TEXTO ÁUREO
“E eis que em seu ventre conceberás, e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus.” (Lc 1.31)
- O hebraico Yeshua
significa "o Senhor é Salvação". Christos significa "o
ungido" e é o equivalente exato da palavra hebraica para
"Messias" (Dn 9.25)
VERDADE
PRÁTICA
A concepção divina de Jesus Cristo sacraliza a vida
no ventre materno e se opõe à cultura da morte, infantil intrauterina do
presente século.
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE
Lucas 1.26-33, 39-45
INTRODUÇÃO
Deus é o autor supremo da vida (Gn 2.7). Por isso,
as Escrituras a valorizam desde a concepção no ventre materno (SI 139.13-16).
Assim, toda ideologia que tem o objetivo de alterar o conceito da vida,
desqualifica a autoridade bíblica e faz apologia à cultura de morte infantil no
útero. A ideia progressista, que reivindica ao ser humano a autonomia sobre a
vida, afronta a soberania divina. Nesta lição, estudaremos a concepção
sobrenatural de Jesus Cristo, a apologia ideológica da cultura da morte e o
conceito da sacralidade da vida no útero materno.
Muitas das palavras usadas no relato da criação do homem em Gênesis 2.7 retratam
um artesão mestre em atividade formando uma obra de arte à qual ele dá vida (1Co
15.45), acrescentando detalhes às afirmações encontradas no primeiro relato da
criação do homem em Gn 1.27. Feito de barro, o valor do ser humano não está nos
componentes físicos que formam o seu corpo, mas na qualidade de vida que forma
a sua alma - O Espírito de Deus me fez, e
o sopro do Todo-Poderoso me dá vida (Jó 33.4).
O Senhor é
magnificado no desenvolvimento da vida humana antes do nascimento. Na gravidez,
período divinamente planejado, o Senhor observa o desenvolvimento da criança
ainda no útero de sua mãe. E na mente de Deus, toda a história está desenhada.
Deus soberanamente determina a vida do homem antes que esse seja concebido.
O salmo 139 enaltece a criação humana como obra de Deus e retrata a
gestação numa linguagem extremamente rica e sem deixar qualquer dúvida: o ser
em desenvolvimento na madre precisa ser tratado com a mesma dignidade e
proteção que as leis determinam para os indivíduos já nascidos.
Os defensores do aborto, porém, não veem o nascituro como viu Davi. O
salmista identifica a mão de Deus, tal qual um artista, entretecendo de maneira
maravilhosa o ser humano ainda no ventre materno (vv.13,14). Os defensores do aborto
encaram a procriação como uma questão meramente técnica e funcional, não vendo
qualquer problema moral na prática do aborto.
I- A
CONCEPÇÃO DE CRISTO
1- O anúncio do nascimento. Uma virgem comprometida em casar-se com José,
chamada Maria, recebe a visita do anjo Gabriel em Nazaré (Lc 1.26,27). O ser
angelical lhe faz uma revelação: “em teu ventre conceberás, e darás à luz um
filho, e pôr-lhe-ás seu nome de Jesus” (Lc 1.31). Diante do inusitado, Maria
indaga: “como se fará isso, visto que não conheço varão?” (Lc 1.34 ). A pergunta
demonstra a perplexidade da virgem de como se daria a concepção sem a
participação de um homem.
No Evangelho, a menção à cidade de Nazaré é
profética (Lc 1.26), pois o Cristo seria chamado de “nazareno” (Mt 2.23). Lucas
ainda enfatiza a virgindade da donzela e a descendência de José “da casa de
Davi” (Lc 1.27b). Essas informações integram as profecias messiânicas e tornam
fidedigno 0 relato bíblico (Is 7.14; SI 89.3,4).
No evangelho de Lucas 1.26-38, temos o registro da conversa do anjo de
Deus com Maria. E ao dizer que ela ficaria grávida, ela mesma o questionou
sobre como isso iria acontecer, já que era virgem. E o anjo respondeu: “O
Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com sua
sombra. Portanto, o bebê que vai nascer será santo, e será chamado Filho de
Deus” (Lc 1.35 – NVT).
Em João 1, temos a revelação de que Jesus é Deus, portanto, Eterno, santo
e perfeito. Sendo Deus, ele jamais poderia ser resultado de algo natural, por
isso sua concepção é fruto de um milagre nunca repetido.
Sua concepção milagrosa conferiu nele duas naturezas, a divina e a
humana. Por isso, afirmamos que Jesus era 100% homem e 100% Deus. Uma
matemática diferente, mas como é milagre, a conta fecha perfeitamente. Em sua
encarnação, Jesus se humilha e abre mão de exercer alguns atributos divinos,
temporariamente. Mas em sua glorificação, ele é exaltado e se apropria
novamente de toda a sua glória e majestade. Desde tempos imemoriais, o povo de
Israel sabia que qualquer um nascido de uma pecadora era também um pecador, uma
pessoa contaminada. Mas o Senhor Jesus por outro lado, foi concebido pelo
Espírito Santo e era, portanto, puro e santo (Jó 14.4; Lc 1.35) o Filho de Deus
tornou-se verdadeiro homem, mas em contraste com outras pessoas, Sua natureza
não foi contaminada pelo pecado. Desse modo, Ele pôde tornar-se o Salvador de
Seu povo e de nós também.
2- A miraculosa concepção. O anjo Gabriel explica a Maria que a concepção
seria singular e miraculosa: “ descerá sobre ti o Espírito Santo ” (Lc 1.35a)
e, por isso, declara que o menino, “O Santo, […] será chamado Filho de Deus”
(Lc 1.35b). A jovem não pediu sinal algum, mas o anjo lhe comunica da gravidez
de Isabel como um incentivo de sua fé:“ tua prima, concebeu um filho em sua
velhice” (Lc 1.36a).
O testemunho das Escrituras de mulheres estéreis
que ficaram grávidas preparou o mundo para crer e receber o milagre da
concepção de Jesus por meio de uma virgem. A respeito dessa realidade, o anjo
endossa ao se referir à gestação de Isabel: “é este o sexto mês para aquela que
era chamada estéril” (Lc 1.36b). Ao finalizar a mensagem, Gabriel completa:
“porque para Deus nada é impossível” (Lc 1.37).
O anjo Gabriel traz as boas-novas a Maria (Lucas 1.26). A única aparição
de Gabriel no Antigo Testamento é no livro de Daniel (8.15-28; 9.20-27), numa
passagem em que, dentre outras coisas, ele profetiza que “setenta semanas”
passarão entre o decreto de Ciro e a manifestação do “Ungido, o Princípe”.
A primeira coisa que precisa ser enfatizada quando falamos sobre o nascimento
de Jesus é que ele aconteceu de forma miraculosa: Descerá sobre ti o Espírito Santo - esse foi um ato criativo do
Espírito Santo, não o tipo de coabitação divinohumano visto algumas vezes na
mitologia pagã. Obviamente negar o nascimento de Jesus Cristo é negar o
Evangelho e, consequentemente, toda a Escritura, visto que ela aponta para esse
acontecimento e seus desdobramentos. Os acadêmicos por vezes discutem se o
termo hebraico presente em Is 7.14 significa "virgem" ou
"serva". Mateus faz a citação a partir da Septuaginta, que usa o
termo grego inequívoco para "virgem". Desse modo, ao escrever sob a
inspiração do Espírito Santo, Mateus põe fim a qualquer dúvida sobre o
significado da palavra em Is 7.14.
A Bíblia não esconde o fato de que José teve dificuldade de assimilar
aquela situação. Mas um anjo do Senhor apareceu a ele em sonho e lhe explicou
que ele não devia hesitar em tomar Maria como sua esposa, pois sua gravidez era
procedente do Espírito Santo, e o filho que haveria de sair de seu ventre seria
Aquele que salvaria o seu povo dos seus pecados (Mt 1.20,21).
A Igreja Apostólica nunca teve dúvida sobre a questão de Jesus ter sido
concebido por uma virgem. Os primeiros líderes da Igreja cristã, chamados de
Pais da Igreja, corroboraram positivamente com os ensinos dos apóstolos. Em 110
d.C., Inácio escreveu: "Pois nosso
Deus Jesus Cristo [...] foi concebido no ventre de Maria [...] pelo Espírito
Santo. Pois a virgindade de Maria e Aquele que dela nasceu... são os mistérios
mais comentados em todo o mundo". Inácio recebeu a informação de seu
mestre, o apóstolo João.
3- A bênção do nascimento. A vida gerada no ventre de uma mulher é um milagre
(Ec 11.5), pois Deus dotou o ser humano com a dádiva da procriação (Gn 1.28).
Por isso, o nascimento de filhos é uma recompensa divina (SI 127.3). Contudo,
sem o dom da fertilidade, um ventre estéril torna-se obstáculo para a vivência
da maternidade (Gn 30.1,2).
Assim, a relevância da gestação e a sacralidade da
vida no ventre da mãe são endossadas quando a Bíblia registra a gravidez
miraculosa de Maria e de Isabel; uma virgem e outra de idade avançada (Lc
1.34,36). Isabel trazia João no seu ventre, que nasceu com o objetivo de
preparar ao Senhor um povo bem-disposto (Lc
1.15-17). Maria portava em seu ventre o
Filho do Altíssimo, o Rei eterno (Lc 1.3233), que nasceu para ser o Salvador,
que é Cristo, o Senhor (Lc 2.11).
Lucas 1.46-55 registra aquele que ficou conhecido como Magnificat, o
louvor que Maria dirigiu ao Senhor por ocasião da sua visita a Isabel, sua
prima, que também havia concebido de forma miraculosa, estando já no sexto mês
de gravidez. Essa visitação não se deu apenas entre Maria e Isabel. Ela também
se deu entre os seus respectivos filhos. João, filho de Isabel, foi o maior
profeta da antiga aliança – aquele que foi chamado para anunciar a vinda de
Cristo. Jesus era o Cristo, o Senhor da nova aliança. Assim, quando Isabel e
Maria se encontraram a antiga e a nova aliança se conectaram.
O nascimento de Jesus é um dos assuntos que estão no centro da Fé Cristã,
pois testemunha a respeito da encarnação da Segunda Pessoa da Trindade. Isso
significa que ele deixou para trás privilégios inimagináveis para a mente
humana. Aquele que desfrutava de igualdade com Deus, pois Ele mesmo era Deus,
voluntariamente aceitou assumir a forma de servo, tornando-se completamente
humano (Jo 1.14). O nascimento virginal de Jesus indica que Ele nasceu sem
herdar o pecado original do qual todos nós somos herdeiros. Jesus não teve um
pai humano, mas nasceu por obra do Espírito Santo. Em outras palavras, o
nascimento de Jesus interrompeu parcialmente a linhagem de Adão – por parte de
pai –, e por isso Ele foi preservado de participar da culpa e da corrupção que
todos os descendentes de Adão participam. Em seu caráter virginal, o nascimento
de Jesus indica que de fato na pessoa de Cristo estavam unidas de forma plena,
indivisível e também inconfundível, as naturezas divina e humana. Cristo
tornou-se verdadeiramente homem, mas não ficou menos divino ou deixou de ser
Deus. Seu nascimento aponta para a verdade bíblica de que a salvação não é obra
do esforço humano, mas é obra do Senhor. Jesus nasceu na plenitude do tempo, o
momento exato determinado por Deus para prover a redenção de seu povo (Gl 4.4,5).
II – A
CULTURA DA MORTE
1- O projeto ideológico. A cultura da morte é um conjunto de ideias que visa
modificar o conceito bíblico da vida. Entre suas pautas estão a legalização do
aborto e da eutanásia, apologia ao suicídio e o controle da natalidade.
Mediante estratégias culturais, intelectuais e políticas, impõe-se uma agenda
de desconstrução da sacralidade da vida, algo caro à cultura cristã, como vimos
no tópico anterior (cf. Lc 1.31).
Nesse sentido, estimula-se a “eugenia”: o descarte
do ser humano com algum a má formação ainda no útero materno; a maternidade é
depreciada a fim de que a mulher não deseje ser mãe; o conceito de saúde
reprodutiva é modificado para justificar o aborto como medida de saúde
feminina; o direito à vida no útero é substituído pelo direito incondicional da
mulher sobre o próprio corpo, que por meio do aborto decreta a morte do fruto
de seu ventre.
No Brasil, tanto a eutanásia quanto o suicídio assistido são consideradas
práticas ilegais e, consequentemente, passíveis de exame pelo Poder Judiciário.
O pós-modernismo defende a legalização do aborto e da eutanásia, ignorando o
que diz a Palavra de Deus no tocante à defesa da vida humana. Diversos países
já alteraram a sua legislação para legalizar essas práticas criminosas. No
Brasil, o legislativo federal enfrenta pressão de indivíduos e grupos
representativos, a fim de que aprove tanto um quanto o outro.
Defendendo a ideia do aperfeiçoamento humano pela eliminação das pessoas
tidas como menos qualificadas física e mentalmente, o pós-modernismo em nada
difere do nazismo que, durante a Segunda Guerra Mundial, apregoava a eugenia —
a tentativa de se criar uma raça perfeita a partir da engenharia genética
Embora a eutanásia e o aborto sejam questões complexas, na verdade, estas
práticas são uma tentativa de descartar uma vida. A vida é um dom de Deus. O
ser humano foi criado de modo especial, à imagem e semelhança de seu Criador. O
homem é a coroa da criação (Gn 1.6). Através das Escrituras Sagradas, podemos
observar o Senhor tratando com o ser humano antes de sua concepção: “Antes que eu te formasse no ventre eu te
conheci...” (Jr 1.5). Nesta passagem, podemos constatar a presciência
divina que contempla cada pessoa em sua individualidade. Os humanistas e materialistas
defendem o aborto, porquanto desvalorizam o ser em gestação, encarando-o apenas
como uma questão meramente técnica e funcional. Logo, eles não veem qualquer
problema moral na prática do aborto.
Em relação à eutanásia, segundo a visão secular e maligna desses homens,
o sofrimento diminui a “qualidade” da vida, por isso, lutam para legitimar o
término da mesma, quer voluntariamente, quer pelo arbítrio ou determinação de
outro. Jó passou por momentos muito difíceis. Parecia não haver saída para ele.
Sua mulher o incentivava a buscar a morte, entretanto, confiante no
Todo-Poderoso, ele declarava: “...como
fala qualquer doida, assim falas tu; receberemos o bem de Deus e não
receberíamos o mal?” (Jó 2.7-10). O sofrimento para o cristão é momentâneo
e propicia o seu aperfeiçoamento.
Como podemos perceber, tais assuntos são complexos, portanto, devemos
estudá-los com toda a seriedade e afinco, mostrando o quanto Deus ama o ser
humano. Ademais, enquanto “sal” e “luz” deste mundo, precisamos alçar a bandeira
do evangelho de Cristo e proclamar as verdades bíblicas com coragem. Lutar
contra o aborto e a eutanásia é dever de todo crente que ama a Deus, a sua
Palavra e a vida.
2- O direito sobre o corpo. A cultura pós-moderna insiste que é direito do ser
humano exercer autonomia sobre o próprio corpo. Essa ideia é de liberdade total
ao controle individual sobre a constituição física e o comportamento humano. O
slogan “meu corpo, minhas regras” é utilizado em defesa das liberdades sexuais
e reprodutivas, bem como para a escolha de vida ou de morte.
Nessa percepção estão os “ direitos” à
prostituição, ao aborto, à eutanásia, ao suicídio e outros. Qualquer opinião
contrária é considerada violação da liberdade humana. Nesse quesito, as
Escrituras asseveram que o corpo deve ser nutrido e respeitado (Ef 5.28,29);
que embora livre, o ser humano não tem o direito de profanar o seu corpo (1 Co
6.13); e que a vida só tem sentido quando está sob o domínio de Cristo (G1
2.20).
Na defesa da vida humana, devemos sempre fundamentar-nos nos princípios,
verdades e doutrinas da Palavra de Deus, e nunca em nossas próprias ideias,
deduções e leis. Os pós-modernistas pugnam por um falso direito de escolha,
menosprezando o que Deus exige em sua Palavra. Afinal, Ele criou e sustenta
todas as coisas (Hb 1.2,3). Por conseguinte, todo o direito e toda autoridade
têm a Deus como fonte.
A mulher, alegam os tais humanistas, tem o direito de decidir sobre o
próprio corpo e de escolher entre dar à luz ao novo ser ou abortá-lo —
principalmente se lhe for constatado alguma anomalia. Eles apregoam que o ser
humano, nessa fase da vida, em nada difere de um objeto que pode ser descartado
a qualquer momento. Não passam eles, pois, de adoradores de Moloque; repetem em
seu materialismo perverso e criminoso, os mesmos pecados de Israel (Lv 18.21;
Jr 32.35).
3- A prática do aborto. O aborto é a interrupção do nascimento por meio da
morte do embrião ou do feto, é o ato de descontinuar a gestação do ser vivo. O
termo gestação vem do latim “gestacione” e se refere ao tempo em que o embrião
fica no útero, desde a concepção até o nascimento. Nesse caso, o aborto pode
ser não intencional ou provocado no período de gestação. Na lei mosaica,
provocar a interrupção da gravidez da mulher era um ato criminoso (Êx
21.22,23). No sexto mandamento, o homem é proibido de matar, o que significa
literalmente “não assassinar” (Êx 20.13).
Os intérpretes do Decálogo concordam que a
proibição do aborto está incluída neste mandamento. Assim , quem mata um
embrião ou feto atenta contra a dignidade humana e a sacralidade da vida no
ventre materno.
“Aborto: conceito:
Considera-se aborto a
interrupção da gravidez com a consequente destruição da concepção. Consiste na
eliminação da vida intrauterina.
Fernando Capez ensina que a
lei não faz distinção entre óvulo fecundado (3 primeiras semanas de gestação),
embrião (3 primeiros meses) ou feto (a partir de 3 meses), pois em qualquer
fase da gravidez estará configurado o delito de aborto, quer dizer, entre a
concepção e início do parto, pois após o início do parto poderemos estar diante
do delito de infanticídio ou homicídio.” https://ibdfam.org.br/artigos/1324/Descriminaliza%C3%A7%C3%A3o+do+aborto+at%C3%A9+o+90%C2%BA+(nonag%C3%A9simo)+dia+de+gravidez+e+o+estado+da+gestante
Considera-se aborto a interrupção da gravidez com a consequente
destruição da concepção. Consiste na eliminação da vida intrauterina. O Código
Penal Brasileiro (CP/1940), autoriza o aborto em dois casos: 1)-interrupção da
gravidez realizada por recomendação médica, a fim de salvar a vida da gestante; e 2)- a autorização legal
a gravidez quando a mulher foi vítima de estupro. Nestes dois casos, dentro da
proteção à dignidade da pessoa humana, em confronto com o direito à vida (nesse
caso, o feto ou embrião), optou o legislador por proteger a dignidade da mãe. A
Constituição Federal de 1988 não dispõe o início da vida ou o preciso instante
em que ela começa. Porém, a mera menção ao direito à vida implica proteção aos
que não nasceram (embriões e fetos), visto que, sem tal proteção, a vida sequer
poderia existir. Por fim, discute-se a possibilidade de até quantos dias seria
permitido a interrupção da gravidez sem que tenha ocorrido a interrupção de uma
vida humana seria tratada como aborto legalizado, mesmo ainda no caso de aborto
eugênico/feto anencéfalo. O Supremo Tribunal Federal (STF) ainda não se
pronunciou de forma definitiva acerca do tema.
III-
SACRALIDADE DA VIDA
1- A vida é inviolável. A vida humana é sagrada, pois ela é um ato criativo
de Deus, autor e a fonte originária do fôlego da vida (Gn 2.7; Jó 12.10). Nessa
perspectiva, o princípio da sacralidade assegura a dignidade da pessoa humana e
a inviolabilidade do direito à vida (SI 36.9; 90.12). Portanto, o valor da vida
é absoluto e deve se sobrepor a qualquer outro direito ou interesse (Jo 10.10).
Nesse aspecto, o princípio de defesa da vida
humana, desde a concepção no útero materno, não pode conter exceções. Somente
Deus tem poder sobre a vida e a morte (1 Sm 2.6). Em uma sociedade
secularizada, o cristão precisa tomar cuidado com o relativismo, não fazer
concessões e estar alerta quanto às ações de manipulação de sua consciência e o
desrespeito à vida humana (2 Co 4.2; 1 Tm 4.1,2).
Os defensores destas causas antibíblicas argumentam eles que o ser em
gestação não é uma pessoa por não dispor ainda, de maneira plena, dos
mecanismos da razão — pensamento, raciocínio, consciência (inclusive do bem e
do mal) e livre-arbítrio. Vejamos o que a Bíblia mostra em Juízes 13.2-25. Leia
esta passagem com a mente aberta para Deus. No v.8, a criança prometida a Manoá
e à sua esposa é apresentada em seu desenvolvimento inicial. No v.12, embora
ainda não houvesse nascido, era considerada um ser humano pleno. No v.24, dá-se
o seu nascimento. O interessante é que, nas três ocasiões, a criança, que viria
a ser um dos maiores heróis de Israel, é tratada como um ser humano completo e
não como algo descartável. Há diversos outros textos bíblicos correlatos que
ensinam os futuros pais a se resguardarem dos ensinos do pós-modernismo.
2- O começo da vida. As Escrituras são incisivas ao afirmarem o início
da vida desde a concepção: o profeta Jeremias afirma que a vida tem início na
fecundação (Jr 1.5); o rei Davi corrobora que a pessoa é conhecida e cuidada
pelo Senhor desde a concepção (SI 139.13); Deus é quem forma ao ser vivo dentro
do ventre da mãe (SI 139 .14 ). Ainda, o salmista afirma que Deus vê o embrião
ainda informe e o ama em todos os processos formativos da vida intrauterina,
desde a fecundação até o nascimento e por toda a sua vida (SI 139.15,16).
Por conseguinte, de acordo com a s Escrituras, a
vida começa quando ocorre a união do gameta masculino ao feminino. Essa nova
célula é um ser humano e possui identidade própria e, portanto, o seu direito
de nascer não pode ser interrompido por vontade, desejos ou caprichos humanos
(Dt 32.39; Rm 9.20).
A luz da ética e da moral, o aborto é um crime, pois a vida humana tem
início no exato momento da concepção. Sempre que a Bíblia descreve o nascimento
de alguém, deixa claro que a vida humana está presente desde a concepção até o
nascimento. Concepção, gestação e parto não se desvinculam (Gn 4.1). Davi, por
sua vez, se reconhece no ventre materno como um indivíduo completo que ia sendo
formado pelo próprio Deus (vv.15,16).
A prática do aborto não deve ser vista como um direito de escolha da
mulher. Pois não leva em conta os direitos do ser em gestação que, aliás, não
pode sequer alçar a voz para defender-se. Quando a Bíblia se reporta a algumas
pessoas chamadas por Deus desde o ventre (Gn 25.20-23; Is 49.1; Lc 1.15,41; Gl
1.15,16) está implicitamente afirmando não só o direito de o ser em gestação
nascer, mas de cumprir igualmente os propósitos para os quais vem ao mundo.
Os princípios bíblicos apontam para a soberania divina em cada concepção.
Pois toda criatura nasce sob permissão de Deus, e só Ele, o doador da vida, tem
o direito absoluto sobre ela (Is 45.12; Mt 10.28). Como afirmou Davi,
referindo-se à própria concepção: “Os teus olhos viram o meu corpo ainda
informe, e no teu livro todas estas coisas foram escritas, as quais iam sendo
dia a dia formadas, quando nem ainda uma delas havia” (v.16).
Como se vê, em nenhum momento os defensores do aborto tratam do propósito
e da soberania de Deus concernente à vida humana. Os planos de Deus, contudo,
são inegociáveis como Ele próprio declara ao profeta Jeremias: “Antes que eu te
formasse no ventre, eu te conheci; e, antes que saísses da madre, te
santifiquei e às nações te dei por profeta” (Jr 1.5).
3- A posição cristã. A igreja que mantém o princípio teológico da
autoridade bíblica (2 Tm 3.16 ) defende a dignidade humana e a inviolabilidade
da vida desde a sua concepção. Ensina que a vida humana é sagrada em todas as
etapas do desenvolvimento da vida e que não pode ser violada por nenhum tipo de
cultura (1 Sm 2.6). Ratifica que toda ideologia que seculariza os princípios
bíblicos deve ser combatida (2 Tm 3.8).
A morte passou a fazer parte da história do homem somente a partir da sua
queda no Éden. Portanto, Deus não criou o homem para a morte; criou-o para a
vida. A luta pela vida é algo inato no ser humano. Desejar a morte é algo que
somente se manifesta em tempos de profunda crise. É exceção; contraria a
vontade divina. Quando o profeta Elias foi tomado por esse cruel sentimento,
Deus não lhe ofereceu a eutanásia como saída, mas reconfortou-lhe o coração,
confiando-lhe algumas tarefas até que se cumprissem os seus dias (1Rs 19.1-21).
Aqui, meditar atentamente no v.7. A morte, na verdade, é o resultado do juízo
de Deus sobre os nossos primeiros pais, em virtude de sua desobediência,
estendendo-se também a toda raça humana (Gn 3.19; Rm 5.12; 6.23).
Na sentença dada por Deus a Adão (ver Gn 3.17), vemos claramente a menção
à vida: “com dor comerás dela [a terra] todos os dias da tua vida”. O texto
pressupõe um tempo para viver que só seria dado por concluído quando chegasse a
hora da morte, segundo os desígnios de Deus, e não conforme a vontade do homem
(Ec 3.2). Assim, qualquer ato que implique na abreviação da vida, tenha o nome
que tiver, vai de encontro ao que Deus planejou para o ser humano (2Tm 4.6-8;
At 18.9-11).
CONCLUSÃO
A gestação e a procriação do ser humano são bênçãos
divinas (Gn 9.7). A concepção de Cristo no ventre de uma virgem certifica a
sacralidade da vida intrauterina. A interrupção da vida em qualquer fase da
gravidez é uma agressão ao direito inviolável de nascer. A valorização da
dignidade humana, o direito à vida e o cuidado à pessoa vulnerável são
princípios imutáveis do cristianismo bíblico (Jo 10.10). Acerca do assunto, a
Bíblia assegura que Deus é o autor e o detentor da vida humana (Jó 12.10).
O aborto e a eutanásia são, portanto, fruto da mente doentia dos
humanistas, cuja consciência, cauterizada que está pelo pecado, já não
reconhece as demandas de Deus em favor da vida. A raça humana, para os
humanistas, é constituída de seres meramente orgânicos, que devem ser
eliminados sem qualquer subordinação ao desígnio divino. Mas, como vimos, o nascer
e o viver são atos da vontade soberana de Deus.
“Mesmo sem ser uma pessoa completa,
o embrião, ou feto, não é subumano; é uma pessoa em formação, em potencial. Da
primeira à oitava semana (2 meses), completa-se a formação de todos os órgãos
apresentados, inclusive, as impressões digitais. Aos três meses, no útero, o
bebê já está formado esperando crescer e sair à luz. Mesmo como o ovo, ou feto,
desde a concepção, cremos que o bebê não só tem vida, mas também alma e
espírito dentro dele (Zc 12.1). O homem, nesse texto, não é um ser humano
adulto, mas um ser criado, com todas as características genéticas, sem dúvida.
Assim, Deus não dá o espírito (e a alma) a um amontoado de células ou a uma
coisa, como entendem os materialistas, mas Ele o dá a um ser grande, com
potencialidades para nascer.
Há quem defenda a eutanásia
ativa, sob o argumento de que ‘não se deve manter artificialmente a vida
subumana ou pós-humana vegetativa’, e que se deve evitar o sofrimento dos
pacientes desenganados, com moléstias prolongadas (câncer, AIDS, etc). Somos de
parecer que o cristão não deve apoiar essa prática, pois consiste em uma ação
deliberada e consciente, normalmente por parte do médico, a pedido do paciente,
ou de familiares (ou sem consentimento), através da aplicação de algum tipo de
agente (substâncias, medicamentos, etc) que leve o paciente à morte, evitando o
seu sofrimento. A Bíblia diz: “Não matarás...” (Êx 20.13). O verbo matar, aí, é
rasab , que tem o sentido de assassinar intencionalmente (não se aplica ao caso
de matar na guerra, em defesa própria, etc). A ação do médico, tirando a vida
do paciente, é vista como um assassinato, segundo a maioria dos estudiosos da
ética cristã. Tradicionalmente, se reconhece que a eutanásia é um crime contra
a vontade de Deus, expressa no decálogo, e contra o direito de vida de todos os
seres humanos” (LIMA, Elinaldo Renovato. Ética cristã, confrontando as questões do
nosso tempo. RJ: CPAD, 2002, pp.46,138,139).
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REVISANDO
O CONTEÚDO
1- De acordo com a lição, o que preparou o mundo
para crer e receber o milagre da concepção de Jesus por meio de uma virgem?
R. O testemunho das Escrituras de mulheres estéreis que ficaram grávidas.
2- De acordo com a lição, o que são endossadas
quando a Bíblia registra a gravidez miraculosa de Maria e de Isabel?
R. A relevância da gestação e da sacralidade da vida no ventre da mãe.
3- Cite as pautas que caracterizam a cultura da
morte.
R. Entres as pautas estão a legalização do aborto e da eutanásia, apologia
ao suicídio e o controle da natalidade.
4- O que caracteriza o ato de abortar?
R. A descontinuidade da gestação do ser vivo.
5- O que a igreja defende quando mantêm o princípio
teológico de autoridade bíblica?
R. A igreja que mantém o princípio teológico da autoridade bíblica (2 Tm
3.16) defende a dignidade humana e a inviolabilidade da vida desde a sua
concepção.