TEXTO ÁUREO
“Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação.” (1 Co 14.26)
Entenda o Texto Áureo:
- 14.26-40 Nessa última seção a respeito das línguas, o foco está em como
elas deveriam ser, sistematicamente, limitadas ao uso na igreja de maneira
ordenada. Visando à discussão hipotética, é digno de atenção o fato de que, o
movimento atual está totalmente em desacordo por não seguir as ordens claras e reguladoras
contidas nesses versículos, isto é, como regula os versos 27 e 28: “No caso de alguém falar em outra língua, que
não sejam mais do que dois ou quando muito três, e isto sucessivamente, e haja
quem interprete. 28Mas, não havendo intérprete, fique calado na igreja, falando
consigo mesmo e com Deus”.
- um tem. Parece que a
anarquia e a falta de ordem eram exuberantes nessa congregação (v. 33). O
interessante é que nem anciãos nem pastores são mencionados, e os profetas não
estavam nem mesmo exercendo o controle (veja vs. 29 ,32,37). Todos estavam participando
da maneira como desejassem e "quando" desejavam. salmo. A leitura ou o canto de um
salmo do AT. doutrina. Refere-se,
possivelmente, a uma doutrina ou tema de interesse especial (v. 33). tem língua. Tem algo que lhe foi
divulgado em uma língua estrangeira ou tem o poder de falar uma língua
estrangeira e a exerce, embora produza grande confusão. revelação. Alguma palavra supostamente vinda de Deus. interpretação. Refere-se à mensagem
da língua para edificação. Essa foi a maneira de Paulo colocar um fim à anarquia.
A edificação é o objetivo, (cf. vs. 3-5,12,17,26,31) e o caos coríntio não
conseguia tornar isso real (cf. IT s 5.11; Rm 15.2-3).
VERDADE PRÁTICA
O culto é uma
sublime forma de nos expressarmos em adoração, louvor, gratidão e total
rendição a Deus.
Entenda a Verdade Prática:
- O culto é oferecido a Deus. Na Bíblia, o verbo “adorar” possui uma
estreita relação com o reconhecimento de que Deus está no controle; de que só
ele é o Alto e o Sublime, e nós somos meras criaturas, incomparavelmente
inferiores. Na cultura hebraica, isso se manifestava através do ato físico de
curvar-se ou prostrar-se. Neste aspecto convém lembrar a máxima cristã lex
orandi, lex credendi, cuja tradução pode ser “o que se ora, é o que se crê”.
Segundo este princípio, adoração e teologia caminham juntas e grande parte de
nossa liturgia (forma de adoração), é influenciada por nossa teologia (certa ou
errada). Nossa liturgia, em certo ponto, é um reflexo de nossa teologia. Como
resultado direto, uma teologia corrompida produzirá uma adoração distorcida. Santos,
Valdeci. Refletindo sobre a Adoração e o Culto.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Efésios 5.15-21
15. Portanto,
vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios,
- 5.15 prudentemente como andais, não como
néscios, e sim como sábios. Esse termo quer dizer "corretamente ou
precisamente com grande cuidado" (cf. SI 1.1; Mt 7.4). Viver
moralmente é viver com sabedoria. Segundo a Bíblia, um "néscio" ou
não é assim chamado por causa de limitações intelectuais, mas devido à
incredulidade e aos consequentes feitos abomináveis (SI 14.1; Rm 1.22). Ele vive
separado de Deus e contra a lei de Deus (Pv 1.7,22; 14.9), e não pode
compreender a verdade (1 Co 2.14) nem a sua verdadeira condição (Rm 1.21-22).
Não há dúvida de que os cristãos devem evitar se comportar como os néscios
(veja Lc 24.25; Cl 3.1-3).
16. Remindo o
tempo, porquanto os dias são maus.
- 5.16 remindo o tempo. A palavra
grega para "tempo" indica um período fixo, mensurado e demarcado; com
o artigo definido "o" refere-se, provavelmente, ao tempo de vida de
alguém como cristão. Nós devemos fazer tom que a maior parte do nosso tempo
nesta terra ímpia seja usada para cumprir os propósitos de Deus, aproveitando toda
oportunidade para a adoração proveitosa e para o serviço. Devemos estar cientes
da brevidade da vida (SI 39.4-5; 89.46-47; Tg 4.14,17).
17. Pelo que não
sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor.
- 5.17 Por esta razão, não vos torneis
insensatos, mas procurai compreender qual a vontade do Senhor. Conhecer
e compreender a vontade de Deus por meio da sua Palavra é sabedoria espiritual.
Por exemplo, a vontade de Deus revelada a nós é que as pessoas devem ser salvas
(1Tm 2.3-4), cheias do Espírito (v. 18), santificadas (1Ts 4.3), submissas (1Pe
2.13-15), sofredoras (1Pe 2.20) e agradecidas (1Ts 5.18). Jesus é o exemplo
supremo para tudo (Jo 4.4; 5.19,30; 1Pe 4.1-2).
18. E não vos
embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito,
- 5.18 e não vos embriagueis com vinho.
Embora a Escritura condene, consistentemente, toda embriaguez (Pv 23.29-35; 31.4-5;
Is 5.11-12; 28.7-5; 1Co 5.11; 1Pe 4.3), o contexto sugere que Paulo aqui está
falando a respeito das orgias dos ébrios, comumente associadas com as
cerimônias de adoração pagãs desses dias. Supunha-se que elas induzissem alguma
comunhão extática com as entidades. Paulo refere-se a isso como o "cálice
dos demônios" (1Co 10.19-20); mas
enchei-vos do Espírito. At 2.4; 4.8,31; 6.3. A verdadeira comunhão com
Deus não é induzida pela bebedice, mas pelo Espírito Santo. Paulo não está
falando a respeito da habitação do Espírito Santo (Rm 8.9) ou do batismo de Cristo
com o Espírito Santo (1Co 12.13), pois todo cristão é habitado pelo Espírito no
momento da salvação. Em vez disso, ele está dando uma ordem aos cristãos para
viverem continuamente sob a influência do Espírito, deixando a Palavra
controlá-los (Cl 3.16), buscando uma vida pura, confessando todo pecado
conhecido, morrendo para si mesmos, rendendo-se à vontade de Deus e dependendo
do seu poder em todas as coisas. Ser cheio do Espírito é viver na presença
consciente do Senhor jesus Cristo, deixando a mente dele, por meio da Palavra,
dominar tudo que é pensado e feito. Ser cheio do Espírito é o mesmo que andar
no Espírito (Gl 5.16-23). Cristo exemplificou esse modo de vida (Lc 4.1).
19. falando
entre vós com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando
ao Senhor no vosso coração,
- 5.19-21 Esses versículos resumem as
imediatas consequências pessoais de obedecer à ordem de ser cheio do Espírito,
ou seja, cantando, dando graças e submetendo-se humildemente aos outros. O restante
da epístola apresenta a instrução com base na obediência a essa ordem.
- 5.19 falando entre vós. Lsso deve ser
público (Hb2.12; SI 33.1; 40.3; 96.1-2; 149.1; At 16.25; Ap 14.3). salmos. Essencialmente, os salmos do
AT em forma de música, porém o termo também era usado para música vocal de modo
geral. A Igreja primitiva cantava os salmos, entoando. Lit., significa dedilhar
um instrumento de cordas, de modo que poderia se referir, em especial, à música
instrumental, apesar de incluir também a música vocal, de coração ao Senhor. Não
somente publicamente, mas também em particular. O próprio Senhor é tanto a
fonte quanto o objeto de todo louvor do coração do cristão. Esse cântico que
agrada ao Senhor pode ser visto no relato da dedicação do templo, quando o
louvor honrou tanto ao Senhor que a sua glória desceu (2Cr 5.12,14). hinos. Talvez músicas de louvor
distintas dos salmos, as quais exaltavam a Deus no sentido de que se
concentravam no Senhor Jesus Cristo. cânticos
espirituais. Provavelmente músicas de testemunho pessoal expressando as
verdades da graça da salvação em Cristo.
20. dando sempre
graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo,
- 5.20 dando sempre graças por tudo. 1Ts
5.18; 2Co 4.15; 9.12,15; Fp 4.6; Cl 2.7; Hb 13.15. Os cristãos devem agradecer
a Deus pelo que ele é, e pelo que ele fez por meio de seu Filho, o Salvador e
Senhor deles.
21.
sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus.
- 5.21 sujeitando-vos uns aos outros. Aqui,
Paulo fez uma transição e introduziu o seu ensino sobre relacionamentos
específicos de autoridade e submissão entre os cristãos (5.22—6.9), ao
declarar, de modo inequívoco, que todo cristão cheio do Espírito deve ser um
cristão humilde e submisso. Isso é fundamental para todos os relacionamentos dessa
seção. Nenhum cristão é inerentemente superior a qualquer outro cristão. Diante
de Deus, são iguais em todos os aspectos (Gl 3.28). no temor de Cristo. A reverência contínua do cristão para com
Deus é a base para sua submissão aos outros cristãos (Pv 9.10).
INTRODUÇÃO
Nesta lição
vamos estudar o culto cristão sob diferentes aspectos, pois precisamos
conhecê-lo em sua natureza. Aqui, veremos que o culto é santo e, por isso, deve
ser solene. Assim, também, mostraremos que a glorificação de Deus e a
edificação da igreja são os propósitos sublimes do verdadeiro culto cristão. E,
por último, mostraremos que todo culto também tem um ritual. No contexto da
igreja cristã, destacaremos o papel da Bíblia e da adoração entusiástica na
dinâmica pentecostal.
- Este tema não é apenas importante, como é algo que nossa Igreja precisa
urgentemente. Quando chegam falsos profetas à igreja, uns anunciando que se os
crentes querem parar de sofrer o que devem fazer é seguir e apoiá-los; outro
declaram-se a si mesmos apóstolos ungidos em contraposição com os demais
crentes e até alguns já têm pretendido ser a encarnação do Espírito Santo. Que
ferramentas os fiéis possuem para distinguir entre a doutrina falsa e a
verdadeira? Certamente podemos e devemos instruí-los através do púlpito e do
estudo bíblico em nossas EBDs. Porém, isso não é o bastante. Temos esquecido
que lex credendi lex orandi (o modo
como a igreja adora se volta também para o modo como a igreja crê e expressa
suas doutrinas). E porque temos esquecido, temos nos descuidado do culto e nos
despreocupado com o que se faz e se conta no culto. Se for esse o caso, aí está
a razão pela qual boa parte de nossa grei parece se deixar ser levada por todo
vento de doutrina. A história do culto cristão não é questão de mera
curiosidade antiquaria e sim uma questão de urgência presente. Vivemos em
tempos que, assim como na antiguidade, faz-se necessário clarear e experimentar
o que significa ser cristão em meio a uma sociedade cada vez mais pagã. James
M. Boice corretamente afirma que nossa geração é centralizada no homem e
infelizmente “a igreja, traiçoeiramente, tem se tornado egocêntrica”. Como
filhos desta nossa geração, exigimos que cada momento do culto venha satisfazer
nossas necessidades. Nesse contexto, o culto foi transformado em um “programa”
e o desejo de se obter “felicidade” é certamente maior do que o de se obter
“santidade”. Queremos avidamente alegria, mas o comprometimento tornou-se
secundário. Julgamos o culto como “agradável”, não com base na instrução
bíblica apresentada, mas no grau de “satisfação” pessoal alcançada. Assim,
nossa pregação tornou-se uma homilética de consenso, na qual a boa mensagem não
é a que confronta nossos pecados, mas a que nos faz sentir melhor. Além do
mais, os sermões tornaram-se mais curtos porque nossa atenção e memória são
curtas. Neste sentido, J. I. Packer observa: “Geralmente reclamamos que os ministros não sabem como pregar; mas não é
igualmente verdade que nossas congregações não sabem mais como ouvir?” O grande perigo dessa adoração é o de “usar
a Deus, antes que atribuir-lhe” a devida glória. Boice, James M. O
Evangelho da Graça. São Paulo: Cultura Cristã, 2003, 224 pp.
PALAVRA-CHAVE:
CULTO
- Um elemento estranho presente no culto contemporâneo é a ênfase
humanística. Entretanto, a perspectiva cristã bíblica e histórica sobre
adoração não vê o culto público como focalizado na esperteza ou criatividade
humana, mas na santidade de Deus. Cultuamos para glorificar o Senhor, receber
as suas bênçãos e responder com louvor e gratidão. Assim, temos que definir
exatamente qual a audiência que, em rigor, objetivamos em nosso culto, se a
congregação ou “o céu”. O fim do nosso culto não é alcançar os perdidos, ainda
que isto possa legitimamente ocorrer por meio dele.
I. A
NATUREZA DO CULTO
1. O
culto como serviço a Deus. Na Bíblia, o culto é mostrado como um serviço, isto
é, uma vida entregue e consagrada a Deus (Dt 6.13). Em um primeiro plano tem a
ver com a atitude com a qual se cultua o Altíssimo e, em um segundo plano, com
a forma como se cultua. O culto, portanto, expressa uma combinação de
obediência à Palavra de Deus e a forma ritual como essa adoração acontece. O
livro de Atos dos Apóstolos, por exemplo, mostra a adoração no contexto do
culto cristão (At 13.1-4). Enquanto os cristãos “serviam” ao Senhor, o Espírito
Santo comissionou os primeiros missionários da igreja.
- Na língua portuguesa os verbos “adorar” e
“cultuar”, em sentido amplo, podem ser tomados como sinônimos. A origem dos
nossos vocábulos “adoração” e “culto” encontra-se na língua latina. A raiz do
vocábulo “adoração” resulta da junção da preposição ad + verbo oro. O verbo latino
oro significa pronunciar uma súplica, pleitear, e descrevia, por exemplo, as
funções de um embaixador. Daqui deriva nossa palavra portuguesa “oração”.
Ad-oro significa “dirigir uma súplica a”, “pedir”, “prostrar-se, ajoelhar-se
diante de alguém”. Mais tarde adquiriu o sentido de “venerar”, “admirar”,
“reverenciar”. A adoração que é digna de seu nome deve ser teocêntrica. No
coração da adoração cristã está o próprio Deus. E mais: na adoração o cristão
não apenas busca a Deus, mas também o encontra. John Owen evidencia este ponto
ao dizer que, na adoração, Cristo “toma
os adoradores pelas mãos e os conduz à presença de Deus”. E, como disse
Richard Baxter: “Se é a Deus que você
está buscando em sua adoração, você não ficará satisfeito sem Deus”. Este
aspecto teocêntrico na adoração pode ser resumido em dois subtópicos claramente
ensinados nas Escrituras, a saber, que é a glória divina que requer nossa
adoração, e que é a vontade divina que normatiza nossa adoração.
2. O
culto deve ser solene. Por “solene” nos
referimos ao que traz respeito e é majestoso. Isso significa que tanto o
conteúdo como a maneira de se cultuar são importantes (Ec 5.1; 1 Co 11.27). Por
isso, o culto não pode ser destituído de significado nem realizado de qualquer
jeito (Lv 10.1,2). Não por acaso, o apóstolo Paulo expõe princípios que
regulamentaram o culto na igreja de Corinto (1 Co 12-14). Isso deixa claro que
há uma ordem a ser observada na liturgia cristã. Para isso, temos na Bíblia o
parâmetro para o bom ordenamento do culto. Por exemplo, aos coríntios, o
apóstolo destacou o seguinte: “Mas faça-se tudo decentemente e com ordem” (1 Co
14.40). Nesse texto temos os termos gregos euschémonós, traduzido como
“decentemente” e “decorosamente”; e taxis, traduzido como ordem. Isso nos leva a
compreender, portanto, de acordo com a Bíblia, que o culto precisa ter decoro,
decência e ordem.
- Um fato é que o culto que oferecemos a Deus pode
consistir-se de práticas externas em que, muitas vezes, falta o essencial. Isto
aconteceu no tempo em que Jesus Cristo andou neste mundo. Uma vez, citando o
profeta Isaías, disse ele: “Este povo
honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim. E em vão me
adoram […]” (Mc 7.6).
3. O
culto é santo.
A santidade de Deus é afirmada por toda a Bíblia (Lv 11.44; Is 433; 1 Pe
1.15,16). Visto que Deus é santo (Lv 20.26), o culto também deve ser santo.
Dessa forma, nada que fosse profano deveria fazer parte do culto e da vida de
quem o praticava no Antigo Testamento (Ez 44.9; Am 5.21-27; Is 1.13). Assim, o
limite entre o santo e o profano deveria ser mantido (Ez 22.26; 44.23). Por
outro lado, o Novo Testamento também põe em destaque o viver cristão na esfera
do culto, isto é, de uma vida a serviço de Deus (Rm 15.5). A igreja é o espaço
sacro onde o culto acontece (At 13.2). Assim como no Antigo Testamento, o culto
cristão também não deve ser profanado (1 Co 11.17,18). Nesse caso, tanto a
conduta como o modo de viver são levados em conta na esfera do culto (1 Co
11.22).
- O próprio Cristo nos ensinou que Deus deseja culto
“em espírito e em verdade” (Jo.
4:23-24). Esta dupla pauta envolve nosso interior (coração puro e sem
fingimento, Sl 103.1,2; e Sl 24.3,4), e o exterior também. Consequentemente, há
necessidade de buscarmos a verdade dos fatos concernente a Deus revelados em
Sua Palavra. Devemos rejeitar modismos, garantindo, assim, a presença do Senhor
em nossos cultos. Como seres humanos, temos uma tendência de confundir a forma
com a essência. Dificilmente paramos para pensar se o nosso culto corresponde à
adoração que Deus procura. Um culto que não representa uma atitude interna de
amor pelo Senhor é prestado em vão. Isaías declara que Deus rejeitava os
rituais dos israelitas de seu tempo. Deus os achava uma abominação: “as vossas
solenidades, a minha alma as aborrece” (Is 1.14). O culto externo pode
impressionar aos que dele participam. Mas Deus, que sonda os corações, é apto
para verificar se a essência está presente, se o culto pode ser classificado
como verdadeira adoração. Alguns assumem, neste ponto, um tipo de subjetivismo
ou “relativismo estético”, respondendo que a forma do culto não é relevante.
Entretanto, Deus se importa tanto com a forma e conteúdo da adoração quanto com
seu espírito.
II. O
PROPÓSITO DO CULTO
1.
Glorificar a Deus. O culto é uma celebração que se faz a Deus.
Celebramos a grandeza de Deus e seus poderosos feitos (SI 48.1). Assim o culto
é uma celebração pelo que Deus é e pelo que Ele faz (SI 103.1-5). Nesse
aspecto, o culto é sempre cristocêntrico, nunca antropocêntrico. Cristo é a
esfera ou lugar onde deve acontecer o verdadeiro culto (Jo 2.18-22; Mc 14.58).
Ele é o único mediador entre Deus e os homens (1 Tm 2.5) e o Eterno
Sumo-Sacerdote (Hb 2.17; 5.5,10). Se Deus não é celebrado, se Ele não é
glorificado, então, o culto perdeu o seu real sentido.
- No capítulo 14 de I Coríntios, após tratar a questão
de dons de línguas e profecias, o apóstolo Paulo aborda a questão do propósito
do culto, isto é, quais devem ser nossas atitudes e nossos pensamentos durante
um culto ao Senhor. Culto não é ritual, melodia, formas, estética, beleza,
palavras, cânticos, dogmas, símbolos, ofertas ou qualquer outro detalhe que lhe
possamos atribuir. Culto, antes de tudo, é vida em ação. Culto é um ato de
resposta à ação bondosa de Deus, que nos chamou com finalidade bem clara: “Por
meio de Jesus, pois, ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que é o
fruto de lábios que confessam o seu nome” (Hb 13.15). Por isto, aquele que se
relaciona com Deus deve lembrar que o culto a Deus é o fruto natural (no
sentido de normal) da comunhão com Jesus Cristo.
2. Quando
não se cultua a Deus.
De fato, há cultos que não cultuam a Deus. Paulo censurou os coríntios
afirmando que: “Quando vos ajuntais num lugar, não é para comer a Ceia do
Senhor” (1 Co 11.20). Era como se dissesse: “o que vocês estão celebrando não é
a Ceia”. Não era um culto o que eles estavam fazendo. Não daquela maneira.
Infelizmente há muitas reuniões envernizadas para se parecerem com um culto,
mas, de fato, não são. Parecem reuniões profanas tanto na sua forma quanto na
sua essência. Não buscam glorificar a Deus.
- A compreensão do cristão, que cultua a Deus e
pratica serviços religiosos, deve estar indissoluvelmente ligada à manutenção
de cuidados com os mais necessitados e com a comunhão. Isto faz da vida
daqueles que servem a Deus expressão e reflexo daquilo que é apregoado e
vivenciado pelo cultuante. O cultuante deve fazer para os outros o que crê que
Deus faz consigo. Essa é uma afirmação importante de verdadeiro cristianismo,
que acaba atribuindo expressão e sinceridade para as ofertas e demais atos de
dedicação. Os atos cúlticos são expressões de gratidão por tudo o que Deus
proporciona, manifestações de arrependimento pelos atos pecaminosos cometidos,
expressões de fé e fidelidade, além de testemunhos eloquentes da busca da
vontade de Deus. Isto é gerador de progresso, já que provoca a inclusão
daqueles que, outrora excluídos por sua condição, encontram no fiel o cuidado e
a proteção.
3.
Edificar a igreja.
Um dos propósitos principais do culto é trazer edificação à igreja. Assim, na
esfera do culto, tudo deve buscar a edificação (1 Co 14.26). O verbo grego
oikodoméo, traduzido como “edificar”, ocorre 40 vezes no Novo Testamento
enquanto substantivo oikodomé, traduzido como “edificação”, ocorre 18 vezes. O
sentido é de algo que está sendo construído, como na parábola da casa edificada
sobre a rocha (Mt 7.24,26; Lc 6.48). Ele é usado muitas vezes no contexto do
culto. O fato mais claro de que um dos propósitos do culto é trazer edificação
para a igreja está revelado no capítulo 14 de 1 Coríntios. Nesse capítulo, o
apóstolo disciplina os usos dos dons na igreja pelo fato de seu uso não estar
trazendo edificação à igreja. Assim, aquele que falava línguas na esfera do
culto público deveria interpretar para que a igreja fosse edificada (1 Co
14.5). Todos os demais dons deveriam seguir esse critério (1 Co 14.12). Da
mesma forma, os dons ministeriais (Ef 4.11) deveriam contribuir para
“edificação do corpo de Cristo” (Ef 4.12).
- De todos os aspectos da vida da igreja cristã, o
culto é o mais importante. É no culto que a presença atuante de Deus se
focaliza, instruindo, corrigindo, consolando e transformando vidas, já que o
Senhor habita não somente no corpo físico do crente (1Co 6.19), mas também (e
especialmente) na comunidade dos salvos que se une para servir e adorar (1Co
3.16,17; Ef 2.21,22; 1Pe 2.5). É no culto que o nome de Deus é exaltado em
cânticos e orações, com a força que decorre da união de vozes, pensamentos e
corações: “Engrandecei o Senhor comigo, e
todos, à uma, lhe exaltemos o nome” (Sl 34.3). O grande propósito do culto,
para o qual Paulo chama nossa atenção, é a edificação. Edificar tem o sentido
de crescimento ou desenvolvimento. No contexto da igreja, isso é sinônimo de
crescimento pessoal, na comunhão com Deus, e de crescimento de outros, através
de nossa própria vida. Efésios 4.11,12 nos diz: “E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para
evangelistas, e outros para pastores e mestres, 12 com o fim de preparar os
santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado”.
As pessoas são capacitadas sobrenaturalmente para que outros sejam edificados. Em
I Tessalonicenses 5.11, também lemos: “Por
isso, exortem-se e edifiquem-se uns aos outros, como de fato vocês estão
fazendo”. Cada um de nós é responsável pelo crescimento de outros, para que
eles se tornem cada vez mais semelhantes a Jesus Cristo. Essa é uma
responsabilidade maior de pastores, líderes de grupos e professores; porém,
todos nós precisamos fazer o possível para auxiliar no crescimento de irmãos
mais fracos ou mais novos na fé.
III. A
LITURGIA DO CULTO
1. A
exposição da Bíblia.
O Movimento Pentecostal tem firmado seu compromisso com a autoridade da Bíblia
para governar toda crença, experiência e prática. Dessa forma, os pentecostais
viram a necessidade de julgar o mérito de todo ensino, manifestações espirituais
e conduta à luz da Palavra objetiva e revelada de Deus, a Bíblia. Esse fato
mostra que a leitura e a exposição da Bíblia devem ocupar o lugar de primazia
na dinâmica da liturgia do culto. Nesse aspecto, o pastor que está à frente de
uma igreja, é o responsável pela liturgia do culto, deve ficar atento ao lugar
que as Escrituras têm no culto. O Senhor Jesus, nosso maior exemplo, fez da
exposição das Escrituras a base de seu ministério (Lc 4.16-18). Escrevendo
sobre a liturgia do culto na igreja de Corinto, o apóstolo Paulo pôs a
“doutrina”, “instrução” (gr. didaché) como uma das necessidades da igreja (1 Co
14.26). Encontramos esse mesmo apóstolo, juntamente com seu companheiro
Barnabé, expondo e ensinando a Palavra de Deus (At 15.35). Da mesma forma, o
apóstolo ficou em Corinto durante muito tempo expondo as Escrituras (At 18.11).
- É sabido por todos a deficiência do movimento
pentecostal no quesito “exposição das Escrituras”, muito talvez, por nossa
própria culpa ao enfatizarmos mais em nossa liturgia a experiência pentecostal
em detrimento da exposição das Escrituras, fatidicamente, em nossas reuniões
mais cheias, os cultos dominicais. Para mudar nosso cenário, se faz necessário
apresentar a mensagem com exposição clara e explicativa do texto bíblico, usando
numa linguagem local compreensível e para a realidade do mundo de hoje. Segundo
Klaus Douglass, a mensagem tem sete funções:
1. explicar
e esclarecer verdades profundas da fé;
2. dar
orientações sobre como devemos viver e agir como cristãos;
3. edificar
a igreja;
4. levar
pessoas à fé;
5.
fortalecer a fé;
6. consolar
e animar os que estão em dificuldades;
7. tirar
pessoas da sua inércia.
A esta suficiência das Escrituras no culto cristão
os reformadores chamaram de princípio regulador do culto, que não deve se
preocupar com coisas sem importância. Na adoração coletiva, a pregação da
Palavra é essencial. As atividades da igreja do Novo Testamento eram
centralizadas “na doutrina dos apóstolos,
no partir do pão e nas orações”. Em seu livro Entre dois mundos, John Stott afirmou: “A Palavra e a adoração pertencem indissoluvelmente uma à outra. Toda a
adoração é uma resposta inteligente e amável à revelação de Deus, porque é a
adoração do seu nome. Portanto, a adoração aceitável é impossível sem a
pregação. Pregar é tornar conhecido o nome de Deus, e adorar é louvar o nome do
Senhor sobre o qual fomos informados. Ao invés de ser uma intrusão alienígena à
adoração, o ler e o pregar a Palavra são realmente indispensáveis à adoração.”
2. A
adoração entusiástica. A adoração aparece em primeiro lugar na liturgia
sugerida pelo apóstolo Paulo à igreja de Corinto (1 Co 14.26). A palavra
“salmo” usada nesse texto traduz o grego psalmon e é uma referência ao hinário
usado pelos primeiros cristãos. É possível que o apóstolo esteja se referindo
aos Salmos de Davi. Não há dúvida de que a adoração na Igreja Primitiva era
entusiástica. Isso porque Paulo se refere a cristãos cheios do Espírito que se
reuniam para adorar (Ef 5.18-20).
- A música pode, às vezes, nos comover pela beleza
da melodia, mas esse sentimento, por si só, não é adoração. A música deve ter
verdades bíblicas contidas em suas linhas para que seja um recurso legítimo e
fomente a verdadeira adoração. Todo e qualquer louvor entoado em nossa liturgia
deverá ser cristocêntrico, que exalte a natureza e os feitos divinos. Fato é
que, hoje está muito difícil escolher louvores que servem para o culto, em sua
grande maioria as letras exaltam o homem, invés de exaltar a natureza do Deus
Triúno. Ora, a música:
1. expressa
nossa relação com Deus (Hb 13.15);
2. deve
caracterizar nossa comunhão com os irmãos e contribuir como veículo de
proclamação da verdade de Deus (Ef 5.19; Cl 3.16).
O louvor na igreja deve também assumir um estilo
ordeiro e moderado. É aceitável o uso de qualquer instrumento musical, mantendo
sempre, contudo, o caráter solene e majestoso que é apropriado ao culto
prestado ao Deus soberano. De fato, o louvor, bem como cada momento do culto
realizado na presença do Senhor, precisa ser marcado por decência e ordem (1Co
14.40). Isso porque a preocupação de cada crente maduro consiste em adorar a
Deus “de modo aceitável, com reverência e
temor, pois o nosso Deus é um fogo consumidor” (Hb 12.28,29). Em busca do
equilíbrio, deve-se entoar tanto cânticos avulsos como hinos da nossa Harpa
Cristã. Pelo fato de a igreja de Cristo ser uma comunidade composta de pessoas
de diversas idades, origens e formações, é necessário estabelecer uma liturgia
equilibrada, na qual todos os crentes se sintam bem.
3. O
lugar da adoração no culto pentecostal. Um grande teólogo pentecostal, William W.
Menzies, destaca o lugar que a adoração tem entre os pentecostais. De acordo
com ele, desde o começo, os pentecostais foram conhecidos no mundo todo pelas
reuniões de cultos alegres e ruidosas. Isso era visto nas reuniões de oração
nas quais todos os presentes, coletiva e eloquentemente, derramavam o coração
perante Deus em oração e louvor. Isso também acontece no levantar das mãos como
resposta a percepção de que Deus se faz presente. Faz parte também da liturgia
pentecostal louvar a Deus em alta voz e exercitar os dons espirituais durante o
culto.
- Os pentecostais reuniam-se e reúnem-se em nome de
Jesus para celebrar cultos ao Senhor Deus. Nesses cultos, podemos ver curas,
batismo no Espírito Santo, salvação e libertação de pessoas. Pentecostais creem
que o verdadeiro culto precisa ser feito com temor do Senhor. Por temor,
entendemos o respeito devido à presença do Eterno. Temor não é medo, muito
menos pavor. Diante da santidade de Deus, o ser humano deve chegar com
quebrantamento, mas também com confiança, lembrando-se de que não há mais
separação entre nós e o Pai. Um hino batista diz: “Santo, Santo, Santo! Nós, os pecadores, não podemos ver tua glória sem
temor”; é uma importante menção de que o temor por parte dos homens diante
de Deus é necessário. O ato da adoração é apresentado na Bíblia como o
reconhecimento da grandiosidade de Deus acompanhado da vontade em andar de
acordo com as orientações divinas. Mais particularmente, no Novo Testamento,
João descreve um relato de uma conversa entre Jesus e uma mulher samaritana. O
local era o poço de Jacó, onde as pessoas dirigiam-se para extrair água. Jesus
conversou com aquela mulher sobre a salvação. No decorrer da conversa, ela quis
saber sobre o lugar onde se deveria adorar a Deus. Os samaritanos tinham seu
lugar de adoração há séculos. Em sua doutrina, só aceitavam o Pentateuco
judaico, rejeitando os profetas e demais livros. Na ótica daquela mulher, o
foco da adoração reflete a mesma visão que muitas pessoas têm: o local onde se
adora é o elemento mais importante na adoração. Jesus responde que os
samaritanos adoravam o que não sabiam e que a salvação vem dos judeus; e
acrescenta: “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores
adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim
o adorem” (Jo 4.23). A adoração, que antes estava enquadrada numa teologia que
privilegiava os lugares, agora tem um caráter pessoal: em espírito — não uma
ideia pálida de quem é Deus — e em verdade, pois Ele já se revelou em Jesus.
Nossa adoração deve refletir esse princípio. Precisamos adorar ao Senhor de
forma realmente espiritual, como novas criaturas, divorciados das regras que
regiam nossa forma antiga de viver. *Adquira o livro. COELHO, Alexandre. O
Vento Sopra Onde Quer: O Ensino Bíblico do Espírito Santo e sua Operação na
Vida da Igreja. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.
CONCLUSÃO
Nesta lição,
vimos os princípios que devem reger um culto cristão. O culto não pode ser de
qualquer forma, pois ele tem princípios e normas para seguir. Como Deus é um
Deus de ordem, então, o culto que se presta a Ele também tem de ser ordenado.
Contudo, ordenado não significa frio e sem vida. O culto deve ser um momento de
celebração, alegria e dinamizado pelo Espírito Santo
- Nós, que em resposta à ação bondosa de Deus amamos
a Cristo e cremos na suficiência da Sua Palavra, não podemos moldar nossa
adoração aos estilos e preferências de um mundo escravo do pecado e de suas
paixões. Nosso objetivo principal deve ser adorar em espírito e em verdade.
Para isto, as Escrituras precisam regular o nosso culto, a nossa adoração. Tudo
em nossos cultos deve conduzir o adorador a um conhecimento mais profundo de
Deus. Como afirma Augustus Nicodemos Lopes, “é importante reconhecer… que o Espírito age principalmente a favor dos
interesses de Cristo, visando glorificá-Lo e exaltá-Lo. Esse princípio
aplica-se também ao culto cristão. Esse princípio litúrgico precisa ser
resgatado: o culto é voltado para Deus. É teocêntrico – e nisso,
cristocêntrico, não antropocêntrico. Nada mais deve ocupar o lugar de Cristo no
culto.”
_______________
Pb Francisco
Barbosa (@Pbassis)
Militar
da Reserva
Graduado
em Gestão Pública
Seminário
Martin Bucer - Teologia
Pós-Graduação
em Teologia Bíblica e Exegética do Novo Testamento - Faculdade Cidade Viva
Pastor
na Igreja de Cristo no Brasil, em Campina Grande-PB (@ic3irmãs)
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REVISANDO O CONTEÚDO
1. Como a Bíblia mostra o culto a
Deus?
Na
Bíblia, o culto é mostrado como um serviço, isto é, uma vida entregue e
consagrada a Deus (Dt 6.13).
2. De acordo com a Bíblia, o que o
culto precisa ter?
De
acordo com a Bíblia, o culto precisa ter decoro, decência e ordem.
3. Quando que o culto perde o
sentido?
O
culto perde o sentido quando Deus não é celebrado, se ele não é glorificado.
4. Além de glorificar a Deus, qual é
o outro propósito do culto de acordo com a lição?
Um dos
propósitos principais do culto é trazer edificação à igreja. Assim, na esfera
do culto, tudo deve buscar a edificação (1 Co 14.26).
5. Qual compromisso o Movimento
Pentecostal tem firmado?
O
Movimento Pentecostal tem firmado seu compromisso com a autoridade da Bíblia
para governar toda crença, experiência e prática.