Pb Francisco Barbosa (@Pbassis)
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TEXTO
PRINCIPAL
“E glorificavam a Deus a respeito de mim.” (Gl
1.24).
ENTENDA O TEXTO PRINCIPAL:
• E glorificavam a Deus a meu respeito. Paulo
termina este trecho reafirmando que a transformação radical em sua vida, de
perseguidor da fé para pregador do evangelho, era uma evidência do poder de
Deus. Sua vida agora era motivo de glória para Deus e de edificação para os
irmãos. A igreja reconhecia que somente o poder do Espírito Santo podia
realizar tamanha mudança. Esse testemunho ilustra que o evangelho que Paulo
pregava era autêntico e proveniente do próprio Cristo. (BEP)
• Glorificavam a Deus a meu respeito. Os
crentes judeus reconheceram que a transformação de Paulo foi obra de Deus, e
não o resultado de esforço humano. Isso reforça o argumento de Paulo: o
evangelho que ele pregava era o verdadeiro evangelho, e sua missão vinha de
Deus. O apóstolo enfatiza que sua vida não trazia glória a si mesmo, mas
apontava para a graça de Deus operando por meio dele. (MACARTHUR)
RESUMO
DA LIÇÃO
Paulo conta um pouco da sua história para defender
seu ministério e mostrar que a mensagem que pregava não era estranha aos
apóstolos de Jerusalém.
ENTENDA O RESUMO DA LIÇÃO:
• Paulo não apenas relembra sua história, ele a
transforma em prova viva de sua autoridade apostólica. Ao narrar sua jornada da
religião vazia à revelação gloriosa de Cristo, ele mostra que sua mensagem não
nasceu de homens, mas do próprio Deus. Sua pregação não era um desvio do
evangelho dos apóstolos de Jerusalém, mas a confirmação de que o mesmo Espírito
que agia neles também operava nele. Seu passado, marcado por perseguição, agora
se torna o palco onde a graça triunfa e a verdade é inegável: Paulo não era um
eco religioso, era uma trombeta do céu.
TEXTO
BÍBLICO
Gálatas
1.11-24.
11. Mas
faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo
os homens.
• Paulo declara que o evangelho que ele pregava não
procedia de homens, nem foi aprendido de alguém, mas veio por revelação de
Jesus Cristo. Isso reafirma sua autoridade apostólica e a autenticidade da sua
mensagem. A ênfase está em que sua missão e mensagem são de origem divina, não
humana. [Bíblia de Estudo Pentecostal (CPAD)];
• Paulo insiste que o evangelho que
pregava não era humano. A origem, o conteúdo e o propósito do evangelho são
inteiramente divinos. Ele não recebeu instrução de nenhum homem, nem mesmo dos
apóstolos. Sua autoridade vem diretamente de Cristo, que pessoalmente lhe
revelou o evangelho. [Bíblia de Estudo MacArthur (Editora Fiel)].
12. porque
não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo.
13. Porque
já ouvistes qual foi antigamente a minha conduta no judaísmo, como sobremaneira
perseguia a igreja de Deus e a assolava.
• Paulo declara que o evangelho que ele pregava não
procedia de homens, nem foi aprendido de alguém, mas veio por revelação de
Jesus Cristo. Isso reafirma sua autoridade apostólica e a autenticidade da sua
mensagem. A ênfase está em que sua missão e mensagem são de origem divina, não
humana. [Bíblia de Estudo Pentecostal (CPAD)];
• Ouviste qual foi a minha conduta… Paulo
lembra sua reputação como perseguidor violento dos cristãos. Isso reforça a
ideia de que sua conversão e ministério não poderiam ter vindo de homens. [Bíblia
de Estudo MacArthur (Editora Fiel)].
14. E,
na minha nação, excedia em judaísmo a muitos da minha idade, sendo extremamente
zeloso das tradições de meus pais.
• Paulo destaca seu zelo pela tradição dos fariseus. Ele
foi educado por Gamaliel e excedia seus contemporâneos. Isso demonstra que ele
não tinha nada a ganhar em abandonar o judaísmo. Só uma intervenção divina
poderia tê-lo transformado. [Bíblia de Estudo MacArthur (Editora Fiel)].
15. Mas,
quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou e me chamou
pela sua graça.
• Paulo reconhece que sua conversão e chamado foram atos
soberanos de Deus, que o separou desde o ventre materno. A expressão “revelar
seu Filho em mim” mostra que a revelação de Cristo foi íntima, profunda e
transformadora. Ele afirma que não consultou carne nem sangue, ou seja, não
buscou aprovação humana. [Bíblia de Estudo Pentecostal (CPAD)]
16. revelar seu Filho em mim, para que o pregasse entre os gentios,
não consultei carne nem sangue,
• “Aprove a Deus… revelar seu Filho em mim” — Isso
mostra a soberania de Deus em chamá-lo e capacitá-lo. Paulo enfatiza que sua
conversão e missão foram determinadas por Deus antes mesmo de seu nascimento.
Sua visão de Cristo não foi uma informação recebida externamente, mas uma
revelação direta e pessoal. [Bíblia de Estudo MacArthur (Editora
Fiel)].
17. nem
tornei a Jerusalém, a ter com os que já antes de mim eram apóstolos, mas parti
para a Arábia e voltei outra vez a Damasco.
• O apóstolo menciona que não subiu imediatamente a
Jerusalém, mas foi para a Arábia e depois voltou a Damasco. Só após três anos
foi a Jerusalém, onde ficou apenas quinze dias com Pedro. Isso destaca sua
independência em relação aos demais apóstolos quanto ao aprendizado do
evangelho. [Bíblia de Estudo Pentecostal (CPAD)]
18. Depois,
passados três anos, fui a Jerusalém para ver a Pedro e fiquei com ele quinze
dias.
• Ao invés de procurar os apóstolos em Jerusalém, Paulo
foi para a Arábia, e depois voltou a Damasco. Isso demonstra que ele não foi
discipulado por homens. Só depois de três anos, e por breve período, foi a
Jerusalém para conhecer Pedro. [Bíblia de Estudo MacArthur (Editora
Fiel)].
19. E
não vi a nenhum outro dos apóstolos, senão a Tiago, irmão do Senhor.
• Paulo continua demonstrando que não recebeu instrução
humana em sua missão apostólica. Ele só viu Tiago, irmão do Senhor. As igrejas
da Judeia apenas ouviam falar de sua conversão e glorificavam a Deus por sua
transformação. Sua vida agora era um testemunho do poder de Deus. [Bíblia de
Estudo Pentecostal (CPAD)]
20. Ora,
acerca do que vos escrevo, eis que diante de Deus testifico que não minto.
• Paulo afirma com ênfase que não mentia sobre os fatos.
Isso mostra sua preocupação com a credibilidade do seu ministério, que estava
sendo atacado pelos judaizantes. [Bíblia de Estudo MacArthur (Editora
Fiel)].
21. Depois,
fui para as partes da Síria e da Cilícia.
22. E
não era conhecido de vista das igrejas da Judeia, que estavam em Cristo;
23. mas
somente tinham ouvido dizer: Aquele que já nos perseguiu anuncia, agora, a fé
que, antes, destruía.
24. E
glorificavam a Deus a respeito de mim.
• Paulo foi para as regiões da Síria e da Cilícia, longe
dos apóstolos e das igrejas da Judeia. As igrejas só sabiam dele por relatos, e
glorificavam a Deus pela transformação daquele que antes as perseguia. [Bíblia
de Estudo MacArthur (Editora Fiel)].
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INTRODUÇÃO
Paulo dá continuidade à Carta aos Gálatas, mas
nesta seção, ele conta um pouco a sua história. E por qual motivo ele faria
isso? O seu ministério e sua mensagem estavam sendo atacados por ele não ter
sido um dos apóstolos de Jerusalém. A tática dos judaizantes era desqualificar
Paulo como apóstolo, para depois desqualificar a sua mensagem. E de que forma
tentaram fazer isso? Os inimigos de Paulo provavelmente conheciam o seu
passado, e tentaram colocar isso em foco para descredibilizar o apóstolo. Por
isso, ele entendeu ser necessário, ainda no início de sua Carta, apresentar uma
parte da sua biografia, não para se exaltar, mas para mostrar o que a graça de
Deus pode fazer por um pecador.
• Ao continuar sua carta aos gálatas, Paulo faz algo que
pode parecer estranho à primeira vista: ele faz uma pausa para contar um pouco
da própria história. Não é um desvio de assunto. Pelo contrário, é parte
essencial do argumento que ele quer construir. A igreja estava sendo
bombardeada por vozes judaizantes que tentavam destruir sua credibilidade
apostólica. Afinal, ele não tinha andado com Jesus como os Doze. Não fazia
parte do "núcleo original" de Jerusalém. E, para muitos, isso já
bastava para questionar a autenticidade de seu ministério. Mas Paulo sabia que
o Evangelho que ele pregava estava em jogo, e quando a verdade do Evangelho é
ameaçada, calar-se não é uma opção. O ataque era sutil, mas perigoso: se eles
conseguissem desacreditar o mensageiro, poderiam distorcer a mensagem. Por
isso, Paulo nos leva de volta ao seu passado. Ele não tenta apagar quem foi.
Não tenta disfarçar sua antiga vida. Ele a expõe. Com coragem. Com clareza. Com
propósito. Porque sua vida antes de Cristo não era apenas um episódio
vergonhoso; era um testemunho vivo do que a graça de Deus é capaz de fazer. No
grego, ele usa a expressão ἀνακεφαλαιώσασθαι (anakephalaiōsasthai), para indicar como
tudo em sua vida agora é recapitulada em Cristo. O Evangelho não apagou sua
história; ele a ressignificou completamente. Não se trata de autopromoção, e
sim de uma defesa da verdade. O que Paulo está dizendo é: "eu fui
transformado por uma revelação direta de Jesus Cristo" (Gl 1.12). Nenhuma
tradição humana, nenhum discipulado apostólico o moldou, foi o próprio Cristo
que o chamou, salvou e comissionou. E aqui está uma lição crucial para nós,
professores e alunos da EBD: a autoridade espiritual não depende da aprovação
de homens, mas do chamado soberano de Deus. Como lembra Hernandes Dias Lopes,
"Paulo não se converteu ao cristianismo; foi conquistado por Cristo"1. Essa narrativa
biográfica é, na verdade, um sermão vivo. Ela nos confronta com a pergunta:
será que temos vergonha do nosso passado a ponto de ocultar o poder do
Evangelho que nos alcançou? Será que nas igrejas locais estamos valorizando
mais a performance dos homens do que o mover transformador da graça? O
Comentário Bíblico Pentecostal observa que "Paulo se apresenta não para
autopromoção, mas como prova de que Deus pode usar qualquer pessoa, desde que
ela se submeta ao seu chamado"2.
Se Deus pôde usar alguém que perseguia a Igreja, o que Ele pode fazer conosco,
se estivermos dispostos? A graça que nos transforma também nos envia. Lembre-se:
sua história importa, não porque ela te define, mas porque revela o quanto Deus
é poderoso em redimir. Como ensinava o pastor Antônio Gilberto, "Deus não
desperdiça experiências passadas, quando elas são colocadas aos pés da
cruz"3. Olhe para
Paulo. Olhe para si mesmo. E pergunte com seriedade: Minha vida é uma evidência
da graça ou uma performance de fachada? Que essa reflexão seja o começo de uma
profunda reavaliação espiritual em nossos grupos de EBD, porque talvez o maior
testemunho que você possa dar nesta geração, não é o que você aprendeu... mas
quem você se tornou em Cristo._______________
1. LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: a carta da liberdade
cristã. São Paulo: Hagnos, 2017.
2. ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (eds.).
Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Vol. 2. Rio de Janeiro: CPAD,
2004.
3. GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal.
Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
I. O EVANGELHO DE PAULO
1. Paulo faz sua defesa. A
história de vida de uma pessoa tem importância. De onde ela veio, o que
aconteceu na sua vida, que adversidades enfrentou e que tipo de acontecimentos
moldaram o que a pessoa é hoje podem nos servir de exemplo. Paulo se preocupa
em estabelecer as suas credenciais narrando um pouco a sua história, mas por um
motivo nobre: falsos mestres que tinham ido à Galácia tentavam desqualificar o
seu ministério. É comum, em nossos dias, que um indivíduo chegue a uma
determinada posição na sociedade e que terceiros, desconhecedores de sua
história, o avaliem como alguém que teve sorte, que teve ajuda, que no fundo
não merece a posição que ocupa ou que a sua história não corresponde à função
em que está. Por isso, devemos ser cautelosos em nossas opiniões, e pensar
bastante antes de falar coisas, desconhecendo fatos. Paulo não conta a sua
história para impressionar os gálatas. Ele não faz com o objetivo de comover os
seus leitores, e sim para mostrar que ele tinha autoridade para pregar e
defender o Evangelho aos gentios. Histórias e testemunhos sempre nos fazem
lembrar de que as nossas lutas podem ser muito parecidas com as de outros
irmãos, e no caso de Paulo, é possível que os gálatas não tivessem, quando
foram evangelizados, conhecido com detalhes o seu passado como perseguidor. A
expressão “já ouvistes” é um indicativo de que Paulo falou um pouco de sua
história provavelmente enquanto os evangelizava, mas o que ele vai descrever a
seguir reforça a sua autoridade apostólica, visto que recebeu o Evangelho do
Senhor Jesus, e não de homem algum. Ele não fora comissionado pela igreja de
Jerusalém, mas pelo próprio Cristo.
• Nem sempre damos atenção à história de alguém. Às
vezes, olhamos para a posição que a pessoa ocupa hoje, sem considerar de onde
ela veio, o que enfrentou e o que a moldou. Mas Paulo, ao escrever aos gálatas,
sabia que contar sua trajetória não era vaidade, era necessidade pastoral.
Havia falsos mestres infiltrados entre os crentes da Galácia, e sua estratégia
era simples: desacreditar o apóstolo para desfigurar a mensagem. Se
conseguissem diminuir Paulo, poderiam relativizar o Evangelho que ele havia
anunciado. Por isso, Paulo abre o coração e conta como a graça o alcançou. Ele
não busca empatia. Não está tentando impressionar. Está afirmando, com toda a
clareza: “o Evangelho que eu preguei a vocês não veio de homens, mas por
revelação de Jesus Cristo” (Gálatas 1.12). A expressão grega usada aqui, “δι’ ἀποκαλύψεως Ἰησοῦ Χριστοῦ” (di’ apokalypsēōs Iēsou
Christou), é decisiva. Paulo não aprendeu com Pedro, nem foi treinado em
Jerusalém. Ele foi interrompido e transformado por uma intervenção direta do
próprio Cristo glorificado. Os judaizantes queriam pintar um quadro onde Paulo
era um rebelde solitário, inventando doutrina à parte dos outros apóstolos. Mas
ele não estava isolado; estava em missão. Como destaca Alexandre Coelho em seu
comentário expositivo sobre Gálatas, “Paulo não recebeu um chamado humano. Ele
recebeu uma comissão celestial, e isso dava legitimidade à sua autoridade
apostólica”¹. E aqui está a lição para nós: o valor do ministério não está em
quem o aprova, mas em quem o chama. E se é Cristo quem chama, nenhuma acusação
pode invalidar o que Ele mesmo iniciou. Infelizmente, ainda hoje julgamos sem
conhecer. É comum ouvirmos frases como: “Fulano só chegou onde está porque teve
sorte”, ou “Alguém ajudou, sozinho ele não conseguiria”. E talvez pensemos isso
de líderes, professores, pastores… sem saber que, por trás do púlpito ou da
sala de aula, há cicatrizes, batalhas, madrugadas de oração e uma longa estrada
de renúncias. Paulo mostra que testemunhos não servem para autopromoção, mas
para edificação. Seu passado perseguidor (cf. Gl 1.13) não o desqualificava,
era justamente o palco sobre o qual a graça brilhou mais forte. A nossa
história, quando entregue a Cristo, se torna ferramenta de autoridade e não de
vergonha. Como ensinava o pastor Antônio Gilberto, “a história do homem sem
Deus é caos, mas quando a graça entra, ela escreve uma nova narrativa, cheia de
propósito”². Que nossos jovens, professores e líderes entendam que Deus não
apaga nossa história, Ele a redime. E quanto mais conscientes formos da
profundidade da graça que nos alcançou, mais ousados seremos em viver e ensinar
o verdadeiro Evangelho._______________
1. COELHO, Alexandre. A Liberdade em Cristo — Vivendo o
verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro:
CPAD, 2023.
2. GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal.
Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
2. Ele não pregou o Evangelho dos
apóstolos de Jerusalém. Que tipo de Evangelho Paulo
estava ensinando e pregando? O Evangelho é um só, mas judeus e gentios tinham
culturas distintas, e foi necessário mostrar que da mesma forma que o Evangelho
dos irmãos de Jerusalém tinha como fonte o Senhor Jesus, o dos gentios também
tinha o Senhor Jesus como fonte. A mensagem de Paulo não era diferente do
Evangelho dos apóstolos em Jerusalém, a base e origem da Igreja. A salvação
continuava sendo pela fé em Jesus, pois o Evangelho é o “poder de Deus para a
salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu, e do grego” (Rm 1.16).
Grupos culturais diferentes, mas o mesmo Evangelho da salvação. É possível que,
em nossos dias, haja pessoas que aleguem ter recebido uma nova mensagem da
parte do próprio Senhor Jesus. Entendemos que Deus pode nos trazer revelações
específicas por meio de dons do Espírito, mas nunca essas interações serão
contrárias ao que está escrito na Palavra de Deus.
• Ao escrever aos gálatas, Paulo deixa algo inegociável
bem claro: ele não pregava um “Evangelho paralelo”. A mensagem que anunciava
entre os gentios não era diferente daquela proclamada pelos apóstolos em
Jerusalém. Mesmo não tendo sido discipulado por Pedro, João ou Tiago, Paulo
declara que o Evangelho que ele recebeu veio diretamente de Jesus Cristo (Gl
1.12). Ou seja, a fonte era a mesma: o próprio Senhor ressuscitado. Isso é
fundamental, porque embora judeus e gentios tivessem culturas, histórias e
hábitos religiosos distintos, havia um só Evangelho, e uma só fé. A mensagem de
Paulo não era um produto cultural moldado para agradar o público grego, mas o
mesmo poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, tanto do judeu
quanto do grego (Rm 1.16). O termo usado por Paulo para “poder” no grego é
δύναμις (dýnamis), que dá origem à palavra “dinamite”. Ou seja, o Evangelho não
é apenas informação, é transformação que explode as barreiras humanas e
culturais. A diferença não estava na mensagem, mas no campo de atuação. Como
observa Hernandes Dias Lopes, “Paulo pregava a mesma fé, com a mesma
autoridade, mas a um público diferente”¹. A missão aos gentios não era um plano
B, era parte do plano eterno de Deus. A aliança agora se expandia. Como explica
o Comentário Bíblico Pentecostal, “a igreja se tornou o lugar onde judeus e
gentios, pela fé, são feitos um em Cristo”².
Essa unidade não apagava as diferenças culturais, mas demonstrava que o Evangelho
é suficientemente poderoso para alcançar todos, sem alterar sua essência. Nos
nossos dias, ainda precisamos lembrar disso. Há quem apareça dizendo ter
recebido uma “nova revelação”; um “Evangelho mais moderno”, mais adaptado, mais
palatável. Mas o verdadeiro Evangelho não precisa ser reinventado. Ele precisa
ser reconhecido, vivido e pregado com fidelidade. Como bem destaca o teólogo
pentecostal Gordon D. Fee, “o Espírito Santo jamais contradiz o que já revelou
na Palavra”³. Sim, cremos nos dons,
nas revelações, nas direções sobrenaturais de Deus. Mas tudo precisa passar
pelo crivo das Escrituras. Nenhuma profecia, visão ou pregação que negue a
suficiência de Cristo e a autoridade da Bíblia pode ser considerada inspirada. A
aplicação aqui é simples e poderosa: não há dois Evangelhos, um “para a igreja
tradicional” e outro “para os jovens”, ou um “mais pentecostal” e outro “mais
reformado”. Há um só Evangelho. E esse Evangelho nos foi entregue pelos
apóstolos, confirmado pelo próprio Cristo e registrado nas Escrituras. Se
quisermos ver uma geração transformada, precisamos parar de adaptar a mensagem
ao gosto do povo e começar a formar o povo pela verdade do Evangelho._______________
1. LOPES,
Hernandes Dias. Gálatas – Comentários Expositivos Hagnos: A carta da liberdade
cristã. São Paulo: Hagnos, 2017.
2. ARRINGTON,
French L.; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento.
Vol. 2. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
3. FEE, Gordon
D. Ouça o Espírito, Ouça a Palavra. São Paulo: Vida Nova, 2007.
3. O Evangelho que Paulo pregava
havia sido aprovado pelos apóstolos em Jerusalém. A
mensagem de Paulo, como já dissemos, era a mesma dos apóstolos, mas o público
era diferente. E os apóstolos de Jerusalém reconheceram o ministério de Paulo e
a mensagem que ele pregava, o apóstolo comenta que “deram-nos às destras, em
comunhão, comigo e com Barnabé, para que fôssemos aos gentios, e eles, à
circuncisão” (Gl 2.9).
• Embora tivesse recebido sua comissão diretamente de
Cristo, Paulo não agia de forma isolada. Ele sabia que a unidade da Igreja
dependia da clareza doutrinária e da comunhão entre os que anunciavam o
Evangelho. Por isso, foi até Jerusalém, não para buscar aprovação humana, mas
para confirmar que o Evangelho que pregava entre os gentios era, de fato, o
mesmo anunciado pelos apóstolos entre os judeus (cf. Gl 2.1–2). E o resultado
dessa visita foi marcante: em vez de divisão, houve reconhecimento mútuo e
comunhão real. Quando Paulo diz que “nos deram as destras da comunhão” (Gl
2.9), ele usa uma expressão que, no contexto cultural da época, simbolizava
aceitação, aliança e parceria. Era um gesto de confiança. Pedro, Tiago e João,
reconhecidos como colunas da igreja em Jerusalém, estenderam a mão a Paulo e
Barnabé, não como estranhos, mas como irmãos que compartilham o mesmo chamado,
servindo em contextos diferentes, mas sob o mesmo Senhor. Como afirma o
Comentário Bíblico Beacon, “o reconhecimento de Paulo não foi meramente
institucional, mas espiritual, baseado na evidência da graça que operava em seu
ministério”¹. Essa cena é profunda:
homens com histórias, perfis e públicos distintos, mas unidos por uma mensagem
única: o Evangelho da graça. A missão de Paulo era alcançar os gentios; a dos
demais, os judeus. Mas a essência era a mesma: Cristo crucificado, ressurreto,
e suficiente para a salvação de todos os que creem. Não havia um “Evangelho
judaico” e outro “gentílico”. Havia apenas o Evangelho de Cristo que atravessa
culturas sem perder sua identidade. E essa unidade doutrinária é um exemplo
poderoso para nossos dias. Quantas divisões nas igrejas poderiam ser evitadas
se compreendêssemos que a diversidade de públicos não exige diversidade de mensagens,
mas sim sabedoria pastoral para aplicar o mesmo Evangelho com fidelidade e
sensibilidade. Como observa o exegeta e teólogo pentecostal ítalo-americano, Anthony
D. Palma (1926-2023), “a missão da igreja é universal, mas o conteúdo da sua
mensagem deve permanecer inalterado”².
Aqui há uma lição preciosa para nós: comunhão verdadeira só é possível quando o
Evangelho é o mesmo. Precisamos entender que a base da nossa unidade não está
nos métodos, nas tradições ou nas preferências culturais, mas na fidelidade ao
Evangelho tal como nos foi entregue, uma mensagem que continua sendo o poder de
Deus para a salvação de todo aquele que crê (Rm 1.16). Que a nossa geração seja
conhecida não por reinventar o Evangelho, mas por vivê-lo com fidelidade e
proclamá-lo com coragem._______________
1. BEACON HILL
PRESS. Comentário Bíblico Beacon: Gálatas. Vol. 9. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
2. PALMA,
Anthony D. A Obra do Espírito Santo. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.
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SUBSÍDIO I
Professor(a) dê
início ao tópico fazendo a seguinte pergunta: “Por que Paulo conta sua história
de vida para os gálatas?”. Incentive a participação dos alunos e depois
explique que “Paulo não conta a sua história para impressionar os gálatas. Ele
não o faz com o objetivo de comover os seus leitores, e sim para mostrar que
ele tinha autoridade para pregar e defender o Evangelho aos gentios. As
circunstâncias ruins que foi preciso enfrentar não ditaram como Paulo escolheu
vê-las. Seu serviço a Cristo lhe trouxe tristeza, privação, e pobreza, mas em
meio a todas estas circunstâncias, nunca perdeu de vista a perspectiva divina.
Este conhecimento permitiu que se regozijasse nas tristezas, percebendo que
através de sua pobreza trouxe a riqueza do céu para as almas empobrecidas.
Embora o mundo o visse como não possuindo nada, Paulo sabia que possuía ‘todas
as bênçãos espirituais’ em Cristo (Ef 1.3)”. (Adaptado de Comentário
Bíblico Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, pp.1098,1099).
II. RELEMBRANDO O PASSADO
1. Escolhido por Deus. Paulo
fora escolhido, mesmo com o seu currículo questionável antes de conhecer Jesus.
O que ele fazia como perseguidor da Igreja é relatado por ele mesmo quando
discursa ao rei Agripa: “[...] E, havendo recebido poder dos principais dos
sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e, quando os matavam, eu
dava o meu voto contra eles” (At 26.10). Paulo se voltara contra os seguidores
de Jesus, e com autorização dos líderes judeus, prendeu muitos crentes, e deu
seu voto favorável até para a execução de alguns deles. Ele ainda acrescenta:
“E, castigando-os muitas vezes por todas as sinagogas, os obriguei a blasfemar.
E, enfurecido demasiadamente contra eles, até nas cidades estranhas os
persegui” (At 26.11). Como se fosse pouco o que havia feito, ele se recorda de
que utilizou as sinagogas como ambiente de castigo aos seguidores de Jesus, e
fez com que crentes chegassem a blasfemar do nome do Salvador. Ele não limitou
sua perseguição a Jerusalém, e relata que perseguiu cristãos até em cidades que
não faziam parte dos limites de Israel. É possível ser uma pessoa cumpridora
dos seus deveres, religiosa e, mesmo assim, detestar Jesus e a sua Igreja.
• É interessante a abordagem que as Escrituras fazem dos
grandes personagens da fé. O que fazer com um passado vergonhoso? Ignorar?
Esquecer? Disfarçar? Todos eles são expostos na narrativa bíblica, e com Paulo não
é diferente. Ele encara sua história com honestidade e nos ensina a fazer o
mesmo. Ao testemunhar diante do rei Agripa, ele não suaviza os fatos. Conta,
sem rodeios, que prendeu cristãos, votou pela morte de alguns deles e, tomado
de ódio, invadiu sinagogas para forçar seguidores de Jesus a negarem a fé (Atos
26.10, 11). E como se não bastasse, levou sua fúria além das fronteiras de Israel,
perseguindo os discípulos até em cidades estrangeiras. A expressão usada em
Atos 26.11, no grego, é forte: ἐμμαινόμενος (emmainómenos), traduzida como “enfurecido”.
Ela carrega a ideia de alguém fora de si, tomado por ódio incontrolável. Essa
era a fúria de Paulo contra Cristo e contra a Igreja. E, no entanto, foi esse
homem que Jesus escolheu. Não apesar disso, mas justamente para mostrar até
onde a graça pode ir. Como afirma o autor do Comentário Bíblico Pentecostal NT,
French L. Arrington, “a conversão de Paulo demonstra que nenhum passado é
irrecuperável para Deus”¹. Isso
precisa nos confrontar. Vivemos dias em que o cristianismo muitas vezes se
reduz a comportamentos religiosos, aparência de piedade e boa reputação. Mas
Paulo mostra que é possível ser profundamente religioso, zeloso e obediente às
tradições e ainda assim estar lutando contra o próprio Cristo. Ele cumpria
rituais. Tinha autoridade dos líderes judeus. Mas era inimigo da cruz. Como
ensinava o pastor Antônio Gilberto, “há muitos que vivem na igreja, mas ainda
não passaram pela cruz”². O
Evangelho não escolhe com base no passado, mas na soberania de Deus e na
eficácia da graça. Paulo não foi salvo porque merecia. Foi salvo para que todos
soubessem que ninguém está além do alcance da misericórdia. Como destaca
Douglas Oss, “a narrativa de Paulo é um testemunho poderoso de que o Espírito
Santo pode redirecionar até mesmo os mais endurecidos corações”³. E você? Tem tentado esconder suas
feridas? Tem evitado contar o que Deus te tirou? Paulo nos ensina que quando a
graça entra, o passado deixa de ser peso e se torna plataforma de testemunho. O
Senhor não te chama porque você é bom. Ele te chama para mostrar como Ele é
bom. E isso muda tudo._______________
1. ARRINGTON,
French L. Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Vol. 2. Rio de
Janeiro: CPAD, 2004.
2. GILBERTO,
Antônio. Introdução à Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.
3. OSS,
Douglas. In: STRONSTAD, Roger; ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico Pentecostal.
Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
2. Dias em Jerusalém. Paulo
menciona que esteve 15 dias em Jerusalém, e nesses dias, esteve com Pedro e
Tiago. Não nos é dito muito acerca desse tempo, mas a menção dos nomes de Pedro
e Tiago é importante, por serem colunas da Igreja (Gl 2.9). Os que se opuseram
a Paulo até poderiam ignorá-lo ou descredibilizá-lo. Mas em vez disso, não
somente o receberam como também reconheceram que os gentios poderiam ser
alcançados pela sua pregação. Era uma forma clara de dizer que ele não estava
pregando sem o conhecimento da igreja de Jerusalém.
• Pode parecer um detalhe pequeno, mas Paulo faz questão
de mencionar que passou quinze dias em Jerusalém (Gl 1.18). Não foi uma visita
protocolar, nem uma tentativa de buscar aprovação. Foi um tempo breve, mas
significativo. Nesse período, ele esteve com Pedro (Cefas) e Tiago, dois dos
nomes mais respeitados da igreja primitiva, líderes considerados colunas da fé
(Gl 2.9). Essa informação não é decorativa; ela é estratégica. Paulo estava
mostrando aos gálatas que sua mensagem não era solitária nem oculta, mas
reconhecida pelos principais líderes da igreja em Jerusalém. A visita a
Jerusalém serve como uma ponte entre o chamado celestial e o reconhecimento
terreno. Paulo já havia recebido o Evangelho por revelação direta de Cristo (Gl
1.12), mas esse encontro com Pedro e Tiago reforça que não havia contradição
entre o Evangelho que ele pregava e o Evangelho dos apóstolos originais. Como
observa o Comentário Bíblico Pentecostal, “o ministério de Paulo não era
isolado nem divergente, mas complementar ao dos demais apóstolos”¹. A aceitação que recebeu em Jerusalém
mostra que ele não agia fora da comunhão da Igreja mesmo que sua missão fosse a
campos ainda não alcançados. Os opositores de Paulo poderiam tentar
desacreditá-lo, dizendo que ele não fazia parte do grupo original. Mas ele
desmonta essa crítica com simplicidade: foi até Jerusalém, foi recebido, e foi
reconhecido. Nenhum dos apóstolos o censurou. Nenhum contestou sua mensagem.
Pelo contrário, entenderam que Deus estava agindo por meio dele para alcançar
os gentios, assim como agia entre os judeus através deles. Isso reforça uma
verdade essencial: o chamado de Deus pode ser pessoal, mas não é isolado, ele é
confirmado na comunhão do Corpo. Essa breve menção de quinze dias nos ensina
algo profundo. O tempo com pessoas maduras da fé não precisa ser longo para ser
significativo. O que importa é o alinhamento com a verdade. Paulo não foi a
Jerusalém para ser discipulado, mas para afirmar a unidade do Evangelho. Como
ensina Anthony D. Palma, “a harmonia entre os ministérios apostólicos é fruto
da obra do Espírito, não de um acordo humano”². A comunhão verdadeira nasce da fidelidade à mensagem, não da
uniformidade de métodos. O ministério que nasce da revelação deve caminhar em
aliança com a Igreja local e com a comunhão dos santos. Paulo não agia como um
“pregador independente”. Ele era livre, mas submisso ao Evangelho. Esta é uma
lição necessária a todos nós: a unção pessoal nunca pode ser desculpa para
caminhar longe do Corpo de Cristo. A graça que chama também ensina a caminhar
em unidade. _______________
1. ARRINGTON,
French L. et al. Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Vol. 2. Rio
de Janeiro: CPAD, 2004.
2. PALMA,
Anthony D. A Obra do Espírito Santo. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.
3. Pedro e Tiago. Como
vimos, Paulo faz menção de Pedro e Tiago, homens de Deus que lideravam a igreja
em Jerusalém. Essa menção fez com que os gálatas fossem informados de que o
apóstolo conhecia os ministros de Jerusalém, e que os respeitava. Ele não se
considerava superior a eles e pode não ter sido ordenado apóstolo por eles, mas
nunca os desprezou, pois na época em que eles começaram o ministério
apostólico, Paulo nem mesmo era convertido, razão pela qual jamais poderia ser
apóstolo no lugar de Judas. Deus havia reservado uma outra perspectiva
ministerial para Saulo.
• Ao mencionar Pedro e Tiago em sua carta, Paulo não
está apenas listando nomes conhecidos. Ele está enviando uma mensagem de
respeito e comunhão. Esses dois homens eram reconhecidamente líderes da igreja em
Jerusalém, eram tidos como colunas firmes da fé (Gl 2.9). A citação de seus
nomes era suficiente para mostrar aos gálatas que Paulo não caminhava sozinho,
nem em rebeldia. Ele sabia quem eram esses homens de Deus, os conhecia
pessoalmente e os honrava. Mesmo sem ter sido ordenado apóstolo por eles, Paulo
jamais os desprezou. Paulo também não se colocava como superior. Ele sabia
exatamente o tempo e o modo como Deus o chamou. Quando Pedro, Tiago e os demais
estavam iniciando o ministério apostólico, Paulo nem sequer era convertido. Ele
mesmo admite que, naquele tempo, perseguia a Igreja com fúria (Gl 1.13; At
26.10–11). Portanto, nunca reivindicou o lugar de Judas, o apóstolo traidor.
Esse lugar foi preenchido por Matias (At 1.26), por decisão e oração dos onze.
O chamado de Paulo era outro. Deus o reservou para uma missão à parte: levar o
Evangelho aos gentios, aos que estavam longe, fora das fronteiras de Israel
(cf. At 9.15). Essa distinção não gerou divisão, mas complemento. Como afirma
Hernandes Dias Lopes, “Pedro foi o apóstolo dos judeus; Paulo, o apóstolo dos
gentios. Dois ministérios diferentes, mas um só Evangelho”¹. Paulo não queria competir com Pedro, nem substituí-lo. Ele
compreendia que Deus levanta diferentes ministros para diferentes campos, com
um só propósito: glorificar Cristo e edificar a Igreja. E aqui está uma lição
prática para nossos dias: reconhecer o próprio chamado nunca deve nos levar a
desprezar os que vieram antes. Em tempos de disputas ministeriais, comparações
e vaidades, Paulo nos dá um exemplo de equilíbrio: firme em sua autoridade
apostólica, mas cheio de reverência por aqueles que Deus também havia
levantado. Como ensina Antônio Gilberto, “a humildade é o adorno indispensável
de quem foi verdadeiramente chamado por Deus”². A verdade prática aqui é
simples, mas profunda: ninguém precisa se impor quando foi de fato enviado por
Deus. Paulo sabia quem era, mas sabia também quem os outros eram. Não havia
necessidade de rivalidade, apenas de fidelidade. Que assim também seja entre nós,
que sejamos líderes e alunos que honram, que caminham em unidade e que vivem
para que Cristo seja visto, não o ego de ninguém._______________
1. LOPES,
Hernandes Dias. Gálatas – Comentários Expositivos Hagnos: A carta da liberdade
cristã. São Paulo: Hagnos, 2017.
2. GILBERTO,
Antônio. Manual do Obreiro. Rio de Janeiro: CPAD, 2001.
III. A DIFERENÇA DE UMA VIDA
TRANSFORMADA
1. Paulo, desconhecido na Judeia. Em
sua defesa, o apóstolo comenta que não era “conhecido de vista das igrejas da
Judeia”. Diferente do que temos em nossos dias, onde as redes sociais costumam
expor as fotos dos donos de perfis tornando-o conhecido, no primeiro século uma
pessoa só seria conhecida se aparecesse presencialmente em um lugar, se fosse
uma figura pública ou se já fosse conhecida anteriormente. Apesar de não ter
seu rosto manifesto, Paulo sabia que a sua fama de perseguidor chegara a vários
lugares, inclusive na Judeia.
• Paulo, ao defender seu ministério, menciona algo
curioso: ele não era conhecido “de vista” pelas igrejas da Judeia (Gl 1.22). Em
outras palavras, os irmãos de lá sabiam quem ele era pelo que tinham ouvido,
mas nunca tinham visto seu rosto pessoalmente. Isso pode soar estranho para
nós, que vivemos na era das redes sociais, onde basta uma imagem de perfil ou
um story para “conhecer” alguém. Mas no primeiro século, ser conhecido envolvia
presença real, convivência, testemunho visível. Mesmo assim, a fama de Paulo já
o havia precedido. Mas não era uma fama boa. Era conhecido como o antigo
perseguidor, aquele que aterrorizava os seguidores de Cristo. Seu nome ainda
carregava peso, mas era um peso negativo: medo, dor, memória de prisões e
mortes. Como destaca o Comentário Bíblico Beacon, “o passado de Paulo não
precisava de foto para ser lembrado, bastava o nome”¹. E ainda assim, o que se espalhava agora não era mais o terror
que ele causava, mas a transformação radical que a graça de Deus havia operado
em sua vida. Isso nos ensina algo poderoso: não é necessário ser visto para ser
lembrado, quando a graça de Deus está operando em nossa história. Paulo nos
mostra que o testemunho autêntico vai além da aparência; ele toca corações
mesmo à distância. Como observa Douglas Oss, “a autoridade espiritual não se
constrói com visibilidade pública, mas com integridade diante de Deus”². O rosto de Paulo era desconhecido,
mas a mudança em sua vida era inegável. E era disso que as igrejas falavam. Em
uma geração que valoriza likes, visibilidade e influência digital, Deus
continua procurando corações transformados, não perfis populares. A verdadeira
influência cristã não está em ser reconhecido por muitos, mas em ser
irrepreensível diante de Deus. Como dizia o pastor Antônio Gilberto: “O que
você é diante do espelho do céu é mais importante do que a imagem que projeta
diante dos homens”³. Paulo nos
lembra que a graça muda nossa identidade mais do que qualquer imagem pública. O
que as igrejas da Judeia diziam era simples, mas profundo: “Aquele que antes
nos perseguia, agora prega a fé que outrora procurava destruir” (Gl 1.23). E
isso diz tudo. A sua história também pode ser contada assim. A pergunta é: o
que será lembrado sobre você, sua aparência ou sua transformação?
_______________
1. BEACON HILL
PRESS. Comentário Bíblico Beacon: Gálatas. Vol. 9. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
2. OSS,
Douglas. In: ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico
Pentecostal: Novo Testamento. Vol. 2. Rio de Janeiro:
CPAD, 2004.
3. GILBERTO,
Antônio. Erros que os Pregadores Devem Evitar. Rio de Janeiro: CPAD, 2001.
2. Uma vida transformada. Que
poder é capaz de transformar a vida de uma pessoa? Por quais experiências uma
pessoa pode passar e fazer com que ela adquira um novo hábito, uma nova
perspectiva de vida? Existem formas, humanamente falando, com as quais uma
pessoa muda, como a de conclusão de um curso superior, a maternidade, a
formação militar, ou mesmo um desafio profissional. Em nossos dias, muitas
pessoas tomam tempo em nossos cultos contando, quando têm oportunidade, sobre o
seu passado. Passam bastante tempo falando as coisas que cometeram, e deixam
pouco espaço para falar o que Jesus fez. Se observarmos os escritos do
apóstolo, ele menciona, sim, parte da sua história, mas somente quando
estritamente necessário. As Cartas de Paulo no Novo Testamento se ocupam
extensivamente não da sua vida pessoal e do que ele era ou fazia antes do
Evangelho, mas sim do poder de Deus em sua vida e da forma como esse poder
estava disponível para salvar e transformar todos os homens. Não é difícil
qualificar uma pessoa pelas coisas que ela fez ou faz. Paulo tinha sido um
perseguidor até que se encontrou com Jesus. Não foram poucas as mazelas que ele
cometeu contra os santos e, num primeiro momento, a sua conversão foi colocada
em dúvida. Mas ele foi paciente e deixou que Deus tratasse do seu passado.
• Que força é capaz de mudar, de verdade, a trajetória
de uma vida? Há experiências que realmente marcam uma pessoa: a formatura de um
curso, a chegada de um filho, um desafio profissional superado, a disciplina de
uma formação militar. Tudo isso transforma, sim. Mas há uma transformação que
vai além da superfície. Há uma mudança que não apenas altera hábitos, mas
redefine identidade. E essa mudança só pode ser explicada pelo Evangelho de
Jesus Cristo. Paulo sabia o que era ter um passado pesado. Ele tinha sido
perseguidor, violento, implacável com os cristãos. Ainda assim, em suas cartas,
quase nunca vemos Paulo fazendo longos relatos sobre sua antiga vida. Ele só
menciona seu passado quando é estritamente necessário para defender a pureza do
Evangelho ou confirmar a ação da graça em sua vida (cf. Gl 1.13, 14; At 26.10, 11).
O foco de seus escritos não é ele mesmo. É Cristo em ação, o poder de Deus que
transforma perseguidores em proclamadores. Isso contrasta com o que vemos em
muitos cultos hoje: testemunhos longos sobre o que a pessoa fazia no mundo e
apenas uma frase apressada sobre o que Jesus fez depois. Paulo jamais faria
isso. Ele nos ensina que o poder do Evangelho não está no tamanho do pecado
passado, mas na profundidade da graça que nos alcançou. Como diz a Bíblia de
Estudo Pentecostal: “O Evangelho de Paulo gira em torno de Cristo crucificado,
ressuscitado e entronizado, não em torno do próprio Paulo”¹. A transformação verdadeira é aquela que deixa de tentar limpar o
passado com palavras e deixa que Deus o trate com tempo, frutos e silêncio
humilde. Paulo não forçou sua aceitação. Ele não exigiu que os outros o
entendessem logo. Ele deixou que o tempo mostrasse quem ele era agora. Como
observa Gordon D. Fee, “a nova criação é evidenciada mais pelas ações atuais do
que pelas palavras sobre o passado”².
O seu testemunho mais poderoso não é o que você diz que foi, é o que você vive
agora, no poder do Espírito Santo. O verdadeiro Evangelho não gira em torno da
sua história, mas da história de Jesus em você. E é essa história que o mundo
precisa ouvir._______________
1. BÍBLIA DE
ESTUDO PENTECOSTAL. Edição com comentários doutrinários. Rio de Janeiro: CPAD,
1995.
2. FEE, Gordon
D. Ouça o Espírito, Ouça a Palavra. São Paulo: Vida Nova, 2007.
3. O que as pessoas dizem acerca
de você? Paulo diz que os irmãos da Judeia
glorificavam a Deus pela vida dele. Em que aspecto residia a alegria daqueles
irmãos? No fato de que a fé em Jesus Cristo havia alcançado o coração do
perseguidor, e que ele estava anunciando a fé. Apesar da fama que ele havia
adquirido como algoz dos santos, Deus havia mudado a sua história de
perseguidor para perseguido. Paulo era um fariseu que encontrou o seu Messias,
e defenderia a sua mensagem até à morte. Enquanto a igreja era perseguida por
Paulo, Deus estava trabalhando. Foi Ele que conduziu Saulo para estrada de
Damasco. Os irmãos daquela localidade já sabiam da sua fama, mas o que parecia
ser uma extensão da perseguição dos crentes que residiam em Damasco seria o
ponto final na vida do perseguidor, que seria transformado em perseguido por
causa do Evangelho.
• É provocativa a pergunta deste subtópico, no entanto,
necessária! O que as pessoas dizem sobre você quando não está por perto? Paulo,
ao narrar sua história, diz algo precioso: “E glorificavam a Deus a meu
respeito” (Gl 1.24). Os irmãos da Judeia não o conheciam de perto, mas sabiam
da sua antiga fama. A notícia que circulava entre eles era impactante: o antigo
perseguidor agora pregava a mesma fé que antes tentava destruir. Isso não
gerava suspeita, gerava adoração. Eles não glorificavam a Paulo. Glorificavam a
Deus por aquilo que Ele tinha feito em Paulo. A alegria da igreja não estava na
fama do novo apóstolo, mas no poder de Deus que transformava histórias
improváveis. O fariseu Saulo se tornou o mensageiro Paulo. O caçador da Igreja
se tornou alvo da perseguição por causa dela. Aquele que antes prendia agora
era preso por amor ao Evangelho. Como afirma o Comentário Bíblico Champlin, “a
conversão de Paulo é uma das mais marcantes evidências da soberania divina em
ação, onde o inimigo é transformado em instrumento”¹. E é importante lembrar: enquanto Paulo perseguia, Deus
trabalhava. Enquanto os cristãos se escondiam, o céu desenhava um encontro na
estrada de Damasco. O nome de Saulo causava medo entre os discípulos. Mas Deus
já via nele um apóstolo aos gentios (At 9.15). A igreja via um problema. Deus
via uma promessa. A fama de Paulo havia chegado a Damasco, e os irmãos talvez
temessem o pior, mas o que parecia o prolongamento da perseguição seria, na
verdade, o fim do perseguidor e o nascimento do pregador. Essa história nos faz
pensar: o que as pessoas glorificam quando pensam em você? Sua aparência, seu
carisma, seus dons, ou a graça que te transformou? Paulo nos ensina que o maior
legado que alguém pode deixar não é um nome famoso, mas um testemunho que faz
com que outros glorifiquem a Deus. Como diz French L. Arrington, “o verdadeiro
ministério sempre direciona o louvor para Deus, e não para si mesmo”². Finalizando este subtópico, o tópico
e toda a lição, resta-nos uma verdade prática direta: “quando a graça nos
alcança, até o nosso passado se torna parte da história de Deus. E quando isso
acontece, as pessoas não veem mais apenas o que fomos, elas passam a ver o que
Deus é capaz de fazer”. Que a sua vida desperte a mesma reação: não
admiração, mas adoração ao Deus que transforma perseguidores em proclamadores
da fé. _______________
1. CHAMPLIN,
R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo:
Hagnos, 2014.
2. ARRINGTON,
French L. Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Vol. 2. Rio de
Janeiro: CPAD, 2004.
CONCLUSÃO
Nesta lição, estudamos uma parte
da vida de Paulo. Isso se deu porque foi necessário mostrar a origem do seu
apostolado e da sua mensagem aos gálatas. Não somente o ministério de Paulo
estava em jogo, mas igualmente a mensagem que ele havia ensinado àquelas
igrejas. Paulo nunca se esqueceu das atrocidades cometidas por ele contra a
Igreja de Deus, mas também deixou claro que a graça do Senhor o salvou, e que o
seu apostolado era um sinal do poder transformador, não da Lei, mas do
Evangelho.
• Toda a lição girou em torno da vida de Paulo, não para
focar em sua história pessoal, mas para entender a origem e a autoridade do seu
apostolado e da mensagem que ele trouxe às igrejas da Galácia. O que estava em
jogo não era só a reputação de Paulo, mas a pureza do Evangelho que ele
anunciava. Paulo não tentou esconder as atrocidades que cometeu contra a
Igreja, mas sempre apontou para a graça poderosa que o salvou. Seu ministério é
um testemunho vivo de que não somos justificados pela Lei, mas pela obra
transformadora do Evangelho. É essa mesma graça que continua disponível para
transformar vidas hoje. Que esta lição nos leve a reconhecer que, por mais
difícil que tenha sido o passado, a graça de Deus é maior e capaz de restaurar
e enviar cada um de nós para um propósito que glorifica o Senhor._______________
Meu
ministério aqui é um chamado do coração — compartilhar o ensino da
Palavra de Deus de forma livre e acessível, para que você, irmão ou irmã em
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HORA
DA REVISÃO
1. Por
que Paulo conta uma parte de sua história aos gálatas?
Paulo
não conta a sua história para impressionar os gálatas. Ele não faz com o
objetivo de comover os seus leitores, e sim para mostrar que ele tinha
autoridade para pregar e defender o Evangelho aos gentios.
2. Os
apóstolos de Jerusalém aprovaram o Evangelho pregado por Paulo?
Sim.
Eles reconheceram o ministério de Paulo e a mensagem que ele pregava.
3. Por
qual motivo os irmãos da Judeia deram graças a Deus?
Paulo
diz que os irmãos da Judeia glorificavam a Deus pela vida dele. Em que aspecto
residia a alegria daqueles irmãos? No fato de que a fé em Jesus Cristo havia
alcançado o coração do perseguidor, e que ele estava anunciando a fé.
4. As
Cartas de Paulo no Novo Testamento se ocupam extensivamente de quê?
As
Cartas de Paulo no Novo Testamento se ocupam extensivamente não da sua vida
pessoal e do que ele era ou fazia antes do Evangelho, e sim do poder de Deus em
sua vida e da forma como esse poder estava disponível para salvar e transformar
todos os homens.
5. Quem
conduziu Saulo para a estrada de Damasco?
Enquanto
a igreja era perseguida por Paulo, Deus estava trabalhando. Foi Ele que
conduziu Saulo para estrada de Damasco.