TEXTO PRINCIPAL
“Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra, nem indústria, nem ciência, nem sabedoria alguma” (Ec 9.10)
Entenda o Texto Principal:
- Tudo quanto – a saber, no serviço de Deus. Este e último verso
são claramente a linguagem de Salomão, não de um cético, como Holden
explicaria. mão – (Levítico
12:8; 1Samuel 10:7). tuas forças
(Deuteronômio 6:5; Jeremias 48:10). Na
sepultura [no Sheol]…não há trabalho – (Jo 9:4; Apocalipse 14:13).
- Comentário de Thomas Coke
No túmulo para onde
você vai – Na morada dos mortos, para onde você vai. Veja Peters sobre Jó, p.
324. Temos aqui a segunda inferência. Qualquer que seja o uso de outras
faculdades a serem adquiridas em outro estado, uma vez que as que temos agora
são talentos que nos são confiados apenas por um tempo, torna-se nosso proveito
da oportunidade presente e usá-los para os melhores propósitos que podemos
antes de sermos despojados deles.
- Comentário de Joseph Benson
Tudo o que tua mão
achar fazer, etc. – Qualquer que seja a sua oportunidade e capacidade, nos deveres de seu
chamado, ou para a glória de Deus e o bem de seus semelhantes; faça-o com todas
as suas forças – com diligência, vigor e expedição não-cansados. Mais uma vez,
Salomão mostra que ele não convence os homens a uma vida ociosa e sensual, mas
apenas a um gozo sóbrio de seus confortos no temor de Deus, e com uma diligente
diligência nos negócios de suas vocações. Pois não há trabalho, etc., na
sepultura – Não podes projetar nem agir nada tendendo à glória de Deus, nem ao
teu próprio conforto ou vantagem lá. Portanto, não negligencie a tua única
estação.
- Comentário de E.W. Bullinger
tua mão acha que faz. Mão posta
pela Figura do discurso Metonímia (da Causa), App-6, para a força exercida por
ela ( Levítico 12: 8 ; Levítico 25:28 ). faça-o
com sua força = faça-o enquanto for possível e tenha tempo para
fazê-lo. nem conhecimento, etc.
Veja nota em Eclesiastes 9: 5 , acima. sabedoria.
Hebraico. chakmah. Veja nota em Eclesiastes 1:2.
- Comentário de Adam Clarke
Tudo o que a tua mão
achar fazer – Examine aqui o Que, Como, e o Porquê.
I. O que é necessário fazer nesta vida, em
referência a outra?
• Saia do pecado.
• Arrepender-se.
• Freqüente as ordenanças de Deus
e associe-se aos retos.
• Leia as Escrituras.
• Ore por perdão.
• Creia no Senhor Jesus, para que
você o obtenha.
• Procure o dom do Espírito
Santo.
• Traga em suas estações os
frutos disso –
(1)
Arrependimento,
(2)
fé; e
(3)
O Espírito Santo.
• Viva para ficar bom.
• E fazer o bem.
• E remeta todo propósito e aja
para o mundo eterno.
II Como isso deve ser feito? Com tua força.
• Seja totalmente convencido da
necessidade dessas coisas.
• Esteja determinado a agir de
acordo com esta convicção.
• Então aja com toda a sua força;
dedique todo o seu poder para evitar o mal, se arrepender do pecado, etc., etc.
III Por que isso deve ser feito?
• Porque tu és um homem
moribundo.
• Tu estás entrando no túmulo.
• Quando você sai desta vida, seu
estado de provação, com todas as suas vantagens, é eternamente terminado.
• Se você morrer em pecado, onde
Deus está, nunca virá. Para,
• Não há trabalho pelo qual você
possa lucrar;
• Nenhum dispositivo pelo qual
você possa escapar do castigo;
• Nenhum conhecimento de qualquer
meio de ajuda; e,
• Sem sabedoria – restauração da
alma ao favor e à imagem de Deus, naquele túmulo aonde você vai. Portanto,
trabalhe enquanto é chamado hoje.
RESUMO DA LIÇÃO
O
trabalho foi projetado por Deus para que desenvolvamos nossos talentos e o
sirvamos por meio deles.
Entenda o Resumo da Lição:
- O trabalho é necessário, o trabalho é difícil e até mesmo
perigoso. Apesar de tudo isso, ainda assim está claro que Deus se preocupa
profundamente com o que pensamos acerca de nosso trabalho e com a forma como
nos relacionamos com ele. O que fazemos e o modo como o fazemos não estão fora
do interesse de Deus.
TEXTO BÍBLICO
Colossenses 3.22-24
22. Vós, servos,
obedeci em tudo a vosso senhor segundo a carne, não servindo só na aparência,
como para agradar aos homens, mas em simplicidade de coração, temendo a Deus.
- Servos. Ou seja, escravos (veja Rm 1.1). segundo a carne. Ou seja,
a inclinação humana (cf. 2Co 10.2-3). vigilância. Veja Ef 6.6. Mais bem
traduzido por “serviço exterior". Diz respeito a trabalhar somente quando
o senhor está observando, ao invés de reconhecer que o Senhor está sempre
observando, e como o nosso trabalho o preocupa (vs. 23-24). Cf. 1Tm6.1-2; Tt
2.9-10; 1Pe 2.18-21.
23. E, tudo
quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor e não aos homens.
- fizerdes, fazei – dois verbos gregos distintos, “tudo o que você faz,
trabalhe nisso”. de coração – não por constrangimento, mas com boa vontade.
24. Sabendo que
recebereis do Senhor o galardão da herança, porque a Cristo, 0 Senhor, servis.
- galardão (recompensa) da herança. Veja Ef 6.7-8. O Senhor assegura ao
cristão que ele receberá uma recompensa justa e eterna pelos seus esforços (cf.
Ap 20.12-13), mesmo se o seu patrão terreno ou senhor não o recompensar
justamente (v. 25). Deus trata a obediência e a desobediência com
imparcialidade (cf. At 1.34; Gl 6.7). Os cristãos não devem usar a sua fé para
justificar a desobediência a urna autoridade ou ao patrão (cf. Fm 18).
2 Tessalonicenses 3.6-12
6.
Mandamos-vos, porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos
aparteis de todo irmão que andar desordenadamente e não segundo a tradição que
de nós recebeu.
- Mós vos ordenamos. As instruções de Paulo não eram meras sugestões; pelo
contrário, carregavam o peso e a autoridade da ordem judicial, a qual o
apóstolo entregou e a colocou em vigência (cf. vs. 4,6,10,12). Aqui, ele exigiu
a separação de modo que os cristãos obedientes não estivessem em comunhão com
os cristãos habitualmente desobedientes. Isso é explicado com mais detalhe no
v. 1 4. tradição. Existiam tradições falsas (Mc 7.2-13; Cl 2.8) e verdadeiras (cf.
2.15). As tradições de Paulo eram os seus ensinos inspirados
7. Porque vós
mesmos sabeis como convém imitar-nos, pois que não nos houvemos
desordenadamente entre vós.
- imitar-nos. Paulo invocou-os a imitá-lo (cf. v. 9; ITs 1.6) porque ele
imitava o exemplo de Crislo (cf. 1 Co 4.16; 11.1; Ef 5.1).
8. Nem, de
graça, comemos pão de homem algum, mas com trabalho e fadiga, trabalhando noite
e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós.
- O tema específico relacionado a trabalhar diligentemente para
ganhar o próprio sustento. Embora Paulo tivesse "autoridade" como
apóstolo para receber apoio financeiro, ele escolheu, pelo contrário, ganhar
seu próprio sustento a fim de estabelecer um exemplo (cf. 1 Co 9.3-14; Gl 6.4;
lTm 5.1 7-18).
9. Não porque
não tivéssemos autoridade, mas para vos dar em nós mesmos exemplo, para nos
imitardes.
- Não porque não tivéssemos direito. Compare com 1Coríntios 9:4-6;
Gálatas 6:6.
10. Porque,
quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto: que, se alguém não quiser
trabalhar, não coma também.
- Porque, quando ainda estávamos convosco – durante a nossa permanência em
Tessalônica. isto vos mandamos: que se alguém não quiser trabalhar, também não coma.
Esta e expressões semelhantes têm se mostrado provérbios de uso frequente entre
os judeus. “Quem não trabalha, não come” (Bereshith Rabba); “Quem não quer
trabalhar, não coma no sábado” (Lib. Zenon). É uma lei da natureza, e o
apóstolo aqui a sanciona como uma lei do cristianismo. Há aqui uma referência à
sentença pronunciada sobre o homem no Paraíso, em consequência da
desobediência: “No suor do teu rosto comerás pão” (Gênesis 3:19). O trabalho,
de fato, pode, em um ponto de vista, ser considerado parte da maldição, mas
também é uma bênção adaptada à natureza decaída do homem. O trabalho é a lei de
Deus; o ócio é o pai de muitos crimes e é gerador de miséria. [Pulpit, 1895]
11. Porquanto
ouvimos que alguns entre vós andam desordenadamente, não trabalhando, antes,
fazendo coisas vãs.
- estamos informados. Haviam chegado informações de que,
apesar de Paulo ter ensinado a eles a trabalhar e também ter escrito a respeito
disso (1 Ts 4.11), alguns ainda não estavam dispostos a fazê-lo (cf. 1Tm 5.13).
Estes foram ordenados a tomarem juízo c iniciar uma vida de trabalho ordenada.
12. A esses
tais, porém, mandamos e exortamos, por nosso Senhor Jesus Cristo, que,
trabalhando com sossego, comam o seu próprio pão.
- mandamos e exortamos, por nosso Senhor Jesus Cristo (“em nome do Senhor Jesus Cristo”,
NVT) – nEle, como fonte da autoridade.
- OBS.: Todos os comentários,
exceto os com citações, são da Bíblia de Estudo MacArthur, SBB, Edição de
Janeiro de 2017)
- Caso deseje, poderá baixar o
MyBible: https://play.google.com/store/apps/details?id=ua.mybible.
INTRODUÇÃO
A
palavra “trabalho”, ao longo da história, ganhou o significado de uma atividade
punitiva e desgastante para o ser humano, algo com que somos obrigados a
conviver sob pena de não poder nos sustentar ou suprir as nossas necessidades.
Mas o que a Palavra de Deus fala sobre o trabalho e de que forma sua mensagem
pode nos inspirar a glorificar ao Senhor por meio de nossas atividades
profissionais? Veremos nesta lição que a perspectiva divina acerca do trabalho
tem por objetivo abençoar a humanidade e dar aos homens o senso necessário de
utilidade para esta vida.
- Desde o princípio, a intenção
de Deus era que os seres humanos trabalhassem. O trabalho não é uma
consequência do pecado — embora nós experimentemos dias terríveis que nos
tentam a pensar que ele é! A partir do momento que Deus criou Adão e Eva, ele
lhes deu trabalho para fazer. Ele fez um jardim e lhes disse: “Trabalhem e
tomem conta disso” (Gênesis 2.15). O trabalho que Adão e Eva deveriam fazer era
perfeitamente prazeroso, um trabalho perfeitamente gratificante. Não havia qualquer
fadiga entediante, nenhuma competição impiedosa, nenhum senso de futilidade.
Eles faziam tudo como um serviço para o próprio Senhor, em um relacionamento
perfeito com ele. O trabalho deles era só uma questão de colher as
superabundantes bênçãos de Deus para eles!
I. A PERSPECTIVA BÍBLICA DO TRABALHO
1. O trabalho antes
da Queda. A Palavra de Deus nos mostra que, desde o princípio, Deus nos deu o
exemplo de uma atividade laborativa criando todas as coisas. Ele mesmo tomou a
iniciativa de trazer vida à terra por meio da Criação, e tudo o que podemos ver
hoje é fruto do seu trabalho, pois Ele sustenta todas as coisas pela palavra do
seu poder (Hb 1.3), A história da Criação nos apresenta o trabalho com o uma
ocupação dada para o homem pelo próprio Deus: “E tomou o SENHOR Deus o homem e
o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar” (Gn 2.15). Desde o
princípio, Deus entendeu que o homem deveria ter uma vida produtiva, e seu
primeiro trabalho foi junto ao campo, com o objetivo de se ambientar com a
natureza e guardá-la. Em hipótese alguma podemos crer que o trabalho foi uma
maldição antes do pecado, pois foi Deus que posicionou o homem para essas
finalidades, e isso não teve relação alguma com uma prática pecaminosa.
- É fundamental que se compreenda que a história do trabalho
não começa conosco. Ela começa com Deus. Deus é um trabalhador. A Bíblia começa
narrando o trabalho do Criador: “No princípio, Deus criou os céus e a terra”
(Gênesis 1.1). Nos primeiros dois capítulos do Gênesis, somos informados sete
vezes que Deus criou algo e doze vezes que ele fez alguma coisa. Os atos de
criar e de fazer são resumidos como seu trabalho: “No sétimo dia, Deus havia
terminado sua obra de criação e descansou de todo o seu trabalho” (Gênesis
2.2).
Essa verdade fundamental (a história do trabalho começa com
Deus) nos ajuda a entender a próxima parte desse ato de abertura do trabalho na
criação. Porque o momento supremo do trabalho criativo de Deus não foi a
criação de galáxias distantes ou das complexidades do DNA; foi a criação de
seres humanos. Assim como o resto da criação, somos o produto do trabalho de
Deus. No entanto, de forma singular e distinta de todos os outros seres
criados, somos feitos à imagem de Deus. De todas as implicações desse fato,
isso significa, principalmente, que fomos criados para ser um reflexo de Deus
para o mundo, uma reapresentação dele na terra. Vemos isso, primeiro, em
Gênesis 1.28, que diz: “Sejam férteis e multipliquem-se. Encham e governem a
terra. Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os
animais que rastejam pelo chão”. Até esse ponto da narrativa, tudo o que Deus
disse aos pássaros, aos peixes e aos outros animais foi dito também a Adão.
Como todas as outras criaturas, estamos destinados a reproduzir. Mas Deus
continua e afirma que nós não fomos criados apenas para encher a terra, como os
demais animais. Nós devemos “governá-la” e “dominá-la”, sobre tudo e sobre
todos. Temos trabalho a fazer. Não é qualquer trabalho. Trata-se de
refletirmos, através do trabalho, a própria natureza de Deus. Deus é claramente
Rei sobre a criação. Ele diz aos seres humanos: governem o mundo como meus
representantes, os portadores da minha imagem. E foi só nesse ponto da
narrativa que Deus declarou ser sua obra muito boa e depois descansou (confira
Gênesis 1.27 a 2.3).
No capítulo 2 de Gênesis, a natureza da obra que Deus nos
deu para fazer vem em foco mais nítido. Ato 1, Cena 1 fecha com Deus
descansando, mas o Ato 1, Cena 2 abre com Deus trabalhando novamente. Só que
agora, não o trabalho de criar, mas o trabalho de governar e de ordenar tudo o
que ele fez. Deus planta um jardim. Literalmente, um paraíso. Você pode imaginar
como se fosse uma propriedade rural bem ordenada. E lá ele coloca o primeiro
homem. Surge, então, uma pergunta: como você criaria um paraíso dentro de um
mundo já perfeito? Resposta: Deus criou um lugar perfeitamente adaptado para o
florescimento humano. Lá, ele colocou Adão. Observe: “O SENHOR Deus colocou o
homem no jardim do Éden para cultivá-lo e tomar conta dele” (Gênesis 2.15).
Adão deveria trabalhar e cuidar do jardim. Eva, então, é
criada como sua ajudante e companheira (Gn 2.18). Assim, Adão e Eva deveriam,
literalmente, cultivar o jardim, fazê-lo crescer e florescer; eles também foram
lá colocados para guardá-lo e para protegê-lo de qualquer coisa que pudesse
danificá-lo ou prejudicá-lo.
Tudo isso é muito importante porque o trabalho que Deus deu
a Adão e Eva é o paradigma para todo trabalho humano. Para entendermos melhor,
pense por um momento sobre o Jardim do Éden. Aquele é o lugar que Deus projetou
para o florescimento humano. Não há mais nada na terra para eles fora de lá. O
Éden é a casa, onde eles vivem o casamento e criam a sua família. O Éden é o
templo, onde eles se encontram com Deus. O Éden é o local de trabalho, onde se
empregam produtivamente naquilo que Deus lhes deu para fazer. Você e eu nunca
experimentamos o que eles experimentaram: um mundo no qual as divisões e os
conflitos de interesse entre igreja, local de trabalho e família não existiam.
Naquele mundo incrível, o trabalho deles era tomar aquele
jardim-casa-templo-local-de-trabalho e protegê-lo, cultivá-lo, fazê-lo
florescer e crescer, até que o mundo inteiro, e não apenas aquele pequeno
cantinho, tornasse um paraíso. Por que eles deveriam fazer aquilo? Porque eles
foram criados à imagem de Deus. Assim como Deus criou, eles deveriam criar.
Assim como Deus governou e tomou conta, eles deveriam governar e cuidar. Assim
como Deus criou um mundo frutífero e florescente, eles deveriam proteger e
promover esse florescimento e fecundidade. O trabalho do primeiro casal, como
representantes de Deus, era pegar o que Deus tinha começado e levar adiante –
para revelar a glória do Criador. O propósito do trabalho não era revelar quem
eles eram ou poderiam se tornar através do que faziam. O objetivo era revelar,
através do trabalho deles, quem Deus realmente é: criador, governador, protetor
e provedor de todas as coisas. Tendo sido criados à imagem do Criador, o
trabalho de Adão e Eva testificaria dele. Material traduzido e
adaptado pelo Pr. Leandro B. Peixoto do curso Christians
in the workplace. Trata-se de parte do programa de Escola Bíblica
Dominical da Capitol Hill Baptist Church em Washington D.C. (pastoreada por
Mark Dever), denominado Core Seminars – Engaging the
World. Fonte: http://www.capitolhillbaptist.org
2. O trabalho depois da Queda. Após a Queda, com
o pecado no mundo, o trabalho se tornou mais difícil. Não somente o homem, mas
a criação de Deus foi igualmente afetada, e com ela, a interação entre o homem
e a natureza por meio do trabalho. Dessa forma, o trabalho humano continuaria,
mas ele seria mais difícil: “[…] maldita é a terra por causa de ti: com dor
comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos e cardos também te produzirá;
e comerás a erva do campo. No suor do teu rosto, comerás o teu pão, até que te
tornes à terra; porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás”
(Gn 3.17-19). Com o se não bastasse a morte como consequência, o homem passaria
seus dias vendo que seu trabalho, antes feito aparentemente sem dissabores,
agora ser acompanhado de um esforço muito maior, com dores e suor. E por meio
do trabalho, o homem ganharia o seu sustento, até que seus dias terminassem.
Portanto, o trabalho também foi afetado pela decisão do homem de desobedecer a
Deus.
- Não sabemos quanto tempo decorreu entre o dia em que Adão
conseguiu seu primeiro emprego e o dia em que tudo deu errado. O que está
claro, porém, é que uma maneira de entender o que os teólogos chamam de Queda é
entender que Adão e Eva caíram no trabalho. Lembre-se: eles foram confiados com
o Jardim. Deveriam cuidar dele e guardá-lo. Contudo, em ambos os casos, eles
falharam. Satanás, o inimigo de Deus e dos homens, apareceu no Éden. O primeiro
casal, em vez de protegê-lo, tocando de lá o Adversário, estenderam-se com o
maldito numa trágica conversa (Gn 3.1-5). Depois, no final do papo, em vez de
administrarem o Jardim, eles tentam usá-lo para si mesmos (Gn 3.6), abusando de
sua própria autoridade e arruinando-a para toda a posteridade. Imediatamente
eles percebem que puseram tudo a perder (Gn 3.7). O chefe, Deus, aparece para
inspecionar o trabalho, mas eles estão escondidos em um canto qualquer de algum
escritório (Gn 3.8-9). Todos sabemos como é obter uma avaliação negativa de
desempenho no trabalho. Alguns de nós sabem inclusive o que é ser demitido, mas
o que Adão e Eva experimentam é pior do que qualquer uma das anteriores. Eles são
expulsos do Jardim, mas eles não são aliviados de suas responsabilidades. Eles
ainda são responsáveis por representar a Deus; eles ainda devem trabalhar. Mas
as condições de seu trabalho mudaram radicalmente: o mundo onde agora
trabalhariam está agora amaldiçoado por causa de seus pecados. Em Gênesis
3.17-19, nós lemos o seguinte:
Observe que, por causa da Queda, três coisas acontecem com
o trabalho de Adão e Eva e também com o nosso:
Primeiro, o trabalho tornou-se penoso: “Com o suor do rosto
você obterá alimento, até que volte à terra da qual foi formado” (Gn 3.19). Isso
é tão básico para a nossa experiência com o trabalho que é difícil imaginar
como o trabalho deve ter sido antes da Queda. Afinal, até mesmo um trabalho que
amamos tem pelo menos algum aspecto que é cansativo, tedioso e mesmo doloroso.
Sabemos o que precisa ser feito, mas não temos a capacidade ou os recursos para
fazê-lo, como se houvesse alguma conspiração para tornar penoso o nosso
trabalho. De fato, há uma conspiração. No mundo caído, o trabalho é penoso.
Segundo, o trabalho tornou-se insignificante. Mesmo que
Adão trabalhe penosamente no solo, durante toda a sua vida, o solo amaldiçoado
sob seus pés “produzirá espinhos e ervas daninhas, mas você comerá de seus
frutos e grãos” (Gn 3.18). Percebeu? Por mais que se trabalhe duro, por vezes,
o que se experimenta é futilidade; inutilidade; insignificância. Por causa da
Queda, aspirações vão constantemente ser vencidas pela realidade, e por mais
duro que se tente, a realidade nunca vai mudar. Dentro do Jardim, o resultado
do trabalho foi a expansão da utopia. Fora do Jardim, nosso trabalho nunca
produz utopia; nem mesmo chega perto. A terra foi amaldiçoada.
O que descobrimos são esses dois aspectos do trabalho em um
mundo caído – penoso e insignificante – colidindo frontalmente com as
aspirações do mundo moderno. Como Timothy Keller observou, “nossa geração
insiste que o trabalho seja satisfatório e frutífero, que se encaixe
perfeitamente com nossos talentos e nossos sonhos, e que ‘faça algo incrível
para o mundo’, como um executivo do Google descreveu a missão da empresa”.
Parece bom. O problema é que esse não é o mundo em que vivemos.
Então, somos todos tentados a desistir inteiramente do
trabalho, ou ficamos cínicos ou nos excluímos. Só que essa não é realmente uma
opção. Afinal, há uma terceira consequência da Queda sobre o trabalho. O que
era um ato livre de adoração agora é um ato compulsório de sobrevivência.
Gênesis 3.19: “Com o suor do rosto você obterá alimento, até que volte à terra
da qual foi formado. Pois você foi feito do pó, e ao pó voltará”. No Jardim,
Adão não tinha de trabalhar para comer. Deus tinha plantado um pomar, e tudo o
que Adão precisava estava lá para se pegar e se comer. Mas agora há uma
urgência, uma compulsão, uma ordem para trabalhar. Como Paulo disse: “Quem não
quiser trabalhar não deve comer”. Não é que o trabalho tenha, agora, se tornado
ruim. Não é que o trabalho seja punição pelo pecado. É que, num mundo caído, o
trabalho penoso e insignificante é também implacável. Gostemos ou não, devemos
trabalhar. Nós não podemos escapar dele, exceto na morte.
Gênesis 3 é Ato 2, Cena 1 da Queda. Mas a crise na história
não é apenas sobre a mudança em nossas condições de trabalho. É também uma
mudança em nós, os trabalhadores. Em um mundo caído, os trabalhadores caídos
não usam mais seu trabalho para adorar a Deus. Eles adoram ídolos.
Ato 2, Cena 2 da Queda começa em Gênesis 4. Uma das
primeiras imagens do trabalho que nos são dadas fora do Jardim revelam o
contraste entre os descendentes de Caim e os descendentes de Sete, o filho de
Adão que substituiu Abel, desde que Caim o matou. O que aprendemos é que o
trabalho constrói a cultura. Os descendentes de Caim desenvolvem a agricultura,
a pecuária, a música e a metalurgia. E tudo isso é muito bom. Mas o que a
narrativa também nos mostra é que os descendentes de Caim são definidos pelo
seu trabalho; a identidade deles vem do trabalho (confira Gênesis 4.17-24). Em
contraste, os descendentes de Sete, a linhagem divina, não estão associados ao
trabalho. Em vez disso, eles são definidos como aqueles que “começaram a
invocar o nome do SENHOR” (confira Gênesis 4.25-26). O ponto não é que os
adoradores de Deus não trabalham, mas que eles não são definidos pelo trabalho
que eles realizam. Material traduzido e adaptado pelo Pr. Leandro
B. Peixoto do curso Christians in the workplace.
Trata-se de parte do programa de Escola Bíblica Dominical da Capitol Hill
Baptist Church em Washington D.C. (pastoreada por Mark Dever), denominado Core Seminars – Engaging the World.
Fonte: http://www.capitolhillbaptist.org
3. O trabalho com o passar do tempo. De forma inicial,
o homem procurou lavrar a terra, e a caça e a pesca se tornaram meios não só de
sobrevivência, mas de cumprimento da ordem de Deus, de povoarem e a dominarem,
também de mostrarem sua supremacia sobre os peixes, as aves e os animais (Gn
1.28). A partir desses fatores, os homens desenvolveram técnicas com as quais
poderiam facilitar suas atividades, bem como instrumentos que os ajudariam em
seus afazeres. Os homens foram formando agrupamentos sociais, e por desprezarem
a Deus e suas orientações, o trabalho sofreu distorções que afetaram a todos. A
maldade dos homens fez surgir a escravidão e os maus tratos com outras pessoas.
A escravidão passou a ser um meio com o qual o trabalho era feito, mas sem a
valorização devida tanto para com o ser humano quanto para com a atividade
realizada. E foi o Cristianismo, por meio de homens como John Wesley, John
Newton e Wilberforce, que lutaram para que esse sistema fosse extinto. No
Brasil, a Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel, foi d e autoria de um
cristão protestante, Rodrigo Augusto da Silva. Ele apresentou ao Senado a lei,
que posteriormente foi aprovada, trazendo o fim da escravidão no Brasil. Em
nossos dias, ao menos nos países desenvolvidos, a escravidão é combatida, e o
trabalho é regido por leis bem específicas. Mas em outros, ela ainda é um fator
que perdura na cultura. A Palavra de Deus nos mostra também que havia
trabalhadores que recebiam por seus salários, e que a escravidão não era uma
norma. Jesus menciona que um pai de família saiu de madrugada para pagar os
trabalhadores da sua vinha (Mt 20.1). Ele mesmo disse que “digno é o obreiro de
seu salário” (Lc 10.7).
- Essa idolatria do trabalho entra em foco nítido à medida
que a história avança. Em Gênesis 11.1-4, lemos:
1 Houve um tempo em que todos os habitantes do mundo
falavam a mesma língua e usavam as mesmas palavras. 2 Ao migrarem do leste,
encontraram uma planície na terra da Babilônia, onde se estabeleceram. 3
Começaram a dizer uns aos outros: “Venham, vamos fazer tijolos e endurecê-los
no fogo”. (Naquela região, era costume usar tijolos em vez de pedras, e betume
em vez de argamassa.) 4 Depois, disseram: “Venham, vamos construir uma cidade
com uma torre que chegue até o céu. Assim, ficaremos famosos e não seremos
espalhados pelo mundo”.
Assim como em Gênesis 4 com os descendentes de Caim, o
trabalho aqui é, em última análise, a construção da cultura. Eles desenvolvem
tecnologia, eles constroem uma cidade. Eles estão perseguindo o florescimento
humano. Está tudo bem. Mas eles querem algo mais também: identidade. Eles
querem fazer um nome para si mesmos. E querem fazê-lo à parte de Deus, através
do seu trabalho. Na verdade, eles querem fazê-lo em contradição com Deus. Deus
disse para encher a terra; o desejo deles é que não sejam “espalhados pelo
mundo”.
Quão longe do Jardim nós chegamos! O que começou como um
meio de dizer “olhe para Deus” em adoração tornou-se um meio de dizer “olhe
para mim”. Os portadores da imagem divina curvaram-se para si mesmos, como
Agostinho colocou, procurando refletir sua própria glória para si mesmos, em
vez de refleti-la de volta para Deus.
É preciso que se note que essa idolatria tem pelo menos
duas expressões diferente e, às vezes, simultâneas. Por um lado, alguns de nós
são tentados a se definir diretamente pelo trabalho, pelas realizações, pelo
sucesso. Por outro lado, outros são tentados a se definir pela sua liberdade do
trabalho, pelo lazer, pelos hobbies, pela recreação. Por exemplo: os jovens, de
um lado, geralmente iniciam-se no mercado de trabalho com o desejo de mudar o
mundo – é a idolatria do trabalho como identidade; os velhos, de outro lado, ao
se aposentarem, geralmente evitam a todo custo o trabalho – é a idolatria da
liberdade do trabalho como identidade. Mas os dois são realmente apenas os
lados opostos da mesma moeda: uma idolatria que define nossa identidade pelo
relacionamento com o trabalho, e não com Deus.
O fim da história de Babel é que Deus desce e julga aquela
adoração idólatra do trabalho. Esse mesmo julgamento é o que todos nós
merecemos. Mas, louvem a Deus, pois não é aí que termina a história do
trabalho. Material traduzido e adaptado pelo Pr. Leandro B. Peixoto
do curso Christians in the workplace.
Trata-se de parte do programa de Escola Bíblica Dominical da Capitol Hill
Baptist Church em Washington D.C. (pastoreada por Mark Dever), denominado Core Seminars – Engaging the World.
Fonte: http://www.capitolhillbaptist.org
PENSE! Deus fez homem e mulher, os abençoou e os fez frutificar,
mostrando seu compromisso com o casamento desde a criação do mundo.
PONTO IMPORTANTE! O casamento e a família foram instituídos pelo
Senhor (Gn 2.24).
A fim de abençoar meus leitores e seguidores com um
pouco mais de conteúdo, com mais profundidade, maior clareza e biblicidade,
iniciarei uma Pós-Graduação em Teologia
Bíblica e Exegética do Novo Testamento, pela Faculdade Internacional Cidade
Viva.
O curso terá duração de 14 meses. Como sabem, é
necessário a aquisição de livros e material afim, o que exige investimentos.
Aqui, desejo contar com fiéis colaboradores!
Peço gentilmente sua colaboração nesse intuito,
enviando sua ajuda para assis.shalom@gmail.com.
Deus em Cristo retribua.
“Tudo o que
fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens,
sabendo que receberão do Senhor a recompensa da herança. É a Cristo, o Senhor,
que vocês estão servindo” (Cl 3:23-24).
II. A RELEVÂNCIA DO TRABALHO
1. Fortalece o nosso testemunho. A Palavra de Deus elogia as pessoas que se dedicam
a ser excelentes profissionais: “Viste um homem diligente na sua obra? Perante
reis será posto; não será posto perante os de baixa sorte” (Pv 22.29). Esse
simples testemunho mostra o quanto um bom trabalhador é valorizado: “O servo
prudente dominará sobre 0 filho que procede indignamente; e entre os irmãos
repartirá a herança” (Pv 17.2). É certo que ser um bom profissional passa pelo
processo de aprendizado e de dedicação. Uma pessoa pode ser bem instruída, mas
se não for dedicada, sua ciência jamais se desenvolverá. E o aprendizado vai
servir para que a pessoa adquira perícia naquilo que vai fazer. Portanto, é
nosso dever estarmos preparados para as demandas profissionais do nosso tempo,
mas sempre visando servir a Deus com o conhecimento que adquirimos.
- A Bíblia é clara quando nos apresenta um modo de vida
cristã no qual toda a vida é voltada para a glória de Deus. Nessa perspectiva,
deve-se romper com a separação entre o sagrado e o profano, e a vida religiosa
deve permear todas as esferas da vida.
O trabalho, então, deixa de ser um peso que nos é imposto
para o sustento, e começa a ser mais uma forma de render glória a Deus e
testemunhar sobre um modo de vida diferente.
Muito provavelmente, a abertura para ser ouvido por um
colega de trabalho sobre o Evangelho passará pela conformidade da sua postura
no trabalho com seu discurso sobre a fé. Pensando nisso, observe algumas
atitudes importante para o crente no ambiente profissional:
Seja bom no que
você faz.
O cristão deveria
sempre ser o trabalhador mais exemplar dentro do seu meio de atuação. Em uma
história atribuída a Lutero, conta-se que um sapateiro convertido lhe pergunta
como ele poderia servir melhor a Deus; a resposta foi que ele deveria fazer um
bom sapato e vendê-lo por um preço justo. Se o trabalho é para Deus, você deve
fazer o melhor.
Seja pontual.
Cumpra seus
horários, seja com seu patrão ou com seus clientes. Uma vez que você empenhou
seu compromisso de chegar em determinado horário, ou entregar um produto ou
serviço em determinado dia, cumpra com sua obrigação.
Seja honesto.
Não defraude seu
patrão, o cliente do seu patrão ou seu cliente. Faça negócios justos, mesmo que
outros aparentemente fiquem à sua frente utilizando métodos desonestos –
lembre-se que, no fim, é Deus quem julga todos os homens, e que “é melhor o
pouco com justiça do que a abundância com a injustiça.” (Provérbios 16:8).
Fique atento às
oportunidades para a pregação.
Todo cristão deve
saber que seu cliente ou patrão espera uma postura (adequada) sua dentro do
trabalho. Se você passa a maior parte do dia pregando ativamente, por mais que
pareça algo muito espiritual, você está defraudando seu patrão ou cliente. Eles
te contrataram esperando certo produto ou serviço, então, é seu dever como
cristão cumprir com aquilo que você se comprometeu. A pregação em si não é um
problema, pelo contrário, é um dever, mas deve ser feita sempre com sabedoria,
sem desconsiderar os demais deveres.
Dessa forma, devemos
aproveitar bem as oportunidades que aparecem para compartilharmos o Evangelho.
Há algum tempo, tive uma chance de ascensão dentro do meu trabalho, em que
vários colegas julgavam que eu era o mais bem qualificado para a função. A
surpresa foi que eu sequer fui chamado para a entrevista. Após o processo, meu
gerente me chamou para conversar e me perguntou se havia me sentido
injustiçado. Naquele momento eu citei um provérbio de Eclesiastes: “Percebi
ainda outra coisa debaixo do sol: Os velozes nem sempre vencem a corrida; os
fortes nem sempre triunfam na guerra; os sábios nem sempre têm comida; os prudentes
nem sempre são ricos; os instruídos nem sempre têm prestígio; pois o tempo e o
acaso afetam a todos.” (Eclesiastes 9.11)
Eu disse para ele que a vida nem sempre é justa aos nossos
olhos, mas que a minha motivação estava longe de ser uma promoção ou minha
posição dentro de uma empresa. Eu trabalho para agradar a Deus. Portanto, esteja atento às oportunidades.
Esteja atento ao sofrimento dos que te cercam no seu trabalho. Ore por eles,
peça a Deus uma oportunidade todos os dias. Adaptado de: Lic. Gustavo Quirino –
Licenciado. Disponível em: https://oitavaigreja.com.br/testemunho-cristao-no-trabalho/
2. Jesus e Paulo. Dois exemplos bíblicos de trabalho no Novo Testamento são o Senhor Jesus
Cristo e o apóstolo Paulo. O Messias é descrito com o “homem de dores,
experimentado nos trabalhos” (Is 53.3). Jesus foi carpinteiro, profissão que
seguiu de seu pai terreno, José: “Não é este o filho do carpinteiro?” (Mt
13.55). Jesus tinha uma vida laborativa. Paulo era um missionário fazedor de
tendas, ou seja, fazia de sua profissão um meio para se sustentar e falar de
Jesus onde estivesse. Esse modelo vem inspirando pessoas que saem de seus
países para servir a Deus com suas profissões em regiões que não permitem a
entrada de pastores e missionários cristãos para evangelizarem formalmente.
- Aqui é citado Isaías 53.3 para embasar que Jesus foi um
trabalhador. Não resta dúvidas de que o Mestre experimentou a dura carga do
trabalho, mas esse texto não serve para amparar a ideia. E familiarizado com o trabalho
– hebraico viydûa, é melhor traduzido por E conhecendo o sofrimento. Jesus era
o filho do carpinteiro. José era o trabalhador dedicado e Jesus teria aprendido
o ofício com o pai, tendo-o praticado até o início de sua missão
evangelizadora. Essa narrativa parte dos textos bíblicos, a partir das
traduções consolidadas, e é carregada de elementos da tradição. Naquela
cultura, os filhos aprendiam o ofício do pai, naturalmente, Jesus aprendeu com
José o ofício e deve tê-lo executado até o início de Seu ministério. Paulo
fazia questão de não ser um peso às comunidades que o acolhiam. Sustentava-se
com o seu ofício de fabricante de tendas e de objetos de couro (At 18.3). No
entanto, isso não implica dizer que aqueles que são chamados para a obra
missionária não devam ser sustentados para que se dediquem exclusivamente ao
Evangelho.
3. O descanso. Se por um lado aprendemos que o trabalho é necessário; por outro também
é preciso valorizar nossos momentos de descanso, Deus descansou de sua obra
após ter completado a criação, não porque estivesse cansado, mas para nos dar o
exemplo de que o descanso é tão importante quanto o trabalho. Até a salvação é
retratada como um momento de alívio e descanso: “Vinde a mim, todos os que
estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mt 11.28). Para que cuidemos
do nosso corpo, quando estivermos cansados, devemos descansar, e não tomar
produtos que alterem nosso sono e nos façam prolongar o tempo em que estamos
acordados, pois isso tem um preço para o nosso organismo. O descanso no momento
certo é uma das ações mais espirituais de que podemos usufruir em nossa vida
nesta Terra.
- Não, Deus não se cansa (Isaías 40:28). Ele não descansou no
sétimo dia para renovar suas forças. Descansar também significa parar de
trabalhar. Quando em Gênesis 2.2 diz que Deus descansou no sétimo dia,
significa que Ele não trabalhou nesse dia. "A palavra hebraica, shabāt, tem relação com o verbo, shavāt, que
significa 'cessar', 'parar'. Apesar de ser vista quase universalmente como
'descanso' ou um 'período de descanso', uma tradução mais literal seria
'cessação', com a implicação de 'parar o trabalho'. Portanto, Shabat é o dia de
cessação do trabalho; enquanto que descanso é implícito, mas não é uma
denotação da palavra em si. Por exemplo, a palavra em hebraico para 'greve' é
shevita, que vem da mesma raiz hebraica que Shabat, e tem a mesma implicação,
nominalmente que trabalhadores em greve se abstêm ativamente do trabalho, ao
invés de passivamente." http://pt.wikipedia.org/wiki/Shabat
III. CONSELHOS A RESPEITO DO TRABALHO
1. Não use a fé para deixar de trabalhar. Um dos maiores erros que um cristão pode fazer é
deixar de trabalhar na vida secular para se colocar como um peso para os seus
irmãos. Paulo escreveu aos tessalonicenses sobre um grupo de pessoas daquela
igreja que estava vivendo de forma desordenada, fugindo do trabalho. Ele diz
que quando esteve entre os tessalonicenses, trabalhou para não ser pesado aos
irmãos (2 Ts 3.7- 9). Ele recomenda que aquele que não trabalha, também não
coma (2 Ts 3.10). Pode ser um mandamento bem radical, mas ele visava trazer
ordem para a igreja. A ordem designada por Deus foi que tivéssemos uma vida produtiva.
Naturalmente isso não se aplica às pessoas que não podem trabalhar e precisam
de ajuda, mas sim aos que podem, mas preferem não o fazer, pois tal atitude
desonra o Evangelho.
- A comunidade de Tessalônica
estava enfrentando um sério problema. De alguns de seus membros é dito que:
vivem desordenadamente e não trabalham; antes fazem coisas inúteis (v.11). Quem
são estes membros? Que significa viver desordenadamente? Quais são as coisas
consideradas inúteis? Alguns membros da comunidade, não muitos, viviam fora da
ordem, ou seja , em nosso caso, eram pessoas preguiçosas que não se preocupavam
em trabalhar para conseguir seu sustento e viviam, portanto, às custas da
comunidade e de seus membros. Através de um jogo de palavras, no v.11
(ERGAZOMAI - trabalhar; PERIERGAZOMAI - estar por aí muito ocupado), o autor dá
a entender que essas pessoas estão sempre muito ocupadas, mas o que fazem são
coisas inúteis, que não levam a nada, senão à miséria e ao viver de esmolas. O
termo grego, na sua forma adjetivada (PERÍERGOS), pode significar que esses
preguiçosos se intrometiam em coisas que não lhes diziam respeito (cf. 1Tm
5.13). Mais adiante, veremos detalhes sobre essas coisas inúteis. Antes, cabe
perguntar pelo porquê dessa preguiça de alguns.
O contexto de toda 2Ts nos dá uma
explicação sobre a situação da comunidade e os motivos da preguiça de alguns de
seus membros. Em 2.1-12, Paulo argumenta que, antes de chegar o dia do Senhor,
ainda há de acontecer muita coisa. Provavelmente, algumas pessoa supunham que
já tivesse chegado o dia do Senhor. Devemos, portanto, entender a preguiça de
alguns como uma consequência ética da convicção de que o dia do Senhor já veio
(2Ts 2.2). Trata-se, então, em 2Ts, de um entusiasmo apocalíptico pela iminente
vinda de Cristo ou pelo já iniciado reino da perfeição Certa gente acha que o
importante, agora, é preparar esta chegada de Cristo (ou viver de acordo com o
novo reino). Anunciavam a (iminente) parusia, dela faziam propaganda pública
para angariar adeptos, dedicavam-se à oração e meditação. Não é difícil de
entender que, para estes, não fazia muito sentido trabalhar, a fim de conseguir
o seu sustento corporal. Já que Cristo está às portas, ou o dia do Senhor até
já veio, não há mais tempo nem necessidade de trabalhar. Membros da comunidade
perdiam a motivação pelo trabalho, ante tal pregação. A consequência foi o
rápido empobrecimento de um pequeno grupo da comunidade. Este grupo passou,
então, a ser sustentado pelo resto da comunidade. É claro que esta atitude de
alguns requeria um posicionamento da comunidade toda.
A questão era: uma comunidade
cristã admite a preguiça, mesmo que seja uma santa preguiça? E as pessoas não
pertencentes à comunidade, o que pensariam elas desse entusiasmo e da ética
dele resultante? A atitude de alguns membros podia desacreditar toda a
comunidade cristã e o próprio evangelho de Jesus Cristo.
Ao ser informado dessa situação,
Paulo teve que fazer uma advertência enérgica. Já em 1Ts advertiu os
preguiçosos (4.11$ e 5.14). Mas parece que os seus conselhos não foram
seguidos. Agora, em 2Ts, Paulo volta, com mais vigor, a exortar aqueles que
andam desordenadamente, ou seja, os que vivem sem importar-se com a ordem
divina. https://www.luteranos.com.br/textos/2-tessalonicenses-3-6-13-1
2. Trabalhe como para o
Senhor. Em um
ambiente onde não havia normas trabalhistas que trouxessem equilíbrio ao
sistema de trabalho, onde a norma era a escravidão, o apóstolo Paulo orienta
que os cristãos sejam diligentes em suas tarefas, independentemente da sua
posição na sociedade. O servo crente poderia pensar que não deveria trabalhar
com empenho por estar descontente com a sua posição social, mas Paulo ensina
que quem trabalha, que trabalhe como se estivesse servindo ao Senhor (Cl
3.23,24). Se por um lado Deus fala aos servos, Ele também adverte aos senhores:
“E vós, senhores, fazei o mesmo para com eles, deixando as ameaças, sabendo
também que o Senhor deles e vosso está no céu e que para com ele não há acepção
de pessoas” (Ef 6.9), Certamente havia na igreja pessoas mais abastadas que
tinham escravos e que por serem cristãos, deveriam ser ensinados que não
poderiam usar sua posição para destratar aqueles que os serviam.
- Paulo contrapõe à ética
decorrente de um entusiasmo escatológico a ética decorrente da realidade das
ordens divinas da criação. (Bonhoeffer pp. 70ss, fala em mandatos.) Estas
diversas ordens naturais servem para preservar a vida da humanidade. Também o
cristão deve viver dentro delas. Ele não pode se arrogar o direito de não mais
precisar delas e, por isso, desprezá-las. Os cristãos ainda vivem neste mundo
criado por Deus. E Jesus Cristo quer que esperemos por ele dentro das ordens
deste mundo. Uma destas ordens é o trabalho, válida tanto no paraíso (Gn 2.15)
como dentro do mundo caído (Gn 3.19). Importante para entendermos a motivação
de todas estas exortações de Paulo contra a preguiça, a meu ver, é o termo
tranquilidade (HËSYCHÍA) do v.12. O termo também significa sossego, paz.
Trabalho não tem nada a ver com afobação, pelo contrário, os preguiçosos é que
estão constantemente afobados. A tranquilidade tem algo a ver com Jesus Cristo.
Dentro das ordens da criação de Deus, o cristão pode viver e labutar
tranquilamente, consciente de que toda a sua obra repousa e está guardada na
grande obra de Jesus Cristo: a sua cruz e ressurreição. Talvez esteja fazendo
uma super-exegese do termo, mas creio que podemos encontrar nele o elemento
especificamente cristão de todo o trecho. Os cristãos vivem e trabalham neste
mundo, como todas as outras pessoas, mas com uma diferença: eles .não precisam
amarrar-se às ordens e sacrificar-se a elas. Dentro das ordens, esperamos por
aquele que delas nos libertou. https://www.luteranos.com.br/textos/2-tessalonicenses-3-6-13-1
3. Não retires a tua mão. Um dos conselhos que Salomão dá para quem trabalha é “pela manhã, semeia
a tua sem ente e, à tarde, não retires a tua mão, porque tu não sabes qual
prosperará; se esta, se aquela ou se ambas igualmente serão boas” (Ec 11.6).
Num ambiente sem a tecnologia da qual dispomos, a opção que o homem da terra
tinha era de semear insistentemente. Isso implica ter disciplina e não
desanimar com o passar do tempo, pois, as sem entes que eram depositadas na
terra levavam algum tempo para germinar. Enquanto elas não se desenvolvessem, o
agricultor deveria manter um trabalho constante na terra. Da mesma forma, nós
devemos ser diligentes em nossas tarefas, pois no tempo certo, haverá a
colheita do que plantamos.
- Eclesiastes 11.6, o conselho do
autor é não evitar comprometer-se com as coisas, e realizá-las, mas deixar que
Deus determine o sucesso ou o fracasso do empreendimento. Com Eclesiastes 11, o
Pregador inicia seu discurso final. Ele completou seu tema de que a labuta
humana na terra não tem valor duradouro e agora está pronto para algumas
conclusões práticas. Uma delas é que, apesar da ausência de valor permanente,
certamente há uma recompensa ligada ao trabalho árduo e satisfação a ser
encontrada nele. Portanto, ele exorta a trabalhar duro e persistentemente.
CONCLUSÃO
Foi
Deus quem instituiu o trabalho, por entender que ele é útil para a humanidade,
e que nos faz prosperar e desenvolver nossos talentos. O trabalho é onde
passamos ou passaremos a maior parte do nosso tempo, mais tempo até do que com
nossas próprias famílias. Portanto, é possível tornar o ambiente de trabalho um
ambiente em que Deus pode ser visto pelo nosso testemunho, pela nossa
integridade e pela nossa perícia profissional.
- Desde o princípio, a intenção
de Deus era que os seres humanos trabalhassem. O trabalho não é uma
consequência do pecado. O pecado de Adão e Eva, obviamente, mudou isso. Compreender
essa parte da história bíblica e o lugar do trabalho nela é, na verdade,
crucial para nós como cristãos, pois ela ajuda a explicar porque o nosso
trabalho sempre será, em um grau ou em outro, marcado pela frustração. O
trabalho é difícil porque nós e o mundo ao nosso redor temos sido afetados pelo
nosso afastamento de Deus. Por causa disso, não deveríamos nos surpreender com
o fato de o trabalho ser às vezes difícil e doloroso. O trabalho tem a
tendência de nos desgastar e esgotar. Ele pode ser uma fonte de grande
frustração em nossa vida. Por outro lado, não deveríamos nos surpreender com o
fato de que quando realmente apreciamos o nosso trabalho, há um perigo sempre
presente de que o nosso trabalho nos consuma completamente — a ponto de nosso
coração ser definido pelos interesses do trabalho e sermos reduzidos a meros
trabalhadores. Entenda o seguinte: não importa qual seja a sua profissão; não
importa o que quer que seja que você faça nela; não importa quem seja o seu
chefe ou o chefe do seu chefe; o que você faz em sua profissão é feito, na
verdade, como um serviço para o Rei Jesus! Ele é quem o colocou lá neste
momento de sua vida, e é para ele que você trabalha basicamente.
_______________
Pb Francisco
Barbosa (@Pbassis)
Quer falar
comigo? Tem alguma dúvida?
WhatsApp:
8398730-1186
Esse artigo foi útil?
Considere fazer uma contribuição.
Chave PIX. assis.shalom@gmail.com
HORA DA REVISÃO
1. Quem deu o trabalho ao homem?
A história da Criação nos apresenta o trabalho com o um a ocupação dada
para o homem pelo próprio Deus (Gn 2.15).
2. O trabalho foi
uma maldição pelo pecado?
Em hipótese alguma podemos crer que o trabalho foi uma maldição antes do
pecado, pois foi Deus que posicionou o homem para essas finalidades, e isso não
teve relação alguma com uma prática pecaminosa.
3. O que aconteceu
com o trabalho depois da Queda?
Após a Queda, com o pecado no mundo, o trabalho se tornou mais difícil.
4. Cite dois
cristãos que lutaram para o fim da escravidão.
John Wesley, John Newton e Wilberforce.
5. Segundo a
lição, quais os dois exemplos bíblicos de trabalho no Novo Testamento?
Jesus e Paulo.