Título: Cobiça e orgulho — Combatendo o desejo da carne, o
desejo dos olhos e a soberba da vida
Comentarista: Natalino das Neves
- L I
Ç Ã O 3 -
21 de ABRIL de 2019
O
DINHEIRO E SEUS PERIGOS
TEXTO DO DIA
“E o jovem,
ouvindo essa palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades”
(Mt 19.22).
SÍNTESE
O dinheiro é
útil e necessário, todavia o apego a ele pode impedir a entrada no Reino de
Deus.
TEXTO BÍBLICO
Mateus 19.16-24.
16 E eis que, aproximando-se dele
um jovem, disse-lhe: Bom Mestre, que bem farei, para conseguir a vida eterna?
17 E ele disse-lhe: Por que me
chamas bom? Não há bom, senão um só que é Deus. Se queres, porém, entrar na
vida, guarda os mandamentos.
18 Disse-lhe ele: Quais? E Jesus
disse: Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso
testemunho;
19 honra teu pai e tua mãe, e
amarás o teu próximo como a ti mesmo.
20 Disse-lhe o jovem: Tudo isso
tenho guardado desde a minha mocidade; que me falta ainda?
21 Disse-lhe Jesus: Se queres ser
perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no
céu; e vem e segue-me.
22 E o jovem, ouvindo essa palavra,
retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades.
23 Disse, então, Jesus aos seus
discípulos: Em verdade vos digo que é difícil entrar um rico no Reino dos céus.
24 E outra vez vos digo que é mais
fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no Reino
de Deus.
COMENTÁRIO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
“Na lição deste domingo abordaremos o ensino
de Jesus a respeito da correta atitude para com o dinheiro. Veremos o perigo de
se apegar de forma demasiada a ele e a seus benefícios, a ponto de comprometer
a salvação eterna. Vamos analisar um texto das Sagradas Escrituras bem
conhecido, o diálogo de Jesus com o jovem rico. Esse jovem era um religioso que
admirava Jesus, porém com um apego demasiado pelos bens materiais. Assim,
abordaremos a respeito do perigo de se tentar compensar o amor ao dinheiro com
obras e religiosidade. Vamos também analisar o perigo de se perder a vida
eterna com Deus por colocar as esperanças nas incertezas das riquezas.” [Lições Bíblicas CPAD, Revista
Jovens, 2º Trimestre 2019. Lição 3, 21 ABR, 2019]
- A Bíblia nos alerta para o perigo de confiarmos nossas
expectativas de vida nas riquezas deste mundo e esperarmos delas a segurança
para nossa vida enquanto cidadãos deste mundo. Muitos textos bíblicos nos alertam
para continuarmos depositando nossa confiança em Deus que é o nosso provedor e
não cairmos em armadilhas do amor ao dinheiro que nos levará a ruína e a
destruição. Esta lição está bem subdividida e o assunto ficará bem trabalhado.
Nosso alvo é o jovem rico de Mateus, um judeu de classe alta, um homem
importante em sua sociedade. Ele procurava viver de acordo com os mandamentos
de Deus e queria saber como receber a salvação. Por isso, ele foi para Jesus.
Mas a resposta de Jesus mostrou um grande problema na vida do jovem rico: seu
amor à riqueza. Sua motivação foi correta. O motivo que temos para fazer alguma
coisa é algo muito importante. Fala-se de motivação certa e errada. No caso do jovem
da presente história, ele se aproximou de Cristo corretamente motivado. Ele reconhecia
que não tinha a vida eterna e queria alcançá-la. Essa era a necessidade que o
impulsionava. Tinha tudo, menos a vida eterna – That said, let's think maturely the Christian faith!
I. O PERIGO DE TENTAR COMPENSAR O AMOR AO DINHEIRO COM BOAS OBRAS E
RELIGIOSIDADE
“1. O jovem rico vai até Jesus,
mas sem disposição de renunciar às riquezas (v.16a). Segundo
Lucas escreveu, o jovem da parábola era um príncipe, pessoa importante da
sociedade judaica (Lc 18.18). Marcos chama-o apenas de “homem” (Mc 10.17),
enquanto Mateus afirma que ele era um jovem que possuía muitas propriedades (Mt
19.22). Portanto, o jovem fazia parte de uma minoria privilegiada que, via de
regra, se beneficiava do sistema de dominação romano e da elite judaica. Esse
grupo é criticado duramente por Jesus em seus discursos. Independente de sua
posição, o jovem vai até Jesus e pergunta o que era necessário para herdar a
vida eterna. Fica evidente o respeito do jovem pelo que havia ouvido e visto a
respeito do Mestre, pois considera que Ele sabia o caminho correto para se
alcançar a vida eterna. No entanto, o reconhecimento e o interesse pela
salvação não são suficientes, esse processo requer arrependimento e fé
suficientes para renúncia e transformação de vida (Mt 9.2; Mc 1.15; Lc 17.19;
At 3.19).” [Lições Bíblicas CPAD, Revista
Jovens, 2º Trimestre 2019. Lição 3, 21 ABR, 2019]
- Os outros Evangelhos
sinópticos informam que ele era jovem (Mt 19.20) e que era "de
posição", provavelmente na sinagoga (Lc 18.18). Ele também era rico (v.
22). Mergulhado no legalismo de sua época, o jovem naturalmente pensava em
termos de algum feito religioso que poderia garantir-lhe a vida eterna. Sua
falta de compreensão sobre a verdadeira natureza da salvação, porém, não
significava que ele não fosse sincero, ele realmente estava interessado na vida
eterna. Mais do que simples existência eterna, é uma qualidade de vida
diferente. A vida eterna está apenas em Cristo (Jo 3.15-16; 10.28; 17.2-3; Rm
6.23; 1Jo 5.11,13,20). Aquele que a possui "passou da morte para a vida" (Jo 5.24; 1Jo 3.14; Ef 2.1-3); morreu
para o pecado e está vivo para Deus (Rm 6.11); tem a própria vida de Cristo em
si (2Co 4.11; Gl 2.20) e desfruta de um relacionamento com Jesus Cristo que
nunca terá fim (Jo 17.3).
“2. O jovem acreditava conseguir a
vida eterna por méritos próprios (vv.16,17,20). A pergunta
do jovem demonstra que ele também vivia de acordo com a crença dominante da
época, a qual fazia com que as pessoas acreditassem que a riqueza era sinônimo
de justiça e comunhão com Deus. Para elas a justiça se dava por meio de obras
que se resumiam em rituais e esmolas aos pobres. O jovem pergunta: “Bom Mestre,
que bem farei, para conseguir a vida eterna?”. Em primeiro lugar, ele chama
Jesus de “bom mestre”, uma forma de elogio e reconhecimento de quem fazia boas
obras, por isso era chamado de “bom”. Na sequência ele questiona o que poderia
fazer para conseguir a vida eterna, ou seja, que tipo de ritual, ou caridade,
poderia lhe garantir uma vida eterna com Deus. De acordo com o pensamento da
época, algo de piedoso poderia ser realizado para merecer a salvação, doutrina
que foi duramente combatida pelo apóstolo Paulo por meio da doutrina da
justificação pela fé (Rm 4).” [Lições Bíblicas CPAD, Revista
Jovens, 2º Trimestre 2019. Lição 3, 21 ABR, 2019]
- O jovem fez a pergunta certa. A Filosofia diz que a sabedoria
não está nas respostas que se dá, mas nas perguntas que se faz. O jovem fez a
melhor pergunta que se poderia fazer a Jesus: “O que eu faço para alcançar a vida eterna?”.A partir disso, ele
encontraria o que desejava. Jesus, entretanto, conhecendo o seu coração, lhe dá
uma resposta estranha. Ao invés de falar de fé e de arrependimento, Ele diz que
para entrar na vida, o jovem deveria guardar os mandamentos. Na resposta do
jovem e na continuação do diálogo, está o diagnóstico do seu coração. “Por que me chamas bom?” Jesus desafiou o
jovem a ponderar sobre as implicações de atribuir a ele o título "bom"
. Uma vez que somente Deus é intrinsecamente bom, estaria ele preparado para
reconhecer a divindade de Jesus? Por meie dessa indagação, Jesus não negou a
sua divindade; pelo contrário, ele a afirmou. “O jovem rico chamou Jesus de “Bom Mestre” (Mt 19:16, SBTB; Mc 10:17; Lc
18:18), e Jesus o admoestou, dizendo: “Por que me chamas bom? Não há bom senão
um só, que é Deus” (v. 17, SBTB). Contudo, em outras ocasiões Jesus não apenas
reivindicou ser Deus (Mc 2.8-10; Jo 8.58; 10.30), mas também aceitou a
declaração que outros fizeram de ser ele Deus (Jo 20.28-29). Por que ele parece
estar negando ser Deus ao jovem rico?
SOLUÇÃO: Jesus não
negou ser Deus ao jovem rico. Ele simplesmente pediu-lhe que examinasse as
implicações do que estava dizendo. Com efeito, Jesus estava dizendo-lhe: “Você
percebe o que está implícito quando você me chama de bom? Você está dizendo que
eu sou Deus?” O jovem não percebeu as implicações do que ele estava dizendo.
Dessa forma Jesus o estava forçando a um dilema bastante desconfortável. Ou
Jesus era bom e Deus, ou ele era mau e homem. Um bom Deus ou um mau homem, mas
não simplesmente um bom homem. Essas são as reais alternativas a respeito de
Cristo. Pois nenhum homem bom declararia ser Deus, não o sendo. Aquele Cristo
liberal, que era apenas um bom mestre da moral, mas não Deus, não passa de uma
ficção criada pela imaginação humana.” (Extraído do livro MANUAL POPULAR de Dúvidas, Enigmas e
“Contradições” da Bíblia. Norman Geisler – Thomas Howe)
“3. O amor ao dinheiro não pode
ser compensado pela religiosidade (vv.17-20). O jovem
provavelmente ficou feliz quando Jesus responde que ele deveria guardar os
Mandamentos (v.17). Antes, porém, ele pergunta quais eram esses Mandamentos,
talvez pensando na possibilidade de que Jesus tivesse outra opção. Contudo, a
resposta não era surpresa para um judeu praticante: “Não matarás, não cometerás
adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho; honra teu pai e tua mãe, e
amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Ele prontamente responde: “Tudo isso
tenho guardado desde a minha mocidade”. Atitude de um exímio religioso,
cumpridor das tradições judaicas com vista a agradar a Deus. A situação desse
jovem é o retrato de milhares de pessoas na atualidade. Religiosos que cumprem
rituais, sacrifícios e muitas obras de caridades, entre outras práticas, mas
sem a intenção de se arrependerem de seus pecados e se tornarem um discípulo de
Jesus.” [Lições Bíblicas CPAD, Revista
Jovens, 2º Trimestre 2019. Lição 3, 21 ABR, 2019]
- “Se queres, porém,
entrar na vida, guarda os mandamentos”. Isso, sem dúvida, é Lei, não
evangelho. Antes de mostrar-lhe o caminho para a vida, Jesus queria mostrar ao
jovem tanto o padrão elevado requerido por Deus quando a absoluta futilidade de
buscar salvação pelos seus próprios méritos. Isso teria provocado uma resposta
sobre a impossibilidade de cumprir a lei de maneira perfeita (como a resposta
dos discípulos no versículo 25); porém, em vez disso, o jovem declarou
confiantemente que, sob essas condições, ele estava qualificado para o céu.
“4. O jovem sabia que lhe faltava
algo (v.20). O jovem se anima para demonstrar que era zeloso
com a guarda dos Mandamentos, mas na realidade sabia que o seu zelo não era
suficiente. A sua nova pergunta demonstra essa verdade: “Que me falta ainda?”.
Talvez o jovem houvesse presenciado alguns dos vários debates entre Jesus e os
principais líderes judaicos e fosse convencido da necessidade de mudanças no
seu interior. Os discursos de Jesus causavam um grande desconforto aos
praticantes do judaísmo, em especial os escribas e fariseus. Eles eram os
mestres da lei, bem como os principais beneficiários das interpretações que
eles mesmos faziam dela. Os principais líderes religiosos, independente da
situação de Israel em relação com os dominadores, sempre eram beneficiados pelo
seu poder de influência e dominação. O Reino de Deus propagado por Jesus visava
salvação, bem-estar, prosperidade e felicidade para todos e não para um grupo
específico. Jesus expõe a verdadeira justiça do Reino dos Céus com base na lei,
nos profetas e nos salmos. Portanto, a base era a mesma, o que diferenciava era
a interpretação.” [Lições Bíblicas CPAD, Revista
Jovens, 2º Trimestre 2019. Lição 3, 21 ABR, 2019]
- O jovem, cheio de hipocrisia, não admitiria o eu próprio
pecado. Mais uma vez Jesus não estava estabelecendo condições para a salvação,
mas, em vez disso, expondo o verdadeiro coração do jovem. O fato de ter se
recusado a obedecer revelou duas coisas:
1) ele não era irrepreensível no que se referia à lei,
porque era culpado de amar a si mesmo e suas posses mais do que a seu próximo
(cf. v. 19); e
2) ele carecia da fé verdadeira que envolve uma disposição
de entregar tudo de acordo com o pedido de Cristo (16.24).
Jesus não estava ensinando salvação por meio da
filantropia, mas estava exigindo que esse jovem desse a Jesus o primeiro lugar.
O jovem falhou no teste (v. 22). A resposta de Jesus à pergunta fita no
versículo 16 está no final do versículo 21: “vem e segue-me”. Era um chamado à fé. Porém, é provável que o jovem
nem sequer tenha ouvido ou percebido isso, pois o amor que tinha pelas suas
posses era uma pedra de tropeço tal que já o levara a rejeitar a declaração do senhorio
de Jesus sobre a sua vida. Assim, ele foi embora.
II. O PERIGO DE PERDER A VIDA ETERNA DEVIDO AO APEGO DEMASIADO AOS BENS
MATERIAIS
“1. O apego excessivo aos bens
materiais impediu o jovem de seguir Jesus (v.21,22). A resposta
de Jesus não foi o que o jovem esperava ouvir: “Se queres ser perfeito, vai,
vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; e vem e
segue-me”. Ele que, aparentemente almejava ser um seguidor de Jesus e queria a
vida eterna, se vê impossibilitado pela falta de desprendimento de seus bens. O
que chama a atenção é que o diálogo se encerra imediatamente, por que o jovem
não consegue disfarçar a sua insatisfação. Assim que ouve a resposta de Jesus,
ele fica triste, retira-se e não interroga mais o Mestre. Mateus deixa bem
claro o motivo de sua tristeza e rejeição ao convite de Jesus: “Porque possuía
muitas propriedades”. Alguns pregadores, erroneamente, se aproveitam dessa
passagem para exigir e tirar contribuições forçadas de fiéis. Entretanto,
vender todos os bens e entregá-los aos líderes religiosos não são uma condição
para a salvação. O que Jesus mostra é que o apego demasiado aos bens materiais
distancia o ser humano do projeto de Deus. Jesus, na Parábola do Semeador, já
havia destacado o perigo de a sedução das riquezas sufocar a Palavra (Mt
13.22). Ele compara essa experiência com a semente (Palavra) semeada entre os
espinhos, símbolo dos cuidados deste mundo e da sedução das riquezas, que
sufocam a Palavra recebida. A Palavra de Jesus foi semeada em um terreno
(coração) que não estava apropriado para germinar, apesar do interesse do jovem
rico.” [Lições Bíblicas CPAD, Revista
Jovens, 2º Trimestre 2019. Lição 3, 21 ABR, 2019]
- Marcos 10.21 diz que “Jesus...
o amou”, Isto é, sentiu grande compaixão por esse interessado pela verdade
que estava tão desesperadamente perdido. Deus realmente ama os não salvos (Mt
5.43-48). Apesar de todos os acertos, faltava ao jovem uma importante qualidade,
a saber, um senso de sua própria pecaminosidade. Respondendo a Cristo, ele
disse que desde a juventude observava fielmente os mandamentos (v.20; cf. Mc 10.20).
“Que me falta ainda?”,replicou ele. Julgava-se aprovado quanto ao cumprimento da
Lei. Por que, então, estava procurando pela vida eterna? Será que tinha consciência
de que se tratava de salvação da morte espiritual provocada pelo pecado? Aparentemente,
não. Pode-se afirmar, conforme MacArthur, que “seu desejo por ser salvo
baseava-se no vazio de sua alma, talvez aliado ao desejo de livrar-se de
ansiedade e frustração e conseguir alegria, amor, paz e esperança. Bons desejos,
todavia, não constituem motivo completo para que alguém se renda a Cristo” (O
Evangelho segundo Jesus, 1991, p.95). Não estava procurando por perdão de
pecados e salvação da morte espiritual, mas por solução de seus conflitos internos.
Fatalmente, não receberia nada, pois o próprio Jesus diz, em Mateus 5.3,que o
reino dos céus é dos humildes de espírito, ou seja, daqueles que reconhecem que
são pobres espiritualmente e pecadores que carecem da glória de Deus (cf. Rm
3.23). Chegamos ao ponto
de desistência daquele jovem
e, certamente, do da
maioria daqueles que
não persistem na caminhada com
Cristo. Jesus está confrontando e testando o jovem em sua justiça própria e obediência
à Lei. Assim narra Marcos 10.21:“E Jesus, fitando-o, o amou e disse: Só uma
coisa te falta: Vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um
tesouro no céu;
então, vem e
segue-me”. Jesus não está dizendo que para ser salvo obras de caridade são
necessárias, nem que é necessário abandonar tudo para se tornar um cristão. Ele
está testando a obediência do jovem e verificando como está o seu coração. Ao
gerar uma concorrência entre si mesmo e as riquezas do jovem, o resultado foi
dado. O verdadeiro discípulo deve estar pronto a fazer qualquer coisa que o
Senhor lhe peça. (Lição
3 – O Jovem Rico)
“2. Jesus explica o que havia
acontecido aos discípulos (vv.23-26). Jesus, como de costume, tem uma
conversa reservada com seus discípulos e revela o que havia acontecido. Ele
evidencia que o apego demasiado às riquezas pode impedir a entrada no Reino dos
Céus. Jesus primeiro afirma ser difícil um rico entrar no Reino de Deus (v.23)
e na sequência, usa uma expressão bem conhecida dos judeus: “É mais fácil
passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no Reino de
Deus”. Essa é uma linguagem hiperbólica para dizer que, na realidade, é
impossível um rico, nas condições daquele jovem, se salvar. Os discípulos, como
em outras vezes, também não entenderam o que Jesus afirmou. Eles fazem o
seguinte questionamento: “Quem poderá, pois, salvar-se?”. Os discípulos também
eram influenciados pela crença popular de que as riquezas significavam bênção e
era sinal da justificação de Deus (Dt 28.1-14). Embora os perigos da riqueza
também sejam abordados no judaísmo (Pv 15.16; 30.8,9; Ez 7.19), Jesus esclarece
que a verdadeira fonte de salvação é somente Deus (v.26).” [Lições Bíblicas CPAD, Revista Jovens, 2º Trimestre 2019. Lição 3, 21
ABR, 2019]
- Foi um desapontamento puramente carnal, baseado no fato
de que ele não recebeu a vida eterna que buscava porque o preço do sacrifício
era alto demais. Ele amava suas riquezas (Mc 8.36-37). Explicando a
possibilidade de entrar no reino dos Céus para os que possuem muitas riquezas,
Jesus diz que "dificilmente", significando “impossível”. As
"riquezas" tendem a dar origem à autossuficiência e a um falso senso
de segurança, levando aqueles que as possuem a imaginar que não precisam dos
recursos divinos (Lc 16.13; contraste com Lc 19.2; 1Tm 6 .9 ,17-18). “É mais fácil passar um camelo pelo fundo de
uma agulha do que entrar um rico no Reino de Deus” - Os persas expressavam
impossibilidade dizendo que seria mais fácil fazer passar um elefante pelo
fundo de uma agulha. Essa foi uma adaptação judaica coloquial dessa expressão,
que indicava impossibilidade (o maior animal da Palestina era o camelo). Muitas
interpretações improváveis têm-se levantado numa tentativa de suavizar essa
frase, como, por exemplo, a de que "agulha" se referia a um pequeno portão
no muro de Jerusalém pelo qual os camelos só conseguiam entrar com muita
dificuldade (mas não existem provas de que tal portão sequer tenha existido e,
caso existisse, qualquer condutor de camelo a juizado optaria por um portão
maior); ou que o erro de um copista fez com que kamelos (camelo) fosse
substituído por kamilos (uma corda ou cabo grande) (mas uma corda grande teria
tanta dificuldade para passar pelo buraco de uma agulha quanto um camelo, e é
extremamente improvável que os textos dos três Evangelhos sinópticos tenham
sofrido exatamente o mesmo tipo de alteração. Jesus usou essa ilustração para
dizer explicitamente que a salvação por meio do esforço humano é impossível;
ela é totalmente pela graça de Deus. Os judeus acreditavam que, por meio de
esmolas, era possível a um homem comprar a salvação (conforme registrado no
Talmude), de modo que quanto maior a riqueza de uma pessoa. mais esmolas ela
poderia dar, mais sacrifícios e ofertas poderia fazer e, assim, comprar a
redenção. A pergunta dos discípulos (v. 26) deixa claro que eles entenderam o
que Jesus quis dizer — que nem mesmo o rico poderia comprar a salvação. Então,
quem pode ser salvo? O ensino de Jesus ia de encontro ao ensino rabínico, que dava
à riqueza uma clara vantagem no que dizia respeito à salvação. O enfático
ensino de Jesus de que nem mesmo o rico poderia ser salvo pelos seus próprios
esforço deixou os desnorteados discípulos pensando nas chances que um pobre
teria.
“3. A vida eterna é para os
“pobres de espírito”. As bem-aventuranças apresentadas por Jesus no
Sermão da Montanha e registradas no Evangelho de Mateus 5.1-12 declaram serem
felizes os pobres de espírito. A expressão “pobres de espírito” têm vários
significados, como por exemplo: humildes, carentes, modestos e miseráveis.
Contudo o Comentário Bíblico Pentecostal afirma que “os pobres de espírito são
os que percebem que estão moral, espiritual e até fisicamente falidos e sem a
graça de Deus. Eles estão conscientes de que sempre necessitam de Deus”. Infelizmente
muitos são pobres, mesmo tendo muitos bens materiais, pois não reconhecem a
graça, o favor de Deus. Rejeitam a justiça divina, se tornam soberbos e
opressores. Jesus não somente ensinou o caminho da bem-aventurança, como também
testemunhou com seu próprio exemplo de vida. Jesus Cristo tendo tudo, escolheu,
por amor a nós, viver como pobre (Zc 9.9 cf. Mt 21.5). Ele chorou pelos
necessitados (Lc 19.41; Jo 11.35) e tratou a todos com humildade e mansidão (Mt
11.29); teve fome e sede de justiça (Mt 17.17; 21.12,13). Jesus foi
misericordioso (Mt 9.13) e perseguido por causa da justiça (Jo 11.46-53).” [Lições Bíblicas CPAD, Revista Jovens, 2º Trimestre 2019. Lição 3, 21
ABR, 2019]
- A passagem de
Mateus, capítulo 5,
versículo 3 “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino
dos céus”provavelmente é um dos mais conhecidos discursos de Jesus, isso porque
esta passagem explicita sobre a condição do ser humano no reino de Deus.
Condição essa que tem uma de suas características expressa na ideia “pobres de
espírito”. Cristo expôs o verdadeiro significado da lei, mostrando que as
exigências que ela fazia eram humanamente impossíveis de ser cumpridas (Mt 5.48).
Esse é o uso correto da lei com respeito à salvação: ele fecha qualquer possível
avenida do mérito humano e deixa os pecadores dependentes unicamente da graça
divina para a salvação (Rm 3.19-20; Gl 3.23-24). Cristo sondou a profundidade
da lei, mostrando que suas verdadeiras exigências iam muito além do significado
superficial das palavras (Mt 5.28,39,44), e estabeleceu um padrão que é mais elevado
do que nem mesmo os mais dedicados estudiosos da lei haviam percebido até então
(Mt 5.20). A palavra “Bem-aventurados”
significa, literalmente, "feliz, afortunado, ditoso". Refere-se a
mais do que uma emoção superficial. Jesus ao fazer uso desse termo estava descrevendo
o bem-estar concedido por Deus que pertence apenas ao fiel. As Beatitudes
demonstram que o caminho para a felicidade celestial é o exato oposto do
caminho mundano normalmente seguido na busca pela felicidade. A ideia mundana é
que a felicidade é encontrada nas riquezas, nos prazeres, na abundância, no lazer
e em coisas semelhantes. A verdade é exatamente o oposto. As Beatitudes
apresentam a descrição que Jesus faz do caráter da fé verdadeira. O oposto da
autossuficiência é a humildade de espírito. Fala da profunda humildade de
reconhecer a total falência espiritual daquele que se afasta de Deus. Descreve
aqueles que estão profundamente conscientes de sua própria perdição e
desesperança à parte da graça divina (Mt 9.12; Lc 18.13). Observe que a verdade
da salvação pela graça é o portão que abre o sermão do Monte. Jesus ensina que
o reino é um presente gracioso àqueles que reconhecem sua própria pobreza de
espírito.
CONCLUSÃO
“Aqueles que amam os bens materiais e os
colocam em primeiro lugar correm o risco de perder a vida eterna com Deus. O
cristão deve seguir o estilo de vida de Jesus, que não somente ensinou o
caminho da vida eterna, como também testemunhou com seu próprio exemplo de
vida.” [Lições Bíblicas CPAD, Revista Jovens, 2º Trimestre 2019. Lição 3, 21
ABR, 2019]
- Esse jovem é, aparentemente, um bom exemplo de uma pessoa
que está pronta para aceitar um apelo evangelístico e preencher a ficha de
decisão. Ele é que toma a iniciativa de ir até Jesus e lhe perguntar o que é
necessário para que seja salvo. Entretanto, após alguns minutos de conversa, ele
se retira triste e ainda perdido. Qual é a razão disso? Não quis renunciar ao
que tinha para seguir a Cristo. Tinha muitos bens e não estava disposto a abrir
mão disso. Se existe um princípio por traz dessa história, é o que está em
Lucas 14.33: “Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto
tem não pode ser meu discípulo”. Aquele jovem, verdadeiramente desejoso da vida
eterna, ao perceber o custo que isso teria, desiste. Cristo lhe coloca uma
condição para o discipulado: “Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens,
dá aos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-me” (Mt 19.21).
Teria Jesus falhado na evangelização?De maneira nenhuma. Ele apenas foi
completo em sua apresentação do evangelho, não o reduzindo a uma fé fácil. Ele
não estava preocupado com decisões, estatísticas, “ir à frente”, etc. Queria
uma conversão genuína que gerasse um discípulo verdadeiro.
“Achando-se as tuas
palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu
coração; porque pelo teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”.
(Jeremias 15.16),
Pb Francisco Barbosa
Campina Grande-PB
Abril de 2019
HORA DA REVISÃO
1. Qual a primeira pergunta que o jovem rico fez a
Jesus?
Bom Mestre, que bem farei, para conseguir a vida
eterna?
2. Com qual doutrina o apóstolo Paulo contrastou a
crença da salvação por méritos?
Com a doutrina da justificação pela fé.
3. Qual a atitude do jovem rico diante da resposta
de Jesus?
Assim que ouve a resposta de Jesus ele fica triste
e se retira.
4. Qual foi o motivo que levou o jovem rico a
rejeitar o convite de Jesus e se entristecer?
O evangelista deixa bem claro que o motivo da
tristeza do jovem rico e da rejeição ao convite de Jesus foi “porque possuía
muitas propriedades”.
5. Em qual das suas parábolas Jesus destaca o
perigo da sedução das riquezas sufocar o efeito da Palavra de Deus?
Na Parábola do Semeador (Mt 13.22). [Lições Bíblicas CPAD, Revista
Jovens, 2º Trimestre 2019. Lição 3, 21 ABR, 2019].