Pb Francisco Barbosa
TEXTO ÁUREO
“Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me afaste de ti; porque, aonde quer que tu fores, irei eu e, onde quer que pousares à noite, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus.” (Rt 1.16)
Entenda o Texto Áureo:
- o teu Deus é o meu Deus.
Esse testemunho evidenciou sua conversão da adoração a Quemos à adoração ao
Deus de Israel.
VERDADE PRÁTICA
Amar
uns aos outros sem nada exigir em troca evidência que Deus está em nós e nos
une em relacionamentos fortes e duradouros.
Entenda a Verdade Prática:
- O cristão é chamado a amar, a amar o seu próximo como a si mesmo (Mt
22.39). Esse amor deve ser traduzido em ação, em gestos concretos que têm como
finalidade promover o bem das pessoas. Amor não é teoria, é prática, um
princípio bíblico, um mandamento divino que produz vida, alegria e plenitude em
quem o dá e em quem o recebe.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Rute 1.6-8; 14-19
6. Então se levantou ela com as suas noras, e voltou
dos campos de Moabe, porquanto na terra de Moabe ouviu que o Senhor tinha
visitado o seu povo, dando-lhe pão.
- o Senhor
se lembrara do seu povo. Naturalmente o Senhor havia mandado chuva para
aliviar a fome. A soberania de Javé em favor de Israel permeia as páginas de
Rute de várias maneiras: 1) de fato para o bem (2.12; 4.12-14), 2) entendido
para o mal por Noemi (1.13,21) e 3) no contexto de oração/bênção (1.8-9,17;
2.4,12.20; 3.10,13; 4.11). O retorno da prosperidade física prefigurou a
realidade da vinda da prosperidade espiritual por meio da linhagem de Davi, na
pessoa de Cristo.
7. Por isso saiu do lugar onde estivera, e as suas
noras com ela. E, indo elas caminhando, para voltarem para a terra de Judá,
- Saiu.
Noemi tinha amigas (1.19), família (2.1) e prosperidade (4.3) aguardando por ela
em Belém.
8. Disse Noemi às suas noras: Ide, voltai cada uma à
casa de sua mãe; e o Senhor use convosco de benevolência, como vós usastes com
os falecidos e comigo.
- Noemi encorajou graciosamente suas duas noras para
retornarem para suas casas (1.8) e casarem-se novamente (1.9), mas elas
insistiram, emocionadas, em ir para Jerusalém (1.10).
14. Então levantaram a sua voz, e tornaram a chorar; e
Orfa beijou a sua sogra, porém Rute se apegou a ela.
- Na segunda súplica para retornar, Orfa voltou.
Noemi insistiu com Rute pela terceira vez para que ela retornasse.
15. Por isso disse Noemi: Eis que voltou tua cunhada ao
seu povo e aos seus deuses; volta tu também após tua cunhada.
- seus
deuses. Diz respeito a Quemos, principal divindade moabita, que exigia
sacrifício de crianças (2Rs 3.27), bem como a outras divindades locais.
16. Disse, porém, Rute: Não me instes para que te
abandone, e deixe de seguir-te; porque aonde quer que tu fores irei eu, e onde
quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu
Deus
- Rute enunciou sua típica expressão do lealdade a
Noemi e comprometimento com a família na qual ela havia se casado. o teu Deus é o meu Deus. Esse
testemunho evidenciou sua conversão da adoração a Quemos à adoração ao Deus de
Israel.
17. Onde quer que morreres morrerei eu, e ali serei
sepultada. Faça-me assim o Senhor, e outro tanto, se outra coisa que não seja a
morte me separar de ti.
- faça-me o
Senhor. O juramento de Rute foi mais um testemunho da sua conversão.
Ela seguiu o caminho primeiramente desbravado por Abraão (Js 24.2).
18. Vendo Noemi, que de todo estava resolvida a ir com
ela, deixou de lhe falar.
19. Assim, pois, foram-se ambas, até que chegaram a
Belém; e sucedeu que, entrando elas em Belém, toda a cidade se comoveu por
causa delas, e diziam: Não é esta Noemi?
- Belém. A viagem de Moabe a Belém (no mínimo 100-120 km)
teria levado em torno de sete a dez dias. Elas desceram da altitude de 1.485 m
de Moabe para dentro do vale do Jordão, e depois subiram 1.237 m de altitude,
cruzando as colinas da Judeia. toda a
cidade. Noemi era bem conhecida no lugar onde antigamente havia morado
(cf. "efrateus, de Belém", 1.2). A pergunta “Não é esta Noemi?"
muito provavelmente reflete a dura vida dos dez anos anteriores e as marcas que
ela havia deixado na sua aparência.
INTRODUÇÃO
Já
fizemos uma visão panorâmica do livro de Rute. Agora, vamos caminhar por seus capítulos
e versículos, focados nos principais personagens da obra: Rute, Noemi e Boaz.
Nesta lição, estudaremos o relacionamento entre Noemi e Rute, duas mulheres
unidas por um amor profundo e uma intensa mutualidade. O caráter voluntário da
doação pessoal de sogra e nora é um extraordinário exemplo de abnegação e
amizade sincera.
- O livro de Rute é uma perfeita história de amor. Ele é um dos mais
belos romances da Bíblia. Em Boaz e Rute, os israelitas e gentios são
personificados. Nada além do amor e da fé pessoal de Rute foi exigido dela para
encontrar abrigo sob as asas do Deus de Israel. Vaie ressaltar que em uma
sociedade dominada pelos homens, as personagens centrais desse romance são duas
mulheres que desafiaram a crise e agiram com fé na providência divina. A
amizade de Rute com Noemi floreia este pequeno livro e ao mesmo tempo,
desmistifica o pendor natural da inimizade tão comum entre nora e sogra. Um dos
grandes temas do livro é a amizade. A devoção que Rute tem por Noemi e o
cuidado de Noemi com Rute percorrem todo o livro.
I. A PROPOSTA DE NOEMI
1. Uma crise em família. É importante
considerar as circunstâncias da vida de Noemi para entender o valor e o
significado de seus atos. Principal provedor da casa, seu marido Elimeleque (no
hebraico, “Meu Deus é Rei”) havia morrido. Seus filhos Malom (“doença”) e
Quiliom (“definhamento”) casaram-se e tiveram morte prematura, deixando viúvas
as moabitas Rute (“amizade”) e Órfã (“pescoço”). Considerando a expressão que
os nomes tinham na Antiguidade, é bastante provável que Malom e Quiliom não
tivessem boas condições de saúde desde o nascimento. A vida de Noemi
(“agradável”) tornou-se amarga, como ela mesma diria tempos depois, preferindo
ser chamada de Mara (“amargosa”) (Rt 1.20).
- Deus transforma o caos em cosmos. Ele transforma vales em mananciais,
nossas tragédias em cenários de esperança. Ele enxuga nossas lágrimas, acalma a
nossa dor e coloca os nossos pés na estrada da mais esplêndida vitória. Elimeleque
tombou em terra estrangeira. Ele morreu e deixou sua família órfã em terra estranha.
A dor do luto é mais aguda do que a dor da pobreza. A escassez é menos dolorosa
do que a morte. Dez anos se passaram. Malom e Quiliom casam-se em Moabe, e
novamente uma luz de esperança volta a brilhar no caminho daquela família
imigrante. A morte, porém, volta a rondar aquela família já marcada pelo
sofrimento. De súbito, sem qualquer explicação, a vida jovem de Malom e Quiliom
é ceifada em terra estrangeira. Noemi perdeu tudo: sua terra, seu marido, seus
filhos, seus sonhos. Ela está velha, viúva, pobre, sem filhos, em terra
estrangeira. Ela não tem filhos nem descendentes. Sua semente vai ser cortada
da terra. Sua memória vai se apagar, e ela, então, passa a alimentar-se de
absinto. Ela introjeta uma amargura existencial assoladora na alma. Chega mesmo
a mudar de nome. Não quer mais ser chamada de Noemi, mas de Mara, que significa
amargura (1.20).
2. Tirando força da
fraqueza.
Todas as pessoas, inclusive as cristãs, estão sujeitas a dias maus (Ec 7.14). A
diferença é como cada uma se comporta em meio às tempestades da vida (Ef 6.13;
Mt 7.24-27). Noemi não escondeu seus sentimentos, mas também não os explorou,
com autopiedade ou autocomiseração. Quando soube que Deus havia abençoado o seu
povo, “se Ievantou” com suas noras para voltar a Belém (Rt 1.6,7). Ela teve uma
atitude de liderança, mesmo em meio à tristeza e dor que sentia pela perda do
marido e dos filhos. A distância entre os campos de Moabe e Belém era superior
a 120 quilômetros. Idosa, Noemi soube tirar força da fraqueza subindo e
descendo das montanhas, em tempos tão remotos (Hb 11.34). Se tivesse se
entregado aos seus sentimentos, jamais teria tomado uma decisão tão
desafiadora. Os problemas da vida não podem nos paralisar (Pv 24.10).
- O livro de Rute é um drama que fala da história de três mulheres que
ficaram viúvas, pobres, desamparadas e sem filhos. A matriarca Noemi perdeu não
apenas o marido, mas também os filhos, e isso em terra estrangeira. Para ela, o
futuro havia fechado as cortinas. A esperança fora enterrada na cova dos seus próprios
mortos. Precisamos aprender a olhar para a vida com os olhos de Deus. Bem
expressa Paulo: “Sabemos que todas as
coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados
segundo o seu propósito” (Rm 8.28). Rute não foi fiel a sua sogra apenas
nos tempos de escassez e pobreza. Ela também continuou investindo na vida de
sua sogra depois de ter se casado com um homem rico (4.13-17). As próprias
mulheres de Belém disseram a Noemi que Rute lhe era melhor do que sete filhos
(4.15). Rute não descartou sua sogra quando dela não mais precisava. Rute
continuou honrando sua sogra, mesmo depois de ter um marido rico e dar à luz um
filho promissor. A sua amizade não era uma relação utilitarista e conveniente.
Seu amor não era apenas de palavras, mas de fato e de verdade.
3. Sem manipulação
emocional.
Rute e Orfa decidiram prontamente acompanhar a sogra. Mas tão logo começaram a
viagem, Noemi decidiu liberá-las, para que voltassem à casa dos pais (Rt 1.7,8;
2.11). Mesmo de avançada idade, Noemi pensou primeiro em suas noras e no futuro
delas. De volta às suas origens, Rute e Orfa poderiam casar novamente e
constituírem família (Rt 1.8-13). Noemi assumiu sua condição pessoal, sem
apelar aos sentimentos das noras. Esse tipo de conduta é fundamental para a
construção de relacionamentos saudáveis. A manipulação emocional é sutil e
costuma se manifestar desde a infância (Pv 20.11). O pecado não escolhe idade.
Pessoas emocional e espiritualmente sadias não são manipuladoras.
- Noemi perdeu o que havia levado para Moabe, marido e dois filhos, e
agora decide dar liberdade às suas duas noras que a terra de Moabe lhe deu. Decidiu
despedir-se das únicas pessoas que ainda faziam parte da sua vida. Ela está se
despedindo das únicas pessoas que podiam dar-lhe uma esperança, uma descendência.
É importante notar que Noemi despede-se de suas noras chamando-as de filhas e
orando por elas. Ela invoca o Deus da aliança, usando o nome YHWH. Ela agradece
a elas a lealdade e pede a Deus Sua misericórdia sobre elas. Ela pede a Deus
prosperidade e felicidade para suas noras, ou seja, um novo casamento, a única
carreira aberta às mulheres viúvas.
II. A CONVICÇÃO AMOROSA
1. Uma
amizade provada e aprovada. Órfa amava Noemi, mas seu sentimento e força
moral não eram tão fortes quanto os de Rute. Quando a sogra disse pela segunda
vez que voltassem para a casa dos pais, Órfa se convenceu de que isso era o
melhor para ela. Chorando, abraçou Noemi e voltou para seu povo. Rute, porém,
se apegou a Noemi (Rt 1.14). A firmeza e o altruísmo de Noemi novamente se
revelam. Ela insiste para que Rute faça o mesmo que sua cunhada (Rt 1.15). A
atitude de Noemi extraiu o que havia no mais íntimo de Rute: uma convicção
amorosa por sua sogra, além de uma declaração de fé no Deus de Israel: “[…]
aonde quer que tu fores, irei eu e, onde quer que pousares à noite, ali
pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus” (Rt 1.16). As
verdadeiras amizades resistem às mais intensas provas.
- Conforme nota da Bíblia de Jerusalém, o significado hebraico do nome Orfa
sugere “pescoço”, “nuca”, e daí a interpretação de que Orfa é “aquela que volta
as costas”. Diante das dificuldades enfrentadas e da proposta de Noemi, Orfa
voltou para o seu povo, para os seus deuses, em busca da sua felicidade. Ambas
as noras tinham afeição por Noemi; por isso, acompanharam-na em seu retomo à
terra de Judá. No entanto, a hora da provação chegou. Noemi apresentou, sem
egoísmo, a cada uma de suas noras as provações que as aguardavam. Mas, depois
de alguma reflexão, Orfa, com muito pesar e um beijo respeitoso, deixou a sua
sogra, o povo e o Deus desta, e retornou aos seus amigos idólatras.
2. Amizade na
adversidade.
A convicção amorosa de Rute é mesmo surpreendente. Salomão escreveu que “o
amigo ama em todos os momentos; é um irmão na adversidade” (Pv 17.17). Rute
estava disposta a enfrentar toda e qualquer dificuldade ao lado da sogra viúva
e idosa. As expressões “onde quer que pousares à noite, ali pousarei eu” e
“onde quer que morreres, morrerei eu” (Rt 1.16,17) demonstravam o grau de
companheirismo e comprometimento da jovem moabita. E isso não ficou somente em
palavras; transformou-se em atitudes concretas por toda a vida. Nesses dias de
tanto individualismo, qual tem sido o nível de nossos relacionamentos?
- Diante da insistência de Noemi, Orfa voltou ao seu povo e aos seus
deuses (1.15), porém Rute se dispôs a seguir sua sogra à terra de Belém. A
mesma causa induziu Orfa a ir embora, e Rute a permanecer, isto é, o fato de
que Noemi já não tinha filhos, nem esposo. A primeira deseja tornar-se esposa
outra vez; a outra, continuar a ser filha. Rute faz uma bela afirmação de
fidelidade, determinação e compromisso de amor. ''Rute termina sua fala com
Noemi, assim: “[...] faça-me o Senhor o
que bem lhe aprouver, se outra cousa que não seja a morte me separar de ti”.
Rute não só faz promessas, mas faz promessas sob juramento. Ela não somente faz
juramento com promessas, mas o faz na presença de Deus. Ela empenha sua palavra
e coloca nela o sinete do seu juramento. Ela firma uma aliança e dá garantias
da perenidade desse pacto.
3. Um amor prático. Chegando a
Belém, Rute não ficou parada, envolta em expectativas fantasiosas. Encarando a
realidade, prontificou-se a um trabalho humilde e penoso, que era feito por
pessoas pobres e necessitadas: ir às plantações e catar espigas que caíam e
ficavam no chão durante a colheita, como instituído nos dias de Moisés (Rt 2.2;
Lv 19.9,10; 23.22.; Dt 24.19). Na Palavra de Deus, o princípio básico é: os
ricos não podem reter para si toda a riqueza, devendo inclusive auxiliar os
necessitados (Mt 6.19-21; 1Tm 6.17-19; Tg 5.1-6); mas também não são obrigados
a alimentar o ócio dos pobres, que devem ir ao campo e trabalhar duro para
garantir o seu sustento, pois, exceto nos casos de incapacidade física ou
mental, o mesmo princípio vige até hoje (Gn 3.19; 2 Ts 3.3.10-13). Rute
trabalhou – e muito nos campos de Boaz. Seu esforço impressionou o chefe dos
trabalhadores. No fim do dia, recolhia tudo e levava para a sogra (Rt
2.7,17,18). Rute não apenas dizia amar, ela praticava o amor (1 Jo 3.18).
- Noemi volta porque ouviu falar que havia pão em Belém (1.6). Rute não
foi fiel a sua sogra apenas nos tempos de escassez e pobreza. Ela também
continuou investindo na vida de sua sogra depois de ter se casado com um homem
rico (4.13-17). As próprias mulheres de Belém disseram a Noemi que Rute lhe era
melhor do que sete filhos (4.15). Rute não descartou sua sogra quando dela não
mais precisava. Rute continuou honrando sua sogra, mesmo depois de ter um
marido rico e dar à luz um filho promissor. A sua amizade não era uma relação
utilitarista e conveniente. Seu amor não era apenas de palavras, mas de fato e
de verdade.
III. A CONVICÇÃO DA MULHER: “O TEU DEUS
É O MEU DEUS”
1. Uma fé
fervorosa. Rute é um exemplo de fé fervorosa. Sua declaração convicta
perante Noemi – “o teu Deus é o meu Deus” demonstra sua profunda devoção ao
Deus de Israel, sob cujas asas decidiu se abrigar (Rt 2.12). Seu fervor é
demonstrado em suas atitudes. Rute renunciou ao modelo de vida frívolo dos
moabitas, e não seguiu caminhos fáceis entre os belemitas (Rt 3.10). Manteve
uma vida austera e disciplinada e, assim, alcançou uma excelente reputação:
“Toda a cidade do meu povo sabe que és mulher virtuosa” (Rt 3.11).
- Diferentemente do Novo Testamento, a terminologia do Antigo referente à
conversão não é tão clara para nós. A exemplo da prostituta Raabe, pouco antes
da queda de Jericó, um cristão analisando este texto sem considerar sua citação
no Novo Testamento (Hb 11.31; Tg 5.25) concluiria que esta mulher foi salva? Talvez
não. Mas, vale ressaltar que, os leitores do Antigo Testamento entenderam
claramente a conversão de Raabe, visto que o autor da Epístola aos Hebreus e
Tiago, o autor da carta que leva seu nome, mencionaram a conversão desta mulher
ao utilizar os vocábulos “Pela fé” e “justificada”, e que estes dois, em um
certo sentido, ainda faziam parte da Velha Aliança. Rute disse a sua sogra: “[…] o teu povo é o meu povo” (Rt 1.16).
Ela era moabita e se casara com um dos filhos de Noemi, uma israelita. Apesar dos
filhos de Noemi terem casado com mulheres moabitas, o que não era de acordo com
a Lei de Moisés (Dt 7.1-4), visto que Moabe era uma nação pagã (Êx 15.15; Nm
21.29), parece que Noemi mantinha-se fiel ao Senhor. Esta expressão reflete
conversão a conversão de Rute. A narrativa não apresenta todos os detalhes, mas
o caráter soteriológico é perceptível pelo contexto genealógico da narrativa. A
salvação na Velha Aliança era por meio do “descendente” (Gn 3.15). O proto-evangelho
foi pregado na forma de promessa por toda a revelação antes de Cristo, de modo
que crer no descendente implicava participar do seu povo.
2. Uma fé que inspira. A fé de Rute
foi inspirada na vida e crença de sua sogra. Ao referir-se ao Deus de Noemi,
dava testemunho de sua fé. Em todos os tempos, as mulheres mais velhas têm a
missão de resistir aos ventos da superficialidade espiritual, sendo piedosas,
dedicadas a Deus e à família, a despeito das pressões da sociedade mundana.
Somente assim poderão inspirar e ensinar as mais novas (Tt 2.3-5).
- Rute, então, expressou sua fé no Senhor ao entrar no povo de Israel, ao
habitar na terra de Israel, e logicamente ao adorar o Deus do povo e da terra
israelita: “Disse, porém, Rute: […] o teu Deus é o meu Deus (grifo meu)” (Rt
1.16). Ela escolheu YAHWEH para ser seu Deus, e não Camos (CUNDALL; MORRIS,
2006, p. 245). Rute refletiu a cultura de sua época, deixando a terra, o povo e
consequentemente a adoração de Moabe, para seguir o culto a YAHWEH. Um dos
temas centrais do livro de Rute é a
redenção.28 Boaz é um símbolo de Cristo, o nosso remidor
(4.9,10). Cristo nos remiu, pagou a nossa dívida e nos
comprou para Ele. Agora somos Sua propriedade exclusiva.
Pertencemos a Ele, e Ele, a nós. Sua provisão nos pertence. Suas riquezas
são nossa herança. Sua justiça são as nossas vestes alvas. Champlin coloca essa
verdade assim: “Boaz é o grande tipo de
Redentor, no livro de Rute. A redenção é o conceito central do livro. O termo
hebraico correspondente, em suas várias formas, ocorre por nada menos de 23
vezes no livro. Esse termo é gaal. Boaz faz isso publicamente, à porta da
cidade, diante de testemunhas”. Champlin, Russell Norman. O Antigo
Testamento interpretado versículo por versículo. Vol. 2, 2001: p. 1093.
3. Sensibilidade sob
liderança. As
Escrituras evidenciam a profunda sensibilidade espiritual da mulher. Um exemplo
disso é o fato de terem sido as primeiras a testemunhar e crer na ressurreição
de Jesus (Lc 24.1-10; Jo 20.11-18). É de grande valor quando esse
extraordinário potencial feminino é reconhecido e floresce sob uma liderança
séria, que orienta o trabalho da mulher, evitando que ela seja explorada em sua
fé (Fp 4.3; Rm 16.12; Mc 12.38-40; 2 Tm 3.6,7).
- “Também conhecida como
"sexto sentido", a intuição é uma capacidade do cérebro, privilégio
das mulheres. Dos dicionários: "ato de ver", "perceber",
"discernir", "pressentir". Sabedoria, arte de "distinguir",
de "saber o que se deve fazer, e a virtude de fazer" Por ser mais
ligada à sensibilidade, às emoções e à subjetividade, a intuição está mais
relacionada à mulher. A psicanalista Lúcia Rosemberg diz: "É atributo
feminino". https://www2.libernet.org.br/artigos.php?id=72. Intuição da mulher cristã, discernimento vital à
compreensão e à superação dos equívocos”. “E,
estando ele no tribunal, sua mulher mandou dizer-lhe: Não te envolvas com esse
justo; porque hoje, em sonho, muito sofri por seu respeito” (Mt 27.19). Vemos
essa sensibilidade no caso da esposa de Pilatos, que lhe avisou para nada fazer
contra Jesus. Vemos também com Maria, mãe de Jesus, que foi a primeira a ser
visitada para falar sobre o filho que teria. A mesma coisa também acontece com
Ana, mãe de Samuel. A palavra nos mostra, em algumas destas histórias a
realidade de que a mulher é mais do que apenas uma dona de casa, mãe ou
trabalhadora. Ela também é aquela que é sensível ao Espírito Santo e tem muito
a contribuir na vida do esposo, da família e da Igreja.
CONCLUSÃO
O
relacionamento de Noemi e Rute nos ensina quão precioso para Deus é o amor
altruísta. Ao pensarem uma na outra e se dedicarem ao cuidado mútuo, ambas
foram alcançadas pelo favor divino (Rt 4.13-17). Em um mundo tão narcisista, o
Senhor espera que nos doemos mais uns aos outros. A família é o primeiro
ambiente no qual o amor deve ser praticado (1Tm 5.8). O segundo, nossa igreja
local.
- Motivada pelas circunstâncias adversas, essa família belemita saiu da
sua terra em busca de refúgio e encontrou a morte. Saiu da casa do pão em busca
de sobrevivência e encontrou a sepultura. Eles fugiram da fome, mas não conseguiram
escapar da morte. Warren Wiersbe diz que, quando os problemas surgem em nossa
vida, podemos fazer uma destas três coisas: “suportá-los, fugir deles ou usá-los a nosso favor. Elimeleque tomou a
decisão errada quando decidiu fugir e deixar sua terra”. Wiersbe, Warren W. Comentário bíblico expositivo. Vol. 2, 2006: p. 174. Noemi
ouviu que Deus visitara o Seu povo e creu. O fato de Deus visitar o Seu povo é
a maior razão para que aqueles que estão longe voltem-se para Ele. Os grandes avivamentos
espirituais aconteceram quando Deus visitou o Seu povo, e, então, os dispersos
voltaram para a Casa do Pão. A Bíblia diz que Rute se apegou a Noemi. Sua
amizade com a sogra não era interesseira. A relação havia sido edificada sobre
o fundamento sólido do amor, e não sobre a areia movediça dos interesses. O
amor é mais forte do que a morte. Nem os rios podem afogá-lo. O amor é
guerreiro, é combativo, ele tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O
amor jamais acaba.
_______________
Pb Francisco
Barbosa (@Pbassis)
Graduado
em Gestão Pública;
Teologia
pelo Seminário Martin Bucer (S.J.C./SP);
Pós-graduando
em Teologia Bíblica e Exegese do Novo Testamento, pela Faculdade Cidade Viva
(J.P./PB);
Servo, barro nas mãos do Oleiro.
_______________
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REVISANDO O CONTEÚDO
1. Que atitudes de Noemi revelam seu altruísmo?
Noemi decidiu liberá-las, para que
voltassem à casa dos pais (Rt 1.7,8; 2.11). Mesmo de avançada idade, Noemi
pensou primeiro em suas noras e no futuro delas
2.
O que a insistência de Noemi extraiu de Rute?
A atitude de Noemi extraiu o que havia no
mais íntimo de Rute: uma convicção amorosa por sua sogra, além de uma
declaração de fé no Deus de Israel.
3.
Como se revelou o amor prático de Rute?
Rute trabalhou – e muito – nos campos de
Boaz. Seu esforço impressionou o chefe dos trabalhadores. No fim do dia,
recolhia tudo e levava para a sogra (Rt 2.7,17,18). Rute não apenas dizia amar,
ela praticava o amor (1 Jo 3.18).
4.
Qual a missão das mulheres mais velhas em relação às mais novas?
As mulheres mais velhas têm a missão de
resistir aos ventos da superficialidade espiritual, sendo piedosas, dedicadas a
Deus e à família, a despeito das pressões da sociedade mundana. Somente assim
poderão inspirar e ensinar as mais novas (Tt 23-5).
5.
Qual a importância da liderança em relação à sensibilidade espiritual da
mulher?
E de grande valor quando esse
extraordinário potencial feminino é reconhecido e floresce sob uma liderança
séria, que orienta o trabalho da mulher, evitando que ela seja explorada em sua
fé (Fp 4.3; Rm 16.12; Mc 12.18- 40; 2 Tm 3.6,7).