TEXTO PRINCIPAL
“A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando ao Senhor com graça em vosso coração”. (Cl 3.16)
Entenda
o Texto Principal:
- Habite,
ricamente, em vós. "Habitar" quer dizer "morar em"
ou "estar em casa" e "ricamente" pode ser traduzido de
maneira mais completa por "abundantemente ou extravagantemente rico".
A Escritura deve permear cada aspecto da vida do cristão e controlar todo
pensamento, palavra e ação (cf. SI 119.11; Mt 13.9; Fp 2.16; 2Tm 2.15). Esse
conceito é semelhante a ser cheio do Espírito em Ef 5.18, uma vez que os
resultados de cada um são os mesmos. Em Ef 5.18, o poder e a motivação para
todos os efeitos é o enchimento do Espírito Santo; aqui, é a palavra que habita
ricamente. Essas duas realidades são, na verdade, uma. O Espírito Santo enche a
vida controlada pela sua palavra. Isso enfatiza que o enchimento do Espírito
não é uma experiência de êxtase ou de emoção, mas um controle constante da vida
por meio da obediência à verdade da Palavra de Deus. A palavra de Cristo. É a Escritura; o Espírito Santo inspirou a
Escritura, a palavra de revelação que Cristo trouxe ao mundo, com salmos, e
hinos, e cânticos espirituais.
RESUMO DA LIÇÃO
A liturgia do culto a Deus deve respeitar e estar de acordo com as
Escrituras Sagradas.
Entenda
o Resumo da Lição:
- "Liturgia" é uma estrutura padrão para cultos
religiosos públicos. A Escritura não delineia nenhuma forma padrão ao culto de
adoração para a igreja. Ao mesmo tempo, várias passagens do Novo Testamento nos
fornecem ingredientes importantes que devem fazer parte de uma igreja local
saudável: Verdadeira comunhão (At 2.44-46); A observância das ordenanças:
batismo de crentes e lembrança da Ceia (At 2.41, 42, 46; 1Co 11.23-32); A
observância constante da doutrina dos apóstolos, a leitura da Palavra de Deus e
o ensino/pregação da Palavra de Deus (At 2.42; 1Tm 4.13-16; 2Tm 4.2); Oração e
louvor, com dependência da direção do Espírito Santo (At 2.42,47; 13.1-4; 1Tm 2.1-8;
Ef 6.18); Evangelismo e discipulado, com todos os membros da igreja usando seus
dons espirituais para servir a Cristo como parte do Corpo de Cristo (Mt 28.18-20;
At 1.8; 1Tm 4.5; Ef 4.11-16; Rm 12.3-8).
TEXTO BÍBLICO
1 Coríntios
14.26-33
Entenda
o Texto Bíblico:
26 Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada
um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem
interpretação. Faça se tudo para edificação.
- 14.26-40
Nessa última seção a respeito das línguas, o foco está em como elas deveriam
ser, sistematicamente, limitadas ao uso na igreja de maneira ordenada. Visando
à discussão hipotética, é digno de atenção o fato de que, o dom de línguas em
nossas reuniões hoje, não segue as ordens claras e reguladoras contidas nesses
versículos.
14.26 um tem. Parece que a anarquia e
a falta de ordem eram exuberantes nessa congregação (v. 33). O interessante é
que nem anciãos nem pastores são mencionados, e os profetas não estavam nem
mesmo exercendo o controle (veja vs. 29 ,32,37). Todos estavam participando da
maneira como desejassem e "quando" desejavam. salmo. A leitura ou o canto de um salmo do AT. doutrina. Refere-se, possivelmente,
a uma doutrina ou tema de interesse especial (v. 33). tem língua. O falar em línguas é uma das práticas que crentes
pentecostais acreditam serem atuais com base nas Escrituras. Além da promessa
de Jesus em Marcos 16 e da narrativa de Lucas em Atos, temos a carta de Paulo
aos Coríntios como base para entender a prática do falar em línguas. revelação. Alguma palavra
supostamente vinda de Deus, seja falsa ou genuína. interpretação. Refere-se à mensagem da língua. para edificação. Essa foi a maneira
de Paulo colocar um fim à anarquia. A edificação é o objetivo, (cf. vs.
3-5,12,17,26,31) e o caos coríntio não conseguia tornar isso real (cf. ITs
5.11; Rm 15.2-3).
27 E, se alguém falar língua estranha, faça-se isso
por dois ou, quando muito três, e por sua vez, e haja intérprete.
- 14.27-28 Esses
versículos fornecem regras para o exercício do dom:
1) apenas duas ou três pessoas no culto;
2) falando, apenas, sucessivamente, uma d e cada
vez; e
3) somente com um intérprete. Sem essas condições, a
pessoa tinha de meditar e orar em silêncio.
28 Mas, se não houver intérprete, esteja calado na
igreja e fale consigo mesmo e com Deus.
29 E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.
- 14.29-31
Aqui, temos quatro regras para a pregação dos profetas:
1) somente dois ou três deviam falar;
2) os outros profetas tinham de julgar o que fora
dito;
3) se, enquanto um estivesse falando, Deus concedesse
a revelação, o que estivesse falando tinha de ceder àquele que ouviu de Deus; e
4) cada profeta tinha de esperar o outro acabar de
falar para ter a sua vez.
30 Mas, se a outro, que estiver assentado, for
revelada alguma coisa, cale-se o primeiro.
31 Porque todos podereis profetizar, uns depois dos
outros, para que todos aprendam e todos sejam consolados.
32 E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos
profetas.
- 14.32
Não apenas os profetas tinham de julgar os outros com discernimento, como
também tinham de exercer controle sobre eles próprios. Deus não quer
experiências fora do espírito ou fora da mente. Aqueles que recebiam e
proclamavam a verdade tinham de ter a mente limpa. Nada havia de bizarro,
extático, transcendental ou espantoso em receber e pregar a Palavra de Deus.
como acontecia com as experiências demoníacas.
33 Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz,
como em todas as igrejas dos santos.
- 14.33
confusão. Aqui está a chave para todo o capítulo. A igreja em adoração
a Deus deveria refletir o caráter e a natureza dele porque ele é um Deus de paz
e harmonia, ordem e clareza, não de briga e confusão (Rm 15.33; 2Ts 3.16; Hb
13.20). como em todas as igrejas.
Essa frase não pertence ao v. 33, mas ao começo do v. 34, como uma introdução
lógica a um princípio universal para as igrejas.
INTRODUÇÃO
O culto é essencial na vida de um cristão. É nele que a comunhão é
fortalecida, a edificação é possível, as responsabilidades cristãs são
cumpridas em parte, o louvor congregacional acontece e a Palavra de Deus é
pregada e ensinada. O culto cristão tem as suas normas, pois, pela sua Palavra,
Deus orienta o seu povo a adorá-lo e de que forma deve fazê-lo. Mesmo nas
diversidades, pessoais e culturais, a ordem do culto deve ser respeitada,
principalmente no que se refere à centralidade das Escrituras no culto a Deus.
- Culto é um ato de resposta à ação bondosa de Deus,
que nos chamou com finalidade bem clara: “Por
meio de Jesus, pois, ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que é o
fruto de lábios que confessam o seu nome” (Hb 13.15). Por isto, aquele que
se relaciona com Deus deve lembrar que o culto a Deus é o fruto natural (no
sentido de normal) da comunhão com Jesus Cristo. A Escritura afirma que Deus
deseja ser adorado "em espírito e em
verdade". Isso significa que a adoração é prestada por pessoas
espirituais, aqueles que nasceram de novo mediante a fé em Jesus e que em
resposta a graça que receberam, desejam honrar ao Seu Senhor e Salvador. Alem
disso, a adoração deve ser feita "em verdade", que significa que
devemos adorar ao Senhor da forma como Ele revelou na Sagrada Escritura. Toda
forma de adoração que não seja biblicamente revelada pode ser bonita e sincera,
mas não cumprirá o santo propósito de agradar a Deus.
A produção de um plano de aula como subsídio é trabalhoso e
desgastante. Considere citar a fonte
ao reproduzir o texto. Considere
também ser generoso com este ministério!
I. A ORDEM NO CULTO
1. Liturgia cristã. O
vocábulo “liturgia” advém dos termos gregos “leit” (“laós”, povo) e “urgia”
(trabalho, ofício) que, conjuntamente, significam “serviço ou trabalho
público”. É um termo amplo, mas que no mundo grego passou a ter uma conotação
sagrada, indicando um “ofício religioso”. Foi usado, originalmente pelos
sacerdotes levíticos no Templo de Jerusalém, e só mais tarde foi aplicado ao
contexto do culto cristão. A liturgia cristã deve estar pautada nas Escrituras
Sagradas, conduzindo os crentes à adoração. O Dicionário Teológico da CPAD
afirma que “a liturgia, em si, não se constitui em culto; é necessário que
venha acompanhada de verdadeira disposição espiritual para a adoração ao
Senhor. A liturgia é a roupagem e o amor a Deus, a verdadeira substância do
culto.” Rito e culto também são termos correlatos, contribuindo para que o
culto tenha o padrão bíblico (Rm 12.1,2).
- Liturgia é Ordem de Culto. A fé cristã possui uma
gama de formas distintas de liturgia. Com a Reforma, Lutero derivou dos ritos
da missa católica, e adotou formas de oração e de canto. A Igreja calvinista,
por exemplo, simplificou a liturgia, mas a anglicana, manteve quase todas as
tradições litúrgicas da Igreja Católica. Existem várias manifestações de
liturgia, como a liturgia ambrosiana, liturgia de S. João Crisóstomo, liturgia
moçárabe, liturgias orientais. Apesar de suas características, o culto
pentecostal também possui a sua liturgia, este assunto é importante, pois o
culto deve ser evidenciado pela ordem e profundo temor a Deus, pois trata-se de
um ato de adoração. É o momento em que, juntos, bendizemos e glorificamos o
nome do Senhor Deus. Enfatize que não podemos transformar o culto em um ponto
de encontro ou vê-lo simplesmente como parte de nossa vida social. Que em cada
culto possamos, pura e unicamente, adorar o Senhor em espírito, e em verdade
(Jo 4.24). O próprio significado da palavra “culto”, ou “serviço”, já sugere,
em si mesmo, o ato de adoração que, por sua vez, implica na reverência que
todos devemos prestar ao Todo-Poderoso (Sl 29.2). Cultuar a Deus significa
adorá-lo, exaltá-lo, prestar-lhe a devida reverência (Sl 96.9).
2. Ordem no culto. A respeito do culto, a Declaração de Fé das
Assembleias de Deus diz o seguinte: “Entendemos que a adoração pública é um
encontro com Deus para um diálogo: nós conversamos com Ele por meio de nossas
orações, cânticos e ofertas, e Deus fala conosco por meio de sua Palavra
(pregação e ensino) e das manifestações dos dons espirituais.” Esse tema é
importante e complexo, pois o culto é composto de elementos humanos e
espirituais, daí a necessidade de uma ordem pré-estabelecida, com vistas à
“decência e ordem” (1 Co 14.40). Isso não é negligenciar e nem desprezar a
espiritualidade do culto, pois como afirma o Comentário Bíblico Beacon: “Onde a
decência e a ordem não são observadas em cada parte da adoração a Deus, não se
pode adorar de uma forma espiritual.” Um culto considerado bem ordenado e que
agrada a Deus é aquele que cumpre o seu propósito de adoração, edificação,
comunhão, exortação e pregação do Evangelho. A ordem no culto não serve para
enrijecê-lo, mas para colocá-lo em direção ao propósito para o qual foi
estabelecido.
- O culto ao Senhor deve ter ordem e decência. A
leitura da Palavra, cânticos de adoração ao Senhor, orações e as ofertas
voluntárias são elementos indispensáveis para a realização do culto racional a
Deus. Os modismos e cultos exóticos não podem produzir nada mais que
movimentação, pois o avivamento só acontece quando a igreja se volta à Palavra
de Deus. “Todo culto cristão— se
anglicano ou anabatista, pentecostal ou presbiteriano— é litúrgico, no sentido
de que ele é governado por normas, se baseia em uma tradição, inclui rituais
corporais e rotinas, e envolve práticas formativas. Por exemplo, embora o culto
pentecostal seja muitas vezes considerado a antítese da liturgia, efetivamente
ele inclui muitos dos mesmos elementos: o culto carismático é muito encarnado
(mãos levantadas em louvor, ajoelhado no altar em oração, imposição de mãos em
esperança, etc.); tem uma rotina comum, não escrita (música de “louvor”,
seguida de música mais silenciosa de “adoração”, seguido do sermão e depois,
muitas vezes, de um “tempo de oração no altar”); e essas práticas de culto
pentecostal são profundamente formativas, moldando nossa imaginação ao se
relacionar com o mundo de uma forma única. Nesse sentido, mesmo o culto
pentecostal é litúrgico”. SMITH, James K. A.
Desiring the Kingdom: Worship, Worldview and Cultural Formation. 1 ed. Grand
Rapids: Baker Academic, 2009. p 152.
3. Elementos do culto. Ao invés de ser influenciada pelas religiões pagãs
de seu tempo, a Igreja Primitiva influenciou e deu novo sentido a algumas
práticas cultuais, como afirma o Dicionário Wycliffe: “em alguns exemplos
particulares, o que parece mais provável é uma similaridade de terminologias,
onde o cristianismo lhes dá um novo teor e significado.” Um culto bíblico tem
oração, louvor, leitura bíblica, exposição das Escrituras Sagradas, testemunho,
ofertas e dízimos.
- O culto cristão não é meditação, não é aula, não é
seminário. O culto não é apenas do e para o intelecto. Embora o culto envolva a
instrução, o ensino, a doutrina, ele será incompleto sem o elemento emocional.
O homem é um ser emocional, antes mesmo de ser racional. Se isso é verdade em
culturas mais mergulhadas na modernidade, o que dizer então da realidade
brasileira? Vivemos numa cultura fortemente marcada pela emoção. Isso não é
depreciativo nem exultante, mas é apenas nossa realidade. O culto pentecostal
resgatou a importância da emoção. É certo que muitos leitores logo pensarão nos
exageros emocionais, mas é importante destacar que o formalismo também é um
excesso.
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II. A DIVERSIDADE DO CULTO
1. O culto. O termo culto tem sido
definido a partir da palavra grega latreia e leitorgia, indicando o vocábulo
adoratio, ou adoração, prática vital no culto cristão. Adorar é reverenciar,
prostrar-se, curvar-se, reconhecer, celebrar e exaltar a majestade divina.
Portanto, o culto leva o crente a reconhecer a grandeza e a santidade de Deus,
assim como a sua própria pequenez e necessidade de perdão e santificação.
Cultuar tem relação com adorar a Deus. Essas duas ações correspondem ao serviço
em favor do Senhor e de sua Igreja. Isso levou Paulo a convocar os irmãos de
Roma a que entregasse o corpo em “sacrifício” e renovassem mente (que equivale
à totalidade do homem) como um “culto racional” a Deus (Rm 12.1). Culto é
entrega. É uma forma de consagrar tudo a Deus como reconhecimento de sua
grandeza e graça.
- A essência do culto a Deus é a adoração. O ato de
adorar a Deus constrange-nos a submetermo-nos incondicionalmente à sua vontade
(Mt 6.10) e a nos humilharmos até ao pó diante de sua presença (Gn 18.27). A
mulher pecadora, que ungiu a Jesus com fino unguento, “beijava-lhe os pés” em
santa adoração (Lc 7.38). Se adorar é um ato de rendição, gratidão e exaltação
ao Deus que nos criou (Sl 95.6), cheguemo-nos, pois, diante do Todo-Poderoso
com temor e tremor, reconhecendo-lhe o senhorio sobre nossas vidas. Se todo
culto é um ato de adoração, nem todo ato de adoração é necessariamente um
culto. Os judeus dos tempos de Isaías e Miqueias não sabiam fazer tal
distinção, por isso o Senhor repreendeu-os energicamente (Is 1.11; Mq 6.3-8).
Aliás, até mesmo nossas atividades profissionais têm de ser realizadas como
atos de sincera adoração ao Senhor (Ef 6.5-9). O que isto significa? A vida do
crente deve ser um contínuo ato de adoração e louvor a Deus (Sl 146.1).
2. Diversidade no culto. O culto dá ao crente a oportunidade de servir ao
Senhor, como forma de adoração. Mas, como isso pode ser feito? Em Eclesiastes
9.10 está escrito: “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as
tuas forças […] Aquele que deseja agradar a Deus e servi-lo, deve fazê-lo por
meio do que tem de melhor, e é aqui que a diversidade cumpre o seu papel de
adoração, pois, cada um pode servir ao Senhor com o que é capaz de fazer. Paulo
fala sobre a “diversidade de dons, de mistérios e de operações”, ao normatizar
o uso dos dons espirituais, enfatizando que só há um Deus que opera
soberanamente em favor do mesmo propósito (1 Co 12.1-11). Em outra ocasião, ele
ensina sobre diferentes ministérios, dados pelo mesmo Senhor e com o mesmo
objetivo de preparar os crentes para edificação do Corpo de Cristo (Ef
4.11,12). Portanto, a diversidade deve ser vista como um recurso precioso, que
deve ser bem administrado no culto, para que cada um. na sua individualidade,
adore ao Senhor e sirva à igreja, inclusive com os dons espirituais, com o
propósito de honrar a Deus e edificar o Corpo de Cristo.
- Paulo apresenta a liturgia ideal para o culto
cristão: “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem
salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo
para edificação” (1 Co 12.26). Embora a igreja em Corinto fosse autenticamente
pentecostal, o seu culto deveria primar pela boa condução: “Mas faça-se tudo
decentemente e com ordem” (1 Co 14.40). O culto deve ser racional e consciente,
conforme exige a Palavra de Deus (Rm 12.1). Caso contrário, ou cairá no
formalismo, ou em algo desordenado e sem forma. Queremos deixar bem claro que a
liturgia realmente bíblica jamais impedirá a manifestação do poder de Deus,
batismos com o Espírito Santo, curas divinas, milagres e, principalmente,
salvação de almas. Vejamos, a seguirmos elementos que, de acordo com Paulo,
devem compor o verdadeiro culto cristão:
a) Leitura da Palavra. No Antigo Testamento, a
leitura e a dissertação das Sagradas Escrituras tinham um sentido especial no
serviço de adoração a Deus (Ed 8.1-12). Na Igreja Primitiva, quando o Novo
Testamento ainda não havia sido escrito, os crentes utilizavam as Escrituras do
Antigo Testamento em suas reuniões (At 2.42; 17.11). Por conseguinte, o
verdadeiro culto de adoração a Deus não pode ficar sem o ensino ou a pregação
bíblica. A sua igreja ouve regularmente a leitura da Palavra de Deus? O culto
sem a leitura e a explanação das Sagradas Escrituras é incompleto.
b) Cânticos na adoração. Uma das formas mais
expressivas da adoração cristã é manifestada através de hinos e cânticos (Ef
5.18-21). Infelizmente, essa área da liturgia cristã muito tem sofrido com a
proliferação de músicas que, sublimando o homem, minimizam o Senhor. Por outro
lado, glorificamos a Deus porque nosso hinário oficial, a Harpa Cristã, tem
como o seu primeiro compromisso exaltar o Senhor além de cantar as doutrinas da
Bíblia Sagrada.
c) As orações e as ofertas voluntárias. Os crentes
na Igreja Primitiva, por não disporem de templos, oravam nas casas. Os de
Jerusalém oravam também no Santo Templo (At 3.1; 4.23,24; 12.12). Além da
oração, eles adoravam a Deus com a entrega voluntária de dízimos e ofertas (1
Co 16.2; 2 Co 9.7; Fp 4.18). A oração e a intercessão jamais devem ausentar-se
do culto pentecostal.
3. Unidade na diversidade. O texto de Apocalipse 7.9-11 é uma referência a um
culto universal que em breve ocorrerá, no qual todos os redimidos se prostrarão
diante de Cristo para adorá-lo e reverenciá-lo. Deus constituiu a humanidade
com características diversas, e em uma análise mais restrita, em certa medida,
isso se reflete no culto, quer seja nos diferentes dons que o Senhor dá aos
crentes, ou mesmo na forma com que cada um adora a Deus. No entanto, os
diferentes dons e as diferentes personalidades não justificam a falta de
reverência e a desordem que podem comprometer a adoração ao Senhor e a
edificação do Corpo de Cristo.
- O maior interessado na unidade da Igreja é o
próprio Senhor Jesus. Mas todos nós temos a obrigação de nos esforçarmos para
superarmos toda e qualquer questão que venha comprometer a unidade da Igreja. O
Espírito Santo pode nos ajudar neste propósito, desde que não impeçamos a Sua
ação entre nós. A união entre os crentes é quase sem emendas. Deus, em Cristo
anulou a ruptura entre judeus e gregos, entre homem e mulher, bem como entre os
demais filhos de Deus. Jesus derrubou todas as barreiras que nos dividiam e nos
tornou um só povo, comprado e irmanado pelo precioso sangue de Jesus. Toda a
fratura que o pecado nos impôs foi curada por aquele de quem toma o nome toda a
família de Deus (Ef 3.15). A forma como adoramos também segue um padrão
estabelecido pelo próprio Deus!
III. A EXPOSIÇÃO DAS ESCRITURAS NO CULTO
1. Expondo as Escrituras. A
exposição fiel das Escrituras atinge o coração dos crentes (Lc 24.32) e
converte o perdido, pois, a pregação do Evangelho é o instrumento pelo qual
Deus decidiu salvar os que creem (1 Co 1.21). Portanto, a exposição da Palavra
de Deus deve ser central no culto cristão. Na obra o Pastor Pentecostal (CPAD),
o autor mostra que a igreja deve buscar se parecer com a Igreja Primitiva,
principalmente na valorização da pregação da Palavra de Deus, como se lê: “A
Igreja Primitiva pregou a Palavra e foi através desse ato que Deus fez com que
a Igreja crescesse. Nós também devemos fazer o mesmo.” A exposição fiel das
Escrituras deve ser central no culto genuinamente cristão.
- O estudo da Homilética abrange tudo o que tem a
ver com a pregação e apresentação de práticas religiosas: como preparar e
apresentar sermões de maneira mais eficaz (Sermão - Discurso cristão falado no
púlpito). Nós pentecostais brasileiros não estamos habituados ao termo “Sermão”,
menos ainda à melhor forma de Sermão para a pregação: o expositivo. Estamos
mais acostumados a uma espécie de “Sermão Temático”, aquele cuja divisão das ideias
é extraída do tema, sua forma ou estrutura resulta das palavras ou ideias
contidas no assunto. É o tipo de sermão mais usado por ser o de mais fácil
divisão e mais fácil de ser preparado, talvez aqui esteja a razão da sua
onipresença em nossos púlpitos! Assim, fica
evidente que nós ainda estamos muito aquém de uma exposição bíblica eficaz e
frutífera, quando abrimos mão do Sermão Expositivo, aquele que se ocupa
principalmente da exegese ou exposição completa de um texto, frases ou palavra
das Escrituras. A pregação expositiva seria a forma mais
autêntica da pregação e segue a prática dos grandes pregadores do passado,
como: Santo Agostinho, Lutero, Calvino,etc.
2. Louvores que pregam as Escrituras. Desde os primeiros dias da igreja até hoje, a
pregação é o método mais comum e usado para a proclamação das Escrituras.
Entretanto, há outras formas pelas quais essa verdade pode ser compartilhada,
como pelo recurso dos hinos a serem cantados durante os cultos, já que por eles
a doutrina bíblica pode ser bem fixada na mente e no coração dos presentes.
Reafirmamos a importância da Harpa Cristã que, conforme consta no Dicionário do
Movimento Pentecostal ela é o “hinário oficial de nossas igrejas”, que surgiu
“em virtude das peculiaridades históricas e doutrinárias”, e “os pioneiros
sentiram a necessidade de um hinário que também enfocasse as verdades
pentecostais.” Há outros hinos que também cumprem este propósito, mas para nós,
a Harpa Cristã cumpre esse papel com segurança, justamente porque nela constam
as bases doutrinárias de nossa confissão.
- A música pode, às vezes, nos comover pela beleza
da melodia, mas esse sentimento, por si só, não é adoração. A música deve ter
verdades bíblicas contidas em suas linhas para que seja um recurso legítimo e
fomente a verdadeira adoração. A música:
- expressa
nossa relação com Deus (Hb 13.15);
- deve caracterizar nossa comunhão com os
irmãos e contribuir como veículo de proclamação da verdade de Deus (Ef 5.19; Cl
3.16). Cristocentrismo e antropocentrismo, são duas expressões comuns entre os
cristãos. E, quando o assunto é louvor cristocêntrico e antropocêntrico, são
temas que normalmente são tratados nos cultos de doutrinas, que provavelmente
você já deve de ter ouvido na sua igreja. O significado de antropocentrismo é
“humano”, e kentron, que quer dizer “centro”. Para quem não sabe, o
antropocentrismo é uma doutrina filosófica que considera a humanidade como o
“centro do mundo”. Ou seja, relevando a importância do homem em comparação com
as demais coisas que compõem o Universo. Por conseguinte, Cristocentrismo é “Jesus
como o centro”. Louvores cristocêntricos são aqueles que tem Jesus como o tema
central, sua mensagem, seus atos e suas promessas para aqueles que confiam
nEle. Enquanto o hino antropocêntrico, são canções que colocam o homem, suas
ações, anseios, desejos e ambições como centro do louvor. Embora alguns hinos
antropocêntricos sejam bonitos, os verdadeiros adoradores de Cristo, os
crentes, não devem cantar, pois são músicas que colocam o ser humano no centro
do hino, usando o universo ao seu redor, incluindo Pai, Filho e Espírito Santo,
Anjos e a Igreja como atores que trabalham em prol de seus objetivos. O triunfalismo e o antropocentrismo têm reinado nas
letras. São comuns expressões surradas, como: "Você é mais que
vencedor", "Deus vai operar em sua vida", "Sua vida vai
mudar", "Você vai conquistar suas vitórias", "Hoje você
será abençoado" etc. Pegue os cadernos de hinos dos grupos musicais de sua
igreja e você verificará inúmeras letras com enfoque no homem e no seu
bem-estar. O enfoque comercial da musicalidade pentecostal tem gerado inúmeras
distorções, principalmente no foco das músicas. Muitos músicos cantam o que a
massa consumidora quer ouvir. Uma análise crítica das letras mostra que são
raras as músicas que estão voltadas para letras de exaltação e adoração a Deus.
Muitas letras que ainda citam Deus ou alguma passagem bíblica estão na verdade
destacando aspectos de um Abençoador dos homens, uma sutil forma de
antropocentrismo.
3. Pregando as Escrituras. Até aqui a ênfase tem sido sobre o dever de
anunciaras Escrituras. Contudo, é preciso destacar o conteúdo a ser anunciado
no culto prestado a Deus. Não basta saber o que fazer, é preciso saber como
fazer. Jesus ordenou que os seus discípulos pregassem o Evangelho a toda
criatura (Mc 16.15). Observe que o Mestre não só ordenou que pregassem, mas
também orientou qual a mensagem que deveriam pregar. Quando a igreja deixa de
ser fiel na entrega da mensagem genuinamente bíblica, ela, inevitavelmente,
pregará mensagens contrárias à verdade de Deus, e isso é prejudicial à sua
saúde espiritual. Portanto, a Igreja de Cristo deve expor as Escrituras em seus
cultos, permanecendo fiel, certa de que será recompensada.
- A mensagem deve expor e esclarecer um texto
bíblico numa linguagem contemporânea e para a realidade do mundo de hoje.
Segundo Klaus Douglass, a mensagem tem sete funções:
- explicar
e esclarecer verdades profundas da fé;
- dar
orientações sobre como devemos viver e agir como cristãos;
- edificar
a igreja;
- levar
pessoas à fé;
-
fortalecer a fé;
- consolar
e animar os que estão em dificuldades;
- tirar
pessoas da sua inércia.
A esta suficiência das Escrituras no culto cristão
os reformadores chamaram de princípio regulador do culto, que não deve se
preocupar com coisas sem importância. Na adoração coletiva, a pregação da
Palavra é essencial. Em nosso texto-base lemos que as atividades da igreja do
Novo Testamento eram centralizadas “na doutrina dos apóstolos, no partir do pão
e nas orações”. Em seu livro Entre dois mundos, John Stott afirmou: “A Palavra e a adoração pertencem
indissoluvelmente uma à outra. Toda a adoração é uma resposta inteligente e
amável à revelação de Deus, porque é a adoração do seu nome. Portanto, a
adoração aceitável é impossível sem a pregação. Pregar é tornar conhecido o
nome de Deus, e adorar é louvar o nome do Senhor sobre o qual fomos informados.
Ao invés de ser uma intrusão alienígena à adoração, o ler e o pregar a Palavra
são realmente indispensáveis à adoração.”
CONCLUSÃO
Esta lição discorreu sobre o culto cristão genuinamente pentecostal,
ressaltando o seu padrão bíblico. A ordem do culto não visa “engessá-lo”, mas
norteá-lo. para que os seus objetivos de adoração e edificação sejam
alcançados. Por isso, aprendemos a respeito da importância da ordem no culto, a
diversidade e a exposição das Escrituras.
- Essencialmente, na Bíblia, culto é serviço, algo
que fazemos para outros. Primeiramente, o culto cristão é um ato divino.
Respondemos ao favor de Deus concedido a nós, Seus filhos. Ele veio ao nosso
encontro, chamou-nos, aceitou-nos, deu-nos o Seu perdão e nos trouxe à Sua
presença. À medida que, corretamente motivados, servimos o nosso próximo,
estamos servindo a Deus. Nós, que em resposta à ação bondosa de Deus amamos a
Cristo e cremos na suficiência da Sua Palavra, não podemos moldar nossa adoração
aos estilos e preferências de um mundo escravo do pecado e de suas paixões.
Nosso objetivo principal deve ser adorar em espírito e em verdade. Para isto,
as Escrituras precisam regular o nosso culto, a nossa adoração. Tudo em nossos
cultos deve conduzir o adorador a um conhecimento mais profundo de Deus. Como
afirma Augustus Nicodemos Lopes, “é
importante reconhecer… que o Espírito age principalmente a favor dos interesses
de Cristo, visando glorificá-Lo e exaltá-Lo. Esse princípio aplica-se também ao
culto cristão. Esse princípio litúrgico precisa ser resgatado: o culto é
voltado para Deus. É teocêntrico – e nisso, cristocêntrico, não
antropocêntrico. Nada mais deve ocupar o lugar de Cristo no culto.”
_______________
Pb Francisco
Barbosa (@Pbassis)
Militar
da Reserva
Graduado
em Gestão Pública
Seminário
Martin Bucer - Teologia
Pós-Graduação
em Teologia Bíblica e Exegética do Novo Testamento - Faculdade Cidade Viva
Pastor
na Igreja de Cristo no Brasil, em Campina Grande-PB (@ic3irmãs)
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HORA DA REVISÃO
1. Qual o
significado do termo “liturgia”?
O vocábulo “liturgia” advém dos termos gregos “leit”
(laós, povo) e “urgia’ (trabalho, oficio) que, conjuntamente, significa
“serviço ou trabalho público”.
2. O que
o Dicionário Teológico afirma a respeito da liturgia?
Afirma que “a liturgia, em si, não se constitui em
culto: é necessário que venha acompanhada de verdadeira disposição espiritual
para a adoração ao Senhor. A liturgia é a roupagem e o amor a Deus, a
verdadeira substância do culto.
3. O que
é adoração pública?
Entendemos que a adoração pública é um encontro com
Deus para um diálogo.
4. O que
é adorar?
Adorar é reverenciar, prostrar-se, curvar-se,
reconhecer, celebrar e exaltar a majestade divina.
5. Qual o
lugar da exposição das Escrituras Sagradas no culto?
A exposição fiel das Escrituras deve ser central no
culto genuinamente cristão.