TEXTO ÁUREO
“Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio.” (At 6.3)
Entenda o Texto Áureo:
- sete
homens. Não eram diáconos nos termos do ofício posterior na igreja (1Tm
3.8-13), embora realizassem algumas das mesmas tarefas. Estêvão e Filipe (os
únicos dos sete mencionados em outros lugares na Escritura) eram claramente
evangelistas, não diáconos. Mais tarde, Atos menciona presbíteros (14.23;
20.17), mas não diáconos. Parece, portanto, que nesse tempo uma ordem
permanente de diáconos não havia sido estabelecida. cheios do Espírito. Em contraste com o batismo com o Espírito,
que é ato único no tempo mediante o qual Deus coloca os crentes no seu corpo
(1Co 12.13), o enchimento é uma realidade repetida do comportamento controlado
pelo Espírito, que Deus ordena aos crentes manter (veja Ef 5.18).
VERDADE PRÁTICA
A Igreja é um
organismo vivo. Contudo, como toda estrutura viva, precisa ser organizada.
Entenda a Verdade Prática:
- A igreja é, ao mesmo tempo, organização e
organismo. É estrutura material ao mesmo tempo em que é organismo vivo. Trata
de questões materiais, mas também de questões “espirituais”. A igreja tem,
portanto, duas dimensões. A dimensão organismo diz respeito à sua razão de ser,
enquanto a organizacional diz respeito à estrutura que permita que ela seja o
que deve ser.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Atos 6.1-7
1 Ora, naqueles dias, crescendo o número dos
discípulos, houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas
viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano.
- multiplicando-se. O número pode ter
alcançado o total de 20.000 homens e mulheres; hebreus... helenistas. Os “hebreus" eram a população
nativa da Palestina; os "helenistas" eram os judeus da Diáspora. A
absorção helenista de aspectos da cultura grega tornava-os suspeitos para os
judeus palestinos. As viúvas deles estavam sendo esquecidas. Os helenistas
acreditavam que suas viúvas não estavam recebendo porção adequaria de alimento que
a igreja fornecia para as necessidades delas (cf. 1Tm 5.3-16).
2 E
os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós
deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas.
- servir às mesas. A palavra traduzida
por "mesas" pode reterir-se às mesas usadas para questões monetárias
(cf. Mt 21.12; Mc 11.15; Jo 2.15) bem como àquelas usadas para servir
refeições. O envolvimento em questões financeiras ou no serviço de refeições os
desviariam da prioridade mais importante.
3 Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete
varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais
constituamos sobre este importante negócio.
- de boa reputação. Para que não haja espaço
para suspeitar de parcialidade ou injustiça. cheios do Espírito Santo e da sabedoria. Pois não é uma questão
de luz dispensar até os bens temporais da Igreja. Para fazer isso bem, uma
grande medida dos dons e da graça de Deus é necessária. Quem definiremos sobre
esse assunto – Teria sido feliz pela Igreja, se seus ministros comuns, em todas
as épocas, tivessem o mesmo cuidado de agir em conjunto com as pessoas
comprometidas com sua tarefa, que os próprios apóstolos, por mais
extraordinários que fossem seus cargos. , fez nesta e em outras ocasiões.
4 Mas nós perseveraremos na oração e no
ministério da palavra.
- A oração e o
ministério da Palavra definem as mais elevadas prioridades do líderes da
igreja.
5 E este parecer contentou a toda a multidão,
e elegeram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, e Prócoro,
e Nicanor, e Timão, e Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia;
- Todos os sete
homens escolhidos pela igreja tinham nomes gregos, o que indica que eram
helenistas. A igreja, numa demonstração de amor e unidade, pode tê-los
escolhido para retificar o aparente desequilíbrio envolvendo viúvas helenistas.
Estêvão... Nicolau. Sobre o
ministério de Estêvão, veja At 6.9—7.60. Seu martírio tornou-se o catalisador
para espalhar o evangelho além da Palestina (8.1-4; 11.19). Filipe também
desempenhou função importante na difusão do evangelho (cf. 8.4-24,26-40). Quase
nada se sabe sobre os outros cinco. Segundo certa tradição antiga, Prócoro tornou-se
o secretário do apóstolo João quando este escreveu o seu Evangelho, e Nicolau
era um gentio de Antioquia convertido ao judaísmo.
6 e os apresentaram ante os apóstolos, e
estes, orando, lhes impuseram as mãos.
- orando, lhes impuseram as mãos. Essa
frase foi usada a respeito de Jesus quando curava (Mc 6.5; Lc 4.40; 13.13; cf.
28.8) e às vezes era indicativa de ser levado preso (5.18; Mc 14.46). No AT, ofertantes
de sacrifícios colocavam suas mãos sobre o animal como expressão de
identificação (Lv 8.14,18,22). Mas no sentido simbólico, significava a
afirmação, o apoio e a identificação com uma pessoa e seu ministério.
7 E
crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos
discípulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé.
- 6.7 Uma das
afirmações periódicas de Lucas para resumir o crescimento da igreja e a difusão
do evangelho (Lc. 2.41,47; 4.4; 5.14; 4.31; 12.24; 13.49; 16.5; 19.20). muitíssimos sacerdotes. A conversão de
grande número de sacerdotes pode ter contribuído para a ferrenha oposição que
se levantou contra Estêvão; obedeciam
à fé. A fé verdadeira que salva sempre resulta em obediência e
submissão ao senhorio de Jesus Cristo (Rm 16.19,26; Mt 7.13-14,22-27; Tg
2.17-20).
INTRODUÇÃO
Nesta lição,
vamos conhecer a Igreja como um organismo e uma organização. Veremos que não
existe função sem forma nem organismo sem organização. Isso nos ajudará a
evitar os extremos: uma igreja sem nenhum tipo de liderança visível; ou uma
igreja estruturada em um institucionalismo rígido que acaba por sacrificá-la.
Conheceremos também os três principais sistemas de governos adotados na
tradição cristã ao longo dos anos e em qual, ou quais, deles a nossa igreja se
enquadra. Sublinhamos que nenhum desses modelos de governo eclesiástico é mal
em si mesmo. Porém, como tudo o que é humano, estão sujeitos a acertos e erros.
Portanto, o padrão exposto no Novo Testamento deve ser buscado como parâmetro.
- A Igreja é, ao mesmo tempo, organização e
organismo. É estrutura material ao mesmo tempo em que é organismo vivo. Trata
de questões materiais, mas também de questões “espirituais”. A igreja tem,
portanto, duas dimensões. A dimensão organismo diz respeito à sua razão de ser,
enquanto a organizacional, diz respeito à estrutura que permite que ela seja o
que deve ser. A igreja, enquanto organização religiosa, tem um Estatuto
registrado em Cartório, Assembleia, Diretoria, Conselho Fiscal e outros cargos
para cumprir determinadas funções. Nesta condição é regida pelo Código Civil e
precisa seguir os parâmetros legais, inclusive fiscais.
- Igreja, enquanto organismo vivo, é dirigida
pelo Espírito Santo, enviado por Jesus, pois a igreja, biblicamente
constituída, pertence a Ele. Mas como ela é um instrumento do Reino de Deus
para atuar no mundo decaído e formada por seres humanos, também decaídos, sofre
a influência do pecado. Jesus, entre a liderança de sua pequena igreja, tinha
alguns problemas: uns queriam ser mais importantes do que os outros (Lc 9.46),
um outro negou publicamente que seguia Jesus (Lc 22.34) e, ainda, outro, o
traiu, sendo subornado por 30 moedas (Mt 26.15). Como organização é visível,
local, humana, imperfeita (tem defeitos, problemas e pode até cometer erros), é
temporária (pode vir a desaparecer). Como organismo é invisível, universal,
divina, perfeita (sem ruga, sem mácula) e nunca poderá desaparecer nem ser
vencida pelas portas do inferno. Só desaparecerá da face da Terra quando for
arrebatada na volta de Cristo.
- Toda instituição precisa ser organizada, e
o mesmo ocorre com a igreja local. Uma igreja deve ser organizada para receber
bem seus membros e visitantes, ter pessoas responsáveis atuando nos diversos
ministérios e departamentos, checar se o santuário está aberto e em condições
de receber pessoas para os momentos de culto e orações. Entretanto, mais do que
os aspectos citados, a igreja precisa ser organizada, porque isso agrada a
Deus. O Senhor tem planos e Ele anuncia seus planos aos seus filhos fazendo com
que sejam realizados, e isso é organização. Se Deus preza por organização, não
poderíamos imaginar que a sua Igreja deveria seguir um padrão diferente. Uma
igreja desorganizada não reflete a perfeição do Evangelho.
PALAVRA-CHAVE: Organização
e Organismo
- Nem sempre estas distinções são tão claras.
Aliás, estas duas dimensões, a institucional (igreja como organização) e a
espiritual (igreja como corpo) caminham lado a lado e, às vezes, até se
misturam. Vejamos estas duas dimensões e como, por meio de ambas, podemos
glorificar a Deus.
I. A ESTRUTURA DA IGREJA CRISTÃ
1. A
Igreja como organismo. Um organismo
é visto como um conjunto de órgãos que constituem um ser vivo. Nesse aspecto,
um corpo com as diferentes funções de seus órgãos e membros é entendido como
estrutura física de um organismo vivo. Metaforicamente, a Igreja é definida
como “o corpo de Cristo” (1 Co 12.27), um organismo vivo, cuja cabeça é Cristo
(Ef 5.23). Assim como um corpo funciona pela harmonia de seus membros, da mesma
forma também a Igreja (1 Co 12.12). Os membros não existem independentemente um
dos outros (1 Co 12.21). Portanto, como Corpo Místico de Cristo, a Igreja
existe organicamente.
- A Igreja tem sua origem na presciência de
Deus e cumpre a relevante responsabilidade de ser o instrumento da revelação de
Seus mistérios ao mundo, bem como o Seu instrumento de ação na Terra. A igreja
de Deus não é apenas uma organização material, formal, social, que implica em
condicionamentos humanos e dedicadamente restritos a uma localidade e normas,
Ela é o Corpo Vivo de Cristo, cuja cabeça é Ele próprio. “Hora vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular”. É
bem verdade que a igreja local, constitui-se num “Microcosmo”, isto é, um
pequeno universo, do grande universo que é a Igreja de Deus. A igreja de Deus
como organismo é o corpo místico de Cristo, que diz respeito à vida espiritual,
misterioso e sobrenatural. É espiritual, invisível e universal e compõe-se de
crentes regenerados, tirados do mundo para a sujeição completa a Cristo, a
cabeça da igreja, como organismo é única. É total e plenamente indivisível e
universal, “Agora, pois há muitos
membros, mas um corpo” (1Co 12.12). Paulo usou o corpo humano como uma analogia
(1Co 10.1 7) para falar da unidade da igreja em Cristo.
2. A
Igreja como organização. A forma de organização da Igreja Primitiva era
simples, todavia, existia. Por exemplo, a igreja seguia a liderança
centralizada dos apóstolos (At 16.4). Dessa forma, os apóstolos doutrinavam a
igreja (At 2.42); cuidavam da parte administrativa (At 4.37); instituíam
lideranças locais (At 6.6; At 14.23); reuniam-se em Concilio (At 15.1-6). Por
outro lado, precisamos diferenciar uma igreja organizada de uma igreja
institucionalizada. A organização é saudável, o institucionalismo, não. A
organização permite à igreja, como estrutura social, se movimentar; o
institucionalismo a enrijece e a neutraliza. Uma igreja organizada se mantém
viva; uma igreja institucionalizada caminha para a morte.
- Organização significa um conjunto de
pessoas, ou um processo onde várias pessoas buscam um relacionamento, a fim de
atingirem um objetivo comum. Como organização, a Igreja aparece em vários
trechos da Bíblia, porém, os capítulos dois e três do livro de Apocalipse nos
trazem um entendimento melhor sobre o tema. A mensagem de Cristo as sete
Igrejas locais existentes no Oeste da Ásia Menor, com o propósito de instruir,
advertir e edificar, é uma revelação do que Jesus ama e quer ver nas Igrejas
locais, cada uma com suas particularidades. A igreja como organização é
provavelmente o primeiro contato dos crentes com a Eclesiologia. É uma prática
normal para os crentes, ou pelo menos para a maioria, quando encontra outro que
não o conhece, porém percebe que o tal também é crente, logo pergunta: de que
Igreja você faz parte? Em outras palavras, querem saber de que organização
eclesiástica aquela pessoa pertence. Se o interrogado responde que faz parte de
uma organização eclesiástica semelhante a nossa, logo estabelecemos amizade,
caso contrário, dificilmente estabelecemos vínculo de comunhão (Mc 9.38-41).
3.
Organismo e organização. Vimos que a Igreja como o Corpo de Cristo é um
organismo vivo e uma organização. Ela existe como organismo e como organização.
Nesse aspecto, podemos dizer que não há organismo sem organização. Todo
organismo precisa de organização, mesmo as estruturas mais simples. Alguns
acreditam que a Igreja existe somente na forma de organismo e rejeitam toda
forma de organização para ela. Então, por exemplo, para essas pessoas, não deve
haver liderança ou estrutura alguma. Entretanto, de acordo com a Bíblia,
encontramos a Igreja como forma de organismo e de Organização.
- A
igreja é, ao mesmo tempo, “família de Deus” e “corpo de Cristo” (Ef 2.19; Rm
12.4-5). Isso aponta para dois fatos importantes. Primeiro, apesar do cuidado
legítimo com estruturas físicas e organizacionais, a igreja não pode ser
identificada meramente com um prédio ou instituição jurídica. Como grupo social
organizado, ela possui personalidade jurídica, um patrimônio e lugar no qual se
reúne para articular os serviços orientados pela Escritura. No entanto, todas
essas coisas não são propriamente “a igreja”. A palavra grega mais usada no
Novo Testamento e traduzida por “igreja” significa, literalmente, uma
assembleia convocada, um grupo de pessoas agregadas para adorar, testemunhar e
servir. Em segundo lugar, os cristãos se integram à igreja para servir no poder
do Espírito Santo. A igreja cresce ao se esforçar pela unidade, reconhecendo o
oficialato como dom de Cristo para o exercício do governo pela Palavra,
amadurecendo pelo desfrute da sã doutrina, seguindo a verdade em amor, com cada
crente desempenhando seu serviço para o benefício dos demais (Ef 4.1-16). Leia
mais em: https://auxilioebd.blogspot.com/2017/01/licao-3-jovens-organizacao-da-igreja.html.
- COMO ORGANIZAÇÃO:
a. é visível
b. é local
c. é humana
d. é temporária
e. é imperfeita
- COMO ORGANISMO:
a. é invisível
b. é universal
c. é divina
d. é perpétua
e. é perfeita
II. IGREJA:
UM ORGANISMO VIVO E ORGANIZADO
1. No seu
aspecto local. No contexto do Novo Testamento, a Igreja existe
localmente como comunidade organizada. Dessa forma, havia a igreja que estava
em Roma, Corinto, Éfeso etc. Como um organismo vivo, a igreja do Novo
Testamento era organizada. Por exemplo, ela se reunia (At 2.42) e orava (At
2.42; 12.12). Contudo, enxergava as demandas sociais que precisavam ser
atendidas (At 4.35): instituiu o diaconato (At 6.2-6); elegeu lideranças (At
14.23); enviou seus primeiros missionários (At 13.1-4). Todos esses fatos
mostram um organismo vivo agindo de forma organizada.
- Quando Cristo instituiu sua igreja, Ele
tinha em mente um organismo vivo, um corpo que seria o Seu Corpo, formado por
todos nós que somos os membros, sendo Ele próprio a Cabeça. Esse corpo foi
criado à sua imagem e semelhança, com o objetivo de se desenvolver, atingir a
maturidade e chegar à “estatura de varão
perfeito, à medida da plenitude de Cristo…” (Ef 4.13). Como organismo é que
a igreja local nasce, cresce e se multiplica em outras igrejas, assim como uma
célula fecundada se transforma em embrião, em feto e depois em recém-nascido
pronto para encarar a vida. A igreja visível, local, militante é uma
organização, uma vez que, perante a lei dos homens tem que ser organizada em
pessoa jurídica, com estatutos, sede, diretoria e outras exigências legais. Tem
uma denominação, patrimônio, regimento interno e existência física. Como
organização é visível, local, humana, imperfeita (tem defeitos, problemas e
pode até cometer erros), é temporária (pode vir a desaparecer).
2. No seu
aspecto litúrgico e ritual. Toda igreja organizada possui sua liturgia e
rituais. A organização, portanto, é necessária para uma igreja viva. Uma igreja
organizada, por exemplo, mantém a decência e a ordem no culto (1 Co 14.40).
Estabelece costumes que devem ser observados (1 Co 11.16). Da mesma forma, em
relação ao aspecto ritual. Nesse sentido, vemos a Igreja Primitiva batizando os
primeiros crentes em águas (At 8.38,39) e realizando a Ceia do Senhor (1 Co
11.23).
- A respeito da estrutura do culto, a partir
de 1Co 12.40, sabemos que tudo deve acontecer com decência e ordem, para a
edificação do Corpo de Cristo (1Co 12,26), e que esse deve ser racional (Rm
12.1). Na Igreja Primitiva, por não disporem de templos, os primeiros crentes
se reunião nas casas (At 3.1; 4.23,24), onde oravam e adoravam ao Senhor,
oferecendo contribuições voluntárias para a obra de Deus (1Co 16.2; 2Co 9.7; Fp
4.18). Nesses encontros, havia espaço para a leitura de textos bíblicos (At
2.42; 17.11) e cânticos de adoração (Ef 5.18-21). Alguns pensam que o aspecto
organizacional é um mal necessário. Na realidade, é uma condição sine qua non para existir e sobreviver
no contexto onde está inserida. Por outro lado, Jesus não fundou sua igreja
para ser um império político-financeiro, com poder temporal. Não estava em seus
planos que um líder cristão se transformasse em chefe político, magnata gospel
ou missionário milionário, como alguns pastores, nossos conhecidos, que até
figuram na lista dos 10 mais da Forbes, ou desfilam por ai com seus
carrões/aviões. Mas é como organismo que Jesus deseja que sua igreja se
destaque. Lá no céu não haverá organizações, denominações, templos, nem eleição
de diretoria. Somente uma família na festa das bodas do Cordeiro.
III. O
GOVERNO DA IGREJA NAS DIFERENTES TRADIÇÕES CRISTÃS
- Governo de Igreja é o ramo da eclesiologia
(estudo da igreja) que trata da estrutura organizacional e da hierarquia da
igreja. Infelizmente, este é um assunto pouco ensinado e discutido hoje em dia.
Vários motivos podem ser dados para essa situação, como: (1) desinteresse pela
igreja local ou uma visão consumista de igreja, (2) o extremo dos
desingrejados, (3) o outro extremo do institucionalismo morto, (4)
autoritarismo e abusos de autoridade eclesiástica, (5) modelos de crescimento
de igreja desraigados da Escritura e por aí vai.
1.
Episcopal. Essa palavra traduz o grego “episkopos” e
aparece algumas vezes no Novo Testamento (At 20.28; 1 Tm 3.2; Tt 1.7). No
contexto atual, o episcopalismo defende que Cristo confiou o governo da igreja
a uma categoria de oficiais denominados de “bispos” ou “supervisores”. Com o
tempo, esse sistema passou a defender a primazia de um bispo sobre o outro e
terminou culminando no papado romano. Esse modelo é seguido pelo Catolicismo,
por algumas denominações protestantes e pentecostais.
- O Governo Eclesiático Episcopal é aquele
onde todas as decisões são centralizadas no pastor presidente da igreja. A
adoção deste modelo de administração é muito comum em igrejas de pequeno porte.
Normalmente, este modelo é adotado em função de um dos seguintes fatores:
A
igreja ainda não possui membros e líderes capacitados para auxiliar na sua
gestão;
A
organização ainda é de pequeno porte e possui poucos membros;
O
pastor presidente emprega recursos próprios na igreja.
Uma das vantagens do governo episcopal é a
celeridade da tomada de decisões, tendo em vista que todo poder de decisão é
concentrado no pastor presidente. No entanto, por outro lado, essa aparente
vantagem também pode ser vista como um ponto negativo, pois o pastor pode se
sentir sobrecarregado, e além disso, podem ser levantadas dúvidas sobre a
idoneidade da sua gestão.
- Neste sistema mais antigo, adaptado como
por exemplo pela Igreja Católica e pela Igreja Ortodoxa, os ministros
principais da Igreja são os bispos. Outros ministros são presbíteros e
diáconos. Todos estes são mencionados no Novo Testamento. O Governo é
centralizado na figura de um dirigente, responsável pelas decisões e destinos da
igreja, mas que possui um grupo de subalternos, o Colégio Episcopal,
responsáveis pela administração da gestão do sistema. Como denominação
evangélica, a Igreja do Evangelho Quadrangular segue este governo, qual o bispo
rege uma ou mais regiões eclesiásticas e há ainda os pastores, evangelistas e
diáconos. http://www.cacp.org.br/tipos-de-governo-da-igreja/
2.
Presbiteral.
O ofício de presbítero (gr. presbyteros) é encontrado no Novo Testamento (At
11.30; At 15.2). Contudo, no atual sistema presbiteral a igreja elege os
presbíteros para um Conselho. Dessa forma, o Conselho possui autoridade para
conduzir a igreja local. Há um supremo Concílio ou Assembleia Geral que exerce
autoridade sobre as igrejas de uma determinada região ou país. É o sistema
seguido pelas igrejas reformadas e algumas igrejas pentecostais na América do
Norte.
- O Governo Eclesiástico Presbiteral funciona
como um meio termo entre o Episcopalismo e o Congregacionalismo. Este modelo é
muito interessante, pois o poder de decisão não fica concentrado apenas no
pastor, nem tão pouco apenas na igreja. Aqui, as decisões são tomadas por um
conselho, ou seja, um grupo de líderes eleitos pela igreja e da qual, o pastor
presidente faz parte. Vale destacar que a adoção de um tipo de governo
eclesiástico é fundamental para a gestão da igreja e o bom andamento das suas
atividades. O governo presbiteriano é uma forma de organização da Igreja que se
caracteriza pelo governo de uma assembleia de presbíteros, ou anciãos. Esta
forma de governo foi desenvolvida como rejeição ao domínio por hierarquias de
bispos individuais (forma de governo episcopal). Esta teoria de governo está
fortemente associada com os movimentos da Reforma Protestante na Suíça e na
Escócia (calvinistas), com as igrejas reformadas e mais particularmente com a
Igreja Presbiteriana. O governo presbiteriano serviu e serve de inspirações a
vários regimes democráticos ao redor do mundo, principalmente no que diz
respeito às esferas de poder. A forma de governo consiste numa ordem crescente
de conselhos. O menor de todos os conselhos é o Conselho da Igreja Local,
formado pelos ministros docentes (pastores) e pelos ministros leigos (presbíteros).
Acima dos conselhos locais se encontram os Presbitérios, formados por
presbíteros representantes de cada igreja de sua área de abrangência.
Envolvendo os Presbitérios e formado por representantes dos mesmos, está o
Sínodo, de autoridade máxima em sua circunscrição. Como estância máxima de
apelação e decisões sobre a igreja está a Assembleia Geral ou Supremo Concílio,
que toma todas as decisões sobre a Igreja e trata dos assuntos externos,
ficando a cargo de exercer poder jurídico sobre decisões tomadas por conselhos
inferiores. http://www.cacp.org.br/tipos-de-governo-da-igreja/
3.
Congregacional.
A prática de eleger os dirigentes da igreja local no contexto do Novo
Testamento é vista em Atos 14.23. Nesse atual sistema, o pastor é eleito pela
Assembleia Geral da igreja local. Assim, as igrejas locais são autônomas nas
suas tomadas de decisões, não estando sujeitas a nenhuma interferência que
venha de fora. É o modelo seguido pelos batistas.
- O Governo Eclesiástico Congregacional é
aquele onde todas as decisões são atribuídas a uma Assembleia Geral de Membros.
Este é o modelo de governança mais democrático, mas também aquele, onde o
pastor presidente possui o menor poder de decisão. No governo congregacional,
todos os membros possuem direito a voto, e, portanto, podem interferir na
tomada de decisões. Votando inclusive, em posição contrária à do próprio
pastor, que neste caso, nada pode fazer. Além da falta de autonomia da
diretoria para tomada de decisões, este modelo de governo acaba sendo muito
lento e burocrático, tendo em vista que as decisões sempre dependem de
aprovação e votação em assembleia.
- Entre as igrejas que adotam o governo
Congregacional, estão os Batistas e os Congregacionais. Nesta forma de governo
eclesiástico, a igreja é aquela “comunidade local, formada de crentes unidos
para a adoração e obediência a Deus, no testemunho público e privado do
Evangelho, constitui-se em uma Igreja completa e autônoma, não sujeita em
termos de Igreja a qualquer outra entidade senão à sua própria assembleia, e
assim formada é representação e sinal visível e localizado da realidade
espiritual da Igreja de Cristo em toda a terra.” O sistema de governo
Congregacional é aquele em que a Igreja se reúne em assembleias, para tratar de
questões surgidas no seu dia-a-dia e tomar decisões relacionadas ao
desenvolvimento de seus trabalhos. O poder de mando de uma Igreja
Congregacional reside em suas assembleias. http://www.cacp.org.br/tipos-de-governo-da-igreja/
4. O
sistema de governo de nossa igreja. No contexto
norte-americano, as Assembleias de Deus se aproximam mais do modelo de governo
presbiteral. Por outro lado, no contexto brasileiro, nossa igreja reúne
elementos dos sistemas episcopal e congregacional. É, portanto, um modelo
híbrido. Isso porque até o início dos anos 1930, a Assembleia de Deus, por
haver sido fundada por batistas, seguia o modelo congregacional. Contudo, esse
sistema de governo sofreu modificações a partir da criação da Convenção Geral
de 1930, quando elementos do modelo episcopal foram somados a sua estrutura de
governo. Assim, no atual modelo de governo, em sua grande maioria, embora
mantenham certa autonomia administrativa em relação às convenções Geral e
Estadual, a quem são filiadas, as igrejas possuem um modelo de liderança
regional e local centralizado. Por exemplo, a autoridade de estabelecer
lideranças pastorais nas igrejas locais pertence às Convenções Estaduais. Em
alguns casos, essa função cabe a uma igreja-sede que preside sobre um conjunto
de congregações locais a ela filiadas.
- Quanto ao sistema de governo, caracteriza a
Assembleia de Deus um complexo sistema de redes. Igrejas-sedes, igrejas e
congregações dependentes das igrejas-mães. O pastor-presidente da igreja-sede
funciona como um bispo do respectivo campo (zona de atuação). Última instância
de poder de decisão, a Convenção-Geral das Assembleias de Deus é formada por
convenções estaduais e ministérios filiados. O fiel, para chegar até o
pastorado, passa por outros cargos (auxiliar, diácono, presbítero e evangelista).
- A
Assembleia de Deus começou com um modelo congregacional bem definido, haja
vista a herança eclesiológica batista, que é congregacional. O modelo
congregacional fica bem claro nas palavras do pastor assembleiano Alcebiades
Pereira dos Vasconcelos, no Mensageiro da Paz, nº 10, de 1959:
"No nosso entender, a igreja cristã
biblicamente entendida, governa-se a si mesma, mediante o sistema democrático
em que todos os seus membros livremente podem e devem ouvir e ser ouvidos e ser
ouvidos, votar e ser votados, conforme a sua capacidade pessoal de servir(…) A
igreja cristã, à luz do Novo Testamento, é uma democracia perfeita, em qual o
pastor e seus auxiliares de administração (tenham as categorias ou denominações
que tiverem) não dominam, pois quem domina sobre ela é Jesus, por mediação do
Espírito Santo, sendo o pastor apenas um servo que lidera os trabalhadores sob
guia do mesmo Espírito Santo; e, neste caso, é expressa e taxativamente
proibido ter domínio sobre a igreja. I Pedro 5.2,3". ARAÚJO, Isael
de. Dicionário do Movimento Pentecostal. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007. p
338.
Os pentecostais clássicos sempre tiveram uma
tendência para a democracia na igreja, um modelo em que a congregação tinha
voz, o teólogo Myer Pearlman deixa bem claro essa posição:
As primeiras igrejas eram democráticas em seu
governo- circunstância natural em uma comunidade onde o dom do Espírito Santo
estava disponível a todos, e onde toda e qualquer pessoa podia ser dotada de
dons para um ministério especial. É verdade que os apóstolos e anciãos
presidiam às reuniões de negócios e à seleção dos oficiais; mas tudo se fez em
cooperação com a igreja (Atos 6.3-6; 15.22, I Co 16.3, II Co 8.19, Fp 2.25). E
Pearlman completa: Nos dias primitivos não havia nenhum governo centralizado
abrangendo toda a igreja. Cada igreja local era autônoma e administrava seus
próprios negócios com liberdade. PEARLMAN, Myer. Conhecendo as Doutrinas
da Bíblia. 8 ed. São Paulo: Vida, 1984. p 225.
No decorrer do tempo, a Assembleia de Deus,
não deixando de ser congregacional, passou a mesclar com o modelo episcopal e
presbiteriano. Hoje, é comum a figura o pastor-presidente, um verdadeiro bispo
regional. Nas Assembleias de Deus há traços do modelo presbiteriano, com as
convenções ou concílios regionais e nacionais (CGADB e Conamad). A Assembleia
de Deus, portanto, não tem um modelo eclesiástico puro. O Rev. Antônio Gouvêa
Mendonça, comenta em relação a Assembleia de Deus:
Seu sistema de governo eclesiástico está mais
próximo do congregacionalismo dos batistas por causa da liberdade das Igrejas
locais e da limitação de poderes da Convenção Nacional. Todavia, a divisão em
ministérios regionais semi-autônomos lembra um pouco o sistema presbiteriano. MENDONÇA,
Antônio Gouvêa e FILHO, Prócoro Velasques. Introdução ao Protestantismo no
Brasil. São Paulo: Edições Loyola, 1990. p 51
Alguns fatos interessantes: em cidades do
interior, as Assembleias de Deus são bem congregacionais, pois a igreja em
constantes assembleias, decidem o rumo da congregação juntamente com o pastor.
As igrejas AD da capital são normalmente divididas em setores, com a figura
presente do pastor-presidente, sendo mais um modelo episcopal. Mas as
congregações das cidades interioranas e da metrópole estão sujeitas a convenção
estadual e nacional, semelhante aos supremos concílios presbiterianos.
A Assembleia de Deus foi influenciada por
várias denominações, desde de sua eclesiologia até a sua teologia. Exemplo
dessa mistura esteve nas palavras do pastor Thomas B. Barrat, de Oslo, Noruega
em 1914, que disse: “Com respeito à salvação, somos luteranos. Na forma do
batismo pelas águas, somos batistas. Com respeito à santificação, somos
metodistas. Em evangelismo agressivo, somos como o Exército da Salvação. Porém,
com respeito ao batismo com o Espírito Santo, somos pentecostais!”
O lamentável é o fato de muitas igrejas
Assembleia de Deus aderindo a um modelo episcopal, abandonado a tradição
congregacional. Mais o modelo episcopal, hoje adotado não é o mesmo dos
metodistas ou anglicanos, mas sim das igrejas neopentecostais, onde a figura do
líder é centralizadora, um modelo episcopal levado ao extremo. (REFLEXÃO).
CONCLUSÃO
Nesta lição,
fizemos uma análise da Igreja como organismo e organização. O que ficou claro é
que as Escrituras destacam a Igreja como um organismo vivo e organizado. Nesse
aspecto, juntamente com os presbíteros e diáconos, o colégio apostólico dava
corpo e forma ao ministério local da igreja neotestamentária. Embora essa
igreja possuísse uma estrutura organizacional muito simples, contudo, ela
existia. Por outro lado, embora não haja nenhuma norma específica de como deve
ser o governo da igreja no Novo Testamento, ao longo dos anos os cristãos têm
procurado se inspirar no texto bíblico para regulamentar seus ministros e
ministérios.
- Tem sido observado que a igreja de Cristo é
mais organismo do que organização. Infelizmente, a prática eclesiástica muitas vezes
contraria esse conceito essencial.
Jesus Cristo fez críticas severas para os
líderes religiosos do seu tempo. A razão da crítica se radicava no
distanciamento que o institucionalismo havia posto entre as formas religiosas e
o relacionamento do indivíduo com Deus. Nunca se deve deixar que as estruturas
tomem o lugar do compromisso interior com Deus.
- Ao tratar temas de ordenanças e sacramentos
da igreja, é necessário primeiramente fazer distinção entre estes dois termos.
Por sacramento, entende-se um ritual que
transmite a graça salvífica de Deus, não apenas como ritual simbólico.
Por ordenança, comunica-se de forma contrária
que a graça não é substância, mas uma disposição relacional divina.
A ordenança, portanto, não é salvífica,
enquanto que o sacramento é considerado como um ritual que contribui para ou
confere a salvação.
- A Vida da Igreja neste mundo é transitória,
e um dia vai receber em definitivo a eterna herança. E é justamente esta
transitoriedade que obriga o cristão a ter um compromisso consciente com o
serviço da Igreja. Só uma vida cristã incontaminada e uma fé viva, podem
confrontar o pecado, as injustiças e toda forma de opressão.
É preciso mais do que nunca valorizar a
comunhão. Mas para que isso aconteça, cada cristão deve estar em inteira
submissão ao senhorio de Cristo. Quem desfruta do relacionamento com o Senhor,
sente a necessidade de manter-se em relacionamento com seus irmãos em
fortalecimento da vida da Igreja na sociedade.
- Quanto a forma de governo, sempre, na
história das controvérsias cristãs, houve uma luta para saber qual era o modelo
de governo eclesiástico mais bíblico. O fato é que todos os modelos de governos
eclesiásticos (congregacional, episcopal e presbiteriano) se baseiam no Novo
Testamento. O episcopal concede o poder para o seu pastor ou bispo, o
presbiteriano concede poder ao presbitério da igreja e o congregacional concede
poder aos seus membros ou a um conselho de irmãos reunidos.
_______________
Pb
Francisco Barbosa
@Pbassis
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REVISANDO O CONTEÚDO
1. Conceitue “organismo”.
Um
organismo é visto como um conjunto de órgãos que constituem um ser vivo.
2. Caracterize a organização da
Igreja Primitiva.
A forma
de organização da Igreja Primitiva era simples, todavia, existia. Por exemplo,
a igreja seguia a liderança centralizada dos apóstolos (At 16.4). Dessa forma,
os apóstolos doutrinavam a igreja (At 2.42); cuidavam da parte administrativa
(At 4.37); instituíam lideranças locais (At 6.6; At 14-23); reuniam-se em
Concílio (At 15.1-6).
3. Quais fatos mostram a Igreja como
um organismo vivo agindo de forma organizada?
Como
um organismo vivo, a igreja do Novo Testamento era organizada. Por exemplo, ela
se reunia (At 2.42) e orava (At 2.42; 12.12). Contudo, enxergava as demandas
sociais que precisavam ser atendidas (At 4-35)- Instituiu o diaconato (At
6.2-6); elegeu lideranças (At 14.23); enviou seus primeiros missionários (At
13.1-4).
4. Explique o sistema de governo
episcopal e congregacional.
No
contexto atual, o episcopalismo defende que Cristo confiou o governo da igreja
a uma categoria de oficiais denominados de “bispos” ou “supervisores”. Já no
sistema congregacional atual, o pastor é eleito pela Assembleia Geral da igreja
local. Assim, as igrejas locais são autônomas nas suas tomadas de decisões, não
estando sujeitas a nenhuma interferência que venha de fora.
5. Explique o sistema de governo de
nossa igreja.
No
atual modelo de governo de nossas igrejas, a sua grande maioria, embora
mantenham certa autonomia administrativa em relação às convenções Geral e
Estadual, a quem são filiadas, possuem um modelo de liderança regional e local
centralizado.