Pb Francisco Barbosa
TEXTO PRINCIPAL
“Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e luz, para o meu caminho.” (Sl 119.105).
Entenda o Texto Áureo:
- Compare com Provérbios 6:23. A palavra de Deus
é uma luz para o guiar com segurança entre os perigos que atravessam o seu
caminho pelas trevas deste mundo. Contraste o destino dos ímpios (Salmo 35:6). Lâmpada...
luz. A Palavra de Deus fornece a iluminação para se caminhar sem
tropeçar
RESUMO DA LIÇÃO
A autenticidade no Cristianismo se revela na
prática da Palavra de Deus por meio da escuta atenta, obediência e serviço,
conforme o exemplo de Jesus.
Entenda o Resumo da Lição:
- A
prática da Palavra de Deus é a aplicação dos ensinamentos da Bíblia na vida
diária. Para isso, é preciso ouvir, rezar e colocar em prática o que se lê.
TEXTO BÍBLICO
Tiago
1.19-27.
19. Sabeis
isto, meus amados irmãos; mas todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para
falar, tardio para se irar.
- toda pessoa seja
pronta para ouvir, tardia para falar, tardia para se irar – ou então, “estejam todos
prontos para ouvir, mas não se apressem em falar nem em se irar” (NVT).
20. Porque
a ira do homem não opera a justiça de Deus.
- Ou seja, a ira humana não produz aquela
justiça na vida que Deus requer. Sua tendência não é nos inclinar a guardar a
lei, mas a violá-la; não nos induzir a abraçar a verdade, mas o contrário. O
significado desta passagem não é que nossa ira torne Deus mais ou menos justo;
mas que sua tendência é não produzir a retidão de vida e o amor à verdade, que
Deus exige. Um homem nunca está seguro de agir corretamente sob a influência da
ira; ele pode fazer coisas ainda mais terríveis e das quais se arrependerá toda
a sua vida. O significado particular desta passagem é que a ira do homem não
terá nenhuma inclinação para o tornar justo. [Barnes, 1870]
21. Pelo
que, rejeitando toda imundícia e acúmulo de malícia, recebei com mansidão a
palavra em vós enxertada, a qual pode salvar a vossa alma.
- rejeitai – de uma vez por
todas, como uma roupa suja. Compare com Zacarias 3:3,5; Apocalipse 7:14. A
“impureza” é purificada pelo ouvir da palavra (Jo 15:3). abundância de
malícia – excesso (por exemplo, o ímpeto para a “ira”, Tiago 1:19-20),
que surge da malícia (má disposição uns para com os outros). Compare com 1Pedro
2:1; Efésios 4:31; Colossenses 3:8. recebei com mansidão – um
para o outro: o oposto de “ira” (Tiago 1:20): “como bebês recém-nascidos”
(1Pedro 2:2). A mansidão inclui também um espírito dócil e humilde (Salmo 25:9;
45:4; Isaías 66:2; Mateus 5:5; Mateus 11:28-30; 18:3-4; contraste com Romanos
2:8). Sobre “recebei”, compare com ao solo recebendo sementes (Marcos 4:20).
Contraste Atos 17:11; 1Tessalonicenses 1:6 com 2Tessalonicenses 2:10. que
pode salvar – um forte incentivo para corrigir nossa estupidez ao ouvir
a palavra: aquela palavra que ouvimos tão descuidadamente, é capaz (instrumentalmente)
de nos salvar (Calvino). [JFU, 1866]
22. E
sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos
discursos.
- sede praticantes da
palavra, e não somente ouvintes – não apenas “fazei”, mas “sede praticantes”
sistemática e continuamente, como vosso compromisso constante. Tiago novamente
se refere ao sermão no monte (Mateus 7:21-29). enganando a vós mesmos
– pela falácia lógica (o grego implica isso) que a mera audição é tudo o que é
necessário. [JFU]
23. Porque,
se alguém é ouvinte da palavra e não cumpridor, é semelhante ao varão que contempla
ao espelho o seu rosto natural.
- não praticante. O verdadeiro
discípulo, dizem os rabinos, aprende para poder fazer, não para que possa
apenas conhecer ou ensinar. seu rosto natural – literalmente, “o
semblante de seu nascimento”: o rosto com o qual ele nasceu. Como um homem
contempla o seu rosto natural num espelho, assim o ouvinte percebe o seu rosto
moral na Palavra de Deus. Este retrato fiel da alma do homem na Escritura é uma
forte prova da sua verdade. Nela vemos espelhada a glória de Deus, bem como a
nossa miséria natural. [JFU, 1866]
24. Porque
se contempla a si mesmo, e foi-se, e logo se esqueceu de como era.
- logo se esquece de
como era [sua aparência]. Há um reconhecimento do rosto conhecido, seguido de
um esquecimento instantâneo e completo; e assim é frequentemente com o espelho
da alma. Em algum sermão ou livro marcante, o eu de um homem é manifestado a
ele, e a imagem pode ser muito familiar para causar repulsa; mas, quer seja ou
não, a impressão desaparece de sua mente tão rapidamente quanto os ecos das
palavras do pregador. Na melhor das hipóteses, o conhecimento foi apenas
superficial, talvez momentâneo; muito diferente do que vem de uma caminhada
santa com Deus. [Ellicott, 1905]
25. Aquele,
porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade e nisso persevera, não
sendo ouvinte esquecido, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no
seu feito.
- aquele que dá
atenção
– literalmente, “se inclina para olhar de perto”. Mais do que “contempla”
(Tiago 1:24). lei perfeita da liberdade – a regra de vida do
Evangelho, perfeita e aperfeiçoada (como mostra o Sermão do Monte, Mateus
5:48): fazer-nos andar verdadeiramente em liberdade (Salmo 119:32,45). Os
cristãos devem ter em vista um padrão mais elevado de santidade do que o que
geralmente se entende sob a lei. O princípio do amor substitui a letra da lei,
para que pelo Espírito sejam libertos do jugo do pecado, obedecendo
espontaneamente. (Tiago 2:8,10,12; Jo 8:31-36; 15:14-15, compare com 1Coríntios
7:22, Gálatas 5:1,13, 1Pedro 2:16). A lei não é, portanto, anulada, mas
cumprida. e nela persevera – em contraste com “vai embora”, Tiago
1:24, este continua olhando no espelho da palavra de Deus, e a cumprir seus
preceitos. [JFU, 1866]
26. Se alguém entre vós cuida
ser religioso e não refreia a sua língua, antes, engana o seu coração, a
religião desse é vã.
- a religião desse é
vã –
ou seja, a prática religiosa, o serviço externo a Deus não tem valor. Para que
o culto e a adoração a Deus sejam aceitáveis, a pessoa que o oferece deve (1)
mostrar amor prático e compaixão, e (2) se esforçar pela santidade pessoal
(Salmo 40:6-8; 51:16-17; Isaías 1:10-20); caso contrário, ele é inconsistente.
[Dummelow, 1909]
27. A religião pura e imaculada
para com Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas
tribulações e guardar-se da corrupção do mundo.
- A religião pura e
não contaminada para com [nosso] Deus e Pai (compare com
Salmo 119:1; Mateus 5:8; Lucas 1:6; 1Timóteo 1:5). e guardar-se da
corrupção do mundo – ou seja, “não se deixar corromper pelo mundo”
(NVI).
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INTRODUÇÃO
A Carta de Tiago é conhecida por sua abordagem
prática e direta. Em Tiago 1.19-27, o servo do Senhor desafia os seus leitores
a serem “cumpridores da Palavra e não somente ouvintes”, enfatizando a
importância de vivermos nossa fé de maneira prática. Nesta lição, estudaremos a
respeito da importância da prática da Palavra de Deus, destacando três pontos
principais: o ouvir atentamente, o agir sobre a Palavra e a verdadeira
religião.
- O crente verdadeiro tem sua vida centrada na Palavra
de Deus (Tg 1.18,21,22-25). Isso é o que Tiago afirma nesse texto da nossa
lição. A Palavra de Deus é a divina semente. Quando ela é aplicada em nosso coração
pelo Espírito Santo, acontece o milagre do novo nascimento. Nascemos, assim, de
cima, de Deus, do Espírito. Recebemos, portanto, uma nova natureza, uma nova
vida. O verdadeiro crente acolhe a Palavra: “Pelo que, despojando-vos de
toda sorte de imundícia e de todo vestígio do mal...”. A Palavra de Deus é
comparada a uma semente, e o coração do homem, a um solo. Também é requerida
uma atitude correta para receber a Palavra: “... recebei com mansidão a
palavra em vós implantada...” A mansidão é o oposto da ira (1.19). A
Palavra deve ter raízes profundas em nossa vida. Aceitamos de bom grado a
transformação que Deus opera em nós através da Palavra. Tiago fala ainda acerca
do resultado da recepção da Palavra: “... a qual é poderosa para salvar as
vossas almas”. Quando nascemos da Palavra, ouvimos a Palavra, recebemos a
Palavra e praticamos a Palavra, podemos ter garantia da salvação.
I. PRONTO PARA OUVIR, TARDIO PARA FALAR E SE IRAR (Tg 1.19)
1. Pronto para ouvir (v.19). Tiago nos aconselha a sermos “prontos para
ouvir, tardios para falar e tardios para se irar”. Ouvir atentamente é o
primeiro passo para compreender a Palavra de Deus e então aplicá-la à nossa
vida. A escuta atenta é fundamental. Somente os tolos falam sem ouvir primeiro.
No entanto, os sábios ouvem atentamente e preparam o coração para receber a
instrução divina. O sábio Salomão nos ensina que “responder antes de ouvir é
estultícia e vergonha” (Pv 18.13). É importante ressaltar que ouvir não é
apenas captar sons, mas prestar atenção, compreender e responder de maneira
apropriada. Ouvir implica:
a) Querer aprender. A sabedoria começa com a capacidade de ouvir;
b) Ter empatia e compreensão. Ter empatia, elemento essencial para construir
relacionamentos saudáveis e resolver conflitos;
c) Ter discernimento espiritual. O discernimento espiritual nos livra de muitos
dissabores em nossa jornada de vida.
- A comunicação é a chave para um relacionamento
saudável. Dependendo da maneira como nos comunicamos, podemos dar vida ou matar
um relacionamento. No século da comunicação virtual, estamos cada vez mais
próximos das máquinas e mais distantes das pessoas. O verdadeiro crente deve
saber se controlar tanto verbal quanto emocionalmente. Deve saber lidar com a
palavra e também com a ira. O conselho de Tiago é: “pronto para ouvir”
(1.19). O termo “pronto”, no grego, é táxys, de onde vem nossa palavra táxi
(rápido). O táxi é um carro de serviço. Ele deve estar sempre disponível. Seu
objetivo é atender o cliente, sempre. Se vamos usar um táxi, é porque temos
pressa. Não podemos esperar. Assim ocorre também com a comunicação. Devemos ter
rapidez para ouvir. É preciso que estejamos prontos para ouvir a voz de Deus, a
voz da consciência, a voz de nosso próximo. Hoje estamos perdendo o interesse
em ouvir, e o resultado disso é a família em desarmonia, é a sociedade
fragmentada. Se nós estivéssemos prontos para ouvir, com a mesma disposição que
estamos prontos a falar, certamente haveria menos ira e mais encontros abençoadores
e saudáveis entre nós. As pessoas procuram os divãs dos psicanalistas porque sentem
necessidade de falar. As pessoas são mais importantes que as coisas. Devemos
adorar a Deus, amar as pessoas e usar as coisas. Essa é a regra de ouro na comunicação
interpessoal. Hoje, estamos substituindo relacionamentos por coisas. Os pais já
não têm mais tempo para os filhos. Eles estão muito ocupados e não podem mais
ajudar os filhos nos deveres da escola, nem ouvir o que os filhos têm a dizer
sobre suas fantasias de criança ou suas angústias da adolescência. Os filhos
parecem não ter com os pais o mesmo crédito que têm os amigos, o trabalho, o
telefone. O diálogo está morrendo entre marido e mulher. Os casamentos estão
acabando, o índice de divórcio está crescendo espantosamente, porque os
cônjuges estão correndo atrás do urgente e deixando o que é importante de lado;
estão valorizando coisas e não relacionamentos; estão substituindo pessoas por
coisas.
2. Tardio para falar (v.19). Tiago nos exorta a sermos cuidadosos e
refletir antes de abrir a boca e fazer uso das palavras. Esse cuidado nos leva
a evitar respostas impulsivas, precipitadas, que possam causar mala nós ou
àqueles que nos ouvem. Precisamos de sabedoria para utilizaras palavras, falando
somente aquilo que é bom para edificar, confortar e instruir, evitando fofocas,
críticas destrutivas ou mentiras. Se você não tem, peça a Deus o controle da
sua língua. Em sua Carta, Tiago destaca o poder da língua para o bem e para o
mal (Tg 3.5-10). Controlar esse pequeno órgão do aparelho fonador é sinal de
maturidade espiritual, pois “na multidão de palavras não falta transgressão,
mas o que modera os seus lábios é prudente” (Pv 10.19).
- Outro conselho
importantíssimo é: “ser tardio para
falar” (1.19). Precisamos estar atentos sobre o que falamos, como falamos,
quando falamos, com quem falamos e por que falamos. É estimado que, em média,
as pessoas falam 18.000 palavras em um dia, o suficiente para preencher 54
páginas de um livro. Em um ano, esse montante será suficiente para preencher 66
volumes de 800 páginas!... Assim, em média, as pessoas passam um quinto de seu
tempo de vida falando. A palavra “tardio”, no grego, é brãdys.
Essa palavra dá a ideia de uma pessoa que tem dificuldades intelectuais para
compreender logo de início o que lhe foi dito; e necessita, portanto, de tempo
para reflexão. O que Tiago quer dizer é que devemos refletir primeiro, e não
falar de imediato. É preciso saber a hora de falar e também o que falar. O que
temos a dizer é verdadeiro? É oportuno? Edifica? Transmite graça aos que ouvem?
Geralmente falamos antes de pensar, de ouvir, de orar, de medir as consequências.
Devemos ter muito cuidado com isso, pois: “A morte e a vida estão no poder
da língua...” (Pv 18.21). As palavras podem dar vida ou matar. Por isso,
Davi orava a Deus e pedia: “Põe, Senhor, uma guarda à minha boca; vigia a
porta dos meus lábios!” (SI 141.3).
3. Tardio para se irar. Tiago revela a necessidade de o crente
desenvolver o controle emocional e a paciência, fruto do Espírito, para que ele
não venha a dar lugar à ira e se torne uma pessoa iracunda. Tenha a certeza de
que o furor leva a ações e palavras das quais nos arrependermos mais tarde,
fazendo com que venhamos a ferir a nós e ao próximo. A Palavra de Deus nos
desafia a exercer a paciência e o autocontrole a fim de responder com
paciência, mesmo em situações difíceis de provocação e injustiça. Em Gálatas
5.22,23 somos desafiados a desenvolver o fruto do Espírito (que inclui domínio
próprio). Tiago orienta os crentes a reconhecerem que a ira não produz a
justiça de Deus (Tg 1.20 — NVT). Além do mais, ela leva a ações
destrutivas. Temos de seguir o exemplo do nosso Deus que é tardio em irar-se e
cheio de misericórdia (Êx 34.6). Seguir esse exemplo deve ser o ideal do
crente. Em Efésios 4.26,27, Paulo traz uma recomendação muito importante a
respeito da ira; ele mostra que ficar irado por muito tempo, por um dia, é dar
lugar ao Diabo.
- Novamente encontramos o termo brádys.
Tiago está dizendo que a ira deve ser tratada com reflexos lentos. A maior
demonstração de força está no autodomínio, e não no domínio sobre os outros. “Melhor
é o longânime do que o valente, e o que domina o seu espírito do que o que toma
uma cidade” (Pv 16.32). Em geral, a ira humana é desgovernada, destruidora
e pecaminosa. É obra da carne, e não opera a justiça de Deus. Há dois perigos
com respeito à ira: primeiro, a explosão da ira, ou seja, o temperamento
indisciplinado. Segundo, a implosão da ira, ou seja, o temperamento encavernado.
Uns atacam e quebram tudo à sua volta quando estão irados. Outros guardam a ira
e levam-na para o seu interior. Mas essa fera enjaulada destrói tudo por
dentro: a saúde, a paz e a comunicação com Deus e com o próximo. Precisamos
aprender a lidar com nossos sentimentos. Um indivíduo temperamental provoca
grandes transtornos na família, no trabalho, na igreja e na sociedade. Muitas
pessoas tentam encobrir seus pecados dizendo que são sinceras, que não levam
desaforo para casa e que, depois de explodirem, tudo volta à normalidade. O
problema é que, na explosão da ira, elas jogam estilhaços para todos os lados.
Alguém que não tem domínio próprio fere e machuca quem está ao seu redor. Por
outro lado, o congelamento da ira é um mal terrível. Há muitos que ficam como
um vulcão em efervescência. Estão em aparente calma, mas as lavas
incandescentes lhes queimam por dentro. A mágoa produz grandes transtornos.
Onde ela prevalece, reina a doença, e Satanás acaba levando vantagem (2Co
2.11).
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SUBSÍDIO I
Prezado(a) professor(a), explique “que Tiago não
tem muito a dizer a respeito de pecados da carne, tão característicos dos gentios
do primeiro século. Em vez disso, ele nos adverte em relação aos pecados que os
judeus estavam mais inclinados a praticar — orgulho, impaciência e outros
pecados do temperamento e da língua. Dessa forma, o apóstolo cita três
preceitos que provavelmente eram conhecidos aos seus leitores: ‘Todo o homem
seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar’ (v.19). Visto
que ele está prestes a apresentar uma advertência severa, Tiago inicia suas
palavras com uma expressão de profunda afeição e nela identifica-se com os seus
ouvintes — ‘meus amados irmãos’. Parece mais certo considerar o ouvir e o falar
em um sentido geral, em vez de restringir o significado (como alguns fazem) ao
ouvir e falar a mensagem do Evangelho. Tiago mais tarde (vv.21-25) trata
especificamente do homem com a ‘palavra’ salvadora.
O homem tem dois ouvidos, mas somente uma boca;
ele, portanto, deveria ouvir duas vezes mais do que falar. Há uma conexão
íntima entre o ouvir e o falar; também entre o falar e a ira. Aquele que ouve mais
atentamente entende melhor o seu próximo; entender leva a um falar ponderado e
a uma resposta branda que ‘desvia o furor’. O falar impensado, por outro lado,
com frequência produz a palavra pesada que ‘suscita a ira’ (Pv 15.1).” (Comentário
Bíblico Beacon. Volume 10. Rio de Janeiro: CPAD, 2014, p.155).
II. AÇÕES REFERENTES À PALAVRA DE DEUS
1. Receber a Palavra com mansidão. Tiago 1.21 (NVT) nos encoraja a
receber com mansidão a Palavra em nós implantada. Isso significa reconhecer que
não sabemos tudo, que temos sempre algo a aprender. Temos a necessidade de
orientação diária de Deus, mantendo um coração ensinável. Entretanto, apenas
ouvir, sem praticar, é insensatez. É construir utilizando como alicerce a areia
(Mt 7.26,27). Tiago afirma também que agir assim é “como o homem que observa o
seu rosto natural no espelho” e depois se esquece de sua aparência (Tg
1.23,24). É preciso receber a Palavra com humildade, reconhecendo seu poder e a
necessidade que temos de ser transformados (Rm 12.2). Ouvir a Palavra é
importante, mas agir conforme ela ensina é crucial para se ter uma vida cristã
saudável, abundante. Tiago 1.22 nos exorta a sermos “praticantes da Palavra, e
não apenas ouvintes”, pois a fé genuína se manifesta em ações que refletem a
Jesus Cristo.
- Devemos tomar cuidado para não esquecermos o
que vemos no espelho. Muitas vezes lemos a Bíblia tão distraidamente que nem
conseguimos ver quem nós somos, como está a nossa aparência. Não temos
convicção de pecado. Não sentimos sede de Deus. Não falamos como Isaías: “Ai
de mim!”. Não falamos como Pedro; “Senhor, aparta-te de mim, porque eu
sou um pecador”. Não falamos como Jó: “Eu me abomino no pó e na cinza”.
Devemos nos acautelar para não fracassarmos em fazer o que o espelho mostra. Não
basta ler a Bíblia, é preciso praticá-la. Não basta falar, é preciso fazer. Reunimo-nos
muito para conhecer e pouco para praticar. Gastamos os assentos dos bancos e
pouco as solas dos sapatos.
2. Receber e praticar a Palavra. A prática da Palavra de Deus leva à
transformação pessoal e por essa razão, Tiago exorta aos seus leitores a serem
“cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos”
(v.22). Ler, meditar e não praticar os preceitos divinos é tolice. Na
atualidade, muitos tem o conhecimento, a informação, a formação teológica, mas
não são praticantes da Palavra e o conhecimento torna-se apenas teórico. Deus
deseja que você conheça a sua Palavra e a pratique, pois a verdadeira fé cristã
se manifesta em ações. Quando aplicamos os princípios bíblicos em nossas vidas,
nossas ações e palavras revelam o Deus Pai e o Deus Filho. Praticar a Palavra é
amar o próximo (Tg 2.8), mesmo aqueles que não seguem a nossa fé, praticar a
justiça é viver com integridade (Tg 3.17,18). Somente aqueles que desejam
cumprir a Palavra, e se esforçam para isso, são capazes de cuidar dos
necessitados conforme nos ensina o Senhor (Tg 1.27), controlar a língua (Tg
3.2-12) e evitar o favoritismo (Tg 2.1-9).
- Ouvir a palavra sem praticá-la é enganar-se a
si mesmo. É como se olhar no espelho, ver a roupa suja e não fazer nada. Ouvir
a Palavra e não praticá-la é ter uma falsa religião. O fim é o engano, é a
tragédia. Mas, quem obedece à Palavra é bem-sucedido em tudo quanto faz (Js
1.6-8). O fato de Tiago chamar os cristãos professos a ser
"praticantes", e não somente a praticar, enfatiza que todos os
aspectos da personalidade do cristão deveriam ser caracterizados dessa maneira (Mt
7.21-28). Ele afirma que caso não ajamos assim, estaremos nos enganando. No
grego, a palavra usada por “enganando-vos” é, literalmente, "contar
mal". Essa palavra era usada na matemática para se referir a um erro de
cálculo. Os cristãos professos que se contentam apenas em ouvir a Palavra estão
cometendo um sério erro de cálculo em sua vida espiritual.
3. Receber a Palavra e obedecê-la. A obediência à Palavra de Deus nos leva a desfrutar
de uma vida abundante (Sl 1). Tiago afirma que a prática da Palavra promove
felicidade: “Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade e
nisso persevera, não sendo ouvinte esquecido, mas fazedor da obra, este tal
será bem-aventurado no seu feito (Tg 1.25)”. A lei perfeita é a Palavra de Deus
e a verdadeira liberdade é encontrada na obediência a Deus (Jo 8.31,32). A
bênção não está em apenas ouvir, mas em perseverar e colocarem prática os
ensinamentos bíblicos. Isso implica um compromisso contínuo e dedicado à
aplicação dos princípios bíblicos em todas as áreas da vida (Sl 1.1-3). A
Bíblia está repleta de promessas de bênçãos para aqueles que obedecem a Deus,
como por exemplo, paz (Fp 4.7), direção (Pv 3.5,6) e prosperidade espiritual
(Js 1.8).
- Por que Tiago chama a Jei de Deus de “lei
perfeita, lei da liberdade?” É porque quando a obedecemos, Deus nos liberta.
Aquele que comete pecado é escravo do pecado (Jo 8.34). Disse Jesus: “Se vós
permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sois meus discípulos; e
conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8.31,32). Deus não
deu a Sua lei como meio de salvação, mas a deu como um estilo de vida para os
salvos, aqueles que haviam sido redimidos (Êx 20.2). Ouvir a palavra sem
praticá-la é enganar-se a si mesmo. É como se olhar no espelho, ver a roupa
suja e não fazer nada. Ouvir a Palavra e não praticá-la é ter uma falsa religião.
O fim é o engano, é a tragédia. Mas, quem obedece à Palavra é bem-sucedido em
tudo quanto faz (Js 1.6-8).
SUBSÍDIO II
“Tiago — 1.22-25. Tiago em nenhum lugar
chega mais próximo dos ensinamentos do seu irmão e Senhor do que na ênfase
dessa passagem. Jesus declarou: ‘Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará
no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus’
(Mt 7.21). Tiago ecoa esse ensinamento na forma imperativa: ‘E sede cumpridores
da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos’ (v.22). Tiago provavelmente
tinha em mente o cenário de uma típica congregação cristã primitiva com seu
estilo de adoração típica da sinagoga. O líder lia textos do Antigo Testamento
e do Novo para a edificação dos ouvintes. O imperativo aqui não significa
simplesmente ‘sede’, mas sim, ‘mostrem-se cada vez mais’.
O homem que ouve a verdade, mas não a aceita, e
molda sua vida de acordo com essa verdade, é semelhante a um homem que olha
para sua imagem no espelho (v.23), mas para revelar-nos qualquer mancha de
sujeira que precisa ser limpa ou sinais de doenças que precisam ser curadas.
‘Seu rosto natural’ é literalmente o ‘rosto do seu nascimento’. ‘O espelho da
Palavra de Deus revela o homem como ele é: ele mostra que há algo seriamente
errado com a natureza que trouxe para o mundo com ele’.
No versículo 25, Tiago continua descrevendo a
figura de um espelho, mas sua imagem não pode transmitir toda a verdade. Um
espelho reflete somente o rosto que está diante dele, mas a Palavra de Deus nos
mostra tanto o que é a nossa natureza humana quanto o que é o ideal divino para
nós.” (Comentário Bíblico Beacon. Volume 10. Rio de Janeiro: CPAD,
2014, p.163).
III. A PALAVRA E A VERDADEIRA RELIGIÃO
1. A religião pura e imaculada. A verdadeira religião manifesta-se em atos e
palavras, pois Deus espera de seus filhos ações condizentes com a nova vida em
Cristo (2Co 5.17), ou seja, ações mais éticas, de compaixão e misericórdia.
Sabemos que nas Escrituras existem várias recomendações para que venhamos a
cuidar dos órfãos e das viúvas, ou seja, dos mais vulneráveis. Por essa razão,
Tiago enfatiza que os atos de bondade, misericórdia e amor revelam uma fé
autêntica. Cuidar dos necessitados é uma demonstração prática do amor de Cristo
(Mt 25.35-40).
- Tiago escolhe dois adjetivos sinônimos para
definir o tipo mais impecável de fé religiosa — aquele que é medido pelo amor
compassivo (Jo 13.35). Os órfãos e as viúvas, trata-se das crianças que haviam
perdido os pais e as mulheres que haviam perdido o marido, formavam — e formam
— um segmento especialmente necessitado dentro da igreja (1Tm 5. 3; Cf. Êx
22.22; Dt 14.28-29; SI 68.5; Jr 7.6-7; 22.16; Al 6.1-6). Uma vez que eles
normalmente não podem retribuir o favor, o cuidado deles demonstra claramente o
amor cristão verdadeiro e sacrifical. Tiago ainda afirma que, mundo, o sistema
maligno que impera no mundo e dita as suas regras, não deve chamar a nossa
atenção nem despertar em nós algum tipo de desejo.
2. Vida irrepreensível. Tiago nos adverte a vivermos de modo santo,
ou seja, sem a mácula do mundo e isso implica viver de acordo com os princípios
bíblicos, resistindo às influências da nossa cultura. Uma vida incontaminada é
um testemunho poderoso da autenticidade da nossa fé. Para se ter uma vida
ilibada, é preciso estar em constante vigilância contra o pecado e as tentações
do mundo. A Carta de Tiago é muito prática, pois viver uma vida pura e íntegra
é um poderoso testemunho da autenticidade da fé cristã. Muitos são levados a
Cristo por meio do exemplo de vida dos crentes.
- A religião pura e verdadeira vai muito além de
doutrinas e ritos. Envolve prática, ação. Hoje há um grande abismo entre o que
professamos e o que vivemos; entre o que dizemos e o que fazemos; entre a nossa
profissão de fé e a nossa prática de vida; entre o cristianismo teórico e o
cristianismo prático. Esse distanciamento entre verdades inseparáveis, essa
falta de consistência e coerência, dá à luz uma religião esquizofrênica e
farisaica. Tiago, homem de mente lógica e de espírito prático, toca, sem subterfúgios,
o ponto nevrálgico do problema e aponta o sério risco de se viver uma religião
descomprometida, mística, etérea, teórica, descontextualizada, sem praticidade
e sem pertinência histórica. Tiago diz que não basta o ritual bonito, a
liturgia pomposa, a exterioridade Como saber se minha religião é verdadeira irretocável.
É preciso celebrar a liturgia da vida. Para tanto, ele coloca o prumo de Deus
em nós e questiona-nos; somos verdadeiros religiosos ou não?
CONCLUSÃO
A autenticidade no Cristianismo se revela na
prática da Palavra de Deus. Tiago nos chama a ser ouvintes atentos, praticantes
dedicados. Tais atitudes revelam uma religião pura e imaculada. Ao ouvir com
humildade, agir com obediência e servir com compaixão, demonstramos uma fé viva
e verdadeira. Este chamado à prática não só transforma nossas vidas, mas também
impacta positivamente o mundo e os que estão ao nosso redor. Assim, somos
convidados a viver uma fé autêntica que transcende palavras e se manifesta em
atos de amor e justiça.
- A religião verdadeira não é um simples ritual, não
é misticismo ou encenação, mas é ter uma vida separada para Deus. É guardar-se
incontaminado do mundo, ou seja, do sistema de valores pervertidos, corruptos,
sujos, imorais e inconsequentes. Esses desbastam os valores de Deus, corroem os
absolutos da Palavra e instauram o relativismo, o conformismo, o imediatismo e
o hedonismo que levam ao comprometimento com o pecado. Ser religioso autêntico
é inconformar-se com os conformismos do mundo, para conformar-se com os inconformismos
de Deus. A religião que agrada ao Senhor é rechaçar o mal ainda que mascarado
de bem. O mundo é atraente. Ele arma um cenário encantador para nos atrair. Contudo,
o mundo jaz no maligno.
Tudo já valeu a pena, mas a maior recompensa ainda
está por vir.
Que o mundo saiba que Jesus Cristo é o seu Senhor!
Dele seja a glória!
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Francisco Barbosa (@Pbassis)
• Graduado em Gestão Pública;
• Teologia pelo Seminário Martin Bucer
(S.J.C./SP);
• Pós-graduado em Teologia Bíblica e
Exegese do Novo Testamento, pela Faculdade Cidade Viva (J.P./PB);
• Professor de Escola Dominical desde
1994 (AD Cuiabá/MT, 1994-1998; AD Belém/PA, 1999-2001; AD Pelotas/RS,
2000-2004; AD São Caetano do Sul/SP, 2005-2009; AD Recife/PE (Abreu e Lima),
2010-2014; Ig Cristo no Brasil, Campina Grande/PB, 2015).
• Pastor da Igreja de Cristo no Brasil
em Campina Grande/PB
Servo, barro nas
mãos do Oleiro.
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HORA DA REVISÃO
1. Segundo
a lição, qual o primeiro passo para entender a Palavra?
Ouvir atentamente é o primeiro passo para
compreender a Palavra de Deus e então aplicá-la a nossa vida.
2. Como
as Escrituras denominam quem fala sem ouvir?
Tolo.
3. Controlar
a língua é um sinal de quê?
Controlar esse pequeno órgão do aparelho fonador é
sinal de maturidade espiritual.
4. Segundo
a lição, como devemos receber a Palavra?
Tiago 1.21 nos encoraja a “receber com mansidão a
Palavra em nós implantada”.
5. Como
se manifesta a religião pura e imaculada?
A verdadeira religião manifesta-se em atos e
palavras, pois Deus espera de seus filhos ações condizentes com a nova vida em
Cristo (2Co 5.17). ou seja, ações mais éticas, de compaixão e misericórdia.