Pb Francisco Barbosa
TEXTO PRINCIPAL
“A morte e a vida estão no poder da língua; e aquele que a ama comerá do seu fruto.” (Pv 18.21)
Entenda
o Texto Áureo:
- A morte e a vida estão no poder da língua. Compare com Tiago 3:5. aquele que a ama
comerá do fruto dela – ou seja aquele que se emprega adequadamente com
ela, emprega muita diligência no uso em discurso, seja com boas ou más
intenções, como εὐλογῶν ou κακολογῶν, abençoando ou amaldiçoando, (Tiago 3:9;
comp. 1Coríntios 12:3), experimentará em si mesmo os efeitos de seu uso ou seu
abuso. Contra a aplicação unilateral deste “amar a língua” à eloquência
(Hitzig), é de se acrescentar a natureza dupla da expressão na primeira frase,
assim como a analogia do verso anterior. -A LXX (οἱ κρατοῦντες αὐτῆς) parece
ter lido אֹחֲזֶיהָ (aqueles que a seguram) em vez de אֹהֲבֶיהָ, mas esta
leitura dificilmente pode ter sido a original; comp. antes Provérbios 8:17,
onde o verbo “amar” expressa essencialmente a mesma ideia que aqui, a de um
cuidado e cultivo ou desenvolvimento cuidadoso. [Lange]
RESUMO DA LIÇÃO
O controle da língua é
essencial para uma vida piedosa e uma fé sadia.
Entenda
o Resumo da Lição:
- O que há de melhor e o que há
de pior estão no poder da língua (Tg 3.6-10).
TEXTO BÍBLICO
Tiago 3.1-12
1 Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos
mais duro juízo.
- não sejam muitos de vocês
mestres [na igreja], sabendo que [nós, os que ensinamos] receberemos um
julgamento mais rigoroso.
2 Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeçar em
palavras, o tal varão é perfeito e poderoso para também refrear todo o corpo.
- tal indivíduo é perfeito
– “perfeito” no sentido em que o apóstolo explica logo a seguir; ele é capaz de
controlar todos os outros membros de seu corpo. O seu objetivo não é apresentar
o ser humano como absolutamente imaculado em todos os sentidos, e como
totalmente livre de pecado, pois ele mesmo disse que “todos tropeçam em muitas
coisas”; mas o objetivo é mostrar que se uma pessoa consegue controlar sua
língua, ela tem domínio completo sobre si mesmo, tanto quanto alguém tem sobre
um cavalo, ou como um timoneiro tem sobre um navio se ele estiver segurando o
leme. Ele é perfeito nesse sentido, que tem controle total sobre si mesmo e não
estará sujeito a cometer erros em nada. O objetivo é mostrar a posição
importante que a língua ocupa, como governante de todo o indivíduo. [Barnes,
1870]
3 Ora, nós pomos freio nas bocas dos cavalos, para que nos obedeçam; e
conseguimos dirigir todo o seu corpo.
- Compare com Tiago 1:26; 2Reis
19:28; Salmo 32:9; Salmo 39:1; Isaías 37:29.
4 Vede também as naus que, sendo tão grandes e levadas de impetuosos
ventos, se viram com um bem pequeno leme para onde quer a vontade daquele que
as governa.
- levados por impetuosos ventos
(compare com Salmo 107:25-27; Jonas 1:4; Mateus 8:24; Atos 27:14).
5 Assim também a língua é um pequeno membro e gloria-se de grandes coisas.
Vede quão grande bosque um pequeno fogo incendeia.
- se orgulha de grandes coisas.
“Orgulha” aqui tem um sentido neutro (Barnes, Clarke), ou seja, a língua é um
pequeno membro, mas é capaz de grandes coisas, boas ou ruins.
6 A língua também é um fogo: como mundo de iniquidade, a língua está posta
entre os nossos membros, e contamina todo o corpo, e inflama o
- inflama o curso da existência
– trazendo destruição onde quer que seja mal usada. sendo ela mesma inflamada pelo
inferno. Inferno, ou geena, é apresentado como um lugar onde o fogo
queima continuamente. A ideia aqui é que aquilo que faz com que a língua faça
tanto mal tem sua origem no inferno. Nada poderia caracterizar melhor muito do que
as línguas fazem, do que dizer que tem sua origem no inferno, e tem o espírito
que lá reina. O próprio espírito daquele mundo de fogo e maldade – um espírito
de falsidade, calúnia, blasfêmia e contaminação – parece inspirar a língua. A
imagem que parece ter estado diante da mente do apóstolo era a de uma chama que
acende e queima tudo conforme avança – uma chama acesa no fogo do inferno. Uma
das descrições mais marcantes das desgraças e maldições que podem existir no
inferno, seria retratar as tristezas causadas na terra pela língua. [Barnes,
1870]
7 Porque toda a natureza, tanto de bestas-feras como de aves, tanto de
répteis como de animais do mar, se amansa e foi domada pela natureza humana:
- toda espécie – antes,
“toda natureza” (ou seja, disposição natural e poder característico). de
animais selvagens – isto é, quadrúpedes de todas as disposições,
distinguindo-se das outras três classes da criação: “aves, répteis (o termo
grego inclui não apenas ‘serpentes’) e coisas do mar.” é dominável e tem sido dominada
– está continuamente sendo domada, e tem sido assim há muito tempo. pela
espécie humana – antes, “pela natureza do homem”: o poder
característico do homem de domar a natureza dos animais. O dativo no grego pode
indicar: “Se deixou ser trazida à sujeição domada PELA natureza dos homens.”
Isso se cumprirá plenamente no mundo milenar; mesmo agora, o homem, com firmeza
gentil, pode domar os animais e até elevar sua natureza. [JFB, 1873]
8 Mas nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear,
está cheia de peçonha mortal.
- ninguém consegue dominar a língua.
Isso não significa que ela nunca seja posta sob controle, mas que é impossível
subjugá-la por completo. Seria possível subjugar e domesticar qualquer espécie
de animal, mas isso não poderia ser feito com a língua. [Barnes, 1870]
9 Com ela bendizemos a Deus e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens. feitos
à semelhança de Deus:
- Deus e Pai. Alguns
manuscritos trazem “Senhor e Pai”, por isso a diferença entre as traduções.
10 de uma mesma boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não convém que
isto se faça assim.
- Da mesma boca procedem benção e
maldição (compare com Salmo 50:16-20; Jeremias 7:4-10; Miqueias 3:11;
Romanos 12:14; 1Pedro 3:9).
11 Porventura, deita alguma fonte de um mesmo manancial de água doce e água
amargosa?
- fonte – uma imagem do
coração; assim como a abertura (o termo grego para “lugar” significa
literalmente “abertura”) da fonte é uma imagem da boca do homem. Essa imagem é
apropriada ao contexto da epístola, Palestina, onde existem fontes salgadas e
amargas. Embora às vezes sejam encontradas fontes doces próximas, “água doce e
amarga” não fluem “do mesmo lugar” (da mesma abertura). A graça pode
transformar a mesma boca que antes “enviava o amargo” para enviar o doce no
futuro, assim como a madeira (um símbolo da cruz de Cristo) transformou a água
amarga de Mara em doce. [JFU, 1873]
12 Meus irmãos, pode também a figueira produzir azeitonas ou a videira,
figos? Assim, tampouco pode uma fonte dar água salgada e doce.
- Três ilustrações da natureza
demonstram a pecaminosidade do ato de praguejar. O cristão genuíno não
contradirá a sua profissão de fé com o uso regular de palavras imorais.
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INTRODUÇÃO
Qual o efeito que nossas
palavras exercem sobre a vida daqueles que nos ouvem? No texto bíblico que
estudaremos nesta lição, o capítulo 3 da Carta de Tiago, somos advertidos a
respeito do poder e a responsabilidade do uso da língua. Tiago aborda a
importância de controlar nossa língua e desenvolver uma elocução sadia que
reflita nossa fé em Jesus Cristo.
- Nesse capítulo, Tiago usou o
recurso literário judaico comum de atribuir culpa a um membro específico do
corpo (cf. Rm 3.1 5; 2Pe 2.14). Ele personificou a língua como representante da
depravação e da miséria humana. Desse modo, ele fez eco à verdade bíblica que
diz que a boca é um ponto focal e indicador vivo da condição caída do homem o
de seu coração pecaminoso (Is 6.5; Mt 15.11,16-19; Mc 7.20-23; Rm 3.13-14). Provavelmente
você já viu coisas lindas acerca de pessoas que foram levantadas e curadas,
refeitas e reanimadas por uma palavra boa. A palavra boa é como medicina, ela
traz cura. Uma pessoa está abatida, triste, desanimada, aflita, sem sonhos, e,
de repente, alguém chega com uma palavra oportuna, apropriada; e essa palavra,
como bálsamo do céu, traz um novo ânimo e um novo alento. Entretanto, nós
também somos testemunhas de pessoas, famílias e comunidades, que sáo minadas e
destruídas por palavras insensatas. Há palavras que ferem mais que uma espada
afiada. O que há de melhor e o que há de pior estão no poder da língua (Tg 3.6-10).
I. A NECESSIDADE DE DOMINAR A LÍNGUA
1. A responsabilidade dos mestres com o que falam. Tiago inicia o capítulo três com uma advertência para
os professores (v. 1). Aqueles que ensinam são responsáveis por usar sua língua
com sabedoria, pois suas palavras têm grande influência sobre os outros. A
palavra grega para mestre è kyrios ou kurios, cujo significado também é
“senhor”. O mestre aqui é alguém que ensina a respeito das coisas de Deus, e
dos deveres dos homens, alguém que é qualificado para ensinar, trazendo a ideia
de um rabino que possuía conhecimentos sobre a Lei. Aqueles que ensinavam,
nesse tempo, faziam de forma oral e seus insucessos estavam relacionados às
palavras proferidas. O ato de ensinar está diretamente ligado à língua, à
comunicação.
- Mestres, essa palavra refere-se
a urna pessoa que se dedica ao ensino ou à pregação por nomeação oficial (cf. Lc
4.16-27; Jo 3.10; At 13.14-15; 1Co 12.28; Ef 4.11). Aquele que se levanta com
essa atribuição, é digno de maior juízo.
A palavra traduzida por "juízo" normalmente expressa um veredicto
negativo no Novo Testamento e, aqui, se refere a um juízo futuro: 1) para o
falso mestre que é incrédulo, na segunda vinda de Cristo (Jd 14-15) e 2) para o
cristão ao ser recompensado diante de Cristo (1Co 4.3-5). Isso não significa
desalentar os verdadeiros mestres, mas advertir ao futuro mestre sobre a seriedade
da função (cf. Ez 3.17-18; 33.7-9; At 20.26-27; Hb 1 3.1 7). Tiago diz que se
você quer ser um líder e um mestre precisa tomar um grande cuidado (3.1). Não
que seja ilegítimo aspirar à liderança, sobretudo se Deus lhe deu essa
capacidade. Mas saiba de uma coisa, o mestre terá um juízo maior. Quanto mais
conhecimento e experiência você tem, mais responsável você se torna diante de
Deus e dos homens. O critério do juízo vai ser mais rigoroso. E aí Tiago começa
a colocar a questão da língua num aspecto muito interessante, que é a questão
do tropeço. Nós tropeçamos em muitas coisas, aquele que não tropeça no falar é
perfeito varão, é capaz de manter o controle de todo seu corpo (3.2).
2. O poder da língua. No versículo 2, Tiago afirma: “Porque todos tropeçamos
em palavras, o tal varão é perfeito e poderoso para também refrear todo o
corpo.” Ele explica que todos nós cometemos erros e destaca o dever que os
crentes têm de controlar não apenas as palavras, mas também as ações.
- A Escritura contém muitos ensinos
sobre todo o mal que a língua pode causar (cf. Sl 5.9; 34.13; 39.1; 52.4; Pv
6.17; 17.20; 26.28; 28.23; Is .59.3; Rm 3.13). A língua tem o terrível poder de
falar de maneira pecaminosa, errada e imprópria — as palavras humanas são uma
representação explícita da depravação humana. Tiago afirma em 3.2 que tropeçamos, refererindo-se a pecar
contra Deus ou ofender a sua Pessoa. A forma do verbo grego enfatiza que
continuamente todos falham em fazer o que é certo, e coloca um alto padrão para
a varonilidade perfeita: não tropeçar em
palavras. "Perfeito" pode referir-se à verdadeira perfeição e,
nesse caso, Tiago está dizendo que, hipoteticamente, se uma pessoa pudesse
controlar com perfeição a sua língua, ela seria um ser humano perfeito. Mas,
sem dúvida, ninguém está imune de pecar com a língua. O mais provável é que "perfeito"
esteja descrevendo aqueles que são maduros espiritualmente e, portanto,
conseguem controlar a própria língua.
3. Língua, um pequeno membro capaz de causar um grande
impacto. Tiago faz uso de uma ilustração
para ampliar a compreensão e o impacto da língua. Ele compara a língua ao freio
que dirige um cavalo e ao leme que controla um navio (v. 4). Embora a língua
seja um pequeno órgão do corpo humano, ela pode direcionar uma vida inteira
para o bem ou para o mal. O ser humano, que é relativamente pequeno em porte e
força, por meio do freio (um artefato muito pequeno), pode controlar um animal
maior e mais forte, logo, tem condições de controlar sua boca. Da mesma forma,
Tiago se utiliza da comparação com o leme. Grandes embarcações à vela, movidas
pela força do vento, são guiadas por um pequeno leme. Assim, se o ser humano
pode controlar o curso de uma grande embarcação com um pequeno leme, ele deve
ser capaz de controlar a sua língua para que tenha um bom curso nos mares desta
vida os quais precisamos atravessar.
- Obviamente todos nós já
falhamos, já tropeçamos em nossa própria língua. Quantas vezes já ficamos
envergonhados de falar aquilo que não deveríamos ter falado, na hora em que não
deveríamos ter falado, com a pessoa que não deveríamos ter falado, com a
intensidade e o volume da voz que não deveríamos ter usado. Uma palavra falada
é como uma seta lançada, não tem jeito de retorná-la. E como um saco de penas
soltas do alto de uma montanha, não podemos mais recolhê-las. Tiago, então, diz
que se você controla sua língua, você controla o seu corpo inteiro, você domina
sua vida. Nós tropeçamos, e a Bíblia diz que é um laço para o homem o dizer
precipitadamente, pois além dos estragos provocados na vida de outros e na
nossa própria vida, ainda vamos dar conta no dia do juízo por todas as palavras
frívolas que proferimos. Pelas nossas palavras seremos inocentados, ou pelas
nossas palavras seremos condenados. Tiago forneceu várias analogias que mostram
como a língua, embora pequena, tem o poder de controlar toda a pessoa e influenciar
todas as áreas da vida dela.
SUBSÍDIO 1
“Tiago emprega duas metáforas para descrever a habilidade da
língua em ‘refrear todo o corpo’ o freio nas bocas dos cavalos e o leme no
navio. Nos dois exemplos, qualquer uma das menores partes é capaz de controlar
a direção e as ações de todo conjunto No entanto, a relação entre a língua e o
resto do corpo é diferente daquela de um freio com o cavalo ou de um leme com o
navio; ela não controla diretamente as ações de uma pessoa. Devido à imperfeita
adaptação dessa analogia, alguns comentaristas sugeriram que Tiago está
estendendo sua discussão ao papel dos professores da Igreja. E a “língua” do
mestre que controla todo o corpo da Igreja. Porém, a principal preocupação de Tiago
nessa seção da carta está dirigida às atitudes individuais dos crentes, e não à
vida coletiva da Igreja (uma questão que ele analisa em 5.13-20). Assim sendo,
é possível que esteja pretendendo que suas metáforas sejam estendidas dentro de
um sentido mais amplo. Pode ainda estar fazendo uma ilustração da ideia dos
ensinamentos de Jesus quando diz que ‘do que há em abundância no coração, disso
fala a boca’ (Mt 12.34: Tg 3.10), onde o desejo do indeciso coração humano
profere tanto a bênção quanto a maldição).” (Comentário Bíblico Pentecostal
Novo Testamento. Vol. 2. 4. ed. Rio de Janeiro, CPAD, 2009. PP 873-74)
II. OS PERIGOS DE UMA LÍNGUA DESCONTROLADA
1. A língua como fogo. O freio dos cavalos, o leme e a língua possuem as
mesmas características: são pequenos, porém capazes de grandes feitos. Tiago
também descreve a língua como um fogo, capaz de incendiar um grande bosque (v.
5). A ideia é mostrar que palavras podem causar danos enormes e duradouros.
Você já deve ter ouvido nos noticiários os muitos males que as queimadas
produzem para o meio ambiente, sendo até mesmo capazes de mudar o clima de uma
determinada região. Os prejuízos são enormes para os ecossistemas e
principalmente para o homem. “Como um mundo de iniquidade“. Essa expressão
significa uma profunda violação da lei e da justiça, injustiça de coração e
vida. Como um fogo, a língua que professa iniquidade é perversa, está fora de
controle e destrói tudo à sua volta. A fala pode ser um instrumento para o bem,
semeando a Palavra de Deus, como também para o mal, como por exemplo: mentir,
difamar, alimentar o ódio, criar discórdias, incitar a luxúria etc. Muitos dos
pecados que são cometidos têm sua origem na falta de controle da língua.
- A língua tem o poder de
dirigir tanto para o bem como para o mal. Tiago lança mão de outras duas
figuras; o fogo e o veneno (3.5-8). Ele diz que uma fagulha pequena incendeia toda
uma floresta. Você já parou para perceber que um incêndio de proporções
tremendas pode ser causado por uma simples guimba de cigarro ou por um mero
palito de fósforo? Aquela chama inicial é tão pequena que, se você der um
sopro, ela se apaga. Mas o que adianta você soprar um fogo que se alastra por
uma floresta? Aí não adianta mais. O fogo, depois que se agiganta e alastra
torna-se indomável e deixa atrás de si grande devastação. Assim é o poder da
língua. Onde um comentário maledicente se espalha, onde a boataria medra e onde
a fofoca se infiltra, como labaredas de fogo, vai se alastrando e provocando destruição.
Assim como o fogo cresce, espalha, fere, destrói e provoca sofrimento, prejuízo
e destruição, assim também é o poder da língua.
2. A inconsistência no falar. No versículo 9. Tiago destaca a inconsistência da
língua: “Com ela bendizemos a Deus e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens,
feitos à semelhança de Deus.” Esta dualidade mostra a necessidade de sermos
consistentes em nossa fala, refletindo nossa fé em todas as circunstâncias. As
Sagradas Escrituras nos ensinam que as palavras adequadas, pronunciadas no
momento certo e com a atitude correta, têm o potencial de gerar vida. Por outro
lado, palavras inadequadas, proferidas no momento errado e com a atitude
incorreta, podem trazer destruição (Pv 18.21).
- Os judeus tinham a tradição de
acrescentar "bendito seja ele" sempre que o nome de Deus era mencionado
(Sl 68.19,35). No entanto, a língua também deseja o mal às pessoas feitas à
imagem de Deus. Isso demonstra a incoerência hipócrita das atividades da língua.
Você não pode encontrar em uma mesma fonte água salgada e água doce. Você não
pode colher figos de um espinheiro nem espinhos de uma figueira, mas você fala
coisas boas e coisas más com a mesma língua. Tiago está enfatizando o mesmo que
Jesus Cristo disse, que a boca fala daquilo que o coração está cheio. Se o seu
coração é mau, a palavra que vai sair da sua boca é má. A incoerência da língua
está no fato de que com ela você bendiz a Deus e também amaldiçoa a seu irmão,
criado à imagem e semelhança de Deus. A mesma língua que usamos para falar dos
outros é a mesma língua que usamos para louvar a Deus no culto. A mesma língua
que usamos para glorificar ao Senhor com nossos cânticos e orações, usamos
também para ferir de morte uma pessoa criada à imagem de Deus. A língua não apenas
é incoerente, mas também contraditória.
3. A incapacidade de dominar a língua. Tiago afirma que “nenhum homem pode domar a língua”
(v. 8). É um mal incontido cheio de veneno mortal. O termo grego utilizado aqui
é kakos que significa uma natureza perversa no modo de pensar, sentir, e agir,
pessoa desagradável, injuriosa, perniciosa, destrutiva, venenosa. A comparação
é com uma víbora, cujo veneno é tão mortal quanto os insultos, calúnias,
maledicência e mentiras. Embora difícil, o controle da língua é essencial para
evitar as armadilhas do mal e para se viver uma vida piedosa. Esse controle só
é possível mediante a ação do Espírito Santo em nós. Neste capítulo, é
destacada a contradição quanto ao uso da língua por algumas pessoas, pois ao
mesmo tempo em que louvam a Deus, também amaldiçoam o próximo, que são feitos à
semelhança de Deus (v. g). Tiago mostra aos irmãos(as) que tal atitude não deve
existir entre os crentes, pois fomos chamados a utilizar nossas palavras para
edificação e não para maldição. Considerando que as palavras possuem o poder
tanto de gerar vida quanto de causar morte, elas são prejudiciais e contaminam
aqueles que as pronunciam e os que ouvem. Um dia teremos que prestar contas de
todas as palavras ociosas que proferirmos (Mt 12.36). Em tempos de redes
sociais, essa orientação de Tiago é fundamental. Não são poucos os que se
utilizam delas para destilar seus venenos, fruto de um coração cheio de
perversidade.
- Nenhum dos homens é capaz de
domar. Somente Deus, por seu poder, pode fazer isso (At 2.1-11). O que Tiago
está dizendo é que a língua é indomável. As vezes, nós conseguimos dominar o
universículo mas não conseguimos domar nossa língua. O animal mais terrível do mundo
tem a sua toca atrás dos dentes, e Tiago diz que este animal indomável e
venenoso é a língua. Esse animal feroz e venenoso é pior que um escorpião, pior
que uma serpente peçonhenta. A picada de um escorpião ou de uma cobra pode ser
tratada, mas muitas vezes, o veneno da língua é incurável. Sócrates, o pai da
filosofia, costumava falar sobre a necessidade de passarmos tudo que ouvimos
por três peneiras. Quando alguém chegava para contar-lhe alguma coisa,
geralmente perguntava o seguinte: “Você já passou o que está me contando pelas
três peneiras?” A primeira é a peneira da verdade. O que você está me falando é
verdade? Se a pessoa titubeasse, dizendo: “Eu escutei falar que é verdade”.
Sócrates, prontamente dizia: “Bom, se você escutou falar, você não tem
certeza”. A segunda peneira é: “Você já falou para a pessoa envolvida o que
você está me falando?” A terceira peneira: “O que você vai me contar, vai
ajudar essa pessoa? Vai ser uma palavra boa, útil, edificante para ajudar na
solução do problema?” Se a pessoa não podia responder positivamente ao crivo
das três peneiras, então, Sócrates era enfático: “Por favor, não me conte nada,
eu não quero saber”.
PENSE! É
possível domar a nossa língua e ter uma linguagem sadia?
PONTO
IMPORTANTE! É possível com a ajuda do Espírito Santo em nós.
SUBSÍDIO 2
Professor(a), converse com seus alunos explicando que “as
pessoas se revelam aos outros pela maneira como usam suas línguas. O problema
não está na boca, mas no coração da pessoa, lá no fundo de nós. Jesus ensinou.
“o homem bom, do bom tesouro do seu coração, tira o bem, e o homem mau do mau
tesouro do seu coração, tira o mal, porque da abundância do seu coração fala a
boca” (Lc 6.45). Da mesma maneira como um balde extrai água de um poço, também
a língua mergulha e extrai o que quer que esteja enchendo o coração. Se a fonte
está limpa, isso é o que a língua transmite. Se está contaminada, a língua
evidenciará isso. (Adaptado de SWINDOLL, Charles R. Vivendo Provérbios. Rio de
Janeiro: CPAD, 2013, p. 83.)
III. CARACTERÍSTICAS DE UMA LINGUAGEM SADIA E
IRREPREENSÍVEL
1. A fala que edifica. Tiago enfatiza o poder e a responsabilidade que
acompanham o uso da língua. Somos advertidos a possuir uma linguagem sadia para
edificar e encorajar os outros. Escrevendo aos crentes de Éfeso, Paulo também
enfatiza esse ensino afirmando que: “Não saia da vossa boca nenhuma palavra
torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos
que a ouvem” (Ef 4.29). Nossas palavras devem ser construtivas e benéficas. Com
a língua, pode-se bendizer e amaldiçoar, contudo não somos chamados para
amaldiçoar ninguém, e sim para apregoar a Palavra de Deus. Que venhamos usar
nossas palavras para a edificação, exortação e consolo dos que nos ouvem. Use a
sua boca, os seus lábios como uma ferramenta poderosa para edificar sua igreja
e promover o bem-estar seu e dos irmãos(as). Desenvolva uma linguagem sadia que
ajuda outros jovens a crescerem em fé e a buscarem uma vida mais alinhada com
os princípios cristãos.
- Aos Efésios, Paulo adverte
sobre a palavra torpe (4.29). A palavra traduzida como "torpe" diz
respeito àquilo que está estragado ou podre, tal como uma fruta machucada ou
uma carne putrefata. O linguajar indecoroso de qualquer sorte nunca deve passar
pelos lábios de um cristão, porque está totalmente em desacordo com sua nova
vida em Cristo (veja Cl 3.8; Tg 3.6-8; cf. SI 141.3). Ao contrário, a
advertência é que se pronuncie apenas palavras que edifiquem, conforme a
necessidade. O discurso do cristão deve ser instrutivo, encorajador, edificante
(mesmo quando for para correção) e adequado ao momento (Pv 15.23; 25.11; 24.26),
trazendo graça aos que ouvem (Cl 4.6).
Porque os cristãos foram salvos pela graça e mantidos pela graça, devem viver e
falar com graça. Nosso Senhor estabeleceu o padrão (Lc 4.22). Que bênção você
poder usar sua língua como uma fonte de refrigério para as pessoas, para
abençoá-las, encorajá-las e consolá-las. Como é precioso trazer uma palavra
boa, animadora e restauradora para uma alma aflita. A principal marca do cristão
maduro é ser parecido com Jesus, o varão perfeito. Uma das principais
características de Jesus era que sempre que uma pessoa chegava aflita perto dele
saía animada, restaurada, com novo entusiasmo pela vida. Quando as pessoas
chegam perto de você, elas saem mais animadas e encantadas com a vida? Elas
saem cheias de entusiasmo, dizendo que valeu a pena conversar com você? Você
tem sido uma fonte de vida para as pessoas? Sua família é abençoada pelas suas
palavras? Seus colegas de escola e de trabalho são encorajados corri a maneira
de você falar?
2. Palavras de sabedoria. Precisamos demonstrar sabedoria por meio da nossa
conduta e, especificamente, através das nossas palavras. Uma linguagem sábia é
aquela que reflete o conhecimento que vem do alto, logo ela é pura, pacífica,
amável, complacente, cheia de misericórdia e de bons frutos, imparcial e
sincera (v. 17). Essa sabedoria deve permear nossas conversas diárias para que
sejam construtivas e que promovam a paz e a justiça. A sabedoria divina é
prática e se reflete não apenas em nossos pensamentos, mas em nossa fala e
atitudes. Somos desafiados a mostrar a sabedoria por meio de boas ações,
realizadas com mansidão. Uma língua controlada reflete a sabedoria divina e a
presença do Espírito Santo em nossa vida.
- Sabedoria é o uso correto do
conhecimento. Uma pessoa pode ser culta e tola. Hoje se dá mais valor à
inteligência emocional do que à inteligência intelectual. Uma pessoa pode ter muito
conhecimento e não saber se relacionar com as pessoas. Ela pode ter muito
conhecimento e não saber viver consigo e com os outros. Tiago compara também a
língua com uma árvore e seu fruto. A árvore fala de fruto e fruto é alimento.
Fruto renova as energias, a força, a saúde e dá capacidade para viver. Nós
podemos alimentar as pessoas com uma palavra boa, uma palavra vinda do coração
de Deus, uma palavra de consolo. Fruto também fala de um sabor especial. Nós podemos
dar sabor à vida das pessoas pela maneira como nos comunicamos. Tiago mostra,
também, que essa sabedoria se reflete nos relacionamentos (3.13.14). Sábio é
aquele que é santo em caráter, profundo em discernimento e útil nos conselhos. Você
conhece o sábio e o inteligente pela mansidão da sua sabedoria e pelas suas
obras, ou seja, imitando a Jesus, que foi manso e humilde de coração (Mt
11.29).
3. Reflexo da fé em Cristo. Nossa fala deve ser um reflexo da nossa fé em Cristo.
O crente deve se comunicar de modo a evidenciar sua fé em Jesus, sendo sempre
cheia de graça e verdade, evitando gírias, palavrões etc. (Cl 4.6). Nossas
palavras são um reflexo daquilo que temos em nossos corações. A fé sem um uso
responsável e amoroso da língua é uma fé incompleta. Nossas palavras devem ser
um testemunho vivo de nossa crença em Cristo, evidenciando o Fruto do Espírito
(Gl 5.22-23). Quando nossas palavras são coerentes com a fé que professamos,
elas se tornam ferramentas de evangelismo e testemunho, atraindo outros para
Cristo.
- Aos Colossenses, Paulo
orienta: “A vossa palavra seja sempre com
graça, temperada com sal, para que saibais como deveis responder a cada um”
(4.6). “EM graça” como seu componente fundamental (Cl 3.16; Ef 4.29). Isso
contrasta com o caso daqueles “do mundo” que “falam da parte do mundo” (1Jo 4.5).
Até a menor folha do crente deve estar cheia da seiva do Espírito Santo (Jr 17.7-8).
A sua fala deve ser alegre sem ser leviana, séria sem ser desanimada. Compare
Lucas 4:22; João 7:46, no que diz respeito à maneira de Jesus falar. Temperada com sal é o sabor da sabedoria
e dedicação espiritual fresca e viva, eliminando toda “fala corrompida” e
também insipidez (Mt 5.13; Mc 9.50; Ef 4.29). Compare com todos os sacrifícios
temperados com sal (Lv 2.13). Não muito longe de Colossos, na Frígia, havia um
lago salgado, o que torna a imagem aqui ainda mais apropriada.
PENSE! Como
posso garantir que as minhas palavras reflitam minha fé e edifiquem os que me
ouvem?
PONTO
IMPORTANTE! As palavras tem poder e precisam ser usadas com sabedoria e
responsabilidade para edificar e não destruir
CONCLUSÃO
A Carta de Tiago nos
adverte sobre o imenso poder da língua e a necessidade de controlá-la para
evitar danos à nossa vida e à do próximo. Uma linguagem saudável edifica, è
cheia de sabedoria e reflete nossa fé em Cristo. Como cristãos, somos chamados
a usar nossas palavras para glorificar a Deus e edificar os outros,
demonstrando autenticidade em nossa fé por meio de uma comunicação verdadeira e
amorosa. Ao cultivar uma linguagem irrepreensível, mostramos ao mundo a
transformação que Cristo opera em nossas vidas.
- "Se soubéssemos quantas e quantas vezes as nossas palavras são mal
interpretadas, haveria muito mais silêncio neste mundo" - Oscar Wilde;
Essa frase do escritor, poeta e dramaturgo irlandês, Oscar Wilde, serve de pano
de fundo para todo o conteúdo a seguir. A Palavra de Deus, a Bíblia, nos dá
alguns enfoques a respeito da questão do "falar", justamente pela
enorme influência que, tanto o falar quanto o ouvir, pode produzir – vida ou
morte. Lembremos que, quando o homem se corrompeu pós-dilúvio, para por fim à
saga pecaminosa daquela geração, Deus interveio na fala (Babel). Lembremos
também, que a fé vem pelo ouvir (Rm 10.17). Às vezes nos descuidamos e dizemos
algo que não devia. A língua pode ser venenosa. Não é fácil controlar a língua,
mas devemos nos esforçar. Quando você aprende a tomar cuidado com suas
palavras, você ganha grande domínio próprio. As palavras têm uma tendência a se
descontrolarem, como um fogo. Se você não tomar cuidado com sua língua, suas
conversas podem rapidamente se tornar perigosas e causar muitos danos. A
tentação para pecar com as palavras é grande, por isso, na dúvida, fique calado
e ore.
Tudo
já valeu a pena, mas a maior recompensa ainda está por vir.
Que
o mundo saiba que Jesus Cristo é o seu Senhor!
Dele
seja a glória!
_______________
Francisco
Barbosa (@Pbassis)
Non Nobis Domine, Non Nobis
• Graduado em Gestão Pública;
• Teologia pelo Seminário Martin Bucer
(S.J.C./SP);
• Pós-graduado em Teologia Bíblica e
Exegese do Novo Testamento, pela Faculdade Cidade Viva (J.P./PB);
• Professor de Escola Dominical desde
1994 (AD Cuiabá/MT, 1994-1998; AD Belém/PA, 1999-2001; AD Pelotas/RS,
2000-2004; AD São Caetano do Sul/SP, 2005-2009; AD Recife/PE (Abreu e Lima),
2010-2014; Ig Cristo no Brasil, Campina Grande/PB, 2015).
• Pastor da Igreja de Cristo no Brasil
em Campina Grande/PB
Servo,
barro nas mãos do Oleiro.
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HORA DA REVISÃO
1. A
advertência de Tiago 3.1 é para qual grupo?
Tiago inicia o capítulo advertência para
2. Qual é
a palavra grega utilizada para “mestre” e o seu significado?
A palavra grega para mestre è kyrios ou kurios, cujo significado
também e “senhor
3. Quais
são as figuras que Tiago utiliza para ilustrar o impacto da língua?
Ele compara a língua ao freio que dirige um cavalo e ao leme que
controla um navio (v. 4).
4. Qual o
significado da expressão “como um mundo de iniquidade”?
“Como um mundo de iniquidade”, essa expressão significa uma
profunda violação da lei e da justiça; injustiça de coração e vida
5. De
acordo com a lição, quais são as características de uma linguagem sábia?
Fala que edificam, palavras de sabedoria e reflexos da fé em
Cristo.