Pb Francisco Barbosa
TEXTO ÁUREO
“Então, dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mt 25.41)
Entenda o Texto Áureo:
- à esquerda. Os ímpios.
malditos. Ou seja, vocês que se dedicam à
destruição, que merecem um castigo eterno, e que estão prestes a entrar nele.
“Amaldiçoar” é o oposto de “abençoar”. Implica uma negação de todas as bênçãos
do céu, e uma inflição positiva de sofrimentos eternos.
fogo eterno. “Fogo”, aqui, é usado para denotar
punição. A imagem é empregada para expressar sofrimento extremo, pois uma morte
por queimadura é uma das mais horríveis que podem ser concebidas. A imagem foi
tirada, provavelmente, dos fogos acesos no Vale de Hinom. Tem sido perguntado
se os ímpios serão queimados em fogo literal, e a impressão comum tem sido que
eles serão. Contudo, com respeito a isso, é de se observar:
1.
que a principal
verdade que se pretende ensinar não se refere ao modo de sofrer, mas à certeza
e intensidade do mesmo.
2.
que o objetivo,
portanto, era apresentar uma imagem de sofrimento terrível e pavoroso – uma
imagem bem representada pelo fogo.
3.
que esta imagem era
bem conhecida dos judeus Isaías 66:24, e portanto expressou a ideia de uma
maneira muito forte.
4.
que toda a verdade que
Cristo pretendia transmitir parece ser expressa na certeza, intensidade e
eternidade do tormento futuro.
5.
que não há afirmação
distinta a respeito da modalidade daquele castigo, onde a modalidade foi objeto
de discurso.
6.
que qual será o modo
de punição é comparativamente para nós um assunto de consequência
preparado para o Diabo. O diabo é o príncipe dos espíritos
malignos. Este lugar de punição foi adequado para ele quando se rebelou contra
Deus (Judas 1:6; Apocalipse 12:8-9.
seus anjos. Seus mensageiros, seus servos, ou
aqueles anjos que ele desviou do céu devido à sua rebelião, e que ele empregou
como seus “mensageiros” para fazer o mal. A palavra pode se estender também a
todos os seus seguidores – anjos ou pessoas caídas. Há uma diferença notável
entre a maneira como os justos serão tratados e os ímpios. Cristo dirá a um que
o reino foi preparado para eles; ao outro, que o fogo não foi preparado para “eles”,
mas para outra raça de seres, eles o herdarão porque têm o mesmo caráter “do
diabo”, e por isso são adequados para o mesmo lugar – não porque tenha sido
originalmente “preparado para eles”. [Barnes]
Comentário Schaff
malditos. “De meu Pai” (Mateus 25:34) é
omitido, pois embora a maldição venha de Deus, é por sua própria culpa.
preparado. ‘Desde a fundação do mundo’ não é
adicionado, mas para o diabo e seus anjos, preparados para ele como um diabo
(sua existência pessoal sendo evidentemente assumida). Todas essas diferenças
mostram que Deus é sempre misericordioso e que a punição sobre os ‘malditos’ é
justa, que eles vão para o tormento preparado para o diabo e seus anjos, porque
se prepararam para isso – Que a palavra eterno significa sem fim, dificilmente
admite dúvidas; é usada em Mateus 25:46
da vida dos justos. A palavra fogo pode não ser literal, mas qualquer que seja
a punição anterior ao julgamento geral, depois que os corpos dos ímpios, então
ressuscitados, participarão dela; e isso não é obscuramente sugerido aqui. [Schaff]
VERDADE PRÁTICA
O
Inferno é um lugar real de dor, agonia e desespero. Sua realidade é um alerta
para nós ao longo de nossa jornada.
Entenda a Verdade Prática:
- Essa é a mensagem que devemos declarar a uma cultura mundana,
completamente desprovida de qualquer temor real a Deus. Nós não podemos fazer
isso de forma fiel ou efetivamente se, desde o princípio, omitimos a dura
verdade que a Escritura declara a respeito do “furor da ira do Deus
Todo-Poderoso” (Ap 19.15).
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Mateus 25.41-46
41. Então, dirá também aos que estiverem à sua esquerda
Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus
anjos,
- malditos. “De eu Pai” (Mateus 25:34) é omitido, pois embora a
maldição venha de Deus, é por sua própria culpa. preparado. ‘Desde a fundação do mundo’ não é adicionado, mas
para o diabo e seus anjos, preparados para ele como um diabo (sua existência
pessoal sendo evidentemente assumida). Todas essas diferenças mostram que Deus
é sempre misericordioso e que a punição sobre os ‘malditos’ é justa, que eles
vão para o tormento preparado para o diabo e seus anjos, porque se prepararam
para isso – Que a palavra eterno significa sem fim, dificilmente admite
dúvidas; é usada em Mateus 25:46 da vida dos justos. A palavra fogo pode não
ser literal, mas qualquer que seja a punição anterior ao julgamento geral,
depois que os corpos dos ímpios, então ressuscitados, participarão dela; e isso
não é obscuramente sugerido aqui. [Schaff]
42. porque tive fome, e não me destes de comer, tive
sede, e não me destes de beber,
- O Senhor dá o fundamento da
sentença, que procede nos mesmos termos da anterior. Os crimes pelos quais
essas almas são punidas são os de omissão e negligência; eles falharam em
cumprir os deveres mais elementares de caridade e amor fraterno que a
consciência e a religião natural impõem; eles viveram vidas totalmente egoístas
e inúteis. Se os pecados de omissão são assim punidos, podemos inferir que as
transgressões positivas encontrarão uma retribuição ainda mais pesada. [Pulpit,
aguardando revisão]
43. sendo estrangeiro, não me recolhestes, estando nu,
não me vestistes, e estando enfermo e na prisão, não me visitastes.
44. Então, eles também lhe responderão, dizendo:
Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou na, ou
enferme, ou na prisão e não te servimos?
- O juiz imediatamente rejeita todos
esses fundamentos. Ele não exige nada que qualquer bom homem, cristão ou não,
pudesse não ter feito. Como antes, identificando-se com a raça humana, mostra
que, ao negligenciar atos de misericórdia e caridade para com os aflitos, eles
o desprezavam, o desonravam. [Pulpit, aguardando revisão]
45. Então, lhes responderá, dizendo: Em verdade vos
digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim.
- Os homens serão julgados não apenas
pelo mal feito, mas pelo bem não feito. [Cambridge, aguardando revisão]
46. E indo estes para o tormento eterno, mas os justos,
para a vida eterna.
- castigo eterno... vida eterna. A mesma palavra grega é usada nas
duas circunstâncias. A punição do ímpio é tão infindável quanto a bênção do
justo. Os ímpios não recebem uma segunda chance, nem são aniquilados. A punição
do ímpio após a morte é descrita ao longo de toda a Escritura como "fogo
eterno" (v. 41); "fogo inextinguível" (3.12); "vergonha e
horror eterno" (Dn 12.2); um lugar "onde não lhes morre o verme, nem
o fogo se apaga" (Mc 9.44-49); um lugar de "tormentos" e
"chama" (Lc 16.23-24); "eterna destruição" (2Ts 1.9); um
lugar de tormento com "fogo e enxofre" onde "a fumaça do seu
tormento sobe pelos séculos dos séculos" (Ap 14.10-11); e um "lago de
fogo e enxofre" onde os ímpios são "atormentados de dia e de noite,
pelos séculos dos séculos" (Ap 20.10). Aqui Jesus indica que a punição em
si é eterna — não simplesmente a fumaça e as chamas. Os ímpios estão para
sempre sujeitos à fúria e à ira cie Deus. Eles conscientemente sofrem vergonha
e horror e os ataques de uma consciência que os acusa — juntamente com a fúria
irada de uma divindade ofendida — por toda a eternidade. Até mesmo o inferno
reconhecerá a perfeita justiça de Deus (SI 76.10); aqueles que estiverem ali
saberão que estão sendo punidos justamente e que eles próprios são os únicos
culpados (cf. Dt 32.3-5).
INTRODUÇÃO
O
Inferno é um dos assuntos principais do Novo Testamento. O Senhor Jesus ensinou mais a
respeito do Inferno que o Céu nas páginas dos Evangelhos. Ele também
ensinou mais sobre o Inferno do que o apóstolo Paulo. Por isso, nesta lição,
estudaremos a doutrina bíblica do Inferno. Situando a resistência atual de
muitos em relação à doutrina, veremos as principais palavras que traduzem
“Inferno” e mostraremos que negar essa doutrina bíblica significa negar todo o
cristianismo bíblico.
- Uma das mais solenes verdades das
Escrituras é que as consequências do pecado não terminam com a morte física.
Após a morte, há um julgamento final, e aqueles que morrem em seus pecados
passarão a eternidade no inferno. Muito embora esta doutrina seja
frequentemente ridicularizada e rejeitada, não podemos ignorar o claro
ensinamento das Escrituras: há um lugar para julgamento eterno dos perversos.
Não é verdade que Jesus ensinou mais a respeito do Inferno que o Céu. Um
pequeno levantamento nos mostra que Jesus tratou mais sobre céu do que de
inferno nos evangelhos, vejamos abaixo:
Mateus: Céu: 33 vezes x Inferno: 9 vezes
Marcos: Céu: 16 vezes x Inferno: 3 vezes
Lucas: Céu: 36 vezes x Inferno: 3 vezes
João: Céu: 17 vezes x Inferno: 0 vezes
Total: Céu 102 vezes x Inferno – 15 vezes
Desconheço a fonte utilizada pelo
autor, mas há um equívoco grave nesta lição. Estes dados deixam clara a
preocupação de Jesus em falar sobre o céu, deixando inferno como um assunto de
relevância bem menor que o céu. Ainda acredito que o inferno é um assunto
bíblico e deve ser tratado em nossas igrejas, esclarecido e ensinado. A
especulação irresponsável sobre o inferno tornou a discussão da doutrina
consideravelmente mais difícil ao longo dos anos. Quer se trate de descrições
vívidas do Inferno de Dante ou de sermões revivalistas de “fogo do inferno e
enxofre”, a impressão é muitas vezes dada de que devemos ir além da descrição
bíblica para alertar as pessoas para evitar um lugar tão terrível. Falando
acerca do castigo eterno, um pregador havia apresentado a boa notícia da
mensagem do evangelho: que podemos ser salvos do castigo eterno por meio de
Jesus Cristo. Depois um jovem se aproximou dele, dizendo: “Eu gostaria de falar com você. Veja, nós dois temos uma diferença de
opinião.” - “Qual é a diferença?”,
perguntou o pregador. - “Bem,” o
jovem continuou, “você disse que a
punição dos pecadores que se recusam a se converter é eterno. Eu não acredito
nisso.” - “Se esse é o seu problema,
então eu não sou a pessoa com quem você deve falar”, respondeu o pregador.
“A diferença de opinião não é
principalmente entre nós dois, mas entre você e o Senhor Jesus Cristo. Ele
mesmo contrastou a vida eterna e o castigo eterno. Eu só posso aconselhar você
a ir para o Senhor Jesus imediatamente e esclarecer o assunto com Ele.”
- Que este subsídio te ajude a ter uma
iluminação correta e bíblica do assunto!
I. O PENSAMENTO HUMANO A RESPEITO DO INFERNO
1. Filósofos e teólogos
de mente cauterizada.
Os que vivem na incredulidade, dominados pelos poderes das trevas neste mundo,
negam prontamente a realidade do Inferno. Filósofos humanistas dizem que a
afirmação bíblica da existência do Inferno não é compatível com os valores
éticos modernos. Teólogos modernos e pós-modernos negam a inspiração plenária
da Bíblia e, por isso, agem para enfraquecer a doutrina bíblica sobre o
Inferno, dizendo que se trata de um pensamento pagão que deve ser erradicado da
Bíblia. Outros chegam até a admitir que certas pessoas irão para o Inferno, mas
por tempo provisório. Porém, durante esse período, serão purificadas e
receberão uma segunda chance para entrar no Céu.
- Uma ideia contemporânea a respeito
do inferno é a de que ele é apenas uma metáfora que se refere à infelicidade
que experimentamos nesta vida. Nas memoráveis palavras de Jean Paul Satre,
filósofo existencialista francês, “não há necessidade de enxofre ou grades de
tortura. O inferno é a outra pessoa”. Para ele, o inferno era a dor causada
pela crueldade dos seres humanos. As pessoas falam de suas experiências
devastadoras chamando-as de “infernal”. “Passei por um inferno”, elas dizem. O
inferno é visto como o lado sombrio da vida, a tristeza e o sofrimento pelos
quais as pessoas passam. Nada disso é verdade. O inferno é um lugar real. Não é
uma metáfora nem um símbolo, nem uma descrição de nossa desolação interior ou
de nossos sofrimentos presentes, não importando quão angustiantes eles sejam. O
inferno não é um estado mental. É um lugar com dimensões espaciais. Na parábola
do rico e Lázaro, o rico falou: “Este lugar de tormento” (Lc 16.28), usando a
palavra grega normal que significava “lugar”, da qual procede a nossa palavra
topografia – a ciência de descrever lugares. A Bíblia nos diz que Judas
Iscariotes foi “para o seu próprio lugar” (At 1.25). Não sabemos em que lugar
do universo está o inferno; mas ele tem uma localização precisa, em algum
lugar. A Bíblia sugere o seu grande distanciamento da vida e da luz de Deus, ao
descrevê-lo como “fora” (Mt 8.12; Ap 22.15), “trevas” (Mt 8.12; 22.13; 25.30).
2. O ensino do
Universalismo. Outro
argumento muito frequente atualmente é o falso ensino de que, no final das
contas, todas as pessoas irão para o Céu. Por exemplo, não haveria diferença no
destino de um assassino frio e cruel para um crente que buscou ter uma vida
santa, fugindo do pecado. A ideia central do Universalismo é a de que todos
somos filhos de Deus e, como Ele é um Ser de amor, não pode condenar o ser humano
a uma punição eterna.
- Universalismo é a crença no fato de
que todos serão salvos. Há várias pessoas hoje em dia que defendem o ponto de
vista da “Salvação Universal” - a ideia de que todos os homens eventualmente
irão para o Céu com o Senhor. Talvez seja o pensamento de homens e mulheres
vivendo uma vida de tormento no inferno que faz com que alguns rejeitem o
ensinamento das Escrituras nesta questão. Para alguns é a sua ênfase exacerbada
no amor e na compaixão de Cristo que os levam a acreditar que Deus terá
misericórdia de toda alma vivente. Mas as Escrituras ensinam que alguns homens
irão passar a eternidade no inferno, enquanto outros irão passar a eternidade
no Paraíso com o Senhor.
3. O alerta apostólico. Esses falsos
ensinos revelam a fraude que muitos intelectuais cristãos cometem a respeito do
cristianismo bíblico. O que eles fazem é transformar a verdade de Deus em
mentira, negar integralmente o ensinamento bíblico a respeito da realidade
bíblica do Inferno como se encontra claramente exposto no Novo Testamento. Não
por acaso, o apóstolo Paulo escreveu a respeito desses falsos ensinadores: eles
teriam aparência de piedade, mas negariam sua eficácia (2 Tm 3.5; cf. Mt 7.15);
resistiriam à verdade (2 Tm 3.8; cf. Êx 7.11); apostatariam da fé e dariam
ouvido a doutrina de demônios, tendo suas consciências cauterizadas (1 Tm 4.1).
Atualmente, estamos testemunhando de maneira vivida todos os alertas
apostólicos quanto aos falsos ensinos e ensinadores dos últimos dias.
- Alguns fatos bíblicos sobre falsos
ensinadores:
1. Jesus alertou acerca de falsos
ensinadores (Mt 7.15-17).
2. Paulo alertou acerca de falsos
ensinadores (At 20.29-30; 2Tm 3.13; 2Tm 4.3-4).
3. Pedro alertou acerca de falsos
ensinadores e disse que muitos os seguiriam (2Pe 2.1-2).
4. João alertou acerca de falsos
ensinadores (1Jo 2.18-20).
5. Judas alertou acerca de falsos
ensinadores (Jd 3-4).
Sobre isso, ainda é importante se
dizer que, um conceito errado, uma frase dúbia ou uma ideia descontextualizada,
também configuram um falso ensino! Aqui mesmo nesta revista e em particular
nesta lição, o autor afirmou que Jesus ensinou mais sobre o Inferno do que
sobre o Céu, o que facilmente se comprova ser um equívoco! Também é comentado
no tópico 3 que as pessoas que forem lançadas no Inferno passarão a eternidade totalmente
separadas de Deus, na presença do Diabo e seus demônios, o que
também não é verdadeiro, isso porque Deus é Onipresente! O fato bíblico de Deus
estar presente no Inferno soa estranho para aqueles de nós acostumados com a
definição de inferno como “separação de Deus”, e o céu como um lugar para
aqueles que têm um “relacionamento pessoal com Deus”. Mas as Escrituras não
utilizam estes termos. Muito pelo contrário: se lermos a Bíblia com atenção,
concluímos que todo mundo, cada criatura feita à imagem de Deus, têm uma
relação pessoal com ele. Portanto, após a queda, Deus se relaciona com suas
criaturas, ou como juiz ou como pai. E Deus, que está presente em todos os
lugares em todos os momentos, estará sempre presente no inferno como juiz.
Outro erro, ainda que oculto, quando o autor afirma que os sentenciados ao
inferno estarão na presença de Satanás. Não estarão na presença, como
que Satanás estivesse entronizado lá, mas sim na companhia dele e de seus anjos
igualmente sentenciados à Ira Eterna!
II. COMO A PALAVRA INFERNO APARECE NA BÍBLIA
1. No Antigo
Testamento. A primeira palavra a ser destacada no Antigo Testamento é
Sheol, “mundo inferior dos mortos”, “sepultura”, “inferno”, “cova”. Ela traz a
ideia do AT para “morada dos mortos”, “lugar que não tem retorno”. Essa palavra
aparece 65 vezes no AT: sepultura, lugar para onde os mortos iam (Jó 17.13; SI
16.10; Is 38.10); os fiéis seriam resgatados desse lugar (Sl 16.9-11; 49.15);
os ímpios não seriam resgatados de lá (Jó 21.13; 24.19; SI 9.17; 55.15). No ΑΤ,
ο ensino sobre o destino das pessoas se concentrava mais para o lugar onde os
corpos das pessoas iam, não para o destino da alma após a morte. Não há,
portanto, um texto claro no AT a respeito da divisão do Sheol entre um lugar de
castigo e outro de bênçãos. Assim, o Antigo Testamento aponta para o Novo.
Neste Testamento a doutrina do destino eterno das pessoas após a morte é bem
clara. Contudo, de modo geral, a palavra hebraica Sheol também é descrita como
lugar de castigo (Jó 24.19).
- Embora o Antigo Testamento não entre
em muita profundidade sobre com o que a vida após a morte será parecida, há
umas poucas passagens que claramente ensinam a vida eterna para os justos e o
castigo eterno para os ímpios. Examinaremos brevemente as passagens
concernentes ao castigo do pecado por Deus. Há duas principais visões sobre o
significado da palavra “Sheol”. Um é que ela sempre se refere à sepultura – o
lugar do corpo na morte – e não faz referência à morada do espírito de uma
pessoa após a morte. A visão predominante é que ele é algo que se refere ao
lugar onde o corpo está, e algumas vezes se refere ao “mundo subterrâneo para o
qual todos vão na morte” (Peterson, p. 36). Ainda, ele fala em termos vagos da
vida futura. Essa palavra usada no Antigo Testamento expressou o local onde
foram lançados os espíritos daqueles que mantiveram-se infiéis ao Senhor Deus,
sem arrependimento e sem Seu Divino perdão. Tal local é o conhecido INFERNO
propriamente dito, um local onde a vida da pessoa (afinal cada não somos apenas
carne mas sim espírito primeiramente), segue seu curso em tormento eterno e
também a caminho da eterna separação do Criador no dia do Juízo. Nesse local
está acesa a ira de Deus pois desprezaram Seu infinito amor Redentor (Dt 32.22),
um local onde existem apenas a essência da vida não carnal, as almas de cada
indivíduo não remido (Sl 86.13). Um local onde o Senhor ainda vê os que ali
estão e tem conhecimento do que se passa lá (Sl 139.8), um lugar que está
abaixo dos céus (Pv 15.24), além de tudo é um local que nunca farta-se de
receber almas (Pv 27.20).
2. No Novo Testamento. Três
palavras gregas que aparecem no Novo Testamento foram traduzidas pela palavra
“Inferno”: hades (traduz a hebraica Sheol); tártaro, geena. A palavra hades
significa “lugar de castigo” (Mt 11.23; Lc 10.15; 16.23); também pode se
referir ao estado de morte que o ser humano experimentará no fim da vida (Mt
16.18; At 2.27,31; Ap 1.18). A palavra tártaro traz a ideia de um abismo mais
profundo que a sepultura, a habitação dos ímpios mortos em que eles sofrem
punição pelas suas obras más. Os anjos caídos estão presos neste lugar (2 Pe
2.4). A palavra geena, que aparece 12 vezes no Novo Testamento, significa
“castigo eterno”. É uma palavra que deriva de termos hebraicos atrelados ao
Vale de Hinom, ao lado sul e leste de Jerusalém. Neste lugar, os adoradores de
Moloque sacrificavam bebês pelo fogo (2 Rs 16.3; 21.6). Não por acaso, o
profeta Jeremias se refere ao Vale de Hinom como de julgamento (Jr 7.32; 19.6).
No tempo do NT era um lugar em que se queimava o lixo da cidade. Essa palavra
recebeu todo o simbolismo de “castigo eterno”, “fogo eterno” e “julgamento
final” (Mt 23.33; 25.41,46) que faz jus ao termo Inferno.
- HADES- Uma palavra de mesmo
significado que a anterior, porém em outro idioma, o Grego agora, foi usada no
Novo Testamento em várias situações.
Primeiro verificamos que as portas do conhecido INFERNO não prevalecem
contra a Igreja de Jesus (Mt 16.18), agora não podemos deixar de comentar a
passagem mais explicativa sobre para onde seguem as almas daqueles que não
reconheceram seu estado de pecador e arrependeram-se com o perdão e aceitação
do Filho de Deus, Jesus Cristo, e Seu sacrifício vicário pelos pecados da
humanidade (Lc 16.23), a morte sem salvação leva ao inferno na fase da
tribulação o inferno receberá milhões de pessoas (Ap 6.8), já que vemos que a
morte e o inferno serão lançados no lago de fogo então concluímos que inferno e
lago de fogo não são o mesmo lugar (Ap 20.13-15)!!!
- GEHENNA – Esta palavra Grega tem sua
derivação de duas palavras sendo “GE” que significa um abismo, e “HINNOM”
significando então um local conhecido como o vale ou abismo de Hinnom, situado
ao lado sul e leste de Jerusalém e no tempo do Antigo Testamento era o lugar
onde sacrificavam crianças recém nascidas no fogo ao falso deus Moloque (2Rs 16.3
e 21.6) e onde o ímpio rei Manassés queimou seus filhos (2Cr 33.6), esse lugar
era de aflição morte e fogo, um local de tormento muito grande. Mais tarde foi
chamado de “Geena” o lugar onde em Jerusalém jogavam e queimavam o lixo, o
depósito de lixo com mau cheiro, fumaça e odores de putrefação que encontra-se
fora das cidades. Jesus mencionou tratar-se do lugar onde o fogo não se apaga e
o verme e bicho nunca morrem (Mc 9.43-44). Jesus indicou que esse lugar é
diferente, Ele mostrou a grande diferença dos demais locais citados quando
deixou claro que esse lugar onde há penalidade para almas e corpos (Mt 10.28;
18.9; Lc 12.5). O local de condenação para os que rejeitaram a Justiça de Jesus
Cristo em Seu sacrifício (Mt 23.33).
- TARTAROO- Foi usada apenas uma única
vez no texto de 2 Pedro 2.4 um local de confinamento de anjos caídos
(demônios), mas não todos eles, e sim apenas alguns deles, a razão disso não
trataremos nesse estudo. Mas essa palavra foi usada na mitologia pagã grega
para definir onde os deuses eram punidos e foi usada no livro apócrifo de
Enoque (2.20) para referir aos anjos caídos também.
III. A DOUTRINA BÍBLICA DO INFERNO
1. O
conceito bíblico de Inferno. À luz de Mateus 25.41, o Inferno é um lugar
real. O Deus justo e bom jamais faria um lugar como esse para o ser humano
criado à sua imagem e semelhança (Gn 1.26), mas, sim, para o Diabo e seus anjos
que se rebelaram contra Ele (2 Pe 2.4; Jd 12.6; Ap 12.7). Entretanto, quando o
ser humano despreza a Deus e sua Palavra, colocando-se sob o governo do deus
deste século, o Diabo, será também sentenciado e destinado ao mesmo lugar que
Satanás e seus demônios foram (2 Co 4. 4).
- É importante esclarecer que o
Inferno não é um lugar geográfico, com posição e localização definida. Não tem
endereço fixo, CNPJ ou CEP! A Escritura não nos diz a localização geológica ou
cosmológica do inferno; ela se limita a afirmar que o inferno é um lugar
literal de tormento real, mas não sabemos onde se encontra. O inferno pode ter
uma localização física no universo, ou pode ser em uma “dimensão” completamente
diferente. Qualquer que seja o caso, a localização do inferno é muito menos
importante do que a necessidade de evitar ir lá. Em última análise, o inferno
não se trata do fogo em si, mas de Deus. Seja qual for a natureza exata dos
castigos físicos, o verdadeiro terror que espera os que não se arrependem é o
próprio Deus e a sua presença inevitável para sempre, com o seu rosto virado
contra eles. Paulo fala de serem “banidos
da face do Senhor e da glória do seu poder” em 2Ts 1.9. Ao mesmo tempo, somos
informados em Ap 14.10 que ”se alguém
adora a besta e a sua imagem e recebe a sua marca na fronte ou sobre a mão,
também esse beberá do vinho da cólera de Deus, preparado, sem mistura, do
cálice da sua ira, e será atormentado com fogo e enxofre, diante dos santos
anjos e na presença do Cordeiro”. Na minha opinião, a melhor maneira de se
reconciliar estes versículos é compreender que o julgamento consiste em ser
excluído da presença de Deus como fonte de toda bem-aventurança, contudo não do
senhorio onipresente de Deus.
2. O que ensina a
doutrina?
A realidade do Inferno é um ensino integralmente bíblico (Mt 10.28; 23.33; Mc
9.43; Lc 12.5), descrito como um lugar de tristeza, vergonha, dor e extrema
agonia. Isso porque o ser humano irá para o Inferno de maneira integral: corpo
e alma. Assim, de acordo com o vasto ensino do Novo Testamento, todas as pessoas que desprezam
Jesus como Senhor e Salvador de suas vidas passarão a eternidade totalmente separadas
de Deus, na presença do Diabo e seus demônios (Mt 25.41).
- No Novo Testamento temos uma
definição especialmente para o Dia do Senhor, o dia do Juízo Final, onde sem
dúvida haverá o destino final e cabal de todos aqueles que recusaram o Deus
Criador, Santo e Justo, Misericordioso, está recusa lançará todos os condenados
no Lago de Fogo. A expressão Lago de Fogo aparece cinco vezes no Novo
Testamento e todas elas em Apocalipse (19.20; 20.14-15; 21.8). Então, conforme
indicam as Escrituras, esse local será a morada ETERNA de todos que já morreram
sem Cristo, pois lemos que a morte e o inferno serão jogados no Lago de Fogo
(Ap 20.14), porém sabemos que segundo Apocalipse 19.20 o anticristo e seu falso
profeta serão lançados vivos no Lago de Fogo, e aqui já podemos saber que
trata-se de local final de morada dos ímpios, e que lá viverão com seus corpos
e almas para toda eternidade. A Palavra de Deus nos ensina que esse local é a
segunda morte, isto é, aqui temos sem dúvida a separação eterna da face de amor
de Deus. A colocação do autor todas as
pessoas que desprezam Jesus como Senhor e Salvador de suas vidas passarão a
eternidade totalmente separadas de Deus, na presença do Diabo e seus
demônios (Mt 25.41).
merece uma explicação: “separadas de Deus” não implica dizer que Deus não
estará presente ali, senão, estaremos limitando a Sua Onipresença. Entendo essa
afirmativa do autor como “separadas do
amor de Deus”. O inferno não será governado por Satanás, tampouco ele e
seus asseclas atormentarão os homens ali lançados; eles serão também
atormentados. Entendo o enunciado “na presença do Diabo” como “na companhia do Diabo”. Se for assim, o
enunciado estará correto. Se não, pode ser um falso ensino, por limitar a
Onipresença de Deus e por dar uma posição de autoridade ao Adversário.
3. O castigo será eterno. Diversas
passagens do Novo Testamento denotam a realidade do Inferno como lugar de
castigo eterno: fogo inextinguível (Mt 3.12; Mc 9.43,48); fornalha acesa (Mt
13.42,50); trevas (Mt 8.12; 22.13); fogo eterno (Mt 25.41); Lago de Fogo (Ap
19.20; 20.10,14,15). Então, o castigo eterno se configura como uma penalidade
aos que se rebelaram contra Deus e sua Palavra. Por isso, esse castigo tem
relação direta com o pecado. Todos os pecadores que não se arrependeram de seus
pecados serão lançados no Lago de Fogo, o Inferno, logo após o julgamento do
Grande Trono Branco (Ap 20.11-15). Contudo, precisamos observar algo
importante. A ida do ser humano para o Inferno não é uma iniciativa primária de
Deus, mas um fruto da escolha do ser humano em viver deliberadamente em
rebelião contra o Altíssimo. O ensino bíblico é claro e simples: os que
rejeitaram a Cristo receberão o castigo eterno (Mt 25.46); os que escolheram a
Cristo receberão a vida eterna (Jo 5.26). Portanto, a escolha de ir para o Céu
ou para o Inferno, se passarmos a eternidade com Cristo ou sem Ele, é pessoal.
- Cremos no castigo eterno, que
aqueles que não se arrependem do pecado e crêem em Jesus Cristo para salvação,
sofrerão tormento eterno no lugar chamado Inferno. Por que cremos em algo tão
terrível?
(1) A Bíblia ensina claramente isso.
Mateus 25.46 diz: “E irão estes para o
tormento eterno, mas os justos para a vida eterna”. Apocalipse 14.11 diz: “E a fumaça do seu tormento sobe para todo o
sempre; e não têm repouso nem de dia nem de noite…”.
(2) A justiça de Deus demanda tal
coisa. Todos os homens estão num estado de rebelião contra Deus, como é
evidente a partir disso: que a vasta maioria deles não se importa com Ele ou
com a Sua Palavra. Nada menos que o castigo é a justa retribuição para tal
pecado contra o Altíssimo Deus, Aquele que nos criou.
(3) Mediante uma negação do castigo
eterno, afirmar-se por implicação que a cruz e a morte de Jesus Cristo não têm
nenhum efeito, visto que não há nada do que os pecadores precisam ser salvos,
nem qualquer necessidade de salvá-los se não estiverem no caminho para o
Inferno. Sem Inferno, portanto, o mandamento do Evangelho para se arrepender ou
perecer não é mais verdadeiro, nem existe qualquer necessidade ou urgência de se
arrepender e crer no Evangelho. Talvez você seja um daqueles que não crêem no
Inferno, nem em Jesus Cristo.
A Bíblia fala do Inferno, então, não
para apavorá-lo, mas para alertá-lo (2Co 5.11), e mostrar-lhe o porquê você
precisa crer nEle.
CONCLUSÃO
À
luz da Bíblia, a possibilidade de passar a eternidade num contexto de dor e
sofrimento é real. Por isso, essa realidade deve valorizar mais a tão grande
salvação que Deus providenciou para as nossas vidas e, por isso, devemos estar
firmes em Jesus durante a nossa jornada de fé, pois sem Cristo, o ser humano
passará a eternidade longe de Deus.
- O que você pensa do ensino da Bíblia
sobre esse assunto? Você crê no que Deus diz em Sua Palavra sobre aquele
terrível lugar chamado Inferno? Se não, por favor, considere que suas crenças
colocam-no no perigo de ir parar lá! Negar o Inferno ou o castigo eterno é
negar o ensino claro da Bíblia. Negar o claro ensino da Bíblia é ser um
mentiroso (1Jo 2.22), e nenhum mentiroso entrará no reino do céu (Ap 21.27). O
diabo tenta persuadir as pessoas de que um Deus de amor não pode lançar pessoas
no inferno pela eternidade. Mas não sejamos enganados! Deus declara
inequivocamente em Sua Palavra que há glória eterna e há condenação eterna.
Tanto um quanto o outro existirão eternamente. Deus, portanto, nos convida a
vir a Jesus Cristo com nossos pecados para obter perdão e vida eterna. O
sofrimento e morte do Filho de Deus na cruz foram necessários para expiar nossa
culpa. Visto que Deus é santo, nossos pecados são horríveis aos Seus olhos!
_______________
Pb Francisco
Barbosa (@Pbassis)
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REVISANDO O CONTEÚDO
1. Explique
pelo menos um argumento apresentado na lição que nega o ensino bíblico sobre o
Inferno.
Teólogos modernos e pós-modernos negam a
inspiração plenária da Bíblia e, por isso, agem para enfraquecer a doutrina
bíblica sobre o Inferno, dizendo que se trata de um pensamento pagão que deve
ser erradicado da Bíblia.
2. O que os
falsos ensinadores afirmam ao distorcerem as verdades do cristianismo bíblico?
O que eles fazem é transformar a verdade
de Deus em mentira, negar integralmente o ensinamento bíblico a respeito da
realidade bíblica do Inferno como se encontra claramente exposto no Novo
Testamento.
3. Qual palavra
do Novo Testamento traz o simbolismo de “castigo eterno”, “fogo eterno” e
“julgamento final”?
A palavra geena recebeu todo o simbolismo
de “castigo eterno”, “fogo eterno” e “julgamento final” (Mt 23.33; 25.41,46)
que faz jus ao termo Inferno.
4. Cite ao
menos três expressões que descrevem o Inferno.
Fornalha acesa (Mt 13.42,50); fogo eterno
(Mt 25.41); Lago de Fogo (Ap 19.20; 20.10,14,15).
5. De quem é a
iniciativa primária do destino do ser humano ao Inferno?
A ida do ser humano para o Inferno não é
uma iniciativa primária de Deus, mas um fruto da escolha do ser humano em viver
deliberadamente em rebelião contra o Altíssimo.