atrás do dinheiro das pessoas, mas ansiava pela salvação delas. O mundo perdido admira o berço de ouro, o status social, o sucesso financeiro, o poder político, o reconhecimento social. Mas nenhuma dessas coisas pode nos recomendar Deus ou nos garantir a vida eterna. O que é que as pessoas do mundo dão valor? Elas dão valor ao berço ilustre, ao nome da família, ao lugar onde a pessoa mora, a faculdade que ela cursou, a posição que a pessoa ocupa na sociedade. São essas coisas que o mundo ama e valoriza! E Paulo diz que Deus não dá valor a nada disso. Pois Deus escolhe as coisas que não são, para envergonhar as que são. Deus não permite que ninguém se vanglorie na Sua presença.
3. Vida irrepreensível. O adjetivo
“irrepreensível” denota uma conduta que não pode ser censurada (Ef 5.27). Nesse
contexto, o apóstolo invoca a Deus e a igreja em Tessalônica como testemunhas
de sua postura “santa, justa e irrepreensível” (1 Ts 2.10). Essas designações
implicam obediência nas questões morais, atitude de retidão exemplar e conduta
sem motivo algum de reprovação (1 Co 9.16-23). Denotam o padrão de
comportamento para com Deus, para com os homens e para consigo mesmo (1 Co
9.27). Ciente da influência que sua vida exercia sobre os fiéis, o apóstolo
diz: “para vos dar em nós mesmos exemplo, para nos imitardes” (2 Ts 3.9).
Assim, o grau de comprometimento adotado pelo crente com os valores do Reino é
o reflexo do nível de sua comunhão com Deus (1 Co 10.32).
- A graça salvadora torna os cristãos santos por meio da
ação da Palavra de Deus (Tt 2.1-9; 3.5); desse modo, eles podem ser a noiva
pura. Quando Paulo escreve em 1Ts 2.10 Vós...
sois testemunhas, está relembrando que a lei do Antigo Testamento exigia
duas ou mais testemunhas para autenticarem a verdade (Nm 35.30; Dt 17.6; 19.15;
2Co 13.1). Aqui, Paulo invocou tanto os tessalonicenses quanto Deus corno
testemunhas para que testificassem de sua conduta no ministério (2Co 1.12). É lamentável que haja hoje tantas igrejas que parecem mais uma
empresa financeira do que uma agência do Reino de Deus; que haja tantos
pastores com motivações duvidosas no ministério; que haja tantas pessoas
enganadas, abastecendo a ganância insaciável de líderes avarentos e
inescrupulosos. É triste ver que as indulgências da Idade Média estejam
ressurgindo com roupagens novas dentro de algumas igrejas chamadas evangélicas.
A salvação está sendo vendida e comercializada. A religião está sendo usada
como um instrumento de exploração dos incautos e para o enriquecimento dos
inescrupulosos.
1. Bem-estar comum. O bem-estar comum alcança o homem
em suas necessidades físicas e espirituais. Não por acaso, a Bíblia fornece
instruções para o bem-estar espiritual e social dos seres humanos (2 Tm
3.16,17). O papel da igreja é o de proclamar o Evangelho (Mt 28.19) e aliviar o
sofrimento promovendo o bem-estar social entre os irmãos (Tg 2.15-17).
Habacuque registra que os problemas sociais de sua época resultavam do pecado,
tais como: inversão de valores, violência e injustiças (Hc 1.1-4). Assim, o mal
social tem origem no pecado. Ciente disso, o apóstolo Paulo escreve:
“quiséramos comunicar-vos, não somente o evangelho de Deus, mas ainda as nossas
próprias almas” (1 Ts 2.8). Esse sentimento é comparado ao cuidado de uma mãe
que se preocupa e protege os filhos (1 Ts 2.7), também é equiparado ao
procedimento de um pai amoroso que se interessa pelos problemas dos filhos (1
Ts 2.11b). Era assim que Paulo encorajava, confortava e servia de exemplo à
igreja (1 Ts 2.11a). Nessa direção, o dever cristão engloba a moral e o social.
A dedicação exclusiva de uma parte em detrimento da outra não retrata o
Evangelho de Cristo (Tg 4.17).
- A fé é uma doutrina chave no cristianismo. O pecador é
salvo pela fé (Ef 2.8,9), o justo vive pela fé (Rm 1.17). Sem fé é impossível
agradar a Deus (Hb 11.6). Tudo o que é feito sem fé é pecado (Rm 14.23). Uma fé
que não produz frutos dignos de arrependimento é uma fé ineficiente, inoperante
e não produz nenhum resultado. Ela tem sentimento, mas não ação. Como crentes,
devemos ajudar a todos e, principalmente, aos que professam a mesma fé (Gl
6.10). Seremos julgados por esse critério (Mt 25.40). Deixar de ajudar o
necessitado é fechar o coração ao amor de Deus (1Jo 3.17,18). O sacerdote e o
levita podiam pregar sobre sua fé, mas não demonstraram a sua fé (Lc 10.31,32).
Como uma mãe, Paulo cuidou
dos seus filhos espirituais com sacrifício cabal (1Ts 2.8). Paulo estava pronto
a dar a própria vida pelos crentes de Tessalônica. O pastor verdadeiro, aquele
que imita o supremo pastor, dá a vida pelas suas ovelhas (Jo 10.11). Ele não
vive para explorá-las, mas para servi-las. Seu ministério é de doação e não de
exploração. Seu sacrifício é cabal, igual a uma mãe que está pronta a dar sua
própria vida para proteger o filho. Seu amor é sacrificial. Foi esse fato que
permitiu ao rei Salomão descobrir qual mulher era a mãe verdadeira da criança
sobrevivente (1Rs 3.16-28). A mãe que amamenta oferece parte da própria vida ao
filho. A mãe que amamenta não pode entregar seu filho aos cuidados de outra
pessoa. O bebê deve ficar em seus braços, próximo a seu coração. A mãe que
amamenta ingere os alimentos e os transforma em leite para o filho. O cristão
maduro alimenta-se da Palavra de Deus e compartilha esse alimento com os
cristãos mais novos, para que possam crescer (1Pe 2.1-3). O cristão que está
nutrindo outros deve ter cuidado para que ele próprio não se alimente de coisas
erradas. Paulo se sacrificou para oferecer aos crentes o evangelho de Deus. Ele
não pregou em Tessalônica vãs filosofias, mas expôs as Escrituras. Ele pregou
não estribado em sabedoria humana, mas no poder do Espírito Santo. Sua pregação
não era uma lisonja para fazer cócegas nos ouvidos nem um instrumento para
massagear o ego dos líderes da sinagoga. Ele pregou o evangelho de Deus. Ele ofereceu ao povo o pão nutritivo da verdade.
Os púlpitos estão pobres da Palavra. A igreja está faminta da Palavra. A igreja
precisa desesperadamente voltar-se para a pregação fiel da Palavra. Se os
pastores não derem pão ao seu rebanho, as ovelhas ficarão fracas e vulneráveis
às falsas doutrinas que invadem o aprisco da fé.
- Tiago 4.17 nos exorta a não negligenciarmos fazer o bem, sob pena de se estar pecando. A implicação é que eles também faziam o que não deveriam fazer. Os pecados de omissão levam diretamente aos pecados de comissão. Conhecimento implica em responsabilidade. As pessoas conhecem a vontade de Deus, mas deliberadamente a desobedecem. Nosso pecado torna-se mais grave, mais hipócrita e mais danoso do que o pecado de um incrédulo ou ateu. Mais grave porque pecamos contra um maior conhecimento. Mais hipócrita porque declaramos que cremos, mas desobedecemos. Mais danoso porque os nossos pecados são mestres do pecado dos outros. O apóstolo Pedro diz: “Porque melhor lhes fora não terem conhecido o caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo mandamento que lhes fora dado” (2Pe 2.21).
2. Dedicação altruísta. O apóstolo
se dedicou com profundo altruísmo na propagação do Evangelho (At 20.24). Apesar
do direito inerente ao seu apostolado, ele decidiu nada receber “ainda que
podíamos, como apóstolos de Cristo, ser-vos pesados” (1 Ts 2.6b). Assim sendo,
para prover o necessário sustento, o apóstolo valeu-se de seu ofício de
fabricante de tendas (At 18.3). Acerca disso, recordava aos irmãos do seu
“trabalho e fadiga; pois, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a
nenhum de vós” (1 Ts 2.9). Para não se tornar um fardo para a igreja, ele se
desgastou numa atividade laboral extenuante. Aqui é importante ressaltar que a
Bíblia não condena a provisão financeira para os obreiros, pois o próprio
apóstolo escreveu que “aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho” (1
Co 9.14) e que “digno é o obreiro do seu salário” (1 Tm 5.18). Assim, ele
explica que não usou dessa justa prerrogativa porque conhecia a extrema pobreza
da igreja de seu tempo (2 Co 8.1,2), que suportou as restrições financeiras
para não criar obstáculo ao Evangelho (1 Co 9.11,12) e que tudo fez para ganhar
o maior número possível de almas (1 Co 9.19). Nesse sentido, aprendemos que o
amor sacrificial e o trabalho voluntário e despreendido são essenciais para o
crescimento do Reino e devem fazer parte de uma profunda convicção cristã como
contraponto claro ao “espírito da Babilônia” que é o oposto do altruísmo
cristão
- Um verdadeiro pai não é apenas o que gera filhos, mas também o que
cuida deles. Apesar de a igreja de Filipos enviar dinheiro para ajudá-lo em
Tessalônica duas vezes (Fp 4.15,16), embora, fosse seu direito exigir sustento
da igreja (2.7), Paulo decidiu trabalhar para se sustentar (2Ts 3.6-12). O pai
trabalha para sustentar a família. Ninguém podia acusá-lo responsavelmente de
ganância financeira (At 20.31; 2Co 12.14). Mesmo tendo o direito legítimo de
exigir seu sustento, não dependia dele para fazer a obra de Deus. Paulo não
estava no ministério por causa do salário. Sua motivação nunca foi o dinheiro,
mas a glória de Deus, a salvação dos perdidos e a edificação da igreja. O propósito de Paulo
ao ensinar os seus filhos na fé era que eles vivessem de modo digno de Deus. O
termo “digno” utilizado por Paulo traz a ideia de uma balança, onde nossa vida
deve equilibrar-se com a vida de Cristo. O alvo de Paulo era levar os crentes à
maturidade espiritual. Os tessalonicenses deveriam atingir a plenitude da
estatura de Cristo.
- “Durante o ministério do apóstolo Paulo,
muitas igrejas que ele havia plantado se tornaram presas de falsos apóstolos
(2Co 11.13 e Fp 3.2 e 18-19), outras se inclinaram ao legalismo (Gálatas) ou à
licenciosidade (1Co 5) e umas poucas revelaram divisões pessoais a ponto de
comprometer toda a igreja local (1Co 1-3 e Fp 4.2-3). Paulo amou aquelas
igrejas, intercedeu por elas e tomou tempo para ministrar a elas por meio de
cartas e exortações ao arrependimento. A condição espiritual dos membros
daquelas igrejas causava preocupação (ansiedade) no apóstolo a ponto de ele
dizer: “quem enfraquece, que também eu não enfraqueça? Quem se escandaliza, que
eu não me inflame?” (2Co 11.29). A condição espiritual do crente é sempre
objeto do cuidado de um pastor amoroso” Texto extraído de: https://coalizaopeloevangelho.org/article/pastores-ansiosos/.
Acesso em: 31 julho 2023.
Paulo foi submetido a uma série de provações durante o seu ministério (1
Ts 2.2). Não obstante, ele nos deixou exemplo de intensa convicção de nossa
eleição em Cristo (1 Co 11.1). Destacam-se sua convicção espiritual resultante
do poder do Espírito (1 Ts 2.4); sua convicção moral como reflexo do temor a
Deus (1 Ts 2.5); e sua convicção social demonstrada pela abnegação em servir (1
Ts 2.9). Ratifica-se que, em nossos dias, carecemos dessa firme convicção em
defesa dos interesses do Reino de Deus na Terra.
- Paulo foi um grande missionário e impactou a vida de
muitos. Foram muitas as pessoas que tiveram contato com o Apóstolo. Algumas se
encontraram com Jesus pela sua pregação, outras se tornaram líderes, outras o
acompanharam até o final de sua vida. Paulo é um exemplo para nós de como ser
um bom amigo e construir relacionamentos sólidos com os irmãos em Cristo. Paulo
destaca-se como um homem que foi completamente transformado por Deus e
obediente ao seu chamado. Ele amava o Senhor acima de todas as coisas e se
dispôs completamente ao serviço em amor à causa do Evangelho. Por isso, o
apóstolo Paulo é um modelo de fé, serviço e resiliência para todos os cristãos
atualmente. Sua mensagem traz esperança a todos que a ouvem.
- “Em Romanos 16
aparece uma longa lista de nomes, o que isso significa? De acordo com Richards,
“A resposta pode ser simplesmente que, nesses nomes, sentimos mais claramente o
que significa praticar a justiça pela fé na comunidade cristã. Paulo não versa
sobre teoria, mas partilha de algo que ele mesmo praticou. A prova disso é que
ele conhece muito bem e ama esse grupo tão diferente de pessoas. Há mulheres e
homens. Ambos os grupos são vistos como cooperadores em Cristo. Há nomes gregos
e judeus. Há gente simples e autoridades municipais, um provavelmente pobre e
alguém, sem dúvida, muito rico. Todos esses, juntos, estão unidos com Paulo em
seu coração e mente. Todos são irmãos e irmãs, unidos ao Apóstolo pelos laços
do amor inspirados por Deus”” RICHARDS,
Lawrence O. Guia do leitor da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 752.
- “Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me
tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns” (1Co
9.22).
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REVISANDO O CONTEÚDO
1. O que podemos afirmar
a respeito da ausência da convicção espiritual?
Na ausência de convicção espiritual, a Palavra de Deus é reduzida a mero
intelectualismo humano e seu resultado é ineficaz na transformação de vidas.
2. De acordo com a lição,
em que somos exortados?
Somos exortados a manter fidelidade na pregação, repudiar os
falsificadores da Palavra de Deus e anunciar a Cristo com sinceridade.
3. O que é a conduta de
retidão?
É uma virtude do crente regenerado.
4. Quem é o portador de
reputação ilibada?
A pessoa de reconhecida idoneidade moral (At 6.3).
5. O que o dever cristão
engloba?
O dever cristão engloba a moral e o social. A dedicação exclusiva de uma
parte em detrimento da outra não retrata o Evangelho de Cristo (Tg 4.17).
4. Que história no Antigo
Testamento pode ser comparada à de Ananias e Safira?
Semelhantemente ao que aconteceu com Ananias e Safira, no Antigo
Testamento, lemos a história de uma família israelita, cujo chefe era Acã.
5. O que cabe à família
cristã?
Cabe estar em oração e vigilância (Mt 26.41).