TEXTO ÁUREO
“Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel. (Emanuel traduzido é: Deus conosco).” (Mt 1.23)
Esmiuçando o
versículo-chave:
- virgem: os acadêmicos por vezes discutem se o termo hebraico presente
em Is 7.14 significa "virgem" ou "serva". Mateus faz a
citação a partir da Septuaginta, que usa o termo grego inequívoco para
"virgem" {veja nota em Is 7.14). Desse modo, ao escrever sob a
inspiração do Espírito Santo, Mateus põe fim a qualquer dúvida sobre o
significado da palavra em Is 7.14.
- Emanuel: esse título hebraico significa “Deus conosco” e foi
aplicado a Jesus. Em Is 8.8,10 ele se aplica ao Senhor, o Dono da terra. Jesus
seria chamado de Emanuel (“Deus conosco” ou “Deus está conosco”) como fora
predito pelo profeta Isaías (Is 7.14). Jesus era Deus em carne. Deste modo,
Deus estava literalmente entre nós, “conosco”. Pelo Espírito Santo, Cristo está
presente hoje, na vida de cada crente.
VERDADE PRÁTICA
Na dispensação da graça, a Igreja deve refletir os valores do Reino de
Deus no mundo.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Mateus 1.21-23; Gálatas 4.3-7
INTRODUÇÃO
As Escrituras revelam que haverá um futuro reino literal, porém, na
presente dispensação da graça, esse reino é espiritual: “o Reino de Deus está
entre vós” (Lc 17.21). Nesta lição, que encerra o atual trimestre, estudaremos
a respeito da implantação do Reino de Deus no mundo, do contraste entre quem
vive sob a égide desse reino e os que vivem de acordo com os valores do mundo.
Assim, o propósito é lembrar como Deus age para habitar conosco e reforçar que,
embora vivamos grandes desafios, o Reino de Deus permanece agindo no mundo por
meio da Igreja (Mt 5.16).
- Entender o significado bíblico do Reino de Deus é
fundamental para a genuína proclamação do Evangelho e compreensão do papel da
Igreja na sociedade. Se lhe pedissem para explicar o reino dos céus, o que você
diria? A maioria de nós acharia mais fácil dizer o que não é o reino do que
dizer o que ele é. Alguns simplificariam demais a matéria, dizendo apenas que o
reino é a igreja. O assunto merece uma explicação bem mais completa. O Novo
Testamento menciona o assunto do reino não menos que 141 vezes. O uso deste
assunto é mais do que o uso da palavra ‘igreja’ pela qual Jesus Cristo derramou
o Seu sangue (At 20.28). Porém, desde que o Espírito Santo deu tanto destaque a
essa doutrina no Novo Testamento, convém que demos a ela a devida atenção. Não
precisamos descartar as demais doutrinas e estudar somente essa, mas também não
devemos esquecer essa a qual é mencionada tantas vezes. A importância da
doutrina do Reino de Deus no Novo Testamento é entendida quando percebemos que
todos os autores do Novo Testamento mencionam assuntos relativos ao reino. A
Palavra de Deus é viva e portanto sempre atual (Hb 4.12). A verdade é imutável,
portanto sempre convém para aperfeiçoar o homem de Deus para toda a boa obra
(II Tm 3.16,17). Portanto, aquilo que os nossos irmãos no primeiro século
necessitavam ouvir e aprender para servir ao Senhor agradavelmente é o que nós
precisamos ouvir e aprender para servir hoje ao mesmo Senhor. Por menos que
lemos o Novo Testamento confrontaríamos com esse assunto, pois 17 dos 27 livros
contêm a palavra “reino”. Os outros sete livros referem-se ao assunto do reino
de Deus sem usar tais palavras, mas estes não estão incluídos nessa contagem.
Por uma boa parte do Novo Testamento usar essa palavra, convém que saibamos
algo do reino para manejarmos bem a Palavra de Deus.
- Enquanto alguns acreditam que o Reino de Deus e Reino dos
Céus estejam se referindo a coisas diferentes, é claro que ambas as frases
estão se referindo à mesma coisa. A frase "o reino de Deus" ocorre 68
vezes em 10 diferentes livros do Novo Testamento, enquanto que o "reino
dos céus" ocorre apenas 32 vezes, e só no Evangelho de Mateus. Com base no
uso exclusivo de Mateus da frase e na natureza judaica de seu Evangelho, alguns
intérpretes concluíram que Mateus estava escrevendo a respeito do reino
milenar, enquanto que os outros autores do Novo Testamento estavam se referindo
ao reino universal. No entanto, um estudo mais profundo da utilização da frase
revela que esta interpretação não é correta. A Importância de Não Diferenciar o
Reino de Deus do Reino dos Céus: Estes termos apontam à mesma verdade, como
estudamos antes. Para enfatizar essa verdade faço as seguintes observações:
Somente Mateus menciona o Reino dos Céus. Se o Reino dos Céus é uma doutrina
diferente da doutrina do Reino de Deus, não seria muito estranho que somente
Mateus de todos os escritores da Bíblia menciona essa doutrina? Seria sábio dar
muita ênfase numa doutrina elaborada por um só autor da Bíblia e jamais
mencionada por outro? Seria confiável tomar a sério uma doutrina sobre a
mensagem de Cristo e aquilo que somos responsáveis a pregar quando nem Marcos
nem Lucas nem João sequer mencionaram quando relataram a vida de Cristo? Não
seria ilógico o fato em que Marcos, Lucas e João são unânimes sobre a vida de
Cristo e o Seu Reino, mas não ter a mínima concordância com Mateus que também
relata essa mesma vida? A própria inspiração da Bíblia seria em jogo se estes
quatro autores não estivessem em concordância em um assunto tão largamente
tratado entre eles e por outros homens que o Espírito Santo usou para produzir
as Escrituras. Porém há muita importância em não diferenciar os significados do
Reino de Deus e o Reino dos Céus
I – O REINO DE DEUS NO MUNDO
1. A encarnação de Cristo. Mateus
assevera que a profecia messiânica se cumpriu no nascimento de Jesus (Mt
1.21,22; Is 7.14). Esse evento se deu pela concepção de nosso Senhor pelo
Espírito Santo no ventre da virgem Maria em que os Evangelhos ratificam que Ele
é “filho do Altíssimo” (Lc 1.32) e que o “Verbo se fez carne e habitou entre
nós” (Jo 1.14), ou seja, nosso Senhor é o Emanuel, o Deus conosco (Mt 1.23).
Assim, no tempo determinado, Cristo se fez homem (Gl 4.4), de modo que Ele
participou da nossa natureza para expiar os nossos pecados (Hb 2.14-18).
- Diferentemente da expectativa dos judeus daquele tempo,
que aguardavam um Messias que implantaria o seu Reino na terra, por meio de uma
renovação política, o Nazareno afirmou não ser o seu Reino deste mundo (Jo
18.36). Com esta declaração, Jesus não descaracterizou a realidade e a presença
do Reino, de modo a afastar a sua própria autoridade sobre a esfera terrena,
pois as Escrituras dão provas de que Ele é supremo (Mt 28.18; Fp 2.9-11; Cl
1.15-18; Ap 19.16). Jesus está se referindo à origem celestial do seu governo,
o qual não é fabricado pelo homem, ou conquistado pelo uso da força física, ou
pela política deste mundo. É um Reino de verdade que emana de Deus e irrompe
entre os homens promovendo transformação!
- O Novo Testamento aponta as características do reino. É
uma dádiva do Pai: Lc 12.32; equivale à vida eterna: Mc 9.47; é uma realidade
interior: Lc 17.20s; é algo novo: Mt 11.11s; Lc 7.28; 16.16; agora inclui trigo
e joio: Mt 13.24,47; cresce silenciosamente: Mt 13.31,33,38,41; Mc 4.26,30;
representa graça e juízo: Mt 18.23; 20.1; os filhos do reino podem perdê-lo: Mt
21.31,43; 22.2; Lc 13.28s; alguns não o herdarão: 1 Co 6.9s; 15.50; Gl 5.21; Ef
5.5; não consiste em palavra, mas em poder: 1 Co 4.20. Cristo deu a Pedro e aos
demais apóstolos as chaves do reino: Mt 16.19; 18.18. Há também o reino de
Cristo: Mt 16.28; Lc 22.29s; Jo 18.36; 1 Co 15.24; Cl 1.13; 2 Tm 4.1. Entre os
sinais da presença do reino estão: humildade: Mt 5.3; justiça: Mt 5.10; 6.33;
justiça, paz e alegria: Rm 14.17; amor a Deus e ao próximo: Mc 12.34;
obediência: Mt 5.19s; fazer a vontade de Deus: Mt 6.10; 7.21; 21.31,43;
dependência de Deus e confiança nele (ricos e pobres): Mt 19.23s; Mc 10.23-25;
Lc 6.20; solidariedade com os sofredores: Mt 25.34; fidelidade: Lc 19.11ss;
vigilância: Mt 25.1; requer novo nascimento: Jo 3.3,5.
2. A mensagem do Reino. Após a
tentação no deserto, nosso Senhor deu início ao seu ministério: “desde então,
começou Jesus a pregar e a dizer: arrependei-vos, porque é chegado o reino dos
céus” (Mt 4.17). Aqui, fica claro que a mensagem do Reino de Deus contém um
apelo ao arrependimento (Mt 3.2), em que o termo grego para arrependimento é
metanoia, que significa mudança de mente, abrange o abandono do pecado e o
voltar-se para Deus (Lc 24.46,47); compreende uma nova atitude espiritual e
moral, bem como uma nova conduta (At 26.20; Ef 4.28). Somente o arrependimento
e a fé na obra expiatória e redentora de Cristo podem restaurar o pecador
diante de Deus (At 3.19; Rm 3.23-25; 2 Co 7.10). Por conseguinte, é papel da
Igreja proclamar a mensagem do Reino em todo o mundo (Mt 24.14).
- O ponto central da mensagem anunciada por Jesus em seu
ministério terreno foi a proclamação do Evangelho do Reino (Mt 4.23; 9.35;
24.14; Lc 4.43; 8.1). Igualmente, este foi o cerne da pregação de João Batista
(Mt 3.2), assim como dos discípulos e da Igreja Primitiva (At 8.12; 19.8;
28.23). A palavra Evangelho (gr. euangelion) tem o sentido de boas novas, boas
notícias, acerca do plano salvífico de Deus para a humanidade. O Evangelho
genuíno é o Evangelho do Reino.
Vivemos, infelizmente, dias de desvirtuamento do Evangelho,
esfriamento da fé e mercantilização do cristianismo. Nesse tempo, muitas
igrejas já não dão o devido valor à proclamação genuína da mensagem do Reino,
substituindo-a por programas de entretenimento e pregações de autoajuda. Mas a
verdadeira Noiva do Cordeiro sabe que a sua missão primordial é anunciar as
boas novas: "Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda
criatura" (Mc 16.15) é a sua principal incumbência (1 Co 9.16), chamando o
ser humano ao arrependimento e conversão ao senhorio de Cristo. Jovem, você tem
proclamado o Evangelho do Reino?
- Jesus veio “pregando o evangelho de Deus, dizendo: O
tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no
evangelho” (Marcos 1:14-15). A ideia de
Deus como rei está presente em todas as Escrituras Hebraicas (Dt 33.5; Jz 8.23;
Is 43.15; 52.7), em especial nos Salmos (10.16; 22.28; 24.7-10; 47.2,7-8; 93.1;
97.1; 99.1,4; 103.19; 145.11-13). Evangelho significa boa nova ou boa mensagem.
O reino de Deus estava próximo. Sua vinda estava perto. Os mandamentos de Deus
ordenam a todos que se arrependam e creiam nessa jubilosa mensagem. Nunca houve
uma mensagem tão acreditável. O poder miraculoso provava que Jesus falava a
verdade; “trouxeram-lhe, então, todos os doentes, acometidos de várias
enfermidades e tormentos: endemoninhados, lunáticos e paralíticos. E ele os
curou” (Mateus 4:24). O poder sobre os demônios provou ser verdadeira a sua
mensagem e anunciou poderosamente a chegada do reino. Acusado de expelir
demônios pelo poder de Satanás, Jesus replicou que, se isso fosse verdadeiro, o
reino de Satanás estava dividido, condenado à aniquilação. “Se, porém, eu
expulso demônios pelo Espírito de Deus”, ele disse, “certamente é chegado o
reino de Deus sobre vós” (Mateus 12:22-30). A vinda do reino de Deus era um
golpe mortal em Satanás. A luta foi breve. Ainda que tudo parecesse perdido na
cruz, a vitória foi arrebatada da morte quando Cristo ressuscitou. O reino
veio! Essa boa nova ressoou em todos os cantos do globo e ainda oferece
esperança a todos os pecadores.
3. Os valores do Reino. No Sermão do
Monte, Cristo revela a ética e a moral do Reino, onde destacam-se: o necessário
controle da ira (Mt 5.21,22); a fuga da imoralidade sexual (Mt 5.27,28); o
casamento indissolúvel (Mt 5.31,32); a honestidade no falar (Mt 5.33-37); o não
revidar as ofensas (Mt 5.38-44); a esmola, a oração e a jejum a partir de um
coração sincero (Mt 6.1,5,16); o não julgar os outros (Mt 7.1,2); o alerta
sobre os dois caminhos (Mt 7.13,14); a advertência contra os falsos profetas
(Mt 7.15-23); e a exortação para a prática desses valores (Mt 7.24-35). Nesse
sentido, o sermão nos chama para uma vida de perfeição em Cristo (Mt 5.48) e
nos convida a priorizar o Reino de Deus e sua justiça (Mt 6.33). Assim, os
filhos do Reino devem expressar esses valores em seu viver diário (Ef 5.8).
- O Reino de Deus (Em grego: βασιλεία τοῦ θεοῦ basileia tou
theou) designa um governo ou domínio em que tem Deus por soberano ou governante.
A designação reino dos céus é bem apropriada. Ela reforça lindamente a
explicação que Jesus deu a Pilatos a respeito de seu reino, quando disse: “O
meu reino não é deste mundo” (João 18:36). Positivamente, “O reino veio do céu;
seu governo, suas leis, seu modo de vida, de pensamento e de adoração são
aqueles do céu; a grande nação da qual os santos são cidadãos está agora
centrada no céu (Filipenses 3:20); [e] olha para o céu como seu lar, sua
pátria” (Caffin, Pulpit Commentary). Nos evangelhos sinóticos, a mensagem
pregada por Jesus é identificada como “o evangelho [boas novas] do reino” (Mt
4.23; 9.35; 24.14; Mc 1.14-15; Lc 4.43; 8.1; 16.16). Esse reino é o “reino de
Deus” ou sua expressão sinônima “reino dos céus”, que ocorre somente em Mateus
(3.2; 4.17, etc.; ver, porém, 12.28; 19.24; 21.31,43). O Evangelho de João usa
poucas vezes a expressão “reino de Deus” (só em 3.3,5), possivelmente
substituindo-a por conceitos equivalentes, como “vida eterna”. Ao todo, a
expressão ocorre mais de 80 vezes nos evangelhos.
- Qual deve ser a nossa atitude para com o reino? buscá-lo
acima de tudo: Mt 6.33; recebê-lo como uma criança: Mt 18.1-4; 19.14; renunciar
a outras coisas por ele: Mt 19.12,29; Mc 9.47; 10.29; Lc 18.29; sofrer por ele:
At 14.22; 2 Ts 1.5; apossar-nos dele como de um tesouro: Mt 13.44-46; não olhar
para trás: Lc 9.62. O Reino de Deus tem uma dimensão presente, que se configura
no cumprimento em Cristo de todas as promessas messiânicas do Antigo
Testamento. Ou seja, a presença pessoal do Messias na história implica a
presença efetiva do Reino de Deus entre os homens. Ele se manifesta a partir do
coração de cada um. Tanto é uma realidade presente o reino de Deus que, desde
já, o podemos ver (João 3:3), como, também nele entrar (Mt 19:24; 21:31; Mc
9:47; 10:15; 10:23-25; Lc 16:16; João 3:5; At 14:22), é algo que está entre
nós, ainda que não com aparência exterior (Lc 17:20, 21). Mas em justiça, paz e
alegria no Espírito Santo (Rm 14.17)
II – AS BÊNÇÃOS DE UMA VIDA NO REINO
1. Remissão dos pecados. Aos Gálatas,
Paulo retrata a nova posição dos crentes em Cristo. O apóstolo afirma que
“éramos meninos, estávamos reduzidos à servidão debaixo dos primeiros
rudimentos do mundo” (Gl 4.3). Isso quer dizer que, antes do Evangelho do
Reino, a percepção espiritual tanto de judeus quanto de gregos era limitada,
legalista e supersticiosa. Entretanto, no tempo assinalado, “Deus enviou seu
Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei” (Gl 4.4) para remir a humanidade
da escravidão do pecado (Gl 4.5a). Desse modo, a morte expiatória de Cristo
libertou o homem da maldição da lei e da potestade das trevas (Gl 3.13; Cl
1.13). Assim, como pecadores, outrora escravos, e agora perdoados, fomos
elevados à condição de filhos por adoção e herdeiros de Cristo (Gl 5.4,5b).
- O Reino está intimamente ligado à obra redentora do
Salvador. Daí o motivo pelo qual o Texto Sagrado evidencia o arrependimento
como condição para dele desfrutar (Mt 3.2; 4.17; Mc 1.15; Lc 5.32).
"Arrependei-vos" é o chamado do Evangelho, envolvendo tanto
arrependimento dos pecados, quanto mudança de direção, de mentalidade e
perspectiva de vida. Isso porque, para ser participante do Reino, é necessário
pensar a partir da vontade de Deus, ter a mente de Cristo (1 Co 2.16). O
evangelho é o poder de Deus para salvar (Romanos 1:16). Por ele os pecadores creem
que Deus ressuscitou Jesus dentre os mortos (Romanos 10:9) e são persuadidos a
invocar o nome do Senhor para serem salvos (Romanos 10:13). Nele eles aprendem
que para permanecer no amor de Deus e para retribuir-lhe amor, é necessário
guardar seus mandamentos (João 15:9-10; 1 João 5:3). Obedecendo quanto ao
arrependimento e batismo (Marcos 16:16; Atos 2:38), eles se tornam cidadãos do
reino (Atos 2:41,47; Colossenses 1:13).
- Jesus também garantiu a Nicodemos: "[...] aquele que não nascer de novo não pode ver o
Reino de Deus" (Jo 3.3). Este novo nascimento não é físico ou
biológico, mas espiritual. É a nova vida em Cristo, que começa aqui e agora,
com a presença de Deus, mas que se prolonga para a vida eterna (Jo 3.15). A
nova vida depende da manifestação da vontade do ser humano. Deus não obriga
ninguém a acreditar nEle e a aceitar a obra de Cristo. Primeiramente, por que é
necessária uma mudança tão grande e radical para entrar no reino de Deus? A
necessidade desta mudança significativa aponta para a terrível condição do
homem natural. Muitos negligenciam o sério caráter deste ponto e se refugiam
numa mudança menos radical, feita pelo homem. Porém – que infelicidade! – ela
não ocorrerá! Precisamos ter uma visão verdadeira e realista da profunda
necessidade do homem. Em Gênesis 1 aprendemos que o homem foi criado à imagem
de Deus, de forma que era dotado de conhecimento, retidão e santidade. Em
Gênesis 3, lemos como o homem perdeu o que possuía e usufruía no Jardim do
Éden. Ele não está mais num estado de amizade e comunhão com seu Criador. Na
Queda, o homem perdeu essa característica abençoada.
- De acordo com a Palavra de Deus, o coração do homem,
agora, é enganoso sobre todas as coisas e desesperadamente corrupto. A mente
carnal é inimiga de Deus. Isto é verdade a respeito de todos os membros da raça
decaída de Adão, a menos que, pelo novo nascimento, ele ou ela entrem na luz do
reino de Deus. O pecado é tão radical em seu caráter que o coração inteiro é
corrupto e se rebela contra Deus! Nunca o homem será capaz de alterar esta
situação. Mais uma vez, aqui está o testemunho da Escritura: “Porventura pode o etíope mudar a sua pele,
ou o leopardo as suas manchas? Então podereis vós fazer o bem, sendo ensinados
a fazer o mal” (Jeremias 13.23). É impossível para o homem corrigir e
purificar seu próprio coração pecador. É absolutamente necessário perceber esta
verdade humilhante. Para que o homem veja e entre no reino de Deus, o próprio
Deus precisa intervir sobrenaturalmente na situação humana. Somente Ele é capaz
de realizar essa tão necessária mudança. Esta é a grande verdade que Cristo
estabelece em nosso texto: o que é impossível ao homem, é possível para Deus.
Jamais poderemos apreciar demasiadamente esta verdade tão importante. Ela é
indispensável para a salvação.
2. Adotados e Herdeiros de Cristo. Noutro
tempo, éramos estranhos e inimigos, mas agora somos filhos reconciliados em
Cristo (Cl 1.21). Deus concedeu aos filhos a dádiva de um novo nome e uma nova
imagem: a imagem de Cristo (Rm 8.29; Ap 2.17). Como resultado de nossa adoção,
agora como filhos, somos “também herdeiros de Deus por Cristo” (Gl 4.7). Nessa
herança estão inclusas as promessas à Abraão (Gl 3.29) e a vida eterna (Tt 3.7;
Ef 3.6). Ao ser aceitos, fomos transformados em filhos para o seu louvor e
glória (Ef 1.6). O propósito da remissão de pecados, a filiação e a herança,
não tem outro alvo senão louvar e glorificar a Deus (Ef 1.6,12,14). Portanto, a
Igreja nunca terá glória em si mesma; toda a glória é exclusivamente tributada
para Deus por intermédio da obra de Cristo (Sl 115.1, Jo 13.31,32). Assim, a
Igreja é o campo onde se exterioriza o Reino de Deus aqui no mundo (Ef 3.10-12).
- Podemos entender adoção como outorga de posição
(direitos, privilégios, honras) de filho de Deus; é outorgar filiação (colocar
na posição de Filho de Deus; adotar para dentro da família de Deus os homens
que já foram feitos filhos de Deus). O termo grego "Huiothesia"
("filho" + "posicionamento como") ocorre 5 vezes no Novo
Testamento (Rm 9.4; Rm 8.23; Rm 8.15; Gl 4.4-6; Ef 1.5). A ordem lógica (não
cronológica, pois são simultâneas) é. Regeneração - Adoção. - Regeneração dá a
natureza de filho de Deus, adoção dá a posição. "Regeneração tem a ver com
nossa mudança de natureza; justificação, com nossa mudança de situação [ante a
lei]; santificação, com nossa mudança de caráter; adoção, com mudança em nossa
posição (de ser rejeitado, como inimigo, para ser amado, como filho)".
"Na regeneração recebemos uma nova vida; na justificação, uma nova
situação [ante a lei]; na adoção, uma nova posição [ou família]"
(Thiessen)
- Há uma profunda necessidade de reconciliação entre Deus e
o homem. O homem não está em paz com Deus. O pecado o afastou de Deus. O homem
tornou-se inimigo de Deus e rebelde contra o Seu criador. Sua alma está sem descanso,
perturbada, solitária e vazia. O homem está sem direção e sem propósito. O
homem não está em paz com Deus, não experimenta a paz de Deus, nem conhece o Deus
da paz.
- Todos que permanecem fora de Cristo são estranhos e
inimigos, ou seja, há uma alienação de Deus e uma hostilidade em relação a
Deus. O homem não apenas está distante de Deus; ele é inimigo de Deus. Ele não está
apenas cego; é também rebelde. A inimizade é conceitual e moral. O entendimento
errado produz obras erradas. O pensamento dirige o comportamento. As obras
malignas são fruto de entendimentos errados.
- Por causa da obra
de Cristo por nós e da ação do Espírito em nós, fomos feitos morada de Deus,
templos do Espírito Santo. Ele habita em nós. Aquele que nem os céus dos céus
podem conter agora habita em nós, vasos frágeis de barro. Somos a casa de Deus,
o templo da sua habitação. A evidência de que somos de Cristo é a habitação do
Espírito Santo em nós. É o Espírito quem aplica a obra da redenção em nós. Sem
sua presença e ação, nenhum homem pode tornar-se um cristão. Passamos a
pertencer a Cristo quando o Espírito habita e opera em nós. “De sorte que já não és escravo, porém filho;
e, sendo filho, também herdeiro por Deus” (Gl 4.7). A santa Trindade está
em ação em nossa salvação. O Pai envia o Filho para nos resgatar da maldição da
lei e nos envia o Espírito de seu Filho para habitar em nós e nos levar à sala
do trono. Deixamos de ser escravos e filhos menores para sermos filhos adultos,
com pleno direito de tomar posse da herança.
- E por meio do evangelho que judeus e gentios são unidos a
Cristo e o evangelho é a verdade que deve ser proclamada pela Igreja. Em Gl 3.7
o apóstolo Paulo fala sobre o grande privilégio de ser despenseiro desse
mistério. Ele chama a si mesmo de “o
menor de todos os santos” (Gl 3.8) ou o membro mais vil do povo santo, ou “menor do que o mínimo”, talvez num jogo
de palavras com o significado do seu próprio nome latino, Paulus = pequeno, e segundo
a tradição, ele era de fato, de pequena estatura. Paulo ainda fala sobre a
necessidade do poder de Deus para anunciar esse mistério. O ministério da
pregação é um dom, mas não pode ser exercido sem poder (Gl 3.7). Paulo usa duas
palavras gregas para definir poder: energia e dinamis. Ambas descrevem a
invencibilidade do evangelho. Pregar o evangelho aos gentios era como expor o
profundo mistério à plena luz do dia de maneira que todos pudessem vê-lo”. Essa
era a missão que Paulo tinha recebido de Cristo: “Para lhes abrir os olhos a
fim de que se convertam das trevas para a luz, e do poder de Satanás para Deus”
(At 26.18). O diabo cega o entendimento das pessoas (2Co 4.4). Evangelizar é levar
luz onde há trevas (2Co 4.6), para que os olhos sejam abertos para ver. Leia
mais aqui
III – OS MALES DE UMA VIDA NO MUNDO
1. A escravidão do pecado. A Bíblia assevera
que aquele que comete pecado é servo do pecado (Jo 8.34). Isso significa que o
ser humano é escravo daquilo que o controla (2 Pe 2.19), pois o pecado torna o
homem incapaz de aceitar a Palavra de Deus (Jo 8.43). Além disso, a soberba o
impede de reconhecer a própria escravidão (Jo 9.41). Subjugado pela carne, o
pecador se entrega à desonestidade, injustiças, glutonarias, álcool, nicotina e
demais vícios (Rm 13.13). É o retrato de uma vida miserável, sem paz de
espírito, que trilha o caminho das trevas e necessita de urgente libertação (Jo
8.36).
- O pecado não somente separa; ele escraviza. Além de nos
afastar de Deus, ele também nos mantém cativos. O homem é sempre escravo: do
pecado ou de Deus. A servidão do pecado torna o homem cativo das paixões; a
servidão a Deus o torna livre. É conhecida a expressão de Agostinho: “Quanto mais escravo de Cristo sou, tanto
mais livre me sinto”. A escravidão
de Deus é liberdade; a liberdade do pecado é escravidão. E impossível ser
escravo de dois senhores ao mesmo tempo (Mt 6.24). Somos servos de Deus ou do
pecado. A escravidão espiritual é:
1 - ao diabo; 2Tm 2.26.
2 - ao medo da morte; Hb 2.14-15.
3 - ao pecado: Jo 8.34; At 8.23; Rm 6.16; 7.23; Gl 4.3; 2Pe
2.19.
A Igreja é portadora da única mensagem que pode libertar o
homem:
1 - Promessa de libertação da: Is 42.6-7.
2 - Cristo liberta da escravidão: Lc 4.18,21; Jo 8.36; Rm
7.24-25; Ef4.8.
3 - O evangelho é o instrumento de libertação da escravidão:
Jo 8.32; Rm 8.2.
4 - Os fiéis são libertos da escravidão: Dt 4.20; Rm
6.18,22.
- Todo aquele que, em nome da liberdade, se coloca nas mãos
de um falso mestre, que também é um prisioneiro, também se torna um
prisioneiro. A escravidão à corrupção está à espera de todos os seguidores de falsos
mestres.
- Mais do que uma atitude ou hábito visível, o pecado
revela uma profunda e arraigada corrupção em nosso interior. Na verdade, os
pecados que cometemos são manifestações exteriores e visíveis de uma
enfermidade interior e invisível, são os sintomas de uma doença moral. Jesus
empregou a metáfora da árvore e seus frutos para explicá-lo. Ele disse que o
tipo de fruto produzido pela árvore (uma figueira ou videira) e sua condição
(boa ou má) dependem da natureza e da saúde da árvore. Da mesma forma, “a boca
fala do que está cheio o coração”. Essa declaração de Jesus contradiz muitos
reformadores e revolucionários sociais modernos. Certamente a maneira como
fomos educados, o ambiente em que fomos criados, o sistema político e econômico
sob o qual vivemos exercem uma influência (boa ou má) sobre nós. Além do mais,
deveríamos lutar por justiça, liberdade e pelo bem-estar de todos os homens.
Entretanto, Jesus não atribuiu a nenhuma dessas coisas os males da sociedade
humana, e sim à própria natureza, ou “coração”, do homem.
2. Filhos da ira e condenação eterna. As
Escrituras enfatizam que os homens escravizados pelos desejos e pensamentos da
carne são “por natureza filhos da ira” (Ef 2.3). Refere-se à inclinação em
satisfazer as paixões e praticar o mal inerente ao homem não-regenerado (Gn
6.5). As inclinações carnais, a impureza, a avareza, e a idolatria, entre
outros, resultam na “ira de Deus sobre os filhos da desobediência” (Ef 5.3-6). Por
isso, nosso Senhor ensinou que aquele que “não crê já está condenado” (Jo
3.18b). Quem não entrega sua vida ao Salvador é condenado porque se recusa a
crer “no nome do Unigênito Filho de Deus” (Jo 3.18c). Assim, o pecado da
incredulidade é o clímax da rebeldia que resiste a salvação ofertada em Cristo
(Lc 7.30; At 7.51). Assim sendo, somos exortados: “aquele, porém, que
perseverar até o fim, esse será salvo” (Mt 24.13 - ARA).
- A condição do homem é desesperadora sem Deus. O diagnóstico
que Paulo faz se refere ao homem caído em uma sociedade caída em todos os
tempos e em todos os lugares. Esse é um retrato da condição humana universal. O
pecado não é como uma dessas enfermidades que alguns homens contraem e outros
não. É algo em que todo ser humano está envolvido e de que todo ser humano é culpado.
O pecado não é uma simples erupção esporádica, mas o estado, a condição
universal do homem. Uma pessoa morta espiritualmente não tem apetite pelas
coisas espirituais. Não tem prazer nas coisas lá do alto. As iguarias do
banquete de Deus não lhe apetecem. O indivíduo morto em suas transgressões e pecados
não se deleita em Deus. A causa da morte são as transgressões e os pecados. É
importante ressaltar que o incrédulo não está apenas doente; ele está morto.
Ele não necessita apenas de restauração, mas de ressurreição.
- por natureza filhos da ira” em Efésios 2.3 não é apenas
“filhos”, como em grego, “filhos da desobediência” (Ef 2.2), mas “filhos” por
geração; não apenas por adoção, como “filhos” podem ser. A ordem grega marca
mais enfaticamente essa corrupção inata: “Aqueles
que em sua (mesma) natureza são filhos da ira”; Ef 2.5, “graça” é oposta à
“natureza” aqui; e salvação (implícita em Efésios 2.5, 8, “salvos”) para “ira”.
Paulo mostra que até mesmo os judeus, que se gabavam de seu nascimento de
Abraão, eram também naturalmente nascidos filhos da ira como os gentios, a quem
Judeus desprezaram por causa de seu nascimento de idólatras (Rm 3.9; 5.12-14).
“Ira persiste” em todos os que desobedecem ao evangelho em fé e prática (Jo 3.36).
A frase “filhos da ira” é um hebraísmo, isto é, objetos da ira de Deus desde a
infância, em nosso estado natural, como nascidos no pecado que Deus odeia.
Assim, “filho da morte” (2Sm 12.5); “filho da perdição” (Jo 17.12; 2Ts 2.3).
O cristão, deve abster-se da imoralidade, porque nosso
corpo foi criado por Deus, é unido a Cristo e é habitado pelo Espírito (ICo
6.12-20). Dessa forma, a licenciosidade não convém aos santos (5.3,4).
CONCLUSÃO
Os judeus aguardavam um reino literal para libertá-los da opressão
política, social e econômica. Cristo os corrigiu e afirmou que o “Reino de Deus
não vem com aparência exterior” (Lc 17.20), isto é, não seria terreno, mas
espiritual. O reino literal ainda será implantado. Nesse aspecto, Cristo veio
para resgatar o homem do pecado. Isso requer arrependimento e fé no sacrifício
da cruz. Os que recusam a ética e a moral do Reino são condenados à morte
eterna. Assim, os valores cristãos devem ser observados pela Igreja, cuja
missão é anunciar o Reino de Deus num mundo dominado pelo Império do Mal.
- O Reino de Deus não é uma utopia política ou uma condição
social. É o poder de Deus operando na vida dos seus súditos, de forma eficiente
e transformadora, desde a vinda de Cristo a essa terra. Este Reino transforma a
mente, modifica o caráter e conduz os passos de seus súditos sob a tutela do
Espírito Santo. Quando isso ocorre, família, amigos, trabalho, sociedade e tudo
o mais é afetado pela luz do cristão. É sobre isso que Jesus estava dizendo ao
falar sobre os seus discípulos: "Vós sois o sal da terra e a luz do
mundo" (Mt 5.13,14). A missão primordial da igreja no que diz respeito ao
mundo é a proclamação do “evangelho do reino”, assim como fizeram Jesus e os
seus discípulos. Corretamente entendido, esse evangelho inclui muitas coisas
importantes. Em primeiro lugar, esse evangelho é um convite a indivíduos,
famílias e comunidades para se reconciliarem com Deus mediante o arrependimento
e a fé em Cristo. Todavia, o evangelho são as boas novas de Deus para todos os
aspectos da vida, pessoal e coletiva. Assim sendo, a legítima proclamação do
evangelho não vai se limitar ao aspecto religioso e à dimensão individual
(experiência de conversão pessoal), mas vai mostrar o senhorio de Cristo sobre
todos os aspectos da existência. Além disso, essa proclamação não ficará
restrita ao aspecto verbal, mas incluirá ações concretas que expressem a amor
de Deus pelas pessoas (Tg 2.14-17; 1 Jo 3.16-18). Aí podem ser incluídas muitas
iniciativas, que vão desde o socorro a necessidades imediatas até a luta por
mudanças estruturais que irão produzir maior justiça na sociedade. Exemplos:
auxílio financeiro a pessoas e instituições, trabalho voluntário, mobilização
para a criação de leis justas, luta pela ética na vida pública, participação em
projetos comuns com outras igrejas e instituições, etc.
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REVISANDO O CONTEÚDO
1. O que podemos afirmar a respeito do
arrependimento?
O
termo grego para arrependimento é metanoia, que significa mudança de mente,
abrange o abandono do pecado e o voltar-se para Deus (Lc 24.46,47); compreende
uma nova atitude espiritual e moral, bem como uma nova conduta (At 26.20; Ef
4.28).
2. Cite pelo menos três elementos de destaques
da ética e da moral do Reino de Deus.
Necessário
controle da ira (Mt 5.21,22); a fuga da imoralidade sexual (Mt 5.27,28); a
honestidade no falar (Mt 5.33-37).
3. O que o apóstolo Paulo retrata em Gálatas?
Aos
Gálatas, Paulo retrata a nova posição dos crentes em Cristo. O apóstolo afirma
que “éramos meninos, estávamos reduzidos à servidão debaixo dos primeiros
rudimentos do mundo” (Gl 4.3).
4. Como resultado da nossa adoção, o que
também somos como filhos de Deus?
Como
resultado de nossa adoção, agora como filhos, somos “também herdeiros de Deus
por Cristo” (Gl 4.7).
5. O que a Bíblia diz a respeito dos homens
escravizados pelos desejos e pensamentos da carne?
O ser
humano é escravo daquilo que o controla (2 Pe 2.19), pois o pecado torna o
homem incapaz de aceitar a Palavra de Deus (Jo 8.43).