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2 de março de 2024

REVISTA ADULTOS - Lição 10: A Ceia do Senhor

 TEXTO ÁUREO

“Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha” (1 Co 11.26)

Entenda o Texto Áureo:

- anunciai. Se Meyer está certo ao supor que a palavra aqui usada nunca é empregada, exceto no sentido de proclamação oral (veja 1Co 2.1; 9.14; Fp 1.16,18; Cl 1.28, como exemplos de seu uso), temos aqui fortes motivos para afirmar que as palavras de instituição da Ceia faziam parte da forma em que era celebrada, mesmo nos tempos apostólicos. Esta palavra ocorre dez vezes em Atos dos Apóstolos, sempre no sentido de proclamar. [Cambridge, 1881]

 

 

VERDADE PRÁTICA

A Ceia do Senhor, como uma ordenança, celebra a comunhão do crente com o Senhor ressuscitado.


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

1 Coríntios 11.17-34

- 11.17-34 Os banquetes da Igreja primitiva (cf. Jd 12) encerravam-se, geralmente, com a prática da Ceia do Senhor. A Igreja mundana e carnal de Corinto havia transformado essas refeições sagradas em festanças vorazes em que havia embriaguez (v. 17; cf. 2Pe 2.13). Além disso, os cristãos mais abastados levavam muita comida e bebida para si mesmos, mas recusavam-se a compartilhá-las, permitindo que seus irmãos mais pobres fossem embora com fome (v. 21).

 

17. Nisto, porém, que vou dizer-vos, não vos louvo, porquanto vos ajuntais, não para melhor, senão para pior.

- pior. Uma palavra grega comparativa que se refere à perversidade moral.

18. Porque, antes de tudo, ouço que, quando vos ajuntais na igreja, há entre vás dissensões: e em parte 0 creio.

- divisões. A igreja estava dilacerada pela dissensão (veja 1.10-17; 3.1-3).

19. E até importa que haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vás.

- os aprovados... conhecidos. As divisões revelaram quem havia passado na prova da genuinidade e pureza espiritual (1Ts 2.4).

20. De sorte que, quando vos ajuntais num lugar, não é para comer a Ceia do Senhor.

- não é a ceia do Senhor que comeis. O banquete para a celebração da ceia estava tão pervertido que havia se tornado um simulacro pecaminoso e egoísta. Eles não podiam dizer, de maneira legítima, que era devotado ao Senhor, uma vez que não o estava honrando.

21. Porque, comendo, cada um toma antecipadamente a sua própria ceia; e assim um tem fome, e outro embriaga-se.

- Se eles pretendiam gratificar a si mesmos de modo egoísta, poderiam muito bem ter ficado em casa.

22. Não tendes, porventura, casas para comer e para beber? Ou desprezais a igreja de Deus e envergonhais os que nada têm? Que vos direi? Louvar-vos-ei? Nisso não vos louvo

- Esse versículo inteiro foi projetado para transmitir a linguagem da repreensão severa por eles terem pervertido tão grosseiramente o desígnio da Ceia do Senhor. Não tendes casas … – Vocês não sabem que a igreja de Deus não foi projetada para ser um lugar de festa e folia; nem mesmo um lugar onde tomar suas refeições comuns? Pode ser que você chegue aos locais de culto público e faça deles cenas de banquetes e tumultos? Mesmo supondo que não houvesse desordem; sem folia; sem intemperança; todavia, em todos os aspectos, era grosseiramente irregular e desordenado tornar o local de culto público um lugar para entretenimento em festivais.

23. Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão;

- Embora a informação não fosse nova para os coríntios, pois Paulo já a havia "dado", era um lembrete importante. Essa descrição da última ceia de Cristo com seus discípulos é uma das mais belas de toda a Escritura; no entanto, ela foi feita em meio a uma forte repreensão ao egoísmo carnal. Se essa carta foi escrita antes de qualquer um dos Evangelhos (veja Mt 2 6 .26-30; Mc 14.22-26; Lc 22.17-20; Jo 13.2), como a maioria dos estudiosos da Bíblia acredita, então a instrução de Paulo foi o primeiro registro bíblico da instituição da Ceia do Senhor — dada diretamente por Deus e não mediante a interpretação de qualquer outro apóstolo (cf. Cl 1.10-12).

24. e, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim.

- E tendo dado graças – Veja Mateus 26.26. Mateus lê, “e abençoou”. As palavras usadas aqui são, no entanto, substancialmente as mesmas que lá; e esse fato mostra que, uma vez que isso foi comunicado “diretamente” a Paulo pelo Salvador, e de uma maneira distinta daquela pela qual Mateus aprendeu o modo da instituição, o Salvador planejou que a forma exata das palavras fosse usada em sua observância e, portanto, deve ser constantemente lembrada por seu povo.

25. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim.

- a nova aliança no meu sangue. A antiga aliança era praticada repetidas vezes por meio do sangue de animais oferecidos pelos homens; entretanto, a nova aliança foi confirmada de uma vez por todas mediante a morte de Cristo (Hb 9.28). em memória de mim. Jesus transformou o terceiro cálice da Páscoa no cálice da lembrança do seu sacrifício.

26. Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha.

- O evangelho é apresentado por meio do culto da comunhão à medida que os elementos são explicados. Eles apontam para a encarnação física, a morte sacrifical, a ressurreição e o reino vindouro.

27. Portanto, qualquer que comer este pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor.

- indignamente. Ou seja, de maneira ritualista, indiferente, com o coração não arrependido, um espírito de amargura, ou qualquer outra atitude ímpia. réu. Participar da mesa do Senhor enquanto apegado ao próprio pecado não somente desonra a cerimônia com o também desonra o corpo e o sangue de Cristo, por tratar, de modo leviano, o gracioso sacrifício que Cristo fez por nós. É necessário colocar diante do Senhor todo pecado (v. 28) e, então, participar, para não zombar, pelo apego ao pecado, do sacrifício que foi feito por ele.

28. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão, e beba deste cálice.

- examine-se. teste ou tente. Grego. dokimazo. Traduzido frequentemente provar ou aprovar. Compare 1 Coríntios 11.19 com 1 Coríntios 9.27. e assim. ou seja, após este auto-teste.

29. Porque o que come e bebe indignamente come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor.

- sem discernir o corpo. Quando os cristãos não julgam a santidade da celebração da comunhão da maneira correta, eles tratam com indiferença o próprio Senhor — sua vida, seu sofrimento e sua morte (cf. At 7.52; Hb 6.6;10.29). juízo. Ou seja, punição.

30. Por causa disso, há entre vós muitos fracos e doentes e muitos que dormem.

- dormem. Ou seja, estão mortos. O pecado era tão grave que Deus matou os piores ofensores, um modo extremo, mas efetivo de purificar a igreja (cf. Lc 13.1-3; At 3.1-11; 1Jo 5.16 ).

31. Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados.

- A introdução

32. Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo.

- Os cristãos são protegidos de ser consignados ao inferno não somente pelo decreto divino, mas pela intervenção divina. O Senhor castiga para levar o seu povo de volta ao comportamento reto e envia até mesmo a morte para alguns da igreja (v. 30) a fim de retirá-los antes que possam cair (cf. jd 24).

33. Portanto, meus irmãos, quando vos ajuntais para comer, esperai uns pelos outros.

- Não seja culpado de desordem, intemperança e gula (1Co 11.21). Doddridge entende isso da festa que ele supõe ter precedido a Ceia do Senhor. Mas a interpretação mais óbvia é: referi-la à própria Ceia do Senhor; e ordenar perfeita ordem, respeito e sobriedade. A ideia é que a mesa fosse comum para os ricos e os pobres; e que os ricos não devem reivindicar prioridade ou precedência sobre os pobres.

34. Mas, se algum tiver fome, coma em casa, para que vos não ajunteis para condenação. Quanto às demais coisas, ordená-las-ei quando for ter convosco.

- Não há propósito em reunir-se para pecar e ser castigado.

 

 

INTRODUÇÃO

Assim como a Batismo em águas, a Ceia do Senhor também é uma ordenança dada por Jesus à sua Igreja. Ao longo da história, a Igreja tem a Ceia do Senhor como uma das celebrações mais significativas. Nesse sentido, o cristão pode contemplar a Ceia sob três perspectivas: Primeira, um olhar para trás, quando contempla Cristo entregando-se em sacrifício vicário na cruz, segunda, um olhar para o presente, quando vê sua real condição diante de Deus e como foi alcançado pela graça de Deus; terceira, um olhar para o futuro, quando mantém sua expectativa e esperança na Segunda Vinda de Cristo. Nesse sentido, a Ceia do Senhor é uma cerimônia que deve ser celebrada com reverência, júbilo e expectativa.

- A Ceia do Senhor é uma instituição. Jesus mesmo a instituiu no final de seu ministério na terra. Todos os Evangelhos fazem menção a ela (Mt 26.26-31; Mc 14.22-26; Lc 22.19-23; Jo 6.42-59), bem como o livro de Atos (At 2.42) e a Epístola de 1 Coríntios (1Co 11.23-29). Neste sentido a Ceia não é uma opção para a igreja, é questão de obediência realizá-la e participar dela. Jesus ordenou: fazei isto em memória de mim (1Co 11.24 e 25). Observemos que já no início da igreja temos a ministração da Ceia do Senhor por parte dos Apóstolos (At 2.42, 1Co 11.25). John Stott afirma que “Tais palavras e atos são plenos de significado, pois nos mostram a própria visão de Jesus em relação à sua morte”. STOTT destaca ainda: “Durante a refeição no Cenáculo, Jesus tomou o pão e, partindo-o, deu-o aos discípulos, dizendo-lhes: “Isto é o meu corpo dado em favor de vocês; façam isto em memória de mim” (Lc 22.19). Após a refeição, tomou o cálice de vinho e o deu a eles, dizendo: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue, derramado em favor de vocês” (Lc 22.20). Tais palavras e atos são plenos de significado, pois nos mostram a própria visão de Jesus em relação à sua morte. Três verdades se destacam.

1. A primeira é a centralidade de sua morte. Jesus estava dando instruções para o seu próprio culto memorial — eles deveriam comer pão e beber vinho “em sua memória”. Além do mais, o pão representaria não somente o corpo vivo de Jesus, como também o corpo dado em favor deles, enquanto o vinho representava o seu sangue derramado. Em outras palavras, ambos os elementos apontavam para a morte de Jesus. Era pela morte que ele desejava ser lembrado.

2. A segunda verdade que aprendemos com a Ceia do Senhor diz respeito ao propósito da morte de Jesus. Conforme Mateus, o cálice representava “meu sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos, para perdão de pecados” (Mt 26.28). Esta é a declaração verdadeiramente maravilhosa de que, através do sangue de Jesus, derramado em sua morte, Deus estabeleceria uma nova aliança (Jr 31), cuja maior das promessas era o perdão dos pecados.

3. A terceira verdade ensinada pela Ceia do Senhor é concernente à nossa necessidade de nos apropriarmos de forma pessoal dos benefícios da morte de Jesus. No drama do cenáculo os discípulos não eram apenas espectadores, mas participantes. Jesus não somente partiu o pão, mas deu-lhes para que o comessem. Não somente derramou o vinho no cálice, como também o deu para que eles o bebessem. Da mesma forma, não bastou que Cristo morresse — temos de nos apossar das bênçãos de sua morte. O ato de “comer o pão e beber o vinho” foi, e ainda é, uma parábola viva do receber a Cristo como nosso Salvador crucificado e de nos alimentarmos dele em nosso coração mediante a fé.

A Santa Ceia, conforme instituída por Jesus, não foi uma declaração sentimental do tipo “não me esqueçam”. Antes, foi um drama com grande riqueza de significado espiritual.(John STOTT. Três verdades sobre a Ceia do Senhor. Posted by Ultimatoonline)

 

 

I. A NATUREZA DA CEIA DO SENHOR NA TRADIÇÃO CRISTÄ

 


1. Na tradição romana.
O romanismo compreende de forma literal as expressões ditas por Jesus em referência aos elementos da Ceia do Senhor “isto é o meu corpo (Lc 22.19); “Este cálice é […] meu sangue” (Lc 22.20). Assim, segundo esse entendimento, durante o cerimonial os elementos da Ceia se convertem no corpo e no sangue de Cristo. Esse ensino é conhecido como transubstanciação. Há pelo menos dois problemas com essa interpretação. O primeiro de natureza lógica, pois quando Jesus celebrou a última Páscoa, Ele estava presente e, portanto, não poderia estar fisicamente no pão e muito menos no cálice, já que fisicamente ele se encontrava lá. Por outro lado, entender essas palavras de forma literal e não como metáforas, cria problemas de natureza exegética. Jesus disse, por exemplo, que ele era a porta (Jo 10.9). Evidentemente, Ele não se referia a uma porta literal.

- O subtópico está muito claro, então vamos detalhar aqui que há quatro interpretações sobre a Ceia do Senhor:

1) TRANSUBSTANCIAÇÃO - É a posição do Catolicismo Romano. É a ideia de que os elementos, pão e vinho, mudam de substância e se transformam em carne, sangue e divindade de Cristo na hora da consagração dos elementos.

2) CONSUBSTANCIAÇÃO - É a posição de Lutero. É a ideia de que Cristo está presente fisicamente nos e lamentos pão e vinho.

3) MEMORIAL - É a posição atribuída ao reformador Zwuinglio (há alguns que contestam). É a ideia de que a Ceia é a apenas um memorial, ou seja, uma recordação da morte de Cristo.

4) MEIO DE GRAÇA - É a posição calvinista. É a ideia de que Cristo está presente espiritualmente na Ceia, como alimento para nossa alma. Portanto, é um meio de graça. Os principais meios de graça no pensamento calvinista são: a Palavra, a oração e os Sacramentos (Batismo e Ceia do Senhor). Por meio deles, Cristo fortalece a fé de seu povo pactual.

2. Na tradição protestante. A tradição luterana diverge da católica quando nega que os elementos da Ceia, o pão e o vinho, se tornem ou se convertam no corpo e no sangue de Cristo Contudo, afirma que o corpo físico de Jesus está presente no pão da Ceia. Esse entendimento luterano é denominado de consubstanciação. Como se vê, Lutero não conseguiu se desvencilhar por completo da tradição católica quando dá uma versão modificada da sua antiga crеnçа.

- A teologia luterana desenvolvida sob o pensamento de Lutero acerca dessa tradição romana, diz: “Nós rejeitamos todas as opiniões sacramentárias... igualmente rejeitamos a negação de um comer oral do corpo e do sangue de Cristo na Ceia, e o ensino contrário de que na Ceia o corpo de Cristo é tomado somente de forma espiritual, através da fé, e que na ceia nossa boca recebe somente pão e vinho”. O pensamento luterano é que o pão permanece com suas propriedades, mas o corpo de Cristo está presente em, com e sob o pão. Isso é o que alguns costumam chamar de consubstanciação. Lutero em discordância de Roma autenticou uma nova interpretação à Ordenança da Ceia.

3. A posição pentecostal. A tradição pentecostal entende que o pão e o vinho não se convertem fisicamente no corpo de Jesus nem tampouco Jesus está presente fisicamente neles. Assim, o pão e o vinho simbolizam o corpo e o sangue de Jesus. Contudo, Jesus se faz presente espiritualmente nos símbolos da Ceia (Mt 18.20). Essa é a posição da maioria dos pentecostais. Também enfatizamos o aspecto memorial na celebração da Ceia do Senhor. Nesse sentido, a Ceia do Senhor é para quem está em comunhão, e não para dar comunhão. Esse entendimento se ajusta ao ensino do Novo Testamento sobre a Ceia do Senhor.

- A presença real de Cristo na ceia não é uma presença corporal, mas uma presença de relacionamento. Na participação dos elementos da ceia há uma comunhão de relacionamento com Cristo. Não existe a conversão dos elementos no corpo de Cristo, nem o corpo de Cristo está com, em e sob os elementos, mas na participação dos elementos há uma comunhão relacional, onde somos elevados à presença de Cristo. É importante que se diga, que o que o comentarista chama de A posição pentecostal. A tradição pentecostal, é de fato o pensamento da maioria protestante/evangélica, a Ceia é um Memorial. É importante esclarecer para não trazer a ideia de que seja um novo pensamento, à parte dos demais da tradição cristã. O primeiro parágrafo aqui, transcreve uma definição de Calvino a respeito da Ceia. Calvino combate o pensamento católico e luterano da presença corporal de Cristo na ceia com o intuito principal de combater o perigo da idolatria supersticiosa do pão, o que podemos entrar facilmente em nosso meio, basta questionar o que é feito com as sobras do pão e do vinho para termos algumas respostas surpreendentes. Já ouvi relatos de que as soras devem ser enterradas para não serem profanados, pois, depois da oração de consagração, o pão e o vinho não são mais os mesmos! Como vemos, há distorções terríveis em nosso meio – por ignorância e também, resquícios do romanismo.

 

 

II. O PROPOSITO DA CEIA DO SENHOR

 

1. Celebrar a expiação de Cristo. Ao escrever sobre a Ceia do Senhor, o apóstolo Paulo destacou como propósito dessa celebração “anunciar a morte do Senhor (1 Co 11.26). Nesse caso, a Ceia do Senhor aponta para o Calvário. Ela celebra a vitória de Cristo na cruz sobre o pecado, a morte e o Diabo (Hb 2.14,15) Por intermédio da morte de Cristo na cruz, fomos justificados e reconciliados com Deus (2 Co 5.21). Portanto, na Ceia do Senhor celebramos a vitória de Jesus na cruz, que também é a nossa vitória (Ap 12.11)

- 1Coríntios 10.16 revela que, ao participar da mesa do Senhor, o crente se associa com ele de forma especial, nutrindo, no momento da celebração, uma comunhão mais íntima com o Senhor, presente sim, de forma intensa durante o rito, mas não nos elementos do rito, como definem católicos e luteranos. O Subtópico fala do propósito da Ceia. Há um tríplice propósito na Ceia do Senhor que deve ser lembrado na sua celebração:

. Gratidão: e, tendo dado graças (eukaristeo). A ceia é uma cerimônia de gratidão a Deus pela salvação em Cristo Jesus. Não se trata de um funeral, mas de uma festa de ações de graças.

. Memorial: fazei isto em memória de mim. A expressão “em memória” (anamênêsis) indica o trazer de novo à memória ou o lembrar-se de uma vívida experiência. O objeto a ser trazido à memória é expresso pelo pronome mim. Devemos sempre nos lembrar da cruz e do sacrifício realizado por Cristo.

. Proclamação: Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que Ele venha (v.26). A palavra anunciar significa “proclamar de forma solene”. A ceia proclama o sacrifício de Jesus de forma visível.

2. Proclamar a segunda vinda de Cristo. A Ceia do Senhor proclama a sua segunda vinda (1 Co 11.26), logo, há um sentido escatológico na celebração da Ceia do Senhor. Quando essa bendita esperança é perdida, a igreja se seculariza. Assim, na Ceia do Senhor, a Igreja mantém um olhar no passado, quando contempla a vitória de Jesus na cruz, mas também mantem o seu olhar no futuro, esperando e ansiando por sua Segunda Vinda. Ao contemplar o retorno de Cristo, a Igreja lembra que é peregrina nesta Terra e que a sua pátria não é aqui (Fp 3.20,21)

- a Ceia do Senhor aponta para o retorno do Rei: “Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha” (1Co 11.26). Todas as vezes que a igreja de Cristo celebra esse sacramento anuncia a sua segunda vinda. Quando Jesus nos ensinou que observássemos esse memorial da grande Obra da Redenção “até que Ele venha”, apontava para o último dia, o dia do Juízo Final. A Santa Ceia testemunha ao mundo que o nosso Salvador não está morto, mas vive gloriosamente a destra do Pai e haverá de retornar um dia sobre as nuvens com poder e glória. ”Alegremo-nos, exultemos e demos-lhe a glória, porque são chegadas as bodas do Cordeiro, cuja esposa a si mesma já se ataviou, pois lhe foi dado vestir-se de linho finíssimo, resplandecente e puro. Porque o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos. Então, me falou o anjo: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. E acrescentou: São estas as verdadeiras palavras de Deus” (Ap 19.7-9). A noiva de Cristo não se lembra da morte do seu noivo como uma viúva, mas como alguém que anseia pelo dia em que o noivo voltará para levá-la para casa.

3. Celebrar a comunhão cristã. Uma das razões que levou o apóstolo Paulo a escrever a sua Primeira Carta aos Coríntios estava relacionada à questão de divisões entre os irmãos daquela igreja (1 Co 1.11). Esse era um problema recorrente entre os coríntios e estava presente também durante a celebração da Cela do Senhor. Paulo os reprova por isso (1 Co 11.17). O clima fraterno e de comunhão deixará de existir (At 2.42: 1 Jo 1.7). Nesse sentido, alguns não esperavam peles outros para celebrarem a Ceia juntos (1 Co 11.22). Quando há o espirito de divisão, litígios e intrigas entre os crentes, a celebração da Ceia do Senhor perde todo o seu sentido.

- Como já demonstramos até aqui, os elementos que compõem a mesa do Senhor (pão e vinho) são figuras, sendo que cada participante é a realidade! É comum as pessoas reverenciarem e atribuírem valor às figuras, mas, negligenciarem a realidade. Enquanto o participar da ceia do Senhor demonstra a comunhão do corpo de Cristo e o cuidado a ser dispensado para com o irmão, o que se apregoa é um cuidado consigo mesmo. Durante os sermões, que antecedem a ceia, geralmente, o que os preletores ensinam é que não se deve chegar atrasado para o culto da ceia ou, que é necessário se santificar, orar, jejuar, etc., para ser digno da mesa. No entanto, à luz das Escrituras, o que deveria ser ensinado, aos cristãos, é o cuidado para com o outro! Pela falta de cuidado para com os membros do corpo de Cristo, o apóstolo Paulo repreendeu os irmãos de Corinto que, ao se reunirem no culto de ceia, alguns comiam e se embriagavam e se esqueciam dos que nada tinham para comer.

 

III. O MODO DE CELEBRAÇÃO DA CEIA DO SENHOR

 


1. O que é participar “indignamente
”? Concernente à celebração da Ceia do Senhor, Paulo advertiu sobre o perigo de participar da Ceia indignamente (1 Co 11.27). O termo português “indignamente” é a tradução do advérbio grego anariós. Um advérbio indica a maneira ou modo como se faz uma coisa enquanto um adjetivo indica o seu estado. Nesse sentido, esse advérbio modifica o verbo comer e está relacionado ao modo ou maneira como os coríntios estavam comendo a Ceia do Senhor de maneira desordenada, quando não esperavam um pelos outros, de maneira indisciplinada, quando comiam mais do que os outros e de maneira irreverente quando se embriagavam (1 Co 11.18,21,22).

- A “dignidade” à qual Paulo se refere é adverbial, não adjetiva. Ou seja, não descreve as pessoas que participam, mas a maneira como elas fazem isso. Somos todos, cada um de nós, indignos do amor que nos convida à Mesa do Senhor. Nós não nos examinamos para ver se somos dignos ou se fizemos alguma coisa que nos torna mais dignos, desde a última vez que participamos da mesa. Porém, temos que examinar a nós mesmos para ter certeza de que o nosso comer e o nosso beber são dignos, de que temos um título e um direito de estar à mesa, e de que o nosso tomar do pão e do vinho é apropriado e adequado.

2. Uma celebração reverente. Se em lugar de um adverbio, que indica modo ou maneira, Paulo tivesse usado um adjetivo, que indica estado, qualidade ou natureza, então ninguém poderia participar da Ceia, pelo fato de que ninguém é digno (1 Co 11.27). Como mostramos, não e esse o caso. É verdade que não participamos da Ceia do Senhor porque somos dignos, mas pela graça de Deus. Contudo, ninguém seja tentado em pensar que, pelo fato de ser um pecador alcançado pela graça, pode participar da Ceia vivendo deliberadamente em pecado. Se a simples maneira irreverente de celebrar a Ceia atrai o juízo divino, o que dizer então de quem participa com pecados não confessados? Pecado não confessado atrai o juízo divino.

- Temos visto alguns exageros em nome do zelo, quando algumas lideranças, querendo preparar os crentes para a digna participação da mesa do Senhor, têm afligido e atormentado cruelmente as pobres consciências, sem, todavia, lhes ensinarem nada do que é necessário ensinar. Dizem eles que para comer dignamente a Ceia é preciso estar em estado de graça. E interpretam que estar em estado de graça é estar purificado de todo pecado. Como já exposto pelo comentarista, por esse pensamento, todos os homens que estiveram e estão na terra seriam excluídos do uso desta Ordenança. Porque, se é questão de considerarmos a nossa dignidade em nós, significa que esta é feita por nós! Isso só nos pode causar ruína e confusão. Ainda que nos empenhemos com todas as nossas forças, nada conseguiremos, senão que acabaremos sendo mais indignos ainda, isso quando a duras penas lograrmos encontrar alguma dignidade em nós. No entanto, A Ceia do Senhor é um dos eventos mais importantes para a igreja de Cristo. É o evento que nos habitua a olhar para a cruz, com o objetivo de despertar em nós a gratidão pela salvação, a motivação para a santificação e a esperança da futura ressurreição. Por isso, devemos obedecer à essa ordenança do Senhor, celebrando a Ceia com muita alegria e temor. Paulo nos ensina, em 1º Coríntios 11, que o crente deve se auto examinar para não tomar a Ceia do Senhor indignamente. No texto em apreço, o apóstolo diz que algumas pessoas estavam sendo disciplinadas pelo Senhor com doenças e até com morte, por estarem celebrando a Ceia do Senhor indignamente. Nesse sentido, a partir do princípio bíblico de não administrar a Ceia indignamente, é papel da igreja zelar para que nenhum crente se precipite em participar indignamente. A igreja, através da sua liderança, deve pastorear os crentes nesse cuidado, exortando pelas pregações, através da disciplina eclesiástica, quando necessário. A Disciplina é um meio pelo qual um crente pode ser poupado de ser alvo de disciplina mais dura vinda de Deus por estar participando indignamente da Ceia (estando em prática de pecado escandaloso).

3. Celebração festiva. A Ceia do Senhor celebra a morte e ressurreição de Jesus e não o seu funeral. A Ceia celebra o Cristo que morreu, mas que ressuscitou (1 Co. 15.1-4). Deve, portanto, ser uma celebração reverente, contudo, festiva (1 Co 3.7 8) Nosso Redentor vive e, por isso, devemos demonstrar isso na Celebração da Ceia do Senhor. Nela, portanto, deve haver um ambiente de reverência e ao mesmo tempo, de abundante alegria.

- NA Igreja Primitiva, a celebração dessa Ordenança era conhecida como a Festa do Ágape, ou “festa do amor”; era uma refeição em comum nas primeiras igrejas cristãs. Aparece em 1 Coríntios 11.17-22 e Judas 12, possivelmente é aludida em Atos 2.46–47. Aparentemente o alvo dos “ágapes” era a comunhão cristã, o compartilhar de alimentos entre os mais pobres e especialmente, lembrar-se do Senhor Jesus e participar espiritualmente da sua morte e ressurreição pelo pão e pelo vinho. A igreja apostólica em Jerusalém seguiu o exemplo, de forma que o “partir do pão” se dava num ambiente em que as refeições eram tomadas em comum (At 2.42-47; ver 20.7). Os coríntios conseguiram corromper o culto a Deus em menos de 20 anos do surgimento do Cristianismo e isto enquanto os apóstolos ainda estavam vivos! Portanto, não devemos ficar impressionados com a rápida corrupção ocorrida na Igreja depois que os apóstolos morreram. E muitos, hoje, continuam a introduzir práticas e costumes e a torcer o propósito dos cultos, ao ponto de suas reuniões, como as dos coríntios, fazerem mais mal do que bem. O Culto de Ceia, como lá na origem, deve ser regado de reverência, por todo o significado que carrega, e também deve ser cheio de gozo, pelo simples fato de que não estamos reunidos para relembrar um funeral, mas para afirmar que o noivo está prestes a vir nos buscar!

 

 

CONCLUSÃO

Nesta lição, sob diferentes perspectivas, vimos alguns aspectos que revelam o sentido e propósito da Ceia do Senhor. Não é um sacramento, que de forma mágica concede graça aos que dela participam nem tampouco uma vacina para dar comunhão a quem não tem. Na verdade, o direito de celebrar essa importante ordenança é o resultado da graça que foi concedida a cada crente. É necessário ter esse discernimento quando se participa desse rito cristão. Trata, pois, de um ato que não pode ser celebrado de qualquer jeito ou maneira, nem tampouco por quem vive deliberadamente em pecado.

- Encerrando esta lição, é importante destacar o real significado da Ceia: Espiritualidade, fraternidade, espontaneidade e sinceridade! Estas marcas devem ser evidentes nessa festa do povo de Deus. Os primeiros cristãos tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração (At 2.46). Sendo assim, devemos eliminar do nosso meio, todo problema porventura existente, que possa descaracterizar a Ceia do Senhor, pois, aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor (1Co 11.27).

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Pb Francisco Barbosa - @Pbassis

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REVISANDO O CONTEÚDO

1. Qual é a posição da maioria dos pentecostais em relação aos elementos da Cela do Senhor?

O pão e o vinho simbolizam o corpo e o sangue de Jesus. Contudo, Jesus se faz presente espiritualmente nos símbolos da Ceia (Mt 18.20). E também há o aspecto memorial da Ceia do Senhor.

2. Para o que a Ceia do Senhor aponta?

A Ceia do Senhor aponta para o Calvário

3. Que tipo de sentido está presente na Ceia do Senhor?

A Ceia do Senhor proclama a sua segunda vinda (1 Co 11.26). Logo, há um sentido escatológico na celebração da Ceia do Senhor.

4. Qual foi a advertência de Paulo em relação à Cela do Senhor?

Concernente à celebração da Ceia do Senhor, Paulo advertiu sobe o perigo de participar da Ceia indignamente (1 Co 11.27).

5. O que a Ceia do Senhor celebra?

A Ceia do Senhor celebra a morte e ressurreição de Jesus e não o seu funeral. A. Cela celebra o Cristo que morreu, mas que ressuscitou (1 Co 15.1-4).