TEXTO ÁUREO
“Por isso, nenhuma carne será justificada
diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem 0 conhecimento do pecado.”
(Rm 3.20)
- justificado: esse verbo, e as palavras relacionadas a ele da mesma raiz grega (justificação), ocorrem cerca de 30 vezes em Romanos e estão concentrados entre 2.13-5.1. Esse termo legal ou judicial vem da palavra grega para "justo" e significa "declarar justo". Esse veredicto inclui: perdão da culpa e do castigo pelo pecado, e a imputação da justiça de Cristo ao cristão, que concede a justiça positiva de que o ser humano necessita para que seja aceito por Deus. Deus declara um pecador justo somente com base nos méritos da justiça de Cristo. Deus imputou o pecado do ser humano na conta de Cristo na sua morte sacrifical (Is 53.4-5; 1Pe 2.24), e imputou a obediência perfeita à lei de Deus por Cristo aos cristãos (Rm 5.19; 1Co 1.30; veja notas em 2Co 5.21; Fp 3.8). O pecador recebe esse dom da graça de Deus apenas pela fé (Rm 3.22,25). A santificação, obra de Deus pela qual ele torna justos aqueles já justificados, é diferente da justificação, mas sempre a acompanha, sem exceção (Rm 8.30). O único pagamento adequado para redimir os pecadores da escravidão ao pecado e de seu castigo merecido era "em Cristo Jesus" (1Tm 2.6; 1Pe 1.18-19), e foi pago a Deus para satisfazer a sua justiça.
- obras da lei: Fazer perfeitamente tudo o que a lei de Deus exige é impossível,
por isso toda pessoa é amaldiçoada por essa incapacidade (Cl 3.10,13). Pela lei
vem o pleno conhecimento do pecado. A lei torna o pecado conhecido, mas não
pode salvar.
VERDADE PRÁTICA
O pecado de Adão
arruinou toda a humanidade. Contudo, Jesus Cristo pode regenerar eficazmente o
pecador.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Romanos 3.9-20
INTRODUÇÃO
A Queda no
Éden transmitiu à humanidade a inclinação do coração humano ao erro. Por isso,
a regeneração é o único meio possível de desfazer as consequências do pecado em
que a natureza humana só pode ser transformada pela obra de Cristo (Tt 3.5,6).
Não obstante, por influência de teologias modernas, a Doutrina do Pecado vem
sendo deturpada e enfraquecida. Esse processo abriu as portas para a
normalização do pecado em muitos lugares denominados cristãos. Nesta lição,
vamos estudar o perigo dessas teologias para a ortodoxia cristã.
- O efeito mais evidente e imediato da queda no Éden é que a
humanidade foi banida da presença de Deus. Esse é o significado de Adão e Eva
serem expulsos do Jardim e exilados em um mundo que se tornara hostil. Essa
cena de pecadores sendo expulsos da presença de Deus para que não fossem
destruídos é repetida vez após outra à medida que a Bíblia conta a história da
Queda.
O efeito do pecado é
nos separar de Deus, nos banir do céu. Expulsão da presença de Deus não é o
único efeito da Queda. Nós também fomos corrompidos em nossa natureza. A Bíblia
é clara a respeito do pecado não ser fundamentalmente uma inclinação do nosso
coração ao erro. O salmista disse no Salmo 51 que nós fomos concebidos em
iniquidade e nascidos em pecado (Sl 51.1). Nós saímos do ventre como pecadores.
Jeremias adverte que “enganoso é o
coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto” (Jr
17.9). Nós não somos pecadores porque pecamos; nós pecamos porque somos por
natureza pecadores! Tudo em nós está maculado pelo pecado. Até mesmo as nossas
melhores obras, segundo Isaías, são como trapos imundos já que vêm de corações
comprometidos com a nossa própria glória ao invés da glória de Deus (Is 64.6).
Isso quer dizer que, diferentes de Adão e Eva, quando você e eu pecamos, nós
estamos simplesmente fazendo aquilo que nos é natural. Essa é a nossa natureza.
Como disse Jesus: “a boca fala do que
está cheio o coração” (Mt 12.34). Paulo nos diz em Efésios 2 que nós
estamos mortos em pecado; ele nos diz em Romanos que, por natureza, somos alvos
da ira. Quando pecamos, nós simplesmente estamos provando ser filhos de Adão:
tal pai, tal filho.
- Regeneração significa renascimento (no
grego, palingenesia). Ele se refere à renovação criativa operada pelo poder de
Deus e ocorre por duas vezes. Em Mateus 19.28, refere-se à vindoura renovação
do cosmos, no fim das épocas aquilo que Pedro chama de “restauração de todas as
cousas” (At 3.21). Porém, em Tito 3.5, onde Paulo refere-se a Deus como nos
tendo salvo “mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo”, está
claramente em foco a vivificação espiritual do crente. Essa é a referência à
palavra “regeneração” que nos interessa no momento.
I. O ENSINO BÍBLICO DA NATUREZA PECAMINOSA
1- Definição de Pecado. Dentre os termos para “pecado”, destacamos
o substantivo hebraico chatá, cuja raiz significa “errar o alvo” (Gn 4.7); e o
seu correspondente grego hamartia, que possui conotação de “erro moral” (2 Pe
2.13,14). Assim, a Bíblia define “pecado” como a transgressão da Lei de Deus (1
Jo 3.4). A palavra abrange não apenas errar o alvo, mas deliberadamente acertar
o alvo errado. Trata-se de rebelião e desobediência contra Deus e a sua Palavra
(1 Sm 15.22,23). Além disso, o pecado afasta o homem de Deus, fazendo-o pecar
contra o próximo (1 Jo 1.6,7) e por se omitir em fazer 0 bem (Tg 4.17).
Portanto, pecado é a condição do homem não regenerado e só pode ser expelido
por meio do Novo Nascimento (Jo 33-7). Essa reconciliação do homem com Deus só
é possível em Cristo Jesus (2 Co 5.19).
- “O pecado como um estado é dessemelhança de
Deus, como um princípio é oposição a Deus e como um ato é transgressão da Lei
de Deus, sua essência é sempre e em toda a parte egoísmo" (Strong,
Systematic Theology, pág. 295)
Em 1 João 3:4 temos
a definição do pecado como um ato. É um transgredir, ou um ir contrário à Lei
de Deus.
Pecado é “qualquer
falta de adequação ou transgressão da lei de Deus” (1João 3:4; Romanos 4:15),
no estado interior e no domínio da alma, bem como na condução externa do vida,
seja por omissão ou comissão (Romanos 6:12-17; 7:5-24). Não é “uma mera
violação da lei de nossa constituição, nem do sistema das coisas, mas uma
ofensa contra um legislador pessoal e governador moral que reivindica sua lei
com punições. A alma que peca é sempre consciente de que seu pecado é (1) intrinsecamente
vil e contaminado, e (2) que justamente merece punição, e chama a justa ira de
Deus. Portanto, o pecado traz consigo dois elementos inalienáveis, (1) a culpa
e (2) a contaminação”, Hodge’s Outlines.
A Escritura fala de
um padrão ou ideal definido e diz que não alcançar este padrão é pecado (Rm 3.23).
Jesus torna claro que o padrão é amor de todo coração a Deus, e amor ao próximo
como a si mesmo (Mt 22.37-39). Então Ele acrescenta: “Destes dois mandamentos
dependem toda a lei e os profetas”. Em outras palavras, este tipo de amor é a
essência supracultural da lei levítica. Paulo declara isto explicitamente em Rm
13.8-10, “... pois quem ama ao próximo,
tem cumprido toda a lei. Por isso não adulterarás, não matarás, não furtarás,
não cobiçarás, e, se há qualquer outro mandamento, tudo nesta palavra se
resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. O amor não pratica o mal contra
o próximo, de sorte que o cumprimento da lei é o amor”.
2- A universalidade do Pecado. O ser humano foi criado em estado de
inocência, sem pecado, perfeito (Ec 7.29) e dotado de livre-arbítrio (Gn
2.16,17). Porém, o primeiro homem escolheu desobedecer a Deus e a sua Queda
corrompeu toda a humanidade (Gn 3.9-19). O pecado de Adão foi
transmitido a toda raça humana (Rm 5.12). Assim, a partir da Queda, todos os
seres humanos nascem em pecado (S1 51.5). Portanto, o pecado não é passado
adiante meramente pela força do mau exemplo, mas é um mal inerente à natureza
humana (Rm 7.14-24). Em consequência disso, todo ser humano está debaixo da
escravidão do pecado e da condenação da morte (Rm 3.23; 6.23). Apesar de
corrompida pelo pecado, a natureza humana pode ser eficazmente regenerada pela
fé em Cristo (Rm 3.24; 2 Co 5.17).
- O pecado como
princípio, é rebelião contra Deus. É recusar fazer a vontade dEle que tem todo
o direito de exigir obediência de nós.
Muita gente há que não pode ou não quer ver que o pecado vai mais
fundo que um ato manifesto. Um pouco de reflexão mostrará que os nossos atos
não são senão expressões dos nossos seres interiores. A pecaminosidade íntima,
então, deve preceder os atos manifestos do pecado. As seguintes provas
escrituristicas mostram não só que o homem é pecaminoso na conduta como que ele
existe num estado pecaminoso – uma falta de conformidade com Deus na mente e no
coração:
(1) As palavras hebraica e grega traduzidas por "pecado"
aplicam-se tanto a disposições e estados como a atos.
(2) O pecado tanto pode consistir de omissão em fazer a coisa justa
como de comissão em fazer a coisa errada. "Ao que se sabe fazer o bem e o
não faz, ao tal é pecado" (Tiago 4:17).
(3) O mal se atribui a pensamentos e afetos. Gênesis 6:5; Jeremias
17:9; Mateus 5:22,26; Hebreus 3:12.
(4) O estado da alma que dá expansão a atos manifestos de pecados é
chamado pecado, expressamente. Romanos 7:8,11,13,14,17,20.
(5) Alude-se ao pecado como um princípio reinante na vida. Romanos
6:21.
Nossos primeiros pais sendo a causa de toda a humanidade, a culpa
de seu pecado foi imputada, e a mesma morte no pecado e na natureza corrompida
foi transmitida a toda a sua posteridade, descendente deles pela geração comum.
Adão foi constituído por Deus, o cabeça e representante de toda a sua
posteridade, como também era a cabeça natural, e, portanto, quando ele caiu,
eles caíram com ele (Romanos 5:12-21; 1Coríntios 15:22-45) . A sua provação foi
a deles, e a sua queda a deles. Por causa do primeiro pecado de Adão, toda a
sua posteridade veio ao mundo em estado de pecado e condenação, ou seja, (1) um
estado de corrupção moral, e (2) de culpa, como tendo-lhes imputado
judicialmente a culpa do primeiro pecado de Adão.
3- Corrupção Total. É o estado de corrupção mental, moral e
espiritual da natureza humana (Rm 3.10-18). Nesse aspecto, a inclinação para
fazer o errado é resultado do pecado (Gn 6.5; Rm 5.19). Por causa da Queda,
todas as áreas de nosso ser foram corrompidas. Essa corrupção impede o homem de
tomar a iniciativa no processo de regeneração (Rm 8.7,8). Ele só pode ser
liberto do pecado após o convencimento do Espírito (Jo 16.8). Sem essa ajuda
divina ninguém pode ser transformado (Tt 3.5), ou seja, o livre-arbítrio
precisa ser divinamente restaurado (Rm 2.4). Somente por meio da graça o homem
recebe capacidade para crer, arrepender-se e ser salvo (Rm 3.24,25). Dessa
forma, a libertação do pecado não provém de nenhum esforço humano, mas é
gratuita e divinamente ofertada (6.23; Ef 2.8,9).
- Em Romanos
3.10-17, Paulo encadeia uma série de citações do Antigo Testamento que culpam o
caráter (vs. 10-12), o modo de falar (vs. 13-14) e a conduta (vs. 15-17) de
todas as pessoas. Ele usa as palavras "nem um" e "todos"
nove vezes para mostrar a universalidade do pecado e da rebelião humana.
Todos os homens,
salvos por única exceção o Deus – homem, Cristo Jesus nosso Senhor, são
pecaminosos por natureza e expressam essa pecaminosidade interior em
transgressão deliberada tão cedo atinjam a idade de responsabilidade.
Este fato está
provado:
1. A NECESSIDADE
UNIVERSAL DE ARREPENDIMENTO, FÉ E REGENERAÇÃO - Lucas 13:3; João 8:24; Atos
16:30-31; Hebreus 11:6; João 3:3,18.
2. DECLARAÇÕES CLARA
DA ESCRITURA - 1 Reis 8:46; Salmos 143:2; Provérbios 20:9; Eclesiastes 7:20;
Romanos 3:10, 23; Gálatas 3:22.
II – AS TEOLOGIAS MODERNAS
1- Teologia do pecado social. A tese do pecado social remonta aos concílios
católicos de Medellin (1968, Colômbia) e Puebla (1979, México). Essa tese
defende que o pecado é algo que se constrói por meio de estruturas opressoras,
tais como, a pobreza, a injustiça e a desigualdade. Dessa maneira, a redenção
do pecado não se restringe ao aspecto espiritual, sendo preciso tratar as
questões sociais. O pecado deixa de ser tratado no nível da moral e passa a ser
considerado no nível econômico e social. A mudança de ênfase do pecado original
(natureza humana) para o pecado social (estrutural) enfraquece a
responsabilidade moral do pecador. Então, deixa-se de enfatizar a causa para
explorar os sintomas (Mt 23.27,28). A partir daí, resolver as questões da ordem
social é visto como solução para o problema do pecado. Naturalmente, essa é uma
deturpação do ensino bíblico a respeito do pecado.
- Da forma como está
posto no subtópico dá-se a entender como uma tentativa de apagar a
responsabilidade pessoal. A teologia do pecado social não joga uma pá de cal
sobre a ideia de que cometemos pecados pessoais. "Pecado social" e
"pecado estrutural" são termos legítimos, mas não devem ser
interpretados como negação da responsabilidade pessoal. Em sua encíclica sobre
a justiça social (Sollicitudo Rei Socialis), o Papa João Paulo II diz que o
"pecado social" ou "pecado estrutural" procede do acúmulo
de pecados pessoais. "Trata-se", diz o Papa, "de uma questão de
mal moral, o fruto de muitos pecados que conduz às 'estruturas de
pecado'". Considerando que a fonte do "pecado social" ou
"pecado estrutural" é o pecado pessoal, a solução encontra-se em
nossas ações pessoais. Devemos fazer mais do que mudar "o sistema",
tão importante que é: devemos mudar a nós mesmos.
Como professor, não
posso levar a frente essa ideia equivocada, se não, não estarei cumprindo meu
papel de lançar luz às mentes de meus alunos. Como dito acima, o pecado social
é o resultado do pecado pessoal. É uma teologia católica, mas, se olharmos
objetivamente a observação do papa, veremos que, em algum ponto, o que ele diz
faz sentido e merece uma séria consideração.
2- Teologia da libertação. A teologia da libertação tem
afinidade com as ideias socialistas de Karl Marx. Essa teoria busca
“libertar” o oprimido das estruturas opressoras da sociedade. Ela nasce na
década de 1970 com Gustavo Gutiérrez (Peru) e Leonardo Boff (Brasil). Para
eles, o estudo teológico não deve estar centrado em doutrinas bíblicas para
libertar 0 homem do pecado, mas na indignação social para libertar 0 homem da
injustiça social, econômica e cultural. Desse impulso surgem as teologias de
cunho emancipatório de gênero (transexualidade), de sexualidade
(homossexualidade) e de raça. Uma de suas vertentes é a Teologia da Missão
Integral (TMI). O grande impacto dessas influências é que a fé cristã é
reduzida a militância política socialista e marxista. As pautas sociais e progressistas
são disfarçadas pela roupagem de Evangelho, postas acima dos valores morais do
Reino de Deus. Então, transforma-se o Evangelho em inconformismo, criticismo e
assistencialismo (1 Co 15.19; Fp 3.18-20).
- Em termos simples, a Teologia da Libertação é uma tentativa de
interpretar a Escritura através do sofrimento dos pobres. É em grande parte uma
doutrina humanista. Tudo começou na América do Sul, na turbulenta década de
1950, quando o marxismo estava fazendo grandes ganhos entre os pobres por causa
de sua ênfase na redistribuição da riqueza, permitindo que os camponeses pobres
participassem da riqueza da elite colonial e, assim, melhorasse a sua situação
econômica na vida. Como uma teologia, tem raízes católicas romanas muito
fortes.
A Teologia da
Libertação foi reforçada em 1968 na Segunda Conferência dos Bispos da América
Latina, a qual se reuniu em Medellín, na Colômbia. A ideia era estudar a Bíblia
e lutar por justiça social nas comunidades cristãs (católicas). Já que o único
modelo governamental para a redistribuição da riqueza em um país da América do
Sul era um modelo marxista, a redistribuição da riqueza para elevar os padrões
econômicos dos pobres na América do Sul assumiu um sabor definitivamente
marxista. Já que aqueles que tinham dinheiro eram muito relutantes em
separar-se dele em qualquer modelo de redistribuição de riqueza, o uso de uma
revolta populista (ou seja, dos pobres) foi incentivada por aqueles que
trabalhavam mais perto dos pobres. Como resultado, o modelo de Teologia da
Libertação estava atolada no dogma marxista e em causas revolucionárias.
Como resultado de
suas tendências marxistas, a Teologia da Libertação, como praticada pelos
bispos e sacerdotes da América do Sul, foi criticada em 1980 pela hierarquia
católica, do Papa João Paulo pra baixo. A hierarquia mais alta da Igreja
Católica acusou os teólogos da libertação de apoiar revoluções violentas e luta
de classes definitivamente marxista. Esta perversão é geralmente o resultado de
uma visão humanista do homem sendo codificada na Doutrina da Igreja por
sacerdotes e bispos zelosos e explica por que a hierarquia católica agora quer
se separar da doutrina e revolução marxista.
No entanto, a
Teologia da Libertação se mudou dos camponeses pobres da América do Sul aos
negros pobres na América do Norte. Temos agora a Teologia da Libertação Negra
sendo pregada na comunidade negra. É a mesma filosofia humanista, marxista e
revolucionária encontrada na Teologia da Libertação sul-americana e não tem
mais base bíblica que o modelo sul-americano. A falsa doutrina ainda é falsa,
não importa qual nome esteja ligado a ela. Da mesma forma que o fervor revolucionário
foi agitado na América do Sul, a Teologia da Libertação está agora tentando
agitar um fervor revolucionário entre os negros na América. Se a Igreja na
América reconhecer a falsidade da Teologia da Libertação Negra como a Igreja
Católica fez no modelo sul-americano, a Teologia da Libertação Negra irá sofrer
o mesmo destino que a Teologia da Libertação na América do Sul, ou seja, será
vista como uma doutrina falsa e humanista vestida com termos teológicos.
3- Liberalismo teológico. Após a Reforma Protestante (1517),
floresce o liberalismo teológico, onde a razão é colocada acima da revelação
divina. Como resultado disso, a inspiração, inerrância e infalibilidade das
Escrituras são questionadas; os milagres e o sobrenatural são considerados
mitológicos; as doutrinas da fé são reinterpretadas e ressignificadas. Troca-se
a mensagem da salvação de arrependimento, confissão de pecados e mudança de
caráter por uma visão progressista que enfatiza a transformação social pelo
paradigma do marxismo. Assim, o pecado é relativizado, o ecumenismo religioso é
propagado e toda experiência espiritual é considerada válida. O ideário da
teologia liberal é de oposição às antigas doutrinas bíblicas que se fundamentam
na revelação das Escrituras (2 Tm 4.3).
No ensino
"cristão liberal", que não é cristão de forma alguma, a razão do
homem é o foco principal e é tratada como a autoridade final. Teólogos liberais
procuram conciliar o Cristianismo com a ciência secular e "pensamento
moderno". Ao fazerem isso, tratam a ciência como onisciente e a Bíblia
como uma falsidade cheia de fábulas. Os capítulos iniciais de Gênesis são
reduzidos a poesia ou fantasia, com uma mensagem que não deve ser tomada
literalmente (apesar de Jesus ter falado desses primeiros capítulos em termos
literais). A humanidade não é vista como totalmente depravada; sendo assim, os
teólogos liberais têm uma visão otimista do futuro da humanidade. O evangelho
social também é enfatizado, ao mesmo tempo negando a incapacidade do homem
pecador de cumpri-lo. Se uma pessoa é salva do seu pecado e de sua penalidade
no inferno já não é a questão; o principal é como o homem trata o seu próximo.
O "amor" ao próximo torna-se a questão de definição. Como resultado
deste raciocínio por teólogos liberais, as seguintes doutrinas são ensinadas
pelos teólogos liberais quase-cristãos:
1) A Bíblia não é
"inspirada por Deus" e tem erros. Devido a essa crença, o homem (os
teólogos liberais) deve determinar quais ensinamentos são corretos e quais não
são. A crença de que a Bíblia é "inspirada" (no sentido original
dessa palavra) por Deus somente é assumida pelos simplórios. Isso contradiz diretamente
2 Timóteo 3:16-17: "Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o
ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim
de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa
obra."
2) O nascimento
virginal de Cristo é um ensino mitológico falso. Isso contradiz diretamente
Isaías 7:14 e Lucas 2.
3) Jesus não
ressuscitou do túmulo em forma corpórea. Isso contradiz os relatos da
ressurreição em todos os quatro Evangelhos e todo o Novo Testamento.
4) Jesus era um bom
professor de moral, mas os Seus seguidores tomaram liberdades com a história da
Sua vida como registrada na Bíblia (não houve milagres
"sobrenaturais"), com os evangelhos tendo sido escritos muitos anos
mais tarde e apenas atribuídos aos primeiros discípulos a fim de dar maior peso
aos seus ensinamentos. Isto contradiz a passagem de 2 Timóteo e a doutrina da
preservação sobrenatural das Escrituras por Deus.
5) O inferno não é
real. O homem não está perdido no pecado e não está condenado a algum
julgamento futuro sem um relacionamento com Cristo através da fé. O homem pode
ajudar a si mesmo; nenhuma morte sacrificial por Cristo é necessária pois um
Deus amoroso não iria enviar as pessoas para um lugar como o inferno e também
porque o homem não nasce no pecado. Isto contradiz o próprio Jesus, que
declarou-se como o caminho para Deus através da Sua morte expiatória (João
14:6).
6) A maioria dos
autores humanos da Bíblia não são as pessoas tradicionalmente aceitas. Por
exemplo, Moisés não escreveu os primeiros cinco livros da Bíblia. O Livro de
Daniel teve dois autores porque de forma alguma as "profecias"
detalhadas dos capítulos posteriores poderiam ter sido conhecidas antes do
tempo; devem ter sido escritas depois do ocorrido. O mesmo pensamento é
transportado para os livros do Novo Testamento também. Estas ideias contradizem
não apenas as Escrituras, mas também os documentos históricos que confirmam a
existência de todas as pessoas que os liberais negam.
7) A coisa mais
importante que o homem pode fazer é "amar" o seu próximo. A coisa
amorosa a fazer em qualquer situação não é o que a Bíblia diz que é bom, mas o
que os teólogos liberais decidem que é bom. Isto nega a doutrina da depravação
total, que afirma que o homem não é capaz de fazer nada de bom e amoroso
(Jeremias 17:9) até ser redimido por Cristo e receber uma nova natureza (2
Coríntios 5:17).
Há muitos
pronunciamentos das Escrituras contra aqueles que negam a divindade de Cristo,
o que o Cristianismo liberal faz (2 Pedro 2:1); e contra quem pregar outro
evangelho além do que foi pregado pelos apóstolos, o que os teólogos liberais
fazem ao negarem a necessidade da morte expiatória de Cristo e pregarem um
evangelho social em seu lugar (Gálatas 1:8). A Bíblia condena aqueles que
chamam o mal de bem e o bem de mal (Isaías 5:20), o que algumas igrejas
liberais fazem ao aceitarem a homossexualidade como um estilo de vida
alternativo, enquanto a Bíblia condena repetidamente a sua prática.
As Escrituras falam
contra aqueles que clamam "paz, paz", quando não há paz (Jeremias
6:14); os teólogos liberais fazem isso ao dizerem que o homem pode alcançar a
paz com Deus sem o auxílio do sacrifício de Cristo na cruz e que o homem não
precisa se preocupar sobre um futuro julgamento diante de Deus. A Palavra de
Deus fala de um tempo em que os homens têm uma forma de piedade, mas negam o
seu poder (2 Timóteo 3:5); e é isso o que a teologia liberal faz quando afirmam
que há alguma bondade interior no homem que não requer um renascimento pelo
Espírito Santo através da fé em Cristo. A Bíblia também fala contra aqueles que
servem a ídolos em vez do único e verdadeiro Deus (1 Crônicas 16:26); o que o
Cristianismo liberal faz na medida em que cria um falso deus de acordo com o
seu próprio gosto ao invés de adorar a Deus como Ele é descrito por toda a
Bíblia.
III – A NORMALIZAÇÃO DO
PECADO
1- Crise ética e moral. Em termos gerais, os valores que
regulam a conduta de uma pessoa denominam-se ética (1 Pe 1.15) e a prática
dessa conduta recebe o nome de moral. Nessa concepção, a obediência aos
princípios bíblicos reflete o caráter de um cristão (Rm 12.2). Porém, o conceito
deturpado e relativizado do pecado resulta em desvio e falha de caráter (2 Tm
3.5). Desse modo, a sociedade deixa de ser eticamente sólida e se torna
moralmente desajustada (Hc 1.4). Dessa crise de integridade irrompe ações
incompatíveis com a fé bíblica (Rm 2.21,22). Temas progressistas violam a ética
e a moral bíblicas e passam a ser normalizados, tais como: a imoralidade
sexual, o aborto e o uso de drogas ilícitas (1 Sm 2.6; Rm 1.27; 1 Co 6.15,19).
- A Bíblia ensina que o pecado atingiu a natureza dos seres humanos e
das instituições por elas criadas. Todos caíram. Não há ninguém bom. As “obras
da carne” marcam a nossa deficiência de caráter, a nossa ambiguidade moral.
Escrevendo aos
Romanos (1.28-32), Paulo ensina que os homens adquiriram uma mente incapaz para
o discernimento do correto, em virtude de terem desprezado o conhecimento de
Deus: “Desse modo eles fazem o que não deveriam fazer: estão cheios de todo
tipo de injustiça... engenhosos do mal... eles não só os cometem, mas também
aprovam quem se comportam assim”.
Os cristãos,
portanto, não deveriam ficar chocados com os pecados sociais, pois já deveriam
ter entendido a sua presença no ensinamento bíblico. Os cristãos, contudo, não
deveriam estar no lado dos pecados sociais, mas deveriam se envolver na sua
prevenção e no seu combate.
2- Imoralidade sexual. A deturpação da doutrina do pecado
favorece o avanço da imoralidade sexual (Rm 1.24). Em defesa da liberdade de
decisão sobre o corpo, banaliza-se o sexo pré-conjugal, extraconjugal, normaliza-se
a homossexualidade (Rm 1.26,27) e a doutrina da castidade é vista como
opressora (Rm 6.12). Nesse aspecto, o afrouxamento da moral, o ensino da
ideologia de gênero e a erotização da infância promovem luxúria e
licenciosidade. O pecado é tolerado, a família é desconstruída e a doutrina da santidade é
negligenciada (Hb 13.4).
- Em sua forma mais pura, a imoralidade sexual seria qualquer ato
sexual fora do casamento entre um homem e uma mulher. Ao criar o sexo Deus
também estabeleceu um padrão para que pudéssemos desfrutá-lo da melhor forma.
No entanto, como seres contaminados pelo pecado acreditamos que podemos
encontrar maneiras “melhores” de usar o sexo e obter mais prazer. Acreditamos
na mentira da serpente de que há algo melhor além do arco-íris; algo do qual
Deus está nos privando porque Ele não quer que sejamos plenamente felizes.
Contudo, é justamente por desejar que tenhamos gozo eterno que Deus estabeleceu
limites seguros para nós. A obediência a esses limites é o primeiro passo para
desfrutarmos da sexualidade com verdadeira alegria e contentamento.
A Escritura
classifica os pecados de ordem sexual em uma única categoria: imoralidade
sexual. Em suma, a imoralidade sexual se refere a toda prática sexual fora do padrão
de santificação que Deus estabeleceu. Não haverá prazer verdadeiro nem alegria
verdadeira a menos que obedeçamos a esse padrão. Sendo assim, podemos afirmar
que a obediência é o primeiro passo para uma sexualidade bíblica – conforme o
padrão de Deus.
Não vejo a deturpação
da doutrina do pecado como raiz do avanço da imoralidade sexual. A origem é
outra, muito mais antiga e profunda. Analisemos Romanos 1.24: “por isso, Deus entregou tais homens à imundícia,
pelas concupiscências de seu próprio coração, Apara desonrarem o seu corpo
'entre si” – Paulo afirma que foi Deus
quem entregou; esse é um termo
judicial grego usado para entregar um prisioneiro para que cumpra a sentença
que recebeu. Quando, de modo consistente, os seres humanos abandonam a Deus,
ele os abandonará (Jz 10.13; 2Cr 15.2; 24.20; SI 81.11-12; Os 4.17; Mt 15.14;
At 7.38-42; 14.16). Ele faz isso:
1) indireta e imediatamente,
retirando o seu controle sobre e eles e permitindo que os pecados deles sigam o
seu curso inevitável, e
2) direta e consequentemente,
por ações específicas do julgamento divino e punição. A imundícia começa no
coração corrompido do homem sem Deus, nesse versículo Paulo usa esse termo
comum para material em decomposição, como o conteúdo de uma sepultura - a imoralidade
sexual (2Co 12.21; Cl 5.19-23; Ef 5.3; 1Ts 4.7), a qual começa no coração e
torna-se a vergonha do corpo. Portanto, segundo Paulo, o que vemos hoje, é um
claro sinal de que Deus “tirou o pé do freio” e entregou o homem ao seu próprio
coração.
3- A dessacralização da vida. As Escrituras ensinam que a vida humana é
sagrada porque tem origem divina (Gn 1.27). Por conseguinte, a vida é
inviolável e deve ser valorizada (2 Pe 1.3). O corpo humano deve ser cuidado,
alimentado e preservado (Ef 5.29). Não obstante, a vulgarização do pecado
fomenta ideologias que desprezam a sacralidade e a dignidade humana. Propala-se
a autonomia incondicional sobre o próprio corpo sem as devidas limitações
éticas e morais. O slogan “meu corpo, minhas regras” reivindica o pseudodireito
de a pessoa usar drogas, prostituir-se, abortar, cometer o suicídio e a
eutanásia. Assim, o corpo que é templo do Espírito Santo é profanado (1 Co
6.19). A criatura, de modo proposital, afronta a vontade do Criador (Rm 1.25).
- Deus é o autor supremo da vida (Gn 2.7). Por isso, as Escrituras a
valorizam desde a concepção no ventre materno (SI 139.13-16). Assim, toda
ideologia que tem o objetivo de alterar o conceito da vida, desqualifica a
autoridade bíblica e faz apologia à cultura de morte infantil no útero. A ideia
progressista, que reivindica ao ser humano a autonomia sobre a vida, afronta a
soberania divina. Nesta lição, estudaremos a concepção sobrenatural de Jesus
Cristo, a apologia ideológica da cultura da morte e o conceito da sacralidade
da vida no útero materno.
“Teologicamente,
quando começa a vida humana? Na fase embrionária? Ou na fetal? Aos olhos do
autor e conservador da vida, antes mesmo da concepção. É o que constatamos no
chamamento de Jeremias: ‘Antes que eu te formasse no ventre, eu te conheci; e,
antes que saísses da madre, te santifiquei e às nações te dei por profeta’ (Jr
1.5). Ora, se o autor e conservador da vida não faz distinção entre embrião e
feto, pois aos seus olhos ambos são pessoas completas, porque iríamos nós
teimar em estabelecer tal diferença?
Quem realmente ama
não se perde em semelhantes especulações, mas tudo faz a fim de preservar a
santidade da vida. Atentemos à narrativa do Gênesis. Moisés mostra com muita
clareza que o ser humano não é obra do acaso, pois o acaso não seria capaz de
produzir um ser tão perfeito quanto o homem. Deus o criou com as próprias mãos
e, para aumentar a intimidade conosco, fez questão de aproximar o seu rosto do
nosso. E, soprando-nos as narinas, aumentou ainda mais a comunhão entre nós e
Ele.
Portanto, não nos
arvorem os como deuses e senhores da vida, determinando quem deve viver e quem
tem de morrer. Esse direito só cabe a Deus, pois a pessoa humana tem início
nele e para ele terá de retornar (Ec 12 .7 )” (ANDRADE, Claudionor de. As
novas Fronteiras da Ética Cristã. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, pp. 70-71).
CONCLUSÃO
A relativização do
pecado que o restringe à solução de pautas sociais em prejuízo da moral e, por
sua vez, o exclusivismo moral em detrimento de causas sociais, igualmente, não
retratam a fé cristã. Apesar de a Igreja não ser apolítica e nem insensível às
desigualdades sociais, o mal primário a ser combatido é o pecado inerente à
natureza humana. Uma vez regenerado pela fé em Cristo, o crente repudia as
injustiças contra o seu próximo (Rm 1.18; 1 Co 13.6). A Igreja atuante é aquela
que ainda milita na terra contra a carne, o mundo, o Diabo, o pecado e a morte
(Ef 6.12).
- Entendamos que a
regeneração da raça humana é necessária, é urgente, mesmo sabendo que ela é uma
utopia, sim, por que nem todos darão crédito à nossa pregação! A regeneração é
necessária. A carne humana pecaminosa não pode entrar na presença de Deus. Em
sua conversa com Nicodemos, Jesus disse duas vezes que um homem deve nascer de
novo a fim de ver o reino de Deus (João 3:3, 7). A regeneração não é opcional,
pois "O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é
espírito" (João 3:6). O nascimento físico nos traz à terra; o renascimento
espiritual nos leva ao céu. Veja também Efésios 2:1; 1 Pedro 1:23; João 1:13; 1
João 3:9; 4:7; 5:1, 4, 18.
Nós, crentes desta
última hora, temos nossa parcela de culpa nesse avanço desenfreado da relativização
do pecado que o restringe à solução de pautas sociais em prejuízo da moral,
sim, desde que cerramos nossa mão para não dizimar e ofertar, investir na obra
missionária, quando nós mesmos não damos um bom testemunho de cristãos
refletindo a imagem de Cristo de maneira a levar aqueles que cruzam nosso
cainho a glorificar a Deus... enfim, estudar sobre o assunto é muito bom, mas
seria muito melhor se isso nos conscientizasse a sermos mais fiéis à obra do
reino e ao Rei dos reis.
A conclusão é ainda
melhor: “A Igreja atuante é aquela que
ainda milita na terra contra a carne, o mundo, o Diabo, o pecado e a morte (Ef
6.12)” – no meu entender, uma Igreja atuante é aquela que espalha a mensagem
do reino sem levantar bandeiras além daquela que nos foi entregue de uma vez
por todas: “Pois não me envergonho do
evangelho, por que é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê,
primeiro do judeu e também do grego; visto que a justiça de Deus se revela no evangelho,
de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé” (Rm 1.16,17).
REVISANDO O CONTEÚDO
1- Segundo a lição, como a Bíblia define
o “pecado”?
R. A Bíblia define “pecado” como a transgressão da Lei de Deus (1
Jo 3.4).
2- O que é Corrupção Total?
R. É o estado de corrupção mental, moral e espiritual da natureza
humana (Rm 3.10-18).
3- O que enfraquece a responsabilidade
moral do pecador?
R. A mudança de ênfase do pecado original (natureza humana) para o
pecado social (estrutural) enfraquece a responsabilidade moral do pecador.
4- O que reflete o caráter do cristão?
R. A obediência aos princípios bíblicos reflete o caráter de um
cristão (Rm 12.2).
5- Por que a vida humana é sagrada?
R. As Escrituras ensinam que a vida humana é sagrada porque tem
origem divina (Gn 1-27).