Pb Francisco Barbosa
TEXTO ÁUREO
“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.” (Jo 1.14)
Entenda o Texto Áureo:
- a Palavra se fez carne, e habitou entre nós (compare com Jo 1:1; Isaías 7:14; 20-23; Lucas
1:31-35; Lucas 2:711; Romanos 1:34; Romanos 9:5; 1Coríntios 15:47; Gálatas 4:4;
Filipenses 2:6-8; 1Timóteo 3:16; 14-17; Hebreus 10:5; 1João 4:23; 2João 1:7).
vimos sua glória (compare com Jo 2:11; Jo 11:40; Jo 12:40,41; Jo
14:9; Isaías 40:5; Isaías 53:2; Salmo 139:12Isaías 53:23Isaías 60:12; Mateus
17:1-5; 2Coríntios 4:4-6; Hebreus 1:3; 1Pedro 2:4-7; 2Pedro 1:17; 1João 1:12).
unigênito do Pai (compare com Jo 1:18; Jo 3:16,18; Salmo 2:7; Atos
13:33; Hebreus 1:5; Hebreus 5:5; 1João 4:9).
cheio de graça e de verdade (compare com Jo
1:16,17; Salmo 45:2; 2Coríntios 12:9; Efésios 3:8,18,19; Colossenses 1:19;
Colossenses 2:39; 1Timóteo 1:14-16).
- a Palavra estava junto de Deus [καὶ ὁ λόγος ἦν
πρὸς τὸν θεόν]. εἶnai προς τινα não é uma construção clássica, e o significado
de προς aqui não é totalmente determinado. Geralmente é traduzido como apud,
como em Marcos 6:3, Marcos 9:19, Marcos 14:49, Lucas 9:41; mas Abbott (Diat.
2366) insiste que πρὸς τὸν θεον carrega o sentido de “tendo em conta Deus”,
“olhando para Deus” (compare com João 5:19). Esse senso de direção pode estar
implícito em 1João 2:1 parakleton ἔχομεν πρὸ τὸν πατρερα, mas menos
provavelmente em 1João 1:2, τὴν ζωὴν τὴν αἰώνιον ἥτις ἦν πρὸς τὸν πατέρα, o que
proporciona um paralelo próximo à presente passagem. Em Provérbios 8:30, a
Sabedoria diz de sua relação com Deus, ἤμην παρʼ αὐτῷ: e da mesma forma em João
17:5, Jesus fala de Sua glória pré-incarnada como sendo παρὰ σοί. É improvável
que João quisesse distinguir os significados de παρὰ σοί em João 17:5 e de πρὸς
τὸν θεόν em 1:1. Não podemos obter aqui uma melhor interpretação do que “a
Palavra estava com Deus”.
O imperfeito ἦν é usado em todas as três sentenças
deste versículo e é expressivo em cada caso de existência contínua e atemporal.
e a Palavra era Deus [καὶ θεὸς ἦν ὁ λόγος] – “a
Palavra era Deus” (sendo a construção semelhante a πνεῦμα ὁ θεός de João 4:24).
θεός é o predicado, e é anartro, como em Romanos 9:5, ὁ ὢν ἐπὶ πάντων θεός. L
lê ὁ θεός, mas isto identificaria o Logos com a totalidade da existência
divina, e contradiria a sentença anterior. [Bernard, 1928]
VERDADE PRATICA
A vinda do Filho de Deus em
forma humana é um fato presenciado por muitas testemunhas, por isso a negação
da sua historicidade não se sustenta.
Entenda a Verdade Prática:
- Nossa fonte de fé e prática são as
Escrituras – Sola Scriptura. Mas também temos farto material extra bíblico que
comprovam a historicidade de Jesus. A historicidade de Jesus Cristo é um tema
que envolve a análise do contexto social, cultural, religioso e político da
época, registrados em fontes não-cristãs e conceitos histórico-filosóficos. A
existência de Jesus é praticamente consenso entre os historiadores, mesmo sem
evidências arqueológicas. A sua existência pode ser comprovada por meio de
relatos antigos não ligados ao cristianismo.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: 1João 1.1-3; 4-1-3; 2 João 7
1 João 1
1. O que era desde o
princípio, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as
nossas mãos tocaram da Palavra da vida
- No princípio era a Palavra [ἐν ἀρχῇ
ἦν ὁ λόγος]. O livro de Gênesis abre com ἐν ἀρχῇ ἐποίησεν ὁ θεὸς τὸν τὴν καὶ
καὶ γῆν. Mas João começa seu hino sobre o Logos criador ainda mais atrás. Antes
que qualquer coisa seja dita por ele sobre a criação, ele proclama que o Logos
estava em ser originalmente-ἐν ἀρχῇ ἦν, não ἐν ἀρχῇ ἐγένετο ( veja para a
distinção em João 8:58). Esta doutrina também é encontrada no Apocalipse. Nesse
livro, Cristo também é chamado a Palavra de Deus (Apocalipse 19:13), e Ele é
apresentado (Apocalipse 22:13) como pretendendo a pré-existência: “Eu sou o
Alfa e o Ômega, o primeiro e o último, o início e o fim”. Paulo, que não aplica
o título de “Logos” a Cristo, mas tem a mesma doutrina de Sua preexistência:
“Ele é antes de todas as coisas” (Colossenses 1:17). Com esta comparação com as
palavras atribuídas a Jesus em João 17:5. Filo não ensina a pré-existência do
Logos; mas um paralelo próximo à doutrina de João é a afirmação da Sabedoria
(σοφία) em Provérbios 8: 23, κύριος … πρὸ τοῦ αἰῶνος ἐθεμελίωσέ με ἐν ἀρχῇ, πρὸ
τοῦ τὴν γῆν ποιῆσαι, João nunca emprega a palavra σοφία (ou σόφος), enquanto
ele usa λόγος do Cristo Pessoal somente aqui e no versículo 14; mas é a
doutrina hebraica do Verbo Divino (λόγος προφορικός) e não a doutrina grega da
Razão Divina imanente (λόγος ἐνδιάθετος) que rege seu pensamento sobre a
relação do Filho com o Pai. λόγος é aparentemente usado para o Cristo Pessoal
em Hebreus 4:12 (esta dificuldade não precisa ser examinada aqui); como nós a
consideramos ser em 1João 1:1, ὃ ἦν ἦν ἀπʼ ἀρχῆς ὃ ἀκηκόαμεν … περὶ τοῦ λόγου
τῆς ζωῆς (veja para ἀπʼ ἀρχῆς em 15:27 abaixo). a Palavra estava junto de Deus
[καὶ ὁ λόγος ἦν πρὸς τὸν θεόν]. εἶnai προς τινα não é uma construção clássica,
e o significado de προς aqui não é totalmente determinado. Geralmente é
traduzido como apud, como em Marcos 6:3, Marcos 9:19, Marcos 14:49, Lucas 9:41;
mas Abbott (Diat. 2366) insiste que πρὸς τὸν θεον carrega o sentido de “tendo
em conta Deus”, “olhando para Deus” (compare com João 5:19). Esse senso de
direção pode estar implícito em 1João 2:1 parakleton ἔχομεν πρὸ τὸν πατρερα,
mas menos provavelmente em 1João 1:2, τὴν ζωὴν τὴν αἰώνιον ἥτις ἦν πρὸς τὸν
πατέρα, o que proporciona um paralelo próximo à presente passagem. Em
Provérbios 8:30, a Sabedoria diz de sua relação com Deus, ἤμην παρʼ αὐτῷ: e da
mesma forma em João 17:5, Jesus fala de Sua glória pré-incarnada como sendo
παρὰ σοί. É improvável que João quisesse distinguir os significados de παρὰ σοί
em João 17:5 e de πρὸς τὸν θεόν em 1:1. Não podemos obter aqui uma melhor
interpretação do que “a Palavra estava com Deus”. O imperfeito ἦν é usado em
todas as três sentenças deste versículo e é expressivo em cada caso de
existência contínua e atemporal. e a Palavra era Deus [καὶ θεὸς ἦν ὁ
λόγος] – “a Palavra era Deus” (sendo a construção semelhante a πνεῦμα ὁ θεός de
João 4:24). θεός é o predicado, e é anartro, como em Romanos 9:5, ὁ ὢν ἐπὶ
πάντων θεός. L lê ὁ θεός, mas isto identificaria o Logos com a totalidade da
existência divina, e contradiria a sentença anterior. [Bernard, 1928]
2. (porque a vida foi
manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida
eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada),
- Aqui, a primeira e a segunda declaração (Jo
1:1) são combinadas numa só; reafirmando enfaticamente a distinção eterna entre
a “Palavra” e Deus (“o Pai”), e Sua ligação com Ele na Unidade da Divindade.
[JFU, 1866]
3. O que vimos e
ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a
nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo.
- foram feitas – trazidas à
existência. todas as coisas – todas as coisas absolutamente (como é
evidente em Jo 1:10; 1Coríntios 8:6; Colossenses 1:16-17; mas colocadas além da
questão pelo que se segue). foi feito – Isso é uma negação da
eternidade e não-criação da matéria, que foi mantida por todo o mundo do
pensamento fora do judaísmo e do cristianismo: ou melhor, sua própria criação
nunca foi tão sonhada, salvo pelos filhos de religião revelada.
1 João 4
1. Amados, não
creiais em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já
muitos falsos profetas se têm levantado no mundo.
- Amados – uma designação afetuosa com
a qual ele chama a atenção quanto a um assunto importante. todo espírito – que se
apresenta na pessoa de um profeta. O Espírito da verdade e o espírito do erro
falam pelos espíritos dos homens como seus instrumentos. Existe apenas um
Espírito da verdade, e um do Anticristo. provai (“examinem”, NVI; “avaliai”,
A21) se os espíritos são da parte de Deus. Todos os crentes devem fazer isso:
não apenas a liderança eclesiástica. Até mesmo a mensagem de um anjo deve ser
avaliada pela palavra de Deus: muito mais ensinamentos de homens, por mais
santos que os mestres possam parecer. [JFU, 1866]
2. Nisto conhecereis
o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é
de Deus;
- conhecereis o Espírito de Deus – ou
seja, se ele está ou não naqueles mestres que professam ser movidos por Ele. todo
espírito – isto é, todo mestre que revindica inspiração pelo ESPÍRITO
SANTO. confessa – ou seja, afirma categoricamente em seus ensinos. que
Jesus Cristo veio em carne. Uma dupla verdade confessa que Jesus é o
Cristo, e que Ele veio em carne (“vestido de carne”: não com uma mera
humanidade aparente, como os docetas depois ensinaram). Ele era, portanto,
anteriormente, algo muito acima da carne. Sua carne implica Sua morte para nós,
pois somente assumindo carne poderia Ele morrer (pois, como Deus Ele não
poderia, Hebreus 2:9-10,14,16); e sua morte implica seu AMOR por nós (Jo
15:13). Negar a realidade de Sua carne é negar Seu amor, e assim rejeitar a
raiz que produz todo o amor verdadeiro por parte do crente (1João 4:9-11,19).
[JFU, 1866]
3. e todo espírito
que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o
espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que está já no
mundo.
- o (espírito) do anticristo. Todos os
opositores da encarnação de Cristo e, consequentemente, de sua morte e
ressurreição, e dos benefícios obtidos a partir disso. do qual já ouvistes que virá
(o Anticristo, veja 2João 1:7), e que já agora está no mundo – ou seja, já está
trabalhando poderosamente entre judeus e gentios. [Clarke, 1832]
2 João
7. Porque já muitos
enganadores entraram no mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em
carne. Este tal é o enganador e o anticristo.
- não declaram que Jesus Cristo veio em carne
– ou seja, em corpo humano. Este é o enganador e o anticristo.
Os muitos que, em certo grau, assumem esse papel, são precursores do Anticristo
final, que concentrará em si mesmo todas as características dos sistemas
anticristãos anteriores. [JFU, 1866]
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INTRODUÇÃO
Vamos começar a apologética
cristológica no presente trimestre com o tema “A Encarnação de Jesus”, uma
doutrina sobre a humanidade de Cristo. O mesmo apóstolo João que se empenha em
mostrar a deidade absoluta de Jesus se preocupa também em enfatizar que Jesus
viveu entre nós, participou da natureza humana e teve corpo físico humano. A
presente lição é uma apologia à sua humanidade plena.
- A figura de Cristo perturbou tanto os judeus
quanto os gregos. Para enquadrá-lo nas suas categorias usuais, os primeiros
acreditavam que Jesus não passava de um comum mortal inspirado por Deus; os
outros, ao contrário, sustentavam que ele tinha um corpo só aparente, mas na
realidade continuava um ser inteiramente divino. Nossa fonte de fé e prática,
as Escrituras, descrevem-no como um homem real, que comia e bebia, que conheceu
a alegria e a dor, a tentação e a morte e, ao mesmo tempo, embora sem nunca ter
caído no pecado, perdoava os pecadores, como só Deus pode perdoar, é por isso
que a Igreja reconhece em Jesus de Nazaré o Filho de Deus, a Palavra do Eterno.
Deus mesmo que desce ao íntimo da criação. Jesus Cristo, o Homem mais
importante que já viveu, transformou praticamente cada aspecto da vida humana.
Tudo o que Ele tocou foi transformado. Se Jesus não é um mito, nem um simples
reformador religioso, quem é o Homem de Nazaré? Talvez em nossa busca de uma
resposta para esta pergunta crucial, devamos prestar atenção naqueles que
percorriam com Ele os caminhos da Palestina, naqueles que sempre Lhe estavam
próximos; com os quais Ele compartilhava as experiências mais íntimas. São
justamente eles que à pergunta: “Quem sou eu na vossa opinião”, encontrou uma
declaração de fé: “És o Cristo, o filho do Deus vivo”. A HUMANIDADE E
DIVINDADE DE JESUS – Seminário Batista Livre.
Palavra-Chave Docetismo
I. HERESIAS QUE NEGAM A CORPOREIDADE DE CRISTO
1. O que é Docetismo? O termo vem do
grego dokeo, que significa “ter aparência”. O Docetismo é a mais
antiga heresia da história da igreja e consiste em negar que Jesus tivesse tido
corpo físico humano, sua humanidade era simplesmente uma aparência, como um
fantasma.
- Houve tempo em que a realidade (gnosticismo)
e a integridade natural (docetismo, apolinarismo) da natureza humana de Cristo
eram negadas, mas hodiernamente são poucos que questionam seriamente a
verdadeira humanidade de Jesus Cristo. O docetismo foi uma heresia cristã
primitiva, existente nos séculos II e III, que negava a existência de um corpo
material a Jesus Cristo, que seria apenas espírito.
2. O que os docetas ensinavam
sobre Jesus? Os seguidores dessa heresia ensinavam muitas coisas fora das Escrituras
e contrárias à Palavra de Deus. O nosso enfoque destaca a humanidade de Jesus,
como o verdadeiro homem. Lucas descreve um começo muito humano. Jesus teve
parentes e amigos, Zacarias e Isabel (Lc 1.5), José e Maria (Lc 2.4,5),
vizinhos e primos (Lc 1.36,58), pastores (Lc 2.8), Simeão, Ana (Lc 2.25,37).
Isso sem contar 0 relato sagrado de sua infância, que enfoca o seu
desenvolvimento físico, intelectual e espiritual (Lc 2.40,52).
- O docetismo aceitava que Jesus podia ter
sido de alguma forma divino, mas negava a Sua plena humanidade. Os docetistas
convictos ensinavam que Jesus era apenas um fantasma ou uma ilusão, parecendo
ser humano, mas não tendo corpo algum. Outras formas de docetismo ensinavam que
Jesus tinha um corpo “celestial” de algum tipo, mas não um corpo real e natural
de carne. O docetismo estava intimamente relacionado ao gnosticismo, que via a
matéria física como inerentemente má e a substância espiritual como
inerentemente boa. Negavam as verdades centrais do evangelho, a saber, a morte
e a ressurreição de Cristo. Se Jesus não teve um corpo real, então Ele
realmente não morreu (o docetismo ensina que o Seu sofrimento na cruz foi mera
ilusão). E, se Jesus não teve um corpo físico, Ele não pôde ter ressuscitado
corporalmente dos mortos. Sem a verdadeira morte e ressurreição de Jesus
Cristo, não temos salvação, ainda estamos em nossos pecados e a nossa fé é
fútil (1 Coríntios 15:17). O docetismo também nega a ascensão de Cristo (já que
Ele não tinha corpo real para fazer a ascensão).
3. O que os principais docetas diziam
sobre Jesus? Três dos principais heresiarcas negavam que Jesus Cristo tivesse vindo
em carne. Cerinto negava o nascimento virginal de Jesus Cristo e ensinava o
Docetismo. Ele foi contemporâneo do apóstolo João em Éfeso. Saturnino, o
principal representante do Gnosticismo sírio, ensinava que Jesus Cristo não
nasceu, não teve forma e nem corpo, foi simplesmente visto de forma humana em
mera aparência. Marcião é outro heresiarca que negava ser Cristo
verdadeiramente humano, mas quanto ao seu corpo, não se sabe se na opinião dele
era apenas uma aparência ou de substância etérea. No entanto, a Bíblia declara de
maneira direta que Jesus nasceu, mencionando até mesmo local, em Belém da
Judeia (Mt 2.1; Lc 2.11), e época, no reinado de César Augusto, imperador
romano (Lc 2.1). A Bíblia fala também do corpo físico de Jesus (Jo 2.21).
- Cerinto (c 100) foi um dos primeiros líderes
do antigo Gnosticismo que foi reconhecido como um "Heresiarca" pelos
primeiros Cristãos devido aos seus ensinamentos sobre Jesus Cristo e suas
interpretações sobre o Cristianismo. Ao contrário dos ensinamentos da
Cristandade ortodoxa, a escola gnóstica de Cerinto seguia a lei Judaica, usava
o Evangelho dos Hebreus, negava que o deus supremo tinha feito o mundo físico e
negava a divindade de Jesus. Na interpretação de Cerinto, o espírito de
"Cristo" veio a Jesus no momento do seu batismo, guiando-lhe em todo
o seu ministério, mas abandonando-o momentos antes de sua crucificação. Tudo o
que sabemos sobre Cerinto vem dos escritos de seus oponentes.
- Saturnino, foi um dos representantes do
gnosticismo sírio. A ele se imputa a introdução da Gnose sírio, ou, pelo menos
o seu grande propagador. Ele apareceu em Antioquia, pela primeira vez, por
volta do ano de 125. Seu sistema doutrinário foi o resultado de um
desenvolvimento rigoroso do dualismo com a negação de todo o significado
judaico na liberação do bem e do mal, como o docetismo e o ascetismo. Traços de
sua gnose ou Doutrina Secreta, pregada nas Escolas Iniciáticas ou Escolas de
Mistérios da antiguidade, igualmente se percebem em outros escritores e
místicos, tais como Basilides, Carpocrates, Valentim, Tertuliano, Agostinho de
Hipona, Ambrósio de Milão, Marcião do Ponto, Clemente de Alexandria,
Empédocles, etc e etc. Seus seguidores foram chamados de saturnionistas e sua
escola de saturnionismo.
- Marcião de Sinope - ou Marcion - (em grego:
Μαρκίων Σινώπης; c. 85 – 160) foi um dos mais proeminentes heresiarcas durante
o Cristianismo primitivo. A sua teologia chamada marcionismo propunha dois
deuses distintos, um no Antigo Testamento e outro no Novo Testamento, foi
denunciada pelos Pais da Igreja e ele foi excomungado. Curiosamente esta
separação será posteriormente adaptado pela igreja e utilizada a partir de
Tertuliano, assim como a sua rejeição de muitos livros que seus contemporâneos
consideravam como parte das escrituras mostrou à Igreja antiga a urgência do
desenvolvimento de um cânon bíblico.
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II. A AFIRMAÇÃO APOSTÓLICA DA CORPOREIDADE DE JESUS
1. “O que era desde o princípio”
(Jo1.1). Os Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, denominados de Evangelhos
Sinóticos, apresentam Jesus, ressaltando seus aspectos humanos, ao passo que
João reforça o aspecto divino. Os três Evangelhos expõem Jesus
exteriormente, ao passo que João o revela interiormente. Pode-se dizer que o
Evangelho de João é uma interpretação de Jesus. A expressão “O que era desde
o princípio” é uma reiteração daquilo que o apóstolo afirma na introdução
do Evangelho que leva o seu nome: “No princípio era o Verbo” (Jo 1.1) ,
isso significa que o Verbo já existia mesmo antes da criação (Gn 1.1). Mas João
nunca perde de vista que “o Verbo se fez carne”. Não se contenta apenas com
isso, mas apresenta detalhes importantes, é que o Verbo não somente se fez
carne, para não deixar dúvida alguma, “e habitou entre nós”, mas também foi
visto pelas pessoas (Jo 1.14).
- Os evangelhos sinóticos são três relatos da
vida de Jesus, que estão na Bíblia. Esses são os três primeiros livros do Novo
Testamento: Mateus, Marcos e Lucas. O evangelho de João não é considerado um
evangelho sinótico porque é bastante diferente dos outros três. “Sinótico”
significa “a mesma visão”. Os três primeiros evangelhos são chamados de
sinóticos porque têm muitos elementos em comum. Cada um dos evangelhos
sinóticos apresenta a história de Jesus de maneira parecida. Os três têm mais
ou menos a mesma estrutura e têm várias histórias repetidas. λόγος (lógos) –
palavra, verbo, discurso, narrativa; razão, raciocínio, inteligência; conta,
cálculo – O vocábulo λόγος (lógos) deriva do verbo λέγω (légo – narrar, dizer; reunir; contar,
enumerar), e apresenta ampla gama de significados, tanto na literatura clássica
(grega), quanto nos escritos do Novo Testamento. A ideia subjacente, neste
versículo, é de personificação do λόγος (lógos). A literatura sapiencial (Pv
1:20-33; 3:13 19:8-22-36;; Ec 1:1-10, 4:11-19, 14:20-27, 15:10, 24:1-34) e do
judaísmo helenístico (Sirácida 1:1-10, 24:1-22), ensaiou essa personificação ao
tratar da Sabedoria/Palavra como sendo uma personagem poética dotada de
autonomia, uma espécie de mensageira e conselheira de Deus, com encargos
específicos na obra divina. Por esta razão, alguns estudiosos chegaram a
afirmar que a “Palavra”, nesta coletânea de textos, indica Deus em ação,
especialmente na criação, na revelação e na libertação do povo hebreu. Assim, a
sua presença junto de Deus, seu papel na criação, o fato de ter sido enviada ao
mundo com a missão de revelar e/ou ensinar representam um conjunto de temas
ligados tanto à Sabedoria quanto à Palavra. Inicialmente, os textos da bíblia
hebraica repetem expressões como: “Disse Deus... e assim se fez” (Gn 1:3-26) ou
“Disse o Eterno a Isaías” (Is 7:3). De modo semelhante, ao lado dessas
afirmações, encontramos “Os céus por sua Palavra se fizeram” (Sl 33:6) ou “veio
a Palavra do Eterno a Isaías” (Is 38:4), demonstrando uma clara personificação,
ainda que literária, da “Palavra”, que passa a ser entendida como um agente da
criação ou mensageiro enviado ao profeta. Com o tempo, surgem textos (bíblia
hebraica) que desenvolvem de forma mais completa a ideia de personificação,
como no caso do Mensageiro enviado para curar (Sl 107:20), do anjo que feriu de
morte os primogênitos (Sab 18:14-19), ou ainda, o mensageiro enviado ao profeta
(Is 55:11). O evangelista João, por sua vez, ultrapassa a personificação
meramente literária atribuindo existência real ao Verbo. Neste evangelho, de
modo especial, lógos é visto como o
próprio Jesus Cristo, mediador da revelação divina, Palavra encarnada,
desempenhando todas as funções outrora conferidas à Sabedoria/Palavra nos
textos da bíblia hebraica. Considerando que a obra foi produzida em Éfeso,
importante cidade grega do Império Romano, não se pode desconsiderar, também, a
influência da cultura helenística, ou mesmo do judaísmo helenístico, nesta
formulação joanina, ainda que se atribua papel secundário a esta influência.
Desse modo, é conveniente registrar que, na filosofia grega, λόγος (lógos) é
concebido como (1) Regra, Princípio, Lei; (2) Substância ou Causa do mundo; (3)
Razão, Raciocínio, Faculdade racional, Teoria abstrata, Raciocínio discursivo;
(4) Proposição, Explicação, Tese, Argumento; (5) Medida, Relação, Proporção;
Valor.
2. A reafirmação apostólica (v.1b). O apóstolo reitera
o que afirma na introdução do seu Evangelho: “o que vimos com os nossos olhos,
o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida”. Isso
pode parecer até uma redundância, “vimos com os nossos olhos”, mas o propósito
é mostrar com muita ênfase, sem deixar dúvida alguma, que o Senhor Jesus veio
em carne ao mundo, e que pôde ser tocado pelos que com Ele conviveram (Jo
20.27). Veja que a presença do nome de Pilatos no Credo dos Apóstolos o
posiciona nos acontecimentos passados. Ele “sofreu sob Pôncio Pilatos”, ou
seja, padeceu nas mãos de um personagem da história, logo, o Senhor Jesus só
pode também ser alguém da história (Rm 1.3).
- Somente João registra este episódio, que
está relacionado com a fé — ou a falta de fé — de Tomé. O seu outro nome,
Dídimo, significa "o gêmeo". João parece ter especial interesse neste
companheiro (Jo 11:16-14.5), que é apresentado como um homem de temperamento
pessimista. Os acontecimentos dos últimos dias pareciam ter confirmado os
piores medos de Tomé. Chegou Jesus (19), e por alguma razão desconhecida,
Tomé... não estava com os demais discípulos (24). Ele cometeu um grande erro.
"Tomé se retirou da companhia cristã. Ele procurou a solidão, ao invés da
união"." Quando Tomé voltou, e ouviu o relato dos dez, Vimos o Senhor
(25; cf. 18), a sua atitude normal em relação à vida fechou a porta para a fé.
O fato da morte de Jesus era real para ele. Era um fato difícil e indiscutível.
Antes de poder acreditar no relato de que Jesus estava vivo, ele teria de ter
uma prova que se equiparasse ao fato de uma cruz e de um sepulcro. Assim,
definiu o seu próprio critério para uma prova: Se eu não vir o sinal dos cravos
[pregos] em suas mãos, e não puser o dedo no lugar dos cravos, e não puser a
minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei (lit., "nunca, jamais
crerei", 25). Evidentemente, os dez lhe haviam dito que tinham visto os
ferimentos dos pregos e da lança, mas Tomé exigiu a experiência pessoal
sensorial, tanto da visão, quanto do toque. A oportunidade chegou oito dias
mais tarde — que significam "uma semana" depois. Outra vez (cf. 19)
estavam... os seus discípulos dentro ("na sala", NEB), e, desta vez,
estava com eles Tomé. Chegou Jesus... e apresentou-se no meio, e disse: Paz
seja convosco! (26) Jesus imediatamente dirigiu as suas palavras a Tomé, repetindo
quase literalmente a exigência que Tomé tinha feito diante dos dez discípulos.
A seguir, o nosso Senhor acrescentou à exortação: não sejas [ginou, lit.,
"não se torne"] incrédulo, mas crente [lit., "cheio de fé, 27].
"Ele conhece as palavras que usamos para expressar as nossas
dúvidas"." Tomé deve ter ficado chocado por ver que o seu Senhor
ressuscitado tinha estado presente (Jo 14:23-28), embora não pudesse ser visto
nem por eles, nem pelos demais, naquela ocasião específica (cf. Jo 2:25). Não
há nenhuma indicação de que Tomé tenha aplicado os testes que havia exigido. Ao
contrário, a fé foi ativada, e Tomé exclamou: Senhor meu, e Deus meu! (28).
"A ideia central com que se iniciou o Evangelho (1,1) ocorre novamente no
seu final: para o cristão fiel, Cristo é o próprio Deus" .38 Westcott
afirma que "as palavras, sem dúvida, são dirigidas a Cristo e são uma
confissão de sua pessoa... as palavras que se seguiram mostraram que o Senhor
aceitou a declaração da sua divindade, como uma verdadeira expressão de
fé".'
- Considerando que o ministério de Jesus foi em
grande parte confinado a uma área relativamente sem importância em um pequeno
canto do Império Romano, uma quantidade surpreendente de informações sobre
Jesus pode ser extraída de fontes históricas seculares. Algumas das evidências
históricas mais importantes de Jesus incluem o seguinte: Tácito, por exemplo,
um romano do primeiro século considerado um dos historiadores mais precisos do
mundo antigo, mencionou "cristãos" supersticiosos (de Christus, que é
Cristo em latim) que sofreram nas mãos de Pôncio Pilatos durante o reinado de
Tibério. Já Suetônio, o secretário-chefe do Imperador Adriano, escreveu que
havia um homem chamado Chrestus (ou Cristo) que viveu durante o primeiro século
(Anais 15.44). Por sua vez, Flávio Josefo é o historiador judeu mais famoso. Em
suas Antiguidades, ele se refere a Tiago, "o irmão de Jesus, que se
chamava Cristo". Há um verso controverso (18:3) que diz: “Agora havia
acerca deste tempo Jesus, homem sábio, se é que é lícito chamá-lo homem. Pois
ele foi quem operou maravilhas... Ele era o Cristo... ele surgiu a eles vivo
novamente no terceiro dia, como haviam dito os divinos profetas e dez mil
outras coisas maravilhosas a seu respeito.” Uma versão diz: “Por esse tempo apareceu
Jesus, um homem sábio, que praticou boas obras e cujas virtudes eram
reconhecidas. Muitos judeus e pessoas de outras nações tornaram-se seus
discípulos. Pilatos o condenou a ser crucificado e morto. Porém, aqueles que se
tornaram seus discípulos pregaram sua doutrina. Eles afirmam que Jesus apareceu
a eles três dias após a sua crucificação e que está vivo. Talvez ele fosse o
Messias previsto pelos maravilhosos prognósticos dos profetas." Júlio
Africano cita o historiador Talo em uma discussão sobre as trevas que sucederam
a crucificação de Cristo (Escritos Existentes, 18). Plínio, o Jovem, em sua
obra Cartas 10:96, registrou as primeiras práticas da adoração cristã,
incluindo o fato de que os cristãos adoravam a Jesus como Deus e eram muito
éticos. Ele também inclui uma referência ao banquete de amor e à Ceia do
Senhor. O Talmude Babilônico (Sinédrio 43a) confirma a crucificação de Jesus na
véspera da Páscoa e as acusações contra Cristo de praticar magia e encorajar a
apostasia judaica. Luciano de Samosata, um escritor grego do segundo século,
admite que Jesus foi adorado pelos cristãos, introduziu novos ensinamentos e
foi por eles crucificado. Ele disse que os ensinamentos de Jesus incluíam a
fraternidade entre os crentes e a importância da conversão e da negação de
outros deuses. Os cristãos viviam de acordo com as leis de Jesus, criam que
eram imortais, caracterizavam-se por desdenhar da morte e por sua devoção
voluntária, além da renúncia a bens materiais. Mara Bar-Serapião confirma que
Jesus era conhecido como um homem sábio e virtuoso, considerado por muitos como
o rei de Israel, e foi executado pelos judeus, mas continuou vivo nos
ensinamentos de Seus seguidores. Por último, temos os escritos Gnósticos (O
Evangelho da Verdade, O Apócrifo de João, O Evangelho de Tomé, O Tratado da
Ressurreição, etc.) que mencionam Jesus.
3. Uma crença herética (1 Jo 4.2,3). João viveu seus
últimos dias na cidade de Éfeso, que era a cidade de Cerinto, o doceta. Os
escritos do apóstolo João, o Evangelho, as três Epístolas e o Livro de
Apocalipse, foram produzidos na última década do primeiro século. Nessa época,
o docetismo já se difundia entre os cristãos. Por isso, o apóstolo esclarece, e
de maneira direta, que todo aquele que nega que Jesus veio em carne não é de Deus
(1 Jo 4.3). Veja a gravidade dessa heresia, pois se Jesus não teve corpo físico
real, Ele também não morreu, e se não morreu, também não ressuscitou, se não
ressuscitou, logo não há esperança de salvação (1 Co 15.1- 3,17,18). Por essa
razão, o apóstolo João foi contundente contra os docetas. Os expoentes de tal
crença são chamados de “enganadores” (2 Jo 7).
- O verdadeiro profeta confessa que Jesus
Cristo veio em carne (2). Jesus refere-se à sua natureza humana e Cristo à sua
natureza divina e, assim, os dois juntos tornam-se a expressão da Encarnação.
Veio em carne não deve ser interpretado como "veio para dentro da
carne". Cristo não desceu [...] em um homem já existente, mas veio em
natureza humana; Ele 'tornou-se carne' "5 João está dizendo que a Encarnação
não é somente o foco central do evangelho mas também reúne em seu significado
mais amplo as outras grandes verdades doutrinárias tais como o nascimento
virginal, a crucificação e a ressurreição. A Encarnação é o credo essencial do
cristianismo; com base nessa doutrina, tudo que se chama cristão permanece em
pé ou cai. Em um certo sentido, então, estamos dizendo que a Encarnação é um
credo, mas muito mais do que um credo. Ela é uma formulação de fé, mas também é
um fato histórico, o de que Cristo veio em carne. A religião cristã é
fundamentada em um evento histórico, no ato culminante de Deus na redenção.
Deus tornou-se homem. Sua relação com o homem é, portanto, ativa e dinâmica.
Reconhecer a Encarnação é entrar nessa atividade de Deus, envolver-se naquilo
que Deus tem feito e está fazendo, ser um co-participante e, assim, uma
testemunha viva da doutrina cristã da salvação. O perdão é mais do que uma
libertação legal da culpa; é tomar parte de uma nova vida em Cristo, ou seja,
participar ativamente no Reino de Deus na terra.
- O Docetismo caracterizou-se por afirmar que Jesus
Cristo apenas aparentava ser humano, mas na realidade, não possuía uma natureza
humana genuína. Em vez disso, acreditavam que Ele era puramente divino e
espiritual, desprovido de uma natureza humana real. Ao negar a humanidade de
Cristo, o Docetismo minou a Encarnação, que é central na fé cristã. A
Encarnação ensina que Deus se fez carne em Jesus Cristo, assumindo uma natureza
humana completa para redimir a humanidade. A negação da humanidade de Cristo
comprometeu essa compreensão fundamental. O contexto histórico desse período é
fundamental para compreender a heresia do Docetismo e as complexidades que
envolviam a natureza de Cristo naquele tempo. O cristianismo primitivo estava
ganhando adeptos em um mundo romano rico em cultura, religião e filosofia. No
entanto, essa expansão do cristianismo ocorreu em meio a uma paisagem religiosa
diversificada. O Império Romano abrigava uma ampla gama de cultos, crenças e
religiões locais, incluindo o culto aos deuses romanos tradicionais, religiões
orientais e várias escolas filosóficas gregas. A influência da filosofia grega
desempenhou um papel importante na complexidade da discussão. As escolas
filosóficas gregas frequentemente discutiam questões metafísicas e filosóficas
que se relacionavam com a natureza de Cristo. Por exemplo, a filosofia
platônica defendia a ideia de um mundo das ideias eternas, enquanto a filosofia
estoica enfatizava a virtude e a razão como características divinas. Essas filosofias
frequentemente eram aplicadas à compreensão de Jesus Cristo.
SINOPSE II
Os Evangelhos Sinóticos apresentam
Jesus ressaltando os seus aspectos humanos, ao passo que o Evangelho de João
revela o seu aspecto divino.
AUXÍLIO TEOLÓGICO
A UNIÃO HIPOSTÁTICA
“A união hipostática descreve a união
entre as naturezas humana e divina na Pessoa única de Jesus. Entender
adequadamente esta doutrina depende da completa compreensão de cada uma das
naturezas e de como se constituem na única Pessoa. O ensino bíblico acerca da
humanidade de Jesus revela-nos que, na encarnação, Ele tornou-se plenamente
humano em todas as áreas da vida, menos na prática de um eventual pecado.
Uma das maneiras de nos convencermos
da completa humanidade de Jesus é esta: os mesmos termos que descrevem aspectos
diferentes da humanidade também descrevem o próprio Jesus. Por exemplo, o Novo
Testamento frequentemente usa a palavra grega pneuma (espírito) para descrever
o espírito do homem; e a mesma palavra é empregada para Jesus. Ele mesmo
aplicou a si o pneuma, quando, na cruz, entregou o seu espírito ao Pai e
expirou (Lc 23.46)” (HORTON, StanleyM. Teologia Sistemática: Uma perspectiva
pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, PP- 324, 325)
III. COMO ESSAS HERESIAS SE REVELAM HOJE
1. Quanto ao nascimento virginal de
Jesus. Há movimentos que negam o nascimento virginal de Jesus, como os mórmons,
a Igreja da Unificação, e ensinam que Ele não foi gerado pelo Espírito Santo.
Negar a concepção e o nascimento virginal de Jesus é uma das marcas desses
movimentos. É o ensino moderno de Cerinto e seus seguidores. A Bíblia anuncia
de antemão a concepção e nascimento virginal de Jesus desde o Antigo Testamento
(Is 7.14) e seu cumprimento histórico no Novo Testamento. Jesus foi gerado pelo
Espírito Santo (Mt 1.18,20); o anjo Gabriel disse a Maria: “Descerá sobre ti o
Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra” (Lc
1.35).
- Quem lê o livro Credo, de Barth, tem a
impressão de que ele crê no nascimento virginal de Jesus Cristo, o que não
corresponde à verdade, à luz do contexto geral da teologia barthiana. De acordo
com Barth, na história tudo é relativo e incerto. Isso, evidentemente,
aplica-se à vida terrena de Cristo. Por conseguinte, ele pode falar sobre o
nascimento virginal de Cristo, mas como um “mito”. Esse teólogo suíço, Karl
Barth, desenvolveo um complexo sistema teológico e doutrinário - o Modernismo
Teológico, que deu origem ao neomodernismo, e este por sua vez, abriu
fronteiras, rompendo os limites da teologia barthiana. Deste modo, este sistema
teológico se faz presente no movimento ecumênico, levado a efeito por
determinados segmentos do cristianismo, e, mais recentemente, na chamada
“Teologia da Libertação”, que tanta confusão está causando. Sua teologia tem
contribuído para que determinados setores da teologia, nos dias hodiernos, dêem
uma guinada, passando do verdadeiro e lógico para o absurdo e anti-bíblico. E tudo
começa com um pressuposto equivocado: Segundo Barth, a infalibilidade da Bíblia
é uma fantasia, só aceita por crentes ignorantes. Para ele, nem mesmo as
palavras de Cristo, relatadas nos Evangelhos, são infalíveis. Ele vai mais além
e afirma que os ensinamentos de Jesus, conforme dados no Evangelho, são tão
afastados da verdade acerca de Deus como as mais cruéis ideias da primitiva
religião.
2. Quanto à morte e à ressurreição de
Cristo. O heresiarca gnóstico do Egito, Basilides, negava a crucificação de
Cristo, dizia que Simão, o cirineu, transfigurou-se e foi equivocadamente
crucificado, e que o populacho o tomou por Jesus. Assim sendo, Cristo apenas
presenciou a crucificação de Simão, seu suposto sósia. O Alcorão, o livro sagrado
dos muçulmanos e sua principal fonte de autoridade espiritual, declara que o
Senhor Jesus não foi crucificado, que tudo não passou de uma simulação (Alcorão
4.157). Nas notas explicativas de rodapé nas edições do Alcorão, eles afirmam
que um sósia de Jesus foi levado à cruz. Isso se parece com a ideia de
Basilides. Essa doutrina contraria todo o pensamento bíblico e os fatos
históricos. A Bíblia ensina que Jesus morreu e ressuscitou dentre os mortos (1
Co 15.3,4).
- No seu livro Comentários Sobre Romanos,
Barth chega a dizer que o ateu D. F. Strauss talvez tivesse razão em explicar
a ressurreição de Cristo como “um embuste histórico”. Mas é Barth mesmo quem
afirma: “A ressurreição de Cristo, ou o que dá no mesmo, a sua vida, não é um
acontecimento histórico”.
- Historiadores conhecem sobre Basílides e seus
ensinamentos principalmente através dos escritos de seus detratores e é
impossível determinar o quão confiáveis são estes relatos. A mais antiga
refutação de Basílides, por Agripa Castor, se perdeu. Quase todos os escritos
de Basílides pereceram, mas os nomes de três de suas obras e alguns fragmentos
chegaram até nós. https://pt.wikipedia.org/wiki/Bas%C3%ADlides
- Alguns coríntios, individualmente, acolhiam ou
rejeitavam a doutrina da ressurreição. Como a maioria dos problemas que
existiam entre eles se originava da cultura helênica deles, é provável que
aqueles relacionados com a ressurreição tivessem a mesma origem. O ensino das
religiões e filosofias populares gregas "imaginava que o espírito
desencarnado do homem atravessava as esferas planetárias para finalmente
abandonar cada parte da existência em carne e osso do homem, até a sua
consciência e raciocínio". Essa abordagem grega estava baseada no conceito
de que a matéria, ou a substância material, era a origem de todo o mal. Assim
sendo, a ressurreição do corpo era algo que oferecia um apelo desprezível
àqueles que eram influenciados pelo pensamento grego. Para essas pessoas, a
imortalidade da alma, ou a própria alma, era o objeto da sua fé e esperança.
Outros, aparentemente, ensinavam que a ressurreição já havia acontecido (2 Tm
2.18). Para Paulo, isso representava uma heresia. Alguns ensinavam que ela realmente
acontecia no ato do batismo. Moule escreve: "Esses heréticos afirmavam que
através do batismo eles já haviam se tornado participantes da vida
ressuscitada, e que nada mais restava a ser obedecido". Paulo ensinava,
assim como todos os apóstolos, que a ressurreição de Cristo representava
"as primícias" ou a evidência inicial da ressurreição dos cristãos.
Em Cristo, a redenção é total, inclusive do corpo. Para a Igreja Primitiva a
morte e a ressurreição do crente não eram uma libertação do corpo, nem o seu
esquecimento em uma grande "superalma". Eles aguardavam um
acontecimento futuro que envolvia a completa trans-formação do corpo. Como diz
Moule: "Eles afirmavam que a redenção incorporada ia contra uma libertação
individual". Paulo reconhece que "carne e sangue não podem herdar o
Reino de Deus" (15.50). E ele começa a mostrar-lhes o mistério. A
ressurreição do crente não é simplesmente uma transição da morte para um estado
de beatitude e vida eterna; é a "mudança do `corpo físico' para um 'corpo
espiritual' que envolve tanto a continuidade como a mu-dança".6 Paulo
fundamentou toda a sua experiência em Cristo na esperança de uma ressurreição
pessoal.
3. Confirmação histórica. A confirmação
bíblica e histórica da morte de Jesus é fato incontestável. Historiadores não
cristãos, judeus e romanos, atestaram a morte de Jesus. Flávio Josefo,
historiador judeu (37-100 d.C.), disse: “acusaram-no perante Pilatos, e este
ordenou que o crucificassem. Os que o haviam amado durante a sua vida não o
abandonaram depois da morte”. O historiador romano Tácito (55-117 d.C.)
escreveu: “Aquele de quem levavam o nome, Cristo, foi executado no reinado de
Tibério pelo procurador Pôncio Pilatos”. A Bíblia declara que Jesus “depois de
ter padecido, se apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas” (At 1.3).
- Como
cristãos, não precisamos recorrer à fontes extra bíblicas para apoiar nossa fé;
A Bíblia é suficiente para nós. Sobre a Pessoa de Cristo, diz-nos as
Escrituras:
-
Cristo era uma Pessoa real:
Ele nasceu duma virgem (Is 7.14; Lc 1.27);
Ele foi isento de pecado (Hb 7.26);
Ele foi visto por João Batista (Jo 1.29), Anás (Jo
18.12,13), Pilatos (Jo 18.28,29) e Herodes (Lc 23.8).
-
A morte de Cristo foi um fato histórico e real:
foi testemunhada pelo centurião romano (Lc
23.45-47);
foi testemunhada pelos soldados romanos (Jo
19.32,33);
José de Arimatéia e Nicodemos tomaram seu corpo,
embalsamaram-no e o enterraram (Jo 19.38-42).
-
A ressurreição de Cristo foi um fato histórico e real. Após ressurreto Ele foi
visto:
pelos guardas do sepulcro (Mt 28.11-23);
por Maria Madalena (Jo 20.16);
por dez dos seus discípulos (Jo 20.19-23);
por Tome (Jo 20.26-29);
por sete dos seus discípulos (Jo 21.1-14);
por Simão Pedro (Jo 21.15-19);
por mais de quinhentos irmãos (1 Co 15.6).
SINOPSE III
A confirmação bíblica e histórica da
morte de Jesus é fato incontestável.
AUXÍLIO TEOLÓGICO
A TEOLOGIA LIBERAL
E A BÍBLIA
“Em palavras simples, a doutrina
cristã ortodoxa da Bíblia postula que ela é sobrenaturalmente inspirada por
Deus e infalível e normativa em todas as questões que dizem respeito à salvação
— de modo geral, definida como o relacionamento de uma pessoa com Deus e o seu
cumprimento a nível pessoal. Ela é singular dentre os livros por ser a Palavra
escrita de Deus, diferente em espécie, não somente em grau, de outros livros
importantes. Essa crença no status especial da Bíblia é encontrada na própria
Bíblia (e.g., 2 Tm 3.16, 17; 2 Pe 1.20, 21) e ao longo da História da Igreja,
desde os Pais Eclesiásticos até o pensamento ocidental da era moderna, quando
os deístas, por exemplo, começaram a questionar a inspiração e a autoridade da
Bíblia. Comparado ao consenso cristão ortodoxo de que a Bíblia é a revelação
que nos foi sobrenaturalmente dada por Deus, o Cristianismo liberal trata a
Bíblia como um livro humano de grande percepção e sabedoria espiritual, mas que
não é divinamente inspirado, nem singularmente normativo. […] Os cristãos
liberais são, no entanto, extremamente relutantes em falar sobre a autoridade
da Bíblia, e isso os deixa sem uma fonte ou norma objetiva para as crenças e as
doutrinas cristãs” (OLSON, Roger. Contra a Teologia Liberal: Uma defesa cristã
bíblica tradicional. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, PP- 54, 55)
CONCLUSÃO
As expressões “o Verbo se fez carne”
e “Jesus Cristo veio em carne” significam uma resposta aos docetas. Os
Evangelhos revelam vários atributos característicos do Jesus ser humano. Ele
foi revestido do corpo físico porque o pecado entrou no mundo por um homem, e
pela justiça de Deus tinha de ser vencido por um ser humano. Jesus se encarnou.
Fez-se homem sujeito ao pecado, embora nunca houvesse pecado, e venceu o pecado
como homem.
- Como conclusão desse tema, quero abordar
ainda um assunto mito relevante: O verbo latino incarnare significa "fazer
carne". Quando dizemos que Jesus Cristo é Deus "encarnado",
queremos dizer que o Filho de Deus assumiu uma forma carnal e corporal (João
1:14). No entanto, quando isso aconteceu no ventre de Maria, a mãe terrena de
Jesus, Ele não deixou de ser divindade (Leia aqui sobre Theotokos).
Embora Jesus tenha Se tornado totalmente humano (Hebreus 2:17), Ele manteve a
Sua posição de Deus (João 1:1, 14). Como Jesus é capaz de ser homem e Deus
simultaneamente é um dos grandes mistérios do Cristianismo, mas é, no entanto,
um teste de ortodoxia (1 João 4:2; 2 João 1:7). Jesus tem duas naturezas
distintas — divina e humana. "Creiam que eu estou no Pai e que o Pai está
em mim" (João 14:11). A Bíblia ensina claramente a divindade de Cristo ao
apresentar o Seu cumprimento de inúmeras profecias do Antigo Testamento (Isaías
7:14; Salmo 2:7), a Sua existência eterna (João 1:1–3; João 8:58), o Seu
milagroso nascimento virginal (Lucas 1:26–31), os Seus milagres (Mateus
9:24–25), a Sua autoridade para perdoar o pecado (Mateus 9:6), a Sua aceitação
da adoração (Mateus 14:33), a Sua capacidade de prever o futuro ( Mateus
24:1–2) e a Sua ressurreição dentre os mortos (Lucas 24:36–39). O escritor de
Hebreus nos diz que Jesus é superior aos anjos (Hebreus 1:4-5) e que os anjos
devem adorá-lO (Hebreus 1:6). A Bíblia também ensina a Encarnação — Jesus
tornou-Se totalmente humano ao assumir a carne humana. Jesus foi concebido no
ventre e nasceu (Lucas 2:7), experimentou envelhecimento normal (Lucas 2:40),
teve necessidades físicas naturais (João 19:28) e emoções humanas (Mateus
26:38), aprendeu (Lucas 2:52), morreu de morte física (Lucas 23:46) e
ressuscitou com um corpo físico (Lucas 24:39). Jesus era humano em todos os
aspectos, exceto no pecado. Ele viveu uma vida completamente sem pecado
(Hebreus 4:15). Quando Cristo assumiu a forma de um humano, a Sua natureza não
mudou, e sim a Sua posição. Jesus, em Sua natureza original de Deus em forma de
espírito, humilhou-Se, deixando de lado Sua glória e privilégios (Filipenses
2:6–8). Deus nunca pode deixar de ser Deus porque Ele é imutável (Hebreus 13:8)
e infinito (Apocalipse 1:8). Se Jesus deixasse de ser totalmente Deus por uma
fração de segundo, toda a vida morreria (veja Atos 17:28). A doutrina da
Encarnação diz que Jesus, embora permanecendo totalmente Deus, tornou-Se
totalmente homem. https://www.gotquestions.org/Portugues/Deus-encarnado.html
Tudo já valeu a pena, mas a maior recompensa ainda
está por vir.
Que o mundo saiba que Jesus Cristo é o seu Senhor!
Dele seja a glória!
_______________
Francisco Barbosa (@Pbassis)
• Graduado
em Gestão Pública;
• Teologia
pelo Seminário Martin Bucer (S.J.C./SP);
• Pós-graduado
em Teologia Bíblica e Exegese do Novo Testamento, pela Faculdade Cidade Viva
(J.P./PB);
• Professor
de Escola Dominical desde 1994 (AD Cuiabá/MT, 1994-1998; AD Belém/PA, 1999-2oo1;
AD Pelotas/RS, 2ooo-2oo4; AD São Caetano do Sul/SP, 2oo5-2oo9; AD Recife/PE
(Abreu e Lima), 2o1o-2o14; Ig Cristo no Brasil, Campina Grande/PB, 2o15).
• Pastor
da Igreja de Cristo no Brasil em Campina Grande/PB
Servo, barro nas mãos do Oleiro.
_______________
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REVISANDO O CONTEÚDO
1. Como o
Docetismo pode ser definido?
O Docetismo é a mais antiga heresia
da história da igreja e consiste em negar que Jesus tivesse tido corpo físico
humano, sua humanidade era simplesmente uma aparência, como um fantasma.
2. Quais os
três principais heresiarcas docetas?
Cerinto, Saturnino e Marcião.
3. Qual a
gravidade do Docetismo?
A gravidade dessa heresia está em
afirmar que Jesus não teve corpo físico real. Então, Ele também não morreu, e
se não morreu, também não ressuscitou, se não ressuscitou, logo não há
esperança de salvação (1 Co 15.1-3,17,18).
4. O que o
apóstolo reitera na introdução do Evangelho de João?
O apóstolo reitera o que afirma na
introdução do seu Evangelho: “o que vimos com os nossos olhos, o que temos
contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida”.
5. Quem, na
antiguidade e atualidade, nega a crucificação do Senhor Jesus?
O heresiarca gnóstico do Egito,
Basilides, negava a crucificação de Cristo, dizia que Simão, o
cirineu, transfigurou-se e foi equivocadamente crucificado, e que o populacho o
tomou por Jesus. Atualmente, O Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos e sua
principal fonte de autoridade espiritual, declara que o Senhor Jesus não
foi crucificado, que tudo não passou de uma simulação (Alcorão
4.157).