Pb Francisco Barbosa
TEXTO ÁUREO
“O Senhor galardoe o teu feito, e seja cumprido o teu galardão do Senhor, Deus de Israel, sob cujas asas te vieste abrigar.” (Rt 2.12)
Entenda o Texto Áureo:
- asas... refúgio. A
Escritura retrata Deus levando Israel sobre as suas asas no Êxodo (Êx 19.4; Dt
32.11). Aqui Deus é retratado corno uma ave-mãe protegendo seus frágeis
filhotes com suas asas (cf. Sl 17.8; 36.7; 57.1; 61.4; 63.7; 91.1,4). Boaz
abençoou Rute à luz do recente compromisso dela com o Senhor e da dependência que
ela demonstrava ter dele. Mais tarde, Boaz se tornaria a resposta de Deus a
essa oração (cf; 3.9).
Meu trabalho aqui
é gratuito. Ele é mantido por pequenas ofertas. Se você faz uso deste material,
CONSIDERE fazer uma contribuição: Chave
PIX. assis.shalom@gmail.com
VERDADE PRÁTICA
O
verdadeiro e puro modelo de bondade é servir uns aos outros de coração,
confiando na fidelidade e justiça de Deus.
Entenda a Verdade Prática:
- O fim de todas as coisas está
próximo. Portanto, sejam criteriosos e sóbrios; dediquem-se à oração.
Sobretudo, amem-se sinceramente uns aos outros, porque o amor perdoa muitíssimos
pecados. Sejam mutuamente hospitaleiros, sem reclamação (1Pe 4.7-9). Isso
faz o cristão se lembrar de que ele é um cidadão do céu que está de passagem
nesta terra. Deveria também fazê-lo se lembrar de que ele prestará contas de
seu serviço a Deus e será recompensado pelo que resistir ao teste diante do
tribunal de Cristo, que acontece depois da volta de Cristo para arrebatar a sua
igreja (veja ICo 3.10-15; 4.1-5; 2Co 5.9-10).
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Rute 2.1-4; 11, 12 14
1. E tinha Noemi um parente de seu marido, homem
valente e poderoso, da geração de Elimeleque; e era o seu nome Boaz.
- parente...
da família. Possivelmente tão próximo como um irmão
de Elimeleque (cf. 4.3); se não, certamente tratava-se de parentesco dentro da
tribo ou clã. senhor de muitos bens.
Lit., "um homem de valor" (Jz 6.12—11.1), dotado de capacidade incomum
de obter propriedade e protegê-la. Boaz.
Seu nome significa "nele há força". Ou ele nunca havia se casado ou
era viúvo (cf. 1 Cr 2.11-12; Mt 1.5; Lc 3.32).
2. E Rute, a moabita, disse a Noemi: Deixa-me ir ao
campo, e apanharei espigas atrás daquele em cujos olhos eu achar graça. E ela
lhe disse: Vai, minha filha.
- apanharei. A lei mosaica ordenava que não se colhesse nos cantos
e que as espigas caídas não fossem apanhadas (Lv 19.9-10). Tratava-se dos talos
remanescentes de cereal depois do primeiro corte (d. 2.3,7-8,15,17); Estes eram
destinados aos necessitados, especialmente às viúvas, aos órfãos e estrangeiros
(Lv 23.32; Dt 24.19-21).
3. Foi, pois, e chegou, e apanhava espigas no campo
após os segadores; e caiu-lhe em sorte uma parte do campo de Boaz, que era da
geração de Elimeleque.
- por
casualidade entrou. Aqui está um
clássico exemplo da providência de Deus no trabalho, na parte. Possivelmente
uma área comunitária na qual Boaz possuía unia lavoura.
4. E eis que Boaz veio de Belém e disse aos segadores:
O Senhor seja convosco. E disseram-lhe eles: O Senhor te abençoe.
- Observe como Boaz manifestou o tempo todo o espírito
da lei, indo além do que a legislação mosaica exigia, por: 1) alimentar Rute
(2.14); 2) permitir que Rute apanhasse espigas entre as gavelas (2.15); e 3)
deixar espigas extras para ela colher (2.16). O SENHOR seja convosco! Essa prática incomum de trabalho testemunha
da bondade excepcional de Boaz e seus servos.
11. E respondeu Boaz e disse-lhe: Bem se me contou
quanto fizeste à tua sogra, depois da morte de teu marido, e deixaste a teu
pai, e a tua mãe, e a terra onde nasceste, e vieste para um povo que, dantes,
não conheceste.
- me contaram
tudo. Isso diz respeito tanto à rapidez de
Noemi para falar bem de Rute quanto à rede de influência de Boaz em Belém. Rute
permaneceu fiel à sua promessa (1.16-1 7).
12. O Senhor galardoe o teu feito, e seja cumprido o
teu galardão do Senhor, Deus de Israel, sob cujas as os te vieste abrigar.
- asas...
refúgio. Aqui Deus é retratado corno uma ave
mãe protegendo seus frágeis filhotes-com suas asas (cf. Sl 17.8; 36.7; .57.1;
61.4; 63.7; 91.1,4). Boaz abençoou Rute à luz do recente compromisso dela com o
Senhor e da dependência que ela demonstrava ter dele. Mais tarde, Boaz se
tornaria a resposta de Deus a essa oração (cf; 3.9).
14. E, sendo já hora de comer, disse-lhe Boaz:
Achega-te aqui, e come do pão, e molha o teu bocado no vinagre. E ela se
assentou ao lado dos segadores, e ele lhe deu do trigo tostado, e comeu e se
fartou, e ainda lhe sobejou.
- vinho. Vinho azedo, misturado com um pouco de óleo, usado
para matar a sede.
INTRODUÇÃO
Na
lição anterior, o assunto central foi a amizade entre Noemi e Rute, sogra e
nora. Nesta, um novo personagem entra em cena: Boaz, o parente remidor. Veremos
como o Deus da providência recompensa os que se doam a bons relacionamentos.
- Rute demonstrou disposição de trabalhar e buscar o seu sustento e o
sustento da sua sogra. Ela não ficou esperando, de braços cruzados, um milagre
acontecer. Ela se moveu, se mexeu na direção do trabalho. Ela assumiu sem
traumas que era carente e necessitada. Rute teve iniciativa para cuidar de sua
sogra. Ela assumiu a posição de provedora da sogra. Não foi a sorte que
conduziu Rute aos campos de Boaz, mas uma agenda traçada no céu. A mensagem
central desse capítulo é que a casualidade humana tem como pano de fundo a
providência divina. Por trás dos aparentes acasos dos encontros comuns do
dia-a-dia, Deus expressa o Seu cuidado e a Sua determinação providencial, a
graça da Sua aliança.
I. BOAZ, O REMIDOR
1. Um homem próspero. O capítulo 2
de Rute nos apresenta Boaz, um “homem valente e poderoso, da geração de
Elimeleque” (Rt 2.1). Os termos “valente” e “poderoso” referem-se ao caráter
íntegro e à influência de Boaz, além de seu poder econômico. Um grande produtor
rural, Boaz tinha plantações de cevada e trigo, e muitos trabalhadores a seu
serviço (Rt 2.5,6,23). Reunia qualificações e condições para cumprir o papel de
remidor.
- O capítulo dois do livro de Rute é a história de um dia na vida de Rute
que transforma a tragédia de um passado doloroso e abre largas avenidas para um
futuro glorioso. David Atkinson diz que o dia da vida de Rute contido nesse
capítulo é o dia em que ela vem a conhecer Boaz. No final do dia, depois do
trabalho, ela conta a Noemi o que aconteceu. Só então, ela percebe o verdadeiro
significado do seu encontro (2.20). Até então, Rute não percebera que o
encontro não fora coincidência, mas parte do soberano propósito de Deus.
Atkinson, David. A mensagem de Rute, 1991: p. 59. O que
para Rute foi uma mera coincidência em um conjunto de circunstâncias não planejadas,
foi parte do cuidado gracioso de Deus. Atkinson, David. A mensagem de
Rute, 1991: p. 64. Não foi a sorte que conduziu Rute áos campos de Boaz,
mas uma agenda traçada no céu. MacDonald, William. Believers Bible
commentary. Thomas Nelson Publishers. Nashville, Atlanta, 1995: p. 290. Boaz
viveu no tempo depois da conquista de Canaã, quando ainda não havia rei sobre
Israel. Ele era da tribo de Judá, filho de Salmon e Raabe, e morava em Belém.
No livro de Rute ele aparece como o resgatador da família. Era também um homem
valoroso, dono de muitos bens, que possuía um campo e vários trabalhadores a
seu serviço.
2. “Goel” e “Levir”. A expressão
“da geração de Elimeleque” não nos permite saber o grau de parentesco entre
Boaz e o marido de Noemi. Segundo uma tradição rabínica, era sobrinho. Como
parente próximo, poderia ser o “goel”, ou seja, o resgatador da terra que o
falecido havia vendido (Rt 4.3), como também poderia cumprir o costume antigo do
casamento (Gn 38.6-11). Eram duas prescrições distintas contidas na Lei de
Moisés. A do resgatador previa que quando um israelita ficasse pobre e
precisasse vender suas terras, seu parente mais próximo tinha o dever de
comprá-las de volta e restituí-lhe. E se o hebreu fosse comprado como escravo
por um estrangeiro, um parente tinha o dever de resgatá-lo (Lv 25.25-28;
47-59). Já é a lei do levirato previa que o irmão do cunhado (“levir”) se
casasse com a viúva e suscitasse descendência ao falecido (Dt 25.5-10; Mt
22.24-48). Tudo indica que essa prática foi ampliada, seguindo uma ordem de
parentesco mais abrangente, semelhante à do resgatador (Lv 25.48,49). No caso
de Boaz, havia um remidor “mais chegado” que ele (Rt 3.12).
- Goel (O Go'el HaDahm)
é um termo hebraico para a palavra ("redimir"), semelhante a
"redentor", pelo qual a Bíblia hebraica e a tradição rabínica denotam
um parente relativo apto a restaurar os direitos perdidos por uma pessoa
próxima. A lei do levirato (em hebraico: yibum) é ordenado em Deuteronômio 25.5–6
e obriga o irmão a se casar com a viúva de seu irmão falecido sem filhos, com o
filho primogênito sendo tratado como do irmão falecido, (ver também Gênesis 38.8),
que torna a criança seu herdeiro e não herdeiro do pai genético. Deuteronômio
25.5-10 delineia o que é conhecido como a lei do levirato. Se um homem morria e
deixava sua esposa sem filhos, o irmão daquele homem era moralmente obrigado a
casar-se com a mulher de seu irmão e gerar filhos no nome de seu irmão
falecido. Essa prática assegurava que o nome de quem morria sem gerar filhos
não ficaria sem descendência. Entretanto, Boaz não era irmão de quem tinha sido
marido de Rute, e que falecera. Assim, o procedimento deles não estaria em
desacordo com a lei do levirato? Embora tenha sido um caso um pouco mais
complicado, o procedimento de Boaz, Noemi e Rute certamente não estava em
desacordo com o que a lei do levirato estabelecia. O primeiro propósito do
casamento pelo levirato era perpetuar a linha familiar daquele que morreu.
Alguns fatores indicam que no tempo de Boaz e Rute já eram comuns alguns
acréscimos ao que a lei do levirato originalmente estabelecera . Primeiro, se
não havia um irmão vivo na família, então a obrigação do casamento ficava com o
parente do sexo masculino mais próximo do falecido. No caso em questão, havia
um parente mais próximo do que Boaz da família de Noemi. Entretanto, quando ele
não aceitou o convite, Boaz tornou-se o homem com grau de parentesco mais
próximo, enquadrando-se na condição de ser aquele que legalmente teria de
cumprir aquela obrigação moral. Segundo, junto com a responsabilidade de gerar
filhos no nome do falecido, havia ainda a responsabilidade de resgatar qualquer
propriedade que pertencia ao que morrera e que tivesse sido vendida ou
confiscada (Lv 25.25). Como o parente mais próximo não estava em condições de
assumir tal responsabilidade (Rt 4.6), ele declinou desse direito e dessa
responsabilidade de resgatar Noemi e casar-se com Rute, passando tais
obrigações a Boaz. Nada há no resgate de Noemi nem no casamento de Boaz com
Rute que esteja em desacordo com a lei do levirato. Extraído do livro
MANUAL POPULAR de Dúvidas, Enigmas e “Contradições” da Bíblia. Norman Geisler –
Thomas Howe
3. Temor e respeito. A saudação
de Boaz a seus empregados demonstra que ele temia a Deus. A invocação a Jeová
(“o Senhor seja convosco”), dirigida a todos os segadores, indica, também, seu
respeito aos que com ele trabalhavam. Os empregados lhe retribuem com uma
saudação também amistosa e piedosa: “O Senhor te abençoe” (Rt 2.4). Patrões e
empregados devem se tratar com mútua consideração, reconhecendo a posição e o
papel próprios de cada um na relação de trabalho (Ef 6.5-9; Cl 3.22 – 4.1).
- Boaz era parente de Noemi e um homem rico. Ele era um homem íntegro,
influente e grande fazendeiro. Seu nome significa “nele há força”. Ele podia
cumprir os requisitos legais de casar-se com Rute, no regime do levirato, e
suscitar descendência à família de Elimeleque. Daí foi que surgiram tanto Davi,
o rei, quanto o Rei dos reis, o Messias. Desta forma, Rute entrou tanto na
linhagem real quanto na linhagem divina. Observe como Boaz manifestou o tempo
todo o espírito da lei, indo além do que a legislação mosaica exigia, por: l)
alimentar Rute (2.14); 2) permitir que Rute apanhasse espigas entre as gavelas
(2.15); e 3) deixar espigas extras para ela colher (2.16). Pela saudação “O
SENHOR seja convosco!”, prática incomum de trabalho, testemunha da bondade
excepcional de Boaz e seus servos. um verdadeiro crente é também o melhor
patrão. Uma fé viva em Deus é o melhor vínculo entre patrão e empregado, prevenindo
o uso indevido de autoridade de um lado e a pretensiosa insubordinação do outro
lado. Boaz é um abençoador. Ele transforma as coisas comuns da vida em liturgia
de adoração a Deus. Ele faz do seu trabalho um tributo de glória ao Senhor. Ele
trafega do altar ao campo com a mesma devoção. Ele não dicotomiza a vida entre
secular e sagrado. Para ele, tudo é sagrado. Ele se dirige a seus empregados
com devoção. Por onde passa, Boaz deixa as marcas de sua benfazeja influência.
As pessoas se tornam melhores por se relacionarem com ele. O relacionamento de
Boaz com os homens revela o seu íntimo relacionamento com Deus. A maneira de
ele tratar seus empregados dava abundantes provas de que ele era um homem pleno
de Deus.
II. O CARINHO DE BOAZ PARA COM RUTE
1. A pureza
não exclui a ternura. Logo que chegou ao campo, Boaz notou a presença de
uma moça diferente entre os que respigavam (Rt 2.5). Informado de que era Rute,
dirigiu-se a ela de forma carinhosa. Chamando-a de filha, deu liberdade para
continuar catando espigas em sua plantação e lhe assegurou de que seria tratada
com o devido respeito: “não dei ordem aos moços, que te não toquem?” (Rt 2.9).
Boaz se preocupou com a segurança de Rute. Assédio moral e sexual são atitudes
pecaminosas e perturbadoras no ambiente laboral e em qualquer área da vida.
Boaz era um cavalheiro, muito educado com todos. Um viver santo não exige que
sejamos rudes e descorteses (2 Rs 4.8,9). Jesus, o mais puro dos homens,
convivia com todos (Mc 2.15-17; Jo 4.3-27).
- Em Boaz vemos ilustradas muitas das excelências de Cristo. Boaz era um
homem de muitas riquezas (2.1). Ele era compassivo com os estrangeiros que não
tinham nada a reivindicar a seu favor (2.8,9). Ele sabia tudo sobre Rute antes
de ela encontrar-se com ele (2.11). Ele serviu Rute graciosamente, e todas as suas
necessidades foram supridas (2.14). Ele garantiu a Rute proteção para o
presente e prosperidade para o futuro (2.15,16). Nesses atos de graça, temos
uma antevisão do nosso bendito Redentor. Quando Rute saiu naquela manhã para
respigar nos campos, estava procurando alguém que lhe mostrasse graça
(2.2,10,13). A graça é o favor concedido a alguém que não o merece e que não
tem como obtê-lo por seu esforço. Como mulher, viúva pobre e estrangeira, Rute
não poderia reivindicar coisa alguma a quem quer que fosse. O canal dessa graça
foi Boaz. Graça significa que Deus dá o primeiro passo a fim de nos socorrer,
não porque mereçamos, mas porque Ele nos ama e nos quer para si. “Nós amamos porque ele nos amou primeiro”
(lJo 4.19). A salvação não foi algo que Deus improvisou, mas, sim, aquilo que
planejou desde a eternidade.
2. Deus estava agindo. A atitude de
Boaz surpreendeu Rute. Como estrangeira e pobre, certamente ela tinha receio de
como seria tratada. Agia com educação e muita discrição (Rt 2.7). Impressionada
com o gesto de Boaz, inclinou-se ao chão e, de forma humilde, reconheceu ser
indigna do tratamento que recebeu (Rt 2.10). Havia uma motivação especial na
conduta de Boaz: ele já conhecia a bela história de Rute (Rt 2.11). Um bom
testemunho nos abre muitas portas.
- Rute estava o tempo todo consciente de que era uma estrangeira e, como
tal, devia conduzir-se com humildade. Possivelmente ela tinha conhecimento de
Dt 23.3-4. Ela reconhecia a generosidade (lit., "favor") de Boaz. Ele
não apenas permite que Rute recolha em seu campo, mas oferece a ela a mesma
provisão dada aos trabalhadores. Ela passa a ter liberdade de beber da sua água
e desfrutar a companhia das suas servas. Jesus partilhou conosco as riquezas de
Sua misericórdia e do amor (Ef 2.4), as riquezas da Sua graça (Ef 2.7), as
riquezas da Sua sabedoria e de seu conhecimento (Rm 11.33), as riquezas da Sua
glória (Fp 4.19) e, além de tudo isso, Suas insondáveis riquezas (Ef 3.8). Nós,
“estrangeiros” indignos, somos membros da família de Deus e temos toda a Sua
herança à nossa disposição.
3. Sensível e espiritual.
Boaz
conciliava firmeza moral e sensibilidade; ternura e espiritualidade. O
versículo chave do livro é uma declaração feita por ele a Rute (Rt 2.12). Boaz
tinha uma profunda compreensão espiritual. Ele reconhecia que o Deus dos
hebreus não estava limitado a fronteiras territoriais ou barreiras étnicas. E
como servo de Yahweh, estava sendo usado para abençoar uma piedosa moabita.
Suas palavras tocaram profundamente o coração de Rute e lhe deram grande
conforto (Rt 2.13).
- A Escritura retrata Deus levando Israel sobre as suas asas no êxodo (Êx
19.4; Dt 32.11). Aqui Deus é retratado corno uma ave mãe protegendo seus
frágeis filhotes com suas asas (Sl 17.8; 36.7; 57.1; 61.4; 63.7; 91.1,4). Boaz
abençoou Rute à luz do recente compromisso dela com o Senhor e da dependência que
ela demonstrava ter dele. Mais tarde, Boaz se tornaria a resposta de Deus a
essa oração (cf; 3.9). Rute reconhece o tratamento amoroso de Boaz. Ele
demonstrou graça a ela, dando-lhe conforto e falando-lhe ao coração. Rute não
tinha necessidade apenas de pão, mas também de significado. Na verdade, ela
estava mais carente de consolo do que de alimento. Boaz abriu-lhe não apenas as
portas da provisão, mas, sobretudo, os celeiros do seu coração e a abundância
do seu amor. Rute não olhou para trás, para seu passado trágico, nem olhou para
si mesma, pensando sobre sua triste situação. Lançou-se aos pés do senhor e
sujeitou-se a ele. Afastou o olhar de sua pobreza e o voltou para as riquezas
dele. Esqueceu seus medos e descansou nas promessas dele. Que excelente exemplo
a ser seguido pelo povo de Deus!
III. A COLHEITA DE RUTE E A SUA
SOBREVIVÊNCIA
1. A lei da
semeadura. Uma cosmovisão secular produz a ilusão de que vivemos em um mundo
“dos homens”, apartados de Deus e não afetados por Ele. Isso é fruto de uma
incredulidade crescente (Lc 18.1-8; 1 Tm 4.1). Essa visão dualista em nada
condiz com as Escrituras e com a realidade dos que confiam no Senhor da
Providência. Rute decidiu servir ao Deus de Israel, em vez de Quemos, o deus
dos moabitas, cuja adoração incluía o sacrifício de crianças (Nm 21.29; 1 Rs
11.7; 2 Rs 3.26,27). Agora, ela começava a experimentar a mão invisível de
Jeová-Jireh agindo graciosamente em seu favor. A lei da semeadura funciona
integralmente (2 Co 9.6; Gl 6.7).
- A lei da semeadura é uma regra geral que ensina que cada pessoa colhe o
que planta. Nossas ações têm consequências. Esse ensinamento é bíblico, mas tem
seus limites e devemos tomar cuidado para não cair em extremos. A lei da
semeadura está explicada em Gálatas 6:7-8: cada um colhe aquilo que semeou em
sua vida. Significa que toda “semente” que você lançar na terra um dia
retornará para você em forma de “colheita”.
2. Os “acasos” de Deus. O primeiro sinal
da ação de Deus foi a escolha aparentemente aleatória que Rute fez, indo
apanhar espigas no campo de Boaz (Rt 2.3). Para ela, era apenas uma
casualidade, quando, na verdade, era um inequívoco ato da providência divina.
Deus tem o controle de tudo e age em favor dos que o amam (Rm 8.28). Quando
Rute retornou para casa e contou onde havia trabalhado, Noemi não escondeu sua
exultação (Rt 2.2o). Uma esperança brotou no coração da pobre viúva (Jó
14.7-9).
- Em Rt 2.3, por casualidade entrou,
está um clássico exemplo da providência de Deus no trabalho. Ela entrou
justamente na parte que pertencia a Boaz. Possivelmente uma área comunitária na
qual Boaz possuía unia lavoura.
3. O resultado da
colheita.
Alguns frutos de nossas ações são colhidos de imediato. Outros levam tempo para
aparecer. Pela forma graciosa como era tratada, Rute colhia cereais em
abundância diariamente nos campos de Boaz (Rt 2.17,21). A colheita garantia sua
sobrevivência e de sua sogra. O trabalho árduo durou toda a estação: entre
março e abril colheu cevada; e de abril a junho, trigo. Concluído o trabalho,
ficou com a sogra (Rt 2.23). Uma ‘colheita” ainda maior seria feita por ela em
tempo oportuno (Ec 3.1). Nosso Deus trabalha por aqueles que nEle esperam (Is
64.4).
- A maior parte da Bíblia foi originalmente escrita para aqueles que
vivem em uma sociedade agrária, ou seja, pessoas familiarizadas com o trabalho
na terra, o manejo do gado e o cultivo. Muitas das parábolas de Jesus envolvem
a vida agrícola. Não surpreende, portanto, que a Bíblia contenha muitas
referências a semear e colher, e aqui estão alguns dos princípios que
aprendemos: Semear e colher é uma lei do mundo natural. No terceiro dia da
criação, Deus ordenou à terra que produzisse plantas vivas “que davam semente”
e frutos “com semente” (Gênesis 1:12). Essas plantas foram dadas à humanidade
como alimento (versículo 29). Desde o início, a humanidade compreendeu o
processo de semear e colher e o aplicou em seu benefício. Deus usa a lei de
semear e colher para conceder a Sua bênção. A bênção de Deus vem geralmente
para o mundo inteiro quando Ele envia o sol e a chuva para justos e injustos
(Mateus 5:45). Em alguns casos, Sua bênção vem mais especialmente para aqueles
de Sua escolha, como Isaque. Gênesis 26:12 diz que Isaque semeou uma colheita e
recebeu cem vezes mais em uma estação porque o Senhor o escolheu para a bênção.
A gratidão de Israel pela bênção anual de Deus foi expressa na Festa das
Primícias, quando as primícias da colheita eram trazidas ao Senhor como oferta
(Êxodo 23:19a; Levítico 23:10). Deus advertiu a Israel que, se O abandonassem e
perseguissem os ídolos, a lei de semear e colher seria suspensa e suas
colheitas falhariam (Levítico 26:16b). Isso aconteceu com o desobediente Judá
em algumas ocasiões (Jeremias 12:13; Miquéias 6:15). Semear e colher também é
uma lei do mundo espiritual. É mais do que apenas um princípio agrícola. É um
axioma da vida que colhemos o que plantamos. Gálatas 6:7 diz: “Não se enganem:
de Deus não se zomba. Pois aquilo que a pessoa semear, isso também
colherá." Existem consequências naturais para as nossas ações. O mundo
opera sob a lei de causa e efeito. Não há como fugir disso: toda vez que
escolhemos uma ação, também escolhemos as consequências dessa ação. Semear e
colher sugere uma espera. Nada de bom cresce da noite para o dia. O agricultor
deve ser paciente para ver o fruto do seu trabalho. Quando a Bíblia compara o
ministério a plantar, regar e colher (1 Coríntios 3:6), isso sugere um período
de tempo. Deus produzirá frutos para a Sua glória em Seu tempo. Até então,
trabalhamos fielmente em Seu campo (Mateus 9:38), sabendo que “não nos cansemos
de fazer o bem, porque no tempo certo faremos a colheita, se não desanimarmos”
(Gálatas 6:9; veja também Salmo 126:5). Colhemos na mesma moeda o que
plantamos. Aqueles que plantam sementes de maçã devem esperar colher maçãs.
Aqueles que semeiam raiva devem esperar receber o que a raiva produz
naturalmente. Gálatas 6:8 diz: “Quem semeia para a sua própria carne, da carne
colherá corrupção; mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá vida
eterna.” Viver uma vida de carnalidade e pecado e esperar herdar o céu é como
plantar carrapichos e esperar colher rosas. Este princípio funciona tanto
positiva quanto negativamente. “O ímpio recebe um salário ilusório, mas o que
semeia justiça terá recompensa verdadeira” (Provérbios 11:18b), mas “o que
semeia a injustiça colhe a desgraça” (Provérbios 22:8a). Colhemos
proporcionalmente ao que plantamos. A regra é, quanto mais sementes plantadas,
mais frutos colhidos. A Bíblia aplica esta lei às nossas ofertas. Aqueles que
mostram generosidade serão mais abençoados do que aqueles que não o fazem. “E
isto afirmo: aquele que semeia pouco também colherá pouco; e o que semeia com
fartura também colherá com fartura” (2 Coríntios 9:6). Esse princípio não diz
respeito ao valor da doação, mas ao espírito com que é dada. Deus ama quem dá
com alegria (2 Coríntios 9:7), e até mesmo as moedas da viúva são notadas por
nosso Senhor (Lucas 21:2-3). Colhemos mais do que plantamos. Em outras
palavras, a lei da semeadura e colheita está relacionada à lei da
multiplicação. Jesus falou da semente que produziu “a cem, a sessenta e a
trinta por um” (Mateus 13:8). Um grão de trigo produz uma espiga inteira de
grão. Da mesma forma, uma pequena mentira pode produzir um frenesi
descontrolado de falsidades, falácias e ficções. Semeie o vento e colha
tempestades (Oséias 8:7). Positivamente, uma boa ação pode resultar em uma
bênção para toda a vida. Semear e colher é usado como uma metáfora para morte e
ressurreição. Quando Paulo discute a doutrina da ressurreição do corpo, ele usa
a analogia de plantar uma semente para ilustrar a morte física. “Semeia-se o
corpo na corrupção, ressuscita na incorrupção. Semeia-se em desonra, ressuscita
em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscita em poder. Semeia-se corpo natural,
ressuscita corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual”
(1 Coríntios 15:42b-44a). Uma semente pode “morrer” quando cai no chão, mas
isso não é o fim de sua vida (João 12:24). Encontrado em toda a Escritura, a
ideia de semear e colher é um princípio importante que transmite sabedoria
tanto para este mundo quanto para o próximo. https://www.gotquestions.org/Portugues/semeando-e-colhendo.html.
CONCLUSÃO
A
atitude de fé de Rute estava sendo recompensada. Sua prontidão em cuidar da
sogra levou-a a encontrar conforto e proteção naquele que seria o resgatador de
toda a família e que a incluiria na genealogia do Redentor da humanidade. O
Deus de Rute é o nosso Deus. Ele continua agindo por aqueles que decidem se
abrigar debaixo de suas asas. Confiar nEle e viver fazendo o que lhe agrada é o
meio infalível de alcançar sua misericórdia e favor.
- Boaz é um tipo de Cristo, o Redentor. Rute, por sua vez, é um tipo da
Igreja, a redimida. O Filho de Deus é o Redentor não apenas de uma família
pobre, mas de todos os pecadores que confiam na Sua graça. Ele é o rico remidor
que se fez pobre para nos fazer ricos e herdeiros das Suas insondáveis riquezas
(2Co 8.9).
_______________
Pb Francisco
Barbosa (@Pbassis)
Graduado
em Gestão Pública;
Teologia
pelo Seminário Martin Bucer (S.J.C./SP);
Pós-graduando
em Teologia Bíblica e Exegese do Novo Testamento, pela Faculdade Cidade Viva
(J.P./PB);
Servo, barro nas mãos do Oleiro.
_______________
Quer falar
comigo? Tem alguma dúvida?
WhatsApp: 8398730-1186
Esse artigo foi útil? Nosso trabalho te ajudou?
Considere fazer uma contribuição. Oferte para
Chave PIX. assis.shalom@gmail.com
REVISANDO O CONTEÚDO
1. Quem era Boaz?
Um “homem valente e poderoso, da geração
de Elimeleque” (Rt 2.1). Um grande produtor rural, Boaz tinha plantações de
cevada e trigo, e muitos trabalhadores a seu serviço (Rt 2.5,6,23).
2.
Qual o significado de “goel” e “Levir”?
“Goel”, ou seja, o resgatador da terra que
o falecido havia vendido (Rt 4.3). “levir”, o irmão do cunhado.
3.
Qual o versículo chave do livro de Rute?
O versículo chave do livro é uma
declaração feita por ele a Rute: “O Senhor galardoe o teu feito, e seja
cumprido o teu galardão do Senhor, Deus de Israel, sob cujas asas te vieste
abrigar” (2.11).
4.
O que motivou Boaz a tratar Rute com tanta generosidade?
Boaz tinha uma profunda compreensão
espiritual. Ele reconhecia que o Deus dos hebreus não estava limitado a
fronteiras territoriais ou barreiras étnicas.
5.
Qual a reação de Noemi quando Rute lhe informou sobre Boaz?
Quando Rute retornou para casa e contou
onde havia trabalhado, Noemi não escondeu sua exultação: “Bendito seja do
Senhor, que ainda não tem deixado a sua beneficência nem para com os vivos nem
para com os mortos […]: Este homem é nosso parente chegado e um dentre os
nossos remidores” (Rt 2.20).