Pb Francisco Barbosa
TEXTO ÁUREO
“Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido.” (Jo 10.14).
Entenda o Texto Áureo:
- (14–16) O Senhor
aplica diretamente a Si mesmo e ao Seu rebanho o ideal do Bom Pastor. (14–15) A
relação de Cristo com Seu povo corresponde à do Filho com o Pai. Compare com
João 6:57, 14:20, 15:10, 17:21. As palavras não são apenas uma comparação; uma
relação serve como medida da outra. Cristo assumiu primeiro nossa natureza para
que pudéssemos, depois, receber a Sua. Esse conhecimento mútuo descrito implica
simpatia, amor e uma comunhão de natureza: 1João 4:7-8; Gálatas 4:9; 1
Coríntios 8:3; João 17:3, 17:25. [Westcott, 1882]
VERDADE
PRÁTICA
Jesus é o Bom Pastor e nós, que pertencemos à sua Igreja, somos as
ovelhas do seu rebanho.
Entenda a Verdade Prática:
- Jesus é retratado
como o Bom Pastor no Novo Testamento, especialmente no Evangelho de João (Jo 10.1-21).
Essa metáfora destaca o cuidado, proteção e sacrifício de Jesus por suas
ovelhas, que são as pessoas que seguem e acreditam nele. Jesus se apresenta
como o verdadeiro pastor, que dá a vida por suas ovelhas, diferente dos
mercenários que fogem diante do perigo.
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE
João 10.1-16
1. Na verdade, na verdade vos digo que aquele que não entra pela
porta no curral das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador.
- 1–6) O ponto de
conexão está no pensamento dos fariseus como pastores do Aprisco de Deus, em
contraste com os pastores que, talvez, tenham sido vistos reunindo seus
rebanhos para o abrigo noturno nas colinas, embora a ideia da alegoria seja o
trabalho da manhã. De um lado estavam a vontade própria e o egoísmo; do outro,
a leal obediência e devoção. Compare com Ezequiel 34:2 seguintes; Jeremias 23:1
seguintes; Zacarias 11:3 seguintes. A alegoria é apresentada inicialmente em
sua forma complexa. Todos os elementos são colocados juntos, sem distinção.
Posteriormente, os dois principais fatos são considerados separadamente: o
Aprisco e o Rebanho. Em relação ao Aprisco, Cristo é a Porta; em relação ao
Rebanho, Ele é o Bom Pastor. Mas, por enquanto, essa aplicação pessoal está em
segundo plano. O ensinamento é geral. Mesmo nos tempos do Antigo Testamento, a “Palavra”
era a Porta. Agostinho (in Joh. 45:9) afirma bem: tempora variata sunt, non
fides (“os tempos mudaram, mas não a fé”). Em verdade, em verdade… O pensamento
anterior é retomado em um novo nível: há continuidade e progresso ao mesmo
tempo (v. 7). no curral das ovelhas. Mais exatamente, no aprisco das ovelhas
(Vulg. ovile ovium). Os conceitos de aprisco e rebanho são apresentados de
forma distinta. Compare com o v. 7, a porta das ovelhas. sobe (por cima da cerca) por
outra parte – não vindo dos pastos
ou da casa do pastor (ἀλλαχόθεν), mas pensando apenas em si mesmo, ele faz seu
próprio caminho e ultrapassa as barreiras estabelecidas. é ladrão… é um ladrão que
busca evitar ser descoberto, e um assaltante que usa força aberta para atingir
seus objetivos. Para “assaltante” (λῃστής), veja João 18:40; Mateus 26:55 e
paralelos; Lucas 10:30; e para “ladrão” (κλέπτης), 12:6; 1Tessalonicenses 5:2 e
seguintes. [Westcott, 1882]
2. Aquele, porém, que entra pela porta é o
pastor das ovelhas.
- é o
(um) pastor das ovelhas -pode ser um entre muitos, mas sua verdadeira
natureza é demonstrada por suas ações. A ausência do artigo chama atenção para
o caráter, distinto da pessoa. Vários rebanhos frequentemente eram reunidos em
um único aprisco para proteção à noite. Pela manhã, cada pastor entrava no
aprisco para buscar seu próprio rebanho; ele entrava pela mesma porta que eles.
Daí a repetição enfática de “ovelhas” (vv. 2, 7). Como vários rebanhos estavam
reunidos em um aprisco, as ovelhas do Único Pastor poderiam estar em vários
apriscos (v. 16). [Westcott, 1882]
3. A este o porteiro abre, e as ovelhas
ouvem a sua voz, e chama pelo nome às suas ovelhas e as traz para fora.
- o
porteiro (Vulg. ostiarius) – o guardião a quem o cuidado do aprisco é
confiado em cada caso. Compare com Marcos 13:34. Assim, a interpretação varia
conforme o significado atribuído às “ovelhas” e ao “pastor”. A figura não deve
ser explicada exclusivamente como sendo o Espírito Santo, o Pai, Moisés ou João
Batista, mas como o Espírito agindo através de seus ministros designados em
cada caso. abre – quando o pastor retorna para buscar suas ovelhas e
guiá-las aos pastos. as ovelhas – todas que estão
reunidas no aprisco escutam sua voz, reconhecendo-a como a de um pastor, mesmo
que não sejam especificamente de seu rebanho. Mas o pastor de cada rebanho
chama suas próprias ovelhas pelo nome e as conduz para fora. Primeiro vem o
reconhecimento pessoal, depois o cumprimento de sua função específica. chama
nome por nome. Compare com Isaías 43:1, 45:3, 49:1 (cf. 42:2);
Apocalipse 3:5. A frase “ser conhecido” por Deus corresponde a essa imagem:
1Coríntios 8:3, 13:12; Gálatas 4:9. Cada “ovelha” tem seu próprio nome. A
palavra traduzida como “chama” (φωνεῖ) expressa um chamado pessoal, em vez de
um convite geral ou autoritário (καλεῖ). [Westcott, 1882]
4. E, quando tira para fora as suas ovelhas,
vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz.
- E
quando tira. Em parte, a ideia de separação está subentendida na
parábola. Há um sentido em que o verdadeiro pastor não apenas “conduz para
fora”, mas também “impulsiona suas ovelhas” com um amoroso constrangimento,
assim como os falsos pastores “expulsam” (João 9:34). Em relação ao antigo
aprisco de Israel, o momento para essa separação estava próximo. suas
ovelhas… todas as suas… conforme a leitura mais precisa. Assim, quando
o pastor tiver levado para fora todas as suas próprias ovelhas, ele se coloca à
frente delas e vai adiante. [Westcott, 1882]
5. Mas, de modo nenhum, seguirão o estranho;
antes, fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos.
- ao
estranho…(ἀλλοτρίῳ)… Compare a aplicação desse pensamento em 1João 3:6,
3:9, 5:18 (τηρεῖ αὐτόν). estranhos – uma classe contrastada
com os filhos de Deus. Compare Mateus 17:25-26; Hebreus 11:34. Estes, no
entanto, não são os mesmos que os “ladrões e salteadores”. [Westcott, 1882]
6. Jesus disse-lhes esta parábola, mas eles
não entenderam o que era que lhes dizia.
- parábola.
A palavra original (παροιμία, Vulg. proverbium) é traduzida como provérbio em
outros lugares (João 16:25, 16:29; 2Pedro 2:22). Aparece na tradução de Símaco
para Ezequiel 12:22-23, 16:44, para mashal (משׁל, LXX παραβολή). Compare
Eclesiástico 47:17. Sugere a ideia de uma declaração misteriosa, cheia de
pensamento condensado, mais do que uma comparação simples. lhes disse – isto é, aos
fariseus de 9:40. porém eles não entenderam… Os homens cuja autocomplacência
legal já foi observada (ἐκεῖνοι), não conseguiram perceber o verdadeiro
significado da alegoria; os conceitos espirituais do aprisco, da porta, das
ovelhas e do pastor eram todos estranhos para eles (compare v. 20). [Westcott,
1882]
7. Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes: Em
verdade vos digo que eu sou a porta das ovelhas.
- (7–10) Após
traçar o quadro geração da verdadeira relação entre o Mestre, a Sociedade e a
organização exterior, o Senhor interpreta isso em relação a Si mesmo sob dois
aspectos principais. Ele é “a Porta das ovelhas” (7–10) e também “o Bom Pastor”
(11–16). A primeira aplicação define que Ele é o único meio de entrada para a
Igreja em todos os tempos. “Por meio d’Ele” os homens entram, e “por meio
d’Ele” têm acesso às riquezas plenas da vida. Voltou pois Jesus a lhes dizer…
para destacar os principais pontos do ensinamento da alegoria, disse-lhes
novamente, provavelmente após um intervalo (8:12, 8:21). Há pelo menos uma
pausa no pensamento. Em verdade, em verdade… O ensino
avança mais um estágio. O que até agora era geral é agora apresentado em seu
cumprimento especial e mais completo. A lei universal da revelação divina é
apresentada em sua expressão absoluta. Para “aquele que entra” (v. 2), lemos
“Eu sou” (vv. 7, 11). Sendo assim, Cristo se revela sob dois aspectos
distintos. Ele é “a Porta” no que diz respeito à sociedade (o Aprisco), à qual
Ele dá acesso; Ele é “o Bom Pastor” no cuidado individual com o qual conduz
cada membro de Seu rebanho. Os pensamentos de Ezequiel 34 estão presentes em
toda parte. a porta das ovelhas – não a porta do aprisco. Mesmo sob este
aspecto, o pensamento está relacionado à vida e não apenas à organização. das
ovelhas – pela qual tanto as ovelhas quanto os pastores entram, e não
apenas a porta para as ovelhas. A frase inclui o pensamento do v. 1 e do v. 9.
Mesmo os pastores—exceto o Único Pastor—também são ovelhas. [Westcott, 1882]
8. Todos quantos vieram antes de mim são ladrões
e salteadores, mas as ovelhas não os ouviram.
- Todos
os que vieram… são. O segundo
verbo fixa a aplicação das palavras à crise imediata da expectativa nacional. A
interpretação de toda a frase reside na palavra “vieram”, na qual podemos ver o
pleno significado do título “aquele que haveria de vir”, como no v. 10. Assim,
o termo inclui essencialmente as noções de falsos Messias e mestres
autocomissionados. A omissão de “antes de mim” em um grupo importante de
autoridades antigas (א [Códice Sinaítico], Theb. [versão tebaica], Lat. vt.
[latim antigo], Syrr., etc.; Vulgata: quotquot venerunt) aponta para essa
interpretação, embora também a obscureça. Aqueles que “vieram” (compare 1João
5:6), que fingiam satisfazer a expectativa nacional inspirada pelos profetas ou
moldar essas expectativas ao tipo farisaico, que de alguma forma ofereciam algo
para ser aceito como o fim da dispensação anterior, e que se tornaram “portas”
de aproximação a Deus (Mateus 23:14), eram essencialmente inspirados pelo
egoísmo, fosse esse manifesto por astúcia ou violência, e fosse direcionado ao
ganho ou ao domínio. Eles eram ladrões e salteadores. Com eles, João Batista
pode ser contrastado: ele reivindicou apenas preparar o caminho para aquele que
estava “vindo” (1:30). antes de mim… No sentido de tempo.
Cristo veio quando “todas as coisas estavam prontas”, na plenitude dos tempos;
e, portanto, quem antecipou, ainda que pouco, o momento da revelação divina
violou sua harmonia com a vida. Outras interpretações, como “em vez de”,
“passando por”, “à parte de”, ou “antes de meu envio a eles”, distorcem as
palavras e expressam apenas fragmentos da ideia verdadeira. não
os ouviram. Aqueles que aguardavam a consolação de Israel não
encontraram satisfação nas obras, planos ou promessas daqueles que buscavam
substituir outra esperança por aquela que o verdadeiro Cristo realizou. Não
houve “Evangelho para os pobres” (Lucas 6:20, 7:22; Mateus 11:5) até que o
Filho do Homem veio. [Westcott, 1882]
9. Eu sou a porta; se alguém entrar por mim,
salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens.
- a
porta. O foco agora está no ofício (a porta), e não na relação (a porta
das ovelhas). por mim. A ordem enfática destaca a relação pessoal única que o
Senhor mantém com o crente, mesmo em relação à sociedade. alguém. As palavras são
usadas de forma geral, não apenas em referência aos pastores. Uma vez feita a
entrada (se alguém entrar), segue-se a garantia e o desfrute da liberdade (ele
será salvo…). Essas palavras descrevem claramente as bênçãos de todos os
cristãos, não apenas dos mestres. será salvo; e entrará, e sairá, e achará
pasto. A plenitude da vida cristã é apresentada em três elementos:
segurança, liberdade e sustento. A entrada no aprisco traz, primeiro, segurança
(ele será salvo). Mas essa segurança não é obtida por isolamento. O crente
entra e sai sem comprometer sua posição (Números 27:17; Deuteronômio 31:2); ele
exerce plenamente todas as suas capacidades, reivindicando sua parte na herança
do mundo, seguro em seu lar. E enquanto faz isso, encontra pastagem. Ele é
capaz de converter os frutos da terra para os usos mais elevados e divinos.
Porém, em tudo isso, ele mantém sua vida “em Cristo” e se aproxima de tudo “por
meio de Cristo”, que traz não apenas redenção, mas também a satisfação das
verdadeiras necessidades humanas. Compare com 7:37. [Westcott, 1882]
10. O ladrão não vem senão a roubar, a matar
e a destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância.
- O
inimigo traz a morte; o verdadeiro Pastor, a vida. As três personagens
aqui não devem confundidas. O ladrão é o impostor religioso, o herege, o
faccioso e o perseguidor. O mercenário é o pastor mundano, aquele que considera
unicamente seu próprio interesse. O lobo é o diabo; apresentando-se em todas as
formas externas de tentação, pecado e destruição. Oposto a tudo isso é o Bom
Pastor, com seu rebanho abençoado de verdadeiros pastores, que, como ovelhas
também, tomam lugar no rebanho dEle. O ladrão não vem, senão para roubar, matar,
e destruir – ou então, “O ladrão vem apenas para furtar, matar e
destruir” (NVI). e a tenham em abundância – ou seja, a plenitude de uma vida
imortal, celestial e glorificada. [Whedon, 1874]
11. Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a
sua vida pelas ovelhas.
- (11–16) O último
versículo faz a transição da relação social para a relação pessoal, da porta
para o pastor. Dois pontos são especialmente destacados no caráter do “bom
pastor”: Seu perfeito autossacrifício (11–13) e Seu perfeito conhecimento (14,
15), que se estende além da visão humana (16). Todo o retrato do “Bom Pastor” é
um comentário sobre Isaías 53. Veja Taylor, The Gospel in the Law, pp. 107 e
seguintes. Eu sou o bom Pastor. A forma exata da expressão, “Eu sou o
pastor, o bom (pastor)”, remete a outros que desempenham o ofício de forma
parcial e imperfeita, enquanto Cristo o realiza completamente. O epíteto é
notável (ὁ π. ὁ καλός). Lembra expressões como “o verdadeiro pão” (6:32) e “a
videira verdadeira” (15:1), mas tem uma nuance diferente. Cristo não é apenas o
verdadeiro pastor (ὁ π. ὁ ἀληθινός), que cumpre a ideia do pastor, mas é o bom
pastor, que cumpre essa ideia em sua atraente beleza. O termo “bom” implica uma
correspondência entre a nobreza do conceito e a beleza de sua realização. O
“bom” não é apenas bom internamente (ἀγαθός), mas bom como percebido (καλός).
No cumprimento de Sua obra, “o Bom Pastor” reivindica a admiração de tudo o que
há de generoso no homem. o bom Pastor. Primeiro, o caráter do
Bom Pastor é descrito em si mesmo; depois (vv. 14 em diante), é explorada a
relação de Cristo, como o Bom Pastor, com o rebanho. Contudo, a primeira
descrição é geral e não deve ser aplicada diretamente às imagens do
“mercenário” e do “lobo” como representações dos judeus da época. Ambos têm
paralelos em todas as épocas. dá sua vida. A expressão é peculiar
ao Evangelho de João no Novo Testamento (vv. 15, 17, 13:37, 13:38, 15:13; 1
João 3:16) e não aparece em outros lugares. A imagem pode ser explicada pelo
costume de “depositar o preço” para adquirir algo (compare Mateus 20:28), como
aqui o benefício das ovelhas. Contudo, o uso de João (13:4) sugere a ideia de
“colocar de lado” ou “despir-se” como uma veste. A expressão “entregar a vida”
deve ser comparada com a linguagem de 6:51, que expressa outro aspecto da
verdade. É possível que haja uma referência a Isaías 53:10 (תשים נפשו). pelas
(ὑπέρ, em benefício das) ovelhas. Não se diz explicitamente “pelas suas
ovelhas” (vv. 3, 4, 26). Aqui, o pensamento é simplesmente a relação intrínseca
entre o pastor e o rebanho. [Westcott, 1882]
12. Mas o mercenário, que não é pastor, de
quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as
arrebata e dispersa.
- Mas (omitir) o
contratado a dinheiro, e que não é o (um) pastor… Assim
como o bom pastor considera seu dever e é naturalmente ligado às ovelhas, seu
rival é descrito como um mercenário que trabalha apenas pela recompensa e, por
isso, não tem uma conexão essencial com o rebanho. Aqui, a ideia de “pertencem”
não remete a posse individual (1Pedro 5:2-3), mas a um relacionamento peculiar
(v. 3). vê – contempla. Toda a atenção do mercenário está focada, no
momento, no perigo iminente (compare com 6:19), e então ele toma sua decisão.
Agostinho (ad loc.) comenta de forma sucinta: fuga animi timor est. o
lobo. O rebanho tem inimigos naturais; e, ao ser enviado ao mundo, fica
exposto aos ataques. captura… as ovelhas. Algumas ovelhas
caem como vítimas do ataque, e o rebanho perde sua unidade. Indivíduos perecem,
e a sociedade é desfeita. Após “dispersa”, a palavra correta a ser inserida é
“o rebanho”, e não “as ovelhas”, como aparece em algumas autoridades. captura.
A palavra (ἁρπάζει) transmite tanto a rapidez quanto a violência do ataque.
Compare com v. 28-29, Mateus 13:19 e Atos 23:10. [Westcott, 1882]
13. Ora, o mercenário foge, porque é
mercenário e não tem cuidado das ovelhas.
- o
contratado foge. Esta sentença deve ser omitida com base na autoridade
de manuscritos importantes (א(A)BDL 1, 33 e, Memph., Theb.*, etc.). A leitura
verdadeira, mais abrupta, cria um contraste direto entre o destino do falso
pastor e o das ovelhas. A combinação de covardia e sofrimento surge do fato de
que aquele que deveria ser um guardião pensa em si mesmo, e não em sua
responsabilidade. Segundo a tradição judaica (Lightfoot, ad loc.), o pastor
contratado era responsável por danos causados ao rebanho por animais selvagens.
não
tem cuidado… Contraste com 1Pedro 5:7. [Westcott, 1882]
14. Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas
ovelhas, e das minhas sou conhecido.
- Entre o pastor e
suas ovelhas, há um conhecimento mútuo profundo. O pastor conhece as ovelhas, e
as ovelhas conhecem o pastor. Esse conhecimento não é apenas teórico e
intelectual, mas íntimo, estreito, místico. O bom pastor tem intimidade com
suas ovelhas. Deleita-se no relacionamento com elas. Não somos chamados mais de
servos, mas de amigos.
15. Assim como o Pai me conhece a mim, também
eu conheço o Pai e dou a minha vida pelas ovelhas.
- A plenitude do
conhecimento é consumada na plenitude do sacrifício. A perfeita simpatia leva
ao remédio perfeito. Cristo faz, de fato, o que o Bom Pastor está preparado
para fazer. Esse pensamento conduz à perspectiva da remoção das barreiras entre
raças pela morte de Cristo (Efésios 2:13 e seguintes; compare com Hebreus
13:20). Contudo, neste discurso, como em outros, a lei da revelação divina é
seguida: “primeiro ao judeu, e depois ao gentio.” [Westcott, 1882]
16. Ainda tenho outras ovelhas que não são
deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e
haverá um rebanho e um Pastor.
- Pela antecipação
da cruz (12:32), o horizonte espiritual se amplia. O rebanho de Cristo não se
limita àqueles do aprisco judaico, seja na Palestina ou em outro lugar. Mesmo
antes de Sua morte, enquanto a barreira de separação ainda permanece, Ele já
“tem” outras ovelhas que, mesmo não O conhecendo, verdadeiramente Lhe pertencem
(compare com 11:52). Essas palavras afirmam historicamente a verdade de João
1:4 e 1:9. Para um pensamento semelhante, veja Mateus 8:11-12; Lucas 13:28-29. outras
ovelhas. No caso dos gentios, não havia uma unidade externa. Eles não
formavam um “aprisco” como os judeus, cujo trabalho era realizado por meio de
uma organização externa. Eles estavam “dispersos” (11:52), mas ainda assim eram
“ovelhas” de Cristo, não apenas em potencial, mas de fato. a estas também me convém trazer
– em obediência à Lei divina. Compare com nota em 20:9. trazer. Melhor, conduzir.
A ideia é assumir abertamente a liderança das ovelhas, e não reuni-las em um só
corpo (συναγαγεῖν, 11:52) ou levá-las a um lugar específico (προσαγαγεῖν). O
tempo verbal indica o ato único pelo qual o Pastor assumiu Sua posição legítima.
Isso só poderia ocorrer por Sua morte, que reconcilia o homem com Deus e,
portanto, também o homem com o homem (12:32). ouvirão. Atos 28:28. Tal
obediência é o sinal de que somos de Cristo (vv. 4, 27). haverá um rebanho – se
tornarão—cumprirão a antiga profecia: “um só rebanho, um só pastor” (Ezequiel
34:23). Aquilo que “é” no conselho eterno e na verdade das coisas se torna
realidade na história humana, passo a passo, e não por uma transformação
completa de uma vez. A mudança no original de “aprisco” (αὐλή) para “rebanho”
(ποίμνη) é marcante e revela um novo pensamento sobre as futuras relações entre
judeus e gentios. Em outros contextos, enfatiza-se a união corporativa (Romanos
11:17 e seguintes) e a admissão dos gentios à Cidade Santa (Isaías 2:3); mas
aqui, o vínculo de comunhão é mostrado como estando na relação comum com um
único Senhor. A conexão visível de Deus com Israel era um tipo e uma garantia
dessa conexão original e universal. A unidade da Igreja não surge da extensão
do antigo reino, mas é o antítipo espiritual daquela figura terrena. Nada é
dito sobre um único “aprisco” sob a nova dispensação. O cumprimento da promessa
começou com o estabelecimento de uma única igreja de judeus e gentios (Efésios
2:13 e seguintes) e avança até a consumação de todas as coisas (Romanos 11:36).
[Westcott, 1882]
INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos o capítulo 10 do
Evangelho de João, destacando a figura de Jesus como o Bom Pastor, aquEle que
protege, cuida e orienta as suas ovelhas. Analisaremos o contexto em que nosso
Senhor é descrito como “A Porta das Ovelhas” e a conexão desta imagem com o
aprisco das ovelhas, que representa o lugar de habitação do rebanho. Por fim,
diferenciaremos as figuras do Bom Pastor e do mercenário, para que possamos
reconhecer a voz do verdadeiro pastor de nossas almas.
- O Nosso Senhor e
Salvador Jesus é frequentemente referido por vários títulos que destacam
diferentes aspectos da sua natureza e obra. Entre os mais comuns estão:
Salvador, Rei dos Reis, Senhor, Filho de Deus, Príncipe da Paz, Luz do Mundo, e
Cordeiro de Deus. Outros títulos incluem: Alfa e Ômega, Emanuel, Redentor, e
Consolador; No entanto, nenhum destes retrata o Mestre de maneira tão dócil e salientar
o ministério amoroso e Salvador de nosso Senhor, como O bom καλός pastor ποιμήν. O capítulo 10 de João é uma sequência do capítulo anterior.
Jesus ainda está enfrentando os fariseus, os líderes cegos que se julgavam
sábios e grandes intérpretes da lei. A metáfora que inicia o capítulo 10 de
João está inseparavelmente ligada ao episódio do capítulo precedente. E de fato
a continuação do discurso que nosso Senhor começou na presença dos fariseus e
do ex-cego. Sua finalidade foi, primeiro, censurar a maneira como os fariseus
trataram o homem a quem Jesus dera a visão; e, animar o ex-cego em sua fé e
confiança.
O Antigo Testamento frequentemente se refere a Deus como pastor
e ao povo como rebanho (SI 23.1; 77.20; 79.13, 80.1; 95.7; 100.3; Is 40.11). F.
F. Bruce afirma que essa parábola deve ser lida observando o pano de fundo de Ezequiel
34. Ali, Deus e o pastor do seu povo e nomeia pastores subordinados para cuidar
do seu rebanho. Mas esses pastores, como o pastor inútil de Zacarias 11.17, alimentam-se
das ovelhas, em vez de alimentarem as ovelhas. Longe de cuidar das ovelhas,
esses pastores se omitiam e sacrificavam as ovelhas, arrancando-lhes a lã e
comendo-lhes as carnes. Esses pastores indignos são expulsos, e Deus mesmo
cuidará de apascentar suas ovelhas. Deus entregara suas ovelhas a alguém digno
de confiança: E sobre elas levantarei um so pastor, o meu servo Davi, que cuidará
delas e lhes servirá de pastor (Ez 34.23). Essa é uma referência inequívoca ao
Messias, da linhagem de Davi (Ez 34.24,25). Uma pessoa que fala como Jesus
nessa parábola do bom pastor está dizendo, indiretamente, ser ele mesmo o
Messias davídico.
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I. JESUS, A PORTA DAS OVELHAS
1. O
contexto. Este capítulo é antecedido pelo capítulo 9, onde Jesus
teve uma conversa breve com fariseus que tentavam encontrar algum ponto de
discórdia para acusá-lo (Jo 9.40,41). No capítulo 10, o nosso Senhor interrompe
esse diálogo após a cura de um cego de nascença, que foi expulso da sinagoga da
cidade porque sabiam que o seu testemunho os incomodaria. No entanto, Jesus
utilizou a parábola do Pastor e das Ovelhas para caracterizar os religiosos
como falsos pastores e, mais especificamente, como mercenários. Este relato
possui a mesma força da crítica aos falsos pastores presente na profecia de
Ezequiel 34.1-10.
- O bom pastor dá
sua vida pelas ovelhas; os fariseus, por outro lado, como maus pastores, não
estão preocupados com as ovelhas, e as lançam fora. O homem cego de nascença,
uma verdadeira ovelha, tinha sido excomungado pelas autoridades judaicas, mas
Jesus, o bom pastor, foi procurá-lo e o encontrou. Portanto, torna-se evidente
que 10.1-21 é a continuação lógica e cronológica de 9.35-41.23. Jo 9 ; 10 são
uma unidade, e é melhor considerá-los juntos. O ato de devolver a visão ao cego
de nascença não só ilustra o brilho da Luz nas trevas (1.5), mas também
torna-se a oportunidade para o início de uma nova comunidade (9.34). Esta
comunidade é composta por aqueles que crêem em Jesus como o Senhor (9.38), e
cujo Senhor é o Pastor das ovelhas (10.2). A parábola ou ilustração (1-5) que
Jesus usou não era de todo nova para os seus ouvintes. Em Ezequiel 34, aparece
o mesmo exemplo do pastor e das ovelhas. Ali os governantes são condenados como
negligentes, tirânicos, não se importando com as suas responsabilidades (4).
Eles abusam da sua função (3) e se alimentam, ao invés de alimentar as ovelhas
(2-3,8). Como resultado, as ovelhas se espalham (5) e tornam-se presas fáceis
para todas as feras do campo (8). Consequentemente, Deus irá julgar os pastores
indignos (10), e Ele mesmo irá reunir o rebanho desgarrado (12), alimentá-lo
(14) e dar-lhe abrigo (15). Deus irá indicar um Pastor, da raiz de Davi (o
Messias), e Ele mesmo alimentará o rebanho e será o seu Pastor (23). Então o
rebanho terá paz, segurança (25), e possuirá todas as bênçãos da terra bem
regada (26). O rebanho é Israel (30) e pertence ao Senhor Deus (31).
2. A Porta
das Ovelhas. Nesta parábola de Jesus, contada no capítulo 10 de João,
destacam-se dois pontos principais. Em primeiro lugar, Ele entra pela porta do
aprisco onde se encontram as ovelhas (Jo 10.1-3). Em segundo lugar, Ele se
refere a si mesmo como “a porta das ovelhas” (Jo 10.7). Nos primeiros
versículos de João 10, sugere-se que aquele que passa pela porta do aprisco é o
verdadeiro pastor, enquanto quem utiliza outros caminhos é associado a “ladrões
e salteadores”. Assim, as ovelhas reconhecem a voz do verdadeiro pastor e não
dão atenção ao mercenário. Além disso, Jesus afirma: “Eu sou a Porta” (Jo
10.7); e logo depois declara: “Eu sou o Bom Pastor” (Jo 10.11). Estas
declarações são direcionadas aos líderes religiosos judeus, que podem ser
vistos como falsos pastores do povo (Jo 10.11,14), pois não cuidavam, protegiam
ou orientavam o povo de Deus.
- A parábola que
Jesus narra só pode ser compreendida plenamente se nos reportarmos à prática
pastoril daquela época, naquela região. Na Judeia, lugar de montanhas e vales,
havia poucos lugares seguros com pastos suficientes para as ovelhas. Os
pastores saíam com seus rebanhos e à noite precisavam colocar essas ovelhas no
aprisco, um lugar seguro para protegê-las dos lobos e hienas. Havia dois tipos
de aprisco. No inverno, havia um grande aprisco para onde vários pastores
levavam seus rebanhos. Esse aprisco tinha uma porta forte que ficava trancada,
e a chave era confiada ao porteiro. No dia seguinte, o pastor chamava suas
ovelhas e saía com elas em busca de pastos verdes e águas tranquilas. No verão,
os pastores ficavam com seus rebanhos nos campos e os recolhiam a um pequeno
aprisco de pedras. Esse aprisco tinha uma abertura por onde as ovelhas entravam
e saíam, e o próprio pastor era a porta. Jesus está se referindo a esses dois
apriscos. No primeiro aprisco (10.1-3), os ladrões tentavam roubar as ovelhas subindo
as paredes. No segundo aprisco, o próprio pastor servia de porta para as
ovelhas. Jesus disse: Eu sou a porta das ovelhas (10.7). Jesus explicita na
parábola a gritante diferença entre o ladrão e o pastor das ovelhas. O ladrão
não entra pela porta do aprisco das ovelhas. Não é legítimo; é usurpador. Não tem
interesse em cuidar das ovelhas, mas em roubá-las. Seu propósito não é
servi-las, mas delas servir-se.
3. A
mensagem da porta. O significado contido na frase “Eu Sou a
Porta” é bastante claro: existe apenas um caminho exclusivo para entrar no
Reino de Deus, que é através da fé em Jesus Cristo. O nosso Senhor atua como a
porta de acesso direto ao Pai (Hb 4.14,15), permitindo-nos aproximarmos dEle
com ousadia e confiança (Hb 4.16). Para desfrutarmos de uma relação eterna e
significativa com Deus, é essencial crer em Jesus, viver conforme os seus
ensinamentos e obedecê-lo plenamente. O nosso Senhor é a “porta” pela qual
todos os pecadores devem entrar.
- Se antes Jesus
fez um contraste na parábola entre o pastor e os ladrões e salteadores
(10.1-6), agora ele faz um contraste entre a porta e os ladrões e salteadores
(10.7-10). Jesus afirma categoricamente que ele mesmo é a porta: Eu sou a porta das ovelhas (10.7).
Ninguém pode entrar no prisco de Deus senão por meio de Jesus. Não há outra porta.
Não há outro caminho. Não há outro Salvador. Não há outro mediador. O próprio
Jesus é a porta. Não se trata de uma cerimônia ou de uma doutrina. Não se trata
de uma igreja nem de uma denominação. A porta é Jesus! Jesus é a porta da
salvação, a porta do céu. Há uma porta larga que conduz à perdição, mas só
Jesus é a porta da salvação. Só Jesus é a porta do céu. Ninguém poderá entrar
na bem-aventurança senão por Jesus. Ninguém poderá ir ao Pai senão por Jesus. Há
portas que conduzem à escravidão, portas do legalismo, portas do abuso
espiritual, portas do coronelismo eclesiástico, porta do terror espiritual... mas Jesus é a porta que conduz à liberdade!
Quem entra pela porta que é Jesus entra e sai. As ovelhas de Cristo são livres.
Deus nos chamou para a liberdade - esta liberdade não é apenas uma ausência de
restrições, mas sim uma conquista de Cristo que nos liberta do pecado e do jugo
da lei, permitindo-nos viver uma vida plena e em comunhão com Deus. Quem entra
pela porta que é Jesus encontra pastagem. Nele há provisão farta e vida
abundante. A nossa provisão espiritual é encontrada em Cristo. Ele é o nosso
alimento. Ele é o pão da vida. Ele é a água da vida. O legalismo farisaico
estava matando as pessoas; mas quem vai a Jesus encontra uma vida maiúscula,
superlativa e abundante.
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SINOPSE I
Jesus é a porta das ovelhas, o único caminho para alcançar a salvação.
AUXÍLIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
EU SOU A PORTA
“A exclusividade deste caminho de fé em Cristo nunca foi melhor colocada
do que quando Jesus disse: Eu sou a porta. Cristo é o Caminho para Cristo, pois
Ele é ao mesmo tempo a Porta e o Aprisco. Parece atraente quando os homens
dizem que todos aqueles que têm ideais éticos elevados comparáveis aos do
Sermão da Montanha, são cristãos. Mas como isso parece vazio quando colocado ao
lado do desafio pessoal: Eu sou a porta! Não existe outra! Assim, todos quantos
vieram antes de mim são ladrões e salteadores, mas as ovelhas não os ouviram
(8). Certamente isto não deve ser interpretado como uma referência àqueles
verdadeiros mensageiros de Deus do Antigo Testamento, mas inclui todos aqueles
que falsamente se intitulam mensageiros de Deus. Mesmo os fariseus, que corromperam
os ensinos de Moisés como se estes mesmos fossem capazes de dar vida, estão sob
esta condenação. ‘Não há um ponto na história humana que esteja além do
horizonte dos ladrões e mercenários das parábolas. Quando o homem afirma
anunciar o dom da vida, à parte da fé em Jesus, ele se proclama como ladrão e
mercenário, e a sua atividade foi, é, e será, uma atividade destrutiva’”
(Comentário Bíblico Beacon. Volume 7. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, p.97).
AMPLIANDO O CONHECIMENTO
“No aprisco, o pastor desempenha a função de uma porta, fazendo com que,
por seu intermédio, as ovelhas entrem e sejam protegidas. Jesus é a porta da
salvação de Deus para nós. Ele oferece o acesso à segurança e à proteção.
Cristo é o nosso protetor. Algumas pessoas ressentem-se por Jesus ser a porta,
o único caminho de acesso a Deus. Jesus é o Filho de Deus, então, porque
deveríamos buscar outro caminho ou desejar um caminho particular que leve a
Deus?” Amplie mais o seu conhecimento, lendo a Bíblia de Estudo Aplicação
Pessoal, editada pela CPAD, p.1437.
II. O APRISCO DAS OVELHAS
1. Parábola? Uma
alegoria? O versículo 6 indica que a história
narrada pelo nosso Senhor é uma parábola. Trata-se de uma narrativa,
normalmente breve, que ensina através de uma alegoria. Assim, o Senhor Jesus
comunicava as suas lições de forma sistemática utilizando a parábola. Desta
forma, as figuras do Pastor e das Ovelhas servem como símbolos para ilustrar o
ensinamento de Cristo sobre o pastoreio das ovelhas no aprisco.
- Parábola, na bíblia,
é uma narrativa alegórica que transmite uma mensagem indireta, por meio de
comparação ou analogia. Uma parábola é uma história contada para explicar uma
verdade complexa. Jesus contava parábolas para ensinar o evangelho aos seus
discípulos. Uma parábola não narra coisas que tenham necessariamente
acontecido; são histórias ilustrativas que revelam verdades profundas. Alguns
conceitos são difíceis de explicar, porque são abstratos. Mas dentro de uma
história, uma ideia tem uma aplicação prática e se torna mais fácil de
entender. Parábolas são pequenas histórias que explicam um conceito, usando
exemplos do dia a dia.
2. O aprisco das
ovelhas. O aprisco das ovelhas consistia,
essencialmente, numa edificação de pedras que possuía apenas uma entrada (ou
porta) por onde as ovelhas eram levadas para dentro ao entardecer (Jo 10.1).
Essas ovelhas eram supervisionadas pelo porteiro, ou pastor, que se acomodava
junto à entrada do abrigo para assegurar a proteção delas. Desta forma, a
representação simbólica do abrigo remete à atividade pastoril que os judeus
exerceram ao longo de várias gerações, assim como à relação religiosa entre os
líderes judeus e a população. Portanto, atualmente, essa imagem simbólica da
parábola pode ser relacionada ao vínculo da Igreja de Cristo com o Senhor
Jesus, nosso Sumo Pastor (1Pe 5.4).
- Na Bíblia, um
aprisco (também chamado de redil) é uma cerca ou curral onde as ovelhas são
protegidas durante a noite, geralmente com uma única entrada vigiada por um
pastor. A metáfora do aprisco é usada para ilustrar a segurança e o cuidado que
Deus oferece aos seus seguidores, comparando-se a Jesus como o Bom Pastor que
os guia e protege. Do grego αὐλή (aulḗ
(ow-lay'), entre os gregos do tempo de Homero, um espaço sem cobertura ao redor
da casa, cercado por um muro, no qual estavam os abrigos para os animais. Daí,
entre os orientais, aquele espaço aberto, sem telhado, cercado por um muro, em
campo aberto, no qual ovelhas eram arrrebanhadas durante a noite, um aprisco o
pátio descoberto da casa. No A.T. refere-se particularmente aos pátios do
tabernáculo e do templo em Jerusalém. As moradias das classes mais altas
geralmente tinham dois pátios, um exterior, entre a porta e a rua; o outro
interior, rodeado pela área construída da própria casa. Este último é
mencionado em Mt 26:69, a própria casa, um palácio.
3. Um lugar de
proteção. O aprisco das ovelhas simboliza
também um espaço de proteção. Este local é defendido diretamente pelo Pastor do
Rebanho, que está disposto a sacrificar-se, se necessário (Jo 10.11). Não
existe lugar mais seguro do que aquele que está sob a vigilância e proteção do
Sumo Pastor, o Senhor Jesus Cristo. O seu compromisso com o seu rebanho ficou
evidente através da sua obra realizada no Calvário (Jo 19.30). Assim, as
afirmações “Eu sou a porta” (v.9) e “Eu sou o bom pastor” (v.11) expressam essa
realidade de cuidado por todos os que fazem parte do Corpo de Cristo (Cl 1.24).
- Nos vilarejos e
nas cidades em si havia apriscos públicos para ovelhas, onde todo o rebanho do
vilarejo era guardado quando os pastores retornavam à noite para as suas casas.
Esses apriscos eram protegidos por uma forte porta da qual apenas o guarda da mesma
tinha a chave - "Tornou, pois, Jesus
a dizer-lhes: Em verdade, em verdade vos digo que eu sou a porta das ovelhas.
Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não
os ouviram." (Jo 10.7,8). Quando as ovelhas saíam para as montanhas
nas estações quentes, elas não retornavam à noite para o vilarejo de forma
alguma; elas eram ajuntadas no aprisco das ovelhas na montanha. Esses apriscos
nas montanhas eram espaços abertos cercados por uma mureta. Neles existia uma
entrada por onde as ovelhas entravam e saíam; mas não havia nenhum tipo de
porta. John Gill, grande especialista na cultura e costumes judaicos, comenta
sobre o termo “aprisco” aqui usado: “O
redil, com os judeus, era chamado דיר; e isto, como dizem os seus autores
(Maimon & Bartenora em Misn. Becorot, c. 9. seç. 7.), era um recinto na
forma de uma construção, feito de pedras, e por vezes, era cercado com canas, e
em que havia uma grande porta, em que o pastor corria para dentro e para fora,
quando ele levava, ou saía com as ovelhas. Na décima parte, que era feito no
redil, faziam uma pequena porta, para que dois cordeiros não pudessem sair juntos;
e a alusão aqui é ao cercado, e o “redil” destina-se a igreja de Deus.” Albert
Barnes comenta: “O aprisco era um cercado
feito nos campos onde as ovelhas eram ajuntadas à noite para se defenderem dos
ladrões, lobos, etc. Normalmente não era coberto… Por aprisco aqui entendemos o
povo Judaico, ou a igreja de Deus, que é frequentemente comparado a um rebanho.
- Ez. 34:1-19; Jer 23:1-4; Zec 13:1-9.” J. Vernon McGee em Thru the Bible
Commentary: “Os antigos apriscos daqueles
dias ainda existem em muitas cidades desse país. Eram apriscos públicos. À
noitinha, todos os pastores que viviam na cidade traziam suas ovelhas para o
aprisco e as mantinham ali à noite.” A “porta”
(Gr.: thura) é considerada pela maioria dos comentaristas como sendo o próprio
Cristo devido a própria afirmação do mesmo no versículo 7.
SINOPSE II
Jesus é o aprisco
das ovelhas. Ele garante segurança, assistência e pertencimento das ovelhas no
Corpo de Cristo.
III. A DISTINÇÃO ENTRE O BOM PASTOR E O MERCENÁRIO
1. O Bom
Pastor. O versículo 11 menciona que Jesus é o “Bom Pastor” que
sacrifica a sua vida pelas ovelhas. Em contraste com o ladrão (v.10), que vem
para roubar, matar e destruir, a missão do Bom Pastor é oferecer vida, tanto na
perspectiva eterna/celestial da salvação, como na dimensão virtuosa da
santidade enquanto forma de viver no mundo (Jo 20.31; Rm 8.29). A generosidade
do Sumo Pastor é sem igual, pois ninguém pode defender as suas ovelhas como Ele
faz. O nosso Senhor é indiscutivelmente o melhor dos pastores. Quem entra no
seu aprisco encontra uma vida verdadeira.
- A ilustração do
bom pastor está entre as mais emocionantes, não apenas do Evangelho de João,
mas de toda a Bíblia Sagrada. Jesus é "o bom pastor" em contraste com
a liderança perversa de Israel dessa época (9.40-41). Essa é a quarta das sete
afirmações "Eu sou" de Jesus (veja vs. 7,9; 6.35; 8.12). O termo
"bom" traz a ideia de "nobre" e está em contraste com
"mercenário" que cuida apenas por interesse pessoal; Jesus é o
verdadeiro pastor, aquele que dá a vida
pelas ovelhas. Isso é uma referência à morte vicária de Jesus na cruz em
favor dos pecadores. Cf. v, 15; 6.51; 11.50-51; 17.19; 18.14. A razão para o
uso frequente do exemplo pastor-rebanho é, sem dúvida, o fato de que os judeus
tinham sido um povo pastoril durante muitas gerações. Este tipo de linguagem
era fácil de ser entendido por todos. À medida que Jesus utiliza o exemplo
aqui, todos os elementos essenciais aparecem: o rebanho, o aprisco, a porta, o
pastor, os ladrões, os mercenários e os estranhos. Seria uma violência para a
parábola tentar encontrar um equivalente exato e constante para cada um dos
elementos, embora algumas coisas sejam evidentes. A palavra pastor é anarthrous em grego, e consequentemente
"fixa a atenção no caráter, como algo distinto da pessoa".' "O
pastor não é um exemplo na parábola, ele é o exemplo; e é sobre a descrição do
seu comportamento que se apoia a narrativa, para que a atenção dos leitores
possa se concentrar ali. Não somente as ovelhas são as suas próprias ovelhas;
não apenas ele tem toda a autoridade para aproximar-se delas; não apenas ele
chama as suas ovelhas pelo nome; não apenas elas ouvem a sua voz, mas ele as
traz para fora e, quando faz sair todas as suas ovelhas, vai diante delas, e
elas o seguem".'
2. O
Mercenário. O versículo 12 apresenta a figura do mercenário. Ao
contrário do Bom Pastor, que se sacrifica pela vida das ovelhas, o mercenário
opta por fugir diante do perigo, dispersando e roubando as ovelhas. Não
demonstra zelo nem cuidado por elas. Por essa razão, é simbolizado como ladrão
e bandido. Assim, enquanto o Bom Pastor promove a vida, o mercenário traz
consigo a morte; em vez de construir, ele destrói tudo o que encontra pelo
caminho. Ele abandona as ovelhas à sua própria sorte. A representação do
mercenário ilustra o caráter dos falsos líderes e mestres fraudulentos que
procuram constantemente semear divisões entre o povo de Deus.
- O mercenário é
alguém contratado para cuidar das ovelhas, mas ele não é pastor nem dono das
ovelhas. Faz o seu trabalho para receber um salário. Não está ali para arriscar
sua vida e, sim, para ganhar seu sustento. O pastor, porém, sendo dono das
ovelhas, importa-se com elas, defende-as e até está pronto a dar sua vida por
seu animais. O mercenário é uma figura que representa alguém que não se
preocupa genuinamente com o bem-estar do rebanho, apenas com a remuneração. Ao
contrário do bom pastor, que dá a vida pelas ovelhas, o mercenário abandona o
rebanho ao perigo, fugindo para proteger sua própria segurança e seus
interesses. Muito provavelmente, Jesus se referia, aqui, aos que se
auto-intitulavam “messias”, com o objetivo de extorquir e explorar o povo,
beneficiando-se da sua credulidade (segundo Flávio Josefo, nessa época, houve
mais de 10 mil “desordens na Judéia”, tumultos provocados por líderes
messiânicos). Esses falsos messias, segundo Jesus, são aqueles que “vêm somente
para roubar, matar e destruir”, vêm tirar a vida das ovelhas (cf. v. 10). Em
contrapartida, o Pastor é aquele que dá a vida pelas ovelhas. O tema da vida, e
da doação da vida, é tão enfático que é retomado cinco vezes nestes poucos
versículos (vd. vs. 10,11,15,17-18).
3. Lobos
vorazes X o Bom Pastor. Os lobos aproximam-se do aprisco
para atacar as ovelhas apenas quando percebem que o mercenário não está atento
à sua chegada. O mercenário, por sua vez, opta por fugir e abdica das suas
responsabilidades: “Mas o mercenário que não é pastor, de quem não são as
ovelhas, foge, e o lobo arrebata e dispersa” (Jo 10.12). Não é por acaso que o
apóstolo Paulo descreve esses “lobos vorazes” como sendo os falsos mestres que
promovem doutrinas enganosas e comprometem a fé recebida do Evangelho, iludindo
e levando consigo as ovelhas desatentas (At 20.29,30). Estes têm intenções
destrutivas (2Co 2.17), geram divisões no rebanho (Tt 3.10) e dispersam as
ovelhas (1Jo 2.18,19; 4.1-3). Por essa razão, nosso Senhor se apresenta como a
Porta das Ovelhas, o Bom Pastor (Mt 7.13,14; Lc 13.24).
- O mercenário não
é o dono das ovelhas (10.12). Ele não tem cuidado pelas ovelhas. Se uma delas
se desgarra do rebanho, ele não vai atrás dela. Se as ovelhas ficam enfermas,
ele não se esmera para curá-las. Se alguma é atacada por uma fera, ele não
lamenta. Jesus, porém, é o dono das ovelhas. Ele nos comprou com o seu sangue (IPe
1-18). Nos somos suas ovelhas. Somos propriedade exclusiva dele. Somos a sua
herança, a sua delícia, a menina dos seus olhos. Fomos selados por Deus. O selo
nos diz que somos propriedade exclusiva de Deus. O selo nos diz que somos
propriedade inviolável de Deus. O selo nos diz que somos propriedade legítima e
genuína de Deus. Quando um lobo ataca o rebanho, o mercenário foge. Seu
interesse é poupar sua vida, e não as ovelhas. Ele está interessado em sua
segurança, e não no bem-estar das ovelhas. Ele foge porque não tem cuidado com
as ovelhas. Ele não e o pastor nem o dono das ovelhas. Ele não serve às ovelhas;
serve-se delas. O bom pastor é o Filho de Deus, o amado do Pai. Ele não morreu
como um mártir, nem como uma vítima do sistema. Embora os judeus e gentios se
tenham mancomunado para pregá-lo na cruz, sua morte foi voluntária. Sua morte
não foi um acidente, nem sua ressurreição foi uma surpresa. O bom pastor tem poder
para dar sua vida e reassumi-la.
SINOPSE III
As ações do Bom Pastor distinguem-se das do
mercenário. Ao contrário deste, o Bom Pastor dá a sua própria vida, demonstra
generosidade e protege as ovelhas.
AUXÍLIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
O BOM PASTOR
“A observação universal do quarto Evangelho se
destaca na afirmação de Jesus: Ainda tenho outras ovelhas que não são deste
aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá
um rebanho e um Pastor (16). Observe que há outras ovelhas, não bodes. ‘O
rebanho de Cristo não está limitado àqueles que estão encenados no curral
judaico, seja na Palestina, seja em outros lugares’ (cf. 11.52; 12.32). O amor
de Deus é para todo o mundo (3.16). A urgência moral de trazer essas outras
ovelhas para o curral está expressa nas palavras, também me convém agregar
estas. O verbo ouvir ‘assume o genitivo, como quando tem a conotação de ouvir
com entendimento e obediência’. Haverá um rebanho tem o verbo no plural nos
melhores manuscritos, e a palavra ‘rebanho’ é a tradução correta do termo grego
poimne (cf. Ez 34.20-24). ‘Todos (judeus e gentios) formarão um único rebanho
sob um único Pastor’” (Comentário Bíblico Beacon. Volume 7. Rio de Janeiro:
CPAD, 2022, p.98).
CONCLUSÃO
O Senhor afirmou que as suas ovelhas conhecem a
sua voz e a reconhecem, seguindo-a (Jo 10.27). Desta forma, aqueles que
pertencem ao grande rebanho do Sumo Pastor têm a alegria de conhecer e
reconhecer a sua voz. Assim sendo, não devemos perder tempo ouvindo a voz do
lobo. A voz do Bom Pastor é mais do que suficiente para nos guiar ao longo da
nossa caminhada na vida cristã.
- O relacionamento
entre o Bom Pastor e o seu rebanho baseia-se na natureza do relacionamento
entre Jesus e o Pai. Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das
minhas sou conhecido ("As minhas me conhecem"). Assim como o Pai me
conhece a mim, também eu conheço o Pai e dou a minha vida pelas ovelhas
(14-15). Cada um dos seis verbos destes versículos está no presente, e assim o
retrato é ilustrativo. Particularmente, o verbo conhecer no presente significa conhecer
por familiaridade, por experiência. As ovelhas "têm a experiência de
conhecer a Jesus como o seu próprio Pastor. Aqui (neste conhecimento recíproco)
está o segredo do seu amor e da sua lealdade".
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REVISANDO O
CONTEÚDO
1. Qual foi a
finalidade de Jesus ao utilizar a parábola do Pastor e das Ovelhas?
Jesus
utilizou a parábola do Pastor e das Ovelhas para caracterizar os religiosos
como falsos pastores e, mais especificamente, como mercenários.
2. Qual é
a mensagem evidente da afirmação “Eu Sou a Porta”?
O significado
contido na frase “Eu Sou a Porta” é bastante claro: existe apenas um caminho
exclusivo para entrar no Reino de Deus, que é através da fé em Jesus Cristo.
3. O que
constituía o aprisco das ovelhas?
O aprisco das
ovelhas consistia, essencialmente, numa edificação de pedras que possuía apenas
uma entrada (ou porta) por onde as ovelhas eram levadas para dentro ao
entardecer (Jo 10.1).
4. Qual é
a missão do Bom Pastor?
A missão do
Bom Pastor é oferecer vida, tanto na perspectiva eterna/celestial da salvação,
como na dimensão virtuosa da santidade enquanto forma de viver no mundo (Jo
20.31; Rm 8.29).
5. De que
forma você pode caracterizar o Mercenário?
O mercenário
opta por fugir diante do perigo, dispersando e roubando as ovelhas. Não
demonstra zelo nem cuidado por elas.