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UM COMENTÁRIO APROFUNDADO DA LIÇÃO, PARA FAZER A DIFERENÇA!

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19 de maio de 2024

EBD JOVENS | Lição 8: A Realidade Bíblica do Trabalho | 2° Trimestre de 2024

 

TEXTO PRINCIPAL

Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra, nem indústria, nem ciência, nem sabedoria alguma” (Ec 9.10)

Entenda o Texto Principal:

- Tudo quanto – a saber, no serviço de Deus. Este e último verso são claramente a linguagem de Salomão, não de um cético, como Holden explicaria. mão – (Levítico 12:8; 1Samuel 10:7). tuas forças (Deuteronômio 6:5; Jeremias 48:10). Na sepultura [no Sheol]…não há trabalho – (Jo 9:4; Apocalipse 14:13).

- Comentário de Thomas Coke

No túmulo para onde você vai – Na morada dos mortos, para onde você vai. Veja Peters sobre Jó, p. 324. Temos aqui a segunda inferência. Qualquer que seja o uso de outras faculdades a serem adquiridas em outro estado, uma vez que as que temos agora são talentos que nos são confiados apenas por um tempo, torna-se nosso proveito da oportunidade presente e usá-los para os melhores propósitos que podemos antes de sermos despojados deles.

 

- Comentário de Joseph Benson

Tudo o que tua mão achar fazer, etc. – Qualquer que seja a sua oportunidade e capacidade, nos deveres de seu chamado, ou para a glória de Deus e o bem de seus semelhantes; faça-o com todas as suas forças – com diligência, vigor e expedição não-cansados. Mais uma vez, Salomão mostra que ele não convence os homens a uma vida ociosa e sensual, mas apenas a um gozo sóbrio de seus confortos no temor de Deus, e com uma diligente diligência nos negócios de suas vocações. Pois não há trabalho, etc., na sepultura – Não podes projetar nem agir nada tendendo à glória de Deus, nem ao teu próprio conforto ou vantagem lá. Portanto, não negligencie a tua única estação.

- Comentário de E.W. Bullinger

tua mão acha que faz. Mão posta pela Figura do discurso Metonímia (da Causa), App-6, para a força exercida por ela ( Levítico 12: 8 ; Levítico 25:28 ). faça-o com sua força = faça-o enquanto for possível e tenha tempo para fazê-lo. nem conhecimento, etc. Veja nota em Eclesiastes 9: 5 , acima. sabedoria. Hebraico. chakmah. Veja nota em Eclesiastes 1:2.

- Comentário de Adam Clarke

Tudo o que a tua mão achar fazer – Examine aqui o Que, Como, e o Porquê.

    I. O que é necessário fazer nesta vida, em referência a outra?

• Saia do pecado.

• Arrepender-se.

• Freqüente as ordenanças de Deus e associe-se aos retos.

• Leia as Escrituras.

• Ore por perdão.

• Creia no Senhor Jesus, para que você o obtenha.

• Procure o dom do Espírito Santo.

• Traga em suas estações os frutos disso –

            (1) Arrependimento,

            (2) fé; e

            (3) O Espírito Santo.

• Viva para ficar bom.

• E fazer o bem.

• E remeta todo propósito e aja para o mundo eterno.

 

    II Como isso deve ser feito? Com tua força.

• Seja totalmente convencido da necessidade dessas coisas.

• Esteja determinado a agir de acordo com esta convicção.

• Então aja com toda a sua força; dedique todo o seu poder para evitar o mal, se arrepender do pecado, etc., etc.

    III Por que isso deve ser feito?

• Porque tu és um homem moribundo.

• Tu estás entrando no túmulo.

• Quando você sai desta vida, seu estado de provação, com todas as suas vantagens, é eternamente terminado.

• Se você morrer em pecado, onde Deus está, nunca virá. Para,

• Não há trabalho pelo qual você possa lucrar;

• Nenhum dispositivo pelo qual você possa escapar do castigo;

• Nenhum conhecimento de qualquer meio de ajuda; e,

• Sem sabedoria – restauração da alma ao favor e à imagem de Deus, naquele túmulo aonde você vai. Portanto, trabalhe enquanto é chamado hoje.

 

RESUMO DA LIÇÃO

O trabalho foi projetado por Deus para que desenvolvamos nossos talentos e o sirvamos por meio deles.

Entenda o Resumo da Lição:

- O trabalho é necessário, o trabalho é difícil e até mesmo perigoso. Apesar de tudo isso, ainda assim está claro que Deus se preocupa profundamente com o que pensamos acerca de nosso trabalho e com a forma como nos relacionamos com ele. O que fazemos e o modo como o fazemos não estão fora do interesse de Deus.

 

TEXTO BÍBLICO

Colossenses 3.22-24

22. Vós, servos, obedeci em tudo a vosso senhor segundo a carne, não servindo só na aparência, como para agradar aos homens, mas em simplicidade de coração, temendo a Deus.

- Servos. Ou seja, escravos (veja Rm 1.1). segundo a carne. Ou seja, a inclinação humana (cf. 2Co 10.2-3). vigilância. Veja Ef 6.6. Mais bem traduzido por “serviço exterior". Diz respeito a trabalhar somente quando o senhor está observando, ao invés de reconhecer que o Senhor está sempre observando, e como o nosso trabalho o preocupa (vs. 23-24). Cf. 1Tm6.1-2; Tt 2.9-10; 1Pe 2.18-21.

23. E, tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor e não aos homens.

- fizerdes, fazei – dois verbos gregos distintos, “tudo o que você faz, trabalhe nisso”. de coração – não por constrangimento, mas com boa vontade.

24. Sabendo que recebereis do Senhor o galardão da herança, porque a Cristo, 0 Senhor, servis.

- galardão (recompensa) da herança. Veja Ef 6.7-8. O Senhor assegura ao cristão que ele receberá uma recompensa justa e eterna pelos seus esforços (cf. Ap 20.12-13), mesmo se o seu patrão terreno ou senhor não o recompensar justamente (v. 25). Deus trata a obediência e a desobediência com imparcialidade (cf. At 1.34; Gl 6.7). Os cristãos não devem usar a sua fé para justificar a desobediência a urna autoridade ou ao patrão (cf. Fm 18).

 

2 Tessalonicenses 3.6-12

6. Mandamos-vos, porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo irmão que andar desordenadamente e não segundo a tradição que de nós recebeu.

- Mós vos ordenamos. As instruções de Paulo não eram meras sugestões; pelo contrário, carregavam o peso e a autoridade da ordem judicial, a qual o apóstolo entregou e a colocou em vigência (cf. vs. 4,6,10,12). Aqui, ele exigiu a separação de modo que os cristãos obedientes não estivessem em comunhão com os cristãos habitualmente desobedientes. Isso é explicado com mais detalhe no v. 1 4. tradição. Existiam tradições falsas (Mc 7.2-13; Cl 2.8) e verdadeiras (cf. 2.15). As tradições de Paulo eram os seus ensinos inspirados

7. Porque vós mesmos sabeis como convém imitar-nos, pois que não nos houvemos desordenadamente entre vós.

- imitar-nos. Paulo invocou-os a imitá-lo (cf. v. 9; ITs 1.6) porque ele imitava o exemplo de Crislo (cf. 1 Co 4.16; 11.1; Ef 5.1).

8. Nem, de graça, comemos pão de homem algum, mas com trabalho e fadiga, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós.

- O tema específico relacionado a trabalhar diligentemente para ganhar o próprio sustento. Embora Paulo tivesse "autoridade" como apóstolo para receber apoio financeiro, ele escolheu, pelo contrário, ganhar seu próprio sustento a fim de estabelecer um exemplo (cf. 1 Co 9.3-14; Gl 6.4; lTm 5.1 7-18).

9. Não porque não tivéssemos autoridade, mas para vos dar em nós mesmos exemplo, para nos imitardes.

- Não porque não tivéssemos direito. Compare com 1Coríntios 9:4-6; Gálatas 6:6.

10. Porque, quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto: que, se alguém não quiser trabalhar, não coma também.

- Porque, quando ainda estávamos convosco – durante a nossa permanência em Tessalônica. isto vos mandamos: que se alguém não quiser trabalhar, também não coma. Esta e expressões semelhantes têm se mostrado provérbios de uso frequente entre os judeus. “Quem não trabalha, não come” (Bereshith Rabba); “Quem não quer trabalhar, não coma no sábado” (Lib. Zenon). É uma lei da natureza, e o apóstolo aqui a sanciona como uma lei do cristianismo. Há aqui uma referência à sentença pronunciada sobre o homem no Paraíso, em consequência da desobediência: “No suor do teu rosto comerás pão” (Gênesis 3:19). O trabalho, de fato, pode, em um ponto de vista, ser considerado parte da maldição, mas também é uma bênção adaptada à natureza decaída do homem. O trabalho é a lei de Deus; o ócio é o pai de muitos crimes e é gerador de miséria. [Pulpit, 1895]

11. Porquanto ouvimos que alguns entre vós andam desordenadamente, não trabalhando, antes, fazendo coisas vãs.

- estamos informados. Haviam chegado informações de que, apesar de Paulo ter ensinado a eles a trabalhar e também ter escrito a respeito disso (1 Ts 4.11), alguns ainda não estavam dispostos a fazê-lo (cf. 1Tm 5.13). Estes foram ordenados a tomarem juízo c iniciar uma vida de trabalho ordenada.

12. A esses tais, porém, mandamos e exortamos, por nosso Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando com sossego, comam o seu próprio pão.

- mandamos e exortamos, por nosso Senhor Jesus Cristo (“em nome do Senhor Jesus Cristo”, NVT) – nEle, como fonte da autoridade.

 

- OBS.: Todos os comentários, exceto os com citações, são da Bíblia de Estudo MacArthur, SBB, Edição de Janeiro de 2017)

- Caso deseje, poderá baixar o MyBible: https://play.google.com/store/apps/details?id=ua.mybible.

 

 

INTRODUÇÃO

 

A palavra “trabalho”, ao longo da história, ganhou o significado de uma atividade punitiva e desgastante para o ser humano, algo com que somos obrigados a conviver sob pena de não poder nos sustentar ou suprir as nossas necessidades. Mas o que a Palavra de Deus fala sobre o trabalho e de que forma sua mensagem pode nos inspirar a glorificar ao Senhor por meio de nossas atividades profissionais? Veremos nesta lição que a perspectiva divina acerca do trabalho tem por objetivo abençoar a humanidade e dar aos homens o senso necessário de utilidade para esta vida.

- Desde o princípio, a intenção de Deus era que os seres humanos trabalhassem. O trabalho não é uma consequência do pecado — embora nós experimentemos dias terríveis que nos tentam a pensar que ele é! A partir do momento que Deus criou Adão e Eva, ele lhes deu trabalho para fazer. Ele fez um jardim e lhes disse: “Trabalhem e tomem conta disso” (Gênesis 2.15). O trabalho que Adão e Eva deveriam fazer era perfeitamente prazeroso, um trabalho perfeitamente gratificante. Não havia qualquer fadiga entediante, nenhuma competição impiedosa, nenhum senso de futilidade. Eles faziam tudo como um serviço para o próprio Senhor, em um relacionamento perfeito com ele. O trabalho deles era só uma questão de colher as superabundantes bênçãos de Deus para eles!

 

I. A PERSPECTIVA BÍBLICA DO TRABALHO

 

1. O trabalho antes da Queda. A Palavra de Deus nos mostra que, desde o princípio, Deus nos deu o exemplo de uma atividade laborativa criando todas as coisas. Ele mesmo tomou a iniciativa de trazer vida à terra por meio da Criação, e tudo o que podemos ver hoje é fruto do seu trabalho, pois Ele sustenta todas as coisas pela palavra do seu poder (Hb 1.3), A história da Criação nos apresenta o trabalho com o uma ocupação dada para o homem pelo próprio Deus: “E tomou o SENHOR Deus o homem e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar” (Gn 2.15). Desde o princípio, Deus entendeu que o homem deveria ter uma vida produtiva, e seu primeiro trabalho foi junto ao campo, com o objetivo de se ambientar com a natureza e guardá-la. Em hipótese alguma podemos crer que o trabalho foi uma maldição antes do pecado, pois foi Deus que posicionou o homem para essas finalidades, e isso não teve relação alguma com uma prática pecaminosa.

- É fundamental que se compreenda que a história do trabalho não começa conosco. Ela começa com Deus. Deus é um trabalhador. A Bíblia começa narrando o trabalho do Criador: “No princípio, Deus criou os céus e a terra” (Gênesis 1.1). Nos primeiros dois capítulos do Gênesis, somos informados sete vezes que Deus criou algo e doze vezes que ele fez alguma coisa. Os atos de criar e de fazer são resumidos como seu trabalho: “No sétimo dia, Deus havia terminado sua obra de criação e descansou de todo o seu trabalho” (Gênesis 2.2).

Essa verdade fundamental (a história do trabalho começa com Deus) nos ajuda a entender a próxima parte desse ato de abertura do trabalho na criação. Porque o momento supremo do trabalho criativo de Deus não foi a criação de galáxias distantes ou das complexidades do DNA; foi a criação de seres humanos. Assim como o resto da criação, somos o produto do trabalho de Deus. No entanto, de forma singular e distinta de todos os outros seres criados, somos feitos à imagem de Deus. De todas as implicações desse fato, isso significa, principalmente, que fomos criados para ser um reflexo de Deus para o mundo, uma reapresentação dele na terra. Vemos isso, primeiro, em Gênesis 1.28, que diz: “Sejam férteis e multipliquem-se. Encham e governem a terra. Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que rastejam pelo chão”. Até esse ponto da narrativa, tudo o que Deus disse aos pássaros, aos peixes e aos outros animais foi dito também a Adão. Como todas as outras criaturas, estamos destinados a reproduzir. Mas Deus continua e afirma que nós não fomos criados apenas para encher a terra, como os demais animais. Nós devemos “governá-la” e “dominá-la”, sobre tudo e sobre todos. Temos trabalho a fazer. Não é qualquer trabalho. Trata-se de refletirmos, através do trabalho, a própria natureza de Deus. Deus é claramente Rei sobre a criação. Ele diz aos seres humanos: governem o mundo como meus representantes, os portadores da minha imagem. E foi só nesse ponto da narrativa que Deus declarou ser sua obra muito boa e depois descansou (confira Gênesis 1.27 a 2.3).

No capítulo 2 de Gênesis, a natureza da obra que Deus nos deu para fazer vem em foco mais nítido. Ato 1, Cena 1 fecha com Deus descansando, mas o Ato 1, Cena 2 abre com Deus trabalhando novamente. Só que agora, não o trabalho de criar, mas o trabalho de governar e de ordenar tudo o que ele fez. Deus planta um jardim. Literalmente, um paraíso. Você pode imaginar como se fosse uma propriedade rural bem ordenada. E lá ele coloca o primeiro homem. Surge, então, uma pergunta: como você criaria um paraíso dentro de um mundo já perfeito? Resposta: Deus criou um lugar perfeitamente adaptado para o florescimento humano. Lá, ele colocou Adão. Observe: “O SENHOR Deus colocou o homem no jardim do Éden para cultivá-lo e tomar conta dele” (Gênesis 2.15).

Adão deveria trabalhar e cuidar do jardim. Eva, então, é criada como sua ajudante e companheira (Gn 2.18). Assim, Adão e Eva deveriam, literalmente, cultivar o jardim, fazê-lo crescer e florescer; eles também foram lá colocados para guardá-lo e para protegê-lo de qualquer coisa que pudesse danificá-lo ou prejudicá-lo.

Tudo isso é muito importante porque o trabalho que Deus deu a Adão e Eva é o paradigma para todo trabalho humano. Para entendermos melhor, pense por um momento sobre o Jardim do Éden. Aquele é o lugar que Deus projetou para o florescimento humano. Não há mais nada na terra para eles fora de lá. O Éden é a casa, onde eles vivem o casamento e criam a sua família. O Éden é o templo, onde eles se encontram com Deus. O Éden é o local de trabalho, onde se empregam produtivamente naquilo que Deus lhes deu para fazer. Você e eu nunca experimentamos o que eles experimentaram: um mundo no qual as divisões e os conflitos de interesse entre igreja, local de trabalho e família não existiam.

Naquele mundo incrível, o trabalho deles era tomar aquele jardim-casa-templo-local-de-trabalho e protegê-lo, cultivá-lo, fazê-lo florescer e crescer, até que o mundo inteiro, e não apenas aquele pequeno cantinho, tornasse um paraíso. Por que eles deveriam fazer aquilo? Porque eles foram criados à imagem de Deus. Assim como Deus criou, eles deveriam criar. Assim como Deus governou e tomou conta, eles deveriam governar e cuidar. Assim como Deus criou um mundo frutífero e florescente, eles deveriam proteger e promover esse florescimento e fecundidade. O trabalho do primeiro casal, como representantes de Deus, era pegar o que Deus tinha começado e levar adiante – para revelar a glória do Criador. O propósito do trabalho não era revelar quem eles eram ou poderiam se tornar através do que faziam. O objetivo era revelar, através do trabalho deles, quem Deus realmente é: criador, governador, protetor e provedor de todas as coisas. Tendo sido criados à imagem do Criador, o trabalho de Adão e Eva testificaria dele. Material traduzido e adaptado pelo Pr. Leandro B. Peixoto do curso Christians in the workplace. Trata-se de parte do programa de Escola Bíblica Dominical da Capitol Hill Baptist Church em Washington D.C. (pastoreada por Mark Dever), denominado Core Seminars – Engaging the World. Fonte: http://www.capitolhillbaptist.org

2. O trabalho depois da Queda. Após a Queda, com o pecado no mundo, o trabalho se tornou mais difícil. Não somente o homem, mas a criação de Deus foi igualmente afetada, e com ela, a interação entre o homem e a natureza por meio do trabalho. Dessa forma, o trabalho humano continuaria, mas ele seria mais difícil: “[…] maldita é a terra por causa de ti: com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos e cardos também te produzirá; e comerás a erva do campo. No suor do teu rosto, comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás” (Gn 3.17-19). Com o se não bastasse a morte como consequência, o homem passaria seus dias vendo que seu trabalho, antes feito aparentemente sem dissabores, agora ser acompanhado de um esforço muito maior, com dores e suor. E por meio do trabalho, o homem ganharia o seu sustento, até que seus dias terminassem. Portanto, o trabalho também foi afetado pela decisão do homem de desobedecer a Deus.

- Não sabemos quanto tempo decorreu entre o dia em que Adão conseguiu seu primeiro emprego e o dia em que tudo deu errado. O que está claro, porém, é que uma maneira de entender o que os teólogos chamam de Queda é entender que Adão e Eva caíram no trabalho. Lembre-se: eles foram confiados com o Jardim. Deveriam cuidar dele e guardá-lo. Contudo, em ambos os casos, eles falharam. Satanás, o inimigo de Deus e dos homens, apareceu no Éden. O primeiro casal, em vez de protegê-lo, tocando de lá o Adversário, estenderam-se com o maldito numa trágica conversa (Gn 3.1-5). Depois, no final do papo, em vez de administrarem o Jardim, eles tentam usá-lo para si mesmos (Gn 3.6), abusando de sua própria autoridade e arruinando-a para toda a posteridade. Imediatamente eles percebem que puseram tudo a perder (Gn 3.7). O chefe, Deus, aparece para inspecionar o trabalho, mas eles estão escondidos em um canto qualquer de algum escritório (Gn 3.8-9). Todos sabemos como é obter uma avaliação negativa de desempenho no trabalho. Alguns de nós sabem inclusive o que é ser demitido, mas o que Adão e Eva experimentam é pior do que qualquer uma das anteriores. Eles são expulsos do Jardim, mas eles não são aliviados de suas responsabilidades. Eles ainda são responsáveis por representar a Deus; eles ainda devem trabalhar. Mas as condições de seu trabalho mudaram radicalmente: o mundo onde agora trabalhariam está agora amaldiçoado por causa de seus pecados. Em Gênesis 3.17-19, nós lemos o seguinte:

Observe que, por causa da Queda, três coisas acontecem com o trabalho de Adão e Eva e também com o nosso:

Primeiro, o trabalho tornou-se penoso: “Com o suor do rosto você obterá alimento, até que volte à terra da qual foi formado” (Gn 3.19). Isso é tão básico para a nossa experiência com o trabalho que é difícil imaginar como o trabalho deve ter sido antes da Queda. Afinal, até mesmo um trabalho que amamos tem pelo menos algum aspecto que é cansativo, tedioso e mesmo doloroso. Sabemos o que precisa ser feito, mas não temos a capacidade ou os recursos para fazê-lo, como se houvesse alguma conspiração para tornar penoso o nosso trabalho. De fato, há uma conspiração. No mundo caído, o trabalho é penoso.

Segundo, o trabalho tornou-se insignificante. Mesmo que Adão trabalhe penosamente no solo, durante toda a sua vida, o solo amaldiçoado sob seus pés “produzirá espinhos e ervas daninhas, mas você comerá de seus frutos e grãos” (Gn 3.18). Percebeu? Por mais que se trabalhe duro, por vezes, o que se experimenta é futilidade; inutilidade; insignificância. Por causa da Queda, aspirações vão constantemente ser vencidas pela realidade, e por mais duro que se tente, a realidade nunca vai mudar. Dentro do Jardim, o resultado do trabalho foi a expansão da utopia. Fora do Jardim, nosso trabalho nunca produz utopia; nem mesmo chega perto. A terra foi amaldiçoada.

O que descobrimos são esses dois aspectos do trabalho em um mundo caído – penoso e insignificante – colidindo frontalmente com as aspirações do mundo moderno. Como Timothy Keller observou, “nossa geração insiste que o trabalho seja satisfatório e frutífero, que se encaixe perfeitamente com nossos talentos e nossos sonhos, e que ‘faça algo incrível para o mundo’, como um executivo do Google descreveu a missão da empresa”. Parece bom. O problema é que esse não é o mundo em que vivemos.

Então, somos todos tentados a desistir inteiramente do trabalho, ou ficamos cínicos ou nos excluímos. Só que essa não é realmente uma opção. Afinal, há uma terceira consequência da Queda sobre o trabalho. O que era um ato livre de adoração agora é um ato compulsório de sobrevivência. Gênesis 3.19: “Com o suor do rosto você obterá alimento, até que volte à terra da qual foi formado. Pois você foi feito do pó, e ao pó voltará”. No Jardim, Adão não tinha de trabalhar para comer. Deus tinha plantado um pomar, e tudo o que Adão precisava estava lá para se pegar e se comer. Mas agora há uma urgência, uma compulsão, uma ordem para trabalhar. Como Paulo disse: “Quem não quiser trabalhar não deve comer”. Não é que o trabalho tenha, agora, se tornado ruim. Não é que o trabalho seja punição pelo pecado. É que, num mundo caído, o trabalho penoso e insignificante é também implacável. Gostemos ou não, devemos trabalhar. Nós não podemos escapar dele, exceto na morte.

Gênesis 3 é Ato 2, Cena 1 da Queda. Mas a crise na história não é apenas sobre a mudança em nossas condições de trabalho. É também uma mudança em nós, os trabalhadores. Em um mundo caído, os trabalhadores caídos não usam mais seu trabalho para adorar a Deus. Eles adoram ídolos.

Ato 2, Cena 2 da Queda começa em Gênesis 4. Uma das primeiras imagens do trabalho que nos são dadas fora do Jardim revelam o contraste entre os descendentes de Caim e os descendentes de Sete, o filho de Adão que substituiu Abel, desde que Caim o matou. O que aprendemos é que o trabalho constrói a cultura. Os descendentes de Caim desenvolvem a agricultura, a pecuária, a música e a metalurgia. E tudo isso é muito bom. Mas o que a narrativa também nos mostra é que os descendentes de Caim são definidos pelo seu trabalho; a identidade deles vem do trabalho (confira Gênesis 4.17-24). Em contraste, os descendentes de Sete, a linhagem divina, não estão associados ao trabalho. Em vez disso, eles são definidos como aqueles que “começaram a invocar o nome do SENHOR” (confira Gênesis 4.25-26). O ponto não é que os adoradores de Deus não trabalham, mas que eles não são definidos pelo trabalho que eles realizam. Material traduzido e adaptado pelo Pr. Leandro B. Peixoto do curso Christians in the workplace. Trata-se de parte do programa de Escola Bíblica Dominical da Capitol Hill Baptist Church em Washington D.C. (pastoreada por Mark Dever), denominado Core Seminars – Engaging the World. Fonte: http://www.capitolhillbaptist.org

3. O trabalho com o passar do tempo. De forma inicial, o homem procurou lavrar a terra, e a caça e a pesca se tornaram meios não só de sobrevivência, mas de cumprimento da ordem de Deus, de povoarem e a dominarem, também de mostrarem sua supremacia sobre os peixes, as aves e os animais (Gn 1.28). A partir desses fatores, os homens desenvolveram técnicas com as quais poderiam facilitar suas atividades, bem como instrumentos que os ajudariam em seus afazeres. Os homens foram formando agrupamentos sociais, e por desprezarem a Deus e suas orientações, o trabalho sofreu distorções que afetaram a todos. A maldade dos homens fez surgir a escravidão e os maus tratos com outras pessoas. A escravidão passou a ser um meio com o qual o trabalho era feito, mas sem a valorização devida tanto para com o ser humano quanto para com a atividade realizada. E foi o Cristianismo, por meio de homens como John Wesley, John Newton e Wilberforce, que lutaram para que esse sistema fosse extinto. No Brasil, a Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel, foi d e autoria de um cristão protestante, Rodrigo Augusto da Silva. Ele apresentou ao Senado a lei, que posteriormente foi aprovada, trazendo o fim da escravidão no Brasil. Em nossos dias, ao menos nos países desenvolvidos, a escravidão é combatida, e o trabalho é regido por leis bem específicas. Mas em outros, ela ainda é um fator que perdura na cultura. A Palavra de Deus nos mostra também que havia trabalhadores que recebiam por seus salários, e que a escravidão não era uma norma. Jesus menciona que um pai de família saiu de madrugada para pagar os trabalhadores da sua vinha (Mt 20.1). Ele mesmo disse que “digno é o obreiro de seu salário” (Lc 10.7).

- Essa idolatria do trabalho entra em foco nítido à medida que a história avança. Em Gênesis 11.1-4, lemos:

1 Houve um tempo em que todos os habitantes do mundo falavam a mesma língua e usavam as mesmas palavras. 2 Ao migrarem do leste, encontraram uma planície na terra da Babilônia, onde se estabeleceram. 3 Começaram a dizer uns aos outros: “Venham, vamos fazer tijolos e endurecê-los no fogo”. (Naquela região, era costume usar tijolos em vez de pedras, e betume em vez de argamassa.) 4 Depois, disseram: “Venham, vamos construir uma cidade com uma torre que chegue até o céu. Assim, ficaremos famosos e não seremos espalhados pelo mundo”.

Assim como em Gênesis 4 com os descendentes de Caim, o trabalho aqui é, em última análise, a construção da cultura. Eles desenvolvem tecnologia, eles constroem uma cidade. Eles estão perseguindo o florescimento humano. Está tudo bem. Mas eles querem algo mais também: identidade. Eles querem fazer um nome para si mesmos. E querem fazê-lo à parte de Deus, através do seu trabalho. Na verdade, eles querem fazê-lo em contradição com Deus. Deus disse para encher a terra; o desejo deles é que não sejam “espalhados pelo mundo”.

Quão longe do Jardim nós chegamos! O que começou como um meio de dizer “olhe para Deus” em adoração tornou-se um meio de dizer “olhe para mim”. Os portadores da imagem divina curvaram-se para si mesmos, como Agostinho colocou, procurando refletir sua própria glória para si mesmos, em vez de refleti-la de volta para Deus.

É preciso que se note que essa idolatria tem pelo menos duas expressões diferente e, às vezes, simultâneas. Por um lado, alguns de nós são tentados a se definir diretamente pelo trabalho, pelas realizações, pelo sucesso. Por outro lado, outros são tentados a se definir pela sua liberdade do trabalho, pelo lazer, pelos hobbies, pela recreação. Por exemplo: os jovens, de um lado, geralmente iniciam-se no mercado de trabalho com o desejo de mudar o mundo – é a idolatria do trabalho como identidade; os velhos, de outro lado, ao se aposentarem, geralmente evitam a todo custo o trabalho – é a idolatria da liberdade do trabalho como identidade. Mas os dois são realmente apenas os lados opostos da mesma moeda: uma idolatria que define nossa identidade pelo relacionamento com o trabalho, e não com Deus.

O fim da história de Babel é que Deus desce e julga aquela adoração idólatra do trabalho. Esse mesmo julgamento é o que todos nós merecemos. Mas, louvem a Deus, pois não é aí que termina a história do trabalho. Material traduzido e adaptado pelo Pr. Leandro B. Peixoto do curso Christians in the workplace. Trata-se de parte do programa de Escola Bíblica Dominical da Capitol Hill Baptist Church em Washington D.C. (pastoreada por Mark Dever), denominado Core Seminars – Engaging the World. Fonte: http://www.capitolhillbaptist.org

 

PENSE! Deus fez homem e mulher, os abençoou e os fez frutificar, mostrando seu compromisso com o casamento desde a criação do mundo.

PONTO IMPORTANTE! O casamento e a família foram instituídos pelo Senhor (Gn 2.24).

 

A fim de abençoar meus leitores e seguidores com um pouco mais de conteúdo, com mais profundidade, maior clareza e biblicidade, iniciarei uma Pós-Graduação em Teologia Bíblica e Exegética do Novo Testamento, pela Faculdade Internacional Cidade Viva.

O curso terá duração de 14 meses. Como sabem, é necessário a aquisição de livros e material afim, o que exige investimentos. Aqui, desejo contar com fiéis colaboradores!

Peço gentilmente sua colaboração nesse intuito, enviando sua ajuda para assis.shalom@gmail.com.

Deus em Cristo retribua.

Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens, sabendo que receberão do Senhor a recompensa da herança. É a Cristo, o Senhor, que vocês estão servindo” (Cl 3:23-24).

 

II. A RELEVÂNCIA DO TRABALHO

1. Fortalece o nosso testemunho. A Palavra de Deus elogia as pessoas que se dedicam a ser excelentes profissionais: “Viste um homem diligente na sua obra? Perante reis será posto; não será posto perante os de baixa sorte” (Pv 22.29). Esse simples testemunho mostra o quanto um bom trabalhador é valorizado: “O servo prudente dominará sobre 0 filho que procede indignamente; e entre os irmãos repartirá a herança” (Pv 17.2). É certo que ser um bom profissional passa pelo processo de aprendizado e de dedicação. Uma pessoa pode ser bem instruída, mas se não for dedicada, sua ciência jamais se desenvolverá. E o aprendizado vai servir para que a pessoa adquira perícia naquilo que vai fazer. Portanto, é nosso dever estarmos preparados para as demandas profissionais do nosso tempo, mas sempre visando servir a Deus com o conhecimento que adquirimos.

- A Bíblia é clara quando nos apresenta um modo de vida cristã no qual toda a vida é voltada para a glória de Deus. Nessa perspectiva, deve-se romper com a separação entre o sagrado e o profano, e a vida religiosa deve permear todas as esferas da vida.

O trabalho, então, deixa de ser um peso que nos é imposto para o sustento, e começa a ser mais uma forma de render glória a Deus e testemunhar sobre um modo de vida diferente. 

Muito provavelmente, a abertura para ser ouvido por um colega de trabalho sobre o Evangelho passará pela conformidade da sua postura no trabalho com seu discurso sobre a fé. Pensando nisso, observe algumas atitudes importante para o crente no ambiente profissional:

    Seja bom no que você faz.

    O cristão deveria sempre ser o trabalhador mais exemplar dentro do seu meio de atuação. Em uma história atribuída a Lutero, conta-se que um sapateiro convertido lhe pergunta como ele poderia servir melhor a Deus; a resposta foi que ele deveria fazer um bom sapato e vendê-lo por um preço justo. Se o trabalho é para Deus, você deve fazer o melhor.

    Seja pontual.

    Cumpra seus horários, seja com seu patrão ou com seus clientes. Uma vez que você empenhou seu compromisso de chegar em determinado horário, ou entregar um produto ou serviço em determinado dia, cumpra com sua obrigação.

    Seja honesto.

    Não defraude seu patrão, o cliente do seu patrão ou seu cliente. Faça negócios justos, mesmo que outros aparentemente fiquem à sua frente utilizando métodos desonestos – lembre-se que, no fim, é Deus quem julga todos os homens, e que “é melhor o pouco com justiça do que a abundância com a injustiça.” (Provérbios 16:8).

    Fique atento às oportunidades para a pregação.

    Todo cristão deve saber que seu cliente ou patrão espera uma postura (adequada) sua dentro do trabalho. Se você passa a maior parte do dia pregando ativamente, por mais que pareça algo muito espiritual, você está defraudando seu patrão ou cliente. Eles te contrataram esperando certo produto ou serviço, então, é seu dever como cristão cumprir com aquilo que você se comprometeu. A pregação em si não é um problema, pelo contrário, é um dever, mas deve ser feita sempre com sabedoria, sem desconsiderar os demais deveres.

 Dessa forma, devemos aproveitar bem as oportunidades que aparecem para compartilharmos o Evangelho. Há algum tempo, tive uma chance de ascensão dentro do meu trabalho, em que vários colegas julgavam que eu era o mais bem qualificado para a função. A surpresa foi que eu sequer fui chamado para a entrevista. Após o processo, meu gerente me chamou para conversar e me perguntou se havia me sentido injustiçado. Naquele momento eu citei um provérbio de Eclesiastes: “Percebi ainda outra coisa debaixo do sol: Os velozes nem sempre vencem a corrida; os fortes nem sempre triunfam na guerra; os sábios nem sempre têm comida; os prudentes nem sempre são ricos; os instruídos nem sempre têm prestígio; pois o tempo e o acaso afetam a todos.” (Eclesiastes 9.11)

Eu disse para ele que a vida nem sempre é justa aos nossos olhos, mas que a minha motivação estava longe de ser uma promoção ou minha posição dentro de uma empresa. Eu trabalho para agradar a Deus.  Portanto, esteja atento às oportunidades. Esteja atento ao sofrimento dos que te cercam no seu trabalho. Ore por eles, peça a Deus uma oportunidade todos os dias. Adaptado de: Lic. Gustavo Quirino – Licenciado. Disponível em: https://oitavaigreja.com.br/testemunho-cristao-no-trabalho/

2. Jesus e Paulo. Dois exemplos bíblicos de trabalho no Novo Testamento são o Senhor Jesus Cristo e o apóstolo Paulo. O Messias é descrito com o “homem de dores, experimentado nos trabalhos” (Is 53.3). Jesus foi carpinteiro, profissão que seguiu de seu pai terreno, José: “Não é este o filho do carpinteiro?” (Mt 13.55). Jesus tinha uma vida laborativa. Paulo era um missionário fazedor de tendas, ou seja, fazia de sua profissão um meio para se sustentar e falar de Jesus onde estivesse. Esse modelo vem inspirando pessoas que saem de seus países para servir a Deus com suas profissões em regiões que não permitem a entrada de pastores e missionários cristãos para evangelizarem formalmente.

- Aqui é citado Isaías 53.3 para embasar que Jesus foi um trabalhador. Não resta dúvidas de que o Mestre experimentou a dura carga do trabalho, mas esse texto não serve para amparar a ideia. E familiarizado com o trabalho – hebraico viydûa, é melhor traduzido por E conhecendo o sofrimento. Jesus era o filho do carpinteiro. José era o trabalhador dedicado e Jesus teria aprendido o ofício com o pai, tendo-o praticado até o início de sua missão evangelizadora. Essa narrativa parte dos textos bíblicos, a partir das traduções consolidadas, e é carregada de elementos da tradição. Naquela cultura, os filhos aprendiam o ofício do pai, naturalmente, Jesus aprendeu com José o ofício e deve tê-lo executado até o início de Seu ministério. Paulo fazia questão de não ser um peso às comunidades que o acolhiam. Sustentava-se com o seu ofício de fabricante de tendas e de objetos de couro (At 18.3). No entanto, isso não implica dizer que aqueles que são chamados para a obra missionária não devam ser sustentados para que se dediquem exclusivamente ao Evangelho.

3. O descanso. Se por um lado aprendemos que o trabalho é necessário; por outro também é preciso valorizar nossos momentos de descanso, Deus descansou de sua obra após ter completado a criação, não porque estivesse cansado, mas para nos dar o exemplo de que o descanso é tão importante quanto o trabalho. Até a salvação é retratada como um momento de alívio e descanso: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28). Para que cuidemos do nosso corpo, quando estivermos cansados, devemos descansar, e não tomar produtos que alterem nosso sono e nos façam prolongar o tempo em que estamos acordados, pois isso tem um preço para o nosso organismo. O descanso no momento certo é uma das ações mais espirituais de que podemos usufruir em nossa vida nesta Terra.

- Não, Deus não se cansa (Isaías 40:28). Ele não descansou no sétimo dia para renovar suas forças. Descansar também significa parar de trabalhar. Quando em Gênesis 2.2 diz que Deus descansou no sétimo dia, significa que Ele não trabalhou nesse dia. "A palavra hebraica, shabāt, tem relação com o verbo, shavāt, que significa 'cessar', 'parar'. Apesar de ser vista quase universalmente como 'descanso' ou um 'período de descanso', uma tradução mais literal seria 'cessação', com a implicação de 'parar o trabalho'. Portanto, Shabat é o dia de cessação do trabalho; enquanto que descanso é implícito, mas não é uma denotação da palavra em si. Por exemplo, a palavra em hebraico para 'greve' é shevita, que vem da mesma raiz hebraica que Shabat, e tem a mesma implicação, nominalmente que trabalhadores em greve se abstêm ativamente do trabalho, ao invés de passivamente." http://pt.wikipedia.org/wiki/Shabat

 

III. CONSELHOS A RESPEITO DO TRABALHO

 

1. Não use a fé para deixar de trabalhar. Um dos maiores erros que um cristão pode fazer é deixar de trabalhar na vida secular para se colocar como um peso para os seus irmãos. Paulo escreveu aos tessalonicenses sobre um grupo de pessoas daquela igreja que estava vivendo de forma desordenada, fugindo do trabalho. Ele diz que quando esteve entre os tessalonicenses, trabalhou para não ser pesado aos irmãos (2 Ts 3.7- 9). Ele recomenda que aquele que não trabalha, também não coma (2 Ts 3.10). Pode ser um mandamento bem radical, mas ele visava trazer ordem para a igreja. A ordem designada por Deus foi que tivéssemos uma vida produtiva. Naturalmente isso não se aplica às pessoas que não podem trabalhar e precisam de ajuda, mas sim aos que podem, mas preferem não o fazer, pois tal atitude desonra o Evangelho.

- A comunidade de Tessalônica estava enfrentando um sério problema. De alguns de seus membros é dito que: vivem desordenadamente e não trabalham; antes fazem coisas inúteis (v.11). Quem são estes membros? Que significa viver desordenadamente? Quais são as coisas consideradas inúteis? Alguns membros da comunidade, não muitos, viviam fora da ordem, ou seja , em nosso caso, eram pessoas preguiçosas que não se preocupavam em trabalhar para conseguir seu sustento e viviam, portanto, às custas da comunidade e de seus membros. Através de um jogo de palavras, no v.11 (ERGAZOMAI - trabalhar; PERIERGAZOMAI - estar por aí muito ocupado), o autor dá a entender que essas pessoas estão sempre muito ocupadas, mas o que fazem são coisas inúteis, que não levam a nada, senão à miséria e ao viver de esmolas. O termo grego, na sua forma adjetivada (PERÍERGOS), pode significar que esses preguiçosos se intrometiam em coisas que não lhes diziam respeito (cf. 1Tm 5.13). Mais adiante, veremos detalhes sobre essas coisas inúteis. Antes, cabe perguntar pelo porquê dessa preguiça de alguns.

O contexto de toda 2Ts nos dá uma explicação sobre a situação da comunidade e os motivos da preguiça de alguns de seus membros. Em 2.1-12, Paulo argumenta que, antes de chegar o dia do Senhor, ainda há de acontecer muita coisa. Provavelmente, algumas pessoa supunham que já tivesse chegado o dia do Senhor. Devemos, portanto, entender a preguiça de alguns como uma consequência ética da convicção de que o dia do Senhor já veio (2Ts 2.2). Trata-se, então, em 2Ts, de um entusiasmo apocalíptico pela iminente vinda de Cristo ou pelo já iniciado reino da perfeição Certa gente acha que o importante, agora, é preparar esta chegada de Cristo (ou viver de acordo com o novo reino). Anunciavam a (iminente) parusia, dela faziam propaganda pública para angariar adeptos, dedicavam-se à oração e meditação. Não é difícil de entender que, para estes, não fazia muito sentido trabalhar, a fim de conseguir o seu sustento corporal. Já que Cristo está às portas, ou o dia do Senhor até já veio, não há mais tempo nem necessidade de trabalhar. Membros da comunidade perdiam a motivação pelo trabalho, ante tal pregação. A consequência foi o rápido empobrecimento de um pequeno grupo da comunidade. Este grupo passou, então, a ser sustentado pelo resto da comunidade. É claro que esta atitude de alguns requeria um posicionamento da comunidade toda.

A questão era: uma comunidade cristã admite a preguiça, mesmo que seja uma santa preguiça? E as pessoas não pertencentes à comunidade, o que pensariam elas desse entusiasmo e da ética dele resultante? A atitude de alguns membros podia desacreditar toda a comunidade cristã e o próprio evangelho de Jesus Cristo.

Ao ser informado dessa situação, Paulo teve que fazer uma advertência enérgica. Já em 1Ts advertiu os preguiçosos (4.11$ e 5.14). Mas parece que os seus conselhos não foram seguidos. Agora, em 2Ts, Paulo volta, com mais vigor, a exortar aqueles que andam desordenadamente, ou seja, os que vivem sem importar-se com a ordem divina. https://www.luteranos.com.br/textos/2-tessalonicenses-3-6-13-1

2. Trabalhe como para o Senhor. Em um ambiente onde não havia normas trabalhistas que trouxessem equilíbrio ao sistema de trabalho, onde a norma era a escravidão, o apóstolo Paulo orienta que os cristãos sejam diligentes em suas tarefas, independentemente da sua posição na sociedade. O servo crente poderia pensar que não deveria trabalhar com empenho por estar descontente com a sua posição social, mas Paulo ensina que quem trabalha, que trabalhe como se estivesse servindo ao Senhor (Cl 3.23,24). Se por um lado Deus fala aos servos, Ele também adverte aos senhores: “E vós, senhores, fazei o mesmo para com eles, deixando as ameaças, sabendo também que o Senhor deles e vosso está no céu e que para com ele não há acepção de pessoas” (Ef 6.9), Certamente havia na igreja pessoas mais abastadas que tinham escravos e que por serem cristãos, deveriam ser ensinados que não poderiam usar sua posição para destratar aqueles que os serviam.

- Paulo contrapõe à ética decorrente de um entusiasmo escatológico a ética decorrente da realidade das ordens divinas da criação. (Bonhoeffer pp. 70ss, fala em mandatos.) Estas diversas ordens naturais servem para preservar a vida da humanidade. Também o cristão deve viver dentro delas. Ele não pode se arrogar o direito de não mais precisar delas e, por isso, desprezá-las. Os cristãos ainda vivem neste mundo criado por Deus. E Jesus Cristo quer que esperemos por ele dentro das ordens deste mundo. Uma destas ordens é o trabalho, válida tanto no paraíso (Gn 2.15) como dentro do mundo caído (Gn 3.19). Importante para entendermos a motivação de todas estas exortações de Paulo contra a preguiça, a meu ver, é o termo tranquilidade (HËSYCHÍA) do v.12. O termo também significa sossego, paz. Trabalho não tem nada a ver com afobação, pelo contrário, os preguiçosos é que estão constantemente afobados. A tranquilidade tem algo a ver com Jesus Cristo. Dentro das ordens da criação de Deus, o cristão pode viver e labutar tranquilamente, consciente de que toda a sua obra repousa e está guardada na grande obra de Jesus Cristo: a sua cruz e ressurreição. Talvez esteja fazendo uma super-exegese do termo, mas creio que podemos encontrar nele o elemento especificamente cristão de todo o trecho. Os cristãos vivem e trabalham neste mundo, como todas as outras pessoas, mas com uma diferença: eles .não precisam amarrar-se às ordens e sacrificar-se a elas. Dentro das ordens, esperamos por aquele que delas nos libertou. https://www.luteranos.com.br/textos/2-tessalonicenses-3-6-13-1

3. Não retires a tua mão. Um dos conselhos que Salomão dá para quem trabalha é “pela manhã, semeia a tua sem ente e, à tarde, não retires a tua mão, porque tu não sabes qual prosperará; se esta, se aquela ou se ambas igualmente serão boas” (Ec 11.6). Num ambiente sem a tecnologia da qual dispomos, a opção que o homem da terra tinha era de semear insistentemente. Isso implica ter disciplina e não desanimar com o passar do tempo, pois, as sem entes que eram depositadas na terra levavam algum tempo para germinar. Enquanto elas não se desenvolvessem, o agricultor deveria manter um trabalho constante na terra. Da mesma forma, nós devemos ser diligentes em nossas tarefas, pois no tempo certo, haverá a colheita do que plantamos.

- Eclesiastes 11.6, o conselho do autor é não evitar comprometer-se com as coisas, e realizá-las, mas deixar que Deus determine o sucesso ou o fracasso do empreendimento. Com Eclesiastes 11, o Pregador inicia seu discurso final. Ele completou seu tema de que a labuta humana na terra não tem valor duradouro e agora está pronto para algumas conclusões práticas. Uma delas é que, apesar da ausência de valor permanente, certamente há uma recompensa ligada ao trabalho árduo e satisfação a ser encontrada nele. Portanto, ele exorta a trabalhar duro e persistentemente.

 

CONCLUSÃO

Foi Deus quem instituiu o trabalho, por entender que ele é útil para a humanidade, e que nos faz prosperar e desenvolver nossos talentos. O trabalho é onde passamos ou passaremos a maior parte do nosso tempo, mais tempo até do que com nossas próprias famílias. Portanto, é possível tornar o ambiente de trabalho um ambiente em que Deus pode ser visto pelo nosso testemunho, pela nossa integridade e pela nossa perícia profissional.

- Desde o princípio, a intenção de Deus era que os seres humanos trabalhassem. O trabalho não é uma consequência do pecado. O pecado de Adão e Eva, obviamente, mudou isso. Compreender essa parte da história bíblica e o lugar do trabalho nela é, na verdade, crucial para nós como cristãos, pois ela ajuda a explicar porque o nosso trabalho sempre será, em um grau ou em outro, marcado pela frustração. O trabalho é difícil porque nós e o mundo ao nosso redor temos sido afetados pelo nosso afastamento de Deus. Por causa disso, não deveríamos nos surpreender com o fato de o trabalho ser às vezes difícil e doloroso. O trabalho tem a tendência de nos desgastar e esgotar. Ele pode ser uma fonte de grande frustração em nossa vida. Por outro lado, não deveríamos nos surpreender com o fato de que quando realmente apreciamos o nosso trabalho, há um perigo sempre presente de que o nosso trabalho nos consuma completamente — a ponto de nosso coração ser definido pelos interesses do trabalho e sermos reduzidos a meros trabalhadores. Entenda o seguinte: não importa qual seja a sua profissão; não importa o que quer que seja que você faça nela; não importa quem seja o seu chefe ou o chefe do seu chefe; o que você faz em sua profissão é feito, na verdade, como um serviço para o Rei Jesus! Ele é quem o colocou lá neste momento de sua vida, e é para ele que você trabalha basicamente.

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Pb Francisco Barbosa (@Pbassis)

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HORA DA REVISÃO

1. Quem deu o trabalho ao homem?

A história da Criação nos apresenta o trabalho com o um a ocupação dada para o homem pelo próprio Deus (Gn 2.15).

2. O trabalho foi uma maldição pelo pecado?

Em hipótese alguma podemos crer que o trabalho foi uma maldição antes do pecado, pois foi Deus que posicionou o homem para essas finalidades, e isso não teve relação alguma com uma prática pecaminosa.

3. O que aconteceu com o trabalho depois da Queda?

Após a Queda, com o pecado no mundo, o trabalho se tornou mais difícil.

4. Cite dois cristãos que lutaram para o fim da escravidão.

John Wesley, John Newton e Wilberforce.

5. Segundo a lição, quais os dois exemplos bíblicos de trabalho no Novo Testamento?

Jesus e Paulo.