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20 de julho de 2025

EBD JOVENS | Lição 4: O encontro em Jerusalém e os falsos irmãos | 3° Trim 2025

 

Pb Francisco Barbosa (@Pbassis)

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TEXTO PRINCIPAL

Porque aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão, esse operou também em mim com eficácia para com os gentios.(Gl 2.8).

ENTENDA O TEXTO PRINCIPAL:

  O apóstolo Paulo está defendendo sua autoridade apostólica e ministério ao povo gentio, em paralelo ao ministério apostólico de Pedro, que se dirigia prioritariamente aos judeus. Em Gálatas 2, Paulo relata o reconhecimento mútuo entre ele e os líderes da igreja em Jerusalém, evidenciando a unidade na diversidade de ministérios. Aquele que operou eficazmente. A expressão "aquele que operou eficazmente" traduz do grego νεργήσας (ho energēsas), do verbo νεργέω (energeō), que indica ação eficaz, poder operante, ou seja, a obra eficaz do Espírito Santo em ambas as missões. Aqui, Paulo atribui à mesma fonte divina — Deus, o Espírito Santo — o poder que habilita e confirma o ministério apostólico tanto de Pedro quanto dele próprio. Segundo a Bíblia de Estudo Pentecostal, essa ação sobrenatural do Espírito é essencial para a eficácia da pregação apostólica, porque a missão não é apenas humana, mas fruto do poder divino, que guia, confirma e sustenta o trabalho da igreja no mundo. A Bíblia de Estudo MacArthur reforça que o poder da graça e do Espírito Santo é a garantia da autenticidade e do sucesso do ministério de Paulo. Ele não depende de sua própria autoridade, mas da unção e capacitação do Senhor. Em Pedro para o apostolado da circuncisão. Pedro é identificado como o apóstolo designado para a "circuncisão", ou seja, para o ministério aos judeus. O termo "circuncisão" aqui funciona como um símbolo da aliança mosaica e das práticas da Lei, representando a missão voltada para o povo judeu. No Comentário Bíblico Beacon, enfatiza-se que o ministério de Pedro não era mais importante ou superior ao de Paulo, mas simplesmente distinto em público e foco: Pedro trabalhava no ambiente judaico, pregando o Messias dentro do contexto da Lei e das promessas feitas a Israel. O Comentário Champlin destaca que esse ministério era legítimo e aprovado por Deus, mas não deveria ser confundido com a missão de Paulo, que era chamar os gentios à fé em Cristo sem impor a Lei judaica como condição para a salvação. Esse operou também em mim com eficácia para com os gentios. Paulo recebe a mesma obra eficaz de Deus para sua missão entre os gentios, os ethnē (θνη), que eram os povos não-judeus. A missão de Paulo não é alternativa à de Pedro, mas complementar, parte do plano soberano de Deus para a expansão do Evangelho a todas as nações.  A Bíblia de Estudo Plenitude destaca que o ministério de Paulo é uma continuação da obra redentora de Deus, agora expandida aos gentios, que eram considerados estrangeiros à aliança. O Espírito Santo capacita Paulo para essa missão específica, confirmando que a salvação em Cristo é para todos, sem distinção étnica ou cultural.

 

RESUMO DA LIÇÃO

O encontro dos apóstolos em Jerusalém não fez com que Paulo mudasse a sua pregação.

ENTENDA O RESUMO DA LIÇÃO:

 Paulo mostra que a diversidade ministerial na igreja primitiva não era fruto de rivalidades humanas, mas da soberania divina que distribui dons e chamados conforme a vontade do Espírito Santo. A unidade da missão está na origem: é Deus quem opera em seus servos, e cada ministério, seja para judeus ou gentios, é igualmente válido e eficaz.

 

TEXTO BÍBLICO

Gálatas 2.1-10.

1. Depois, passados catorze anos, subi outra vez a Jerusalém com Barnabé, levando também comigo Tito.

 Paulo relata sua segunda visita a Jerusalém, ocorrida cerca de 14 anos após sua conversão, para tratar com os líderes da igreja sobre a mensagem que pregava aos gentios. A decisão de subir foi “pela revelação”, enfatizando a direção do Espírito Santo. (BEPentecostal)

A expressão “pela revelação” mostra que a visita não foi por iniciativa humana, mas um direcionamento divino. A ida a Jerusalém tinha o propósito de garantir a unidade da igreja diante das divergências culturais e doutrinárias entre judeus e gentios. (BEPlenitude)

Paulo obedeceu à orientação divina e subiu a Jerusalém para assegurar que sua pregação não entrasse em conflito com o evangelho verdadeiro. Esta visita confirma a importância da comunhão e unidade entre os apóstolos. (BEMacArthur)

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2. E subi por uma revelação e lhes expus o evangelho que prego entre os gentios e particularmente aos que estavam em estima, para que de maneira alguma não corresse ou não tivesse corrido em vão.

 Paulo explica que expôs detalhadamente o evangelho que pregava entre os gentios, para que não corresse nem tivesse corrido em vão. (BEPentecostal)

A apresentação completa do evangelho mostra a seriedade de Paulo em preservar a pureza da mensagem e evitar mal-entendidos com os líderes judeus. (BEPlenitude)

A comunicação aberta reflete o desejo de Paulo de garantir que a mensagem aos gentios fosse reconhecida e aprovada, prevenindo controvérsias futuras. (BEMacArthur)

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3. Mas nem ainda Tito, que estava comigo, sendo grego, foi constrangido a circuncidar-se.

 Tito, um gentio, acompanhava Paulo e Barnabé, mas não foi obrigado a ser circuncidado, o que gerou atenção entre os judaizantes. (BEPentecostal)

A situação de Tito é uma evidência prática da controvérsia sobre a circuncisão dos gentios convertidos. Sua presença sem circuncisão demonstra a posição de Paulo contra a imposição da lei judaica aos gentios. (BEPlenitude)

A recusa à circuncisão de Tito destaca a liberdade que os gentios têm em Cristo e a rejeição da imposição da Lei como requisito para a salvação. (BEMacArthur)

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4. E isso por causa dos falsos irmãos que se tinham entremetido e secretamente entraram a espiar a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus, para nos porem em servidão;

 Paulo denuncia os “falsos irmãos” que entraram secretamente para espionar a liberdade cristã e impor escravidão legalista. (BEPentecostal)

Esses “falsos irmãos” são agentes da falsa doutrina judaizante que tentavam submeter os gentios à lei mosaica, ameaçando a liberdade em Cristo. (BEPlenitude)

Paulo alerta para a infiltração de ensinamentos que comprometem o evangelho da graça, insistindo na necessidade de resistir firmemente a tais falsas doutrinas. (BEMacArthur)

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5. aos quais, nem ainda por uma hora, cedemos com sujeição, para que a verdade do evangelho permanecesse entre vós.

 Paulo resistiu firmemente para que a verdade do evangelho permanecesse intacta e não fosse comprometida pelos falsos irmãos. (BEPentecostal)

A integridade da mensagem de salvação por fé sem obras da lei foi defendida vigorosamente, preservando a pureza do evangelho. (BEPlenitude)

A resistência de Paulo ilustra o compromisso com a sã doutrina e a salvaguarda da igreja contra distorções. (BEMacArthur)

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6. E, quanto àqueles que pareciam ser alguma coisa (quais tenham sido noutro tempo, não se me dá; Deus não aceita a aparência do homem), esses, digo, que pareciam ser alguma coisa, nada me comunicaram;

 Paulo reconhece que os líderes em Jerusalém não acrescentaram nada ao evangelho que ele pregava aos gentios. (BEPentecostal)

A ausência de novas instruções ou acréscimos confirma a unidade essencial do evangelho pregado por Paulo e aceito pelos apóstolos em Jerusalém. (BEPlenitude)

Este versículo confirma que o evangelho de Paulo é autêntico e que não requer complemento, sendo igualmente válido para todos os povos. (BEMacArthur)

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7. antes, pelo contrário, quando viram que o evangelho da incircuncisão me estava confiado, como a Pedro o da circuncisão

 Paulo lembra que aos que eram de destaque entre os apóstolos foi concedida a missão de evangelizar os gentios, enquanto Pedro ficou com a circuncisão. (BEPentecostal)

A designação distinta das missões mostra a sabedoria divina ao delegar ministérios conforme o contexto cultural e étnico dos ouvintes. (BEPlenitude)

A divisão de ministérios não indica superioridade, mas especialização no serviço para o avanço do evangelho. (BEMacArthur)

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8. (porque aquele que operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão, esse operou também em mim com eficácia para com os gentios),

 Deus operou eficazmente tanto em Pedro quanto em Paulo, confirmando suas respectivas missões para judeus e gentios. (BEPentecostal)

A mesma energia divina capacitou ambos os apóstolos, mostrando que o poder do Espírito Santo transcende barreiras culturais. (BEPlenitude)

O versículo sublinha a origem divina da autoridade apostólica e a unidade do Espírito no ministério. (BEMacArthur)

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9. e conhecendo Tiago, Cefas e João, que eram considerados como as colunas, a graça que se me havia dado, deram-nos as destras, em comunhão comigo e com Barnabé, para que nós fôssemos aos gentios e eles, à circuncisão;

 Os apóstolos de Jerusalém deram a Paulo e Barnabé as mãos em comunhão, reconhecendo oficialmente sua missão aos gentios. (BEPentecostal)

Este gesto simboliza a concordância e aprovação mútua entre os apóstolos, fortalecendo a comunhão e a unidade da igreja. (BEPlenitude)

O reconhecimento público pela liderança da igreja mostra a legitimidade do ministério de Paulo entre os gentios. (BEMacArthur)

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10. recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres, o que também procurei fazer com diligência.

 Paulo foi instruído a lembrar-se dos pobres, um mandamento que destaca a importância da solidariedade dentro da comunidade cristã. (BEPentecostal)

A preocupação com os pobres reflete a aplicação prática da fé cristã, que deve manifestar-se em amor e justiça social. (BEPlenitude)

Este princípio reforça que a verdadeira fé sempre se expressa em ações concretas de cuidado ao próximo. (BEMacArthur)

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INTRODUÇÃO

Nesta lição, veremos a continuidade da resposta de Paulo às críticas que fizeram sobre a veracidade e autenticidade do seu apostolado. Os judaizantes que estavam trazendo outro evangelho aos crentes da Galácia questionaram se Paulo era realmente um apóstolo. Desta vez, ele fala sobre um encontro que teve com os líderes da igreja de Jerusalém, mostrando que, mesmo não tendo andado com os doze apóstolos de Jesus, era um apóstolo comissionado pelo Senhor Jesus tanto quanto os demais, e que o seu ministério e a sua mensagem haviam sido reconhecidos em Jerusalém.

 Mesmo no meio da igreja, onde a verdade deveria florescer com liberdade, a autoridade apostólica de Paulo foi colocada sob suspeita. O apóstolo dos gentios, cuja vida foi radicalmente transformada no caminho de Damasco, agora era acusado por falsos mestres, os judaizantes, de não ser um verdadeiro apóstolo. A acusação não era leve. Se Paulo fosse um impostor, sua mensagem também o seria. Era isso que estava em jogo: o evangelho de Cristo, puro e simples, ou um evangelho deturpado por méritos humanos. É nesse cenário que Paulo responde com firmeza e sabedoria. Ele não recorre a títulos humanos, nem busca legitimar-se por associação com Pedro, Tiago ou João. Em vez disso, ele revela algo profundo: o seu chamado foi diretamente do Ressuscitado (oukat ap’ anthrōpōn oude di’ anthrōpou), “não da parte de homens nem por meio de homem” (Gl 1.1). Essa distinção é fundamental. Paulo não está em competição com os apóstolos de Jerusalém. Ele está afirmando que sua missão e sua mensagem têm a mesma origem sobrenatural. Ao descrever seu encontro com os líderes da igreja em Jerusalém (Gl 2), Paulo mostra que, embora não tenha caminhado com Jesus em seu ministério terreno, sua vocação apostólica tem a mesma legitimidade, e mais: foi confirmada pela própria liderança da igreja mãe. Essa visita não foi uma tentativa de buscar aprovação institucional, mas uma demonstração da harmonia entre os que pregavam aos judeus e aos gentios. Conforme destaca Alexandre Coelho, “não havia dois evangelhos em disputa, mas um único evangelho para todos os povos”¹. Quando Pedro e os demais reconheceram a graça que havia em Paulo, deram-lhe as destras de comunhão (Gl 2.9), reconhecendo que o mesmo Espírito operava através dele. O Comentário Bíblico Pentecostal reforça que a expressão “reconheceram a graça que me foi dada” remete ao reconhecimento do carisma apostólico concedido a Paulo, ou seja, um dom ministerial legitimado pelo Espírito Santo². Quantos ministérios hoje são questionados não por sua fidelidade ao evangelho, mas por sua origem fora do “sistema”? Quantos jovens chamados por Deus têm sido ignorados porque não trilharam os caminhos esperados pelos homens? Paulo nos lembra que a vocação genuína vem do alto. A palavra “apostolos” (πόστολος) significa “enviado com autoridade”. Não é status humano, é missão divina. A autoridade de um obreiro se mede pela fidelidade à Palavra e pela presença do Espírito, não por seus diplomas ou ligações institucionais. Davi também foi ungido fora dos olhos públicos, escondido nos campos. O Senhor vê o coração, não a aparência (1Sm 16.7). Essa introdução à defesa de Paulo nos chama a uma autoavaliação profunda. Estamos julgando líderes e ministérios pelos critérios do Espírito ou pelas tradições dos homens? Estamos discernindo os que têm a marca da graça, mesmo que venham das margens? Jovem cristão, professor da EBD, aluno sedento por verdade: aprenda com Paulo a resistir aos falsos critérios. Examine sua vida e sua igreja. Cristo não nos chamou para agradar homens, mas para sermos fiéis ao evangelho. O verdadeiro ministério é aprovado no céu, e confirmado na terra pela frutificação no Espírito (Mt 7.16; Gl 5.22–23).

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              1. COELHO, Alexandre. A Liberdade em Cristo — Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.

 

I. PAULO DEFENDE SEU MINISTÉRIO

1. Voltando a Jerusalém. Na busca por esclarecer ainda mais a sua história apostólica, Paulo dá continuidade na Carta aos eventos que se seguiram em seu ministério. Por certo, os seus acusadores não tinham uma história como a dele, que fora perseguidor dos seguidores de Jesus, mas foi alcançado pelo Senhor de uma forma tão especial que foi transformado em um novo homem. Essa defesa era necessária, pois os judaizantes divulgaram questionamentos a respeito da sua autoridade apostólica. Nada melhor do que fazer uma defesa em ordem cronológica, pois argumentos desconexos se perdem na fala. Os 14 anos mencionados por Paulo podem ser uma referência ao seu encontro com Pedro e Tiago, mencionado em Gálatas 1.18,19. O apóstolo fez questão de mostrar esses dados para que as acusações contra ele não prosperassem. Paulo não tinha nada a esconder.

 Voltar a Jerusalém não foi apenas uma escolha estratégica de Paulo, foi na verdade, uma resposta pastoral à necessidade de proteger a igreja da Galácia de ser enredada por um falso evangelho. O apóstolo sabia que os ataques contra sua autoridade não eram apenas pessoais. Eram tentativas de desacreditar a origem divina da mensagem que ele pregava. Por isso, ele segue sua carta apresentando, com precisão e humildade, uma linha do tempo clara dos eventos que marcaram sua chamada apostólica. Diferente de seus acusadores, Paulo tinha uma história que não podia ser fabricada. De perseguidor da igreja, ele se tornou apóstolo de Jesus Cristo por um chamado sobrenatural (cf. At 9.1–6). Esse tipo de transformação não nasce de argumentos humanos, mas do chamado pelo próprio Cristo. Os judaizantes não podiam apresentar um encontro com o Ressuscitado. Paulo sim. E mais: sua vida e doutrina testemunhavam a realidade desse encontro. A menção aos “catorze anos depois” (Gl 2.1) precisa ser entendida com cuidado. Muitos estudiosos veem aqui uma referência ao tempo desde sua conversão até a nova visita a Jerusalém. Outros a contam desde sua primeira visita a Pedro e Tiago, registrada em Gálatas 1.18, 19. Seja como for, Paulo está organizando sua narrativa com um propósito claro: mostrar que sua autoridade não depende de Jerusalém, mas é plenamente reconhecida por ela. Seu ministério é independente, mas não isolado. Ele é autêntico e aprovado. O Comentário Bíblico Beacon observa que Paulo, ao apresentar sua trajetória de maneira ordenada, usa um recurso retórico poderoso: a cronologia da graça1. Ele está mostrando que nada em seu ministério foi feito às escondidas. Não há incoerências, não há lacunas suspeitas. Ele não está se defendendo com discursos inflamados, mas com fatos verificáveis e com a evidência de uma vida transformada. Como afirma Hernandes Dias Lopes, “Paulo não constrói sua autoridade com base em popularidade ou conveniências humanas, mas na fidelidade ao evangelho recebido do próprio Cristo”2. Hoje, muitos crentes também enfrentam desconfiança quando respondem ao chamado de Deus fora dos moldes tradicionais. O testemunho de Paulo nos ensina que não precisamos moldar nossas histórias para agradar homens. Se fomos chamados, transformados e enviados pelo Senhor, isso é o bastante. A credibilidade do ministério não está na ausência de críticas, mas na integridade da caminhada. Paulo não tinha nada a esconder; e você também não precisa esconder o que Deus está fazendo na sua vida. Seja transparente. Viva com verdade. E defenda, com mansidão e firmeza, o chamado que o céu já confirmou.

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         1. Comentário Bíblico Beacon – Vol. 9: Gálatas a Filemom. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.

         2. LOPES, Hernandes Dias. Gálatas – A Carta da Liberdade Cristã. São Paulo: Hagnos, 2016.

 

2. Barnabé e Paulo. Paulo menciona a presença de Barnabé consigo indo a Jerusalém. O “filho da consolação” teria uma participação muito ativa no ministério aos gentios, pois foi ele que acreditou no potencial de Paulo, quando este havia se convertido e não foi aceito imediatamente pela igreja de Jerusalém por força do seu histórico de perseguidor (At 9.26,27). A fama de Paulo assustava muitos dos irmãos hebreus, e até que ele pudesse mostrar o que Jesus havia feito em sua vida, um certo tempo se passou. Basta dizer que quando se converteu, Paulo ficou tão motivado pelo seu encontro com Jesus e com a cura que recebeu do Senhor, que foi pregar a respeito dEle nas sinagogas em Damasco e depois em Jerusalém, até que os gregos procuraram matá-lo. A igreja precisou mandá-lo com passagem só de ida a Tarso. Tempos depois, quando o Evangelho chegou à Antioquia, e Barnabé foi comissionado a ver como Deus estava operando naquela localidade, e vendo a graça de Deus naquele lugar (At 11.23), convidou Paulo depois para auxiliá-lo (At 11.25). Barnabé foi o precursor que abriu as portas para que Paulo pudesse ter o reconhecimento ministerial necessário. Ele sabia que era uma honra poder apoiar novos obreiros e despertar talentos na obra do Senhor.

 Quando Paulo menciona a presença de Barnabé em sua viagem a Jerusalém (Gl 2.1), não é um detalhe irrelevante, é uma afirmação poderosa sobre parceria, confiança e vocação compartilhada. Barnabé, cujo nome significa “filho da consolação” (huios paraklēseōs), foi mais do que um acompanhante: ele foi o elo entre um passado temido e um futuro promissor. Enquanto muitos ainda viam Paulo com os olhos do medo, lembrando-se do perseguidor implacável, Barnabé foi o primeiro a enxergar o que Deus estava fazendo em sua vida. A narrativa de Atos 9.26–27 nos revela a tensão: Paulo tenta se juntar aos discípulos em Jerusalém, mas é rejeitado. Não havia como ignorar sua história; ele havia causado dor e destruição à igreja. Contudo, Barnabé se posiciona como mediador. Ele apresenta Paulo aos apóstolos, relata sua conversão, sua ousadia em Damasco, e atesta que a graça de Cristo havia transformado aquele homem. Foi a confiança de Barnabé que abriu portas para o futuro ministério de Paulo. Sem ele, talvez a integração de Paulo na comunidade cristã tivesse sido adiada ou mesmo comprometida. Essa escolha de Barnabé é teologicamente profunda. Ele encarna o discipulado que acredita, que investe, que caminha junto. Quando o evangelho se espalha até Antioquia e os líderes enviam Barnabé para discernir o que Deus está fazendo (At 11.22, 23), ele vê ali algo real, algo puro: a evidência da graça. Ele lembra-se de Paulo, que estava em Tarso, e vai buscá-lo (At 11.25–26). Barnabé entende que ministério não é palco para um, mas espaço para a cooperação do Corpo de Cristo. Como destaca o Comentário Bíblico Pentecostal, esse gesto é mais do que estratégico, é espiritual: Barnabé está reconhecendo os dons de Paulo e ativando seu chamado¹. Muitos ministérios hoje perecem por falta de Barnabés. Obreiros promissores são ignorados por causa do seu passado, da sua falta de conexões ou por não atenderem aos padrões esperados por estruturas humanas. Precisamos redescobrir esse espírito de generosidade espiritual, aquele que vê além das cicatrizes e reconhece a unção. Barnabé não apenas tolerou Paulo, ele apostou tudo nele. Ele o treinou, o acompanhou, e quando chegou a hora certa, o liberou para o chamado que Deus já havia preparado. Esse trecho nos confronta com uma pergunta séria: estamos sendo Barnabés na vida de alguém? Ou somos como os que apenas apontam o passado alheio, sem discernir o que o Espírito está fazendo hoje? O Reino precisa de líderes que levantam outros, que identificam dons e os ativam com alegria. Como Paulo, talvez alguém ao seu redor esteja esperando um Barnabé, e esse alguém pode ser você.

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         1. ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (eds.). Comentário Bíblico Pentecostal – Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.

 

3. Agindo por meio de uma revelação. A descrição paulina sobre a sua ida a Jerusalém começa com a ação do Espírito. Ele subiu para Jerusalém por força de uma revelação. Deus é soberano não somente para nos oferecer a sua graça para a salvação, mas também para operar entre nós obras pelo Espírito Santo. Ele decidiu enviar Paulo a Jerusalém, e essa decisão foi comunicada por meio de uma revelação, não por um desejo pessoal do apóstolo ou por um convite da igreja de Jerusalém. É notório que em muitos ambientes cristãos, os meios pelos quais Deus revela a sua vontade são negligenciados, tidos por ultrapassados ou negados. Em nenhum texto das Escrituras há uma indicação de que Deus deixou de revelar coisas importantes aos seus servos por meio do seu Santo Espírito. Cremos que uma vez que já temos as Escrituras como nossa regra de fé e prática, quaisquer orientações divinas precisam estar sujeitas ao que já está escrito na Palavra de Deus. Entretanto, o Senhor é capaz de nos trazer orientações conforme a sua soberania e pelos meios que estiverem descritos nas Escrituras.

 A decisão de Paulo de ir a Jerusalém não foi fruto de estratégia humana, nem resultado de uma convocação eclesiástica. Foi o Espírito Santo quem o moveu. Ele declara com clareza: "Subi em obediência a uma revelação" (Gl 2.2). A palavra usada por Paulo no original grego é katá apokálypsin, ou seja, ele não foi por conveniência, mas por revelação divina. Isso nos mostra algo profundo: Deus não apenas salva, Ele também dirige. Ele não apenas redime vidas, mas conduz seus servos em seus caminhos, passo a passo, conforme Sua soberania. Essa afirmação de Paulo desafia uma parte significativa da igreja contemporânea, onde a sensibilidade ao Espírito tem sido, por vezes, substituída por planejamentos friamente administrativos. Sim, devemos ser sábios e estratégicos, mas a direção do Espírito nunca foi uma alternativa: é a essência da vida cristã. Como lembra o Dr. Anthony Palma, “o mesmo Espírito que convence do pecado é o que continua guiando o crente em toda verdade”¹. A revelação que Paulo recebeu não contradizia as Escrituras, antes, era uma aplicação concreta da direção divina em sua missão. Essa é a chave hermenêutica de um cristão maduro: toda revelação precisa ser julgada pela Palavra, nunca à parte dela (cf. 1Ts 5.19–21). Infelizmente, em muitos círculos, a ideia de que Deus ainda fala por meio do Espírito é vista como ultrapassada ou perigosa. Contudo, isso não encontra respaldo na Bíblia. Não há sequer um texto que afirme que o Senhor tenha cessado de comunicar Sua vontade ao coração de Seus servos. O que cessou foi a revelação que amplia ou acrescenta à Escritura, essa sim foi encerrada com o cânon. Mas o mesmo Deus que falou com Paulo em Gálatas ainda é o Deus que guia Seus filhos por sonhos, impulsos espirituais, conselhos sábios, dons espirituais e circunstâncias que Ele mesmo controla. Como enfatiza Gordon Fee, “a igreja do Novo Testamento vivia em plena dependência da ação direta do Espírito Santo. Era o Espírito quem enviava, orientava, impedia, fortalecia e edificava”². Isso deve nos fazer refletir: estamos sendo guiados pelo Espírito ou apenas administrando programas? Quantas vezes deixamos de ouvir a direção do Senhor porque ignoramos Sua voz por trás das rotinas da vida cristã? A revelação de Deus é real, viva e segura, desde que esteja enraizada nas Escrituras. Deus ainda se comunica. Ele ainda envia. Ele ainda move. O mesmo Espírito que conduziu Paulo pode conduzir você. O desafio é ter ouvidos espirituais, coração sensível e submissão à Palavra. Deus ainda revela caminhos. O problema, muitas vezes, não é que Ele não fale. É que não estamos mais dispostos a ouvir.

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         1. PALMA, Anthony D. A Teologia do Espírito Santo. Rio de Janeiro: CPAD, 2001.

         2. FEE, Gordon D. God’s Empowering Presence: The Holy Spirit in the Letters of Paul. Peabody: Hendrickson Publishers, 1994.

 

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SUBSÍDIO I

“Os falsos apóstolos estavam pondo-se em evidência como ‘superapóstolos’ (‘os mais excelentes apóstolos’), humilhando Paulo. Mas Paulo não aceitava as afirmações que eles faziam. Pode ser que fossem oradores bem treinados, aptos a impressionar as pessoas com o vocabulário e o estilo. É possível que Paulo os tivesse em mente quando escreveu aos romanos que os tais não servem a nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre; e, com suaves palavras e lisonjas, enganam o coração dos símplices (Rm 16.18). Embora Paulo fosse treinado como rabino sob as orientações de Gamaliel (At 22.3), ele não fora treinado no estilo grego de oratória artificial e extravagante. Paulo tinha algo mais importante. Tinha ciência ou conhecimento de Deus que eles não tinham. Paulo havia demonstrado isto em tudo, ou seja, dando-lhes ensinamentos poderosos e ungidos em linguagem clara — não na ‘lógica’ enganosa e na retórica superficial dos falsos apóstolos. A verdade é mais importante que o estilo ou ‘carisma’ do orador.

Paulo recusa aceitar pagamento. Ele pregou o Evangelho em Corinto de ‘graça’ (veja 1Co 9). Naqueles dias, até nas universidades os estudantes remuneravam diretamente o professor. É provável que os oponentes de Paulo disseram que o fato de ele não receber contribuições era evidência de que o ensino era de pouco valor e que ele não era verdadeiro apóstolo.” (Adaptado de HORTON, Stanley M. I & II Coríntios. Os Problemas da Igreja e suas Soluções. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp.240,241).

 

II. OS FALSOS IRMÃOS

1. Tito, um obreiro grego. A equipe de Paulo era multicultural. Barnabé e Paulo eram judeus, mas Tito e Lucas eram gentios. É certo que essa formação missionária dava um respaldo mais acentuado à pregação aos gentios, pois havia gentios no grupo missionário de Paulo e Barnabé. Nesta Carta, o apóstolo faz menção do nome de Tito por força da situação que vai descrever. Ao chegarem em Jerusalém, Tito foi recebido junto com Paulo e Barnabé. Aquela equipe evangelística despertou, sem dúvida, a curiosidade dos judaizantes. Até o momento, não há registro de um obreiro grego indo a Jerusalém como participante de uma equipe missionária liderada por judeus. Tito era uma novidade. E os judaizantes ficaram de olho nele.

 Ao mencionar Tito em sua carta aos Gálatas, Paulo não está apenas relatando um detalhe histórico. Ele está apresentando uma peça chave de uma tensão teológica: a inclusão plena dos gentios na família de Deus. Tito era grego, incircunciso, e ao mesmo tempo, um verdadeiro irmão na fé e obreiro do evangelho. Ao subir a Jerusalém ao lado de Paulo e Barnabé (Gl 2.1), sua presença não era apenas simbólica, era provocativa. E isso por uma razão: os falsos irmãos, os judaizantes, estavam atentos, vigilantes, prontos para julgar com base na carne, não no Espírito. É importante lembrar que a equipe missionária de Paulo era diversa. Havia judeus como Barnabé, gentios como Tito e Lucas. Essa composição não era acidental, era uma manifestação viva do evangelho que unia povos distintos num só corpo (cf. Ef 2.14–18). Como destaca Craig Keener, “Paulo organizava suas equipes com sabedoria pastoral e intencionalidade teológica: os próprios obreiros eram a encarnação da mensagem que anunciavam”¹. Nesse sentido, Tito era mais do que um colaborador — ele era o argumento vivo de que a fé em Cristo basta. Até então, não temos registro de outro obreiro grego indo a Jerusalém em missão evangelística sob a liderança de judeus cristãos. Isso por si só já era incomum. A presença de Tito colocava à prova a verdadeira compreensão que os líderes de Jerusalém tinham do evangelho. Seria a salvação realmente pela fé, ou ainda se exigiria a marca da circuncisão como selo de aceitação? O próprio Paulo dá a resposta: Tito não foi obrigado a se circuncidar (Gl 2.3). Isso não apenas preserva a liberdade cristã, mas confronta diretamente o legalismo dos falsos irmãos infiltrados na comunidade (Gl 2.4). A palavra usada por Paulo, pseudadelphoi, traduzida como “falsos irmãos”, revela que aqueles que impunham requisitos além da fé em Cristo estavam fora da verdadeira comunhão dos santos. Eles não eram irmãos fracos na fé, eram intrusos, agentes de confusão, que colocavam em risco a liberdade conquistada pela cruz. Essa situação ainda ecoa hoje em muitas comunidades. Quantas vezes ainda medimos a espiritualidade pelas marcas externas, pelos costumes, pelas regras humanas? O caso de Tito nos confronta: você crê, mas ainda exige sinais externos para aceitar alguém como irmão? Essa é uma chamada à vigilância espiritual. Como Barnabé, você vai acolher e reconhecer o que Deus está fazendo? Ou como os falsos irmãos, vai resistir à graça porque ela não se encaixa em suas tradições? Tito não era um obstáculo, era um testemunho vivo de que, em Cristo, não há judeu nem grego. A cruz nivelou todos diante de Deus. A pergunta é: a sua igreja ainda impõe barreiras que Cristo já derrubou?

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         1. KEENER, Craig S. Comentário Bíblico do Novo Testamento. São Paulo: Vida, 2010.

 

2. Os falsos irmãos. Paulo cita que em Jerusalém eles foram observados por pessoas consideradas “falsos irmãos” que eles estavam entre os crentes em Jerusalém. Pessoas que tinham acesso aos apóstolos, conheciam a Lei de Moisés, mas não colaboravam com o Evangelho. Os falsos irmãos estavam ali para impor aos visitantes a obrigatoriedade de todos seguirem a Lei como um requisito para a salvação. Aparentemente não falaram nada, mas Paulo percebeu e registrou aos gálatas aquela tentativa de intromissão. Aqui aprendemos duas lições: a) Nem todos os que estão entre nós são verdadeiros irmãos. Há joio sendo colocado junto com o trigo, e precisamos estar atentos aos que tem aparência de crente, mas se portam como se não o fossem; b) Ele resistiu a essas pessoas, não se sujeitando, em nenhum momento, às investidas. Paulo poderia fazer a política da boa vizinhança para que Tito fosse aprovado, mas isso seria um retrocesso. Os falsos irmãos não queriam fazer a obra de Deus, mas sim colocar a equipe missionária em servidão (Gl 2.4). É provável que aqueles falsos irmãos tivessem tentado ver se Tito havia sido circuncidado, para depois ser aceito como um membro da comissão de apóstolos enviados aos gentios. O que os falsos irmãos desejavam era constranger Paulo, sua equipe e sua mensagem aos ditames judaicos.

 Nem toda oposição ao Evangelho vem de fora. Às vezes, a ameaça mais sutil e mais perigosa; se infiltra bem no meio da comunhão dos santos. Em Gálatas 2.4, Paulo revela um drama silencioso, mas explosivo: “Esta questão foi suscitada por causa de alguns falsos irmãos infiltrados” (ψευδδελφοι παρεισκτους. pseudadelfoi pareisaktous), literalmente, irmãos "falsificados" que se introduziram sorrateiramente. Eles estavam entre os crentes, com acesso aos apóstolos, conhecedores da Lei, mas descomprometidos com a graça. Não vinham edificar, vinham escravizar. Esses pseudadelfoi não eram meros curiosos religiosos. Eram agentes do legalismo tentando pressionar a jovem igreja gentílica a se dobrar às exigências da tradição mosaica, tornando a Lei um critério de justificação. O alvo era Tito, um grego não circuncidado (Gl 2.3). Sua presença em Jerusalém ao lado de Paulo e Barnabé escancarava o escândalo da liberdade cristã: um pagão convertido, cheio do Espírito, aceito sem a marca da Lei. Isso era inadmissível para os falsos irmãos. Mas Paulo não cedeu um centímetro, nem por uma hora (Gl 2.5), porque o Evangelho da graça não negocia sua essência com tradições humanas. O que está em jogo aqui é mais do que um rito religioso. É o próprio coração do Evangelho: somos salvos exclusivamente pela fé, mediante a graça, sem obras da Lei (Ef 2.8,9). A circuncisão, neste contexto, representava uma tentativa de condicionar a salvação à prática externa, distorcendo o Evangelho. Como comenta Hernandes Dias Lopes, “aceitar tal imposição teria sido trair a liberdade em Cristo e validar um outro evangelho, que na verdade não é evangelho algum”¹. O Comentário Bíblico Pentecostal reforça que o silêncio desses falsos irmãos não era sinal de humildade, mas estratégia para testar a firmeza doutrinária dos apóstolos². A lição é clara: nem todos os que andam conosco pertencem, de fato, ao rebanho. Há joio entre o trigo (Mt 13.25 - 30). E muitas vezes, o maior perigo não está nas heresias evidentes, mas na sutil pressão para que moldemos o Evangelho à expectativa humana. Em tempos de relativismo e pragmatismo, é urgente que a Igreja local forme discernimento espiritual. Precisamos identificar essas infiltrações não apenas na doutrina, mas também no comportamento, na motivação e no espírito com que certos “irmãos” se movem entre nós. Pastores, professores, jovens líderes: este texto é um chamado à vigilância e à coragem. Quantas vezes, por medo de desagradar, deixamos que imposições humanas silenciem a liberdade do Espírito? O mesmo Espírito que selou Tito, mesmo sem circuncisão, é o que nos chama hoje a permanecer firmes na liberdade pela qual Cristo nos libertou (Gl 5.1). Não retroceda. Não negocie o Evangelho. E não se deixe enganar pelos que têm aparência de piedade, mas negam o seu poder (2Tm 3.5). Que o zelo de Paulo por Tito reacenda em nós a ousadia de preservar o Evangelho puro e simples, não por tradição, mas por temor santo e amor à verdade.

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         1. Lopes, Hernandes Dias. Gálatas: A carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2022.

         2. Arrington, French L., e Stronstad, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

 

3. Não cedemos. Paulo mostra aos gálatas que, mesmo estando em Jerusalém, diante do colégio apostólico, ele permaneceu firme na perspectiva que distanciava a prática dos gentios e dos judeus. Isso não se deu por rebeldia, ou por considerar que os apóstolos em Jerusalém estavam aquém da mensagem que ele havia recebido da parte do Senhor Jesus. Paulo não era um obreiro rebelde ou desejoso de arrumar debates e confusão. Ele se posicionou dessa forma “para que a verdade do evangelho permanecesse entre vós” (Gl 2.5). Tito, o obreiro grego, não precisou ser circuncidado. Ele fazia parte da equipe de Paulo pela graça de Deus, e se a circuncisão fosse necessária para que Tito fosse salvo, por que ele não havia sido circuncidado? Paulo chama os gálatas para pensarem a esse respeito. Se eles precisassem ser circuncidados e seguirem a Lei para serem salvos, como diziam os judaizantes, então Tito era uma contradição, pois ele ocupava um lugar de importância e não seguia nem cumpria a Lei de Moisés. Mas Paulo mostra que o fato de Tito não ter passado por aquela cirurgia destinada aos bebês judeus era uma prova de que a mensagem confiada ao apóstolo era válida para todos os gentios: a circuncisão não era necessária aos não judeus. Se Tito passasse pela circuncisão, a mensagem dos judaizantes teria prevalecido. Mas o plano dos falsos irmãos fracassou.

 Há momentos na história da igreja em que ceder é trair. Paulo viveu um desses momentos em Jerusalém. Diante dos apóstolos, cercado por uma pressão religiosa intensa, ele poderia ter recuado por diplomacia ou para manter a “unidade” com os irmãos judeus. Mas não o fez. E o motivo foi claro: “para que a verdade do evangelho permanecesse entre vós” (Gálatas 2.5). A firmeza de Paulo não brotava de orgulho, mas de zelo pelo evangelho da graça. Para ele, qualquer concessão ao legalismo era uma ameaça direta à suficiência de Cristo. A presença de Tito, um obreiro grego, ali em Jerusalém, não foi acidental, foi providencial. Ele era um exemplo vivo de que a salvação não depende da circuncisão, nem de qualquer rito da Lei. O texto bíblico enfatiza: “Nem ainda Tito, que estava comigo, sendo grego, foi constrangido a circuncidar-se” (Gl 2.3). A palavra usada para "constrangido" no grego é ναγκάζω (anagkazō), que denota uma coerção externa, uma tentativa de forçar a submissão. Paulo deixa claro que não cederam nem por um instante. Por quê? Porque aceitar isso seria legitimar um “outro evangelho”, que Paulo já havia denunciado em Gálatas 1.6 - 9. A resistência de Paulo foi teológica, não pessoal. Ele não estava ali para disputar poder com os líderes de Jerusalém, mas para proteger a essência da fé cristã. Se Tito fosse circuncidado para agradar aos judaizantes, o evangelho teria sido comprometido. Como escreveu Hernandes Dias Lopes, “a liberdade cristã não é um luxo, mas uma necessidade vital da fé. Substituí-la pela Lei é negar a suficiência de Cristo”¹. E como reforça o Comentário Bíblico Pentecostal: “a inclusão de Tito sem a exigência da Lei mosaica foi um marco da aceitação dos gentios como co-herdeiros em Cristo, sem os distintivos da identidade judaica”². É aqui que a narrativa ganha uma camada ainda mais profunda. A luta de Paulo era contra os “falsos irmãos” (Gálatas 2.4), homens que se infiltraram disfarçados de piedosos, mas cujo coração estava longe da cruz. A expressão usada, ψευδαδέλφους (pseudadelphous), denuncia uma falsa irmandade, uma fé apenas aparente. Eles não eram apenas mal-informados, eram opositores do evangelho da graça. Antônio Gilberto alerta: “O maior perigo da igreja não vem de fora, mas de dentro. São os falsos mestres que se vestem de cordeiros, mas são lobos”³. Este é um chamado urgente à igreja de hoje. Quantas vezes, para manter a paz institucional, temos silenciado diante de distorções do evangelho? Quantas vezes temos permitido que tradições humanas se misturem à graça de Cristo, por medo de confronto? A história de Tito nos confronta: ou permanecemos firmes na liberdade que há em Cristo, ou cooperamos com os falsos irmãos e minamos a verdade que salva.

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¹ LOPES, Hernandes Dias. Gálatas - Comentários Expositivos Hagnos: A carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2012.

² ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.

³ GILBERTO, Antônio. Manual da Escola Dominical. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.

 

SUBSÍDIO II

Professor(a), inicie o tópico com a seguinte pergunta: “Quem eram os falsos irmãos?”. Ouça os alunos com atenção e em seguida explique que “essas pessoas eram judaizantes, ou seja, adeptos rígidos ao judaísmo (os costumes da religião e da cultura judaica) que afirmavam que os não judeus precisavam obedecer à lei de Moisés do Antigo Testamento (cf. At 15.5; 2Co 11.26), e em particular a regra da circuncisão (v.12), para que pudessem ser salvos e viver em um relacionamento correto com Deus (cf. Rm 2.29). Esta filosofia também é chamada de legalismo, o que envolve a confiança de que regras e rotinas religiosas e obras pessoais trarão a salvação espiritual ou obterão o favor de Deus. Isso significa obedecer aos detalhes da lei, sem um verdadeiro comprometimento com o espírito e os propósitos por trás da lei (veja At 25.8). Embora a lei de Deus seja boa e espiritual (Rm 7.12-14) e os seus princípios e padrões morais ainda se apliquem à vida cristã, a simples obediência à lei não pode nos salvar. O propósito da lei de Deus é revelar a nossa própria incapacidade de viver segundo os padrões perfeitos de Deus e nos mostrar a nossa necessidade de Cristo (3.24). Quando uma pessoa recebe — pela fé — o perdão de Deus e confia sua vida à liderança de Cristo, o Espírito Santo capacita essa pessoa a viver segundo os padrões de Deus (cf. Rm 8.4) No entanto, a pessoa faz isto por amor e gratidão a Deus, e não como um meio de obter o seu favor. Muitos judaizantes não eram sequer sinceros em sua própria devoção à lei, mas simplesmente desejavam exercer a sua influência sobre outras pessoas na igreja e afastá-las da verdadeira fé em Cristo (4.17)”. (Bíblia de Estudo Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.1625).

 

PROFESSOR(A), “Paulo era gentil, tolerante e paciente com relação a muitas coisas (cf. 1Co 13.4-7), mas era firme e inflexível com respeito à “verdade do evangelho”. A revelação que ele recebera diretamente de Cristo (1.12) é a única mensagem que possui o poder de salvar todos os que creem nela, recebem-na e reagem positivamente a ela (Rm 1.16). Paulo entendia que nunca se devem fazer concessões a este evangelho em nome da paz, unidade ou da opinião da moda.” (Bíblia de Estudo Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023. p.1626).

 

III. O EVANGELHO DA INCIRCUNCISÃO

1. Reconhecido entre os apóstolos. Paulo descreve que teve o seu trabalho e chamada reconhecidos entre os apóstolos de Jerusalém. Diferente do que os seus acusadores andaram falando, de que ele não era apóstolo ou que ninguém o conhecia em Jerusalém, Paulo diz que “deram-nos as destras, em comunhão comigo e com Barnabé, para que nós fôssemos aos gentios e eles, à circuncisão” (Gl 2.9). Os apóstolos tiveram Barnabé e Paulo em alta conta, e foram além do reconhecimento, eles chancelaram a missão aos gentios. Paulo fala que os hebreus “nada me comunicaram”, uma observação do apóstolo acerca da sua mensagem, ou seja, não acrescentaram nada ou nenhuma regra a mais à mensagem de Paulo aos gentios.

 Nem sempre o ministério será validado por aplausos ou visibilidade, e Paulo sabia disso como poucos. Durante sua missão, ele enfrentou duras críticas, inclusive a acusação de que não era um verdadeiro apóstolo e que sua mensagem não tinha o respaldo da igreja em Jerusalém. Mas, ao escrever aos gálatas, Paulo faz questão de esclarecer os fatos: sua autoridade apostólica não foi fruto de autoafirmação, mas de uma vocação divina reconhecida pelos próprios pilares da igreja. Em Gálatas 2.9, ele afirma que Tiago, Cefas e João, os que eram considerados colunas, estenderam-lhe a mão direita em sinal de comunhão. Esse gesto não era mero formalismo, mas uma chancela espiritual e eclesiástica: Barnabé e Paulo estavam plenamente autorizados para prosseguir na missão aos gentios. A expressão “deram-nos as destras” carrega no grego (δεξις δωκαν κοινωνίας [dexiàs édōkan koinōnías]) a ideia de cooperação e reconhecimento mútuo na proclamação do mesmo Evangelho. Não era uma nova mensagem, mas a mesma verdade aplicada a contextos diferentes. Isso desmontava, portanto, qualquer narrativa dos falsos irmãos que queriam invalidar o ministério de Paulo. Mais do que isso, Paulo reforça que “nada me comunicaram” (Gl 2.6), ou seja, os apóstolos de Jerusalém não lhe acrescentaram exigência alguma. A palavra usada no original (προσανέθεντο [prosanéthento]) indica a ideia de adição ou imposição – algo que não aconteceu. Eles não sugeriram adaptações culturais nem exigências legalistas. Isso é teologicamente marcante: o Evangelho pregado por Paulo já estava completo, e sua doutrina já era ortodoxa. Não havia acréscimos mosaicos a serem feitos. Como ensina o Comentário Bíblico Pentecostal (Arrington & Stronstad, 2003), “a aceitação do ministério de Paulo sem qualquer correção doutrinária comprova a unidade e a autenticidade da mensagem cristã entre os judeus e os gentios”¹. Essa confirmação não foi apenas uma vitória pessoal de Paulo. Foi uma vitória do Evangelho da graça. Em um tempo em que muitos ainda confundiam fé com rito, salvação com obras da Lei, Paulo permanecia firme no ensino de que a justificação se dá somente pela fé em Cristo (cf. Gl 2.16). Ele e Barnabé não estavam isolados, mas faziam parte de um corpo unido, que agora, em obediência à Grande Comissão (Mt 28.19), avançava entre os gentios. Aqui está uma lição poderosa para nossas igrejas locais! Muitos obreiros e professores da Escola Dominical ainda lutam contra olhares desconfiados ou estruturas engessadas. No entanto, quando permanecemos fiéis ao Evangelho verdadeiro, o reconhecimento não precisa vir primeiro dos homens, mas da coerência com a Palavra. A comunhão apostólica não está fundamentada em títulos, mas na fidelidade à verdade revelada. Que possamos, como Paulo, sustentar a mensagem da cruz sem acréscimos e sem concessões.

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         1. ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Vol. 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

 

2. A recomendação dos apóstolos. Para cada comissionamento há uma ou mais responsabilidades. Os apóstolos de Jerusalém pediram que a missão aos gentios não se esquecesse dos pobres. Em uma sociedade onde a pobreza era bastante comum, e a sobrevivência de certos grupos, como viúvas e órfãos, dependia muito da família ou da caridade alheia, os cristãos se tornaram conhecidos pelo altruísmo e pela generosidade. Em Gálatas 6.10, seguindo a orientação dos irmãos de Jerusalém, ele escreve que “enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé” (Gl 6.10).

 Cada missão confiada traz consigo responsabilidades concretas. Paulo revela que, ao ser comissionado para levar o evangelho aos gentios, recebeu dos apóstolos de Jerusalém uma importante orientação: não esquecer os pobres. Essa recomendação não era mera formalidade. Na sociedade do primeiro século, marcada por desigualdades e por um sistema social frágil, muitas pessoas, como viúvas e órfãos, dependiam da solidariedade da comunidade para sobreviver. Os cristãos se destacaram justamente por essa postura altruísta, vivendo o mandamento de amor ao próximo de forma prática e tangível. O cuidado com os necessitados não era secundário ao anúncio da fé, mas parte essencial da vida cristã. Paulo reforça esse ensino na carta aos Gálatas, lembrando aos irmãos: “enquanto temos oportunidade, façamos o bem a todos, e principalmente aos da família da fé” (Gl 6.10). O termo grego para “oportunidade” (καιρ [kairō]) indica um momento favorável, um tempo certo que não se deve desperdiçar. Esse chamado não se limita à generosidade ocasional, mas aponta para um compromisso contínuo e prioritário com os irmãos na fé, os “domésticos” do Senhor. O cuidado com a comunidade cristã é expressão da comunhão e do amor que devem caracterizar a igreja. Como ensina o Comentário Bíblico Pentecostal, essa preocupação é um reflexo da transformação radical que o evangelho opera na vida do crente, gerando frutos visíveis na prática diária¹. Portanto, a recomendação dos apóstolos é um convite à ação concreta. Em nossas igrejas e em nossas vidas, o evangelho se manifesta não apenas no ensino, mas também no cuidado real com aqueles que enfrentam dificuldades. Isso revela a autenticidade da fé e fortalece a comunhão do corpo de Cristo.

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         1. ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Vol. 2. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.

 

3. Dois públicos e uma mesma mensagem. Nem todas as pessoas que são alcançadas pelo Evangelho são da mesma cultura. A Palavra de Deus classifica as pessoas como judeus, gentios e a igreja de Deus (1Co 10.32). O Evangelho é o mesmo, mas é possível que uma mensagem seja mais facilmente aplicada a um grupo cultural do que a outro, e cabe a quem está apresentando as Boas-Novas ter essa sensibilidade para a comunicação do Evangelho. Paulo agiu assim, entendendo que nem todos os preceitos do judaísmo eram adequados aos gentios, como veremos na próxima lição.

 O Evangelho não é limitado a uma cultura ou grupo específico. A Escritura deixa claro que Deus trata judeus e gentios de forma distinta, mas também os une no corpo da igreja, como Paulo destaca em 1 Coríntios 10.32. Isso nos desafia a entender que a mensagem de salvação é uma só, imutável e eterna, mas o modo de apresentá-la precisa ser sensível às diferenças culturais e históricas daqueles que a recebem. Paulo, como apóstolo e missionário, soube agir com essa sabedoria pastoral. Ele reconheceu que certas práticas judaicas, tão importantes para os judeus, não deveriam ser impostas aos gentios. Essa distinção não significa uma divisão no evangelho, mas uma adaptação que preserva sua essência. O termo grego ethnē (θνη), traduzido como “gentios”, mostra que eles pertenciam a um contexto cultural muito diferente do judaísmo, e o evangelho precisava ser comunicado de forma que fizesse sentido para eles, sem que fosse preciso carregar o peso da Lei mosaica. Essa estratégia de Paulo revela a profundidade do ensino apostólico: a justificação pela fé em Cristo é universal, mas a forma de aplicação pastoral varia conforme o contexto cultural. É um convite para nós hoje, que ensinamos e aprendemos a Palavra, a sermos sensíveis à cultura de nossos ouvintes, garantindo que o Evangelho não se perca em rituais ou costumes, mas atinja o coração e transforme vidas. Na próxima lição, vamos explorar como Paulo desenvolveu essa abordagem e o que isso significa para a Igreja contemporânea. Que essa reflexão nos leve a avaliar se nossa pregação e ensino têm sido fiéis à mensagem pura e adequados às necessidades de cada público, promovendo unidade na diversidade.

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Referências

         COELHO, Alexandre. A Liberdade em Cristo — Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2021.

         GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.

         LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: A carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2014.

         BÍBLIA DE ESTUDO MACARTHUR. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2015.

         ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

 

CONCLUSÃO

Ao longo destas duas últimas lições, tratamos da biografia do apóstolo Paulo, conforme ele a demonstra aos gálatas. Na lição passada, estudamos a respeito dele como recém-convertido, e nesta lição, como um representante de uma equipe missionária, tendo a sua mensagem chancelada pelos obreiros de Jerusalém. A sua pregação não era estranha ao conhecimento dos judeus, e mesmo eles receberam a equipe de obreiros aos gentios com apreço e sem preconceito, ainda que houvessem ali na igreja, “falsos irmãos”.

 Ao longo dessas duas últimas lições, percorremos a trajetória do apóstolo Paulo conforme ele mesmo a apresenta na carta aos Gálatas. Primeiro, vimos a transformação radical de um perseguidor da igreja em um servo fervoroso do Evangelho, que viveu uma conversão genuína e profunda. Depois, examinamos seu papel como membro de uma equipe missionária reconhecida pelos líderes da igreja em Jerusalém, que chancelaram sua mensagem e ministério, mesmo diante da resistência e da presença de falsos irmãos. Essa história nos traz ensinamentos valiosos para a vida da igreja hoje. Primeiramente, aprendemos que o ministério fiel exige transparência e firmeza na verdade do Evangelho. Paulo não se intimidou diante das críticas nem aceitou compromissos que pudessem desfigurar a mensagem da graça. Isso nos desafia a sermos vigilantes para proteger a pureza do ensino bíblico em nossas igrejas, identificando e confrontando ensinos distorcidos que podem surgir. Além disso, percebemos a importância do reconhecimento e da comunhão entre irmãos no serviço ao Senhor. A igreja local deve valorizar e apoiar os ministros chamados, entendendo que a unidade não significa uniformidade, mas sim respeito mútuo e alinhamento com a Palavra. Devemos cultivar ambientes onde o Evangelho seja pregado com fidelidade e amor, mesmo em meio às dificuldades e diferenças culturais. Finalmente, a presença dos “falsos irmãos” nos lembra do cuidado que devemos ter para discernir quem está realmente comprometido com o Evangelho. Não basta estar na igreja ou ter aparência de crente; o fruto da vida e a submissão à Palavra são sinais essenciais da verdadeira comunhão. Como Paulo exortou os gálatas, que possamos estar sempre alertas, firmes na liberdade que Cristo nos deu, para não sermos enganados. Que esta reflexão nos leve a uma autoavaliação sincera:

       como temos protegido a pureza do Evangelho em nossa vida e em nossa comunidade?

       Estamos dispostos a manter a unidade em Cristo sem abrir mão da verdade?

       E como temos apoiado uns aos outros no serviço do Reino?

O desafio está lançado. Que o Senhor nos fortaleça para vivermos o Evangelho com coragem, fidelidade e amor, transformando vidas e edificando sua igreja.

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Meu ministério aqui é um chamado do coração — compartilhar o ensino da Palavra de Deus de forma livre e acessível, para que você, irmão ou irmã em Cristo, possa crescer na fé e no conhecimento das Escrituras, sem barreiras, com subsídios preparados por um Especialista em Exegese Bíblica do Novo Testamento.

            Todo o material que ofereço é fruto de oração, estudo e dedicação, e está disponível gratuitamente para que a luz do Evangelho alcance ainda mais vidas sedentas pela verdade. Porém, para que essa missão continue firme, preciso da sua ajuda.

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HORA DA REVISÃO

1. O que fez Paulo subir para Jerusalém?

Ele subiu para Jerusalém por força de uma revelação. Deus é soberano não somente para nos oferecer a sua graça para a salvação, mas também para operar entre nós obras pelo Espírito Santo.

2. Que obreiro teve uma participação bem ativa no ministério com Paulo?

Barnabé. O “filho da consolação” teria uma participação muito ativa no ministério aos gentios.

3. Qual era a origem de Tito?

Tito era grego e não precisou ser circuncidado.

4. Quem eram os “falsos irmãos”?

Eram aqueles que tinham acesso aos apóstolos. Conheciam a lei de Moisés, mas eles não colaboravam com o Evangelho. Os falsos irmãos impunham aos visitantes a obrigatoriedade de seguirem todos a lei como um requisito para a salvação.

5. Que recomendação os apóstolos de Jerusalém deram a Paulo e Barnabé, apresentada na lição?

Os apóstolos de Jerusalém pediram que a missão aos gentios não se esquecesse dos pobres. Em uma cultura onde a pobreza era bastante comum, e a sobrevivência de certos grupos, como viúvas e órfãos, dependia muito da família ou da caridade alheia, os cristãos se tornaram conhecidos pelo altruísmo e pela generosidade.