Pb Francisco Barbosa
TEXTO PRINCIPAL
“E disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, e da linhagem real, e dos nobres.” (Dn 1.3)
Entenda o Texto Principal:
- Aspenaz, chefe de seus eunucos. “Eunucos” significam os
camareiros do rei. da família real.
Compare a profecia a Ezequias: “Eis que
vêm dias, em que tudo o que está em tua casa, e tudo o que teus pais
entesouraram até hoje, será levado a Babilônia, sem restar nada, disse o
SENHOR. E de teus filhos que sairão de ti, que haverás gerado, tomarão; e serão
eunucos no palácio do rei da Babilônia.” (2Reis 20:17-18). [JFU]
RESUMO DA LIÇÃO
Daniel
é um exemplo inspirador de fidelidade em uma cultura hostil.
Entenda o Resumo da Lição:
- A vida de fidelidade a Deus de Daniel pode nos ensinar
lições que nos ajudarão a permanecer de pé mesmo que as circunstâncias ao nosso
redor sejam de tragédia, dor e sofrimento.
TEXTO BÍBLICO
Daniel 1.5-14
5 E o rei lhes determinou a ração de cada dia, da
porção do manjar do rei e do vinho que ele bebia, e que assim fossem criados
por três anos, para que no fim deles pudessem estar diante do rei.
– da comida do rei – É comum um rei
oriental entreter, da comida de sua mesa, muitos servos e cativos reais
(Jeremias 52:33-34). O hebraico para “carne” implica iguarias. estar
diante do rei – como cortesãos atendente; não como eunucos. [Fausset,
aguardando revisão].
6 E entre eles se achavam, dos filhos de Judá, Daniel,
Hananias, Misael e Azarias.
– filhos de Judá – a mais nobre tribo,
sendo aquela a qual a “semente do rei” pertencia (compare Daniel 1:3).
[Fausset, aguardando revisão].
7 E o chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, a
saber: a Daniel pôs o de Beltessazar, e a Hananias o de Sadraque, e a Misael, o
de Mesaque, e a Azarias o de Abednego.
– nomes. Um fator determinante no
processo treinamento babilônio era a mudança de nome. Isso era feito para ligar
os aprendizes aos deuses locais, em vez de apoiar a antiga lealdade religiosa deles.
Daniel significa "Deus é o meu juiz", mas passou a ser chamado de
Beltessazar, que significa "Bel protege o rei". Hananias significa
"O Senhor é gracioso", mas teve o nome mudado para Sadraque,
"Ordem de Aku", outro deus babilônio. Misael, que quer dizer
"Quem é como o Senhor", recebeu o nome de Mesaque, "Quem é como
Aku?". Finalmente, Azarias, "O Senhor é meu ajudador”, tornou-se
Abede-Nego, ou seja, "Servo de Nego", também chamado de Nebo, deus da
vegetação (cf. Is 46.1).
8 E Daniel assentou no seu coração não se contaminar
com a porção do manjar do rei, nem com o vinho que ele bebia; portanto, pediu
ao chefe dos eunucos que lhe concedesse não se contaminar.
– As comidas e bebidas dos pagãos eram dedicadas aos ídolos.
Regalar-se com elas seria entendido como honrar essas divindades. Daniel
decidiu em seu coração (Pv 4.23) não fazer concessões para não ser infiel ao
chamado de compromisso de Deus (cf. Êx 34.14-15). Além disso, alimentos que
haviam sido proibidos pela lei (Lv 11) estavam entre os que os pagãos consumiam;
partilhar deles implicava fazer concessões diretas (cf. Dn 1.12). Moisés também
adotou essa postura (Hb 11.24-26), como também o fizeram o salmista (Sl
119.1151 e Jesus (Hb 7.26). Cf. 2Co 6.14-18; 2Tm 2.20.
9 Ora, deu Deus a Daniel graça e misericórdia diante
do chefe dos eunucos.
– Deus honrou a fidelidade e a lealdade de Daniel ao
soberanamente agir de maneira favorável para com ele entre líderes pagãos. Nesse
momento, isso evitou que ele fosse perseguido e fez com que fosse respeitado,
embora, mais tarde, Deus tenha permitido que Daniel viesse a sofrer oposição, o
que também o dignificou (Dn 3.6). De um modo ou de outro, Deus honra os que o
honram (ISm 2.30; 2Cr 169).
10 E disse o chefe dos eunucos a Daniel: Tenho medo do
meu senhor, o rei, que determinou a vossa comida e a vossa bebida; por que
veria ele os vossos rostos mais tristes do que os jovens que são vosso iguais?
Assim, arriscareis a minha cabeça para com o rei.
– pior gosto – parecendo menos
saudável. seu tipo – da sua idade ou classe; literalmente, “círculo”. poríeis
minha cabeça em risco – Um déspota oriental arbitrário poderia, em um
ataque de ira por suas ordens terem sido desobedecidas, ordenar que o ofensor
fosse imediatamente decapitado. [Fausset, aguardando revisão]
11 Então, disse Daniel ao despenseiro a quem o chefe
dos eunucos havia constituído sobre Daniel, Hananias, Misael e Azarias:
– Melsar (“despenseiro” em algumas
traduções). O mordomo, ou mordomo-chefe, encarregado por Aspenaz de fornecer a
comida diária aos jovens (Gesenius). A palavra ainda está em uso na Pérsia.
[JFU].
12 Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias,
fazendo que se nos dê em legumes a comer e água a beber.
– legumes. Essa palavra hebraica
aparece na forma do plural no AT apenas aqui e no v. 16. EIa pode se referir a
trigo ou cevada, ou a vegetais frescos.
13 Então, se examine diante de ti a nossa aparência e
a aparência dos jovens que comem a porção do manjar do rei, e, conforme vires,
te hajas com os teus servos.
– Ilustrando Deuteronômio 8:3, “O homem não vive só de pão,
mas de toda palavra que sai da boca do Senhor”. [Fausset, aguardando revisão]
14 E ele conveio nisso e os experimentou dez dias.
– E ele consentiu-lhes nisto. O
experimento foi tal, já que seria por tão pouco tempo, que ele correu pouco
risco no assunto, como no final de dez dias ele supôs que seria fácil mudar seu
modo de dieta se o experimento não fosse bem-sucedido. [JFU].
- OBS.: Todos os comentários,
exceto os com citações, são da Bíblia de Estudo MacArthur, SBB, Edição de
Janeiro de 2017)
- Caso deseje, poderá baixar o
MyBible: https://play.google.com/store/apps/details?id=ua.mybible.
INTRODUÇÃO
Neste
trimestre, teremos o privilégio e nos aprofundar nos estudos do Livro de
Daniel. Considerado o “Apocalipse do Antigo Testamento”, em virtude das
revelações e visões escatológicas que o Senhor deu ao profeta, Daniel é um
livro histórico e profético. Ele abrange o período no qual os israelitas
estiveram exilados na Babilônia, destacando as experiências marcantes e
desafiadoras de Daniel e seus amigos em terra estrangeira. Ao percorrermos os
seus 12 capítulos, seremos conduzidos a uma compreensão mais profunda da
relevância e urgência da mensagem de Daniel para os nossos dias. Daniel é um
exemplo inspirador para os cristãos em geral e os jovens em particular. Seu
testemunho de vida nos encoraja a enfrentar as adversidades e a cultura
secularizada, pluralista e neopagã que predomina na sociedade ocidental
contemporânea. É um modelo de líder levantado por Deus numa cultura hostil. Na
primeira lição, teremos uma visão panorâmica do livro e do seu contexto, e o
início da vida dos jovens hebreus no cativeiro babilônico.
- Daniel não era profeta, não
esteve numa escola de profetas. A sua “profecia” foi resultado de seu
relacionamento e compromisso com Deus e com o povo de Deus, Israel. Daniel era
um hebreu comum colocado numa lata posição para fazer diferença. Daniel viveu
numa época muito especial de Israel, onde a nação foi sitiada e tomada por Nabucodonosor,
rei babilônico, que governou de 605 a.C. a 562 a.C. No exílio babilônico,
Daniel foi instrumento de Deus, simbolizando a continuidade de Israel e representando
os planos soberanos de Deus para as nações.
I. O LIVRO DE DANIEL
1. Panorama geral. Os 12 capítulos
do Livro de Daniel percorrem um longo período histórico que começa com a
primeira invasão babilônica ao Reino de Judá (605 a.C.), até a queda da
Babilônia diante de Ciro da Pérsia (536 a.C.). O livro narra a trajetória de
Daniel e de seus amigos, destacando os desafios culturais, políticos, morais e
espirituais que eles suportaram em terra estrangeira. Ao longo de todo esse
tempo, o profeta viveu e serviu com fidelidade a Deus perante as cortes
imperiais, desde a juventude até a sua velhice. Também registra as mensagens
proféticas que o Senhor lhe revelou, inclusive interpretações de sonhos, visões
de animais simbólicos e uma visão detalhada dos eventos escatológicos. Por
isso, o livro é chamado de “Apocalipse do Antigo Testamento”.
- O livro de Daniel é diferente
do resto dos livros que compõem o Antigo Testamento. Embora na Bíblia, em
português, se encontre entre os profetas, no Canon Hebraico foi colocado entre
os Escritos (Ketûbim); Embora seja considerado entre os profetas, não contém
mensagens proclamadas em nome do Senhor, à maneira dos profetas e, Embora
contenha parte de seu conteúdo de narrativa, não se trata de um livro histórico
no sentido em que o são os livros de Reis, mesmo começando a partir de um ponto
na história e se mostrando claramente interessado nela. Joyce
Baldwin. Daniel Introdução e Comentário, p.15.
- O livro de Daniel usa sonhos e
visões, sinais, símbolos e números para declarar o curso da história e chamar a
atenção ao seu significado, mapeando seu curso à medida em que ela se encaminha
para o final. “Por mais diferente que o
livro possa ser em seus conceitos e métodos, há uma continuidade teológica com
a lei e os profetas, especialmente na sua pressuposição de que o Deus que deu
início à vida humana controla a história e a levará ao termo por Ele designado”
Joyce Baldwin. Daniel Introdução e Comentário, p.15.
2. Autoria e mensagem. É dominante entre
estudiosos judeus e cristãos que o autor deste livro é o próprio Daniel,
conforme atestam as evidências internas (Dn 8.15; 27; 9.2; 10.2) e a referência
de Jesus ao profeta (Mt 24.15). Os seus registros históricos revelam um período
crucial e angustiante para os israelitas, no qual viveram exilados em meio a
uma cultura diferente e hostil. O seu conteúdo vibrante compõe uma mensagem
repleta de significados e ensinamentos. Destaca a necessidade de o crente
manter a fé inabalável em momentos de adversidades e nos recorda de que podemos
ser íntegros em qualquer ambiente. Mostra que Deus é soberano e o Senhor da
história, pois o reino, o domínio e a majestade dos reinos lhe pertencem (Dn
7.27).
- Várias passagens indicam que o
autor do livro é Daniel (8.15,27; 9.2; 10.2,7; 12.4-5), cujo nome significa
"Deus é meu Juiz". A partir de 7.2, ele escreve de maneira autobiográfica,
na primeira pessoa do singular, e deve ser distinguido dos outros três
"Daniéis" do Antigo Testamento (cf. 2Cr 3.1; Ed 8.2; Ne 10.6). Quando
ainda adolescente, talvez aos 15 anos de idade, Daniel foi retirado à força de sua
nobre família em Judá e levado cativo para a Babilônia, onde passou por um
processo de imersão na cultura babilônia que tinha a finalidade de prepará-lo
para a tarefa de servir de mediador com os judeus que haviam sido levados para
lá. Ali ele passou o restante de sua longa vida (85 anos ou mais). Ele
conseguiu tirar o máximo proveito do exílio, tendo sido bem-sucedido em exaltar
a Deus pelo seu caráter e fidelidade. Rapidamente por meio de nomeação real ele
foi elevado ao posto de estadista e serviu como confidente de reis bem como
profeta em dois impérios mundiais, ou seja, da Babilônia (2.48) e do Medo-Persa
(6.1-2). Cristo ratificou Daniel como o autor desse livro (cf. Mt 24.15). Daniel
viveu além do tempo descrito em 10.1 (c. 536 a.C.). Parece bem provável que ele
tenha escrito esse livro pouco tempo depois dessa data, mas antes de c. 530 a.C.
A passagem de Dn 2.4b—7.28, que descreve profeticamente o curso da história dos
gentios, foi originalmente e de modo apropriado escrito em aramaico, a língua usada
nos negócios internacionais da época. Ezequiel, Habacuque, Jeremias e Sofonias
foram os profetas contemporâneos de Daniel.
3. Estrutura e peculiaridades. Por se tratar de
um documento histórico, e ao mesmo tempo, profético, é possível dividir o livro
em duas seções que formam um todo perfeito. Na primeira parte (capítulos 1 a
6), são narrados os fatos e as experiências importantes na vida de Daniel
dentro da Babilônia. Na segunda (capítulos 7 a 12), estão as visões e as
mensagens proféticas, que revelam acontecimentos dos séculos seguintes e até o
tempo do fim. Uma das peculiaridades do Livro de Daniel é que, embora seja
considerado um profeta, Daniel não profetizou diretamente ao povo, como outros
profetas do Antigo Testamento. Em vez disso, ele serviu como um conselheiro e
intérprete de sonhos e visões para reis e governantes da Babilônia. Outra
característica notável deste livro é o uso de duas línguas diferentes. A maior
parte, do capítulo 2 ao capítulo 7, está escrita em aramaico. Os capítulos 1 e
8 até o final do livro são escritos em hebraico. Essa mudança de língua reflete
a natureza do livro, que abrange eventos ocorridos na Babilônia e profecias relacionadas
a Israel.
- Daniel foi escrito para
encorajar os judeus exilados ao revelar o programa de Deus para eles, tanto
antes como depois do domínio dos gentios sobre o mundo. De proeminência sobre
todos os demais temas em todo o livro é o controle soberano que Deus exerce sobre
todos os assuntos que dizem respeito a todos os governantes e suas nações e
acerca da substituição deles. 2.20-22,44. (cf. 2.28,37; 4.34-35; 6.25-27). Deus
não foi derrotado ao permitir que Israel caísse (Dn 1), mas estava providencialmente
pondo em movimento seus propósitos infalíveis para uma manifestação certa e
plena de seu Rei, o Cristo exaltado. De modo soberano, ele permitiu que os
gentios dominassem Israel, ou seja, a Babilônia (605-539 a.C.}, o Império
Medo-Persa (539-331 a.C.), a Grécia (331-146 a.C.), Roma (146 a.C.-476 d.C.) e
tudo o mais até o segundo advento de Cristo. Esses estágios sob o domínio dos
gentios está exposto nos caps. 2 e 7. Esse mesmo tema também abrange a
experiência que teve Israel na derrota e, finalmente, na bênção de seu reino
apresentada nos caps. 8—12 (cf. 2.35,45; 7.27). Um aspecto-chave dentro desse
tema geral do controle majestoso de Deus é a vinda do Messias para dominar o
mundo em glória sobre todos os homens (2.35,45; 7.13-14,27). No cap. 2 ele é
semelhante a uma pedra, e semelhante ao filho do homem no cap. 7. Além disso,
ele é o Ungido (o Messias) no cap. 9.26. O cap. 9 nos fornece a estrutura
cronológica da época de Daniel até o tempo do reinado de Cristo. Um segundo
tema entretecido na obra de Daniel é a apresentação do poder soberano de Deus
por meio de milagres. A era de Daniel está entre as seis apresentadas na Bíblia
que põem um foco maior nos atos milagrosos de Deus, por meio dos quais ele
realiza seus propósitos. Os outros períodos incluem: 1) a criação e o dilúvio
(Gn 1—11); os patriarcas e Moisés (Gn 12—Deuteronômio); 3) Elias e Eliseu (lRs
17—2Rs 13); 4) Jesus e os apóstolos (os Evangelhos e Atos); e 5) o tempo da
segunda vinda de Cristo (Apocalipse). Deus, que tem o domínio eterno e a
habilidade para agir de acordo com a sua vontade (4.34-35), é capaz de realizar
milagres, sendo todos eles menores em grandeza do que o que ele exibiu quando agiu
como criador em Gn 1.1. Daniel conta como Deus o capacitou para relatar e
interpretar os sonhos que usou para revelar a sua vontade (caps. 2; 4; 7).
Outros milagres são: 1) o escrito na parede e a interpretação que Daniel faz
dele (cap. 5); 2) sua proteção concedida aos três jovens lançados na fornalha
de fogo (cap. 3); 3) a proteção e libertação de Daniel quando jogado na cova
dos leões (cap. 6); e 4) suas profecias sobrenaturais (caps. 2; 7—8; 9.24-12.13).
II. COMPREENDENDO O CONTEXTO
1. O contexto histórico. No pano de fundo histórico dos primeiros
capítulos do Livro de Daniel, há um cenário de agitação e instabilidade
decorrente da disputa pelo predomínio político na região. Em 605 a.C., após
derrotar o Faraó Neco do Egito, na Batalha de Carquemis (Jr 46.2), a Babilônia
estava se consolidando como grande potência mundial. Liderada por
Nabucodonosor, o exército babilônico invadiu e sitiou Jerusalém no terceiro ano
do reinado de Jeoaquim (2 Rs 24.1-6). Era o início das invasões babilônicas ao
Reino de Judá e sua capital. Posteriormente, em duas outras oportunidades, a
cidade voltou a ser invadida: em 597 a.C. (2 Rs 24.10-14), e a terceira, a
maior de todas elas, em 586 a.C., ocasião em que a cidade foi arrasada e o
Templo, destruído.
NABUCODONOSOR - Nebo protege o
limite! Filho e sucessor de Nabopolassar, o fundador do império babilônico (605
a 562 a.C.). Ele foi mandado por seu pai, à frente de um exército, para
castigar Faraó-Neco, rei do Egito. Pouco tempo antes tinha este príncipe
invadido a Síria, derrotado Josias, rei de Judá em Megido, e submetido toda
aquela região, desde o Egito a Carquemis, cidade situada sobre o Eufrates
superior, que, na divisão dos territórios de Assíria depois da destruição de
Ninive, tinha passado para Babilônia (2 Rs 23.29, 30). Nabucodonosor derrotou
Neco na grande batalha de Carquemis, 605 a.C. (Jr 46.2 a 12), recuperou
Coele-Síria, Fenícia e Palestina, tomou Jerusalém (Dn 1.1,2), e estava em
marcha para o Egito, quando recebeu notícias da morte de seu pai - voltou,
então, apressadamente para Babilônia, apenas acompanhado das suas tropas
ligeiras. Foi por este tempo que Daniel e seus companheiros foram conduzidos
para Babilônia, onde bem depressa se tornaram notáveis sob a proteção de
Nabucodonosor (Dn 1.3 a 20). o rei Jeoaquim, que tinha sido conservado sobre o
trono de Judá, como rei vassalo de Nabucodonosor, revoltou-se, passados três
anos, contra os dominadores (2 Rs 24). o imperador da Babilônia, pela segunda
vez, marchou contra Jerusalém, que se submeteu sem grandes esforços (Jr 22.18,
19). Jeoaquim foi morto, e em seu lugar foi colocado seu filho Joaquim, que
dentro de três meses deu sinais de não estar satisfeito com o jugo, provocando
assim a vinda de Nabucodonosor a Jerusalém pela terceira vez. o imperador
babilônio depôs o jovem príncipe e mandou-o para Babilônia, conservando-o preso
pelo espaço de trinta e seis anos. Com o rei de Judá foi também uma grande
parte da população, sendo também levados os principais tesouros do templo, que
foram depositados no templo de Bel-Merodaque. Depois reinou Zedequias, filho do
rei Josias e tio de Joaquim, em Judá, como rei vassalo - mas fez um tratado com
o imperante do Egito, apesar dos avisos de Jeremias (Ez 17. 15), cortando a sua
aliança com o rei da Babilônia. Veio novamente Nabucodonosor, e, depois de um
cerco de dezoito meses, tomou a cidade de Jerusalém (586 a.C.). os filhos de
Zedequias foram assassinados à vista de seu pai - depois foram tirados os olhos
ao próprio rei, que foi levado para Babilônia, onde foi definhando até ao fim
da vida (2 Rs 24.8 - 25.21). Deve notar-se que o profeta Jeremias (Jr 32.4, 5 -
34.3) tinha predito a deportação de Zedequias para Babilônia, ao passo que
Ezequiel (Ez 12.13) tinha profetizado que ele não veria aquela cidade. Ambas as
profecias foram literalmente cumpridas, visto como Zedequias foi cruelmente
privado da vista antes de ser arrastado a duro cativeiro naquela cidade.
Gedalias, judeu, foi nomeado governador de Jerusalém, mas pouco tempo depois
foi morto, fugindo muitos judeus para o Egito, e sendo outros levados para
Babilônia. À conquista de Jerusalém seguiu-se rapidamente a queda de Tiro e a
completa submissão da Fenícia, 586 a C. (Ez 26 e 28). Depois destes
acontecimentos foram os babilônios contra o Egito, infligindo grandes penas a
este país, 582 a.C. (Jr 46.13 a 26 - Ez 29.2 a 20). Dizia mais tarde
Nabucodonosor: ‘Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei?’ (Dn 4.30).
Este seu orgulho fundava-se em ter admiravelmente realizado a construção de
grandes obras. Nessas obras estavam compreendidos mais de vinte templos, várias
fortificações, a abertura de canais, extensos diques junto do rio, e os
célebres jardins suspensos. Em toda a Babilônia a descoberta de tijolos,
achando-se neles gravados o nome de Nabucodonosor, é um atestado do seu espirito
empreendedor, bem como da sua opulência e gosto. As escavações que se têm feito
em Babilônia nestes últimos anos, especialmente no inverno de 1908 a 1909,
puseram a descoberto uma parte considerável do palácio de Nabucodonosor, cuja
magnificência não foi exagerada. Um dos muros exteriores, por exemplo, tem mais
de 21 metros de espessura. Um dos mais lembrados incidentes da vida de
Nabucodonosor é a construção da grande imagem na planície de Dura, recusando-se
a adorá-la Sadraque, Mesaque, e Abede-Nego. Foram, por isso, estes jovens
lançados numa fornalha de fogo, mas miraculosamente preservados de todo o mal
(Dn 3). Pelo fim do seu reinado, como castigo da sua soberba e vaidade, foi
Nabucodonosor atacado de uma estranha forma de loucura, a que os gregos chamam
licantropia - por essa doença imagina o enfermo estar transmudado em animal,
abandonando então as habitações dos homens e indo para os campos viver uma vida
de irracional (Dn 4.33). o primeiro uso que fez da sua restaurada razão foi
reconhecer a justiça do Poderoso Governador dos homens, e oferecer um cântico
de louvor pela mercê que lhe foi concedida. Morreu em idade avançada, tendo
reinado pelo espaço de quarenta e três anos. Uma espécie de monoteísmo, com
mistura de politeísmo, pelo que nos diz a Escritura, pode explicar a sua quase
exclusiva devoção a um deus do seu país, que tinha o nome de Merodaque (Dn 1.2
- 4.24, 32, 34, 37 - 2.47 - 3.12, 18, 29 - 4.9). Parece, em algumas ocasiões,
ter identificado Merodaque com o Deus dos judeus (Dn 4) - mas em outras parece
ter considerado o Senhor como uma das divindades locais e inferiores, sobre as
quais governava Merodaque (Dn 3).
2. Um rei ímpio. Jeoaquim era filho de Josias e sucedeu seu pai como rei
de Judá aos vinte e cinco anos de idade (2 Rs 23.36). Foi um rei ímpio que não
andou nos caminhos do Senhor. O profeta Jeremias proclamou a mensagem de Deus,
alertando Jeoaquim e o povo de Judá sobre a vinda do juízo divino devido à
idolatria e à injustiça. Ele exortou o rei e o povo a se arrependerem e a se
voltarem para Deus. Jeoaquim não apenas rejeitou as palavras do profeta, mas
também queimou o rolo no qual a Palavra de Deus estava escrita (Jr 36.20-26).
- JEOAQUIM - o Senhor eleva.
Irmão e sucessor de Jeoacaz, rei de Judá. Ele deveu a sua coroa a Faraó-Neco,
que lhe mudou o nome, de Eliaquim em Jeoaquim (2 Rs 23.34 a 36). Por quatro
anos foi tributário daquele monarca - mas, depois da batalha de Carquemis, em
que Neco foi vencido por Nabucodonosor, foi Jeoaquim, e outros reis vassalos,
compelido a aceitar a soberania do conquistador babilônio. Quatro anos depois
da submissão da Judéia, revoltou-se o rei Jeoaquim contra o imperador da
Babilônia (2 Rs 24.1) - mas este, passado pouco tempo, o atacou e capturou,
sendo sua intenção levá-lo primeiramente para Babilônia (2 Cr 36.6): tomando,
contudo, outra resolução, mandou-o matar. E assim, depois de um reinado iníquo
de onze anos, de grandes perturbações, foi Jeoaquim morto, sendo o seu corpo
arremessado para fora das portas de Jerusalém, com indignação, como Jeremias o
havia anunciado, pois tinha feito ver ao rei o perigo e a loucura de
revoltar-se contra Nabucodonosor (Jr 22.18,19 - 26.23). O caráter do rei está descrito
em poucas palavras em 2 Rs 23.37: ‘Fez ele o que era mau perante o Senhor’,
sendo muitas das suas maldades a proteção que ele dava à idolatria e a
perseguição aos profetas e sacerdotes (2 Cr 36.8 - Jr 26 - Ez 8).
3. Deus castiga seu povo. Israel havia virado as costas para Deus. Em vez
de arrependimento, os líderes e a nação endureceram o coração para não seguirem
os seus estatutos (2 Cr 36.14). Por essa razão, o Senhor estava disciplinando o
povo da promessa, ao permitir o seu cativeiro e a destruição da cidade. O
profeta Daniel é enfático ao escrever que foi o Senhor que entregou o rei de
Judá nas mãos de Nabucodonosor e permitiu que os utensílios do Templo fossem
saqueados e profanados. O Senhor corrige quem Ele ama (Hb 12.6) e toda a
história está sob o seu controle. Ele é soberano sobre todas as coisas e até
mesmo os ímpios podem ser usados para cumprir a sua vontade!
- O reinado de Zedequias, também
conhecido como Matanias (c. 597-586 a.C.). Cf. 2Rs 24.17-25.21; Jr 52.4-27.
Jeremias profetizou durante esse reinado (Jr 1.3) e escreveu Lamentações para
lamentar a destruição de Jerusalém e do templo em .586 a.C. Ezequiel recebeu o
seu chamado durante esse reinado (Ez 1.1) e profetizou do 592a.C. até a sua
morte em 560 a.C. A soberania divina sobre a História garante a sobrevivência
de Israel, como o povo da aliança, preparando-os para a redenção futura, na
vinda do Filho do homem; enquanto descreve o domínio de Deus sobre os reinos,
reis e o destino das nações gentílicas. O livro de Daniel é dirigido a uma
comunidade que deve esperar sofrer por sua fé. Isso não deveria ser motivo de
surpresa, ou uma indicação de abandono divino. Esse povo deve considerar as
crises religiosas uma indicação da presença do mal no mundo. E que a libertação
virá de acordo com um cronograma estabelecido pelo soberano Senhor. O
remanescente fiel deve obter conforto na compreensão de que Deus está trabalhando
no desenrolar da história humana, embora isso possa exigir que os justos sofram
por um tempo.
III. A RELEVÂNCIA DO LIVRO DE DANIEL
PARA OS NOSSOS DIAS
1. Um livro para todas as épocas. Olhando para a jornada íntegra deste
jovem hebreu até a sua velhice, chegamos à conclusão de que o Livro de Daniel é
para todas as épocas. Retirado à força de sua casa, quando ainda tinha cerca de
quatorze anos, Daniel foi conduzido até uma terra estrangeira. Dentro de uma
cultura hostil, cercado por inimigos, enfrentou diversos ataques e desafios ao
longo de sua trajetória. Esteve exilado por mais de setenta anos até o fim da
vida. Enfrentou conspirações, mudanças culturais e políticas, sendo pressionado
de diversas formas, mas não negando a sua fé. Embora centenas de anos tenham se
passado desde a sua época, sua trajetória é um exemplo inspirador para os dias
em que estamos vivendo. O Livro de Daniel, por ser a Palavra de Deus, continua
atual e a sua mensagem urge para esse tempo. A história de Daniel pode ser a
nossa história!
- Assim como Daniel, em todo o
tempo devemos honrar ao Senhor. O nosso testemunho e a nossa fidelidade a Deus
devem ser a nossa melhor pregação no meio de uma cultura corrompida. Não
precisamos defender o reino de Deus. O que precisamos fazer é viver segundo os
padrões do seu reino dia a dia. Devemos priorizar pregar sempre com a vida e
usar as palavras quando necessário. Jesus disse: “Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas
boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus.” (Mateus
5.16).
2. Um mundo transtornado. O período do profeta foi um dos mais turbulentos
em termos de mudanças geopolíticas na região do Oriente Médio e no Mundo
Antigo. Ele viveu em um mundo cujas características se repetem hoje:
a) Mundo frágil e cheio de incertezas. Estudiosos têm caracterizado o
período recente, principalmente pós-pandemia, como um mundo frágil, ansioso,
não-linear e incompreensível. A Babilônia era palco das transformações e
agitações globais da sua época. Daniel viu impérios desmoronarem e reis caírem,
enquanto as pessoas sobreviviam com expectativas aterrorizantes. A sua
trajetória irá nos ensinar a encontrar resistência e coragem em dias ruins além
de esperança numa época de desespero.
b) Mundo com constante transição de poder. Daniel serviu nos impérios
babilônico e medo-persa com a mesma fé e fidelidade. Nenhum soberano o fez
mudar suas convicções, tampouco o poder o seduziu. Com ele, somos lembrados de
que os reis, presidentes e governantes desta terra passam, mas o Senhor
permanece para sempre. Não importa quem esteja no poder político, o cristão
mantém sua esperança sempre em Deus.
c) Mundo de conflitos e violência. Daniel viu de perto os horrores da
destruição provocada pelas guerras entre nações e sentiu na pele o sofrimento
decorrente do exílio. Semelhantemente, o mundo contemporâneo continua a ser
palco de conflitos internos e internacionais, ações terroristas e violências de
todas as formas, provocando dor e migração forçada. Isso nos faz recordar das
pessoas que se encontram nessas situações, que precisam da nossa oração, apoio
e busca por soluções.
d) Mundo hostil aos valores judaico-cristãos. É possível traçar um
paralelo da época de Daniel com o panorama da cultura contemporânea,
essencialmente hostil à visão de mundo judaico-cristã. Da mesma forma que
aquele jovem hebreu foi pressionado a abandonar sua crença em razão das
pressões culturais e religiosas dentro da Babilônia, os cristãos de hoje estão
enfrentando ataques severos da cultura anticristã, a exemplo do Relativismo e
do Secularismo, dentre outras correntes filosóficas. Como veremos no decorrer
do trimestre, o Livro de Daniel nos ensinará a ter sabedoria e inteligência
espiritual para combater as estratégias do inimigo no tempo presente.
- Precisamos nos preparar para
viver em meio às ameaças das autoridades, pois o servo fiel enfrenta a
realidade da luta espiritual. Pedro e João viveram essa realidade, foram presos
e interrogados, mas fizeram a seguinte declaração: “Mas Pedro e João responderam: Julguem os senhores mesmos se é justo aos
olhos de Deus obedecer aos senhores e não a Deus. Pois não podemos deixar de
falar do que vimos e ouvimos.” (Atos 4.19,20).
A Bíblia é clara em dizer: “Vistam toda a armadura de Deus, para poderem
ficar firmes contra as ciladas do diabo, pois a nossa luta não é contra
pessoas, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo
de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais.”
(Efésios 6.11,12).
“De fato, todos os que desejam viver piedosamente em Cristo Jesus serão
perseguidos.” (2ª Timóteo 3.12)
3. Devoção e testemunho público. A inspiração do Livro de Daniel vai além
da devoção pessoal. O seu testemunho nos mostra que a sua convicção não estava
confinada ao ambiente privado, preferindo enfrentar os leões a renunciar uma
confissão pública da fé. Ele é um grande exemplo bíblico de como podemos usar a
sabedoria e o conhecimento de Deus para testificar em diversos lugares da
sociedade.
- Razões para a igreja meditar em
Daniel:
a. Deus é soberano sobre a
história de Israel e das nações gentílicas, e a igreja é incluída neste plano
divino.
b. A história da redenção é
ressaltada em Daniel quando a disciplina de Deus sobre seu povo e o juízo
divino sobre as nações pagãs descrevem Sua justiça e santidade, culminando num
reino futuro de paz, governado pelo rei dos reis, o Messias.
c. A preservação de um
remanescente fiel, diante da resignação de um povo rebelde, reafirma a aliança
incondicional de Deus com Israel.
d. A fidelidade de alguns servos
de Deus, ante o exílio, demonstra que é possível honrar a Deus com
exclusividade, mesmo quando a situação é de extrema dificuldade.
e. As bases da fé cristã,
centrada em Cristo Jesus, são explicadas pelo domínio de Deus sobre os eventos
históricos.
CONCLUSÃO
O livro de Daniel possui uma
mensagem singular para a Igreja na atualidade. A sua vida na Babilônia é um
exemplo de coragem, fé e integridade diante de circunstâncias adversas. Ele nos
ensina a confiar em Deus em todas as situações e a buscar a sua vontade para a
nossa vida.
- Se Daniel foi capaz de vencer
suas lutas sendo fiel a Deus em todo o tempo, eu e você também podemos vencer
as nossas lutas, nossos sofrimentos e nossas dores. O que Deus requer da nossa
parte é fidelidade a Ele em todo o tempo apesar das circunstâncias.
Uma vida de fidelidade a Deus
apesar das circunstâncias…
1. HONRA ao Senhor em todo o
tempo.
2. Enfrenta a realidade da LUTA
ESPIRITUAL.
3. Coloca toda sua ESPERANÇA no
Senhor.
_______________
Pb Francisco
Barbosa (@Pbassis)
Quer falar
comigo? Tem alguma dúvida?
WhatsApp:
8398730-1186
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HORA DA REVISÃO
1. Por que o Livro de
Daniel é considerado o “Apocalipse do Antigo Testamento”?
Porque registra as mensagens
proféticas que o Senhor revelou a Daniel, inclusive interpretações de sonhos,
visões de animais simbólicos e uma visão detalhada dos eventos escatológicos.
2. Em quantas partes podemos dividir o Livro de Daniel?
Em duas. Na primeira parte (capítulos
1 a 6), são narrados os fatos e as experiências importantes na vida de Daniel
dentro da Babilônia. Na segunda parte (capítulos 7 a 12), estão as visões e as
mensagens proféticas.
3. Quem entregou Jeoaquim, rei de Judá, nas mãos de Nabucodonosor?
O Senhor (Dn. 1.2).
4. O que Daniel enfrentou ao longo da sua vida?
Enfrentou conspirações, mudanças
culturais e políticas.
5. O que o testemunho de Daniel nos mostra?
O seu testemunho nos mostra que a sua
convicção não estava confinada ao ambiente privado, preferindo enfrentar os
leões a renunciar uma confissão pública da fé.