Pb Francisco Barbosa (@Pbassis)
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TEXTO PRINCIPAL
“Assim
como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo: se alguém vos anunciar
outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema.” (Gl 1.9).
ENTENDA O TEXTO PRINCIPAL:
- Paulo reforça enfaticamente sua
condenação a qualquer distorção do evangelho. A expressão grega ὡς προειρήκαμεν, καὶ ἄρτι πάλιν λέγω ("como já dissemos antes, também agora digo
novamente") usa o tempo perfeito no verbo proeirēkamen (προειρήκαμεν),
indicando uma declaração contínua e definitiva já feita anteriormente, ou seja,
não é algo novo, mas firmemente estabelecido. O verbo euangelízētai (εὐαγγελίζηται), traduzido como “anunciar evangelho”,
aparece no presente do subjuntivo com partícula condicional (ean / ἐάν), sugerindo qualquer possibilidade
futura de alguém pregar “outro evangelho”. Já o termo ἀνάθεμα (anáthema), usado para “maldito” ou “amaldiçoado”, carrega peso judicial e cultual,
referindo-se a algo ou alguém separado para destruição, um termo que, no
contexto judaico e greco-romano, denota repulsa e rejeição total. Assim, Paulo
não apenas protege o conteúdo do evangelho, mas traça um limite definitivo
contra qualquer corrupção doutrinária, mesmo que venha revestida de autoridade
apostólica ou celestial.
RESUMO DA LIÇÃO
Nem
toda mensagem aparentemente cristã é verdadeiramente vinda de Deus.
ENTENDA O RESUMO DA LIÇÃO:
- Toda mensagem que distorce o
evangelho de Cristo, ainda que pareça cristã, seja eloquente ou venha revestida
de autoridade, não procede de Deus, mas está sob maldição divina. O verdadeiro
evangelho não admite adições, adaptações ou alternativas.
TEXTO BÍBLICO
Gálatas
1.6-10.
6. Maravilho-me de que tão depressa
passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho,
• Outro evangelho. Paulo denuncia vigorosamente qualquer
evangelho diferente daquele que ele pregou aos gálatas. O termo indica uma
heresia que dilui ou corrompe o evangelho verdadeiro. A salvação pela graça
mediante a fé em Cristo, sem as obras da lei, era o cerne do evangelho que
Paulo havia recebido de Cristo (cf. 1.11-12). A rápida aceitação pelos gálatas
de uma falsa doutrina revela sua vulnerabilidade espiritual. [Comentário BEP];
• Paulo expressa surpresa com a
“deserção” espiritual dos gálatas, uma mudança rápida que beira à traição da
Pessoa que os chamou – Deus em Cristo O verbo grego usado significa desertar,
como um soldado que abandona o exército. [Comentário MacArthur]
7. o qual não é outro, mas há
alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo.
• Transtornar o evangelho de Cristo. Indica distorção, perverter a
mensagem original. Os judaizantes estavam perturbando os gálatas ao ensinar que
a fé em Cristo deveria ser complementada com a observância da lei mosaica. Tal
ensino desvirtua a essência do evangelho da graça. [Comentário BEP]
• Não se tratava apenas de uma variação,
mas de uma distorção intencional do evangelho. Os que perseguiam esse “outro
evangelho” agitavam e invertiam a mensagem da graça [Comentário MacArthur]
8. Mas, ainda que nós mesmos ou
um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado,
seja anátema.
• Seja anátema. Um termo grego (anáthema) que
significa “amaldiçoado”, ou “separado para destruição eterna”. Paulo usa
linguagem forte para demonstrar que não há lugar para outro evangelho, mesmo
que venha de fontes aparentemente divinas. A integridade do evangelho é
inegociável. [Comentário BEP]
• Paulo destaca a autoridade absoluta do
evangelho da graça. Nenhum mensageiro, nem mesmo um anjo, pode substituir ou
complementar a mensagem original – quem o fizesse, enfrentaria maldição divina [Comentário
MacArthur]
9. Assim como já vo-lo
dissemos, agora de novo também vo-lo digo: se alguém vos anunciar outro
evangelho além do que já recebestes, seja anátema.
• Paulo reforça a advertência do
versículo anterior, mostrando a gravidade do erro doutrinário. Repetir a
advertência mostra a urgência do apelo apostólico contra a corrupção da
mensagem da salvação. [Comentário BEP]
• A repetição da maldição evidencia a urgência
e gravidade do tema: qualquer acréscimo humano nula a suficiência da cruz e da
graça [Comentário MacArthur]
10. Porque persuado eu agora a
homens ou a Deus? Ou procuro agradar a homens? Se estivesse ainda agradando aos
homens, não seria servo de Cristo.
• Paulo contrapõe seu compromisso com
Deus ao desejo de agradar os homens. A defesa do evangelho autêntico exige
fidelidade a Cristo, mesmo diante de impopularidade ou perseguição. A
verdadeira pregação do evangelho confronta o pecado e não visa agradar, mas
salvar. [Comentário BEP]
• Paulo reafirma sua lealdade a Cristo,
não ao aplauso humano. Formular ou adaptar o evangelho para agradar as pessoas
diminuiria sua autoridade como mensageiro de Cristo [Comentário MacArthur]
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INTRODUÇÃO
Após se apresentar como remetente da
Carta aos Gálatas, identificando-se como apóstolo da parte de Deus, e
mencionando que Jesus Cristo ressuscitou dentre os mortos, Paulo passa
diretamente ao assunto que pretende tratar com os irmãos: a incursão de ideias
e práticas judaizantes na comunidade dos santos, e as consequências dessas
ideias na vida dos irmãos.
- Paulo inicia sua carta aos gálatas não
com saudações calorosas ou orações longas, mas com a força de um trovão que
rompe o silêncio espiritual da negligência doutrinária. Seu tom urgente e quase
abrupto revela um coração inflamado pela glória de Cristo e pela fidelidade ao
verdadeiro evangelho. Após se identificar como apóstolo, não da parte de homens (Gl 1.1), ele
evoca a autoridade celestial de sua missão apostólica, fundamentando-a na ressurreição de Jesus Cristo,
o evento central que autentica toda a fé cristã (1 Co 15.14). A palavra grega
usada para “ressuscitou” é ēgeiren
(ἤγειρεν), no aoristo,
indicando um ato definitivo de Deus Pai: Cristo
foi levantado com poder, triunfando sobre todo sistema religioso morto.
Assim, desde o início, Paulo desloca a autoridade do judaísmo legalista para o
evangelho da graça. O contexto histórico e teológico não poderia ser mais
dramático. A jovem comunidade da Galácia estava sendo seduzida por mestres
judaizantes, homens que, embora usassem o nome de Cristo, pregavam um evangelho adulterado,
adicionando a observância da Lei mosaica como pré-requisito para a
justificação. Era a antiga heresia do “Cristo + algo”, neste caso, “Cristo +
circuncisão”. O evangelho, no entanto, não é um terreno de sincretismo, mas de
exclusividade absoluta. Como afirma Hernandes Dias Lopes: "A salvação não
é pela fé mais as obras, é pela fé somente; não é pela graça mais a lei, é pela
graça somente"¹. Essa crise doutrinária não era um mal
menor, mas uma afronta direta ao sacrifício de Cristo. Por isso, Paulo parte
direto ao ponto, sem diplomacia, como um pastor que vê o lobo dentro do
aprisco. O verbo usado por Paulo em Gálatas 1.6, metatithesthe (μετατίθεσθε), traduzido como
“passásseis” ou “mudando”, traz a ideia de desertar ou transferir lealdade, um termo
frequentemente usado para descrever traição militar. Ou seja, os gálatas não
estavam apenas sendo enganados, estavam
abandonando o chamado de Deus para um outro evangelho, que, na
verdade, “não é outro”
(v.7), como explica o Comentário Pentecostal do Novo Testamento².
Paulo os confronta com a gravidade do ato: não se trata apenas de erro
doutrinário, mas de ruptura com o próprio Deus que os chamou pela graça. Craig
S. Keener observa: "Modificar
o evangelho é colocar-se sob a maldição que recai sobre qualquer usurpador da
obra de Cristo". Em outras palavras, não se trata de uma
questão acadêmica — é uma questão de vida ou morte eterna. O erro comum, hoje
como ontem, é tratar o evangelho como um produto personalizável: ajustável às
demandas culturais, gostos pessoais e modismos religiosos. Pregadores que
relativizam a cruz, que omitem o arrependimento, ou que negociam princípios em
troca de popularidade, estão repetindo a falha galaciana: proclamando “outro evangelho”, que não
salva, não liberta, e não glorifica a Cristo. E, como reforça
John MacArthur, "qualquer evangelho que minimize a graça ou exalte o
mérito humano é maldição disfarçada de piedade"³. Desviar-se do evangelho puro é trocar o
tesouro da graça pelas algemas da religião. O verdadeiro evangelho exalta
somente a Cristo e sua obra suficiente na cruz. Qualquer acréscimo, por mais
piedoso que pareça, é traição espiritual. Examine hoje sua fé.
Está firmada exclusivamente na graça de Cristo ou contaminada por exigências
humanas? Você depende somente da do Evangelho ou observa normas e mandamentos
humanos? Você vive com a segurança da obra completa da cruz ou carrega pesos
que Cristo já levou? Volte-se para a suficiência de Cristo e renuncie todo
falso evangelho — mesmo aquele disfarçado de zelo religioso._______________
1.
LOPES, Hernandes
Dias. Gálatas – A carta da
liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2011.
2.
ARRINGTON, French L.;
STRONSTAD, Roger. Comentário
Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Vol. 2. Rio de Janeiro:
CPAD, 2004.
3.
MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur.
São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2011.
I.
UM APÓSTOLO SURPRESO
1. Paulo se mostra impressionado. O
apóstolo Paulo se declara surpreso com os irmãos gálatas. Os leitores dessa
Carta eram pessoas que já haviam aceitado a Jesus. Já conheciam o Evangelho e
já haviam experimentado o arrependimento e o perdão dos pecados, mas estavam
trilhando uma rota não planejada por Deus. Ele escreve “Maravilho-me de que tão
depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro
evangelho” (Gl 1.6). O espanto de Paulo não foi advindo de milagres acontecendo
naquelas igrejas, ou de conversões de pagãos ou mesmo por pessoas estarem sendo
cheias do Espírito. O que deixou Paulo espantado foi não só o fato de os
gálatas atentarem para um Evangelho diferente do que ele havia pregado, mas
também pelo fato de que esse “novo evangelho” incentivava os gálatas a
desconsiderarem a graça e tentarem, por meio de obras, pagar uma dívida que
eles jamais quitariam. Paulo destaca a expressão “tão depressa” para marcar não
só a inconstância dos gálatas, mas também o pouco tempo que levaram para ser
convencidos de uma outra doutrina. Não deve nos espantar que entre o povo de
Deus haja pessoas que sejam atraídas por novos ensinos, e que com facilidade se
deixem levar por doutrinas que nada tem de respaldo nas Escrituras. A pouca
firmeza no que tinham aprendido e a incapacidade de julgarem uma doutrina como
errada nos serve de exemplo para que nos firmemos no exercício da verdade.
- O que impressionou Paulo ao escrever aos
gálatas não foi a movimentação de dons espirituais, nem as notícias de grandes
colheitas evangelísticas entre os gentios. O que o chocou profundamente foi ver
uma igreja outrora regenerada pela graça, agora seduzida por um sistema que
anulava a cruz. A palavra que ele usa em Gálatas 1.6, thaumazō (θαυμάζω),
traduzida como “maravilho-me”, revela não mera surpresa, mas um espanto
atônito, uma perplexidade dolorosa diante de uma tragédia espiritual: crentes
regenerados abandonando a liberdade do evangelho e retornando ao jugo da lei. A
construção verbal usada por Paulo aponta para uma mudança abrupta de posição,
quase como uma deserção em campo de batalha. Não se tratava de mera dúvida
doutrinária, mas de infidelidade ao próprio Deus que os havia chamado pela
graça de Cristo. Esses irmãos haviam começado bem. Tinham experimentado o
perdão, a justificação e o poder do Espírito Santo. No entanto, agora, estavam
trilhando um caminho não planejado por Deus. O texto grego usa o verbo metatithesthe (μετατίθεσθε),
indicando transferência, deslocamento de lugar ou mudança de aliança. Eles
estavam trocando a suficiência da graça por uma suposta segurança baseada em
obras, como se pudessem pagar com méritos próprios uma dívida eterna. Como
comenta Hernandes Dias Lopes, “o maior perigo da igreja não está fora dela, mas
dentro dela, quando o evangelho é sutilmente corrompido com vestes de
religiosidade”¹.
Paulo usa a expressão “tão depressa” (ταχέως
– tacheōs) para marcar a velocidade dessa queda. A apostasia não é
sempre gradual. Às vezes, ela é repentina, provocada por discursos persuasivos,
porém letais. O problema não era apenas teológico. Era espiritual, pastoral e
existencial. A graça estava sendo trocada pela performance, a cruz pelo esforço
humano, a liberdade pelo legalismo. E como alerta o Comentário Bíblico Beacon,
“a tentativa de completar pela carne aquilo que o Espírito começou é a mais
sutil forma de apostasia”². Paulo não suaviza o diagnóstico. Seu
espanto é o espanto de um pai que vê filhos espirituais se jogando no abismo da
religiosidade. Como bem observa o pastor Antônio Gilberto, “quando a igreja
deixa de valorizar a doutrina, ela se torna vulnerável a todo tipo de vento de
ensino, por mais bonito e atrativo que pareça”³. O erro dos gálatas se repete
hoje em muitas comunidades que abandonam a centralidade da cruz por modismos,
fórmulas ou regras humanas travestidas de santidade. O problema não está apenas
nas heresias escancaradas, mas naquelas que se escondem sob uma capa de zelo,
mas negam a suficiência de Cristo. O que poucos percebem é que qualquer
evangelho que exija mais do que a fé na obra completa de Jesus já não é
evangelho. É escravidão. Como destaca Craig Keener, “a corrupção do evangelho
geralmente começa com acréscimos bem-intencionados que acabam por usurpar o próprio
fundamento da salvação”⁴. Abandonar a graça de Cristo, ainda que por
zelo religioso, é rejeitar o único meio de salvação oferecido por Deus. A
fidelidade ao verdadeiro evangelho exige discernimento, constância e profundo
apego às Escrituras. Quem não conhece a verdade com profundidade, se tornará
presa fácil de qualquer mentira bem-embalada._______________
1.
LOPES, Hernandes
Dias. Gálatas – A carta da
liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2011.
2.
RUSSELL, Stanley D.
(ed.). Comentário Bíblico
Beacon – Gálatas. Vol. 9. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
3.
GILBERTO, Antonio. Manual da Escola Dominical.
Rio de Janeiro: CPAD, 1998.
4.
KEENER, Craig S. The IVP Bible Background Commentary: New
Testament. Illinois: InterVarsity Press, 1993.
2. Da graça para a lei. A
surpresa de Paulo se dá por causa da mudança que os gálatas fizeram, de
passarem da graça de Deus para a Lei de Moisés. Como isso se deu? Eles
receberam um ensino em que, para que pudessem realmente ser salvos, deveriam
ser circuncidados e seguir a lei dada aos hebreus por Deus. Bastou o apóstolo
se afastar do convívio daqueles irmãos que logo eles deram crédito a outra
pregação diferente da que haviam recebido originalmente. Como veremos, Paulo
deixa implícito que a lei e a graça, em que pese serem expressões que remontem
a história de Israel e o plano da Salvação, possuem atribuições diferentes.
- A surpresa de Paulo não foi apenas o
fato de os gálatas estarem ouvindo um “outro evangelho”, mas a natureza dessa
falsa mensagem: uma regressão espiritual da graça para a lei. Eles estavam
abandonando a nova aliança firmada no sangue de Cristo para retornar à antiga aliança
firmada no Sinai. Isso era, em essência, voltar
às sombras após conhecer a realidade. Como Paulo afirma mais
adiante em Gálatas 5.4, “vós, os que vos justificais pela lei, da graça
decaístes”. Não se tratava apenas de um erro doutrinário — era uma negação da
suficiência da obra de Cristo e um retorno à escravidão espiritual. A
infiltração judaizante foi sutil, mas devastadora. Esses falsos mestres não
negavam abertamente Cristo, mas afirmavam
que a fé n’Ele não era suficiente para a salvação. Ensinavam
que era necessário também guardar a Lei mosaica, especialmente a circuncisão
(cf. Gl 2.3-5; 5.2-3). Como bem observa Anthony D. Palma, “a armadilha do
legalismo é que ele se apresenta como um complemento à fé, quando, na verdade,
a substitui”¹.
A linguagem de Paulo em Gálatas 1.6-7 é clara: ao aceitar essa “outra
pregação”, os gálatas estavam sendo transferidos (metatithesthe) de Deus para outro centro de fé,
como desertores abandonando um exército. O abandono da graça não acontece
sempre por rebeldia consciente, mas por seduções doutrinárias que parecem
espirituais, mas são veneno disfarçado de piedade. Paulo deixa implícito e
depois explicita de forma contundente que lei e graça não ocupam o mesmo espaço redentivo.
A Lei foi dada como aio (paidagōgos,
Gl 3.24) para conduzir o povo até Cristo, mas jamais teve o poder de
justificar. Hernandes Dias Lopes afirma com clareza: “a Lei revela o pecado,
mas não pode redimir. É a graça que perdoa, transforma e salva”². O
erro dos gálatas foi não discernir que aquilo que era símbolo, sombra e
preparação no Antigo Testamento agora havia sido cumprido e superado em Cristo.
Como escreve Craig S. Keener, “voltar à lei como base de salvação é negar que a
cruz foi suficiente”³. Era como tentar voltar ao ventre depois de
nascer. O que poucos percebem, é que o
legalismo sempre se mascara como zelo espiritual! Cuidado com
regras travestidas de santidade! Os judaizantes provavelmente usavam argumentos
bíblicos, falavam em nome da tradição de Moisés, apelavam à autoridade das Escrituras
Hebraicas. Mas perdiam a centralidade da cruz. A armadilha da religiosidade é
que ela se veste de reverência enquanto nos desvia da dependência do Espírito.
Como afirmou o pastor Antônio Gilberto, “toda ênfase doutrinária que tira os
olhos de Cristo e coloca nos ritos ou méritos humanos é perigosa e antibíblica”⁴. Trocar a graça pela lei é abandonar o
coração do evangelho. A salvação é totalmente pela fé em Cristo, e qualquer
acréscimo a isso é uma negação da cruz. Só há duas estradas: a da graça que
salva, ou a da lei que condena. O evangelho puro não admite mistura. _______________
1.
PALMA, Anthony D. A Obra do Espírito Santo.
Rio de Janeiro: CPAD, 2002.
2.
LOPES, Hernandes
Dias. Gálatas – A carta da
liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2011.
3.
KEENER, Craig S. The IVP Bible Background Commentary: New
Testament. Illinois: InterVarsity Press, 1993.
4.
GILBERTO, Antonio. Manual de Doutrinas Bíblicas.
Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
3. Outro Evangelho. A
palavra “outro”, na língua portuguesa, é um pronome indefinido utilizado de
forma ampla, para designar algo ou alguma coisa que seja da mesma natureza, que
seja semelhante, ou que seja de outra natureza. Para definir o exato
significado, precisaremos saber o contexto em que essa palavra está sendo
usada. Na língua grega, a palavra “outro” tem duas percepções distintas,
advindas igualmente de duas palavras apontadas: allós,
que significa “outro da mesma espécie”, e heteros,
“outro de outra espécie”. Enquanto na primeira designação a opção apresentada é
a de um objeto ou ser da mesma espécie, com possíveis variações, tais como um
tigre e um leão, que mesmo sendo animais diferentes entre si, são felinos. Por
sua vez, a palavra heteros, “outro” de outra
espécie, tais como um cão e um gato. São seres criados, mas diferentes entre si
por serem de espécies diferentes. Por isso Paulo comenta: “[...] para outro
evangelho, o qual não é outro” (Gl 1.6,7). É possível que hoje sintamos a mesma
surpresa com que o apóstolo se deparou ao saber da notícia da mudança daqueles
irmãos. Mas mesmo em nossos dias, é possível ver irmãos na fé sendo convencidos
por doutrinas que não foram ensinadas com a correta interpretação dos textos
bíblicos, dando ouvidos a instruções que buscam acrescentar à Palavra o que ela
não diz. Os gálatas tinham sido evangelizados e ensinados por Paulo, e não
perceberam que a mensagem dos judaizantes era um falso evangelho. Eles não
negaram, oficialmente, o sacrifício de Jesus, mas acrescentaram argumentos que
acharam guarida no pensamento daquelas igrejas. Era uma mensagem aparentemente
piedosa, mas que negava a eficácia do Evangelho. Por meio desse ensino, a graça
de Deus estava sendo questionada.
- O que Paulo denuncia com veemência em
Gálatas 1.6-7 é mais do que uma simples confusão doutrinária. É uma distorção
que ameaça a essência do evangelho: a substituição da graça de Deus por um
sistema de méritos humanos. O apóstolo utiliza intencionalmente duas palavras
gregas que, em português, seriam indistintamente traduzidas como “outro”, mas
que no original revelam verdades teológicas profundas. Ao escrever que os
gálatas estavam se voltando para “outro
evangelho”, Paulo usa “heteros” (ἕτερος), que significa “de
outra espécie”, ou seja, um evangelho completamente
diferente daquele que haviam recebido. Em seguida, ele declara
que esse evangelho “não é
outro”, e então usa “allos” (ἄλλος), indicando que nem
sequer é uma variação legítima
do verdadeiro. É uma falsificação, um corpo estranho ao
evangelho apostólico, uma mutação doutrinária inaceitável. O problema dos
gálatas não foi apenas teológico, foi espiritual e perceptivo. Eles não
reconheceram o perigo por trás daquilo que parecia piedade. Os judaizantes não
estavam negando abertamente a fé cristã, mas diluindo-a com acréscimos à graça, como se
a obra de Cristo não fosse suficiente sem a guarda da Lei. Esse “evangelho
diferente” parecia familiar, bíblico, até piedoso — mas era letal. Como ensina
o teólogo Robert Menzies, "o perigo do falso evangelho é que ele se parece
com o verdadeiro, mas opera com fundamentos diferentes: confiança na carne em
vez da fé no Cristo crucificado”¹. É a sutil perversão da verdade, como uma
água limpa com uma gota de veneno. Hoje, enfrentamos a mesma realidade. Quantas
igrejas e pregadores proclamam, com fervor e até com aparência de autoridade
espiritual, um evangelho que é, na prática, heteros: centrado no esforço
humano, nas regras, nas performances, nos ritos, na prosperidade ou nas emoções
religiosas. Eles usam linguagem cristã, mas transmitem conceitos que negam, na raiz, a suficiência da cruz.
Amos Yong alerta: “um evangelho que não depende inteiramente da graça deixa de
ser evangelho, e torna-se instrumento de opressão disfarçado de revelação”².
Os gálatas foram enredados porque ouviram um ensino com aparência de verdade,
mas que carregava um outro espírito e outra base. Como afirma Craig S. Keener:
“as heresias mais perigosas não são as que negam a Bíblia, mas as que a usam de
forma distorcida”³. Um erro comum é pensar que, porque uma mensagem cita a
Bíblia ou invoca o nome de Jesus, ela é automaticamente verdadeira. Isso é um
engano grave. O próprio Satanás citou as Escrituras para tentar o Senhor (Mt
4.6). A veracidade do evangelho não está apenas no seu vocabulário, mas no seu conteúdo redentor e na sua fidelidade à
cruz. Como escreve Hernandes Dias Lopes: “O evangelho não é uma
construção humana, é uma revelação divina. Ele não pode ser adaptado, ajustado
ou embelezado — apenas crido e proclamado com fidelidade”⁴. Nem todo evangelho pregado nos púlpitos
é o evangelho de Cristo. O evangelho verdadeiro aponta somente para a
suficiência da graça, a centralidade da cruz e o senhorio de Cristo. Qualquer
mensagem que acrescente exigências humanas para a salvação, ainda que pareça
piedosa, é heteros, de outra espécie.
E, como Paulo disse, não é evangelho._______________
1.
MENZIES, Robert P. Empowered for Witness: The Spirit in
Luke-Acts. T&T Clark International, 2004.
2.
YONG, Amos. Spirit of Love: A Trinitarian Theology
of Grace. Baylor University Press, 2012.
3.
KEENER, Craig S. The IVP Bible Background Commentary: New
Testament. Downers Grove: InterVarsity Press, 1993.
4.
LOPES, Hernandes
Dias. Gálatas – A carta da
liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2011.
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SUBSÍDIO
I
“Falsos
professores tinham vindo à Galácia para tentar persuadir os gálatas a rejeitar
o ensinamento de Paulo e aceitar ‘outro evangelho.’ A sua mensagem ensinava que
a salvação espiritual e um relacionamento correto com Deus envolviam não apenas
a fé em Cristo, mas também a integração com a fé dos judeus, por meio da
circuncisão (5.2; veja Rm 2.29, nota: Fp 3.2), da obediência à lei (3.5) e da
observância aos dias santos dos judeus (4.10). (1) A Bíblia afirma claramente
que há uma única mensagem verdadeira de salvação espiritual ‘o evangelho de
Cristo’ (v.7).
Ele nos vem pela ‘revelação de Jesus Cristo’ (v.12)
e pela inspiração do Espírito Santo. Este evangelho (as ‘boas-novas’ é a
verdadeira mensagem a respeito de Jesus) é definido e revelado na Bíblia, a
Palavra escrita de Deus. (2) Quaisquer ensinamentos, crenças ou ideias que se
originem de pessoas, igrejas ou tradições e não estejam expressos ou implícitos
da Palavra de Deus não fazem parte da verdadeira mensagem e não podem ser
incluídos no evangelho de Cristo (v.11). Mesclar essas noções e filosofias
criadas pelo homem com a mensagem original de Jesus é ‘transtornar o evangelho
de Cristo’ (v.7).” (Bíblia de Estudo Pentecostal para Jovens. Rio
de Janeiro: CPAD, 2023, p.1624).
II.
O ANÁTEMA
1. A inquietação dos gálatas. Um
falso ensino tem a capacidade de deixar as pessoas alvoroçadas e inquietas.
Paulo usa as palavras “vos inquietam e querem transtornar” (v.7) como um
indicativo de que, enquanto seus leitores liam a Carta, provavelmente havia
judaizantes entre eles. Um outro detalhe é que a mensagem deles deixava os
gálatas inquietos, em vez de descansarem na graça de Deus, eles passaram a
realizar obras da Lei, sendo eles mesmos, gentios. Uma mensagem que alvoroça os
crentes deve ser analisada com bastante cautela.
- Quando Paulo afirma em Gálatas 1.7 que
havia “alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo”,
ele está expondo um quadro alarmante: uma
igreja em convulsão interna, não por causa de perseguição externa, mas por
causa de um ensino corrosivo que se infiltrou como fermento sutil e destrutivo.
A palavra grega usada por Paulo para "inquietar" é tarassontes (ταράσσοντες),
que carrega o sentido de agitar, perturbar, abalar emocional e espiritualmente.
Já o verbo metastrepsai
(μεταστρέψαι), traduzido como "transtornar", significa literalmente
inverter, subverter, corromper por completo. Ou seja, esses falsos mestres não
estavam apenas trazendo uma opinião diferente, estavam inquietando o coração dos irmãos e
virando o evangelho do avesso, distorcendo sua essência
salvadora. Esses judaizantes aparentemente estavam entre os próprios leitores
da carta, possivelmente lendo ou ouvindo a mensagem ao lado dos gálatas. Por
isso o tom urgente e cortante de Paulo. Eles semearam dúvidas, impuseram cargas religiosas e roubaram a
segurança que vem da graça. A inquietação dos gálatas não era
obra do Espírito Santo, mas resultado direto da pressão legalista que exigia
práticas da Lei para que gentios fossem aceitos por Deus. Como observa o
Comentário Bíblico Pentecostal, “a mensagem dos judaizantes desestabilizava a
fé e a comunhão, gerando confusão em vez de edificação”¹. Em vez de descanso no
evangelho, os irmãos estavam sendo forçados à ansiedade de um sistema que nunca
pode salvar. O mais grave, porém, não é apenas o efeito psicológico ou social
do falso ensino, mas o seu juízo espiritual. Por duas vezes (Gl 1.8-9), Paulo
pronuncia uma sentença severa: “seja anátema”. A palavra
grega anáthema (ἀνάθεμα) era usada tanto na
Septuaginta quanto no contexto do Novo Testamento para indicar algo dedicado à destruição, algo
amaldiçoado e separado para o juízo. Não é uma simples
repreensão: é uma declaração de condenação eterna sobre qualquer um que
perverta o evangelho de Cristo. Como comenta John MacArthur: “Paulo não estava
sendo emocional, mas doutrinariamente rigoroso. Um evangelho corrompido é um
caminho certo para a perdição”². O que poucos percebem — e esse é o
diferencial do especialista — é que o
falso evangelho, ainda que provoque agitação e fervor, não gera paz, nem
maturidade espiritual. Ele alimenta o orgulho, a insegurança e
o controle humano. Como alerta Frank D. Macchia: “o Espírito Santo conduz à
liberdade e segurança na graça; o espírito da religiosidade produz medo,
performance e confusão”³. Toda mensagem que causa agitação sem
arrependimento genuíno, medo sem convicção bíblica, e culpa sem esperança,
precisa ser examinada com
rigor absoluto diante das Escrituras. Todo ensino que inquieta o coração do
crente, desviando-o da suficiência da cruz para o esforço humano, deve ser
rejeitado como maldito. O evangelho verdadeiro gera paz, convicção e segurança
em Cristo. Já o falso evangelho inquieta, confunde e aprisiona. Onde há
perturbação espiritual, é hora de voltar com urgência à simplicidade da graça._______________
1.
ARRINGTON, French L.;
STRONSTAD, Roger. Comentário
Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
2.
MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur.
São Paulo: SBB, 2011.
3.
MACCHIA, Frank D. Baptized in the Spirit: A Global
Pentecostal Theology. Grand Rapids: Zondervan, 2006.
2. Ainda que um anjo do céu. Os
anjos são conhecidos na Palavra de Deus como mensageiros do Eterno para tratar
de assuntos referentes aos seres humanos. Eles apareceram, no Antigo
Testamento, a Abraão, a Josué, a Gideão, aos pais de Sansão e a Isaías. No Novo
Testamento, apareceram à Maria, ao pai de João Batista, a Pedro e a Cornélio
entre outros. A presença deles geralmente, nas Escrituras, é acompanhada de uma
mensagem. Paulo mesmo recebeu a visita de um anjo quando estava indo a Roma em
um navio que estava afundando (At 27.23). Cornélio recebeu a visita de um anjo,
cuja mensagem foi: “As tuas orações e as tuas esmolas têm subido para memória diante
de Deus” (At 10.4). “Procure por Pedro” (At 10.5). O anjo não falou de Jesus ou
do Evangelho a Cornélio, mas lhe orientou a respeito de quem deveria chamar
para ouvir as Boas-Novas. Paulo deixa expresso que mesmo que um anjo,
identificando-se como sendo enviado por Deus, venha apresentar uma mensagem
diferente da sua, que seja considerado maldito. O apóstolo não teme usar esse
adjetivo, pois sabe que a pureza do Evangelho está em jogo naquelas igrejas.
- A frase contundente de Paulo em Gálatas
1.8: “Mas ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho
além do que já vos pregamos, seja anátema”, é uma das declarações mais solenes
e radicais do Novo Testamento. Ela não é fruto de exagero retórico, mas de um
zelo pastoral inflamado pelo amor à verdade. Paulo eleva ao extremo a sua
advertência: nem mesmo a
aparição gloriosa de um ser angelical, vindo do céu, da parte de Deus, teria
autoridade para alterar o evangelho eterno de Cristo. A
mensagem da cruz é tão definitiva, tão completa e tão intocável, que qualquer
outro anúncio, vindo até do mundo celestial, deve ser rejeitado com maldição. Ao
longo das Escrituras, os anjos de fato atuam como mensageiros do Altíssimo.
Eles anunciam promessas, transmitem ordens e reforçam a presença divina em
momentos decisivos. Gideão, Josué, Daniel, Maria e Pedro tiveram encontros com
esses seres celestiais. O próprio Paulo, durante a tempestade no mar (At
27.23), foi confortado por um anjo enviado por Deus. Contudo, há um limite
inegociável: os anjos
servem à revelação de Deus, mas não podem contradizê-la. Como
ensina Gordon D. Fee, "a autoridade da mensagem está na revelação de
Cristo, não na glória do mensageiro"¹. O caso de Cornélio em Atos 10 é
ilustrativo. Um anjo aparece com uma mensagem divina, mas não lhe prega o
evangelho. Ele o orienta a procurar Pedro, o pregador escolhido para anunciar a
salvação. Isso revela uma verdade profunda: Deus confiou a proclamação do evangelho não aos anjos, mas
à Igreja. A glória angelical jamais pode substituir a autoridade
do evangelho já revelado e registrado pelos apóstolos. O Espírito Santo não
delegou aos anjos a exposição das Boas-Novas; Ele ungiu homens e mulheres
salvos pela graça para essa missão. Por isso, Paulo é categórico: se qualquer ser, até mesmo celestial,
anunciar algo diferente da mensagem apostólica, seja considerado anátema (ἀνάθεμα), ou seja, separado para
destruição, maldito. O que poucos percebem, e que deve ser nosso alerta hoje, é
que o engano espiritual
mais perigoso muitas vezes vem travestido de experiências sobrenaturais.
Como já advertira o próprio Paulo em 2 Coríntios 11.14, “o próprio Satanás se transfigura em
anjo de luz”. A sedução do falso evangelho frequentemente se
apresenta com sinais, visões, revelações e “palavras proféticas” que soam
espirituais, mas que negam, direta ou sutilmente, a suficiência da obra de
Cristo. Como observa John MacArthur: “não importa quão extraordinária seja a
experiência — se ela contradiz a Escritura, é uma ilusão, e não uma revelação”². O evangelho de Cristo é a revelação
final e absoluta de Deus à humanidade. Nenhuma voz, humana, angelical ou
sobrenatural, tem autoridade para acrescentar ou alterar sua mensagem. Toda
revelação que não confirma, exalta e preserva a verdade da cruz deve ser
rejeitada como maldita. A fidelidade ao evangelho é mais importante que
qualquer experiência espiritual._______________
1.
FEE, Gordon D. Paulo, o Espírito e o Povo de Deus.
São Paulo: Vida, 2009.
2.
MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur.
São Paulo: SBB, 2011.
3. Anátema. A
palavra “anátema” é oriunda do hebraico herem,
e pode ter dois sentidos: algo devotado a uma divindade, e ao mesmo tempo
excluído da utilização humana, como o relatado em Josué 6.17, quando os
despojos de Jericó deveriam ser separados para Deus, não podendo ser usados
pelos israelitas, ordem que não foi seguido por Acã. Esse anátema foi tão sério
que Acã e sua família pagaram o preço da ganância com a vida. Mas o segundo
sentido é mais radical, pois representa anathematizo,
colocar debaixo de uma maldição. Mesmo que um anjo viesse até eles e lhes
ensinasse um outro Evangelho, que fosse maldito e condenado.
- Poucas palavras nas Escrituras carregam
um peso tão solene e terrível quanto anátema.
Quando o apóstolo Paulo, movido pelo Espírito Santo, escreve em Gálatas 1.8–9
que “ainda que um anjo do céu…
vos anuncie outro evangelho além do que já vos pregamos, seja anátema”,
ele não está fazendo uma hipérbole emocional. Ele está declarando, com toda a
autoridade apostólica, que qualquer
um que corrompa o evangelho da graça de Cristo está, diante de Deus, sob
maldição eterna. O
termo grego anáthema
(ἀνάθεμα) tem raízes
no hebraico ḥērem (חֵרֶם), usado extensivamente no Antigo Testamento para indicar
algo dedicado totalmente a
Deus, separado do uso comum — e, em muitos casos, destinado à destruição
completa. Um exemplo clássico está em Josué 6.17–18: Deus
ordena que os despojos de Jericó fossem separados (ḥērem) para Ele. A
transgressão de Acã, ao tomar o que era consagrado, trouxe maldição sobre todo
o povo. O resultado? Julgamento, vergonha e morte. Da mesma forma, Paulo aplica
esse conceito ao falso evangelho: qualquer
um que apresente uma mensagem adulterada, por mais religiosa ou piedosa que
pareça, está violando algo sagrado e está sob sentença de destruição. Mas Paulo vai além. Ele não está
falando apenas de um erro doutrinário inocente ou de uma imaturidade teológica.
Ele usa a forma verbal anathematizō
(ἀναθεματίζω), que significa “colocar debaixo de maldição, banir da
comunhão com Deus, separar para o juízo”. É uma linguagem
judicial, pesada e inegociável. Como afirma o Comentário Bíblico Beacon, “Paulo
invoca o mais severo juízo espiritual sobre qualquer um — inclusive a si mesmo
ou um anjo, que distorça o evangelho da salvação somente pela graça mediante a
f锹.
Essa maldição não é mera excomunhão, é uma separação eterna da presença de
Deus. O que poucos percebem, e esse é o diferencial do especialista, é que Paulo não está condenando apenas o
herege; ele está protegendo o rebanho. Ele sabe que um
evangelho adulterado não salva, apenas ilude. Como bem pontua Hernandes Dias
Lopes: “O evangelho misturado é o evangelho negado. E quem o prega não está
apenas equivocado, está condenado.”². Vivemos dias em que falsos evangelhos se
multiplicam: evangelhos do mérito, da performance, da prosperidade, da
autoajuda, das obras disfarçadas de fé. São pregações palatáveis, mas que esvaziam a cruz e colocam o homem no
centro. Por isso, a sentença “anátema” é o selo de Deus sobre a
gravidade da corrupção do evangelho. Paulo está dizendo: “Não brinquem com isso. Não suavizem o
evangelho. Não misturem a graça com mérito. Não tolerem outro caminho. Porque
não há outro.” A mensagem de Cristo crucificado, morto e ressuscitado
para a salvação pela
graça, mediante a fé, sem as obras da lei, não pode ser
adaptada nem complementada. É completa. É suficiente. É inegociável. Quem distorce o evangelho da graça não
apenas erra, mas se coloca sob maldição. A pureza do evangelho não é um luxo
doutrinário, é uma exigência vital. Proclamar qualquer outro evangelho, mesmo
que “ungido” por experiências ou revelações, é atrair sobre si o peso do juízo
de Deus. E, para a igreja fiel, isso é um alerta: não há neutralidade diante da
verdade._______________
1.
RUSSELL, Stanley D. (ed.). Comentário Bíblico Beacon – Gálatas.
Vol. 9. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
2.
LOPES, Hernandes Dias. Gálatas – A carta da liberdade cristã.
São Paulo: Hagnos, 2011.
III.
AGRADAR AOS HOMENS OU A DEUS
1. Repetindo a advertência. Como
o assunto é muito sério, Paulo repete a observação. Não poderia haver dúvidas
sobre a força das palavras paulinas, pois o assunto era grave. O apóstolo
menciona uma segunda vez essa mesma condenação no versículo 9. A repetição
desses dizeres nos mostra o quão sério é deturpar os ensinos da Palavra de
Deus. O “evangelho” dos judaizantes estava afastando os irmãos do verdadeiro e
os encaminhando para uma vida de legalismo, onde o homem acredita que pode
ajudar Deus na salvação ou pode ele mesmo ser o seu Salvador.
- Ao repetir com veemência a advertência
do anátema no versículo 9, Paulo demonstra que não está tratando de um mero
mal-entendido teológico, mas de uma
crise espiritual com consequências eternas. A gravidade da
situação exige repetição. Como bem observa o Comentário
Bíblico Pentecostal, “a duplicação da maldição é uma forma hebraica
de intensificar a solenidade da advertência”¹. Ao ecoar sua sentença
anterior, Paulo assegura que a igreja de Cristo jamais deve brincar com o evangelho,
nem permitir que ele seja remodelado para se ajustar ao gosto ou à aprovação
dos homens. A fidelidade à mensagem da cruz é questão de vida ou morte
espiritual. O evangelho pregado pelos judaizantes substituía a suficiência da
graça pela ilusão do mérito humano. Ao tentar “ajudar” Deus no processo da
salvação, exigindo a guarda da Lei e práticas cerimoniais, estavam reinstaurando a lógica do legalismo,
onde o ser humano acredita que pode conquistar, por obras, aquilo que só pode
ser recebido por fé. Como afirmou o teólogo pentecostal Anthony D. Palma: “A
salvação é inteiramente obra da graça divina; qualquer tentativa de alcançá-la
por esforço pessoal nega a cruz”². O problema dos judaizantes não era apenas
teórico, era profundamente espiritual — queriam moldar o evangelho para
torná-lo mais palatável, mais "aceitável" aos padrões religiosos da
época. Paulo então toca no cerne da questão: a quem queremos agradar, aos homens ou a Deus?
(v.10). A pergunta não é retórica, mas reveladora. O apóstolo sabia que
suavizar a mensagem do evangelho para evitar escândalos ou rejeição era uma
tentação real. Mas agradar aos homens à custa da verdade é trair o Senhor. Como
nos lembra o pentecostal Gordon D. Fee, “a verdade do evangelho é incompatível
com o desejo de aceitação humana. O pregador da cruz vive para agradar a Deus,
não para conquistar aplausos”³. Paulo reafirma: se ainda estivesse buscando a aprovação
humana, não seria servo de Cristo. Muitas adulterações do evangelho nascem de
um desejo sutil de aceitação: aceitação cultural, eclesiástica
ou social. Igrejas, líderes e pregadores começam a alterar a mensagem para
agradar ao público, evitando os aspectos exigentes do evangelho, como
arrependimento, santidade, cruz e renúncia. Mas a Palavra de Deus é clara: “Ai dos que chamam ao mal bem”
(Is 5.20). Como disse o respeitado pastor pentecostal Antonio Gilberto: “A
pregação do evangelho exige fidelidade total, mesmo que isso signifique
oposição. Não estamos aqui para agradar, mas para proclamar”⁴. O verdadeiro evangelho não é moldado
para agradar homens, mas para glorificar a Deus. Quem busca a aprovação do
mundo trai a mensagem da cruz. O servo de Cristo vive para agradar ao Senhor,
mesmo que isso lhe custe rejeição, crítica ou oposição. A fidelidade à verdade é
o selo da autenticidade cristã._______________
1.
ARRINGTON, French L.;
STRONSTAD, Roger (eds.). Comentário
Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
2.
PALMA, Anthony D. A Obra do Espírito Santo.
Rio de Janeiro: CPAD, 2002.
3.
FEE, Gordon D. O Poder do Espírito e a Vida Cristã.
São Paulo: Editora Vida, 2010.
4.
GILBERTO, Antonio. Manual de Doutrinas Bíblicas.
Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
2. O que agrada aos homens. Paulo
não se preocupa em falar palavras lisonjeiras para deixar seus leitores
confortáveis diante do que estavam fazendo. Ele não estava tratando a respeito
de boas práticas ou de um discurso protocolar, cabível em certas ocasiões mais
formais. Ele estava tratando a respeito da salvação da alma dos gálatas. Os
judaizantes bajulavam os gentios, e com palavras doces os desviavam dos
caminhos do Senhor. As palavras de Paulo poderiam soar como amargas, mas era o
remédio que os gálatas deveriam tomar.
- Paulo não escrevia para agradar, mas
para salvar. Em Gálatas 1.10, ele deixa isso claro ao confrontar um dos dilemas
mais perigosos do ministério cristão: a
tentação de moldar a verdade para agradar os ouvintes. Ao
contrário dos judaizantes, que usavam palavras suaves, lisonjeiras e “bem
colocadas” para conquistar os gentios, o apóstolo escolheu a fidelidade, mesmo
que suas palavras soassem duras, cortantes e, por vezes, amargas. Como um
médico que sabe que o tratamento eficaz pode doer, mas cura, Paulo escreve com
a urgência de quem vê seus filhos espirituais à beira do abismo da perdição. Os
judaizantes eram mestres da bajulação religiosa. Com retórica afiada e
aparência piedosa, seduziam os crentes com promessas de “superioridade
espiritual” baseada na Lei. Essa estratégia, como alerta Anthony D. Palma,
“tinha o poder de iludir os incautos, pois disfarçava legalismo como zelo por
Deus”¹.
Mas Paulo não estava interessado em aplausos. Ele entendia que agradar aos
homens é o primeiro passo para se afastar de Deus. Como disse o saudoso pastor
pentecostal Antonio Gilberto: “Há palavras que acariciam, mas matam; e palavras
que ferem, mas curam. O evangelho não foi feito para massagear egos, mas para
transformar corações”². A crítica do apóstolo aos judaizantes é
pastoral, cirúrgica e espiritual. Eles
não estavam apenas ensinando doutrinas erradas, estavam adoçando o erro para
torná-lo palatável. Como adverte o Comentário Bíblico Pentecostal,
“as palavras deles suavizavam o legalismo, mas afastavam os crentes da
suficiência de Cristo”³. Paulo, por sua vez, fala como quem sabe que
a alma está em jogo. Suas palavras parecem duras? Sim. Mas são remédio amargo
para sarar uma igreja enferma. Melhor uma verdade que confronta, do que uma
mentira que consola. A
mensagem do evangelho, quando pregada com fidelidade, raramente agrada à carne
humana. O evangelho exige arrependimento, nega o mérito humano,
confronta o orgulho e convida à rendição. Por isso, como diz Gordon D. Fee: “o
verdadeiro evangelho incomoda antes de curar, fere antes de restaurar, e
crucifica antes de glorificar”⁴. Paulo sabia disso. E preferia desagradar seus
ouvintes a desonrar seu Senhor. As
palavras doces que distorcem a verdade podem até agradar momentaneamente, mas
desviam da salvação. Já a verdade de Deus, mesmo quando amarga, cura a alma. A
fidelidade ao evangelho exige coragem para falar o que Deus manda, e não o que
o povo quer ouvir._______________
1.
PALMA, Anthony D. A Obra do Espírito Santo.
Rio de Janeiro: CPAD, 2002.
2.
GILBERTO, Antonio. Manual de Doutrinas Bíblicas.
Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
3.
ARRINGTON, French L.;
STRONSTAD, Roger (eds.). Comentário
Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
4.
FEE, Gordon D. O Poder do Espírito e a Vida Cristã.
São Paulo: Editora Vida, 2010.
3. O que agrada a Deus. Como
veremos, a preocupação de Paulo é agradar ao Senhor, por isso escreve a Carta
aos Gálatas. Se fosse para agradar aos homens, ele poderia deixar a situação
nas igrejas da Galácia correr sem qualquer interferência. O tempo certamente
iria mudar o cenário, ou pioraria a situação. Mas ele entendeu que deveria ter
uma participação ativa no resgate dos gálatas. Paulo nem estava na Galácia, e
poderia deixar o problema de lado, mas resolveu tratar o assunto a fim de que
os irmãos não se perdessem. A obediência ao verdadeiro Evangelho agrada a Deus.
Preservar as doutrinas bíblicas, de Deus, que recebemos, estudar e estar
atentos para discernir quando um falso ensino tenta entrar na congregação,
também agrada a Deus. Viver pela fé e não pelas nossas próprias obras, também
agrada a Deus. Algo que deve ser observado é que a deturpação dos falsos
mestres, e por sua vez, o que desagradava a Deus, é que, na prática, os gálatas
queriam “devolver” a Deus o favor, o presente que Ele lhes dera. Ele lhes
entregara a Salvação pela graça, e eles queriam retribuir o favor divino por
meio de uma vida que se baseava em obras humanas.
- A grande motivação de Paulo ao escrever
aos gálatas não era o aplauso, mas a aprovação de Deus. Se sua preocupação
fosse agradar aos homens, ele teria permanecido em silêncio. Mas o apóstolo
sabia que o evangelho estava sendo deturpado, e o silêncio diante do erro nunca agrada ao Senhor.
Mesmo distante da Galácia, ele se recusa a ser passivo diante do perigo
espiritual que ameaçava seus filhos na fé. Como bem explica o Comentário Bíblico Pentecostal,
“a fidelidade de Paulo não é institucional, mas espiritual: ele escreve como um
pai que protege os filhos da mentira que pode matá-los”¹. A postura de Paulo reflete
uma profunda consciência de que Deus
se agrada quando seus servos permanecem fiéis à verdade recebida.
Ele não se cala porque sabe que a verdade salva, e a mentira condena. Como
observa o teólogo pentecostal Anthony D. Palma, “Deus não exige perfeição
humana, mas fidelidade à revelação que Ele mesmo entregou. A graça foi dada
como dom, não como dívida a ser paga”². Paulo compreendeu que a graça de Deus não pode ser retribuída
com esforço humano, mas vivida em dependência e obediência fiel. A insistência dos gálatas em
“devolver” a Deus o favor recebido, tentando merecer a salvação por meio de
obras, desagradava
profundamente ao Senhor. Isso porque, na prática, estavam
negando a suficiência do sacrifício de Cristo. Eles haviam começado pela fé,
mas estavam tentando terminar pela carne (Gl 3.3). Como ensina o pentecostal
Gordon D. Fee: “toda tentativa humana de conquistar o que Deus já deu é uma
afronta à cruz e uma negação da f锳. A graça, quando verdadeiramente
compreendida, não nos leva a tentar retribuir a Deus com desempenho, mas a
viver uma vida de gratidão, fé e obediência. Preservar a sã doutrina, manter-se
firme na Palavra revelada, discernir falsos ensinos e resisti-los não é
fanatismo, mas ato de
adoração a Deus. A Bíblia nos mostra que Deus se agrada da
fidelidade, e não da inovação doutrinária. Ele se agrada da fé simples e
profunda, não da performance religiosa. Como ensinava Antonio Gilberto: “O
evangelho verdadeiro produz frutos de fé, não troféus de mérito humano”⁴. A obediência
ao evangelho da graça glorifica a Deus, porque reconhece que Ele é
o autor, o doador e o consumador da salvação. Deus se agrada quando vivemos pela fé, firmados na graça e
comprometidos com a verdade. A fidelidade ao evangelho revelado é um ato de
honra ao Senhor. Nenhuma obra humana pode substituir a obediência amorosa à
Palavra e o discernimento espiritual diante dos falsos ensinos. Viver pela
graça é glorificar a Deus com a própria vida._______________
1.
ARRINGTON, French L.;
STRONSTAD, Roger (eds.). Comentário
Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
2.
PALMA, Anthony D. A Obra do Espírito Santo.
Rio de Janeiro: CPAD, 2002.
3.
FEE, Gordon D. O Poder do Espírito e a Vida Cristã.
São Paulo: Editora Vida, 2010.
4.
GILBERTO, Antonio. Manual de Doutrinas Bíblicas.
Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
CONCLUSÃO
Nesta segunda lição, vimos que Paulo
começa a apontar aos seus leitores o caminho que eles estavam trilhando: um
caminho paralelo ao caminho do Evangelho. Eles estavam ouvindo uma mensagem
doutrinária errada e não tiveram discernimento. Eram ensinos que estavam em
desacordo com o que haviam aprendido. Paulo os exorta que ainda que um ser
angelical viesse do céu com uma mensagem parecida, eles não deveriam aceitar.
Precisamos ter cuidado com ventos de doutrina que se aproximam de nossas
congregações, tentando afastar os irmãos da verdadeira prática da Palavra de
Deus.
- Nesta segunda lição da Carta aos
Gálatas, mergulhamos em um dos apelos mais urgentes e contundentes do apóstolo
Paulo: a preservação do
evangelho da graça como único caminho de salvação. A Galácia
havia se tornado um campo de batalha espiritual, onde o verdadeiro evangelho,
outrora recebido com alegria, estava sendo ofuscado por um falso ensino sutil,
porém letal. Os judaizantes não negavam abertamente a Cristo, mas corrompiam a
sua obra ao acrescentar exigências humanas à salvação. E isso, para Paulo, era
o suficiente para que a maldição de Deus fosse pronunciada sobre tal ensino. Com
zelo pastoral e ousadia apostólica, Paulo não se preocupa em suavizar suas
palavras. Ele fala com clareza e autoridade, porque sabia que a vida espiritual
dos seus filhos na fé estava em risco. Ele repete o anátema, não para ferir,
mas para salvar. Ele não quer agradar aos homens, mas a
Deus. E é justamente esse temor ao Senhor que o leva a
denunciar o erro, mesmo à distância, mesmo sob risco de rejeição. Sua motivação
é uma só: resgatar os
gálatas de um evangelho que não era evangelho — uma mensagem que parecia
piedosa, mas negava a suficiência da cruz. A lição que recebemos é clara e poderosa: o evangelho de Cristo não pode ser
ajustado, moldado ou "melhorado". Ele é completo, perfeito e
suficiente. Nenhuma prática religiosa, nenhum ritual antigo,
nenhuma experiência mística, nenhum argumento eloquente, nem mesmo uma visão
angelical, tem autoridade para contradizer a mensagem da cruz. E quando
qualquer ensinamento tentar diluir, suavizar ou complementar o evangelho da
graça, o cristão fiel deve
resistir com firmeza e zelo espiritual. Em nossos dias, como
nos tempos de Paulo, falsos
evangelhos continuam surgindo, travestidos de revelações
modernas, novas interpretações, movimentos de sucesso ou espiritualidades
performáticas. O jovem cristão precisa desenvolver discernimento bíblico,
enraizar-se na Palavra e permanecer inabalável na fé, sabendo que a graça não precisa de adição, apenas de
aceitação e vivência fiel. A verdade continua a mesma: a obediência à Palavra agrada a Deus. A
fidelidade à graça glorifica o nome de Jesus.
Como uma forma didática
prática, baseado na lição, seguem cinco aplicações práticas para o jovem
cristão:
• Priorize o estudo
bíblico profundo: Invista tempo diário na leitura e meditação da Palavra.
Conhecer o evangelho verdadeiro é a melhor proteção contra o falso. Não se contente
com resumos ou frases prontas — mergulhe nas Escrituras.
• Desenvolva
discernimento espiritual: Nem toda mensagem bonita é verdadeira. Peça ao
Espírito Santo sabedoria para identificar ensinos que distorcem a verdade.
Discernimento é a chave para permanecer firme.
• Fuja do legalismo
disfarçado de espiritualidade: Não tente “ajudar” Deus com suas obras para
merecer salvação. Viva na gratidão pela graça recebida, e não como alguém que
quer pagar uma dívida. A obediência nasce da fé, não do medo.
• Resista à tentação de
agradar aos homens: Em tempos de redes sociais e influências digitais, é fácil
se perder tentando ser aceito. Mas Deus não te chamou para ser popular — Ele te
chamou para ser fiel.
• Seja um defensor
humilde do evangelho: Quando perceber falsos ensinos surgindo ao seu redor, não
se cale. Com humildade, firmeza e amor, ensine a verdade. Seja uma voz que
preserva o evangelho puro e glorifica a Cristo.
Meu
ministério aqui é um chamado do coração — compartilhar o ensino da
Palavra de Deus de forma livre e acessível, para que você, irmão ou irmã em
Cristo, possa crescer na fé e no conhecimento das Escrituras, sem barreiras,
com subsídios preparados por um Especialista em Exegese Bíblica do Novo Testamento.
Todo o material que ofereço é fruto
de oração, estudo e dedicação, e está disponível gratuitamente para que a luz
do Evangelho alcance ainda mais vidas sedentas pela verdade. Porém, para que
essa missão continue firme, preciso da sua ajuda.
Chave PIX: assis.shalom@gmail.com
Juntos,
podemos fazer a diferença. Conto com você!
HORA DA REVISÃO
1. O
que deixou o apóstolo Paulo impressionado com os gálatas?
Foi
não só o fato de os gálatas atentarem para um Evangelho diferente do que ele
havia pregado, mas também pelo fato de que esse “novo evangelho” incentivava os
gálatas a desconsiderarem a graça e tentarem, por meio de obras, pagar uma
dívida que eles jamais quitariam.
2. Quais
as diferenças existentes na palavra “outro” em grego?
Na
língua grega, a palavra outro tem duas percepções distintas, advindas
igualmente de duas palavras apontadas: allós que significa “outro da mesma
espécie”, e heteros, “outro de outra espécie.”
3. Quais
os dois sentidos da palavra “anátema”?
A
palavra anátema é oriunda do hebraico herem, e pode ter dois sentidos: algo
devotado a uma divindade, e ao mesmo tempo excluído da utilização humana.
4. Para
onde o “evangelho” dos judaizantes estava conduzindo os gálatas?
O
“evangelho” dos judaizantes estava afastando os irmãos do verdadeiro e os
encaminhando para uma vida de legalismo.
5. Paulo
escreve para agradar aos homens ou a Deus?
A
preocupação de Paulo é agradar ao Senhor, por isso escreve a Carta aos Gálatas.
Se fosse para agradar aos homens, ele poderia deixar a situação nas igrejas da
Galácia correr sem qualquer interferência.