Pb Francisco Barbosa
TEXTO
ÁUREO
“E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.” (Gn 12.3)
Entenda o Texto Áureo:
- Essa passagem é a promessa cujo cumprimento perpassa toda a Escritura
(de fato ou em expectativa até Ap 20. A aliança com Abrão propriamente dito é
apresentada em 12.1-3, de fato feita em 15.18-21, reafirmada em 17.1-21, renovada
também com Isaque (26.2-5) e Jacó (28.10-17). É uma aliança eterna (17.7-8; 1Cr
16.17; SI 105.7-12; ls 24.5) que contém quatro elementos:
1) descendência (17.2-7;
cf. Cl 3.8,16 onde se refere a Cristo);
2) terra (15.18-21;
17.8);
3) nação (12.2; 17.4); e
ainda
4) bênção e proteção
divinas (12.3).
Essa aliança é incondicional no sentido de encontrar o cumprimento definitivo
num reino e na salvação para Israel (Rm 11.1-27), mas condicional em termos de
cumprimento imediato (cf. 17.4). Sua importância nacional para Israel é
ampliada pelas repetidas referências e ponto de apelo ao longo do AT (cf. 2Rs
13.23; 1Cr 16.15-22; Ne 9.7-8). Sua importância espiritual para todos os
crentes é exposta por Paulo (Gl 3-4). Estêvão citou 12.1 em At 7.3. Abrão ainda
estava em Harã (11.31) quando o chamado para ir a Canaã foi repetido (At 7.2). A
excelente reputação e o legado de Abrão foram cumpridos nas áreas material
(13.2; 24.35), espiritual (21.22) e social (23.6). Os que "amaldiçoam Abrão
e seus descendentes são os que os ignoram, desprezam e tratam com desdém. A
maldição de Deus para essa falta de respeito e desconsideração envolveria o
mais severo dos castigos divinos. O contrário aconteceria com aqueles que
abençoassem Abrão e seu Servo. em ti
serão benditas todas as famílias da terra. Paulo identifica essas
palavras como o evangelho preanunciado a Abraão (Gl 3.8).
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VERDADE
PRÁTICA
Ainda que a queda espiritual
tenha ocorrido com Israel, há uma gloriosa promessa ao remanescente fiel.
Entenda a Verdade Prática:
- Também Isaías proclama em relação
a Israel: “Ainda que o número dos israelitas seja como a areia do mar, apenas o
remanescente é que será salvo! (Rm 9.27). A promessa a Israel está presente
na Bíblia em diversos trechos, incluindo Jeremias 23:3, Isaías 10:20-23 e
Romanos 11:26. Deus prometeu a proteger um remanescente de crentes através do
qual a “semente” do Messias prometido por Deus viria. Essa promessa profética
foi cumprida na primeira vinda de Jesus Cristo como nosso Salvador. Deus também
prometeu trazer aquele “remanescente” de volta à sua terra para ser Seu povo
redimido para sempre.
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE
Gênesis 12.1 -3; Romanos 9.1-5
Gênesis 12
1. Ora, o
Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu
pai, para a terra que eu te mostrarei.
- O SENHOR disse a Abrão.
Foi do agrado de Deus, que muitas vezes foi encontrado entre aqueles que não O
procuravam, revelar-se a Abraão talvez por um milagre; e a conversão de Abraão
é uma das mais notáveis na história da Bíblia. [Jamieson; Fausset; Brown]
2. E iar-te-ei
uma grande nação, e abençoar-te- ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma
bênção.
- e tu serás uma bênção.
Pela tua semente que é Cristo, o mundo recuperará a bênção que perdeu em Adão.
[Genebra]
3. E abençoarei
os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão
benditas todas as famílias da terra.
- em ti. Na tua descendência, no Messias, que virá de ti, serão benditas
todas as famílias da terra; porque, assim como ele tomará sobre si a natureza
humana desde a descendência de Abraão, ele provará a morte por cada homem, o
seu Evangelho será pregado em todo o mundo, e inumeráveis bênçãos serão
derramadas sobre toda a humanidade através da sua morte e intercessão. [Clarke]
Romanos 9
1. Em Cristo
digo a verdade, não minto (dando-me testemunho a minha consciência no Espírito
Santo):
- Muito bem ciente de que ele era considerado um traidor aos mais
queridos interesses de seu povo (Atos 21:33; 22:22; 25:24), o apóstolo abre
essa divisão de seu assunto dando vazão a seus sentimentos reais com
extraordinária veemência de protesto. Digo
a verdade em Cristo – como se estivesse mergulhada no espírito daquele
que chorou sobre Jerusalém impenitente e condenada (compare com Romanos 1:9;
2Coríntios 12:19; Filipenses 1:8). minha
consciência dá testemunho comigo pelo Espírito Santo – “minha
consciência tão vivificada, iluminada e até agora sob a operação direta do
Espírito Santo”. [Jamieson; Fausset; Brown, aguardando revisão]
2. tenho grande
tristeza e contínua dor no meu coração.
- de que tenho… – “Que
eu tenho grande tristeza (ou tristeza) e angústia incessante em meu coração” –
a amarga hostilidade de sua nação ao glorioso Evangelho, e as terríveis
consequências de sua incredulidade, pesando pesadamente e incessantemente sobre
seu espírito. [Jamieson; Fausset; Brown]
3. Porque eu
mesmo poderia desejar ser separado de Cristo, por amor de meus irmãos, que são
meus parentes segundo a carne;
- que são meus parentes segundo
a carne. Na proporção em que se sentiu espiritualmente separado de sua
nação, ele parece ter percebido de forma ainda mais vívida sua relação natural
com eles. Alguns intérpretes, considerando que o desejo aqui expresso é muito
forte para qualquer cristão expressar, ou mesmo conceber, proferiram as
palavras iniciais: ‘Eu (uma vez) desejei’; entendendo isso de seu antigo estado
não convertido. A versão latina antiga e a revisão da Vulgata indicaram o
caminho nessa direção errada (optabam), e Pelágio a seguiu. Até Lutero caiu
nesse erro (Ich habe gewunscht). Mas que sentido ou força essa interpretação
produz? Sem dúvida, quando um grande perseguidor de cristãos, o apóstolo não
desejava nenhuma conexão com Cristo e desejava que o próprio nome de Cristo
perecesse. Mas isso pode ser tudo o que aqui se quer dizer? ou mesmo se fosse,
o apóstolo o teria expressado nos termos aqui empregados – que ele desejava,
não Cristo e os cristãos amaldiçoados, mas ele próprio amaldiçoado por Cristo,
e isso não por causa da verdade, mas por causa de seus irmãos? É verdade que o
verbo está no passado (o imperfeito). Mas, de acordo com o idioma grego, o
significado estrito da frase é: ‘Eu desejaria, e teria desejado, se isso fosse
lícito ou pudesse ter feito algum bem” (compare o uso análogo do imperfeito em
Atos 25:22 e Gálatas 4:20). Muito também foi escrito sobre a palavra
“amaldiçoado”, para suavizar sua aparente dureza e representá-la como
significada apenas em um sentido modificado. Mas se encararmos todo o
sentimento como uma expressão veemente ou apaixonada da absorção de todo o seu
ser na salvação de seu povo, a dificuldade desaparecerá; e em vez de aplicar a
essa explosão de emoção a crítica fria que seria aplicável a ideias definidas,
devemos ser lembrados do desejo quase idêntico tão nobremente expresso por
Moisés, Êxodo 32:32, “No entanto, agora, se você perdoar seus pecado… e se não,
risca-me, peço-te, do teu livro que tens escrito”. Isso é o que Bacon (citado
por Wordsworth) chama de ‘um êxtase de caridade e sentimento infinito de
comunhão’ (‘Advance of Learning’). [Brow, 1866].
4. que são
israelitas, dos quais é a adoção de filhos, e a glória, e os concertos, e a lei,
e o culto, e as promessas;
- que são israelitas –
Veja Romanos 11:1; 2Coríntios 11:22; Filipenses 3:5. a adoção – É verdade que, em comparação com a nova economia, o
velho era um estado de minoria e pupilagem, e até agora de um servo (Gálatas
4:1-3); contudo, comparada com o estado dos pagãos vizinhos, a escolha de
Abraão e sua semente foi uma verdadeira separação deles para ser uma Família de
Deus (Êxodo 4:22; Deuteronômio 32:6; Isaías 1:2; Jeremias 31:9; Oséias 11:1;
Malaquias 1:6). a glória –
aquela “glória do Senhor”, ou “sinal visível da Presença Divina no meio deles”,
que descansou na arca e encheu o tabernáculo durante todas as suas andanças no
deserto; que em Jerusalém continuou a ser visto no tabernáculo e no templo, e
só desapareceu quando, no cativeiro, o templo foi demolido e o sol da antiga
economia começou a afundar. Isso foi o que os judeus chamaram de “Shekinah”. os pactos – “os convênios da
promessa”, aos quais os gentios antes de Cristo eram “estrangeiros” (Efésios
2:12); significa o pacto com Abraão em suas sucessivas renovações (ver Gálatas
3:16-17). a Lei – do monte
Sinai, e a posse dela depois disso, que os judeus justamente consideravam sua
honra peculiar (Deuteronômio 26:18-19; Salmo 147:19-20; Romanos 2:17). o culto – ou, do santuário,
significando todo o serviço religioso divinamente instituído, na celebração do
qual eles foram trazidos tão perto de Deus. e as promessas – as grandes promessas abraâmicas,
sucessivamente desdobradas, e que tiveram seu cumprimento somente em Cristo;
(veja Hebreus 7:6; Gálatas 3:16,21; Atos 26:6-7). [Jamieson; Fausset; Brown,
aguardando revisão]
5. dos quais
são os pais, e dos quais é Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus
bendito eternamente. Amém!
- deles são os patriarcas
– aqui, provavelmente, os três grandes paises da aliança – Abraão, Isaque e
Jacó – pelos quais Deus condescendeu em nomear a si mesmo (Êxodo 8:6, 13; Lucas
20:37).
e deles – privilégio mais exaltado de todos e, como tal, reservado ao último.
quanto à carne – (veja em Romanos 1:3).
bendito eternamente, Amém – Para livrar-se do brilhante testemunho aqui dado à suprema divindade
de Cristo, vários expedientes foram adotados:(1) Para colocar um período, seja
após as palavras “concernente à carne, Cristo veio”, tornando a próxima oração
como um doxologia ao Pai – “Deus, que é sobre todos, seja abençoado para
sempre”; ou depois da palavra “todos” – assim, “Cristo veio, que é sobre
todos:Deus seja abençoado”, etc. [Erasmus, Locke, Fritzsche, Meyer, Jowett,
etc.]. Mas é fatal para essa visão, como até Socinus admite, que em outras
doxologias da Escritura a palavra “Abençoado” precede o nome de Deus a quem a
bênção é invocada (assim:“Bendito seja Deus”, Salmo 68:35; seja o Senhor Deus,
o Deus de Israel ”(Salmo 72:18). Além disso, qualquer doxologia aqui seria “sem
sentido e frígida ao extremo”; o triste assunto sobre o qual ele estava
entrando sugerindo qualquer coisa além de uma doxologia, mesmo em conexão com a
Encarnação de Cristo (Alford). (2) Transpor as palavras traduzidas como “quem
é”; caso em que a prestação seria, “cujos (isto é, os pais”) é Cristo de acordo
com a carne “[Crellius, Whiston, Taylor, Whitby]. Mas este é um expediente
desesperado, em face de toda autoridade manuscrita; como também é a conjectura de
Grotius e outros, que a palavra “Deus” deve ser omitida do texto. Resta então,
que não temos aqui nenhuma doxologia, mas uma declaração de fato, que enquanto
Cristo é “da” nação israelita “como concernente à carne”, Ele é, em outro
aspecto, “Deus sobre todos, abençoado para sempre. ”(Em 2Coríntios 11:31, a
frase muito grega que é aqui traduzida como“ quem é ”, é usada no mesmo sentido
e comparar Romanos 1:25, em grego). Nesta visão da passagem, como um testemunho
da suprema divindade de Cristo, além de todos os pais ortodoxos, alguns dos
mais capazes críticos modernos concordam [Bengel, Tholuck, Stuart, Olshausen,
Filipos, Alford, etc.] [Jamieson; Fausset; Brown]
INTRODUÇÃO
As promessas divinas para Israel foram
proferidas há mais de 4.000 anos antes do advento do Senhor Jesus. Tudo começou
quando Deus chamou Abrão e fez-lhe promessas a respeito do divino propósito de
formar uma grande nação. Nessa chamada, está implícita as promessas para Israel
como nação ímpar dentre todos os povos da terra, a fim de, de uma forma
especial, cumprir os propósitos divinos para a humanidade. Por isso, nesta
lição, veremos que muitas promessas de Deus para Israel são irrevogáveis. Elas
foram feitas por Deus a Abraão, a Isaque, a Jacó, a Davi e confirmadas com o
advento do Senhor Jesus Cristo.
- Há um erro nessa Introdução: “há mais de 4.000 anos antes do advento
do Senhor Jesus”; A tradição judaica indica que Abraão viveu
entre 1812 a.C. e 1637 a.C., ou seja, 175 anos; assim, Abraão está há cerca de
2.000 mil anos antes de Jesus. Se a ideia era colocar 4.000 anos da época
atual, está correto.
De acordo com a Bíblia, Deus fez várias promessas a Israel, incluindo:
Herança da terra: - Deus prometeu a Abraão que seus descendentes
herdariam a terra onde viviam, que é a atual região de Israel.
Povo da promessa: - Deus prometeu que os israelitas seriam o seu povo da aliança,
desde que obedecessem aos seus mandamentos.
Bênção para as nações: - Deus prometeu que Israel seria uma bênção para
as nações do mundo, levando-lhes o evangelho e o sacerdócio.
Proteção: -Deus prometeu que o protetor do povo de Israel nunca dorme,
nem cochila, e que o SENHOR guardará o povo de Israel e estará sempre ao seu
lado para protegê-lo.
Salvação: - Deus prometeu salvar o povo de Israel, derrotando e
humilhando todos os seus inimigos.
Amor eterno: - Deus prometeu amar Israel com amor eterno, incessante, sem
fim.
O plano de Deus para Israel era que se tornasse uma potência espiritual e
um centro de difusão do conhecimento do verdadeiro Deus. Quando examinamos as
profecias do Velho Testamento, vemos as promessas de Deus aos judeus: Isaías
11:11-16; Jeremias 31:31-37; 33:23- 26; Zacarias 8:23; 9:9-10, etc.
PALAVRA-CHAVE:
Descendência
I. ISRAEL: A PROMESSA DA CRIAÇÃO DE UMA
GRANDE NAÇÃO
1. “E far-te-ei uma grande nação” (v.2).
Essa promessa tinha como objetivo mostrar a Abrão o propósito de Deus em
formar, a partir dele, uma grande nação, diferente de todas as outras, a nação
de Israel (Gn 12.2). Ao longo da história, esse propósito se cumpriu de maneira
evidente e poderosa. Quando Deus disse a Abraão que ele seria pai de uma grande
nação, o patriarca estava com 75 anos, e sua esposa, Sara, era estéril. Anos
depois, Deus renovou a sua promessa de criar uma grande nação a partir de
Abraão (Gn 15.4,5).
- De ti farei uma grande nação.
Nenhum homem é uma ilha, separada do continente. Abraão residia em Harã,
abastado e com uma vida amena, gozando a vida. Mas eis que Deus tinha em mira
coisas maiores para ele. Israel havería de nascer a partir de Abraão. “Não havendo profecia o povo se corrompe”
(Pv 29.18). Os prazeres embotam-nos a visão. Deus desarraigou a Abraão e
perturbou o seu programa. Deu-lhe uma promessa, mas não recursos imediatos. Ele
teria de esforçar-se para que a promessa tivesse cumprimento. Deus tem um plano,
mas nós temos de colocá-lo em execução, tanto quanto isso estiver ao nosso
alcance. Quando as coisas ‘avançam mais depressa do que nós”, então precisamos
de uma intervenção divina. Abraão teve a fé suficiente para pôr em execução a
promessa divina: Fé. A promessa de um filho domina os capítulos 12 a 20 por sua
angustiante demora, enquanto Abrão a põe em risco, ora por falta de fibra, ora
por falta de esperança (caps. 12, 16, 20), sustentando-a, porém, pela fé (caps.
15, 17, 18). A magnitude da promessa a um esposo com uma mulher estéril testa a
fé de Abrão ao limite máximo. Ao não entregar-se à incredulidade, Abrão serve
como um modelo para o povo pactual: Olhai para Abraão, vosso pai, e para Sara,
que vos deu à luz; porque era ele único, quando eu o chamei, o abençoei e o
multipliquei (Is 51.2).
2.
E abençoar-te- ei, engrandecerei o teu nome e tu serás uma bênção” (v.2).
Deus desejou promover o nome de Abrão numa dimensão jamais imaginada pelo
patriarca. Entretanto, a promessa não era meramente materialista. A bênção material
deveria carregar um testemunho espiritual: “E tu serás uma bênção” (Gn 12.2).
Nenhuma nação teria dúvida de que era Deus que faria isso com Abrão. Era uma
promessa por demais significativa, pois Abrão era filho de uma família idólatra
(Gn 12.1) e Deus o escolheu para ser pai de um povo que ainda surgiria: o povo
de Israel. A história hebreia comprova que o patriarca Abraão foi, de fato, uma
grande bênção para os israelitas.
- Te abençoarei... Sê tu uma bênção.
A palavra “abençoar” ocorreu apenas cinco vezes em Gênesis 1 a 11, e agora
ocorre cinco vezes apenas em Gênesis 12.1-3. A bênção traz poder para a vida,
bem como o fortalecimento e o crescimento desta. A “bênção” é a garantia de
proteção e cuidado, a promessa de graça e o presente da paz. O fundo divino de
bondade é mais do que suficiente para todos. Deus tem Seus instrumentos, mas
todos são beneficiários. Abraão havería de ser um instrumento especial, e o
mundo Inteiro seria o beneficiário. Seu nome seria engrandecido, mas grandes
seriam também as bênçãos que fluiríam por meio dele a todas as nações. Hoje em
dia, onde estivemos, estaremos desfrutando dos benefícios dessa promessa feita
a Abraão. A verdadeira bem-aventurança flui por meio de nosso relacionamento
com Deus. Um novo relacionamento, com suas bênçãos mais ricas, estava sendo
preparado na vida de Abraão. Por isso mesmo, diz aquele hino antigo: ‘Senhor,
faz de mim uma bênção para alguém, hoje mesmo”. Esse é um alvo nobre para todos
os dias. As bênçãos fluem a partir do amor. Ver, no Dicionário, o artigo
intitulado Amor. A vinda do Messias, como é óbvio, é a bênção culminante que
foi dada a todos por meio de Abraão. As bênçãos derivadas do Pacto Abraâmico
são espirituais e temporais, e ambas essas formas de bênçãos derivam de Deus,
segundo lemos em Tiago 1.17.
3.
“E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem”
(v.3). Essa foi uma promessa dupla: de bênção e de maldição. Na
verdade, Abraão seria uma grande influência para os que se relacionavam com
ele. De modo que Deus abençoaria os que auxiliassem Abraão e castigaria quem o
amaldiçoasse. Esse evento faria de Abrão uma influência mundial que perduraria
em sua posteridade. Além disso, essa promessa é confirmada em Números:
“Benditos os que te abençoarem, e malditos os que te amaldiçoarem” (24.9).
- No antigo Oriente Médio, um nome não era meramente um rótulo, mas a
revelação do caráter e este equivale à pessoa ou personalidade. Assim, um
grande nome acarreta não só fama, mas alta estima social, como um homem de caráter
superior. Deus quer fazer de Abrão uma personalidade inigualável. Os
construtores de Babel quiseram tornar o seu nome grande e foram desbaratados.
Abrão, porém, teve seu nome engrandecido por Deus e entrou para a história com
seis títulos de honra: 1) pai de numerosas nações (17.5); 2) confidente de Deus
(18.17-19); 3) profeta (20.7); 4) príncipe de Deus (23.6); 5) servo de Deus (Sl
105.6); 6) amigo de Deus (2Cr 20.7). Os que amaldiçoarem Abrão e seus
descendentes são os que os ignoram, desprezam ou tratam com desdém. A maldição
de Deus para essa falta de respeito e desconsideração envolveria o mais severo
dos castigos divinos. O contrário aconteceria com aqueles que abençoassem Abrão
e seu povo. A força abençoadora vale para todos aqueles para quem Abraão é pai.
Isso se refere aos que, por meio da oração, buscam mediar a bênção de Deus
nesse agente de bênção, Abraão, e seus fiéis descendentes. Até que Cristo
venha, Abraão e seus descendentes exercerão um papel messiânico representativo
e prefiguram Cristo. A promessa hoje não pertence a um “Israel” étnico e
incrédulo (Rm 9.6-8; Gl 6.15), mas a Jesus Cristo e sua igreja (12.7; 13.16; Gl
3.16,26-29; 6.16). Quem se opuser a Abrão está se voltando contra a promessa
que Deus fez a Abrão, de ser o pai de numerosas nações, o pai dos cristãos. O
Novo Testamento conhece uma exclusão da comunhão da igreja que começa com a
fórmula: “Que seja amaldiçoado” (anathema ). Se alguém não ama o Senhor, seja
anátema... (1Co 16.22). Quem não ama a Jesus está exposto à ira de Deus e é
publicamente excluído da igreja e entregue ao juízo de Deus.
4.
“E em ti serão benditas todas as famílias da terra” (v.3).
Essa promessa é considerada uma segunda profecia das Escrituras a respeito do
Senhor Jesus (A primeira está registrada em Gênesis 3.15). Podemos ter essa
confirmação por meio da Carta de Paulo aos Gálatas, em que uma bênção
espiritual viria por meio de um descendente de Abraão, o pai dos israelitas.
Essa bênção diz respeito ao advento do Senhor Jesus Cristo, sua boa notícia oferecida
a todas as nações (Gl 3.8,16; cf. Jo 3.16).
- Deus abençoa Abrão para que ele fosse portador de sua bênção (Sl 67.7),
e isso está de acordo com o que diz a Escritura: A memória do justo é
abençoada, mas o nome dos perversos cai em podridão (Pv 10.7). A bênção pessoal
de Abrão é ao mesmo tempo uma bênção para outros. Abrão se torna uma fonte de bênção,
que jorra a bênção da qual ele mesmo está repleto. O apóstolo Paulo chama o
Messias de descendente de Abraão (Gl 3.16). A promessa feita a Abrão cumpriu-se
em Cristo, e aqueles que creem em Jesus são filhos de Abraão (Gl 3.7). Os da fé
é que são abençoados com o crente Abraão (Gl 3.9). Os verdadeiros filhos de
Abraão não são aqueles que têm o sangue de Abraão correndo em suas veias, mas
os que têm a fé de Abraão habitando em seu coração.
SINOPSE I
A descendência de Abrão
seria uma grande nação, acompanhada de um testemunho espiritual importante.
AUXÍLIO TEOLÓGICO
PROMESSA
“[…] A mensagem central
do Novo Testamento é que as promessas de Deus no Antigo Testamento foram
cumpridas com a vinda de Jesus Cristo. As numerosas fórmulas de citação de
Mateus são evidências desse tema. Em Lucas 4.16-21, Jesus pronuncia o
cumprimento da promessa de Isaías (sobre o ministério do Messias, Is 61.1-3) na
sua própria vida. O livro de Atos declara especificamente que o sofrimento e
ressurreição de Jesus e a vinda do Espírito Santo são o cumprimento das
promessas do Antigo Testamento (At 2.29-31; 13.32-34). A identidade de Jesus
como descendente de Davi (At 13.23) e como profeta semelhante a Moisés (At
3.21-26; cfr. Dt 18.15-18) também é considerada o cumprimento do Antigo
Testamento. A visão de Paulo sobre as promessas de Deus está resumida nesta
declaração: (Porque todas quantas promessas há de Deus são nele sim; e por ele
o Amém, para a glória de Deus, por nós” (2Co 1.20). De acordo com Romanos
1.2,3, Paulo considera o evangelho como a mensagem que Deus antes havia
prometido pelos seus profetas nas Santas Escrituras, acerca de seu Filho.
Romanos 4 descreve a fé de Abraão em termos da sua confiança nas promessas de
Deus, o que leva à sua justiça. Apresenta-o também corno nosso modelo de fé nas
promessas de Deus. A famosa expressão segundo as Escrituras em 1 Coríntios
15.3,4 é, em certo sentido, entendido por Paulo como o cumprimento das
promessas de Deus a respeito da morte e ressurreição de Cristo” (LONGMAN III,
Tremper. Dicionário Bíblico Baker. Rio de Janeiro: CPAD, 2023,p. 4o7).
II. OUTRAS PROMESSAS A ISRAEL
1. A promessa de um filho a Abraão.
Além das solenes promessas de Deus a Abraão, o Senhor prometeu-lhe um filho. A
promessa pareceu estranha ao patriarca, pois como vimos anteriormente, ele era
avançado em idade, sua esposa também, além dela ser estéril. O pai da fé
argumentou com Deus que provavelmente seu servo, Eliezer, seria seu herdeiro.
No entanto, o Senhor asseverou-lhe que não. Deus iria cumprir a sua grandiosa
promessa na vida de Abraão (Gn 15.4-6). O filho da promessa, portanto, seria
Isaque (Gn 21.1-7).
- Um homem cuja esposa era estéril e que tinha sobre os ombros a promessa
de que nele seriam benditas todas as famílias da terra recebe, agora, um adendo
na promessa divina: Farei a tua descendência como o pó da terra... (13.16). Em
resposta ao encorajamento e à admoestação de Deus (v. 1), Abrão revelou o que o
incomodava. Como poderia se cumprir a promessa de Deus de muitos descendentes (13.16)
e de tornar-se uma grande nação (12.2) se ele não tinha filhos? o damasceno
Eliézer. Para Abrão, a promessa estava estagnada. Assim, a adoção de um servo
como homem herdeiro — costume contemporâneo bem conhecido na Mesopotâmia — parecia
ser o melhor arranjo oficialmente reconhecido para que a promessa se cumprisse,
humanamente falando. Aos questionamentos de Abrão, Deus afirma categoricamente
a ele que seu herdeiro não seria o servo Eliezer, mas um filho de sangue,
gerado dele mesmo (15.4). Abrão estava procurando a solução para o problema a
seu redor, mas a resposta era buscar a solução lá do alto. Para lhe dar uma demonstração
da veracidade dessa promessa, Deus conduz Abrão para fora de sua tenda e diz a
ele: Olha para os céus e conta as estrelas, se é que o podes. E lhe disse: Será
assim a tua posteridade (15.5). Deus já havia dito a Abrão que sua descendência
seria incontável como o pó da terra (13.16) e agora diz, com outra imagem, que
será incontável como as estrelas do céu (15.5). Essa promessa foi repetida a
Abraão (22.17) e reafirmada a Isaque (26.4). É óbvio que Deus não está falando
aqui de uma descendência hereditária, mas da descendência espiritual; em outras
palavras, Ele não está falando daqueles que têm o sangue de Abrão em suas
veias, mas daqueles que têm a fé de Abrão em seu coração, e essa multidão
contável para Deus (Ap 7.1-8) é incontável para os homens (Ap 7.9-17). Assim
como o homem não pode contar o pó da terra, também não pode contar as estrelas,
pois há mais estrelas no firmamento do que todos os grãos de areia de todas as
praias e de todos os desertos do nosso planeta.
2.
A promessa de um filho a Isaque. Deus não se esquece de suas promessas.
Após a morte de Sara, Abraão casou-se com Quetura. Ele tinha mais de 100 anos e
teve seis filhos com ela (Gn 25.1-5). Antes de morrer, Abraão providenciou uma
esposa para Isaque, por intermédio de Eliézer, seu servo. Este foi à
Mesopotâmia, e lá, por direção de Deus, encontrou uma esposa, Rebeca, para o
filho de seu senhor, e a levou a Isaque€, que se casou com ela. No tempo
próprio, ela deu à luz a dois filhos gêmeos: Esaú e Jacó (Gn 25.24-26).
- O capítulo 24 encerrou-se com o casamento de Isaque e Rebeca, e o 25
abre com o segundo casamento de Abraão. Abraão tinha 75 anos quando saiu do
meio de sua parentela. Quando Ismael nasceu, ele tinha 86 anos, e, quando
Isaque nasceu, ele tinha 100 anos. Quando Sara, sua mulher, morreu, ele tinha
137 anos. Quando Isaque casou-se, ele tinha 140 anos. Após passar o luto de
Sara e ver o filho da promessa casado, Abraão casou-se novamente, com Quetura,
chamada de sua mulher (25.1) e também de concubina (25.6). Waltke defende a
ideia de que esse evento é anacrônico, por entender que o corpo de Abraão já
estava amortecido para a paternidade aos cem anos. Quando Sara morreu, Abraão
estava com 137 anos; além do mais, Quetura, que é chamada de esposa (25.1), é
também chamada de concubina (25.6; 1Cr 1.32). WALTKE, Bruce K. Gênesis, 2010, p. 414. Contudo, a tese de que Abraão tivesse outra esposa além de Sara enquanto
ela estava viva empalidece o caráter de Abraão e deslustra o seu amor por Sara.
Isaque casou-se com Rebeca quando tinha quarenta anos de idade e orou por ela
vinte anos até que ela concebesse. Isaque é o único patriarca monogâmico.
Rebeca era estéril. O Senhor ouviu-lhe as orações, e Rebeca concebeu. Se Abraão
esperou 25 anos para que Deus abrisse a madre de Sara, Isaque orou vinte anos
para que Deus fizesse o mesmo com Rebeca, o que mostra que a paciência e a
perseverança na oração era uma marca de Isaque. Jacó teve de trabalhar catorze
anos para conseguir Raquel, e José precisou esperar 22 anos para encontrar sua
família. Nosso tempo está nas mãos de Deus, como diz o salmista: Nas tuas mãos,
estão os meus dias... (Sl 31.15).
3.
A promessa renovada. O Senhor falou com Jacó e reiterou a
promessa feita a Abraão, de que lhe daria aquelas terras (Gn 26.3,4). Isaque
foi considerado o herdeiro da promessa (Hb 11.17-19) e, por isso, antes de
morrer concederia bênçãos para seus filhos. Esaú perdeu seu direito de
primogenitura, pois o trocou por um prato de comida (Gn 27.30-34). Orientado
por seu pai, Jacó foi à casa de Labão, onde se casou com Raquel, que era
estéril (Gn 28.1,2; 29.28). Por estratégia de Labão, Jacó se uniu com Léia e
teve seis filhos com ela (Gn 29.21-27).Mais tarde, Deus abriu a madre de Raquel
e esta concebeu dois filhos. Com sua serva, Bila, Jacó teve dois filhos; com
Zilpa, serva de Leia, mais dois filhos; perfazendo às 12 tribos de Israel (Gn
29.32-35; 30.1-26); e teve mais uma filha, com Leia, Diná (Gn 30.20-21).
- Deus confirmou a Isaque a aliança feita com Abraão, enfatizando os
mesmos três elementos anteriores: terra, descendência e bênção. Ele acrescentou
uma menção honrosa específica sobre a resposta obediente de Abraão a todas as palavras
de Deus (Gn 12.1-3; 15.13-21; 17.2,7-8). Embora Abraão fosse louvado pelas suas
ações, a aliança com Abraão foi incondicional e fundamentada na vontade
soberana de Deus (cf. Lv 26.44-45). O direito de primogenitura é a tradição de
que o primeiro filho de um casal herda toda a riqueza, estado ou função dos
pais. No Antigo Testamento, apenas o filho mais velho tinha direito à
primogenitura. Na Bíblia, o direito de primogenitura é enfatizado, e os
cristãos são advertidos a não imitarem Esaú, que vendeu seu direito de
primogenitura por uma tigela de ensopado.
4.
Promessa do Reino do Messias. Por intermédio do profeta Isaías, Deus
falou que o Messias nasceria da descendência de Jessé, pai de Davi, para
redimir Israel e a humanidade. Por isso, o Senhor Jesus é chamado de “O Filho
de Davi” (Lc 18.37-4o), o “Emanuel”: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz
um filho, e ele será chamado pelo nome de EMANUEL, que traduzido é: Deus
conosco” (Mt 1.23; cf Is 7.14).
- Conquanto Abraão tenha gerado Ismael da serva egípcia Agar e mais seis
filhos de Quetura (chamadas de concubinas), ele deu tudo o que possuía a
Isaque. Ao filho de Agar e aos filhos de Quetura, chamadas de concubinas,
Abraão deu presentes. Ele ainda empenhou-se em separar seus outros filhos de
Isaque, enviando-os para a terra oriental. Preventivamente, Abraão cuidou para
não haver desavença entre seus filhos nem interferência no cumprimento da
promessa de Deus por meio de Isaque. A herança que Abraão deixou para Isaque
pertence também aos filhos da promessa. Mas o que ele deixou de herança para
nós? 1) o testemunho claro da salvação pela fé (15.6; Rm 4.1-5); 2) o exemplo
de uma vida fiel (Tg 2.14-16); 3) a nação judaica (Jo 4.22); 4) o Salvador
(12.1-3; Mt 1.1). Nas palavras do apóstolo Paulo, Ismael nasceu escravo, mas
Isaque nasceu livre (Gl 4.21-31; 5.1,2), portanto, todo aquele que crê em Jesus
Cristo compartilha de todas as bênçãos do Espírito em Cristo (Ef 1.3) e é parte
da gloriosa herança de Cristo. A parte mais importante do legado de Isaque não
era a grande riqueza material, mas sim a riqueza espiritual.
SINOPSE II
As promessas feitas a
Abrão culminam na promessa de que o Messias viria para redimir Israel e a
humanidade de seus pecados.
AUXÍLIO TEOLÓGICO
OS FILHOS DE DEUS PELA FÉ
(Gl 3.24-4.7).
“[…] Se todos os crentes
estão se tornando semelhantes a Cristo, se todos os crentes professaram a fé e
se uniram ao corpo de Cristo, então esta união deixa de lado todas as outras
diferenças superficiais. Embora seja verdade que no corpo de Cristo, judeus,
gentios, escravos, livres, homens e mulheres ainda conservam as suas
identidades individuais, Paulo exalta a sua unidade todos vós sois um em Cristo
Jesus. Todos os rótulos tornam-se secundários entre aqueles que têm a Jesus em
comum. […] Tornar-se filho de Deus (Gl 3.26) e tornar-se um em Cristo (3.28)
significa que aqueles que são de Cristo são descendência de Abraão. Os judeus
acreditavam que eram automaticamente o povo de Deus porque eram descendentes de
Abraão. Paulo concluiu que os filhos espirituais de Abraão não eram os judeus,
nem aqueles que tinham sido circuncidados. Os filhos de Abraão são aqueles que
respondem a Deus com fé, como Abraão tinha feito. A única diferença é que a
nossa resposta deve ser a Cristo, como Salvador. Como nós respondemos
positivamente, nós somos herdeiros. Em outras palavras, todas as promessas que
Deus fez a Abraão pertencem a nós. Respondendo a Cristo com fé, nós seguimos o
antigo caminho de Abraão, um dos primeiros justificados pela fé. Ele confiou em
Deus, e nós também. Mas a nós foi acrescentada a oportunidade de valorizar o
preço que Cristo teve que pagar para assegurar a nossa participação na
promessa” (Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Vol. 2. Rio de
Janeiro: CPAD, 2009, pp. 282, 283).
III. A PROMESSA DE SALVAÇÃO PARA ISRAEL
1. A queda de Israel. O Novo Testamento mostra claramente a
queda de Israel. A nação não conseguiu exercer o papel de nação sacerdotal no
meio de outras nações (Lc 21.24). Por isso, os capítulos 9-11 da Epístola de Paulo
aos Romanos trata de algumas questões que muitos cristãos dos dias atuais se
fazem hoje: Como as promessas de Deus para Israel podem permanecer válidas
hoje? Elas foram revogadas? De fato, Israel permanece em rebelião contra Deus
porque a nação não reconheceu o Senhor Jesus como o seu Messias verdadeiro (Rm
9.30-31; 11.11-15).
- Em Lc 21.24 os tempos dos gentios, expressão exclusiva de Lucas, identifica o
período que vai do cativeiro de Israel (c. 586 a.C. na Babilônia; cf. 2Rs 25)
até a sua restauração no reino (Ap 20.1-6). Tem sido um tempo no qual, de
acordo com o propósito de Deus, os gentios têm dominado ou ameaçado Jerusalém.
A era também tem sido marcada por vastos privilégios espirituais para as nações
gentias (cf. Is 66.12; Ml 1.11; Mt 24.14; Mc 13.10). Em Rm 9.30-32 Paulo
conclui o ensino sobre a escolha divina lembrando aos seus leitores que, embora
Deus escolha alguns para receber a sua misericórdia, aqueles que recebem o seu
julgamento não o recebem por causa de algo que Deus fez por eles, e sim, pela
própria má vontade deles em crer no evangelho (2Ts 2.10). Os pecadores são
condenados pelos seus pecados individuais, e o maior deles é a rejeição de Deus
e Cristo (cf. 2.2-6,9,12; Jo 8.21-24; 16.8-11).
2.
A tristeza de Paulo por Israel. O capítulo 9 de Romanos revela a
demasiada tristeza do apóstolo pelos judeus que não conhecem a Cristo (2 Co
9.22). Sim, os judeus que não conhecem a Cristo estão em uma situação muito
difícil, pois o Senhor Jesus descende diretamente deles, segundo a carne (Rm
9.5). Esse sentimento de tristeza e, ao mesmo tempo, uma atitude piedosa de
sofrer pela salvação dos judeus, deve ser um compromisso permanente de cada
cristão para a evangelização dos judeus (Mt 23.32).
- Pode causar muita estranheza que Paulo, sem comentários, alinha lado a
lado duas séries de afirmações aparentemente inconciliáveis. Na primeira rodada
fala do poder exclusivo de determinação de Deus e, agora, a partir de Rm 9.30,
da responsabilidade e culpa do ser humano. Por mais assistemático que isso
pareça, porém, ambas são verdadeiras. Sem onipotência Deus não seria Deus, e
sem responsabilidade o ser humano não seria ser humano. Se liquidássemos uma
verdade com a outra, ou seja, se sacrificássemos a imagem bíblica de Deus por
causa do ser humano ou se deixássemos de lado a figura bíblica do ser humano
por causa de Deus, para daí confeccionar uma filosofia que nos serve, a partir
de uma verdade unilateral e isolada, cairíamos em terreno estéril. Werner de
Boor, que no passado editou a presente série de comentários, formulou o
seguinte: “A Bíblia está tão próxima da realidade que ela é totalmente
assistemática”. Não seria nenhum exagero considerar Romanos 9–11 a passagem
mais importante do Novo Testamento para a compreensão da conexão entre Israel,
a Igreja e a Grande Comissão. Alguns podem ter pensado que Paulo odiava os
judeus, visto que havia se afastado do judaísmo e agora pregava um evangelho
livre da lei. Portanto, ele se esforçou para afirmar seu amor por seus irmãos
judeus – com um juramento triplo. Paulo não poderia ter sido mais taxativo no
verso 1: “Digo a verdade em Cristo (1), não minto, e a minha consciência (2)
confirma isso por meio do Espírito Santo (3)”. Em uma curta afirmação, ele
enfatiza por três vezes que o que ele estava para dizer não era simplesmente
uma emoção ou um sentimento passageiro; era genuíno, profundo e constante,
testemunhado pelo próprio Espírito. Portanto, sentimento de Paulo sobre esse
assunto é algo tão impressionante que só pode ser comparado ao de Moisés, no
episódio do bezerro de ouro, e ao de Jesus, quando chorou pelo povo de
Jerusalém, em uma angústia divina e quando enfrentou a cruz: “Ó Jerusalém, Jerusalém, cidade que matas os
profetas e apedrejas os que a ela são enviados! Quantas vezes eu quis ajuntar
teus filhos, como a galinha ajunta seus filhotes debaixo das asas e não
quiseste!” (Lc 13.34). Logo, Paulo estava aflito, inconsolável, agonizando
pela tristeza que o consumia ao pensar na condição dos seus irmãos judeus. Isso
me faz questionar a minha falta de angústia pelo que está no coração de Deus
comparada à profunda angústia que Paulo sentia. Seu coração ardia pela salvação
de Israel. Paulo estava disposto a perder tudo, inclusive sua própria salvação
para que Israel e as nações sejam salvas. E isso demonstra grande maturidade.
Pois, maturidade é quando tudo se torna menos a respeito do eu e mais respeito
do outro.
3.
Promessa de salvação a Israel. “Quando orava por Israel, o apóstolo
expressava o seguinte: “dos quais é a adoção de filhos, e a glória, e os
concertos, e a lei, e o culto, e as promessas; dos quais são os pais, e dos
quais é Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito
eternamente. Amém!” (Rm 9.3-5). Essas qualificações mostram que Deus cumpre a
sua palavra, prometida àqueles homens que o buscam em sinceridade. Por isso, a
Bíblia assegura que Israel será salvo, ainda que não totalmente. A Bíblia diz
que esse povo será chamado de (‘filhos do Deus vivo” (Rm 9.26); que “o
remanescente fiel de Israel” será salvo (Rm 9.27). O Libertador que virá de
Sião fará isso (Rm 11.26).
- Romanos 11:26 diz claramente: “Todo o Israel será salvo”. A questão que
se coloca é: “O que significa Israel?” O futuro “Israel” é literal ou
figurativo (ou seja, referindo-se aos judeus étnicos ou referindo-se à Igreja)?
Aqueles que adotam uma abordagem literal das promessas do Antigo Testamento
acreditam que os descendentes físicos de Abraão, Isaque e Jacó serão
restaurados a um relacionamento correto com Deus e receberão o cumprimento das
alianças. Aqueles que defendem a teologia da substituição basicamente afirmam
que a Igreja substituiu Israel completamente e herdará as promessas de Deus a
Israel; as alianças, então, serão cumpridas apenas no sentido espiritual. Em
outras palavras, a teologia da substituição ensina que Israel não herdará a
verdadeira terra da Palestina; a Igreja é o “novo Israel” e o Israel étnico
está para sempre excluído das promessas - os judeus não herdarão a Terra
Prometida como judeus per se. Usamos a abordagem literal. As passagens que
falam do futuro Israel são difíceis de ver como figurativas para a Igreja. O
texto clássico (Romanos 11:16-24) descreve Israel como distinto da Igreja: os
“ramos naturais” são os judeus e os “ramos selvagens” são os gentios. A
“oliveira” é o povo coletivo de Deus. Os “ramos naturais” (judeus) são
“cortados” da árvore pela descrença, e os “ramos selvagens” (gentios crentes)
são enxertados. Isso tem o efeito de deixar os judeus “com ciúmes” e, em
seguida, atraí-los à fé em Cristo, para que sejam “enxertados” novamente e
recebam a herança prometida. Os "ramos naturais" ainda são distintos
dos "ramos selvagens", de modo que a aliança de Deus com Seu povo
seja literalmente cumprida. Romanos 11:26–29, citando Isaías 59:20–21; 27:9;
Jeremias 31:33-34, diz: “… e assim todo o Israel será salvo, como está escrito:
Virá de Sião o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades; e este será o meu
pacto com eles, quando eu tirar os seus pecados. Quanto ao evangelho, eles na
verdade, são inimigos por causa de vós; mas, quanto à eleição, amados por causa
dos pais. Porque os dons e a vocação de Deus são irretratáveis.” Aqui, Paulo
enfatiza a natureza “irretratável” do chamado de Israel como nação (veja também
Romanos 11:12). Isaías predisse que um “remanescente” de Israel seria um dia
“Povo santo, remidos do Senhor” (Isaías 62:12). Independentemente do atual
estado de descrença de Israel, um futuro remanescente irá de fato se arrepender
e cumprir seu chamado para estabelecer a justiça pela fé (Romanos 10:1-8; 11:5).
Esta conversão coincidirá com o cumprimento da previsão de Moisés da
restauração permanente de Israel à terra (Deuteronômio 30:1-10). Quando Paulo
diz que Israel será “salvo” em Romanos 11:26, ele se refere à libertação do
pecado (Romanos 11:27) ao aceitarem o Salvador, seu Messias, no fim dos tempos.
Moisés disse: “Também o Senhor teu Deus circuncidará o teu coração, e o coração
de tua descendência, a fim de que ames ao Senhor teu Deus de todo o teu coração
e de toda a tua alma, para que vivas” (Deuteronômio 30:6). A herança física de
Israel da terra prometida a Abraão será parte integrante do plano final de Deus
(Deuteronômio 30:3-5). Então, como “todo o Israel será salvo”? Os detalhes
desta libertação são preenchidos em passagens como Zacarias 8-14 e Apocalipse
7-19, que falam do fim dos tempos de Israel na volta de Cristo. O
versículo-chave que descreve a vinda à fé do futuro remanescente de Israel é
Zacarias 12:10: “Mas sobre a casa de Davi, e sobre os habitantes de Jerusalém,
derramarei o espírito de graça e de súplicas; e olharão para aquele a quem
traspassaram, e o prantearão como quem pranteia por seu filho único; e chorarão
amargamente por ele, como se chora pelo primogênito.” Isso ocorre no final da
tribulação profetizada em Daniel 9:24-27. O apóstolo João faz referência a esse
evento em Apocalipse 1:7. O fiel remanescente de Israel é resumido em
Apocalipse 7:1–8. O Senhor salvará esses fiéis e os trará de volta a Jerusalém
“em verdade e em justiça” (Zacarias 8:7–8). Depois que Israel for restaurado espiritualmente,
Cristo estabelecerá Seu reino milenar na terra. Israel será reunido desde os
confins da terra (Isaías 11:12; 62:10). Os simbólicos "ossos secos"
da visão de Ezequiel serão reunidos, cobertos com carne e milagrosamente
ressuscitados (Ezequiel 37:1-14). Como Deus prometeu, a salvação de Israel
envolverá um despertar espiritual e um lar geográfico: “E porei em vós o meu
Espírito, e vivereis, e vos porei na vossa terra; e sabereis que eu, o Senhor,
o falei e o cumpri, diz o Senhor” (Ezequiel 37:14). No Dia do Senhor, Deus irá
“estender a sua mão para adquirir outra vez e resto do seu povo” (Isaías
11:11). Jesus Cristo retornará e destruirá os exércitos reunidos contra Ele em
rebelião (Apocalipse 19). Os pecadores serão julgados e o remanescente fiel de
Israel será separado para sempre como o povo santo de Deus (Zacarias 13:8—14:
21). Isaías 12 é o seu cântico de libertação; Sião governará sobre todas as
nações sob a bandeira do Messias, o Rei. Texto extraído de: https://www.gotquestions.org/Portugues/todo-o-Israel-sera-salvo.html.
SINOPSE III
A Bíblia assegura que o
remanescente fiel de Israel será salvo pelo libertador que virá de Sião.
CONCLUSÃO
As promessas de Deus para Israel não
podem falhar. O que Deus prometeu a Abrão, a Isaque e a Jacó se cumpriu em
parte; e terá seu cumprimento pleno nos tempos futuros, quando o Senhor Jesus
voltar em Glória e implantar o seu glorioso Reino do Milênio. Lembremos da Palavra
de compromisso do Senhor: “Ainda antes que houvesse dia, eu sou; e ninguém há
que possa fazer escapar das minhas mãos; operando eu, quem impedirá?” (Is
43.13).
- Alguém poderia pensar que as promessas de Deus falharam porque, de
fato, muitos israelitas se afastaram do Senhor quando (parece que) Ele prometeu
a eles esta nova aliança. A resposta é aquela de Paulo em Romanos 9: “E não pensemos que a palavra de Deus haja
falhado, porque nem todos os de Israel são, de fato, israelitas”(v. 6).
Recomendo estudar aquele capítulo onde podemos ver a soberania de Deus em
escolher pecadores para a salvação.
Tudo já valeu a pena, mas a maior recompensa ainda está por vir.
Que o mundo saiba que Jesus Cristo é o seu Senhor!
Dele seja a glória!
_______________
Francisco Barbosa (@Pbassis)
• Graduado em Gestão Pública;
• Teologia pelo Seminário Martin Bucer (S.J.C./SP);
• Pós-graduando em Teologia Bíblica e Exegese do Novo
Testamento, pela Faculdade Cidade Viva (J.P./PB);
• Professor de Escola Dominical desde 1994 (AD
Cuiabá/MT, 1994-1998; AD Belém/PA, 1999-2001; AD Pelotas/RS, 2000-2004; AD São
Caetano do Sul/SP, 2005-2009; AD Recife/PE (Abreu e Lima), 2010-2014; Ig Cristo
no Brasil, Campina Grande/PB, 2015).
• Pastor da Igreja de Cristo no Brasil em Campina Grande/PB
Servo,
barro nas mãos do Oleiro.
_______________
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REVISANDO O CONTEÚDO
1. Quantos anos Abrão tinha quando Deus
disse que ele seria uma grande nação?
Quando Deus disse a
Abraão que ele seria pai de uma grande nação, o patriarca estava com 75 anos.
2. Que promessas Deus fez a Abraão
acerca de outros povos?
A bênção material deveria
carregar um testemunho espiritual: “E tu serás uma bênção” (Gn 12.2 ). Nenhuma
nação teria dúvida de que era Deus que faria isso com Abrão.
3. Qual foi a promessa que o Senhor
reiterou a Jacó?
A história hebreia
comprova que o patriarca Abraão foi, de fato, uma grande bênção para os
israelitas.
4. Por que Esaú perdeu o direito de
primogenitura?
Esaú perdeu seu direito
de primogenitura, pois o trocou por um prato de comida (Gn 27.30-34)
5. O que Romanos 9 demonstra?
O capítulo 9 de Romanos
revela a demasiada tristeza do apóstolo Paulo pelos judeus que não conhecem a
Cristo (1 Co 9.22).