Pb Francisco Barbosa
TEXTO ÁUREO
“Meus irmãos, tende grande gozo quando cairdes em várias tentações, sabendo que a prova da vossa fé produz a paciência.” (Tg 1.2,3).
Entenda
o Texto Áureo:
- Meus irmãos – uma frase
frequentemente encontrada em Tiago, marcando comunidade de povo e de fé. toda
alegria – causa para maior alegria (Grotius). Nada além de alegria
(Piscator). Conte todas as várias provações como sendo cada uma motivo de
alegria (Bengel). vos encontrardes – inesperadamente, de modo a
ser envolvido por elas (assim o grego original). provações – não
no sentido limitado de seduções ao pecado, mas sim provações ou aflições de
qualquer tipo que testam e purificam o caráter cristão. Compare “provação” com
Gênesis 22:1. Alguns daqueles a quem Tiago escreve estavam “doentes” ou
“aflitos” (Tiago 5:13). Toda prova possível para o filho de Deus é uma
obra-prima da estratégia do Capitão da sua salvação para o seu bem. a
prova – o teste da sua fé, a saber, por “várias provações”. Compare
Romanos 5:3, a tribulação produz paciência e experiência de paciência (no
original dokime, semelhante a dokimion, “provando”, aqui; lá está a
experiência: aqui o “provando” ou testando, de onde a experiência flui). perseverança
– resistência e continuidade (compare Lucas 8:15).
RESUMO DA LIÇÃO
Manter a autenticidade em meio às provas e tentações, é
essencial para preservar nossa integridade e viver de acordo com nossos valores
cristãos mais profundos.
Entenda
o Resumo da Lição:
- As tentações são sugestões ou
convites ao pecado, e não podem vir de Deus. A tentação não é algo exclusivo
para pessoas pecadoras ou fracas. Todos nós somos suscetíveis à tentação, pois
ela faz parte da natureza humana após a Queda no Jardim do Éden. A tentação
surge quando nossos desejos naturais são atraídos por algo que sabemos ser
errado ou prejudicial. Jesus foi tentado pelo diabo no deserto, assim como
somos tentados em nossas vidas. No entanto, ele resistiu à tentação em perfeita
obediência à vontade de Deus. Jesus é o nosso exemplo de como vencer a
tentação, confiando em Deus e em sua força.
TEXTO BÍBLICO
Tiago 1.12-16
12
Bem-aventurado o varão que sofre a tentação, porque, quando for provado,
receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam.
- Feliz
(“Bem-aventurado”, ARA) é o homem que suporta a provação. O modo de ensinar
através de bem-aventuranças nos lembra imediatamente o Sermão da Montanha, com
o qual, como se verá depois, a Epístola tem tantos pontos de contato. quando
for aprovado – e não, “quando for provado”, como em Romanos 14:18;
16:10, para aquele que foi testado e aprovado. a coroa da vida. A imagem
da “coroa” ou coroação do vencedor para recompensa dos justos é comum tanto a
Pedro, que fala da “coroa da glória” (1Pedro 5:4), e a Paulo que fala da “coroa
da justiça” (2Timóteo 4:8). A “coroa da vida”, ou seja, da vida eterna, no
entanto, é peculiar a Tiago. [Cambridge, 1890]
13
Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado: porque Deus não pode ser
tentado pelo mal, e a ninguém tenta.
- Segundo a Bíblia
de Genebra (2009), “Há uma importante diferença entre uma provação (Tiago 1:12)
e uma tentação (Tiago 1:14). Muitas vezes Deus prova o seu povo para expor suas
qualidades interiores (Abraão, Gênesis 22:1; Ex 15:25; 16:4; Salmo 66:10), mas
Deus nunca tenta ninguém no sentido de levá-lo a pecar. Tiago entendia que os
cristãos podiam facilmente atribuir suas tentações a Deus, pois eles sabiam que
Deus é soberano sobre todas as coisas. De fato, Jesus nos ensinou a orar “não
nos deixes cair em tentação” (Mateus 6:13) porque Deus permite que Satanás faça
suas obras más. No entanto, Tiago insistiu que é um perverso equívoco atribuir
motivos malignos, incluindo tentação, a Deus.” porque Deus não é tentado pelo
mal – ou seja, “Deus nunca é tentado a fazer o mal” (NVT).
14
Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria
concupiscência.
- A causa do pecado
está em nós mesmos. Mesmo as sugestões de Satanás não nos colocam em perigo
antes de serem feitas por nós mesmos. Cada um tem sua “própria cobiça”. A
cobiça decorre do pecado original, herdado de Adão a partir do nascimento. seduzido
– literalmente, fisgado como um peixe. “Cobiça” é aqui personificada como a
prostituta que atrai o homem. [JFU, 1866]
15
Depois, havendo a concupiscência concebida, dá à luz o pecado; e o pecado,
sendo consumado, gera a morte.
- o
pecado, quando é consumado, gera a morte. Essa “morte” está em
perceptível contraste com a “coroa da vida” (Tiago 1:12), a qual a
“perseverança” resultará quando tiver sua “realização completa” (Tiago 1:4).
[JFU, 1866]
16
Não erreis, meus amados irmãos.
- Em outras palavras, não erre
ao atribuir à Deus a tentação para o mal; não, “toda boa dádiva”, tudo o que é
bom na terra, vem de Deus. [JFU, 1866]
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INTRODUÇÃO
A vida cristã é frequentemente marcada por desafios e
dificuldades que testam a nossa fé e comprometimento com o Reino de Deus. Na
Carta de Tiago, especialmente na introdução, somos chamados a enfrentar as
tentações e provações de maneira que a nossa fé seja fortalecida. Na lição
deste domingo, veremos o que são as tentações, sua procedência e propósito na
vida cristã. Também vamos refletir a respeito da diferença entre a tentação e a
provação, e como essas experiências podem nos levar a desenvolver uma fé
autêntica.
- Estamos diante de
uma lição muito longa, contraproducente, se o professor tentar ministrar todo o
conteúdo em um tempo de aula apenas. No entanto, comentarei todos os subtópicos
tentando ser o mais sucinto possível e, ainda assim, fornecer um bom conteúdo. O alvo de Deus em
nossa vida é a maturidade cristã (1.2-4,12; Rm 8.29; Cl 1.28). À medida que
somos provados, precisamos pedir a Deus para nos mostrar o que Ele está fazendo
(1.5). Deus nos prova para nos fazer desmamar de atitudes infantis. Provações,
em grego, sugere problema ou algo que quebre o padrão de paz, conforto, alegria
e felicidade na vida de uma pessoa. A forma verbal dessa palavra significa
"submeter alguém ou algo à prova", com o propósito de descobrir a
natureza dessa pessoa ou a qualidade de uma coisa. Deus permite essas provas
para provar e aumentar a força e a qualidade da fé que a pessoa professa e
demonstrar a validade dela (vs. 2-12). Toda provação torna-se uma prova de fé
que tem por objetivo fortalecer; se o cristão não consegue passar nessa prova
por responder a ela de maneira incorreta, essa prova então se torna uma
tentação, ou uma incitação ao mal. A tentação é o lado negativo de qualquer
circunstância que enfrentamos, e a provação é o seu lado positivo, devido à
origem e aos objetivos de ambas. Podemos ser vitoriosos resistindo às tentações
e perseverando no Senhor que quer nos testar e que nos dá poder para a luta. Na
epístola de Tiago 1.12-13, encontramos a importância de passar pela provação; O
problema é que a palavra empregada no original é a mesma, e as circunstâncias
em que ambas, tentação e provação se apoiam, também são as mesmas. A tentação é
algo negativo por causa da sua origem. Deus não tenta ninguém. Por outro lado,
somos tentados e induzidos à tentação por nossa própria cobiça, observe as
palavras de Tiago 1.14. O tentador, por definição, é Satanás. Foi ele que
tentou o próprio Jesus, encontramos esse relato no Evangelho Segundo Mateus 4.3.
A tentação é algo negativo por causa do objetivo do tentador, a saber, destruir
e devorar os que se deixam levar pelo caminho do pecado. Em 1Pedro 5.8
encontramos um alerta: “Sejam sóbrios e vigilantes. O inimigo de vocês, o
diabo, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar”.
Vamos ao conteúdo da lição e ver o que temos pela frente!
I. A FORÇA
PRODUZIDA PELAS TENTAÇÕES (vv. 2,12)
1. O que são as tentações?
Segundo Dicionário Teológico, são estímulos que levam à prática do pecado. Mas
preste atenção! São somente incentivos ou pressões. No hebraico o termo é nissi
e no grego é ekpeirazo, ambos significam “provação” ou “teste”. As tentações
são estímulos, ou seja, um teste, e podem surgir em diversos momentos e áreas
da vida. Em sua Carta. Tiago distingue claramente as provações das tentações,
atribuindo-lhes origens e propósitos diferentes (vv. 3.4). Enquanto as
provações são vistas como oportunidades para crescimento espiritual e uma maior
intimidade com Deus, as tentações surgem para nos fazer pecar e assim nos
afastar do Senhor. É crucial reconhecer essa distinção para compreender como
lidar com cada situação de acordo com a orientação bíblica. Jesus, em seu
ministério terreno, foi tentado pelo Inimigo no deserto (Mt 4). todavia Jesus
não pecou (Hb 4.14-16). O nosso Salvador e Mestre venceu a tentação e devemos
nos aproximar dEle com fé para que sejamos também vitoriosos. Jesus, em tudo,
foi tentado, por isso Ele conhece as nossas tentações e pode nos dar força e
sabedoria para resistirmos (1 Co 10.13).
- Quando estamos
sendo provados, precisamos de discernimento e sabedoria (Tg 1.5; 3.13-18).
Sabedoria, primeiro para saber distinguir prova e tentação! Uma pessoa madura é
paciente nas provas. Uma pessoa imatura transforma provas em tentações. Provas
são testes enviados por Deus, e tentações são armadilhas enviadas por Satanás.
Quando Deus nos prova é para que possamos passar no teste e herdar as bênçãos. Quando
passamos por dificuldades somos tentados a questionar o amor e o poder de Deus.
Então, Satanás oferece um caminho para escaparmos das provas. Essa oportunidade
é uma tentação. Quando Jesus estava jejuando e orando no deserto, Satanás o
tentou, sugerindo a ele que transformasse pedras em pães. A tentação é algo
negativo, por nos oferecer uma oportunidade e até uma justificativa para o
pecado. Encontramos isso logo no primeiro livro da bíblia, no Gênesis, Eva usa
de subterfúgios momentâneos para justificar sua desobediência, assim como Adão
também o faz. Contudo, desculpas para o pecado que cometemos contra a santidade
de Deus não absolve, elimina, explica, justifica, nossa transgressão. Nossos
primeiros pais, tentaram se justificar diante de Deus, colocando a culpa no
outro, mas ambos receberam o justo juízo de Deus. Neste sentido, a tentação
sempre nos acompanha em nossa própria cobiça, é utilizada pelo tentador com o
objetivo de nos destruir e, naturalmente, desperta no coração a tendência de
minimizar o pecado ou justificar o pecado, retirando a culpa de si mesmo e
colocando no outro ou nas circunstâncias. A tentação sempre nos conduz para
longe de Deus. O nosso Senhor é santo e perfeito, em sua santidade, não
compactua com o pecado, muito menos aprova a transgressão, por isso nos
afastamos do Senhor quando estamos em pecado. O objetivo da provação, ao
contrário do objetivo da tentação, é nos aproximar cada vez mais de Deus.
Observe a tentação afasta-nos de Deus, a provação aproxima-nos de Deus. Como
base para nossa afirmação usaremos a epístola de Tiago 1.2, “2 Meus irmãos,
tenham por motivo de grande alegria o fato de passarem por várias provações,”.
Nesse sentido, a provação sempre nos conduz para o crescimento espiritual.
Passar por lutas e dificuldades produz em nós o sentimento de maior dependência
de Deus, produz maior convicção da soberania de Deus atuando em nós, produz
maior profundidade de comunhão com Deus. A provação é abençoadora na vida do
cristão, mas, não se esqueça, que a provação também pode ser utilizada por
Satanás para nos afastar de Deus. O livro de Jó é uma clara demonstração neste
sentido. Diante do sofrimento, não blasfemou contra Deus, e nem desonrou a
Deus. Ao contrário, deu declarações extraordinárias sobre Deus. O próprio Deus
disse que Jó era um servo que agradava ao coração dEle, este mesmo servo em Jó
42.5 declara com palavras maravilhosas após a provação, “5 Eu te conhecia só de
ouvir, mas agora os meus olhos te veem.” A provação aproximou mais Jó do
Criador. As lutas de Jó o levaram para mais perto de Deus, embora Satanás tenha
tentado levar Jó para mais distante de Deus. Então, é necessário estar atento,
pois as provações, que Deus utiliza para fortalecer nossa fé, pode ser
utilizada por Satanás como tentação para nos afastar de Deus. Uma tentação de
Satanás pode ser utilizada pelo Espírito Santo para nos conduzir mais ainda
para perto de Deus. O próprio Jó é exemplo disso, pois Satanás procurou colocar
Deus contra Jó e Jó contra Deus. Contudo, a tentação de afastar Jó de Deus
produziu o efeito contrário, ou seja, tornou ainda mais firme sua fé no Senhor.
Na provação ou na tentação seremos vencedores se mantivermos nossos olhos no
Senhor, somente o Senhor pode fortalecer-nos, guiar-nos. Que nossas vidas Jesus
Cristo seja o centro.
2. A procedência das
tentações. Segundo Tiago 1.14.15, as tentações procedem de nossos desejos
carnais, que nos arrastam e seduzem para longe da vontade de Deus. Quando esses
desejos são concebidos, dão à luz ao pecado, e o pecado, quando consumado, gera
a morte. Portanto, as tentações não vêm de Deus. Por que Ele desejaria que
pecássemos se o seu objetivo para nós é alcançarmos a estatura de varão
perfeito: à santidade? A verdadeira causa de comportamentos pecaminosos não
está em Deus, mas em nós mesmos e no Diabo (1.13-15). Tiago aborda a respeito
da provação (teste) que são os desafios ou dificuldades permitidas por Deus
para testar e fortalecer a fé dos crentes. Esse tipo de provação é um meio de
desenvolvimento espiritual Conforme Tiago 1.12, as provações são permitidas por
Deus para aqueles que o amam. Elas têm como objetivo fortalecer a fé e culmina
com a “coroa da vida. Já a tentação são desejos e inclinações pecaminosas que
levam uma pessoa a errar o alvo.
- Cobiça refere-se à luxúria, ao
forte desejo da alma humana de desfrutar ou adquirir algo para satisfazer a carne.
A natureza caída do homem tem a propensão para deseja' for temente qualquer
pecado que a satisfará (veja notas em Rm 7.8-25). A expressão "sua
própria" descreve a natureza individual da luxúria — ela é diferente para
cada pessoa em consequência das tendências herdadas, do ambiente, da criação e
das escolhas pessoais. A gramática grega também indica que essa
"cobiça" é o agente ou a causa direta do pecado individual. Cf. Mt
15.18-20. atrai. Essa palavra grega era usada para descrever animais de caça
que eram atraídos para armadilhas. Assim como os animais podem ser levados à
mor te por meio de iscas atrativas, a tentação promete às pessoas algo bom,
que, na verdade, é prejudicial, seduz. Um termo de pesca que significa
"capturar" ou "pegar com isca" (cf. 2Pe 2.14,18). Forma um
paralelo com "atrai". 1.15 O pecado não é um simples ato espontâneo,
mas o resultado de um processo. As palavras gregas traduzidas por "haver
concebi do" e "dá à luz" comparam o processo à concepção e ao
nascimento físicos. Portanto, Tiago personifica a tentação e mostra quo ela
pode seguir uma sequência semelhante e produzir o pecado com todos os seus
resultados fatais. Conquanto não resulte na morte espiritual do cristão, o
pecado pode levá-lo à morte física (1 Co 11.30; 1 Jo 5.16).
3. O papel do Inimigo.
Embora as tentações procedam de nossos próprios desejos, o Inimigo (Satanás)
sabe como explorar essas fraquezas, tentando nos afastar de Deus. Mas a
responsabilidade de não ceder à tentação é individual. Tiago descreve o
processo da seguinte maneira: A pessoa é tentada pelo mal, atraída e seduzida
pela própria cobiça. A vontade, quando concebida. dá à luz ao pecado. O pecado,
quando consumado, gera a morte. O pecado, quando não confessado e abandonado,
torna-se uma prática levando a pessoa à escravidão.
- “Ninguém, ao
ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo
mal e Ele mesmo a ninguém tenta” (1.13). O que se percebe nessa afirmação é
que existe o risco de os cristãos pensarem que é o próprio Deus quem os está
induzindo a pecar, quando passam por momentos difíceis. Afinal, não é ele o
soberano absoluto da História, quem reina sobre nossas decisões individuais?
Tiago tomou conhecimento de que, sob pressão, alguns cristãos estavam sendo tentados
a atribuir suas fraquezas e aptidão para pecar ao próprio Deus. Então ele
determina que os cristãos parem de dizer: “Sou tentado por Deus”, como
se a tentação tivesse origem nele. A construção grega do imperativo negativo
expressa um mandamento para se descontinuar uma ação em andamento. Deus permite
que as provações aconteçam e, em meio a elas, permite que a tentação venha, mas
prometeu que não permitirá tentação maior do que aquela que os cristãos possam
suportar e que não deixará de prover um escape (1Co 10.11). Cabe aos cristãos
escolher se vão aceitar o escape que Deus provê ou ceder à tentação (2Sm 24.1;
1Cr 21.1). É interessante que Tiago não menciona a atuação de Satanás, o
tentador, muito embora mais adiante ele ensine os cristãos a resistir às
tentações do diabo (4.7). Sobre os ombros do Diabo têm sido colocadas muitas
culpas que são nossas, voluntária e decididamente nossas. Ele destaca
claramente que a tentação se origina realmente em nós e que, dessa forma, somos
nós mesmos os responsáveis pelo pecado que cometemos. A expressão “cada um”
corresponde aqui a “todo mundo”. Portanto, todo mundo é tentado pela sua
própria cobiça. O que Tiago está dizendo é que cada um de nós tem uma natureza
inclinada para o mal. Com isso, não presumo que Satanás não esteja por trás da
tentação, mas pelo texto de Tiago, nossa própria cobiça é a fonte! Na verdade,
a tentativa de culpar a Deus nos processos do existir não passa de uma
repetição do ato arquetípico de Adão e Eva, quando ambos transferiram a
responsabilidade de seus atos para outro. O homem tem uma tendência ferrenha de
fugir da culpa, de achar um culpado para suas desventuras em algo ou alguém
exterior a si. Entretanto, o Evangelho nos confronta e nos faz assumir a
responsabilidade por nossos atos, apontando-nos a existência da concupiscência
e mostrando que é de dentro que emana aquilo que é capaz de contaminar (Mt 15.1-21).
Em contato com tal verdade e constrangidos pelo amor de Cristo só nos resta o
arrependimento e a busca urgente pela graça daquele que nos perdoa e santifica
para o seu louvor!
PENSE! Você
já parou para pensar que todo crente é, ou vai ser, tentado em alguma área da
vida?
PONTO IMPORTANTE!
Jesus foi ao deserto e, ali, foi tentado. Mas Ele venceu e deseja que sejamos
vencedores em meio às tentações.
SUBSÍDIO 1
Prezado(a) professor(a), escreva no quadro a palavra “tentação”.
Em seguida, pergunte aos alunos o que vem à mente deles quando ouvem essa
palavra. Ouça os alunos com atenção e incentive a participação de todos. Em
seguida, explique que tentação é “do hebraico, nissi, do grego ekpeirazo, do
latim tentationem. Estímulo que leva à prática do pecado. Embora a tentação, em
si, não constitua pecado, o atender às suas reivindicações caracteriza a
transgressão das leis divinas. Eis porque Jesus, na Oração Dominical,
ensina-nos a orar. ‘E não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal, porque
teu é o Reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém!” (Mt 6.13). Tentador é
o que nos induz a práticas que contrariam as leis de Deus. Nas Sagradas
Escrituras é Satanás o tentador por antonomásia: é o agente e o estimulador da
tentação (Mt 4.3: 1 Ts 3.5). (Adaptado de Dicionário Teológico. 13 ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2004, p. 338).
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II. AS
PROVAÇÕES E SEUS PROPÓSITOS
1. Todos os filhos(as) de
Deus são provados. Já sabemos que as provações são situações difíceis, permitidas
por Deus para testar e fortalecer a fé de seus filhos(as). As provações têm um
desígnio positivo e benéfico no crescimento espiritual do cristão. Elas são
comparadas ao processo de lapidar o ouro. Uma pepita de ouro antes de ser
refinada contém muitas impurezas, por isso precisa ser levada ao fogo para que
todo metal pesado saia e fique só o que é valioso, nobre.
- Em Tiago 1.2, encontramos
a cláusula “tende por motivo de toda alegria”. É a primeira ordem que
Tiago dá em sua epístola; para entender o que ele quer dizer com isso, devemos
observar a passagem completa e os versículos adjacentes: “Meus irmãos, tende
por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a
provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a
perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em
nada deficientes” (Tg 1.2–4). A palavra tende é um termo financeiro e
significa “avaliar”. Quando Tiago diz “tende por motivo de toda alegria”,
ele encoraja seus leitores a avaliar a maneira como encaram as provações. Ele
chama os crentes a desenvolverem uma atitude nova e melhorada que considere as
provações da perspectiva de Deus. Tiago quer que os crentes saibam que devem
esperar “provações de vários tipos” (Tg 1.2) na vida cristã. Devemos
estar preparados e não ser pegos desprevenidos quando uma provação repentina
nos sobrevier. As provações fazem parte da experiência cristã. Jesus disse aos
Seus discípulos: “No mundo, passais por aflições” (Jo 16.33). Normalmente, uma
provação não é uma ocasião para alegria. Tiago não está sugerindo que busquemos
aflições ou dificuldades judiciais; nem devemos fingir que as provações são
agradáveis de suportar. As provações são difíceis e dolorosas. Mas elas existem
para um propósito. As provações têm o potencial de produzir algo de bom em nós
e, por isso, são uma oportunidade de expressar alegria. Sabendo que há um quadro
maior, podemos considerar as provações como coisas nas quais podemos nos
regozijar. Mesmo que a alegria seja contrária à nossa reação normal, Tiago nos
exorta a trabalhar para mudar nossa atitude em relação aos problemas de medo
para expectativa positiva, fé, confiança e até mesmo alegria. Tiago não diz
apenas “tende por motivo de alegria”, mas diz “tende por motivo de toda
alegria”; isto é, podemos considerar as provações e testes como alegria pura,
imaculada e total. Muitas vezes, vemos as provações sob uma luz negativa ou
presumimos que a alegria não possa existir nas dificuldades; pior, consideramos
os tempos difíceis como uma maldição de Deus sobre nós ou o Seu castigo por
nossos pecados, em vez do que realmente são - oportunidades para amadurecer alegremente
à semelhança de Cristo. Tiago 1:3 explica que Deus pretende que as provações
testem nossa fé e produzam perseverança espiritual. As provas são como desafios
de treinamento para um atleta. Elas constroem resistência física e vigor. O
atleta anseia por desafios físicos e mentais por causa dos benefícios que se
seguem. Se andássemos pela vida em uma rua fácil e nunca enfrentássemos
dificuldades, nosso caráter cristão permaneceria não testado e subdesenvolvido.
As provações desenvolvem os nossos músculos espirituais, dando-nos vigor e
resistência para manter o rumo (Romanos 5:2–5). Podemos ter por motivo de toda
alegria nas provações porque nelas aprendemos a depender de Deus e a confiar
nEle. A fé que é testada torna-se fé genuína, fé robusta, fé inflexível: “Nisso
exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais
contristados por várias provações, para que, uma vez confirmado o valor da
vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo,
redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo” (1 Pedro
1:6–7). Deus também usa provações para nos disciplinar: “Deus, porém, nos
disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade”
(Hebreus 12:10). As provações ajudam a purificar nossas deficiências
espirituais e a amadurecer nossa fé. Elas promovem alegria porque produzem
santidade na vida dos crentes inabaláveis. Tiago encoraja os cristãos a aceitar
as provações não pelo que são atualmente, mas pelo resultado que Deus realizará
por meio delas. Tiago 1:12 promete: “Bem-aventurado o homem que suporta, com
perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa
da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam.” Quando José foi vendido como
escravo por seus irmãos (Gênesis 37:1–38), ele não podia ver o belo resultado
salvador de vidas que Deus realizaria durante seus anos de sofrimento e
perseverança no Egito. Após sua provação com a esposa de Potifar, José passou
longos anos esquecido na prisão. Por fim, o plano de Deus se concretizou e José
foi elevado à segunda posição mais poderosa sobre o Egito. Por meio de muitas
provações e testes, José aprendeu a confiar em Deus. José não apenas resgatou
sua família e a nação de Israel da fome, mas também salvou todo o Egito. A fé
de José foi testada por meio de provações, e a perseverança completou o seu
trabalho. Depois de passar vitoriosamente pelas provações, José entendeu o bom
propósito de Deus em tudo o que havia suportado. José foi capaz de ver a mão
soberana de Deus em tudo. Maduro e completo, José disse estas palavras de
perdão a seus irmãos: “Não temais; acaso, estou eu em lugar de Deus? Vós, na
verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem, para fazer,
como vedes agora, que se conserve muita gente em vida” (Gênesis 50:19–20). Tiago
1:4 diz que um crente que persevera nas provações se torna “perfeito”. Isso não
significa que ele ou ela se torne sem pecado ou sem falhas morais. Perfeito
fala de maturidade ou desenvolvimento espiritual. Os cristãos que enfrentam as
provações com uma perspectiva alegre – confiando que Deus realizará o Seu bom
propósito – desenvolverão a plena maturidade espiritual. Eles serão equipados
com tudo de que precisam para superar todas as provações que encontrarem. Esse
é certamente um bom motivo para se alegrar. A fim de enxergarmos as provações
como motivo de toda alegria, devemos avaliar as dificuldades da vida com os
olhos da fé e vê-las à luz do bom propósito de Deus. A tradução de Tiago 1:2–4
por J.B. Phillips ajuda nosso entendimento: “Quando todos os tipos de provações
e tentações se aglomerarem em suas vidas, meus irmãos, não se ressintam como se
fossem intrusas, mas recebam-nas como amigas! Perceba que elas vêm para testar
sua fé e produzir em você a qualidade da perseverança. Mas deixe o processo
continuar até que a resistência esteja totalmente desenvolvida, e você
descobrirá que se tornou um homem de caráter maduro com o tipo certo de
independência.”
2. Prova de fé. Tiago
destaca que a prova da nossa fé produz paciência e perseverança (v. 3). As
provações nos levam a confiar mais em Deus e a desenvolver um caráter maduro,
essencial para uma vida cristã autêntica. No Novo Testamento, a ideia de
provação está relacionada a uma convicção ou crença que diz respeito ao
relacionamento do homem com Deus. Geralmente está associada a ideia de
confiança e um santo fervor. Tiago acrescenta o termo grego hypomon que pode
ser compreendido como estabilidade, constância, tolerância, sendo, no Novo
Testamento a característica da pessoa que não se desvia de seu propósito e de
sua lealdade à fé e piedade mesmo diante das maiores provações e sofrimentos.
- Por meio das
provas, o cristão aprenderá a resistir com tenacidade à pressão de uma provação
até que Deus a elimine no tempo determinado por ele e aprenderá até a apreciar
os benefícios (2Co 12.7-10). Ao longo das Escrituras, encontramos pessoas que
transformaram derrota em vitória e tribulação, em triunfo. Em vez de vítimas,
tornaram-se vitoriosos. Tiago afirma que podemos ter essa mesma experiência
hoje. Quaisquer que sejam as tribulações exteriores (Tg 1:1-12) ou as tentações
interiores (Tg 1:13-27), por meio da fé em Cristo podemos ter vitória. O
resultado dessa vitória é a maturidade espiritual. A fim de transformar tribulações
em triunfos, é preciso atentar para quatro verbos: considerar (Tg 1:2), saber
(Tg 1:3), deixar (Tg 1:4, 9-11) e pedir (Tg 1:5-8). Em outras palavras, esses
são os quatro elementos essenciais para a vitória em meio às provações: uma atitude
alegre, uma mente esclarecida, uma volição submissa e um coração confiante.
3. Bênção nas provações. Tiago
afirma que bem-aventurado é o homem que suporta a provação, porque, depois de
aprovado, receberá a coroa da vida que o Senhor prometeu aos que o amam (v. 12).
Assim, as provações são oportunidades para receber bênçãos divinas e crescer em
intimidade com Deus. Suportar a provação implica perseverar na fé em meio às
lutas e forças contrárias, sofrer, aguentar brava e calmamente os maus-tratos,
sabendo que Deus está ao nosso lado e é a fortaleza em quem podemos nos abrigar
(Sl 46).
- Os cristãos que
conseguem suportar as provações são verdadeiramente felizes (5.11). Nesse
contexto, a palavra suporta também descreve a sobrevivência passiva e
dolorosa em meio a uma provação e concentra-se no resultado vitorioso. Essa
pessoa nunca renuncia à sua fé salvadora em Deus (Mt 24.13; Jo 14.15,2.1; 1Jo
2.5-6,15,19: 4.19; 1Pe 1.6-8). O cristão que é aprovado (literalmente,
"passou na prova"), passou por suas provações com êxito e vitória, o
que indica que ele é genuíno porque a sua fé resistiu como a de Jó, e está apto
a receber a coroa da vida; ou "a coroa que é vida".
"Coroa" era a grinalda colocada sobre a cabeça de um atleta vitorioso
depois das competições gregas da antiguidade. Aqui, indica a recompensa final
do cristão, a vida eterna, que Deus lhe prometeu e concederá plenamente na
morte ou na vinda de Cristo (2Tm 4.6; Ap 2.10; cf. 1 Pe 5.4). As tribulações
trabalham em favor do cristão, não contra ele. Nas palavras de Paulo: "Sabemos
que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus" (Rm
8:28). "Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós
eterno peso de glória, acima de toda comparação" (2 Co 4:17).
PENSE! O
que a provação gera em nós?
PONTO IMPORTANTE!
Maturidade espiritual e confiança em Deus.
SUBSÍDIO 2
Prezado(a) professor(a) inicie o tópico fazendo a seguinte
pergunta: “Qual deve ser a atitude do crente diante das provações e tentações?”
Ouça os alunos com atenção e incentive a participação de todos. Depois explique
as consequências de abandonar a fé diante das provações e de ceder à tentação.
Uma delas tem relação com o local onde vamos passar a eternidade: céu ou
inferno. Diga que a vitória de Jesus quando foi tentado e provado não se deve
apenas ao conhecimento intelectual que Ele possuía das Escrituras Sagradas,
mas, sobretudo, à sua relação com o Pai. Jamais se esqueça de que para
interpretar de modo correto a Bíblia é preciso uma relação viva com Deus. O que
Jesus citou e fez, somente revelou essa relação preexistente com o Senhor. Hoje
em dia, algumas pessoas usam as Escrituras como um tipo de ‘luta romana’ com
Deus, de modo que se citam uma parte dela. Deus tem de cumpri-la. A mera
‘confissão da Palavra como um ‘feitiço, não era o segredo de Jesus, mas a sua
comunhão com o Pai, sua santidade e desejo de agradá-lo. (Adaptado de
Comentário Bíblico Pentecostal Rio de Janeiro: CPAD, 2003. p. 31.)
III. SABEDORIA,
PROTEÇÃO E CONFIANÇA
1.
Busque a sabedoria divina (v. 5). Tiago afirma que se alguém
tem falta de sabedoria, deve então pedi-la a Deus (v. 5). A sabedoria que vem
do alto está revelada na Palavra de Deus, na Bíblia Isso significa que uma das
condições fundamentais para se tornar sábio é ler e meditar nas Escrituras. É
preciso ler a Bíblia, entendê-la e aplicá-la à nossa vida. O salmista escreve:
“Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti” (Sl
119.11). Para esconder a Palavra é preciso uma leitura de qualidade, que
envolve pensamento, sentimento e chega à vontade. A memorização das Escrituras,
nesse caso, torna-se importante, assim como a aplicação à nossa vida. A leitura
da Palavra gera em nós temor e esse temor é o primeiro estágio para uma vida
inteligente. Por isso, leia a Palavra de Deus, medite nela e a aplique à sua
vida.
- Quando somos
provados precisamos pedir sabedoria (1.5-8). Quando estamos sendo provados, precisamos
de discernimento e sabedoria (1.5; 3.13-18). O que é sabedoria? E mais que
conhecimento. Sabedoria é o uso correto do conhecimento. Conhecimento pode ser
definido, nesse contexto, como conhecer bem a Bíblia. Sabedoria é usar bem a
Bíblia. Sabedoria é olhar para a vida com os olhos de Deus. O sábio busca
maturidade e não prazer. Há pessoas cultas e tolas. Há pessoas que têm
erudição, mas não sabem viver a vida nem fazer escolhas certas. Quando estamos
sendo provados, precisamos de sabedoria para não desperdiçar as oportunidades
que Deus está nos dando para chegarmos à maturidade. A sabedoria nos ajuda a
entender como usar as provas para nosso bem e para a glória de Deus.
2.
Proteção em meio à violência. Vivemos em um mundo
marcado pela violência e conflitos. Por isso, não são poucas as pessoas que
desenvolvem doenças emocionais. Em muitos lugares, a vida está marcada pelo
medo. Contudo, como cristãos, não podemos nos esquecer das palavras
apostólicas: “No amor, não há temor, antes, o perfeito amor lança fora o temor”
(1 Jo 4.18). Quando meditamos na Palavra de Deus, somos conscientizados do
perfeito amor divino por nós, de modo que nem a morte nem a vida podem nos
separar desse amor gracioso, um amor que nos alcançou maravilhosamente (Rm
8.38.39). Assim, a consciência do amor de Deus, proveniente da revelação
bíblica, traz para nós segurança e equilíbrio. Por isso, andamos em confiança,
sem medo, mesmo vivendo em um mundo perigoso.
- Quando passamos
por dificuldades somos tentados a questionar o amor e o poder de Deus. Então,
Satanás oferece um caminho para escaparmos das provas. Essa oportunidade é uma
tentação. Quando Jesus estava jejuando e orando no deserto, Satanás o tentou,
sugerindo a ele que transformasse pedras em pães. Quando Satanás tentou Eva no
jardim do Éden e Jesus no deserto, ele questionou o amor de Deus. A bondade de
Deus é o grande escudo contra a tentação do diabo. Quando sabemos que Deus é
bom, não precisamos cair nas armadilhas do diabo para suprir nossas necessidades.
É melhor estar faminto dentro da vontade de Deus do que estar farto e cheio
fora da vontade de Deus (Dt 6.10-15). Jesus foi categórico com Satanás: “...
não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Mt
4.4). Uma coisa é ser tentado, outra coisa é ceder à tentação. Não é pecado ser
tentado, mas sim ceder à tentação. Lutero costumava dizer: “Você não pode impedir
que um pássaro voe sobre a sua cabeça, mas você pode impedir que ele faça ninho
em sua cabeça”.
3.
Incerteza: a marca da pós-modernidade. Como resultado do
pensamento crítico do mundo moderno, se tornaram comuns, em nossa sociedade a
dúvida, a incerteza e a incredulidade nas pessoas. Duvidar ganhou o status de
intelectualidade e daí o desejo de muitos em desconstruir a fé, os fundamentos
e os valores cristãos. No pensamento moderno, o questionamento tornou-se uma
espécie de “ídolo”. Mas a Carta de Tiago nos mostra que a sabedoria que vem do
alto, traz confiança, certeza e uma fé consolidada em Deus. É essa mesma
confiança e a certeza que levaram Daniel e seus amigos a não se contaminarem
quando estavam cativos na Babilônia. Eles não se dobraram diante de outros
deuses: “Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar, ele
nos livrará do forno de fogo ardente e da tua mão, ó rei. E, se não, fica
sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de
ouro que levantaste” (Dn 3.17.18). A falta de fé tem se tornado o deus deste
século, por isso precisamos ter cuidado. Seja seletivo e não ouça e veja
qualquer coisa, mas somente o que vai fortalecer a sua fé e torná-lo sábio.
- Tudo o que Deus dá
é bom, até as provas. O espinho na carne de Paulo foi um dom estranho, mas foi
uma grande bênção para ele (2Co 12.1- 10). Deus dá constantemente. O verbo
“descendo” é um presente particípio, cujo significado é: continua sempre descendo.
Deus não dá seus dons apenas ocasionalmente, mas constantemente. Deus não muda.
Deus não pode mudar para pior porque Ele é santo. Ele não pode mudar para
melhor porque Ele é perfeito. O primeiro escudo contra a tentação é o
julgamento de Deus. O segundo é a bondade de Deus. Tudo o que Deus nos dá é
bom. Toda boa dádiva procede das Suas mãos. Ele, muitas vezes, nos dá não o que
pedimos, mas o que precisamos. Seriamos destruídos se Deus deferisse todas nossas
orações. Muitas vezes pedimos uma pedra, pensando que estamos pedindo um pão; pedimos
uma serpente, pensando que estamos pedindo um peixe. Deus, então, é tão
bondoso, que não nos dá o que pedimos, mas o que necessitamos. Tiago diz que:
“toda boa dádiva e todo dom perfeito vem do alto, descendo do Pais das luzes,
em quem não há mudança nem sombra de variação” (1.17).
PENSE!
Podemos viver sem medo mesmo estando em um mundo violento?
PONTO
IMPORTANTE! O medo não nos aprisiona quando temos fé em Deus.
IV. O CUIDADO
COM O QUE VEMOS E DESEJAMOS
1.
Atraídos pelo que vemos. Como já vimos. Deus não é a fonte da
tentação, mas o Diabo (v. 13). Não podemos nos esquecer de que o Inimigo é
descrito nas Escrituras Sagradas como o tentador que busca desviar as pessoas
de Deus (1 Ts 3.5). O sistema de valores deste mundo, que jaz no maligno,
também é fonte de tentação (1 Jo 2.15-17). Temos de ser cuidadosos, pois somos
atraídos por aquilo que vemos e desejamos e o inimigo usa a atração e o desejo
para nos fazer pecar. Tomemos como exemplo a história do primeiro casal, Adão e
Eva (Gn 3.2-6). Eles sabiam que não poderiam comer do fruto de uma árvore do
jardim, mas foram traídos pelo desejo e entregaram-se ao pecado (Gn 3.6-9).
Tiago utiliza o termo “gerar”, no versículo 15. para mostrar que ninguém peca
sem ansiar pelo pecado (desejar). Antes que o pecado vire uma ação, ele passa
por um processo de “gestação” na mente do ser humano. Por isso, devemos nos
proteger, revestindo-nos de toda a armadura de Deus (Ef 6.11). Não se esqueça
de que a origem da tentação está em nossos desejos e jamais no Eterno, “porque
Deus a ninguém tenta”.
- Sabemos que a
mesma palavra grega tem significados diferentes (um dos quais não é
necessariamente negativo), pois embora frequentemente leiamos que Deus testou
um indivíduo particular, também lemos que Deus nunca tenta um indivíduo.
“Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser
tentado pelo mal, e a ninguém tenta” (Tiago 1:13). O SENHOR é um Deus justo,
reto e santo, e assim, nunca tenta ou seduz os homens para cometerem o mal. As provas
e testes que os crentes recebem das mãos da providência de Deus são para o seu
próprio bem espiritual e edificação. Quando Deus chamou Abraão para viver pela fé, ele o
provou a fim de aumentar essa fé. Deus sempre nos prova para fazer aflorar o
que temos de melhor; Satanás nos tenta a fim de fazer aflorar o que temos de
pior. A provação de nossa fé mostra que somos, verdadeiramente, nascidos de
novo.
2.
Desenvolvendo um caráter cristão. As tentações, assim como
as provações, servem para testar o nosso caráter. Como você reage sob pressão?
É fácil ser bondoso com o próximo quando tudo vai bem. Mas e quando os outros
nos tratam mal? Quando vem as tempestades? Como reagimos? A forma como
enfrentamos as situações adversas dizem muito a respeito da nossa fé e do nosso
caráter. O Senhor deseja nos tornar maduros, fortes e completos e, por isso,
permite as tentações e as provações. José foi duramente tentado e provado
quando estava na casa de Potifar, mas ele revelou ter um caráter ilibado e uma
fé verdadeira. Por isso, não cedeu. Tiago mostra que em vez de murmurarmos
diante das tentações e provações, devemos vê-las como oportunidades para o
nosso crescimento em Cristo, o desenvolvimento do nosso caráter. Deus está
conosco o tempo todo, tenha confiança de que você não está sozinho. Ele nos
concede força e sabedoria para resolver os problemas e suportá-los. Então, seja
paciente.
- “Segundo o pastor
Antonio Gilberto caráter é o aspecto psíquico da personalidade O caráter é a
característica responsável pela ação, reação e expressão da personalidade. É a
maneira própria de cada pessoa agir e expressar-se. Tem a ver com a própria
conduta. É a marca da pessoa. O caráter faz parte da personalidade. É
adquirido, não herdado […]. Resulta da adaptação progressiva do temperamento às
condições do meio ambiente: o lar, a escola, a igreja, a comunidade, o estado
socioeconômico[…]. Sem sombra de dúvidas, o caráter está aliado à ética de cada
pessoa […] A personalidade é construída […]. A formação da personalidade começa
na infância. Dizem os estudiosos que a personalidade de uma pessoa está
definida quando ela completa 7 anos de idade. O que ela aprender até esta fase,
comprometerá todo o seu desenvolvimento psíquico, emocional, afetivo, social
etc. Daí, podemos ver como é importante o papel do ensino cristão […] Da
formação da personalidade, desenvolve-se o caráter humano através das diversas
experiências da vida” (LIMA, Elinaldo Renovato. O Caráter Cristão: Moldado
pela Palavra de Deus e Provado como Ouro. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p.9.10).
3. Padrões modernos. O
objetivo do Inimigo é nos levar a pecar. Curiosamente o pensamento pós-moderno
afirma, que não há um padrão de certo e errado no que tange ao comportamento
humano. No entanto, a Carta de Tiago nos mostra que aos olhos de Deus há, sim,
o certo e o errado, retidão e desvio, pureza e pecado, firmeza e fraqueza. Tal
verdade se baseia na natureza do próprio Deus O certo é fazer a vontade do
Senhor, revelada na sua Palavra, como fez o jovem José e também Daniel e seus
amigos, e não ceder às tentações do Diabo. O errado é cometer o pecado, cedendo
às tentações. Quando alguém cai em tentação, cedendo ao pecado, se coloca em
uma posição contrária a Deus e à sua Lei, atraindo para si o juízo divino.
- O relativismo
moral está ganhando mais e mais espaço nos veículos de comunicação. Essa ideia
aparece em campanhas publicitárias, em textos jornalísticos, em livros, filmes
e séries. Além disso, muitos influenciadores das redes sociais atendem uma
agenda que visa a desconstrução dos conceitos morais da fé cristã. O cristão
precisa desenvolver o seu caráter pelos parâmetros do Evangelho de Jesus Cristo.
Vivemos em uma sociedade que valoriza o princípio do relativismo ético e moral.
Entretanto, a Palavra de Deus é clara: os servos de Deus devem andar no caminho
da honestidade, da obediência às Escrituras e da integridade.
4.
Como o crente deve reagir às tentações? Ele deve reagir com
resistência, buscando por auxílio divino, como afirma Tiago (v.16). Muitos
jovens, nesse momento, estão sendo tentados e, infelizmente, alguns vão acabar
cedendo. Mas outros vão resistir. De qual lado você deseja estar? Aqueles que
cederem à tentação certamente te vão ter de lidar com o sentimento de culpa,
dor e vergonha. Para estes, o único caminho a tomar é o do arrependimento,
retornando para Deus (1 Jo 1.9). No arrependimento verdadeiro encontramos a
tristeza pelos erros, a confissão e o desejo de abandonar o pecado. Então, caso
você tenha cedido à tentação, saiba que o Senhor é misericordioso e justo, e o
seu sangue nos purifica de todo o pecado (1 Jo 1.7.9).
- Uma pessoa de “bom
caráter” é aquela que faz o bem, que cumpre suas obrigações, faz o que é
direito e justo, ou seja, quem possui e segue valores éticos (Is 26.7).
Entretanto, mesmo essas pessoas virtuosas podem ter seu comportamento
influenciado pela pecaminosidade (2 Cr 25.2). A Bíblia diz que todas as pessoas
pecaram. O pecado corrompeu o homem por completo (Rm 3.23). Por isso, para ser
totalmente transformado em alguém que é aprovado diante de Deus, cada pessoa
precisa entregar-se a Jesus Cristo. É mediante a essa entrega que a pessoa é
verdadeiramente transformada, ela nasce de novo (Jo 3.3,5). Cada cristão já foi
transformado pelo Espírito, por meio da fé (Jo 1.12). E, por isso, possui um
caráter cristão que precisa ser desenvolvido e fortalecido. A Bíblia destaca
alguns traços distintivos do caráter cristão: humildade, honestidade, pureza,
mansidão e verdade (Cl 3.8-13, Ef 4.1-3.15). O apóstolo Pedro cita algumas
características virtuosas que todos os cristãos devem desenvolver: “Por isso
mesmo façam todo o possível para juntar a bondade à fé que vocês têm. À bondade
juntem o conhecimento e ao conhecimento, o domínio próprio. Ao domínio próprio
juntem a perseverança e à perseverança, a devoção a Deus A essa devoção juntem
a amizade cristo e à amizade cristã juntem o amor” (2 Pe 1.5-7). Para
fortalecer o caráter cristão é preciso se consagrar ao Senhor e buscá-lo
constantemente (s 55.6) A leitura da Palavra, a prática da oração e do jejum e
a santificação devem ser hábitos constantes. “A santificação é um processo
que se desenvolve mediante o poder de Deus e o esforço do crente, a qual torna
o pecador em salvo e a ímpio em um santo. O Cristão passa a experimentar uma
vida progressiva de santificação (Hb 12.14), dando testemunho de sua fé por
suas obras, ou então que preciso ser demonstrado de modo prático (Mt 5.16: Ef
2:10). Há crentes que são carnais e que se arriscam a perder sua posição diante
de Deus (1. Co 3.3), e há também os santificados em Cristo Jesus chamadas
santos (1 Co 1.2). A Santificação progressiva envolve todas as áreas da vida do
cristão: primeiramente, o pensar, depois, as atitudes os gestos, as palavras, em
seguida, a vida espiritual, a vida familiar, a vida profissional, a vida moral,
a vida financeira; enfim, ele torna-se santo em toda sua maneira de viver (veja
1 Pe 1:15), Sua santificação é aperfeiçoada no temor de Deus (2 Co 7.1). Em
suma, a santificação molda o caráter do crente em seu desenvolvimento
espiritual. O salvo tem que ser santificado para que seu caráter seja santo:
Segui a paz com todos e a santificação sem a qual ninguém verá o Senhor (Hb
12.14). O caráter do homem reflete sua personalidade e demonstra sua conduta
ética e moral”” (UMA, Elinaldo Renovato. O Caráter Cristão: Moldado
pela Palavra de Deus e Provado como Ouro. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p.22).
PENSE! Qual o caminho tomar quando cedemos à tentação?
PONTO IMPORTANTE! O caminho é se arrepender, confessar a Deus,
pedir o seu perdão e nunca mais desejar voltar ao erro..
CONCLUSÃO
Aprendemos que a Carta de Tiago é um guia prático que nos ensina
a lidar com as tentações e provações. As tentações devem ser resistidas com a
ajuda de Deus e mediante a meditação na sua Palavra. As provações precisam ser
vistas como oportunidades de crescimento e fortalecimento da fé. Compreender
essas verdades vai nos ajudar a viver uma vida cristã autêntica, em que a fé é
continuamente refinada e demonstrada em ações. Em meio às provas e tentações,
somos chamados a buscar uma fé autêntica e inabalável, que reflita a verdadeira
essência do Cristianismo, sabendo que, em Cristo, somos mais que vencedores.
-
O fato de sermos provados nos capacita, não apenas para recebermos recompensa
futura, mas também nos equipa para sermos usados por Deus agora.
Tudo
já valeu a pena, mas a maior recompensa ainda está por vir.
Que
o mundo saiba que Jesus Cristo é o seu Senhor!
Dele
seja a glória!
_______________
Francisco
Barbosa (@Pbassis)
• Graduado
em Gestão Pública;
• Teologia
pelo Seminário Martin Bucer (S.J.C./SP);
• Pós-graduado
em Teologia Bíblica e Exegese do Novo Testamento, pela Faculdade Cidade Viva
(J.P./PB);
• Professor
de Escola Dominical desde 1994 (AD Cuiabá/MT, 1994-1998; AD Belém/PA,
1999-2001; AD Pelotas/RS, 2000-2004; AD São Caetano do Sul/SP, 2005-2009; AD
Recife/PE (Abreu e Lima), 2010-2014; Ig Cristo no Brasil, Campina Grande/PB,
2015).
• Pastor
da Igreja de Cristo no Brasil em Campina Grande/PB
Servo, barro nas mãos do Oleiro.
_______________
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8398730-1186
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HORA DA REVISÃO
1. O que são as tentações?
São incentivos ou
pressões que nos levam a considerar ou a cometer atos contrários à vontade de
Deus
2. Qual a procedência das tentações?
As tentações têm
origem em nossos desejos carnais e são usadas pelo Diabo
3. Segundo a lição, qual a marca da pós-modernidade?
As provações são
comparadas ao processo de refinar o ouro no fogo e o triunfo sobre ela
fortalece o crente espiritualmente e o torna mais íntimo de Deus.
4. Como o crente deve reagir às tentações?
Tiago destaca que a
prova da nossa fé produz paciência e perseverança
5. O que encontramos no arrependimento verdadeiro?
Ele deve reagir com
resistência, buscando por auxílio divino, como afirma Tiago (v.16).