Pb Francisco Barbosa
TEXTO ÁUREO
“Agora, pois, minha filha, não temas; tudo quanto disseste te farei, pois toda a cidade do meu povo sabe que és mulher virtuosa” (Rt 3.11)
Entenda o Texto Áureo:
- virtuosa. Em todos os
sentidos, Rute personifica excelência (cf. Pv 31.10). A mesma linguagem foi
usada para falar de Boaz ("senhor de muitos bens" ou, mais
provavelmente, "homem de valor" em 2.1), fazendo deles um casal que combinava
perfeitamente para um casamento exemplar.
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VERDADE PRÁTICA
Uma
mulher virtuosa tem um valor incalculável, por seu caráter e sua disposição de
servir a Deus e à família.
Entenda a Verdade Prática:
- A mulher virtuosa deixa Deus renovar o seu coração. Por isso, suas características
mais marcantes não nascem do seu próprio esforço. Elas são resultado de um
coração que escolhe se render à voz de Deus em todos os momentos. A
caraterística principal de uma mulher virtuosa é seu amor por Deus.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Rute 3.8-10; 4.11
Rute 3
8. E sucedeu que, pela meia-noite, o homem estremeceu
e se voltou; e eis que uma mulher jazia a seus pés.
- pela
meia-noite – ele não a descobriu antes; o homem
estava com medo – sentindo algo incomum a seus pés. Virou-se – antes, “inclinou-se para a frente”, para sentir o
que era a seus pés. A mesma palavra é traduzida como “apoderou-se”, em Juízes
16:29. eis que uma mulher estava aos
seus pés – Ele percebeu por suas roupas e, quando ela falou, por sua
voz, que era uma mulher.
9. E disse ele: Quem és tu? E ela disse: Sou Rute, tua
serva; estende, pois, a tua capa sobre a tua serva, porque tu és o remidor.
- tua serva. Rute apelou com justiça a Boaz, usando a linguagem da
oração anterior de Boaz (2.12), para casar-se com ela segundo o costume de
levirato (Dt 25.5-10). estende, pois,
a tua capa sobre a tua serva – Uma espécie de expressão proverbial,
significando: Leve-me para ser sua esposa e cumpra o dever de um marido para
mim. A partir desta resposta de Rute, e pelo que Boaz diz nos dois versículos
seguintes, fica claro que ela não tinha nenhum objetivo senão o que era honesto
e lícito.
10. E disse ele: Bendita sejas tu do Senhor, minha
filha; melhor fizeste esta tua última beneficência do que a primeira, pois após
nenhum jovem foste, quer pobres quer ricos.
-
benevolência. A lealdade de Rute a Noemi, ao Senhor
e mesmo a Boaz é elogiada por Boaz. jovens.
Rute demonstrou excelência moral do seguinte modo: 1) ela não se envolveu em
imoralidade; 2) ela não se casou novamente com alguém de fora da sua família e
3) ela apelou ao resgate levirato de um homem mâis velho e piedoso.
Rute 4
11. E todo o povo que estava na porta e os anciãos
disseram: Somos testemunhas; o Senhor faça a esta mulher, que entra na tua
casa, como a Raquel e como a Léia, que ambas edificaram a casa de Israel; e
há-te já valorosamente em Efrata e faze-te nome afamado em Belém.
- Somos
testemunhas. Essa afirmação sinalizou a forte aprovação
da cidade. como Raquel... e Lia. Raquel,
a esposa mais amada de Jacó, fora sepultada ali perto (Gn 35.19); Lia era a mãe
de Judá (por meio de Jacó), o descendente que perpetuou o nome (Gn 29.35). Essa
lembrança retrocedeu quase 900 anos para c. 1915 a.C. Efrata... Belém. Nome antigo de Belém (Gn 35.19; 48.7). Mais
tarde, Miqueias escreveu profeticamente que essa cidade seria o lugar de
nascimento do Messias (15.2).
INTRODUÇÃO
O
livro de Rute começa com fome e mortes, mas termina com duas grandes
celebrações: o casamento de Boaz e Rute e o nascimento de Obede, o avô de Davi.
Nosso Deus é poderoso para reverter tragédias em bênçãos. Além de um redentor humano,
a história nos apresenta parte da genealogia de Jesus Cristo, nosso Redentor
divino-humano.
- O livro de Rute é muito mais do que o relato do casamento de uma estrangeira
rejeitada com um israelita respeitado. Também é um retrato do relacionamento de
Cristo com Sua Igreja. A condução divina, nos detalhes da narrativa, ensina que
o casamento é um estado honroso. Essa instituição foi o próprio Deus quem criou
para a felicidade do ser humano. O homem contemporâneo está banalizando essa
sacrossanta e vetusta instituição divina. Faz-se mais apologia do divórcio do
que do casamento. Esta parte do livro de Rute é uma Ode a esta instituição tão
desvalorizada em nossos dias.
I. O COMPROMISSO DE BOAZ COM RUTE
1. No lugar da bênção. A colheita da
cevada e do trigo havia terminado e Rute permanecia servindo a Noemi e lhe
obedecendo em tudo (Rt 2.23). Seu lema era: “Tudo quando me disseres farei” (Rt
3.5). Rute teve oportunidades fora de casa, mas não se aventurou por parte
alguma, como se fosse autônoma e independente (Rt 3.10). Não buscou falsas
liberdades, como as que são pregadas hoje pela ideologia feminista. Sua
lealdade e sujeição fortaleceram o desejo de Noemi de vê-la casada novamente.
Ter um novo lar era fundamental para a felicidade e segurança de Rute. O
casamento é uma instituição divina fundamental para a solidez da família, da
igreja e de toda a sociedade (Gn 2.18; Ec 4.9-12; Hb 13.4). A bênção de Rute
estava chegando e ela permanecia no lugar certo.
- A bênção não depende de se estar no lugar certo! Não é questão de
posicionamento geográfico. A questão é aonde está o nosso coração! Onde estava
o coração de Rute? Muitos buscam a felicidade com sofreguidão e não a
encontram, porque ela não é um fim em si mesma. A felicidade não está aqui,
ali, ou alhures. A felicidade tem muito mais que ver com a maneira de caminhar
do que com o lugar aonde se chega. Rute buscou abrigo sob as asas de Deus, e
Ele satisfez os desejos do seu coração. A Palavra de Deus diz: “Agrada-te do Senhor, e ele satisfará os
desejos do teu coração” (SI 37.4). Não há nada de errado em desejar a
felicidade. Deus nos criou para a experimentarmos em sua plenitude. O problema
é nos contentarmos com uma felicidade mundana, carnal e passageira. Deus nos
criou para o maior de todos os prazeres: conhecê-Lo e amá-Lo. O maior de
todos os prazeres da vida é glorificar a Deus e desfrutá-Lo para sempre. Esse é
o maior propósito da existência humana. Esse é o fim principal do homem. Deus é
o nosso maior deleite. NEle e só nEle a felicidade pode tornar-se realidade.
Rute buscou a Deus, e Ele lhe deu um lar e a fez feliz.
2. A iniciativa de Noemi. Os cereais
colhidos eram levados para a eira, um terreno plano preparado para a debulha
das espigas. Noemi soube que naquela noite Boaz faria aquele trabalho. Era uma
grande oportunidade para Rute se aproximar dele e demonstrar seu interesse em
ser remida. Sem que fosse notada, Rute deveria esperar que Boaz se deitasse,
lhe descobrisse os pés e deitar-se discretamente. Boaz saberia o que fazer
quando notasse sua presença (Rt 3.4-7), o que demonstra tratar-se de um costume
conhecido na época. Estender a capa era sinal de compromisso de casamento (Rt
3.9). Em Ezequiel 16.8 essa prática é mencionada como metáfora, representando o
compromisso de Deus com Israel.
- Naquela época, ser viúva pobre era estar em total desamparo. Rute não
teve filhos. Ela tem uma sogra viúva, pobre e desamparada. a felicidade de Rute
está no fato de que ela se converteu primeiro a Deus, antes de buscar um marido
(2.12; 2.16,17; 3.10). Rute era uma moabita. Ela era adoradora de uma divindade
pagã, o deus Camos. Ela não conhecia o Deus vivo. Mas, logo que o seu marido
morreu, ela deixou sua terra, sua parentela, seus deuses e abraçou o Deus da
sua sogra. Ela se converteu ao Deus vivo. Ela disse: “Aonde quer que tu fores, irei também; aonde quer que pousares, ali
pousarei; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus. Onde quer que
morreres, morrerei eu e ali eu serei sepultada; faça-me o Senhor o que bem lhe
aprouver, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti” (1.16,17).
Noemi instruiu Rute para:
1) cuidar especialmente
da aparência e
2) propor casamento a
Boaz utilizando-se de um ancestral costume no Ocidente Próximo.
Uma vez que Boaz era de uma geração anterior à de Rute (2.8), essa
proposta indicaria o desejo de Rute de casar-se com Boaz, proposta que o mais
velho e benigno Boaz não faria a uma mulher mais jovem. Rute foi de acordo com
a eira e fez como sua sogra havia ordenado; isto é, ela notou onde Boaz foi se
deitar para dormir, e então, quando ele comeu e bebeu, e se deitou alegremente,
no final da pilha de feixes ou milho, e, como podemos fornecer a partir do
contexto, tinha adormecido, aproximou-se dele em silêncio, descobriu o lugar de
seus pés, isto é, levantou a coberta sobre seus pés e deitou-se.
3. Respeitando o
processo.
Para encontrar-se com Boaz, Rute deveria banhar-se, se perfumar e vestir sua
melhor roupa (Rt 3.3). Assim como não exclui a ternura, a santidade não
despreza a beleza, desde que com simplicidade, em pureza e moderação (Gn 24.16;
Is 39.2; 1 Tm 2.9,10). Por volta da meia noite, Boaz acorda, assustado, com uma
mulher deitada a seus pés, e pergunta: “Quem és tu?” (Rt 3.9 ). Orientada por
Noemi, Rute se identifica, lembra-lhe a condição de remidor e pede que estenda
sobre ela a sua capa. Como Noemi dissera , Boaz realmente entendeu! Ele era, de
fato, um parente remidor, mas havia outro mais chegado, que tinha prioridade na
remição. Era preciso aguardar, respeitando o processo: “[…] se te não quiser
redimir, vive o Senhor, que eu te redimirei”. O caráter santo de Boaz e Rute
novamente se manifestam. Sem qualquer contato íntimo, ela passou o restante da
noite deitada aos pés dele e saiu bem cedo, para não ser percebida (Rt 3.9-14).
Mesmo estando perto, uma bênção pode ser perdida se não soubermos esperar o
tempo certo e respeitar o devido processo (Sl 27.14; Pv 20.21).
- Lava-te e unge-te, e veste as
tuas roupas (as tuas melhores roupas), e desce (de Belém, que ficava no cume de
uma colina) para a eira; não te deixes ser notado pelo homem (Boaz) até que ele
tenha acabado de comer e beber. E quando ele se deitar, marque o lugar onde ele
vai dormir, e vá (quando ele adormecer) e descubra o lugar de seus pés, e
deite-se descer; e ele te dirá o que deves fazer” - Porque Rute buscou a Deus
em primeiro lugar, Deus lhe deu um marido crente, rico, generoso, e ela se
tornou avó do grande rei Davi e membro da genealogia do Messias. Deus honra
aqueles que O honram! Boaz foi para Rute um levir e um remidor. A lei de Moisés
requeria que, se um homem morresse sem deixar filhos, um parente próximo poderia
casar-se com a viúva (Dt 25.5-10), perpetuando assim o nome da família. Rute
era uma viúva sem filhos. Sua sogra não tinha mais filhos para ela desposar.
Boaz, por sua vez, era um parente próximo de Elimeleque. Assim, ele estava qualificado
para ser o remidor de Rute, casando-se com ela. O que é importante é que ele
não só estava qualificado, mas também desejoso de casar-se com ela. Boaz
perpetuou a descendência de Elimeleque e Malom, bem como tirou Rute e Noemi da
pobreza. A Palavra de Deus diz: “Agrada-te
do Senhor, e ele satisfará os desejos do seu coração” (SI 37.4).
II. O CASAMENTO ENTRE BOAZ E RUTE
1. Concluindo
o negócio. Rute teve a iniciativa de sugerir a Boaz que exercesse o papel
de remidor, conforme o costume da época. Mas era fundamental que ele superasse
o obstáculo que havia: a preferência do parente mais próximo. Boaz agiu
rapidamente, como Noemi havia dito: “Sossega, minha filha, […] aquele homem não
descansará até que conclua hoje este negócio” (Rt 3.18). Todo homem deve ser
preparado para tomar iniciativas na vida, principalmente quando o assunto for
casamento e vida conjugal. A liderança masculina pressupõe atitude, amor
responsável e honra à mulher como vaso mais fraco (Gn 2.24; Ef 5.25-28; 1 Pe
3.7).
- A Bíblia diz que casualmente Rute foi rebuscar no campo de Boaz.
Casualmente Boaz a viu. Casualmente ele se afeiçoou a ela. Entretanto, as
nossas casualidades são expressas manifestações da providência divina (2.20).
Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus. Uma mulher jovem,
bonita, bem-vestida, perfumada, está aos seus pés à meia-noite. Se não fosse um
homem íntegro, teria abusado de Rute naquela circunstância. O maior desafio da
integridade é quando nenhum olho está sobre você. O segredo mais secreto aqui
na terra é um escândalo aberto no céu. Boaz manteve-se íntegro em duas
circunstâncias diferentes: Primeiro, ser íntegro é se manter fiel a seus
princípios mesmo quando as pessoas não estão observando. O maior desafio da
integridade é quando nenhum olho está nos observando. Boaz permanece íntegro
depois de ter bebido vinho, à noite, no recesso da sua eira, tendo uma mulher bonita
deitada aos seus pés. O conceito de integridade não é agir hipocritamente na
presença dos conhecidos. Você é a pessoa que se revela quando está longe dos
holofotes. Segundo, ser íntegro é saber lidar com a vulnerabilidade do próximo.
Há muitos que manipulam, exploram, aproveitam a fraqueza dos outros para tirar
vantagem. Ser íntegro é ser respeitador. Boaz não se aproveita de Rute. Ele a
abençoa. Ele a ama, mas quer fazer as coisas direito, no seu tempo. Ele sabe
esperar!
2. Resgate e lei do
levirato.
Boaz foi para a porta da cidade e logo viu o remidor, que ia passando (Rt 4.1).
Não seria este mais um ato da providência divina? Boaz o convidou para tratar
do assunto que lhe inquietava, e chamou 10 homens importantes da cidade para
testemunharem o ato. Em princípio, o remidor aceitou adquirir as terras que
haviam sido de Elimeleque, mas desistiu quando Boaz o informou que o resgate
incluía o dever de se casar com Rute, a moabita, para suscitar o nome do
falecido sobre a sua herdade” (Rt 4.5). A aplicação das duas leis nesse caso –
a do resgatador e a do casamento por levirato – certamente se deu porque apenas
a aquisição das terras não faria que ficassem na família de Elimeleque. Assim,
o resgate deveria ser acompanhado do casamento sob a lei do levirato. O remidor
alegou motivos econômicos para a sua desistência: ele não aplicaria recursos em
terras que não seriam de sua própria família, e sim dos sucessores de
Elimeleque (Rt 4.6,10).
- O plano de Deus floresceu vigorosamente quando Boaz redimiu a terra de
Noemi e pediu a mão de Rute em casamento. Noemi, anteriormente vazia (1.21),
está plena; Rute, anteriormente viúva (1.5), é casada; mais importante do que
isso, o Senhor preparara a linhagem de Cristo, de Judá (Gn 49.10), passando por
Davi, Boaz e Obede, para cumprir a linhagem messiânica. Aparentemente a eira
encontrava-se abaixo do nível da porta. Compare com Rt 3.3, "desce à
eira". Boaz afeiçoou-se a Rute desde o primeiro momento que a encontrou.
Ele era um homem rico, piedoso e legalmente qualificado para ser o resgatador
da família. Boaz já dera abundantes provas do seu amor por Rute, e ela sabia
disso. Por sua vez, Rute já fizera o pedido formal de casamento a Boaz, e ele
estava empenhado em resolver a questão, pois na lista dos parentes próximos
havia um homem que tinha preferência para resgatá-la e casar-se com ela. Boaz
demonstra grande empenho no processo de ser o resgatador de Noemi, com vistas
ao seu casamento com Rute. Noemi, que conhecia bem a natureza masculina, pois
tivera três homens em sua família, sabia que Boaz não descansaria até resolver a
pendência com o outro candidato (3.18). Agora, Boaz assentou-se à porta da
cidade esperando encontrar-se com ele. Boaz é um homem decidido e resolvido, e
tem pressa para agir. Ele não adia aquela pivotal decisão da vida. Ele tem todo
o interesse do mundo em desembaraçar-se de todas as pendências para consumar o
seu projeto de casar-se com Rute. Se a precipitação é um mal que devemos
evitar, a indecisão é outro erro que não podemos cometer. A liberdade de
decidir é uma faculdade fundamental na vida humana. Na verdade, somos escravos
da nossa liberdade. Não podemos deixar de decidir. Somos como um homem dentro
de um bote correnteza abaixo. Podemos decidir pular do bote e nadar para a
margem do rio. Podemos decidir remar e alcançar um lugar seguro. Podemos fingir
que não há perigo à frente e dormir passivamente dentro do bote. Podemos fazer
muitas outras coisas. Só uma coisa não podemos deixar de decidir. Não podemos
deixar de tomar uma decisão. A indecisão também é uma decisão. A indecisão é a
decisão de não decidir. E quem não toma decisão, decide fracassar.
3. O registro público. Seguindo
mais um dos costumes da época, a transferência do direito de resgate foi selada
com o remidor descalçando o sapato e entregando-o a Boaz (Rt 4.7,8). O
testemunho público para a remição e o casamento com Rute foi invocado por Boaz
e recebeu uma confirmação uníssona: “E todo o povo que estava na porta e os
anciãos, disseram: Somos testemunhas; o Senhor faça a esta mulher, que entra na
tua casa, como a Raquel e como a Léia, que ambas edificaram a casa de Israel
[…]” (Rt 4.9-11). Rute foi acolhida na comunidade de Israel com as mais
elevadas honras.
- O portão da cidade era não apenas a entrada oficial da cidade, mas um
lugar público, onde as questões legais eram resolvidas. O lugar público
habitual para realizar negócios em tempos antigos era “à porta” da cidade (cf.
2Sm 1 S.2; Jo 29.7; Lm 5.14). o portão era um espaço aberto diante da cidade, o
fórum da cidade, o lugar onde os negócios públicos da cidade eram discutidos.
Boaz chama o primeiro da lista de Remidor, e o texto hebraico não deixa claro
se Boaz chamou-o diretamente pelo nome (que então não é mencionado pelo autor)
ou dirigiu-se a ele de maneira indireta; tomou “dez homens” - esse número aparentemente representava o quórum para
a realização oficial de negócios, embora somente duas ou três testemunhas
fossem necessárias no caso de questões judiciais (cf. Dt 17.6; 19.15). O portão
era o centro da vida da cidade. Era o lugar de qualquer assembleia importante (1Rs
22.10). O portão era o lugar dos processos legais (2Sm 15.2). As pessoas eram
condenadas diante dos “ [...] anciãos da
cidade, à porta” (Dt 22.15). O portão é mencionado em conexão com execuções
(Dt 22.24). A suprema tragédia de uma cidade era quando os anciãos já não se
assentavam na porta (Lm 5.14). Junto à porta os pobres aguardavam auxílio (Pv
22.22). Ali eram feitos os negócios (Gn 23.10). Era à porta da cidade que os
anciãos da sociedade se reuniam (Pv 31.23), como também os príncipes e os
nobres, os jovens e os velhos (Jó 29.7-10).
III. A REMIÇÃO DA LINHAGEM DE DAVI
ATRAVÉS DE RUTE E BOAZ
1. O
nascimento de Obede. Consumado o casamento, Boaz podia tomar a Rute por
mulher: “[…] e o Senhor lhe deu conceição, e ela teve um filho” (Rt 4.13). Foi
grande a celebração das mulheres de Belém, pois entendiam como Deus estava
agindo em favor de Noemi (Rt 4.14). Antes amargurada e acreditando estar sob
castigo divino (Rt 1.13,20,21), a viúva de Elimeleque recebeu uma “renovação da
vida” (Rt 4.15 – NAA), e teria, agora, alguém que cuidaria dela em sua velhice.
Era mesmo o começo de uma nova fase na vida de Noemi. Os netos enchem os avós
de orgulho e alegria (Pv 17.6).Neles, os idosos projetam o prolongamento da
vida, recebem novo ânimo e encorajamento. É uma recompensa por terem tido
filhos e se dedicado a eles (Sl 128.6).
- Os estudiosos acreditam que Rute, além de moabita, era também estéril,
pois somos informados de que ela passou quase dez anos casada com Malom em
Moabe sem ter filhos (1.4,5). Os anciãos pediram a Deus que ela fosse como Raquel
e Lia, as únicas esposas de Jacó, as progenitoras de toda a nação. Raquel
também era estéril, e Deus a curou. Quando Rute concebeu, somos informados de
que foi o Senhor que lhe concedeu que concebesse (4.13). Há orações a favor de
Rute para que ela se torne antecessora de uma raça famosa. Que ela tenha muitos
descendentes dentro da família e dos propósitos de Deus. o SENHOR lhe concedeu
que concebesse. Assim como aconteceu com Raquel (Gn 30.22) e Lia (Gn 29.31),
também aconteceu com Rute (cf. Sl 127.3).
2. Boaz, um tipo de
Cristo. Se
Noemi, Rute ou Orfa não se casassem com alguém da família de Elimeleque, a
linhagem ancestral de Davi teria sido profundamente alterada. Noemi já não
tinha idade para gerar filhos (Rt 1.12). Orfa voltou para os moabitas (Rt
1.14). O Deus de Israel encontrou Rute, cuja vida foi guiada por um caminho de
renúncia, amor, pureza e muita submissão. Ela, como um tipo da Igreja,
encontrou-se com Boaz, um tipo de Cristo, nosso Redentor eterno (Jo 3.16; 1 Pe
1.18,19).
- Boaz tornou-se um dos ascendentes de Jesus (Mt 1.5), prefigurou nosso
Salvador por suas atitudes. Ao aceitar o papel de resgatador, ele demonstrou
bondade e compaixão. Jesus, na sua misericórdia e graça, veio ao mundo para
servir como resgatador, o redentor de todos que o buscam para a salvação. Como
tudo isso se junta a Cristo? Temos que ler o livro de Rute como um conjunto de
reviravoltas redentivas: da fome à abundância, da esterilidade à fecundidade,
do isolamento à comunidade, de mortes a nascimentos, da amargura à celebração.
O livro termina em festa porque aponta para Cristo. Como? Boaz é aponta para o
resgatador que, ao ressuscitar, preserva a linhagem e ganha um nome acima de
todo nome, pois esteve disposto a perder, a fim de ganhar um povo para si.
Noemi aponta para Cristo como servo sofredor que assumiu nossas amarguras, a
fim de nos prover bendita herança e fartura. Rute, por fim, é a estrangeira que
aponta para o amigo de pecadores que adentrou uma terra estranha, a fim de
adotar os desprezados. Contudo, todos os personagens são carentes de Cristo: a
desamparada encontra amparo; a estrangeira encontra graça; a viúva encontra um
marido e, por fim, todos recebem um nome. A história termina dizendo que
aqueles que confiam na graça do no Senhor recebem um nome. Você já o recebeu?
CONCLUSÃO
A
história de Rute é uma história de redenção. Uma moabita foi não somente
remida, mas entrou para a genealogia do Redentor da humanidade, Jesus, o filho
de Davi. Ao lado de Tamar e Raabe, Rute proclama a graça de Deus, que se
manifesta a todos, judeus e gentios (Tt 2.11). Que proclamemos com poder a vida
e a obra de nosso Redentor divino-humano, Jesus Cristo, o Salvador dos homens
(1 Tm 4.10; At 4.12).
- O final da história destes personagens, Noemi, Rute e Boaz, mostra como
Deus faz coisas grandes por meio de gente comum. Rute é frágil e chega onde
chega porque o Senhor é gracioso para com ela. E Noemi, aquela que experimentou
amargura por causa da fome e das mortes, experimentou do Senhor sustento e
descendência. Deus lhe preservou o nome por intermédio de Obede, que significa
“servo”. Noemi é extremamente abençoada por Deus! Cristo, ao vir a este mundo
para nos resgatar das trevas, sabia muito bem a Sua missão e em momento algum
fugiu de cumprir o Seu papel, ou seja, morrer. Jesus Cristo é o nosso
resgatador, Ele não só nos resgatou como também mudou a nossa história. O livro
de Rute é a respeito de Deus. Ele governa sobre todas as coisas e ampara os que
n’Ele confiam. Creia que o Senhor Jesus pode mudar a sua história, por mais
difícil que pareça estar. Ele pode transformar o choro em alegria, a morte em
vida. Creia no amparo do Senhor!
_______________
Pb Francisco
Barbosa (@Pbassis)
Graduado
em Gestão Pública;
Teologia
pelo Seminário Martin Bucer (S.J.C./SP);
Pós-graduando
em Teologia Bíblica e Exegese do Novo Testamento, pela Faculdade Cidade Viva
(J.P./PB);
Servo, barro nas mãos do Oleiro.
_______________
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REVISANDO O CONTEÚDO
1. Qual era o lema de Rute e como isso foi
importante em sua vida?
Seu lema era: “Tudo quando me disseres
farei” (Rt 3.5). Rute teve oportunidades fora de casa, mas não se aventurou por
parte alguma, como se fosse autônoma e independente (Rt 3.to).
2.
Qual foi a iniciativa de Noemi que levou ao compromisso de Boaz com Rute?
Os cereais colhidos eram levados para a
eira, um terreno plano preparado para a debulha das espigas. Noemi soube que
naquela noite Boaz faria aquele trabalho. Era uma grande oportunidade para Rute
se aproximar dele e demonstrar seu interesse em ser remida.
3.
Que processo deveria ser aguardado por Rute e Boaz?
Ele era, de fato, um parente remidor, mas
havia outro mais chegado, que tinha prioridade na remição. Era preciso
aguardar, respeitando o processo: “[…] se te não quiser redimir, vive o Senhor,
que eu te redimirei”.
4.
Por que houve a necessidade da aplicação das leis do resgate e do casamento por
levirato?
A aplicação das duas leis nesse caso – a
do resgatador e a do casamento por levirato – certamente se deu porque apenas a
aquisição das terras não faria que ficassem na família de Elimeleque. Assim, o
resgate deveria ser acompanhado do casamento sob a lei do levirato.
5.
O que o nascimento de Obede representa no plano de redenção?
O Deus de Israel encontrou Rute, cuja vida
dirigiu por um caminho de renúncia, amor, pureza e muita submissão. Ela, como
um tipo da igreja, encontrou-se com Boaz, um tipo de Cristo, nosso Redentor
eterno (Jo 3.16; 1 Pe 1.18,19).