TEXTO ÁUREO
“Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra.” (At 1.8)
Entenda o Texto Áureo:
- A missão dos apóstolos de difundir o evangelho foi a razão principal
para a qual o Espírito Santo os capacitou. Esse acontecimento alterou
dramaticamente a história mundial, e a mensagem do evangelho finalmente chegou
a todas as partes da terra (Mt 28.19-20). recebereis poder. Os apóstolos já haviam experimentado o poder
do Espírito Santo de salvar, guiar, ensinar e realizar milagres. Em breve eles
receberiam a presença habitadora do Espírito e uma nova dimensão de poder para
testemunhar (At 2.4; 1Co 6.19-20; Ef 3.16,20). testemunhas. Pessoas que contam a verdade sobre Jesus Cristo (Jo
14.26; 1Pe 3.15). A palavra grega significa “pessoa que dá a vida pela sua
fé", pois esse foi o preço comumente pago pelo testemunho. Judeia. A região na qual Jerusalém se
localizava. Samaria. A região
imediatamente ao norte da Judeia.
VERDADE PRÁTICA
O Espírito
Santo é a força-motriz que movimenta a Igreja. Sem o poder do Espírito, a
Igreja é incapaz de cumprir a sua missão.
Entenda a Verdade Prática:
- O poder que capacita a igreja não vem da terra, emana do céu; não
procede dos homens, provém do Espírito Santo. A igreja não pode cumprir a
grande comissão sem o poder do Espírito. Sem poder, a igreja não está apta para
viver, para pregar nem para morrer. Não há cristianismo sem poder. O evangelho
é o poder de Deus. O reino de Deus não consiste em palavras, mas em poder. O
Espírito Santo é a fonte do poder. A suprema grandeza do poder de Deus está à
disposição da igreja. O mesmo poder que esteve sobre Jesus, está sobre a
igreja. O mesmo poder que ressuscitou Jesus dentre os mortos, capacita a igreja
para viver vitoriosamente!
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Atos 13.1-4
1. Na igreja
que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé, e
Simeão, chamado Niger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes,
o tetrarca, e Saulo.
- O cap. 13 assinala uma mudança importante em Atos. Os primeiros 12
capítulos centram-se em Pedro; os demais capítulos giram em torno de Paulo. Com
Pedro, a ênfase está na igreja judaica em Jerusalém e na Judeia; com Paulo, o
foco ó a igreja gentílica dispersa pelo mundo romano, que começou na igreja de
Antioquia. profetas. Eles desempenhavam papel importante na igreja apostólica (1Co
12.28; Ef 2.20). Eram pregadores da Palavra de Deus e eram os responsáveis, nos
primeiros anos, pela igreja na função de instruir congregações locais. Em
algumas ocasiões, receberam nova revelação de natureza prática (Cl 11.28;
21.10).
2. E, servindo
eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a
Saulo para a obra a que os tenho chamado.
- servindo. Provém de um
termo grego que na Escritura descreve serviço sacerdotal. Servir na liderança
da igreja é um ato de culto a Deus e consiste no oferecimento de sacrifícios
espirituais a Deus, incluindo oração, supervisão do rebanho, pregação e ensino
da Palavra. jejuando. O jejum
muitas vezes está ligado com oração fervorosa e vigilante (Ne 1.4; SI 35.13; Dn
9.3; Mt 17.21; Lc 2.37} e inclui a perda de desejo por alimento ou abstenção
voluntária de alimento para concentrar-se em questões espirituais (Mt 6.16 17).
3. Então,
jejuando, e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram.
- impondo sobre eles as mãos.
No AT, ofertantes de sacrifícios colocavam suas mãos sobre o animal como expressão
de identificação (Lv 8.14,18,22; Hb 6.2). Mas no sentido simbólico, significava
a afirmação, o apoio e a identificação com uma pessoa e seu ministério (1Tm
4.14; 5.22; 2Tm 1.6; cf. Nm 27.23).
4. E assim
estes, enviados pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para
Chipre.
- Selêucia. Essa cidade
servia de porto para Antioquia, a 25 km de distância da desembocadura do rio
Orontes. Saulo e Barnabé decidiram começar sua ação missionária ali porque esse
era o lugar de residência de Barnabé, que ficava apenas a dois dias de viagem
de Antioquia e contava com grande população de judeus.
INTRODUÇÃO
Nesta lição
focaremos nossa atenção no poder do Espírito Santo na missão da Igreja de
Cristo. Aqui, mostraremos que o povo de Deus não pode prescindir do
revestimento do poder pentecostal para obter êxito na sua missão na Terra.
Assim, que a ação do Espírito Santo, e a contemporaneidade de seus dons na
Igreja, não se trata de uma mera opção, mas de algo imprescindível, a sua maior
necessidade. Sem o Espírito Santo, a igreja local não anda nem cumpre sua
vocação.
- O propósito do poder do Espírito é capacitar a igreja a testemunhar. A
igreja precisa de poder e poder para que? Poder para tirar os olhos da
especulação escatológica para fixá-los na obra missionária (At 1.4-8). Poder
para perdoar, uma vez que a inimizade entre judeus e samaritanos só poderia ser
vencida pelo poder do Espírito. Poder para levar a mensagem da salvação para
fora dos limites de Israel, chegando a todas as etnias da terra. Poder para
morrer. A palavra “testemunha” é a tradução do vocábulo grego martyria, de onde
procede a palavra “mártir”. É o poder do Espírito Santo que capacita a igreja a
enfrentar o ódio do mundo e a carranca do diabo. É o poder do Espírito Santo
que deu coragem aos apóstolos para enfrentar as prisões e os açoites em
Jerusalém. É o poder do Espírito Santo que revestiu de força os cristãos para
suportar a amarga perseguição promovida pelos imperadores romanos. É o poder do
Espírito Santo que capacitou os cristãos a enfrentarem o martírio. Milhares de
cristãos foram crucificados, queimados vivos e jogados às feras sem negar a sua
fé. Ninguém consegue deter os passos de uma igreja cheia do Espírito Santo.
Nenhuma força na terra nem mesmo no inferno pode intimidar uma igreja revestida
com o poder do Espírito Santo. Hernandes Dias Lopes em: https://www.hernandesdiaslopes.com.br/uma-igreja-revestida-de-poder.
PALAVRA-CHAVE:
REVESTIMENTO
- Esse revestimento de poder é chamado também por Jesus de “Promessa do
Pai” (Lc 24.49).
I. A
DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO SEGUNDO O EVANGELISTA LUCAS
1. Um
ensino revelado nos escritos de Lucas. Tanto o Evangelho quanto o Livro de Atos, ambos
escritos pelo evangelista Lucas, revelam o ministério do Espírito Santo na vida
de Jesus e da primeira igreja como uma necessidade imperiosa. Nesse sentido, o
evangelista mostra que sem a ação do Espírito no ministério de Jesus e na vida
da igreja, os cristãos não estariam qualificados para ser testemunhas do
Senhor. Essa promessa estava associada ao revestimento do poder do Espírito,
conforme descrito nas palavras de Jesus como o “poder do alto” (Lc 24.49).
- O evangelho de Lucas conta-nos a história de Jesus
com a ativa participação do Espírito Santo. É uma das características marcantes
na obra de Lucas, a presença do Espírito Santo. Tanto o Evangelho quanto Atos
estão repletos de notícias sobre sua ação. No primeiro tratado – o Evangelho
que leva seu nome, Lucas relata a atuação do Espírito Santo no ministério de
Jesus e no segundo - Atos dos Apóstolos, ele mostra a forma como o Espírito
Santo usou os discípulos na continuidade da obra do Senhor. Os livros
Lucas-Atos contam a história de Jesus, o nascimento, a morte, a ressurreição,
passando pelo início da Igreja, sua capacitação e expansão. Como isso, temos
uma visão panorâmica da sequência dos eventos. Em Atos, Lucas dá ênfase à vinda
do Espírito Santo (At 2), cumprindo assim a profecia de Joel e as palavras de
Jesus quando disse que iria enviar um outro Consolador, o foco também foi no
poder que o Espírito Santo oferece na vida do crente (At 4.1-11; 4.24-31 6.10;
7.55-56; 16.6-7), bem como os atos do Espírito Santo (At 9.10-12; 10.14-21; 10.44-46;
11.22-24; 13.1-3), e também a Igreja Pentecostal, uma igreja que via milagres,
profecias, dons de línguas, batismo com Espírito Santo, ressurreição de mortos,
curas, visões, discernimento de espíritos, evangelização, missões de forma
geral.
2. O
enchimento do Espírito como experiência necessária. O Senhor Jesus só começou o seu ministério depois de
ser cheio do Espírito Santo (Lc 3.21,22). Nosso Senhor fez a obra de Deus e a
fez no poder do Espírito Santo. Ele foi capacitado pelo Espírito Santo (Lc
4.18,19) e dependeu dEle para exercer o ministério (Lc 5.17; Mt 12.28). Da
mesma forma, a igreja só deveria iniciar o trabalho missionário quando fosse
revestida desse mesmo poder. Por isso, podemos afirmar que, no contexto
literário do evangelista Lucas, especialmente no Livro dos Atos dos Apóstolos,
o Espírito Santo aparece como uma necessidade, não como opção.
- O Batismo no Espírito Santo é um revestimento de
poder dado pelo Espírito Santo de Deus para que haja um testemunho da pessoa de
Jesus Cristo. Na Declaração de Fé das Assembleias de Deus, é definido como “[…] uma experiência espiritual que ocorre
após ou junto à regeneração, sendo acompanhada da evidência física inicial do
falar em outras línguas […] (At 2.4).” De acordo com John W. Wyckoff, em
Teologia Sistemática: “Dentre as
expressões análogas, parece que os pentecostais preferem “batismo no Espírito
Santo”. Semelhante preferência talvez se deva ao fato de a linguagem
derivar-se das declarações do próprio Jesus, ou à profundeza do conteúdo dessa
linguagem metafórica específica. Ou seja: a analogia em vista é o batismo em
água. Conforme nota J. R. Williams: “o
batismo em água significa literalmente ser imergido na água, colocado embaixo
dela, ou até mesmo ficar ensopado nela.” Com efeito, ser batizado no
Espírito Santo é ficar totalmente envolvido no Espírito Dinâmico do Deus vivo,
e nEle saturado. Stanley M. Horton (1916–2014) disse que “cada termo ressalta algum aspecto da experiência pentecostal, e nenhum
termo individual consegue ressaltar todos os aspectos daquela experiência”.
Essa experiência foi notória na Igreja em Atos, tanto na igreja de origem
judaica quanto na de origem grega. Foi debaixo de uma experiência pentecostal
que a Igreja do Senhor começou e, pelo relato de Lucas em Atos 19, chegou a ser
acompanhada de profecias. O Senhor estava visitando seu povo e trazendo a Era
do Espírito com a certeza de que seres humanos seriam a habitação do Deus vivo.
3. O
enchimento do Espírito como uma experiência concreta. Se por um
lado Lucas apresenta o Espírito Santo como uma necessidade na vida da Igreja,
por outro, ele mostra que o enchimento do Espírito ocorre como uma experiência
concreta na vida do crente. Nesse sentido, o Livro de Atos retrata a
experiência pentecostal como um acontecimento objetivo, não subjetivo. Ela
podia ser “vista” e “ouvida” (At 5.32). Havia manifestações físicas que se
tornavam reais para quem as tinha e visíveis para quem as presenciava. Em
outras palavras, quem recebeu sabia que havia recebido (At 11.15-17). Dentre os
muitos sinais, um se sobressaía sobre os demais – o falar em línguas
desconhecidas (At 2.4; 10.44-46; 19.1-6).
- Quando se trata deste assunto, os pentecostais
creem que a experiência que os discípulos tiveram em Atos 2 está disponível em
nossos dias. Tal proposição pode ser comprovada nos milhares de relatos de
pessoas que foram cheias do Espírito e falaram em línguas. Em uma vertente
contrária, há pessoas imaginando que o revestimento de poder que foi relatado
em Atos está fora de alcance da experiência cristã de nossos dias. Tal
entendimento acontece por força de uma visão mais voltada a um intelectualismo
de cunho pós-moderno, que vê a experiência pessoal como algo subjetivo, de
pouco valor. O curioso é que esse tipo de negação existe para a experiência
pentecostal, mas não para outras experiências relacionadas à vida cristã. Na
prática, um pensamento teológico que rejeita a experiência do batismo no
Espírito Santo como um evento real para os nossos dias puramente o faz por um
prisma racionalista, que rejeita a experiência por entender que ela é
subjetiva, ou seja, cada pessoa tem a sua e, por isso, não tem valor. Com o
respaldo da Palavra de Deus, tendo em vista, porém, que o próprio Jesus disse
que “estes sinais seguirão aos que
crerem: em meu nome, expulsarão demônios; falarão novas línguas […]” (Mc
16.17), cremos que o batismo no Espírito Santo e o falar em línguas são, sem
dúvida, experiências de Deus para os nossos dias, e sim, é subjetiva, pois é
dada a cada indivíduo sem distinção.
II. O
ESPÍRITO SANTO CAPACITANDO AS TESTEMUNHAS
1.
Capacitando as testemunhas. No Livro de Atos, é possível perceber o ensino
da capacitação do Espírito Santo sob diferentes perspectivas. Primeiramente, o
Espírito capacitando líderes para o desempenho da obra de Deus (At 433). Nesse
sentido, vemos o apóstolo Pedro sendo “cheio do Espírito Santo” quando foi confrontado
pelos sacerdotes (At 4.8); o apóstolo Paulo quando é cheio do Espírito Santo
para resistir a Elimas, o mágico (At 13.9). Depois, vemos também que não eram
só os que faziam parte do colégio apostólico que eram cheios do Espírito.
Pessoas “comuns” também eram revestidas do poder do alto. Na verdade, o que se
observa em Lucas é que o revestimento do Espírito veio sobre “toda carne” (At
2.17).
- O propósito do batismo no Espirito é conceder ao
crente poder para testemunhar de Jesus; “Mas
recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis
testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos
confins da terra.” (At 1.8). O propósito central é a capacitação do
Espírito para o serviço divino, concedendo ao cristão o poder para uma vida
santa e serviço eficaz, e a pureza ou a santificação simbolizada pelas línguas
de fogo - “E Deus, que conhece os
corações, lhes deu testemunho, dando-lhes o Espírito Santo, assim como também a
nós; e não fez diferença alguma entre eles e nós, purificando o seu coração
pela fé.” (At 15.8,9). O batismo com o Espírito Santo outorga maior
dinamismo espiritual, isto é, mais disposição e maior coragem na vida cristã
para testemunhar de Cristo (Mc 14.66-72; At 4.6-20). Jesus foi ungido com o
Espírito Santo para servir (At 10.38; Lc 4.18, 19). Assim também cada crente
foi chamado para servir (1Ts 1.9). O Espírito Santo desperta o crente para
entregar-se ao serviço de Deus (Rm 6.13,19,22). O mesmo Espírito eterno que
levou Jesus a se oferecer para expiar os nossos pecados, opera também em nós o
propósito de servir ao Deus vivo (Hb 9.14). Se antes do batismo com o Espírito
Santo o crente tem prazer em servir ao Senhor Jesus, quanto mais depois que
“recebe a virtude do Espírito Santo para ser testemunha”! (At 1.8). O propósito
principal do batismo no Espírito Santo é o recebimento de poder divino para
testemunhar de Cristo, para ganhar os perdidos para Ele, e ensinar-lhes a
observar tudo quanto Cristo ordenou.
2.
Pessoas simples capacitadas pelo Espírito. Vemos isso claramente quando
Ananias, até então, um ilustre desconhecido, é convocado por Deus para impor as
mãos naquele que seria o maior apóstolo de todos os tempos, Paulo (At
19.10,11). Assim também Estevão e Filipe, que haviam sido escolhidos para
“servirem às mesas”, fazendo sinais e prodígios (At 6.8; 8.6). Fica patente que
Deus não tinha uma classe privilegiada para fazer a sua obra. Ele possuía
testemunhas capacitadas pelo Espírito Santo.
- O objetivo principal de todas as operações do
Espírito Santo na vida do crente, é transformá-lo segundo a imagem de Cristo,
nos termos mais literais possíveis (2 Co 3.18). A promessa de Jesus a seus
discípulos foi a presença constante do Espírito em suas vidas. O sucesso da
Igreja como do crente particular, tem sido a presença gloriosa do Espírito
Santo. É Ele quem trabalha na vida do crente, aperfeiçoando o caráter, moldando
a personalidade e controlando o temperamento, é Ele quem concede intrepidez
para testemunhar de Cristo e capacitação para fazermos a obra de Deus.
3.
Capacitando a igreja. No contexto literário e doutrinário de Lucas, a
igreja do Novo Testamento é vista como portadora de uma missão profética. Nela,
há um ministério profético de todos os crentes (At 2.17). Nesse sentido,
conforme o contexto de Atos, o testemunho não é apenas individual, como
mostrado nesta lição, mas também de toda a igreja descrita em Atos. Assim, essa
comunidade de crentes, capacitada pelo Espírito Santo, ganhava a confiança e a
admiração das pessoas ao seu redor (At 2.47). Portanto, o crescimento das
igrejas em Atos estava associado ao testemunho dado pelos grupos de crentes
capacitados pelo Espírito Santo (At 9.31).
- “[...]
qualquer que, entre vós, quiser ser grande será vosso serviçal”(Mc 10.43).
A verdadeira grandeza não é questão de liderança, de autoridade, nem de grandes
realizações pessoais (Mc 10.42), mas, sim, uma atitude do coração, de
sinceramente viver para Deus e para o próximo. Devemos nos dedicar a Deus de
tal modo que nos identifiquemos com sua vontade e propósitos na terra, sem
desejarmos honrarias, posições de destaque ou recompensas materiais. Cumprir a
vontade de Deus, levar os outros à salvação em Cristo, e agradar-lhe são as
recompensas dos que são realmente grandes (ver Lc 22.24-30, nota sobre a
grandeza). A Bíblia de Estudo Pentecostal em nota de roda-pé comentando o texto
de Lc 22.27, diz: “No tocante àqueles que
são escolhidos para dirigir a igreja (1 Tm 3.1-7), Cristo diz que devem
dirigi-la como servos, ajudando as pessoas sob sua orientação a cumprirem a
vontade de Deus para suas vidas. Nunca devem abusar da sua posição, nem traí-la
por motivo de fama, poder, riquezas ou privilégios especiais”. STAMPS,
Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal; CPAD. 2ª impressão,1996, Rio de
Janeiro; Adaptado da nota do texto de Lc 22.27.
III. O
ESPÍRITO SANTO COMO FONTE GERADORA DE MISSÕES
1. O
envio missionário.
O capítulo 13 do livro de Atos dos apóstolos narra o envio dos primeiros
missionários da igreja em Antioquia. O que chama a atenção nessa narrativa é a
participação ativa do Espírito Santo no envio missionário. Nesse texto, Lucas
menciona que havia alguns profetas na igreja que estava em Antioquia (13.1). É
bem possível que essa observação do autor sagrado fosse para explicar como se
deu a participação do Espírito Santo no comissionamento de Paulo e Barnabé para
a primeira viagem missionária. Lucas mostra que, por intermédio dos dons do
Espírito, os dois obreiros foram separados para uma grande obra de maneira
clara e audível. O foco do evangelista é que o Espírito Santo é a fonte
geradora de missões, pois Ele é quem vocaciona e envia (At 13.2).
- O ponto de partida da primeira viagem de Paulo foi
Antioquia da Síria (a moderna Antakya, na Turquia. Atualmente um sítio
arqueológico). A cidade de Antioquia da Síria estava a cerca de 500 quilômetros
de Jerusalém e gozava de posição estratégica favorável para missões.
Localizava-se na divisa entre os dois mundos culturais da época – o grego e o
semita. Não deve ser confundida com a Antioquia da Pisídia de Atos 13.14. Era a
terceira cidade do Império Romano, vindo depois de Roma e Alexandria. Passou a
ser a capital da província romana da Síria, em 64 a.C., quando Pompeu a
conquistou. Antioquia ocupa um importante lugar na história do cristianismo.
Foi onde Paulo pregou o seu primeiro sermão (numa sinagoga), e foi também onde
os seguidores de Jesus foram chamados pela primeira vez de Cristãos (At 11.26).
Essa Igreja começou no anonimato. Os fundadores da igreja de Antioquia eram de
Chipre e de Cirene: “Os quais, entrando
em Antioquia, falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus” (v.20). Até
então o evangelho era pregado só aos judeus (v.19). Talvez a experiência de
Pedro na casa de Cornélio tivesse chegado ao conhecimento deles, e começaram a
pregar também aos gentios (v.20). O resultado foi extraordinário! Esses gregos
creram no Senhor Jesus e o número deles crescia a cada dia (v.21). Nascia a
igreja dos gentios. A ordem profética “até
aos confins da terra”, de Jesus, caminhava rapidamente para o seu
cumprimento (At 1.8). A igreja de Antioquia da Siria tinha grande ‘fome’ por
missões. Essa igreja entendeu que missões é a razão da sua existência. Ela, uma
filha de Jerusalém e da perseguição, tornou-se a mãe de tantas outras igrejas,
como resultado do seu esforço de enviar e suportar tantos missionários.
Enquanto eles estavam servindo (adorando) ao Senhor, e jejuando, o Espírito
Santo disse, “Separai-me agora a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho
chamado. Então, jejuando e orando, e impondo sobre eles as mãos, os despediram”
(At 13.2-3). Assim, Antioquia da Siria torna-se a base para os missionários, em
substituição a Jerusalém.
2. A
estratégia missionária. Em um mundo multicultural, a questão da estratégia
missionária deve ser levada em conta. Não somente enviar, mas quem enviar,
quando enviar e como enviar. Por exemplo, Paulo e Barnabé poderiam ter adotado
a estratégia errada na obra missionária quando intentaram pregar na Ásia e
Bitínia, mas foram impedidos pelo Espírito Santo (At 16.6,7). Foi o Espírito
Santo que decidiu quem deveria ouvir o Evangelho naquela circunstância (At
16.9). Ponderamos aqui que, muitas vezes, é possível que agências missionárias
e igrejas adotem uma estratégia errada no envio de missionários. Não basta só o
desejo de fazer missões, mas é preciso buscar a orientação do Espírito Santo a
respeito de como isso deve ser feito.
- O Espírito Santo é a 3ª Pessoa da Trindade, assim
possui os mesmos atributos das outras duas pessoas, como “personalidade”. Muitas pessoas pensam que o Espírito Santo é uma
mera força intocável, ou apenas uma misteriosa influência que ninguém define.
Essa opinião está bem longe da verdade, pois o Espírito Santo é uma pessoa, a
Terceira Pessoa da Trindade (Jo 14.1,9,17; Mt 3.13-17). Ter personalidade
implica na qualidade ou fato de ser uma pessoa. Quanto ao Espírito Santo, isto
é um fato descrito na Bíblia, tanto quanto a personalidade do Pai e do Filho.
As igrejas primitivas o conheciam como uma pessoa Divina, que poderia ser
seguida (At 13.2), e com quem poderiam ter comunhão (2Co 13.13; 1Jo 5.7). Pode
se dizer que a personalidade existe quando se encontram em uma única
combinação, inteligência, emoção e volição, ou ainda, auto-consciência e
auto-determinação. Quando um ser possui atributos, propriedades e qualidades de
personalidade, então esta se pode atribuir a esse Ser inquestionavelmente.
Características pessoais são atribuídas ao Espírito Santo. Por características
não nos referimos a mãos, pés ou olhos, pois essas coisas denotam corporeidade,
mas, antes, qualidades como: conhecimento, sentimento e vontade, que indicam
personalidade. Uma forma corpórea não se faz necessário para que haja
personalidade. Entretanto, encontramos os três seguintes atributos numa
personalidade:
a. Intelecto — habilidade para pensar (Rm 8 27; I Co
2:10,11 13; 12:8).
b. Sensibilidade — habilidade para sentir (Is 63.10,
Rm 15.30; Ef. 4.30).
c. Volição — habilidade para escolher (At 16.6-11;
1Co 12.11).
Em Atos 13.1-3 começam as viagens missionárias de
Saulo que, daqui em diante, será chamado Paulo. (Saulo era o nome grego
derivado do hebraico Saul. Paulo era o seu nome Romano. Ele tinha dupla
cidadania, judeu romano). Paulo e Barnabé estão servindo ao Senhor na cidade de
Antioquia da Síria. Ambos faziam parte do grupo de profetas e mestres. Saulo
(Paulo) e Barnabé são separados pelo Espírito Santo para a obra missionária.
Podemos notar aqui, duas condições para ser separado ou escolhido por Deus para
a obra missionária:
1. (Atos 13:2) A pessoa deve estar SERVINDO o
Senhor. Isto significa que o enfoque desses homens era o Senhor. A prova de
quem serve o Senhor é SERVIR A IGREJA. Eles serviam como profetas e mestres na
igreja. Não eram preguiçosos e alheios. Eram homens fiéis a Deus e dedicados na
igreja, tinham um MINISTÉRIO.
2. (Atos 13:2) A pessoa tem que ter CERTEZA DE SEU
CHAMADO. (1Cor.7.17,20,23,24; 2Tm. 1.6-11) É óbvio que o jejum (abstenção de
comida) e oração, sempre estão ligados e tendo como base um propósito.
CONCLUSÃO
Encerramos
esta lição e, consequentemente, este trimestre, mostrando que o Pentecostes faz
toda a diferença no cumprimento da vocação missionária da Igreja. Sem a ação do
Espírito Santo, a igreja local está desabilitada para cumprir sua missão. O
Espírito Santo é a força-motriz do Corpo de Cristo em sua dimensão local. Sem o
Espírito Santo, a igreja não vai a lugar algum.
- O pré-requisito para o cumprimento da tarefa
missionária é o poder do Espírito Santo (At 1.8). Precisamos de um poder
sobrenatural para lutar contra um inimigo sobrenatural. Com a vinda do
Espírito, a Igreja compreendeu as palavras de Jesus: “em
verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim, fará também as obras
que eu faço, e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai.” (Jo
14.12). No discurso que contém esse versículo, o Espírito Santo é central (Jo
14.16), e os discípulos devem esperá-lo. Ele não é apenas o autor, mas também o
realizador de missões. Com sua vinda sobre os primeiros discípulos houve o
sinal sobrenatural de “línguas”, que indicava claramente que o Evangelho
deveria ser pregado a todas as raças e nações. Podemos dizer que o Espírito
garante o sucesso missionário no mundo.
_______________
Pb Francisco
Barbosa (@Pbassis)
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REVISANDO O CONTEÚDO
1. O que o Evangelho de Lucas e o
Livro de Atos revelam?
Revelam
o ministério do Espírito Santo na vida de Jesus e da primeira igreja como uma
necessidade imperiosa.
2. O que podemos afirmar de acordo
com o contexto literário de Lucas?
Podemos
afirmar que, no contexto literário do evangelista Lucas, especialmente no Livro
dos Atos dos Apóstolos, o Espírito Santo aparece como uma necessidade, não como
opção.
3. De acordo com a lição, o que a
doutrina pentecostal clássica afirma em relação às línguas?
Afirma
que “o falar em línguas desconhecidas” é a evidência física inicial do batismo
no Espírito Santo.
4. De acordo com a lição, por que não
havia separação entre líderes e membros na questão da capacitação do Espírito
Santo?
Porque
pessoas “comuns” também eram revestidas do poder do alto. Na verdade, o que se
observa em Lucas é que o revestimento do Espírito veio sobre “toda carne” (At
2.17). Fica patente que Deus não tinha uma classe privilegiada para fazer a sua
obra. Ele possuía testemunhas capacitadas pelo Espírito Santo.
5. O que chama atenção na narrativa
de Atos 13?
O que
chama a atenção nessa narrativa é a participação ativa do Espírito Santo no
envio missionário.