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7 de julho de 2025

EBD JOVENS | Lição 2: O falso evangelho | 3° Trim 2025

 

Pb Francisco Barbosa (@Pbassis)

 

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TEXTO PRINCIPAL

Assim como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo: se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema.” (Gl 1.9).

ENTENDA O TEXTO PRINCIPAL:

- Paulo reforça enfaticamente sua condenação a qualquer distorção do evangelho. A expressão grega ς προειρήκαμεν, κα ρτι πάλιν λέγω ("como já dissemos antes, também agora digo novamente") usa o tempo perfeito no verbo proeirēkamen (προειρήκαμεν), indicando uma declaração contínua e definitiva já feita anteriormente, ou seja, não é algo novo, mas firmemente estabelecido. O verbo euangelízētai (εαγγελίζηται), traduzido como “anunciar evangelho”, aparece no presente do subjuntivo com partícula condicional (ean / άν), sugerindo qualquer possibilidade futura de alguém pregar outro evangelho. Já o termo νάθεμα (anáthema), usado para maldito ou amaldiçoado”, carrega peso judicial e cultual, referindo-se a algo ou alguém separado para destruição, um termo que, no contexto judaico e greco-romano, denota repulsa e rejeição total. Assim, Paulo não apenas protege o conteúdo do evangelho, mas traça um limite definitivo contra qualquer corrupção doutrinária, mesmo que venha revestida de autoridade apostólica ou celestial.

 

RESUMO DA LIÇÃO

Nem toda mensagem aparentemente cristã é verdadeiramente vinda de Deus.

ENTENDA O RESUMO DA LIÇÃO:

- Toda mensagem que distorce o evangelho de Cristo, ainda que pareça cristã, seja eloquente ou venha revestida de autoridade, não procede de Deus, mas está sob maldição divina. O verdadeiro evangelho não admite adições, adaptações ou alternativas.

 

TEXTO BÍBLICO

Gálatas 1.6-10.

6. Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho,

Outro evangelho. Paulo denuncia vigorosamente qualquer evangelho diferente daquele que ele pregou aos gálatas. O termo indica uma heresia que dilui ou corrompe o evangelho verdadeiro. A salvação pela graça mediante a fé em Cristo, sem as obras da lei, era o cerne do evangelho que Paulo havia recebido de Cristo (cf. 1.11-12). A rápida aceitação pelos gálatas de uma falsa doutrina revela sua vulnerabilidade espiritual. [Comentário BEP];

Paulo expressa surpresa com a “deserção” espiritual dos gálatas, uma mudança rápida que beira à traição da Pessoa que os chamou – Deus em Cristo O verbo grego usado significa desertar, como um soldado que abandona o exército. [Comentário MacArthur]

7. o qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo.

Transtornar o evangelho de Cristo. Indica distorção, perverter a mensagem original. Os judaizantes estavam perturbando os gálatas ao ensinar que a fé em Cristo deveria ser complementada com a observância da lei mosaica. Tal ensino desvirtua a essência do evangelho da graça. [Comentário BEP]

Não se tratava apenas de uma variação, mas de uma distorção intencional do evangelho. Os que perseguiam esse “outro evangelho” agitavam e invertiam a mensagem da graça [Comentário MacArthur]

8. Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.

Seja anátema. Um termo grego (anáthema) que significa “amaldiçoado”, ou “separado para destruição eterna”. Paulo usa linguagem forte para demonstrar que não há lugar para outro evangelho, mesmo que venha de fontes aparentemente divinas. A integridade do evangelho é inegociável. [Comentário BEP]

Paulo destaca a autoridade absoluta do evangelho da graça. Nenhum mensageiro, nem mesmo um anjo, pode substituir ou complementar a mensagem original – quem o fizesse, enfrentaria maldição divina [Comentário MacArthur]

9. Assim como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo: se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema.

Paulo reforça a advertência do versículo anterior, mostrando a gravidade do erro doutrinário. Repetir a advertência mostra a urgência do apelo apostólico contra a corrupção da mensagem da salvação. [Comentário BEP]

A repetição da maldição evidencia a urgência e gravidade do tema: qualquer acréscimo humano nula a suficiência da cruz e da graça [Comentário MacArthur]

10. Porque persuado eu agora a homens ou a Deus? Ou procuro agradar a homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo.

Paulo contrapõe seu compromisso com Deus ao desejo de agradar os homens. A defesa do evangelho autêntico exige fidelidade a Cristo, mesmo diante de impopularidade ou perseguição. A verdadeira pregação do evangelho confronta o pecado e não visa agradar, mas salvar. [Comentário BEP]

Paulo reafirma sua lealdade a Cristo, não ao aplauso humano. Formular ou adaptar o evangelho para agradar as pessoas diminuiria sua autoridade como mensageiro de Cristo [Comentário MacArthur]

 

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INTRODUÇÃO

Após se apresentar como remetente da Carta aos Gálatas, identificando-se como apóstolo da parte de Deus, e mencionando que Jesus Cristo ressuscitou dentre os mortos, Paulo passa diretamente ao assunto que pretende tratar com os irmãos: a incursão de ideias e práticas judaizantes na comunidade dos santos, e as consequências dessas ideias na vida dos irmãos.

Paulo inicia sua carta aos gálatas não com saudações calorosas ou orações longas, mas com a força de um trovão que rompe o silêncio espiritual da negligência doutrinária. Seu tom urgente e quase abrupto revela um coração inflamado pela glória de Cristo e pela fidelidade ao verdadeiro evangelho. Após se identificar como apóstolo, não da parte de homens (Gl 1.1), ele evoca a autoridade celestial de sua missão apostólica, fundamentando-a na ressurreição de Jesus Cristo, o evento central que autentica toda a fé cristã (1 Co 15.14). A palavra grega usada para “ressuscitou” é ēgeiren (γειρεν), no aoristo, indicando um ato definitivo de Deus Pai: Cristo foi levantado com poder, triunfando sobre todo sistema religioso morto. Assim, desde o início, Paulo desloca a autoridade do judaísmo legalista para o evangelho da graça. O contexto histórico e teológico não poderia ser mais dramático. A jovem comunidade da Galácia estava sendo seduzida por mestres judaizantes, homens que, embora usassem o nome de Cristo, pregavam um evangelho adulterado, adicionando a observância da Lei mosaica como pré-requisito para a justificação. Era a antiga heresia do “Cristo + algo”, neste caso, “Cristo + circuncisão”. O evangelho, no entanto, não é um terreno de sincretismo, mas de exclusividade absoluta. Como afirma Hernandes Dias Lopes: "A salvação não é pela fé mais as obras, é pela fé somente; não é pela graça mais a lei, é pela graça somente"¹. Essa crise doutrinária não era um mal menor, mas uma afronta direta ao sacrifício de Cristo. Por isso, Paulo parte direto ao ponto, sem diplomacia, como um pastor que vê o lobo dentro do aprisco. O verbo usado por Paulo em Gálatas 1.6, metatithesthe (μετατίθεσθε), traduzido como “passásseis” ou “mudando”, traz a ideia de desertar ou transferir lealdade, um termo frequentemente usado para descrever traição militar. Ou seja, os gálatas não estavam apenas sendo enganados, estavam abandonando o chamado de Deus para um outro evangelho, que, na verdade, “não é outro” (v.7), como explica o Comentário Pentecostal do Novo Testamento². Paulo os confronta com a gravidade do ato: não se trata apenas de erro doutrinário, mas de ruptura com o próprio Deus que os chamou pela graça. Craig S. Keener observa: "Modificar o evangelho é colocar-se sob a maldição que recai sobre qualquer usurpador da obra de Cristo". Em outras palavras, não se trata de uma questão acadêmica — é uma questão de vida ou morte eterna. O erro comum, hoje como ontem, é tratar o evangelho como um produto personalizável: ajustável às demandas culturais, gostos pessoais e modismos religiosos. Pregadores que relativizam a cruz, que omitem o arrependimento, ou que negociam princípios em troca de popularidade, estão repetindo a falha galaciana: proclamando “outro evangelho”, que não salva, não liberta, e não glorifica a Cristo. E, como reforça John MacArthur, "qualquer evangelho que minimize a graça ou exalte o mérito humano é maldição disfarçada de piedade"³. Desviar-se do evangelho puro é trocar o tesouro da graça pelas algemas da religião. O verdadeiro evangelho exalta somente a Cristo e sua obra suficiente na cruz. Qualquer acréscimo, por mais piedoso que pareça, é traição espiritual. Examine hoje sua fé. Está firmada exclusivamente na graça de Cristo ou contaminada por exigências humanas? Você depende somente da do Evangelho ou observa normas e mandamentos humanos? Você vive com a segurança da obra completa da cruz ou carrega pesos que Cristo já levou? Volte-se para a suficiência de Cristo e renuncie todo falso evangelho — mesmo aquele disfarçado de zelo religioso._______________

1.         LOPES, Hernandes Dias. Gálatas – A carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2011.

2.         ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Vol. 2. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.

3.         MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2011.

 

I. UM APÓSTOLO SURPRESO

1. Paulo se mostra impressionado. O apóstolo Paulo se declara surpreso com os irmãos gálatas. Os leitores dessa Carta eram pessoas que já haviam aceitado a Jesus. Já conheciam o Evangelho e já haviam experimentado o arrependimento e o perdão dos pecados, mas estavam trilhando uma rota não planejada por Deus. Ele escreve “Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho” (Gl 1.6). O espanto de Paulo não foi advindo de milagres acontecendo naquelas igrejas, ou de conversões de pagãos ou mesmo por pessoas estarem sendo cheias do Espírito. O que deixou Paulo espantado foi não só o fato de os gálatas atentarem para um Evangelho diferente do que ele havia pregado, mas também pelo fato de que esse “novo evangelho” incentivava os gálatas a desconsiderarem a graça e tentarem, por meio de obras, pagar uma dívida que eles jamais quitariam. Paulo destaca a expressão “tão depressa” para marcar não só a inconstância dos gálatas, mas também o pouco tempo que levaram para ser convencidos de uma outra doutrina. Não deve nos espantar que entre o povo de Deus haja pessoas que sejam atraídas por novos ensinos, e que com facilidade se deixem levar por doutrinas que nada tem de respaldo nas Escrituras. A pouca firmeza no que tinham aprendido e a incapacidade de julgarem uma doutrina como errada nos serve de exemplo para que nos firmemos no exercício da verdade.

O que impressionou Paulo ao escrever aos gálatas não foi a movimentação de dons espirituais, nem as notícias de grandes colheitas evangelísticas entre os gentios. O que o chocou profundamente foi ver uma igreja outrora regenerada pela graça, agora seduzida por um sistema que anulava a cruz. A palavra que ele usa em Gálatas 1.6, thaumazō (θαυμάζω), traduzida como “maravilho-me”, revela não mera surpresa, mas um espanto atônito, uma perplexidade dolorosa diante de uma tragédia espiritual: crentes regenerados abandonando a liberdade do evangelho e retornando ao jugo da lei. A construção verbal usada por Paulo aponta para uma mudança abrupta de posição, quase como uma deserção em campo de batalha. Não se tratava de mera dúvida doutrinária, mas de infidelidade ao próprio Deus que os havia chamado pela graça de Cristo. Esses irmãos haviam começado bem. Tinham experimentado o perdão, a justificação e o poder do Espírito Santo. No entanto, agora, estavam trilhando um caminho não planejado por Deus. O texto grego usa o verbo metatithesthe (μετατίθεσθε), indicando transferência, deslocamento de lugar ou mudança de aliança. Eles estavam trocando a suficiência da graça por uma suposta segurança baseada em obras, como se pudessem pagar com méritos próprios uma dívida eterna. Como comenta Hernandes Dias Lopes, “o maior perigo da igreja não está fora dela, mas dentro dela, quando o evangelho é sutilmente corrompido com vestes de religiosidade”¹. Paulo usa a expressão “tão depressa” (ταχέως – tacheōs) para marcar a velocidade dessa queda. A apostasia não é sempre gradual. Às vezes, ela é repentina, provocada por discursos persuasivos, porém letais. O problema não era apenas teológico. Era espiritual, pastoral e existencial. A graça estava sendo trocada pela performance, a cruz pelo esforço humano, a liberdade pelo legalismo. E como alerta o Comentário Bíblico Beacon, “a tentativa de completar pela carne aquilo que o Espírito começou é a mais sutil forma de apostasia”². Paulo não suaviza o diagnóstico. Seu espanto é o espanto de um pai que vê filhos espirituais se jogando no abismo da religiosidade. Como bem observa o pastor Antônio Gilberto, “quando a igreja deixa de valorizar a doutrina, ela se torna vulnerável a todo tipo de vento de ensino, por mais bonito e atrativo que pareça”³. O erro dos gálatas se repete hoje em muitas comunidades que abandonam a centralidade da cruz por modismos, fórmulas ou regras humanas travestidas de santidade. O problema não está apenas nas heresias escancaradas, mas naquelas que se escondem sob uma capa de zelo, mas negam a suficiência de Cristo. O que poucos percebem é que qualquer evangelho que exija mais do que a fé na obra completa de Jesus já não é evangelho. É escravidão. Como destaca Craig Keener, “a corrupção do evangelho geralmente começa com acréscimos bem-intencionados que acabam por usurpar o próprio fundamento da salvação”. Abandonar a graça de Cristo, ainda que por zelo religioso, é rejeitar o único meio de salvação oferecido por Deus. A fidelidade ao verdadeiro evangelho exige discernimento, constância e profundo apego às Escrituras. Quem não conhece a verdade com profundidade, se tornará presa fácil de qualquer mentira bem-embalada._______________

1.         LOPES, Hernandes Dias. Gálatas – A carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2011.

2.         RUSSELL, Stanley D. (ed.). Comentário Bíblico Beacon – Gálatas. Vol. 9. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.

3.         GILBERTO, Antonio. Manual da Escola Dominical. Rio de Janeiro: CPAD, 1998.

4.         KEENER, Craig S. The IVP Bible Background Commentary: New Testament. Illinois: InterVarsity Press, 1993.

2. Da graça para a lei. A surpresa de Paulo se dá por causa da mudança que os gálatas fizeram, de passarem da graça de Deus para a Lei de Moisés. Como isso se deu? Eles receberam um ensino em que, para que pudessem realmente ser salvos, deveriam ser circuncidados e seguir a lei dada aos hebreus por Deus. Bastou o apóstolo se afastar do convívio daqueles irmãos que logo eles deram crédito a outra pregação diferente da que haviam recebido originalmente. Como veremos, Paulo deixa implícito que a lei e a graça, em que pese serem expressões que remontem a história de Israel e o plano da Salvação, possuem atribuições diferentes.

- A surpresa de Paulo não foi apenas o fato de os gálatas estarem ouvindo um “outro evangelho”, mas a natureza dessa falsa mensagem: uma regressão espiritual da graça para a lei. Eles estavam abandonando a nova aliança firmada no sangue de Cristo para retornar à antiga aliança firmada no Sinai. Isso era, em essência, voltar às sombras após conhecer a realidade. Como Paulo afirma mais adiante em Gálatas 5.4, “vós, os que vos justificais pela lei, da graça decaístes”. Não se tratava apenas de um erro doutrinário — era uma negação da suficiência da obra de Cristo e um retorno à escravidão espiritual. A infiltração judaizante foi sutil, mas devastadora. Esses falsos mestres não negavam abertamente Cristo, mas afirmavam que a fé n’Ele não era suficiente para a salvação. Ensinavam que era necessário também guardar a Lei mosaica, especialmente a circuncisão (cf. Gl 2.3-5; 5.2-3). Como bem observa Anthony D. Palma, “a armadilha do legalismo é que ele se apresenta como um complemento à fé, quando, na verdade, a substitui”¹. A linguagem de Paulo em Gálatas 1.6-7 é clara: ao aceitar essa “outra pregação”, os gálatas estavam sendo transferidos (metatithesthe) de Deus para outro centro de fé, como desertores abandonando um exército. O abandono da graça não acontece sempre por rebeldia consciente, mas por seduções doutrinárias que parecem espirituais, mas são veneno disfarçado de piedade. Paulo deixa implícito e depois explicita de forma contundente que lei e graça não ocupam o mesmo espaço redentivo. A Lei foi dada como aio (paidagōgos, Gl 3.24) para conduzir o povo até Cristo, mas jamais teve o poder de justificar. Hernandes Dias Lopes afirma com clareza: “a Lei revela o pecado, mas não pode redimir. É a graça que perdoa, transforma e salva”². O erro dos gálatas foi não discernir que aquilo que era símbolo, sombra e preparação no Antigo Testamento agora havia sido cumprido e superado em Cristo. Como escreve Craig S. Keener, “voltar à lei como base de salvação é negar que a cruz foi suficiente”³. Era como tentar voltar ao ventre depois de nascer. O que poucos percebem, é que o legalismo sempre se mascara como zelo espiritual! Cuidado com regras travestidas de santidade! Os judaizantes provavelmente usavam argumentos bíblicos, falavam em nome da tradição de Moisés, apelavam à autoridade das Escrituras Hebraicas. Mas perdiam a centralidade da cruz. A armadilha da religiosidade é que ela se veste de reverência enquanto nos desvia da dependência do Espírito. Como afirmou o pastor Antônio Gilberto, “toda ênfase doutrinária que tira os olhos de Cristo e coloca nos ritos ou méritos humanos é perigosa e antibíblica”. Trocar a graça pela lei é abandonar o coração do evangelho. A salvação é totalmente pela fé em Cristo, e qualquer acréscimo a isso é uma negação da cruz. Só há duas estradas: a da graça que salva, ou a da lei que condena. O evangelho puro não admite mistura. _______________

1.         PALMA, Anthony D. A Obra do Espírito Santo. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.

2.         LOPES, Hernandes Dias. Gálatas – A carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2011.

3.         KEENER, Craig S. The IVP Bible Background Commentary: New Testament. Illinois: InterVarsity Press, 1993.

4.         GILBERTO, Antonio. Manual de Doutrinas Bíblicas. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.

3. Outro Evangelho. A palavra “outro”, na língua portuguesa, é um pronome indefinido utilizado de forma ampla, para designar algo ou alguma coisa que seja da mesma natureza, que seja semelhante, ou que seja de outra natureza. Para definir o exato significado, precisaremos saber o contexto em que essa palavra está sendo usada. Na língua grega, a palavra “outro” tem duas percepções distintas, advindas igualmente de duas palavras apontadas: allós, que significa “outro da mesma espécie”, e heteros, “outro de outra espécie”. Enquanto na primeira designação a opção apresentada é a de um objeto ou ser da mesma espécie, com possíveis variações, tais como um tigre e um leão, que mesmo sendo animais diferentes entre si, são felinos. Por sua vez, a palavra heteros, “outro” de outra espécie, tais como um cão e um gato. São seres criados, mas diferentes entre si por serem de espécies diferentes. Por isso Paulo comenta: “[...] para outro evangelho, o qual não é outro” (Gl 1.6,7). É possível que hoje sintamos a mesma surpresa com que o apóstolo se deparou ao saber da notícia da mudança daqueles irmãos. Mas mesmo em nossos dias, é possível ver irmãos na fé sendo convencidos por doutrinas que não foram ensinadas com a correta interpretação dos textos bíblicos, dando ouvidos a instruções que buscam acrescentar à Palavra o que ela não diz. Os gálatas tinham sido evangelizados e ensinados por Paulo, e não perceberam que a mensagem dos judaizantes era um falso evangelho. Eles não negaram, oficialmente, o sacrifício de Jesus, mas acrescentaram argumentos que acharam guarida no pensamento daquelas igrejas. Era uma mensagem aparentemente piedosa, mas que negava a eficácia do Evangelho. Por meio desse ensino, a graça de Deus estava sendo questionada.

O que Paulo denuncia com veemência em Gálatas 1.6-7 é mais do que uma simples confusão doutrinária. É uma distorção que ameaça a essência do evangelho: a substituição da graça de Deus por um sistema de méritos humanos. O apóstolo utiliza intencionalmente duas palavras gregas que, em português, seriam indistintamente traduzidas como “outro”, mas que no original revelam verdades teológicas profundas. Ao escrever que os gálatas estavam se voltando para “outro evangelho”, Paulo usa heteros (τερος), que significa “de outra espécie”, ou seja, um evangelho completamente diferente daquele que haviam recebido. Em seguida, ele declara que esse evangelho “não é outro”, e então usa allos (λλος), indicando que nem sequer é uma variação legítima do verdadeiro. É uma falsificação, um corpo estranho ao evangelho apostólico, uma mutação doutrinária inaceitável. O problema dos gálatas não foi apenas teológico, foi espiritual e perceptivo. Eles não reconheceram o perigo por trás daquilo que parecia piedade. Os judaizantes não estavam negando abertamente a fé cristã, mas diluindo-a com acréscimos à graça, como se a obra de Cristo não fosse suficiente sem a guarda da Lei. Esse “evangelho diferente” parecia familiar, bíblico, até piedoso — mas era letal. Como ensina o teólogo Robert Menzies, "o perigo do falso evangelho é que ele se parece com o verdadeiro, mas opera com fundamentos diferentes: confiança na carne em vez da fé no Cristo crucificado”¹. É a sutil perversão da verdade, como uma água limpa com uma gota de veneno. Hoje, enfrentamos a mesma realidade. Quantas igrejas e pregadores proclamam, com fervor e até com aparência de autoridade espiritual, um evangelho que é, na prática, heteros: centrado no esforço humano, nas regras, nas performances, nos ritos, na prosperidade ou nas emoções religiosas. Eles usam linguagem cristã, mas transmitem conceitos que negam, na raiz, a suficiência da cruz. Amos Yong alerta: “um evangelho que não depende inteiramente da graça deixa de ser evangelho, e torna-se instrumento de opressão disfarçado de revelação”². Os gálatas foram enredados porque ouviram um ensino com aparência de verdade, mas que carregava um outro espírito e outra base. Como afirma Craig S. Keener: “as heresias mais perigosas não são as que negam a Bíblia, mas as que a usam de forma distorcida”³. Um erro comum é pensar que, porque uma mensagem cita a Bíblia ou invoca o nome de Jesus, ela é automaticamente verdadeira. Isso é um engano grave. O próprio Satanás citou as Escrituras para tentar o Senhor (Mt 4.6). A veracidade do evangelho não está apenas no seu vocabulário, mas no seu conteúdo redentor e na sua fidelidade à cruz. Como escreve Hernandes Dias Lopes: “O evangelho não é uma construção humana, é uma revelação divina. Ele não pode ser adaptado, ajustado ou embelezado — apenas crido e proclamado com fidelidade”. Nem todo evangelho pregado nos púlpitos é o evangelho de Cristo. O evangelho verdadeiro aponta somente para a suficiência da graça, a centralidade da cruz e o senhorio de Cristo. Qualquer mensagem que acrescente exigências humanas para a salvação, ainda que pareça piedosa, é heteros, de outra espécie. E, como Paulo disse, não é evangelho._______________

1.         MENZIES, Robert P. Empowered for Witness: The Spirit in Luke-Acts. T&T Clark International, 2004.

2.         YONG, Amos. Spirit of Love: A Trinitarian Theology of Grace. Baylor University Press, 2012.

3.         KEENER, Craig S. The IVP Bible Background Commentary: New Testament. Downers Grove: InterVarsity Press, 1993.

4.         LOPES, Hernandes Dias. Gálatas – A carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2011.

 

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SUBSÍDIO I

 “Falsos professores tinham vindo à Galácia para tentar persuadir os gálatas a rejeitar o ensinamento de Paulo e aceitar ‘outro evangelho.’ A sua mensagem ensinava que a salvação espiritual e um relacionamento correto com Deus envolviam não apenas a fé em Cristo, mas também a integração com a fé dos judeus, por meio da circuncisão (5.2; veja Rm 2.29, nota: Fp 3.2), da obediência à lei (3.5) e da observância aos dias santos dos judeus (4.10). (1) A Bíblia afirma claramente que há uma única mensagem verdadeira de salvação espiritual ‘o evangelho de Cristo’ (v.7).

Ele nos vem pela ‘revelação de Jesus Cristo’ (v.12) e pela inspiração do Espírito Santo. Este evangelho (as ‘boas-novas’ é a verdadeira mensagem a respeito de Jesus) é definido e revelado na Bíblia, a Palavra escrita de Deus. (2) Quaisquer ensinamentos, crenças ou ideias que se originem de pessoas, igrejas ou tradições e não estejam expressos ou implícitos da Palavra de Deus não fazem parte da verdadeira mensagem e não podem ser incluídos no evangelho de Cristo (v.11). Mesclar essas noções e filosofias criadas pelo homem com a mensagem original de Jesus é ‘transtornar o evangelho de Cristo’ (v.7).” (Bíblia de Estudo Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.1624).

 

II. O ANÁTEMA

1. A inquietação dos gálatas. Um falso ensino tem a capacidade de deixar as pessoas alvoroçadas e inquietas. Paulo usa as palavras “vos inquietam e querem transtornar” (v.7) como um indicativo de que, enquanto seus leitores liam a Carta, provavelmente havia judaizantes entre eles. Um outro detalhe é que a mensagem deles deixava os gálatas inquietos, em vez de descansarem na graça de Deus, eles passaram a realizar obras da Lei, sendo eles mesmos, gentios. Uma mensagem que alvoroça os crentes deve ser analisada com bastante cautela.

Quando Paulo afirma em Gálatas 1.7 que havia “alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo”, ele está expondo um quadro alarmante: uma igreja em convulsão interna, não por causa de perseguição externa, mas por causa de um ensino corrosivo que se infiltrou como fermento sutil e destrutivo. A palavra grega usada por Paulo para "inquietar" é tarassontes (ταράσσοντες), que carrega o sentido de agitar, perturbar, abalar emocional e espiritualmente. Já o verbo metastrepsai (μεταστρέψαι), traduzido como "transtornar", significa literalmente inverter, subverter, corromper por completo. Ou seja, esses falsos mestres não estavam apenas trazendo uma opinião diferente, estavam inquietando o coração dos irmãos e virando o evangelho do avesso, distorcendo sua essência salvadora. Esses judaizantes aparentemente estavam entre os próprios leitores da carta, possivelmente lendo ou ouvindo a mensagem ao lado dos gálatas. Por isso o tom urgente e cortante de Paulo. Eles semearam dúvidas, impuseram cargas religiosas e roubaram a segurança que vem da graça. A inquietação dos gálatas não era obra do Espírito Santo, mas resultado direto da pressão legalista que exigia práticas da Lei para que gentios fossem aceitos por Deus. Como observa o Comentário Bíblico Pentecostal, “a mensagem dos judaizantes desestabilizava a fé e a comunhão, gerando confusão em vez de edificação”¹. Em vez de descanso no evangelho, os irmãos estavam sendo forçados à ansiedade de um sistema que nunca pode salvar. O mais grave, porém, não é apenas o efeito psicológico ou social do falso ensino, mas o seu juízo espiritual. Por duas vezes (Gl 1.8-9), Paulo pronuncia uma sentença severa: seja anátema. A palavra grega anáthema (νάθεμα) era usada tanto na Septuaginta quanto no contexto do Novo Testamento para indicar algo dedicado à destruição, algo amaldiçoado e separado para o juízo. Não é uma simples repreensão: é uma declaração de condenação eterna sobre qualquer um que perverta o evangelho de Cristo. Como comenta John MacArthur: “Paulo não estava sendo emocional, mas doutrinariamente rigoroso. Um evangelho corrompido é um caminho certo para a perdição”². O que poucos percebem — e esse é o diferencial do especialista — é que o falso evangelho, ainda que provoque agitação e fervor, não gera paz, nem maturidade espiritual. Ele alimenta o orgulho, a insegurança e o controle humano. Como alerta Frank D. Macchia: “o Espírito Santo conduz à liberdade e segurança na graça; o espírito da religiosidade produz medo, performance e confusão”³. Toda mensagem que causa agitação sem arrependimento genuíno, medo sem convicção bíblica, e culpa sem esperança, precisa ser examinada com rigor absoluto diante das Escrituras. Todo ensino que inquieta o coração do crente, desviando-o da suficiência da cruz para o esforço humano, deve ser rejeitado como maldito. O evangelho verdadeiro gera paz, convicção e segurança em Cristo. Já o falso evangelho inquieta, confunde e aprisiona. Onde há perturbação espiritual, é hora de voltar com urgência à simplicidade da graça._______________

1.         ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.

2.         MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: SBB, 2011.

3.         MACCHIA, Frank D. Baptized in the Spirit: A Global Pentecostal Theology. Grand Rapids: Zondervan, 2006.

2. Ainda que um anjo do céu. Os anjos são conhecidos na Palavra de Deus como mensageiros do Eterno para tratar de assuntos referentes aos seres humanos. Eles apareceram, no Antigo Testamento, a Abraão, a Josué, a Gideão, aos pais de Sansão e a Isaías. No Novo Testamento, apareceram à Maria, ao pai de João Batista, a Pedro e a Cornélio entre outros. A presença deles geralmente, nas Escrituras, é acompanhada de uma mensagem. Paulo mesmo recebeu a visita de um anjo quando estava indo a Roma em um navio que estava afundando (At 27.23). Cornélio recebeu a visita de um anjo, cuja mensagem foi: “As tuas orações e as tuas esmolas têm subido para memória diante de Deus” (At 10.4). “Procure por Pedro” (At 10.5). O anjo não falou de Jesus ou do Evangelho a Cornélio, mas lhe orientou a respeito de quem deveria chamar para ouvir as Boas-Novas. Paulo deixa expresso que mesmo que um anjo, identificando-se como sendo enviado por Deus, venha apresentar uma mensagem diferente da sua, que seja considerado maldito. O apóstolo não teme usar esse adjetivo, pois sabe que a pureza do Evangelho está em jogo naquelas igrejas.

A frase contundente de Paulo em Gálatas 1.8: “Mas ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos pregamos, seja anátema”, é uma das declarações mais solenes e radicais do Novo Testamento. Ela não é fruto de exagero retórico, mas de um zelo pastoral inflamado pelo amor à verdade. Paulo eleva ao extremo a sua advertência: nem mesmo a aparição gloriosa de um ser angelical, vindo do céu, da parte de Deus, teria autoridade para alterar o evangelho eterno de Cristo. A mensagem da cruz é tão definitiva, tão completa e tão intocável, que qualquer outro anúncio, vindo até do mundo celestial, deve ser rejeitado com maldição. Ao longo das Escrituras, os anjos de fato atuam como mensageiros do Altíssimo. Eles anunciam promessas, transmitem ordens e reforçam a presença divina em momentos decisivos. Gideão, Josué, Daniel, Maria e Pedro tiveram encontros com esses seres celestiais. O próprio Paulo, durante a tempestade no mar (At 27.23), foi confortado por um anjo enviado por Deus. Contudo, há um limite inegociável: os anjos servem à revelação de Deus, mas não podem contradizê-la. Como ensina Gordon D. Fee, "a autoridade da mensagem está na revelação de Cristo, não na glória do mensageiro"¹. O caso de Cornélio em Atos 10 é ilustrativo. Um anjo aparece com uma mensagem divina, mas não lhe prega o evangelho. Ele o orienta a procurar Pedro, o pregador escolhido para anunciar a salvação. Isso revela uma verdade profunda: Deus confiou a proclamação do evangelho não aos anjos, mas à Igreja. A glória angelical jamais pode substituir a autoridade do evangelho já revelado e registrado pelos apóstolos. O Espírito Santo não delegou aos anjos a exposição das Boas-Novas; Ele ungiu homens e mulheres salvos pela graça para essa missão. Por isso, Paulo é categórico: se qualquer ser, até mesmo celestial, anunciar algo diferente da mensagem apostólica, seja considerado anátema (νάθεμα), ou seja, separado para destruição, maldito. O que poucos percebem, e que deve ser nosso alerta hoje, é que o engano espiritual mais perigoso muitas vezes vem travestido de experiências sobrenaturais. Como já advertira o próprio Paulo em 2 Coríntios 11.14, “o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz”. A sedução do falso evangelho frequentemente se apresenta com sinais, visões, revelações e “palavras proféticas” que soam espirituais, mas que negam, direta ou sutilmente, a suficiência da obra de Cristo. Como observa John MacArthur: “não importa quão extraordinária seja a experiência — se ela contradiz a Escritura, é uma ilusão, e não uma revelação”². O evangelho de Cristo é a revelação final e absoluta de Deus à humanidade. Nenhuma voz, humana, angelical ou sobrenatural, tem autoridade para acrescentar ou alterar sua mensagem. Toda revelação que não confirma, exalta e preserva a verdade da cruz deve ser rejeitada como maldita. A fidelidade ao evangelho é mais importante que qualquer experiência espiritual._______________

1.         FEE, Gordon D. Paulo, o Espírito e o Povo de Deus. São Paulo: Vida, 2009.

2.         MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: SBB, 2011.

3. Anátema. A palavra “anátema” é oriunda do hebraico herem, e pode ter dois sentidos: algo devotado a uma divindade, e ao mesmo tempo excluído da utilização humana, como o relatado em Josué 6.17, quando os despojos de Jericó deveriam ser separados para Deus, não podendo ser usados pelos israelitas, ordem que não foi seguido por Acã. Esse anátema foi tão sério que Acã e sua família pagaram o preço da ganância com a vida. Mas o segundo sentido é mais radical, pois representa anathematizo, colocar debaixo de uma maldição. Mesmo que um anjo viesse até eles e lhes ensinasse um outro Evangelho, que fosse maldito e condenado.

Poucas palavras nas Escrituras carregam um peso tão solene e terrível quanto anátema. Quando o apóstolo Paulo, movido pelo Espírito Santo, escreve em Gálatas 1.8–9 que “ainda que um anjo do céu… vos anuncie outro evangelho além do que já vos pregamos, seja anátema”, ele não está fazendo uma hipérbole emocional. Ele está declarando, com toda a autoridade apostólica, que qualquer um que corrompa o evangelho da graça de Cristo está, diante de Deus, sob maldição eterna. O termo grego anáthema (νάθεμα) tem raízes no hebraico ērem (חֵרֶם), usado extensivamente no Antigo Testamento para indicar algo dedicado totalmente a Deus, separado do uso comum — e, em muitos casos, destinado à destruição completa. Um exemplo clássico está em Josué 6.17–18: Deus ordena que os despojos de Jericó fossem separados (ērem) para Ele. A transgressão de Acã, ao tomar o que era consagrado, trouxe maldição sobre todo o povo. O resultado? Julgamento, vergonha e morte. Da mesma forma, Paulo aplica esse conceito ao falso evangelho: qualquer um que apresente uma mensagem adulterada, por mais religiosa ou piedosa que pareça, está violando algo sagrado e está sob sentença de destruição. Mas Paulo vai além. Ele não está falando apenas de um erro doutrinário inocente ou de uma imaturidade teológica. Ele usa a forma verbal anathematizō (ναθεματίζω), que significa “colocar debaixo de maldição, banir da comunhão com Deus, separar para o juízo”. É uma linguagem judicial, pesada e inegociável. Como afirma o Comentário Bíblico Beacon, “Paulo invoca o mais severo juízo espiritual sobre qualquer um — inclusive a si mesmo ou um anjo, que distorça o evangelho da salvação somente pela graça mediante a f锹. Essa maldição não é mera excomunhão, é uma separação eterna da presença de Deus. O que poucos percebem, e esse é o diferencial do especialista, é que Paulo não está condenando apenas o herege; ele está protegendo o rebanho. Ele sabe que um evangelho adulterado não salva, apenas ilude. Como bem pontua Hernandes Dias Lopes: “O evangelho misturado é o evangelho negado. E quem o prega não está apenas equivocado, está condenado.”². Vivemos dias em que falsos evangelhos se multiplicam: evangelhos do mérito, da performance, da prosperidade, da autoajuda, das obras disfarçadas de fé. São pregações palatáveis, mas que esvaziam a cruz e colocam o homem no centro. Por isso, a sentença “anátema” é o selo de Deus sobre a gravidade da corrupção do evangelho. Paulo está dizendo: “Não brinquem com isso. Não suavizem o evangelho. Não misturem a graça com mérito. Não tolerem outro caminho. Porque não há outro.” A mensagem de Cristo crucificado, morto e ressuscitado para a salvação pela graça, mediante a fé, sem as obras da lei, não pode ser adaptada nem complementada. É completa. É suficiente. É inegociável. Quem distorce o evangelho da graça não apenas erra, mas se coloca sob maldição. A pureza do evangelho não é um luxo doutrinário, é uma exigência vital. Proclamar qualquer outro evangelho, mesmo que “ungido” por experiências ou revelações, é atrair sobre si o peso do juízo de Deus. E, para a igreja fiel, isso é um alerta: não há neutralidade diante da verdade._______________

1.         RUSSELL, Stanley D. (ed.). Comentário Bíblico Beacon – Gálatas. Vol. 9. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.

2.         LOPES, Hernandes Dias. Gálatas – A carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2011.

 

III. AGRADAR AOS HOMENS OU A DEUS

1. Repetindo a advertência. Como o assunto é muito sério, Paulo repete a observação. Não poderia haver dúvidas sobre a força das palavras paulinas, pois o assunto era grave. O apóstolo menciona uma segunda vez essa mesma condenação no versículo 9. A repetição desses dizeres nos mostra o quão sério é deturpar os ensinos da Palavra de Deus. O “evangelho” dos judaizantes estava afastando os irmãos do verdadeiro e os encaminhando para uma vida de legalismo, onde o homem acredita que pode ajudar Deus na salvação ou pode ele mesmo ser o seu Salvador.

Ao repetir com veemência a advertência do anátema no versículo 9, Paulo demonstra que não está tratando de um mero mal-entendido teológico, mas de uma crise espiritual com consequências eternas. A gravidade da situação exige repetição. Como bem observa o Comentário Bíblico Pentecostal, “a duplicação da maldição é uma forma hebraica de intensificar a solenidade da advertência”¹. Ao ecoar sua sentença anterior, Paulo assegura que a igreja de Cristo jamais deve brincar com o evangelho, nem permitir que ele seja remodelado para se ajustar ao gosto ou à aprovação dos homens. A fidelidade à mensagem da cruz é questão de vida ou morte espiritual. O evangelho pregado pelos judaizantes substituía a suficiência da graça pela ilusão do mérito humano. Ao tentar “ajudar” Deus no processo da salvação, exigindo a guarda da Lei e práticas cerimoniais, estavam reinstaurando a lógica do legalismo, onde o ser humano acredita que pode conquistar, por obras, aquilo que só pode ser recebido por fé. Como afirmou o teólogo pentecostal Anthony D. Palma: “A salvação é inteiramente obra da graça divina; qualquer tentativa de alcançá-la por esforço pessoal nega a cruz”². O problema dos judaizantes não era apenas teórico, era profundamente espiritual — queriam moldar o evangelho para torná-lo mais palatável, mais "aceitável" aos padrões religiosos da época. Paulo então toca no cerne da questão: a quem queremos agradar, aos homens ou a Deus? (v.10). A pergunta não é retórica, mas reveladora. O apóstolo sabia que suavizar a mensagem do evangelho para evitar escândalos ou rejeição era uma tentação real. Mas agradar aos homens à custa da verdade é trair o Senhor. Como nos lembra o pentecostal Gordon D. Fee, “a verdade do evangelho é incompatível com o desejo de aceitação humana. O pregador da cruz vive para agradar a Deus, não para conquistar aplausos”³. Paulo reafirma: se ainda estivesse buscando a aprovação humana, não seria servo de Cristo. Muitas adulterações do evangelho nascem de um desejo sutil de aceitação: aceitação cultural, eclesiástica ou social. Igrejas, líderes e pregadores começam a alterar a mensagem para agradar ao público, evitando os aspectos exigentes do evangelho, como arrependimento, santidade, cruz e renúncia. Mas a Palavra de Deus é clara: “Ai dos que chamam ao mal bem” (Is 5.20). Como disse o respeitado pastor pentecostal Antonio Gilberto: “A pregação do evangelho exige fidelidade total, mesmo que isso signifique oposição. Não estamos aqui para agradar, mas para proclamar”. O verdadeiro evangelho não é moldado para agradar homens, mas para glorificar a Deus. Quem busca a aprovação do mundo trai a mensagem da cruz. O servo de Cristo vive para agradar ao Senhor, mesmo que isso lhe custe rejeição, crítica ou oposição. A fidelidade à verdade é o selo da autenticidade cristã._______________

1.         ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (eds.). Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.

2.         PALMA, Anthony D. A Obra do Espírito Santo. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.

3.         FEE, Gordon D. O Poder do Espírito e a Vida Cristã. São Paulo: Editora Vida, 2010.

4.         GILBERTO, Antonio. Manual de Doutrinas Bíblicas. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.

2. O que agrada aos homens. Paulo não se preocupa em falar palavras lisonjeiras para deixar seus leitores confortáveis diante do que estavam fazendo. Ele não estava tratando a respeito de boas práticas ou de um discurso protocolar, cabível em certas ocasiões mais formais. Ele estava tratando a respeito da salvação da alma dos gálatas. Os judaizantes bajulavam os gentios, e com palavras doces os desviavam dos caminhos do Senhor. As palavras de Paulo poderiam soar como amargas, mas era o remédio que os gálatas deveriam tomar.

Paulo não escrevia para agradar, mas para salvar. Em Gálatas 1.10, ele deixa isso claro ao confrontar um dos dilemas mais perigosos do ministério cristão: a tentação de moldar a verdade para agradar os ouvintes. Ao contrário dos judaizantes, que usavam palavras suaves, lisonjeiras e “bem colocadas” para conquistar os gentios, o apóstolo escolheu a fidelidade, mesmo que suas palavras soassem duras, cortantes e, por vezes, amargas. Como um médico que sabe que o tratamento eficaz pode doer, mas cura, Paulo escreve com a urgência de quem vê seus filhos espirituais à beira do abismo da perdição. Os judaizantes eram mestres da bajulação religiosa. Com retórica afiada e aparência piedosa, seduziam os crentes com promessas de “superioridade espiritual” baseada na Lei. Essa estratégia, como alerta Anthony D. Palma, “tinha o poder de iludir os incautos, pois disfarçava legalismo como zelo por Deus”¹. Mas Paulo não estava interessado em aplausos. Ele entendia que agradar aos homens é o primeiro passo para se afastar de Deus. Como disse o saudoso pastor pentecostal Antonio Gilberto: “Há palavras que acariciam, mas matam; e palavras que ferem, mas curam. O evangelho não foi feito para massagear egos, mas para transformar corações”². A crítica do apóstolo aos judaizantes é pastoral, cirúrgica e espiritual. Eles não estavam apenas ensinando doutrinas erradas, estavam adoçando o erro para torná-lo palatável. Como adverte o Comentário Bíblico Pentecostal, “as palavras deles suavizavam o legalismo, mas afastavam os crentes da suficiência de Cristo”³. Paulo, por sua vez, fala como quem sabe que a alma está em jogo. Suas palavras parecem duras? Sim. Mas são remédio amargo para sarar uma igreja enferma. Melhor uma verdade que confronta, do que uma mentira que consola. A mensagem do evangelho, quando pregada com fidelidade, raramente agrada à carne humana. O evangelho exige arrependimento, nega o mérito humano, confronta o orgulho e convida à rendição. Por isso, como diz Gordon D. Fee: “o verdadeiro evangelho incomoda antes de curar, fere antes de restaurar, e crucifica antes de glorificar”. Paulo sabia disso. E preferia desagradar seus ouvintes a desonrar seu Senhor. As palavras doces que distorcem a verdade podem até agradar momentaneamente, mas desviam da salvação. Já a verdade de Deus, mesmo quando amarga, cura a alma. A fidelidade ao evangelho exige coragem para falar o que Deus manda, e não o que o povo quer ouvir._______________

1.         PALMA, Anthony D. A Obra do Espírito Santo. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.

2.         GILBERTO, Antonio. Manual de Doutrinas Bíblicas. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.

3.         ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (eds.). Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.

4.         FEE, Gordon D. O Poder do Espírito e a Vida Cristã. São Paulo: Editora Vida, 2010.

3. O que agrada a Deus. Como veremos, a preocupação de Paulo é agradar ao Senhor, por isso escreve a Carta aos Gálatas. Se fosse para agradar aos homens, ele poderia deixar a situação nas igrejas da Galácia correr sem qualquer interferência. O tempo certamente iria mudar o cenário, ou pioraria a situação. Mas ele entendeu que deveria ter uma participação ativa no resgate dos gálatas. Paulo nem estava na Galácia, e poderia deixar o problema de lado, mas resolveu tratar o assunto a fim de que os irmãos não se perdessem. A obediência ao verdadeiro Evangelho agrada a Deus. Preservar as doutrinas bíblicas, de Deus, que recebemos, estudar e estar atentos para discernir quando um falso ensino tenta entrar na congregação, também agrada a Deus. Viver pela fé e não pelas nossas próprias obras, também agrada a Deus. Algo que deve ser observado é que a deturpação dos falsos mestres, e por sua vez, o que desagradava a Deus, é que, na prática, os gálatas queriam “devolver” a Deus o favor, o presente que Ele lhes dera. Ele lhes entregara a Salvação pela graça, e eles queriam retribuir o favor divino por meio de uma vida que se baseava em obras humanas.

A grande motivação de Paulo ao escrever aos gálatas não era o aplauso, mas a aprovação de Deus. Se sua preocupação fosse agradar aos homens, ele teria permanecido em silêncio. Mas o apóstolo sabia que o evangelho estava sendo deturpado, e o silêncio diante do erro nunca agrada ao Senhor. Mesmo distante da Galácia, ele se recusa a ser passivo diante do perigo espiritual que ameaçava seus filhos na fé. Como bem explica o Comentário Bíblico Pentecostal, “a fidelidade de Paulo não é institucional, mas espiritual: ele escreve como um pai que protege os filhos da mentira que pode matá-los”¹. A postura de Paulo reflete uma profunda consciência de que Deus se agrada quando seus servos permanecem fiéis à verdade recebida. Ele não se cala porque sabe que a verdade salva, e a mentira condena. Como observa o teólogo pentecostal Anthony D. Palma, “Deus não exige perfeição humana, mas fidelidade à revelação que Ele mesmo entregou. A graça foi dada como dom, não como dívida a ser paga”². Paulo compreendeu que a graça de Deus não pode ser retribuída com esforço humano, mas vivida em dependência e obediência fiel. A insistência dos gálatas em “devolver” a Deus o favor recebido, tentando merecer a salvação por meio de obras, desagradava profundamente ao Senhor. Isso porque, na prática, estavam negando a suficiência do sacrifício de Cristo. Eles haviam começado pela fé, mas estavam tentando terminar pela carne (Gl 3.3). Como ensina o pentecostal Gordon D. Fee: “toda tentativa humana de conquistar o que Deus já deu é uma afronta à cruz e uma negação da f锳. A graça, quando verdadeiramente compreendida, não nos leva a tentar retribuir a Deus com desempenho, mas a viver uma vida de gratidão, fé e obediência. Preservar a sã doutrina, manter-se firme na Palavra revelada, discernir falsos ensinos e resisti-los não é fanatismo, mas ato de adoração a Deus. A Bíblia nos mostra que Deus se agrada da fidelidade, e não da inovação doutrinária. Ele se agrada da fé simples e profunda, não da performance religiosa. Como ensinava Antonio Gilberto: “O evangelho verdadeiro produz frutos de fé, não troféus de mérito humano”. A obediência ao evangelho da graça glorifica a Deus, porque reconhece que Ele é o autor, o doador e o consumador da salvação. Deus se agrada quando vivemos pela fé, firmados na graça e comprometidos com a verdade. A fidelidade ao evangelho revelado é um ato de honra ao Senhor. Nenhuma obra humana pode substituir a obediência amorosa à Palavra e o discernimento espiritual diante dos falsos ensinos. Viver pela graça é glorificar a Deus com a própria vida._______________

1.         ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (eds.). Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.

2.         PALMA, Anthony D. A Obra do Espírito Santo. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.

3.         FEE, Gordon D. O Poder do Espírito e a Vida Cristã. São Paulo: Editora Vida, 2010.

4.         GILBERTO, Antonio. Manual de Doutrinas Bíblicas. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.

 

 

CONCLUSÃO

Nesta segunda lição, vimos que Paulo começa a apontar aos seus leitores o caminho que eles estavam trilhando: um caminho paralelo ao caminho do Evangelho. Eles estavam ouvindo uma mensagem doutrinária errada e não tiveram discernimento. Eram ensinos que estavam em desacordo com o que haviam aprendido. Paulo os exorta que ainda que um ser angelical viesse do céu com uma mensagem parecida, eles não deveriam aceitar. Precisamos ter cuidado com ventos de doutrina que se aproximam de nossas congregações, tentando afastar os irmãos da verdadeira prática da Palavra de Deus.

Nesta segunda lição da Carta aos Gálatas, mergulhamos em um dos apelos mais urgentes e contundentes do apóstolo Paulo: a preservação do evangelho da graça como único caminho de salvação. A Galácia havia se tornado um campo de batalha espiritual, onde o verdadeiro evangelho, outrora recebido com alegria, estava sendo ofuscado por um falso ensino sutil, porém letal. Os judaizantes não negavam abertamente a Cristo, mas corrompiam a sua obra ao acrescentar exigências humanas à salvação. E isso, para Paulo, era o suficiente para que a maldição de Deus fosse pronunciada sobre tal ensino. Com zelo pastoral e ousadia apostólica, Paulo não se preocupa em suavizar suas palavras. Ele fala com clareza e autoridade, porque sabia que a vida espiritual dos seus filhos na fé estava em risco. Ele repete o anátema, não para ferir, mas para salvar. Ele não quer agradar aos homens, mas a Deus. E é justamente esse temor ao Senhor que o leva a denunciar o erro, mesmo à distância, mesmo sob risco de rejeição. Sua motivação é uma só: resgatar os gálatas de um evangelho que não era evangelho — uma mensagem que parecia piedosa, mas negava a suficiência da cruz. A lição que recebemos é clara e poderosa: o evangelho de Cristo não pode ser ajustado, moldado ou "melhorado". Ele é completo, perfeito e suficiente. Nenhuma prática religiosa, nenhum ritual antigo, nenhuma experiência mística, nenhum argumento eloquente, nem mesmo uma visão angelical, tem autoridade para contradizer a mensagem da cruz. E quando qualquer ensinamento tentar diluir, suavizar ou complementar o evangelho da graça, o cristão fiel deve resistir com firmeza e zelo espiritual. Em nossos dias, como nos tempos de Paulo, falsos evangelhos continuam surgindo, travestidos de revelações modernas, novas interpretações, movimentos de sucesso ou espiritualidades performáticas. O jovem cristão precisa desenvolver discernimento bíblico, enraizar-se na Palavra e permanecer inabalável na fé, sabendo que a graça não precisa de adição, apenas de aceitação e vivência fiel. A verdade continua a mesma: a obediência à Palavra agrada a Deus. A fidelidade à graça glorifica o nome de Jesus.

Como uma forma didática prática, baseado na lição, seguem cinco aplicações práticas para o jovem cristão:

Priorize o estudo bíblico profundo: Invista tempo diário na leitura e meditação da Palavra. Conhecer o evangelho verdadeiro é a melhor proteção contra o falso. Não se contente com resumos ou frases prontas — mergulhe nas Escrituras.

Desenvolva discernimento espiritual: Nem toda mensagem bonita é verdadeira. Peça ao Espírito Santo sabedoria para identificar ensinos que distorcem a verdade. Discernimento é a chave para permanecer firme.

Fuja do legalismo disfarçado de espiritualidade: Não tente “ajudar” Deus com suas obras para merecer salvação. Viva na gratidão pela graça recebida, e não como alguém que quer pagar uma dívida. A obediência nasce da fé, não do medo.

Resista à tentação de agradar aos homens: Em tempos de redes sociais e influências digitais, é fácil se perder tentando ser aceito. Mas Deus não te chamou para ser popular — Ele te chamou para ser fiel.

Seja um defensor humilde do evangelho: Quando perceber falsos ensinos surgindo ao seu redor, não se cale. Com humildade, firmeza e amor, ensine a verdade. Seja uma voz que preserva o evangelho puro e glorifica a Cristo.

 

Meu ministério aqui é um chamado do coração — compartilhar o ensino da Palavra de Deus de forma livre e acessível, para que você, irmão ou irmã em Cristo, possa crescer na fé e no conhecimento das Escrituras, sem barreiras, com subsídios preparados por um Especialista em Exegese Bíblica do Novo Testamento.

            Todo o material que ofereço é fruto de oração, estudo e dedicação, e está disponível gratuitamente para que a luz do Evangelho alcance ainda mais vidas sedentas pela verdade. Porém, para que essa missão continue firme, preciso da sua ajuda.

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HORA DA REVISÃO

1. O que deixou o apóstolo Paulo impressionado com os gálatas?

Foi não só o fato de os gálatas atentarem para um Evangelho diferente do que ele havia pregado, mas também pelo fato de que esse “novo evangelho” incentivava os gálatas a desconsiderarem a graça e tentarem, por meio de obras, pagar uma dívida que eles jamais quitariam.

2. Quais as diferenças existentes na palavra “outro” em grego?

Na língua grega, a palavra outro tem duas percepções distintas, advindas igualmente de duas palavras apontadas: allós que significa “outro da mesma espécie”, e heteros, “outro de outra espécie.”

3. Quais os dois sentidos da palavra “anátema”?

A palavra anátema é oriunda do hebraico herem, e pode ter dois sentidos: algo devotado a uma divindade, e ao mesmo tempo excluído da utilização humana.

4. Para onde o “evangelho” dos judaizantes estava conduzindo os gálatas?

O “evangelho” dos judaizantes estava afastando os irmãos do verdadeiro e os encaminhando para uma vida de legalismo.

5. Paulo escreve para agradar aos homens ou a Deus?

A preocupação de Paulo é agradar ao Senhor, por isso escreve a Carta aos Gálatas. Se fosse para agradar aos homens, ele poderia deixar a situação nas igrejas da Galácia correr sem qualquer interferência.