TEXTO PRINCIPAL
“Não defraudando; antes, mostrando toda a boa lealdade, para que, em tudo, sejam ornamento da doutrina de Deus, nosso Salvador” (Tt 2.10).
Entenda
o Texto Principal:
- não
furtem. Expressão usada como referência à apropriação indevida; toda a fidelidade. Lealdade; ornarem... a doutrina Paulo enfatiza
novamente (cf. v. 5) que o propósito supremo de uma vida virtuosa é tornar atrativo
o ensino de que Deus salva pecadores.
RESUMO DA LIÇÃO
Para herdar a salvação, o crente precisa perseverar na doutrina de Cristo
até o fim.
Entenda
o Resumo da Lição:
- A fé que salva é aquela que persevera; quem tem a
fé que salva são os únicos capazes de perseverar (Mt 10.22; 24.13; Mc 13.13; Hb
3.14; Ap 2.26).
TEXTO BÍBLICO
2 João 1-9
Entenda
o Texto Bíblico:
1 O ancião à senhora eleita e a seus filhos, aos
quais amo na verdade e não somente eu, mas também todos que têm conhecido a
verdade.
- O
presbítero. João usa esse título para enfatizar a sua idade avançada, a
sua autoridade espiritual sobre as congregações na Ásia Menor e a força do seu
testemunho pessoal como testemunha ocular da vida de Jesus e de tudo o que ele
ensinou (vs. 4-6). senhora eleita e aos
seus filhos. Alguns acreditam que essa expressão seja uma referência
metafórica a urna igreja local em particular, enquanto "seus filhos"
se refere aos membros da congregação. A interpretação mais natural, no entanto,
é que seja uma referência a uma mulher específica e seus filhos (ou seja,
descendência) que eram bem conhecidos por João. a quem eu amo na verdade. A base da hospitalidade cristã é a
verdade (vs. 1-3). João enfatiza a necessidade da verdade ao repetir o termo
"verdade" cinco vozes nos quatro versículos iniciais. A verdade
refere-se aos princípios básicos ou fundamentos da fé que João havia discutido
em 1 João (crença correta em Jesus, obediência e amor) como também as verdades expressas
em 2João (p. ex., vs. 4-6). A verdade é a condição necessária para a unidade e,
consequentemente, a base da hospitalidade.
2 Por amor da verdade que está em nós e para sempre
estará conosco.
- verdade...
permanece em nós... conosco estará para sempre. Essa é a verdade
cognitiva da Palavra de Deus (cf. Cl 3.16).
3 A graça, a misericórdia, a paz, da parte de Deus
Pai e da do Senhor Jesus Cristo, o Filho do Pai, seja convosco na verdade e
amor.
- a graça,
a misericórdia e a paz... em verdade e amor. A sequência feita por João
— da graça para o amor, e, depois, para a paz — marca a ordem da primeira ação
de Deus para a satisfação final do homem. Os limites dessa tríade de bênçãos
estão dentro da esfera da verdade e do amor.
4 Muito me alegro por achar que alguns de teus filhos
andam na verdade, assim como temos o mandamento do Pai.
- filhos
que andam na verdade, de acordo com o mandamento que recebemos. A
conduta da hospitalidade implica obediência à verdade (vs. 5-6). A palavra "andam"
refere-se à ação contínua de andar na verdade, ou seja, transformar a
obediência à verdade num hábito na vida pessoal.
5 E agora, senhora, rogo-te, não como escrevendo-te
um novo mandamento, mas aquele mesmo que desde o princípio tivemos: que nos
amemos uns aos outros.
- mandamento
novo... que nos amemos uns aos outros. João liga o mandamento da
verdade ao mandamento do amor (cf. 1Jo 2.7-11; 4.7-12). A palavra
"amemos" refere-se à pratica do amor como um hábito na vida pessoal.
Andar tanto na verdade como no amor define a conduta da hospitalidade.
6 E o amor é este: que andemos segundo os seus
mandamentos. Este é o mandamento, como já desde o princípio ouvistes: que
andeis nele.
- E o amor
é este: que andemos segundo os seus mandamentos. João não define o amor
como um sentimento ou urna emoção, mas como obediência aos mandamentos de Deus
(1Jo 5.2-3). Aqueles que são obedientes à verdade tal como ela está contida nos
mandamentos de Deus, os fundamentos da fé (1Jo 2.3-11), são identificados como
os que andam em amor. Cf. Jo 14.15,21; 15.10.
7 Porque já muitos enganadores entraram no mundo, os
quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Este tal é o enganador e o
anticristo.
- muitos
enganadores. Cf. Mc 13.22-23; ITm 4.1-4; 2Pe 2.1 ss.; 1Jo 4.1. Nos vs.
7-11, João estabelece limites para a hospitalidade cristã. Essa é a parte
central do pensamento de João nessa epístola e amplia os dois primeiros pontos.
Uma vez que Satanás vem como um anjo de luz (2Co 11.13-15), os cristãos devem
permanecer em alerta contra o erro por meio de um conhecimento íntimo da
verdade; os quais não confessam Jesus
Cristo vindo em carne. A linguagem original dá a entender o hábito de
negar a divindade e a humanidade plenas de Cristo. Uma cristologia bíblica
defende que a natureza de Jesus Cristo foi tanto totalmente divina como totalmente
humana com todas as implicações para o cumprimento dos propósitos de redenção.
A essência do erro mais grave nas falsas religiões, heresias e seitas é negar a
verdadeira natureza de Jesus Cristo.
8 Olhai por vós mesmos, para que não percamos o que
temos ganhado: antes, recebemos o inteiro galardão.
- não
perderdes aquilo que lemos realizado com esforço. Embora de modo geral
seja prometido aos cristãos que serão recompensados por exercer a hospitalidade
(p. ex., Mt 10.41; 25.40; Mc 9.41), a ideia aqui é a da plenitude da recompensa
de um cristão por todo o bem que ele fez (veja 1Co 3.10-17; 2Co 5.9-10). A perda
dessa recompensa pode ocorrer a qualquer cristão que não distingue a comunhão
com base na fidelidade à verdade (Cl 2.18-19; 3.24-25). Essa é uma forte
advertência. Toda a recompensa eterna que o cristão obtém por ver Cristo no
Espírito de forma pura, ansiosa e eficiente pode ser diminuída por qualquer
auxílio ou estímulo aos falsos ensinos.
9 Todo aquele que prevarica e não persevera na
doutrina de Cristo não tem a Deus; quem persevera na doutrina de Cristo, este
tem tanto o Pai como o Filho.
- ...a
doutrina de Cristo e nela não permanece não tem Deus. Não ser fiel às
doutrinas sãs e fundamentais da fé (uma visão adequada da pessoa e da obra de
Cristo, amor e obediência) é a marca de uma pessoa que nunca nasceu de novo (1Jo
2.23; 3.6-1.4.20-21; 5.1-3). A palavra "permanece" expressa a ideia
de uma fidelidade constante e adverte que esses fundamentos não estão sujeitos
à mudança e nem às últimas tendências ou modismos filosóficos.
INTRODUÇÃO
Na lição deste domingo, estudaremos a respeito da doutrina de Jesus
Cristo. Ela é a base que sustenta a Igreja e toda a doutrina cristã. Veremos
alguns dos principais ensinos de Jesus e a necessidade do crente olhar para si
mesmo, vivendo assim em constante vigilância e oração.
- É importante esclarecer que, com base no Resumo da
Lição - Para
herdar a salvação, o crente precisa perseverar na doutrina de Cristo até o fim, a perseverança não é
uma condição para a salvação! A salvação é graça, e alcançada por meio da fé
(Ef 2.8), sendo a perseverança uma evidência dela. Na verdade, a perseverança é
um dos meios principais pelos quais podemos descobrir quem é crente de verdade.
Da forma como está posto o Resumo da Lição, dá a entender que “a salvação é
conquistada pela perseverança na doutrina”, o que contraria frontalmente o lema
da Reforma “Sola Gratia” e “Sola Fide” e textos bíblicos como Ef 2.8,9 e 10 – “8 Porque pela graça sois salvos, por
meio da fé; e isso não vem de
vós Para
herdar a salvação, o crente precisa perseverar na doutrina de Cristo até o fim; é dom de Deus. 9 Não vem das obras, para que
ninguém se glorie. 10 Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para
as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” Veja a Parábola do
Semeador (Mt 13.1-23). Nessa parábola, o Mestre deixa mais do que evidente que
a fé salvadora permanece e frutifica. Já a fé falsa não faz nem uma coisa nem
outra.
- Jesus, momentos antes de ser preso pelos soldados
romanos, elevou Sua voz aos céus e fez uma das mais lindas orações registradas
na Bíblia. Uma oração que ecoa por dois mil anos. Suas doces palavras foram: “Pai, não peço que tirem os meus discípulos
do mundo, mas que o Senhor os livres do mal” (Jo 17.15). Quando disse isso,
Jesus tinha em mente eu e você. Ele contemplava o mundo que vivemos hoje, onde
o pecado tem se multiplicado e as pessoas tem, a cada dia mais, se afastado do
seu Criador. Nunca se ouviu falar tanto em desastres, guerras, fome, corrupção,
drogas, doenças, lares desfeitos, como se tem ouvido hoje. É um tempo onde
viver e criar nossos filhos já não é uma tarefa tão fácil. O mundo nunca foi
tão sedutor e apelativo. Mesmo assim, Jesus queria que permanecêssemos aqui.
Fomos escolhidos como seus representantes. Temos a missão de “substituí-Lo”
enquanto Ele prepara um lugar para nós no céu. Para fazermos isso, Ele nos equipou
com um grande e poderoso escudo: A nossa fé. Estamos neste mundo, mas não
pertencemos a ele. A Terra não é o nosso lar permanente e nem o nosso destino
final. Deus nos colocou aqui com uma missão: sermos Seus embaixadores (2Co 5.20).
Representamos o Reino dos céus. Defendemos os interesses do nosso Rei. Não
andamos como esse mundo, não pensamos e não falamos como ele. Temos uma mente renovada,
uma linguagem diferente. Falamos a linguagem da Fé. Andamos em Fé. Não podemos
esquecer a nossa identidade, que está na eternidade e nem a nossa pátria, que é
o céu. Viver pela fé é experimentar o sobrenatural de Deus todos os dias, em
todos os momentos e, em toda e qualquer situação. É viver sabendo quem nós
somos, quem nosso Pai é e quais são os nossos direitos e deveres. Quando
andamos em fé, expelimos tudo aquilo que é natural e passamos a trazer tudo o
que é divino. Nossos sentimentos, vontades, desejos, não mais nos domina. Somos
inteiramente guiados pelo Espírito Santo de Deus. Dito isto, vamos à lição!
A produção de um plano de aula como subsídio é trabalhoso e
desgastante. Considere citar a fonte
ao reproduzir o texto. Considere
também ser generoso com este ministério!
I. DIANTE DE UM MUNDO IMORAL
1. A moralidade cristã. Precisamos
compreender o significado de “ética” e “moral”. O termo “moral” vem do vocábulo
latino mos, do adjetivo moralis, e significa “costume” ou “uso”. A palavra
“ética” vem do grego ethica, de etheos, cujo sentido é “aquilo que se relaciona
com o caráter”. A ética trata mais do aspecto teórico e estuda a respeito do
que é certo, enquanto a moral lida com a prática do que é certo e bom. A ética
e a moralidade cristãs são determinadas pela moral do próprio Deus que, à
semelhança dEle, são imutáveis. A moralidade cristã diz respeito ao
comportamento de acordo com as Escrituras. Ela pode ser considerada também como
“absoluto moral” e se relaciona diretamente com o caráter moral de Deus,
exigindo santidade, justiça, amor, honestidade e misericórdia. Um exemplo disso
é o princípio de que matar é errado, pois o homem foi criado à imagem de Deus
(Gn 1.27; Êx 20.13). Sendo assim, um mundo pautado na moralidade cristã seria
um mundo marcado pelas características divinas, conforme ensinadas na Bíblia
Sagrada.
- É indispensável frisar que, quando trataram do
comportamento dos cristãos, os apóstolos não apontaram a ética e nem a moral
humana, antes invocam a ‘boa consciência’ para fazer recomendações, e os
parâmetros evidenciados são superiores a ética e a moral. O apóstolo Paulo
recomendou aos cristãos de Filipos que se portassem dignamente conforme o
evangelho de Cristo (Fp 1.27; Cl 2.6 -7), ou seja, que todos estivessem
firmados em um só espírito (doutrina), como se fossem uma só alma (ânimo),
lutando juntos em defesa da fé (doutrina, evangelho). Nesta oportunidade, o
apóstolo dos gentios declarou abertamente que foi escolhido como apóstolo para
defender a verdade do evangelho, missão que ele cumpriu até descer à sepultura
(acabar a carreira), preservando a fé (doutrina) intacta. Na qualidade de
ministro do espírito (evangelho), o cristão tem o dever de viver conforme o
evangelho de Cristo (2Co 3.6), ou seja, abandonar filosofias, tradições,
preceitos e doutrinas de homens (Cl 2.8 e 22), propondo aos ouvintes somente o
Cristo, e esse crucificado (1Co 2.2), e permanecer crendo até o fim que Jesus é
o Filho de Deus (At 14.22; Cl 1.23).
2. Um mundo imoral. Jesus
afirmou que “os homens amaram mais as trevas do que a Luz” (Jo 3.19). João
afirma o seguinte: “Sabemos que somos de Deus e que todo o mundo está no
maligno” (1 Jo 5.19). O apóstolo parece generalizar, mas isso se dá porque ele
quer indicar a gravidade e a seriedade do tema. A esse respeito o Comentário
Bíblico Matthew Henry afirma que “a humanidade está dividida em dois grandes
partidos ou domínios, um que pertence a Deus e um que pertence à maldade ou ao
maligno” e sobre os que estão sob o domínio do Maligno, ele afirma que “eles
estão unidos pela natureza, diretriz e princípio maligno e estão unidos em uma
cabeça.” Há uma cabeça da malignidade e do mundo maligno: e ele tem um controle
tão grande aqui que é chamado de “[…] o deus deste século” (2 Co 4-4)- Esse
sistema maligno é contrário a Deus, à sua Palavra e ao seu povo. Ele não segue
os princípios morais divinos, portanto, é um mundo imoral.
- Segundo João (1Jo 5.19), existem somente dois
tipos de pessoas no mundo: os filhos de Deus e os filhos de Satanás; dois tipos
de filhos: os filhos de Deus e os filhos de Satanás. Ninguém pode pertencer a
ambas as famílias ao mesmo tempo. A pessoa pertence à família de Deus e exibe o
caráter divino de justiça ou pertence à família de Satanás e exibe a sua
natureza pecaminosa. Uma pessoa pertence a Deus ou ao sistema de maldade do
mundo, que é de domínio de Satanás. Uma vez que o mundo inteiro pertence a
Satanás, os cristãos devem evitar serem contaminados por ele.
3. O cristão diante de um mundo imoral. João
afirma que “muitos enganadores entraram no mundo”, com a principal
característica de que “não confessam que Jesus Cristo veio em carne” (2 Jo 7).
É neste mesmo mundo que “os nascidos de Deus” estão e são desafiados a vencerem
(1 Jo 5.18-20). Diante de tão grande desafio, qual deve ser a postura do
cristão em um mundo imoral? O próprio João, em sua Segunda Carta, oferece a
resposta à essa questão. Ele afirma que o crente não pode retroceder para que
não perca o galardão (v. 8); e não prevaricar, que é o mesmo que não
ultrapassar os limites estabelecidos pela doutrina (v. 9). O crente, portanto,
ao invés de voltar atrás ou ir além do que as Escrituras estabeleceram, deve
perseverar na verdadeira doutrina, com vistas à manutenção da comunhão com
Deus, e assim poder enfrentar e vencer o mundo imoral, resistindo pela Palavra.
- Uma vez que Satanás vem como um anjo de luz (2Co 1
1.13-15), os cristãos devem permanecer em alerta contra o erro por meio de um
conhecimento íntimo da verdade, os quais não confessam Jesus Cristo vindo em
carne. Note que, o alerta envolve inclusive, pseudo-cristãos com seus falsos
ensinos! A igreja evangélica tem se esforçado para ser relevante como sal da
terra e luz do mundo (Mt 5.13-14), mas geralmente tem adotado dois extremos
perigosos:
(1)
Tornar-se um gueto, um grupo isolado, somente voltado para os exercícios
religiosos, inoperante e irrelevante para a sociedade, uma luz que não brilha;
(2)
Firmar um diálogo aberto com o mundo, tanto empenhando-se em aprender o idioma
do mundo que perde sua própria essência. Portanto, é urgente discutir a questão
biblicamente a fim de adotarmos uma postura equilibrada, que esclareça os
crentes sobre qual é a atitude correta em relação à cultura. Na oração
sacerdotal, Jesus intercede por todos os seus, pedindo que não sejam tirados
desta realidade criada, mas libertos do mal (Jo 17.14-16). Continuamos aqui na
Terra, mesmo tendo, em Cristo, uma nova natureza, porque temos uma missão: ser
sal e luz.
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II. ANDANDO SEGUNDO OS MANDAMENTOS DE JESUS
1. Os mandamentos de Jesus. O
Sermão do Monte (Mt 5-7) é a mais importante mensagem pregada e ensinada por
Jesus. Extenso, profundo e cativante, esse sermão tem sido considerado uma
expressão ampliada e aplicada da lei de Deus entregue a Moisés. A conclusão
desse sermão (Mt 7) oferece um resumo e uma recapitulação dos princípios do
Reino de Deus expostos por Jesus, podendo assim representar a expressão fiel
dos mandamentos de Jesus. Eles estão assim dispostos: relacionamentos
interpessoais saudáveis: relacionamento saudável com Deus; o caminho da salvação
e o da perdição; alerta sobre os falsos profetas e a seriedade do Reino
demonstrada na forma com que se dará o dia de acerto de contas. Portanto, aí
estão os pontos pelos quais os mandamentos de Jesus são identificados e podem
ser bem compreendidos,
- Nos capítulos 5,
6 e 7 do livro de Mateus, vemos Jesus, subindo um monte, assim como fez Moisés,
e ali, sintetizou como vivem aqueles que O seguem. E o contraponto de Jesus, o
Deus Encarnado, pregando no monte, em relação a Moisés subindo no monte para
receber os mandamentos, não é algo misterioso, é bem explícito na verdade. Ele
diz “Não pensem que vim abolir a lei de
Moisés” (Mt 5.17) e logo em seguida “Vocês
ouviram o que foi dito a seus antepassados” (Mt 5.21), se referindo à lei
recebida por Moisés. Quando Jesus diz que não veio abolir a Lei de Moisés, mas
cumpri-la, isso é mais profundo do que simplesmente dizer que Ele cumpriu os
613 mandamentos encontrados na Torá; Ele cumpriu o que era exigido para que
fôssemos reconciliados com Seu Pai, para que fôssemos novamente um… um com nós
mesmos, não mais fragmentados, e um com Ele. Deste modo, pode-se dizer que a
ética cristã tem por base o decálogo, no que concerne ao seu aspecto espiritual
e moral. A ética dos dez mandamentos dá suporte à ética cristã, de modo
marcante e aperfeiçoado por Cristo. No Sermão do Monte, tendo o decálogo como
máxima da Lei, Jesus trouxe uma nova maneira de cumprir a Lei, valorizando o
interior, muito mais do que o exterior. Tal entendimento é fundamental para a
consistência e solidez da ética cristã.
2. Mandamentos santificadores. Jesus
foi Mestre por excelência, ao ponto de até os servidores dos fariseus
reconhecerem a sua sabedoria (Jo 7.46), Jesus ensinou por palavras (Mt 7.29),
por meio dos sinais que operou na presença dos discípulos, ensinando princípios
eternos, e até ao orar, o Mestre compartilhou ensinamentos, como se vê na
chamada “Oração Sacerdotal” (Jo 17). Jesus pediu ao Pai para que os discípulos
fossem santificados “na palavra”, pois ela “é verdade”. A referência à Palavra
de Deus tem relação direta com a verdade eterna da doutrina que Jesus ensinou,
e em toda esta oração é possível identificar os aspectos fundamentais destes
seus mandamentos: o verdadeiro conhecimento de Deus e a glorificação do Filho;
a preservação do crente pela palavra da verdade e o compromisso dele diante de
uma sociedade imoral Portanto, os mandamentos de Jesus preservam o crente em um
mundo male capacita-o a viver os propósitos divinos.
- No Sermão do Monte, Jesus aprofundou o cumprimento
do decálogo, formulando uma obediência mais exigente dos Dez Mandamentos. Ele
fundamenta tal obediência numa atitude consciente, que brota do interior do
ser, e não do cumprimento legalista de atos exteriores. Deus prometeu isto a
Ezequiel: “E vos darei um coração novo e
porei dentro de vós um espírito novo um espírito novo; e tirarei o coração de
pedra da vossa carne e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o
meu espírito e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos,
e os observeis” (Ez 36.26,27). Para o nosso Deus Triúno, o mais importante
é o que se passa dentro do coração dos homens, no íntimo de seu ser.
3. Os benefícios dos mandamentos de Jesus. Jesus
afirmou que aqueles que fazem o que Ele ordena são seus amigos (Jo 15.14).
Diante do desafio colocado ao colegiado apostólico, Pedro perguntou a Jesus
qual seria o ganho deles por deixarem tudo para segui-lo, ao que Jesus
respondeu “cem vezes tanto, já neste tempo” e, ainda acrescentou que “no século
vindouro a vida eterna” (Mc 10.30). Sendo assim, o crente que ouve e cumpre os
mandamentos de Jesus tem a garantia de bênçãos nesta vida e na eternidade (Jo
5.24). O crente que cumpre os mandamentos de Deus recebe bênçãos incontáveis,
como por exemplo: não é enganado pelas falsas doutrinas e nem pelo espírito do
Anticristo; está pronto a perseverar até o fim, não perde o galardão que
recebeu do Senhor e mantém a comunhão com o Pai e com o Filho.
- Pode-se afirmar que o Novo Testamento foi resumido
por Jesus na ordenança por ele dada: “Sede
perfeito como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5.48). Tal ordenança nos
faz recordar o velho mandamento da Lei: “Sede
santos, por que eu, YHWH vosso Deus, sou santo” (Lv 19.2). A santidade
exigida deveria ser modelada sobre o fogo purificador de Deus, no qual a
presença do mal não pode subsistir. Jesus não destruiu este ideal. Ele o
completou. “Sede perfeito como Deus é
perfeito” revela uma ordem muito elevada. Jesus é o exemplo a ser seguido
já que Ele foi perfeito como seu Pai. Este é o desafio desta ordenança. Seguir
a Jesus. E seguir a Cristo não é ir à caça de um ideal, mas compartilhar dos
resultados de uma realização. Cristo não requer de ninguém que vá aonde ele
mesmo não tenha ido, ou fazer alguma coisa que ele mesmo não tenha feito.
III. OLHANDO POR NÓS MESMOS
1. Olhai por vós mesmos. A
expressão usada por João, “olhai por vós mesmos” em 2 João 8, é praticamente
uma repetição das palavras de Jesus aos seus discípulos em Marcos 13, no qual
há advertências em pontos específicos, como o cuidado com o engano doutrinário
e a atenção e vigilância. Em Mateus 26.41 estão registradas as palavras de
Jesus para que Pedro, Tiago e João vigiassem e orassem, como uma clara
advertência sobre as terríveis consequências que o pecado poderia lhes causar.
Vigilância e oração são duas práticas vitais ao crente que deseja vencer a si
mesmo, o pecado, o mundo e o Diabo, e isso implica olhar para si mesmo, na
intenção de identificar possíveis inclinações do coração para o mal, e assim
poder buscar auxílio em Deus. A falta de vigilância levou Pedro a negar Jesus
por três vezes (Mt 26.31- 35,69-75). O crente deve vigiar e orar como práticas
de cuidar de si mesmo.
- Jesus nos disse para vigiar e orar porque nossa
carne é fraca e enfrentamos muitas tentações. Quando vigiamos e oramos, ficamos
mais fortes para resistir à tentação. Todos enfrentamos uma luta entre a carne
e o espírito (Gl 5.16-17). Nosso espírito quer as coisas de Deus e se alegra
com a justiça e o bem. Mas nossa carne (nossa natureza humana, que ainda é
influenciada pelo pecado e suas consequências) ainda sofre tentações e se
inclina para o mal. Vigiar também implica estar atento à voz de Deus. Quando lemos
a Bíblia e nos reunimos com a igreja, nossa atenção se centra mais nas coisas
de Deus. Através da Bíblia aprendemos a vigiar e a vencer a tentação, vivendo
para Deus.
2. Cuidados pessoais. Paulo
advertiu ao jovem pastor Timóteo para que ele redobrasse a atenção no cuidado
próprio, evitando assim a própria perdição enquanto trabalhava em salvar os
outros (1 Tm 4.16). Paulo aconselhou Timóteo ao exercício pessoal na piedade,
ou seja, boas práticas espirituais e ao cuidado da doutrina (1 Tm 4.7). Em um
mundo imoral e perigoso, o crente deve ter os cuidados acima expostos, além de
outros, especialmente no que se refere à escolha das companhias e da natureza
das conversas pessoais, pois como afirma o apóstolo Paulo: “Não vos enganeis;
as más conversações corrompem os bons costumes” (1 Co 15.33). Portanto,
intencionalmente, dedique-se a boas práticas e a boas companhias, e sob o poder
do Espírito Santo, vença o mundo.
- As más
companhias corrompem os bons costumes – um ditado comum, formando um verso
em Menandro,
o poeta cômico, que provavelmente tirou de Eurípides
(Sócrates, História Eclesiástica). “Más companhias” refere-se as relações com
aqueles que negam a ressurreição. A noção destes parece ter sido que a
ressurreição é meramente espiritual, que o pecado reina somente no corpo, e
será deixado para trás quando a alma o deixar o corpo, se, de fato, a alma
sobreviver à morte. O Comentário de Archibald Robertson nesse texto de 1Co
15.33, diz: “Não erreis [μὴ πλανᾶσθε] (1 Coríntios 6:9), nolite seduci (Vulgata); ou melhor, “Parem de ser enganados” por esses princípios epicuristas: 1Coríntios 6:9; Gálatas 6:7; Tiago 1:16, onde veja a
nota de Hort. Ele talvez queira insinuar que alguns deles foram cativados por
essa doutrina sedutora, mas imoral. A citação que segue confirma isso.
As más companhias
corrompem os bons costumes [φθείρουσιν ἤθη χρηστὰ ὁμιλίαι κακαί]. Não se sabe se Menandro adotou um provérbio popular ou se o ditado passou de Thais para uso
popular. Paulo pode ter obtido o ditado de qualquer uma das fontes, mas a forma
“χρηστά” (para a leitura “χρησθʼ” tem pouco crédito)
aponta para o provérbio em vez da peça. O ditado é especialmente verdadeiro na
vida cristã, e os amigos e conhecidos dos cristãos coríntios eram
principalmente pagãos; 1Coríntios 7:12, 8:10, 10:27; 2Coríntios 6:14-16. Nem “ὁμιλίαι” nem “ἤθη” são encontrados em outro lugar do Novo
Testamento. O primeiro combina os significados de “conversas” e “companhias”,
colloquia (Vulgata), commercia (Beza), Septuaginta de Provérbios 7:21;
Sabedoria 8:18. Não podemos inferir deste trecho, combinado com Atos 17:28 e
Tito 1:12, que Paulo estava bem familiarizado com os escritores clássicos; suas
citações podem ter sido populares. Orígenes (Hom. xxxi. in Luc.) diz que Paulo
empresta palavras até dos pagãos para santificá-las” [Robertson, 1911].
3. Vencendo o mundo. Depois
de discorrer sobre a urgente e permanente necessidade de vigilância e oração,
além dos cuidados pessoais que o crente deve ter, aqui se apresenta a forma
pela qual ele pode enfrentar e vencer o mundo, efetivamente. Destaca-se a necessidade
de conhecer os desafios impostos por este tempo, além de uma vida dedicada ao
preparo espiritual, bíblico e intelectual, com vistas a responder adequadamente
às indagações mais comuns na atualidade (1 Pe 3.15). Considere as palavras de
Charles Colson e Nancy Pearcey, na obra “O Cristão na Cultura de Hoje”‘, eles
afirmam que, depois de considerar a realidade do mundo em nossos dias, o
cristão deve abraçar “a verdade de Deus, entendendo a ordem física e moral que
Ele criou, defendendo amorosamente essa verdade diante de seus vizinhos, e
tendo a coragem de demonstrá-la em os caminhos da vida.” Portanto, vigiem, orem
e cuidem de sua vida espiritual, pois assim poderás enfrentar e vencer este
mundo imoral, mantendo-se firme na verdadeira e pura doutrina da Palavra de
Deus.
- Para ajudar a entender os perigos do mundanismo, é
necessário defini-lo e chamar a atenção para seus ardis e sutilezas, demonstrando
como a piedade e santidade são o antídoto para esse mal letal. É necessário
oferecer uma resposta bíblica a esse problema, meditando e respondendo
biblicamente:
1) O que é o mundanismo e como vencê-lo por meio da
fé em Jesus Cristo;
2) A piedade: Uma resposta abrangente ao problema do
mundanismo;
3) Santidade: um antídoto ao mundanismo;
4) Jovens vencendo o mundo;
Este exercício pessoal de busca por resposta aos
ardis seculares deve ser feita e compreendida por todos os cristãos -
principalmente aqueles que estão em posição de liderança frente à igreja!
CONCLUSÃO
Aprendemos que o mundo se encontra perdido na imoralidade, contrariando
os padrões divinos, expostos e ensinados nas Escrituras. É neste mundo, nessas
condições, que o crente é desafiado a se manter fiel a Deus, enfrentando e
vencendo as propostas e os enganos deste sistema contrário aos princípios
divinos. Esta lição reafirma a necessidade de o crente “olhar para si mesmo”,
isto é, estar vigilante e em oração, conforme advertido pelo próprio Jesus,
pois somente assim é que o mundo poderá ser vencido.
A palavra-chave para este tema é “permanecer” - Jo 8.31-32.
“E agora permanece a fé, a esperança e o
amor, estes três, mas o maior deles é o amor.” Agradamos a Deus
permanecendo nas coisas adequadas. Para agradar a Deus, devemos permanecer
naquilo que é apropriado.
- “1 João
5.4–5 diz: “porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a
vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é o que vence o mundo, senão aquele
que crê ser Jesus o Filho de Deus?”. Por “vencer o mundo”, João não está
dizendo conquistar as pessoas deste mundo, ganhando batalhas de poder acima de
nossos colegas, ou dominando o próximo. Nem estaria João dizendo que nos
retiramos do mundo, como os monges ou as pessoas Amish (grupo religioso
anabatista) tendem a fazer, estabelecendo suas próprias comunidades. O cristão
é chamado a lutar neste mundo, ainda que não seja deste mundo. Fugir do mundo
seria como o soldado evitar ser ferido, fugindo do campo de batalha. A fuga não
é vitória. Vencer também não quer dizer santificar tudo do mundo por Cristo.
Algumas partes do mundo poderão ser redimidas por Cristo, mas as atividades
pecaminosas não podem ser santificadas. Para João, vencer significa lutar pela
fé contra o fluxo deste mundo presente e mau. Quer dizer subir acima do
pensamento desse mundo e seus costumes pecaminosos. Significa perseverar na
liberdade em Cristo, longe da escravidão mundana. Significa lutar por aliança
com Deus e não com o mundo. Quer dizer encontrar a liberdade somente em Cristo
e no seu serviço, de modo que cantemos com o salmista: Sou, ó Senhor, teu
servo, atado, mas livre, filho de tua serva, cujas correntes tu quebraste.
Redimido pela graça, renderei como sinal de minha gratidão, meu constante
louvor a ti. Significa ser levantado acima das circunstâncias deste mundo, para
que, como Paulo, aprendamos a viver contentes em toda situação em que nos
encontramos, sabedores de que todas as coisas cooperam juntamente para o bem
daqueles que amam a Deus (Rm 8.28). Significa ancorar nossa vida em Cristo e
nas coisas eternas, em vez de neste mundo e nas coisas temporais — viver por
Cristo, acima das ameaças e subornos e piadas do mundo. Significa seguir o
Senhor como Calebe (Nm 14.24) no meio de gente que só faz reclamações.
Significa permanecer em paz quando amigos ou colegas de trabalho nos desprezam
por servirmos ao Senhor. Vencer o mundo pela fé significa viver uma vida de
negar a si mesmo. Uma vida de autonegação, muitas vezes, significa que
morreremos muitas mortes agora, enquanto servimos a Deus neste mundo. Vencer o
mundo pela fé significa suportar pacientemente todas as perseguições que o
mundo lança contra nós. Spurgeon advertiu: “Vença o mundo suportando
pacientemente toda a perseguição que vier em seu caminho. Não fique zangado;
não desanime. A zombaria não quebra os ossos; se por acaso tiver algum osso
quebrado por amor de Cristo, este será o osso mais honrado de todo seu corpo”. “Nós
cristãos devemos considerar como grande alegria o sermos perseguidos por amor de
Cristo”. Texto extraído e adaptado do livro: Lutando contra Satanás,
págs. 133 a 135, escrito por Joel R. Beeke. Editora Fiel.
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Pb Francisco
Barbosa (@Pbassis)
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HORA DA REVISÃO
1. Qual o
significado do termo “ética”?
A palavra ética vem do grego ethica, de etheos, cujo
sentido é “aquilo que se relaciona com o caráter”.
2.
Segundo a lição, qual deve ser a postura do crente diante do mundo?
Ele não pode retroceder para que não se perca o
galardão (v. 8); não prevaricar, que é o mesmo que não ultrapassar os limites
estabelecidos pela doutrina (v. g).
3. Qual a
mais importante mensagem ensinada e pregada por Jesus?
O Sermão do Monte (Mt 5-7) é a mais importante
mensagem pregada e ensinada por Jesus.
4. Cite
uma das bênçãos advindas do crente cumprir os mandamentos de Jesus.
Ser amigo de Jesus.
5. Quais
são, segundo a lição, as práticas vitais para o crente que deseja vencer o
mundo?
Destaca-se a necessidade de conhecer os desafios
impostos por este tempo, além de uma vida dedicada ao preparo espiritual,
bíblico e intelectual, com vistas a responder adequadamente às indagações mais
comuns na atualidade (1 Pe 3.15).