TEXTO PRINCIPAL
“Mas, vós, amados, edificando-vos a vós mesmos sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo, conservai a vós mesmos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna” (Jd 20,21)
Entenda
o Texto Principal:
- 20
edificando-vos. Os verdadeiros cristãos têm um fundamento seguro (1Co
3.11) e uma pedra angular (Ef 2.20) em Jesus Cristo. As verdades da fé cristã
(cf. v. 3) foram providas no ensino dos apóstolos e profetas (Ef 2.20), para
que os cristãos pudessem se edificar por meio da Palavra de Deus (At 20.32). orando no Espírito Santo. "no
Espírito" concentra-se na submissão, à medida que nos ajustamos à vontade
de Deus (Rm 8.26-27); 4). Esse não é um chamado a algum tipo de êxtase na
oração, mas um simples chamado a orar consistentemente na vontade e no poder do
Espírito, como alguém que ora no nome de Jesus Cristo (cf. Rm 8.26-27).
21 guardai-vos. Esse imperativo confirma
a responsabilidade do cristão de ser obediente e fiel ao viver a sua salvação na
prática (cf. Fp 2.12), enquanto Deus opera a sua vontade (cf. Fp 2.13).
Significa permanecer na posição de obediência na qual o amor de Deus é derramado
sobre seus filhos, em oposição a ser desobediente e atrair para si mesmo o
castigo de Deus (cf. 1 Co 11.2 7-31; Hb 12.5-11). Refere-se à perseverança dos
santos, o equilíbrio perfeito com a preservação soberana dos cristãos em Cristo
por parte de Deus (cf. v. 1). Isso acontece mediante: 1) a edificação
individual na Palavra de Deus (v. 20); 2) a oração no Espírito Santo (v. 20); e
3) a espera da consumação da vida eterna (v. 21). esperando. Uma expectativa ansiosa da segunda vinda de Cristo
para prover a vida eterna em sua forma definitiva por meio da ressurreição (cf.
Tt 2.13; 1Jo 3.1-13), que é a expressão suprema da misericórdia de Deus para
com a pessoa a quem foi imerecidamente imputada a justiça de Cristo (cf. v. 2).
Para Paulo, os que esperam "amam a sua vinda" (2Tm 4.8) e, segundo
escreveu João, essa expectativa constante era purificadora (1Jo 3.3).
RESUMO DA LIÇÃO
A sã doutrina vem de Deus e deve nortear a vida do crente.
Entenda
o Resumo da Lição:
- A sã doutrina é o ensino da Palavra de Deus fiel
às Escrituras! Ela é tão rica e prática quanto a Bíblia, porque a sã doutrina
simplesmente é pregação, ensino e instrução bíblica. Poderíamos dizer que se a
Palavra de Deus é o coração da igreja, a sã doutrina é o sangue que a percorre,
trazendo vida a todo o corpo.
TEXTO BÍBLICO
Tito 2.1-10
Entenda
o Texto Bíblico:
1 Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina.
- 2.1 sã.
Significa "saudável" - Paulo usa essa palavra nove vezes nas
epístolas pastorais (cinco vezes em Tito), sempre no sentido de que a verdade
produz bem-estar espiritual. "As coisas" que Paulo menciona nos vs.
2-10 são pertinentes às verdades, atitudes e ações que correspondem à verdade
bíblica e baseiam-se nela. O povo de Deus deve conhecer a verdade que conduz à
saúde espiritual não somente para agradar a Deus, mas também para dar um
testemunho eficaz diante dos incrédulos.
2 Os velhos que sejam sóbrios, graves, prudentes,
sãos na fé, no amor e na paciência.
- 2.2
homens idosos. Paulo usou esse termo para referir-se a si mesmo (Fm 9)
quando estava com mais de 60 anos. Refere-se aos de idade avançada e é um termo
diferente do que é traduzido por "presbíteros" em 1.5. respeitáveis. Esse requisito não se
limita à reverência a Deus que aqui se supõe, mas também se refere a ser honrosos
e dignos. Eles devem ser sensíveis e saudáveis em sua vida espiritual.
3 As mulheres idosas, semelhantemente, que sejam
sérias no seu viver, como convém a santas, não caluniadoras, não dadas a muito
vinho, mestras no bem.
- 2.3
mulheres idosas. Aquelas mulheres que já não têm a responsabilidade de
criar filhos, normalmente com idade por volta de 60 anos (cf. 1Tm 5.3-10). sérias. Idem v. 2. Cf. 1Tm
2.9-11.15. não caluniadoras.
Um termo usado 34 vezes no NT para descrever Satanás, o maior caluniador que
existe; bem. Aquilo que agrada
a Deus (cf. 1.16), principalmente as lições mencionadas nos vs. 4-5.
4 Para que ensinem as mulheres novas a serem
prudentes, a amarem seus maridos, a amarem seus filhos.
- 2.4
instruírem as jovens. Seu próprio exemplo de piedade (v. 3) dá às
mulheres idosas o direito e a credibilidade de instruir as mulheres mais jovens
na igreja. A implicação óbvia é que as idosas devem exemplificar as virtudes
(vs. 4-5) que ensinam, amarem ao marido. Como as outras virtudes mencionadas
aqui, essa é incondicional. Baseia-se na vontade de Deus, e não no mérito do
marido. A palavra grega phileo enfatiza o afeto (Ef 5.22-23).
5 A serem moderadas, castas, boas donas de casa,
sujeitas a seus maridos, a fim de que a palavra de Deus não seja blasfemada.
- 2.5
sensatas. Ou seja, puras (1Tm 2.9-11,15; 1Pe 3.3-6). Boas donas de casa. (Cf. 1Tm 5.14).
Manter com excelência um lar piedoso para o marido e os filhos é a
responsabilidade inegociável da mulher cristã; bondosas. No original, "obedientes". As ideias do
feminismo radical eram parte integral da mitologia antiga dos babilônios e dos
assírios, bem como do gnosticismo grego, que floresceu por todo o Império
Romano durante os tempos do NT e foi um perigo constante para a Igreja
primitiva. O feminismo moderno não é novo nem progressista, mas antigo e
regressivo (Ef 5.22). não seja
difamada. Esse é o propósito da conduta piedosa - eliminar qualquer
motivo que lance descrédito à Escritura. Para que se convença de que Deus pode
salvar do pecado a pessoa precisa ver alguém que leve uma vida santa. Quando os
cristãos afirmam crer na Palavra de Deus, mas não obedecem a ela, a Palavra é
desonrada. Muitos têm escarnecido de Deus e de sua verdade por causa da conduta
pecaminosa dos que se declaram cristãos (Ml 5.1 6; 1Pe 2.9.)
6 Exorta semelhantemente os jovens a que sejam
moderados.
- 2.6
moços. Homens acima de 12 anos de idade, em todas as coisas. No
original, aparece justamente no final do versículo, qualificando os homens
jovens e enfatizando a abrangência dessa admoestação. criteriosos. Sensíveis (veja v. 2 ).
7 Em tudo, te dá por exemplo de boas obras; na
doutrina, mostra incorrupção, gravidade, sinceridade.
- 2.7
padrão. Tito tinha a obrigação
especial de exemplificar as qualidades morais e espirituais sobre as quais
deveria admoestar os outros (1Co 4.16; 11.1; Fp 3.17; 2Ts 3.8-9; 1Tm 4.12; Hb
13.7). No ensino. Esses, três
termos — "integridade", "reverência" e
"irrepreensível" (v. 8) — qualificam o compromisso adequado com a
doutrina.
8 Linguagem sã e irrepreensível, para que o
adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós.
- 2.8
linguagem sadia. A conversa diária (Ef 4.31; Cl 3.16-17; 4.6). irrepreensível. Acima de qualquer
censura, indignidade nenhuma que dizer. Novamente, como no v. 5, o propósito da
vida piedosa é silenciar os que se opõem ao Cristianismo e ao evangelho (1Pe 2.11-12),
e dar credibilidade ao poder de Cristo.
9 Exorta os servos a que se sujeitem a seu senhor e
em tudo agradem, não contradizendo.
- 2.9
servos. O termo aplica-se em geral a todos os empregados; mas a
referência original é aos escravos — homens, mulheres e crianças que, no
Império Romano e em grande parte do mundo antigo, eram propriedade de seus
senhores. Tinham poucos – se é que tinham algum - direitos e eles e muitas
vezes recebiam um pouco mais de dignidade ou cuidado que os animais domésticos.
Em nenhuma passagem o NT aprova ou condena a prática da escravidão, mas em
todas as partes ensina que a liberdade da escravidão do pecado é infinitamente
mais importante do que a liberdade de qualquer escravidão humana que a pessoa
possa sofrer nesta vida (Rm 6.22). obedientes...
motivo de satisfação. Paulo claramente ensina que, mesmo nas
circunstâncias mais servis, os cristãos devem ser "obedientes" e
procurar agradar àqueles para quem trabalham, sejam seus "senhores"
cristãos ou incrédulos, justos ou injustos, generosos ou cruéis. Quanto mais
não estão obrigados os cristãos a respeitar e obedecer aos empregadores para
quem trabalham de maneira voluntária! Como acontece com a obediência da esposa
ao marido (v.5), a única exceção seria se fosse exigido do cristão desobedecer
à Palavra de Deus (Cf. Ef 6.5-9; Cl 3.22-4.1; 1Tm 6.1-2).
10 Não defraudando; antes, mostrando toda a boa
lealdade, para que, em tudo sejam ornamento da doutrina de Deus, nosso
Salvador.
- 2.10 não
furtem. Expressão usada como referência à apropriação indevida; toda a fidelidade. Lealdade; ornarem... a doutrina Paulo enfatiza novamente (cf. v. 5) que o propósito
supremo de uma vida virtuosa é tornar atrativo o ensino de que Deus salva pecadores.
INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos que doutrina é um termo amplo e precisa ser
compreendido dentro de um aspecto específico, e aqui a análise será em torno do
que a Bíblia chama de “sã doutrina”. Vamos discorrer sobre o que se quer dizer
com doutrina e sã doutrina, além de enfatizar que a verdadeira doutrina é
aquela que procede de Deus e esta deve ser o padrão de vida de todo cristão.
- A sã doutrina diz respeito às verdades bíblicas
que edificam, alimentam, nutrem, fortalecem e produzem saúde à Igreja. A
expressão grega para sã doutrina é ὑγιαινούση διδασκαλία (hygiainousē didaskalia), que
significa “ensino saudável”. Um ensino saudável é aquele que possui um
conteúdo saudável. Altair Germano em:
As Funções da Sã Doutrina. Disponível em: https://altairgermano.com.br/as-funcoes-da-sa-doutrina/. Paulo escreveu a Tito: Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina
(Tt 2.1). Ao dar esta ordem, Paulo nos ensina sobre o que a igreja deve falar.
Falar a sã doutrina é responsabilidade da igreja, ela deve ser conhecida por
isso. A sã doutrina é a sua voz. É por isso que ela está neste mundo. Pedro
escreveu que a igreja é a propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamar as
virtudes daquele que a chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (1Pe.2.9).
A igreja tem a responsabilidade de tornar o caráter de Deus conhecido. É
preciso proclamar as virtudes de Deus e a igreja faz isso quando fala o que
convém à sã doutrina. Falar a sã doutrina é a responsabilidade da igreja.
I. O QUE É DOUTRINA
1. O significado de doutrina. Na
primeira lição estudamos a respeito do conceito de doutrina e, nesta, vamos
ampliar a compreensão a este respeito. Em linhas gerais, doutrina é um termo
que advém do Latim doctrina e indica ensino, o que implica dizer que o ato de
ensinar, em certa medida, se refere à tarefa de doutrinar, quer seja uma
pessoa, quer seja um grupo de pessoas. Quanto ao termo “sã doutrina”, indica
para uma doutrina saudável, em conformidade com as Escrituras. Biblicamente, há
três tipos de doutrinas: a doutrina de Deus; a doutrina de demônios e a
doutrina de homens. A doutrina de Deus é encontrada exclusivamente na Bíblia
Sagrada, e pode ser compreendida como a expressão da vontade de Deus ao seu
povo por meio de sua Palavra (Tt 2.10). Quanto à doutrina de demônios, é
preciso dizer que os demônios são mentirosos e enganadores e eles atuam no
sentido de confundir e desviar os crentes, levando-os a apostatarem da fé (1Tm
4.1). Finalmente, a Bíblia fala também da “doutrina de homens”, tão letal como
a de demônios, pois serve como instrumento de disseminação de heresias e engano
(2 Co 11.14.15).
- Muitos pensam em doutrinas como assuntos para
serem tratados em livros de teologia sistemática, ou classes onde se ensinam os
pilares do pensamento cristão. Certamente envolve isso, porém a sã doutrina
lida também diretamente com o dia a dia das pessoas. Quando Paulo pensava em sã
doutrina, ele pensava em como as pessoas estavam vivendo. Aqui podemos definir
exatamente o termo Doutrina - O conhecimento a respeito da Pessoa e Obra de
Jesus Cristo e o que as Escrituras ensinam sobre Ele para que o cristão se torne
apto a identificar a sã doutrina cristã e a aplicar em sua vida pessoal os
ensinamentos de Cristo, só podem vir pelas Escrituras (Sola Scriptura, segundo
a interpretação que a Reforma Protestante trouxe do que a própria Bíblia diz
como sua autodefinição, é o princípio segundo o qual a Bíblia tem absoluta
primazia, sendo ela a única regra de Fé e Prática que todo ser humano deve
seguir).
2. Doutrina no Antigo Testamento. Tendo em vista que o conceito de doutrina diz
respeito a ensino, qual seria a compreensão disso no Antigo Testamento? A
expressão “doutrina” aparece em Deuteronômio como algo que “goteja” da parte de
Deus, e isso no sentido de que os ensinos divinos são recebidos – do hebraico
Leqach – pelo seu povo. Outra palavra que faz alusão à “doutrina” no Antigo
Testamento é torah, referindo-se em particular ao Pentateuco, isto é, os cinco
primeiros livros da Bíblia, O significado de torah é corpo de ensino do qual advém
a lei de Deus, indicando os padrões que o seu povo deve adotar para a sua vida,
e por meio do qual vem as instruções e as direções a serem seguidas. Além de
apresentar a fonte divina da doutrina e de seu papel instrutivo, o Antigo
Testamento apresenta também algumas características essenciais desse conjunto
de ensino, tais como: a doutrina é pura (Jó 11.4); a doutrina é boa (Pv 4.2) e
a doutrina é transformadora (Is 29.24). Sendo assim, a doutrina no texto
veterotestamentário assume o papel de ser uma dádiva de Deus a seu povo. É por
meio dela que Ele nos guia por caminhos de pureza, de bondade e de
transformação.
- Como já foi delineado, Doutrina é o conjunto de
verdades bíblicas acerca de um determinado tema que possui importância
fundamental para a Fé Cristã. Isso significa que o ensino de todo o conteúdo da
Bíblia acerca de um certo assunto é uma doutrina. O termo "doutrina"
significa "ensino" ou "instrução". No Antigo Testamento, a palavra
“doutrina” vem de leqach, do verbo laqach, “receber”. O sentido primário é “o
recebimento”.
3. Doutrina no Novo Testamento. A presença da doutrina no Novo Testamento é ainda
mais forte, e assim como no Antigo Testamento, há dois termos que são usados a
seu respeito. A primeira expressão é didaskalía cujo significado é duplo,
podendo indicar o ato de ensinar ou o conteúdo a ser ensinado, como também a
referência a quem se propõe a ensinar e àquilo que se deve ensinar. A respeito
dos que ensinam, Paulo advertiu sobre a necessidade de que haja dedicação nesse
ofício como demonstração da elevada importância da transmissão da sã doutrina
(Rm 12.7). O mesmo apóstolo aborda ainda sobre o conteúdo doutrinário a ser
transmitido e ensinado à igreja de Deus (1 Tm 4.6; 2 Tm 3.10; Tt 1.9). A
segunda palavra é didaquê, cujo significado é o mesmo da anterior, com a
diferença de que essa se aplica exclusivamente aos ensinos de Jesus. É
importante destacar que a Bíblia fala sobre a “doutrina de Jesus” (Jo 716,17),
afinal de contas, Ele é o Verbo de Deus (Jo 1.1-14). Jesus foi Mestre por
excelência e ensinou como nenhum outro (Mc 4.2) e o conteúdo do que ensinou
causou admiração e atraiu multidões (Mc 1.27).
- Em ambos os Testamentos, a presença da doutrina é muito
forte, lembrando que, o Novo Testamento ratifica e aprofunda os ensinos do
Antigo Testamento. A doutrina cristã, retirada especialmente do Novo
Testamento, possui um caráter singular e incomparável a qualquer outra. Isso
porque ela não se baseia em meras tradições, experiências pessoais ou na
observação de eventos e fenômenos naturais, mas sua fonte é a Escritura como a
auto-revelação de Deus aos homens. Essa revelação é infalível, inerrante e
autoritativa. Por esse motivo o apóstolo Paulo escreve que “toda a Escritura é inspirada por Deus e útil
para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na
justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda
boa obra” (2Tm 3.16,17). Esse texto bíblico também revela que a doutrina
cristã possui uma aplicação prática e essencial à vida da Igreja. Não se trata
de algo abstrato e estritamente técnico com valor puramente intelectual.
II. A DOUTRINA VEM DE DEUS PARA OS CRENTES
1. A doutrina vem de Deus. A
doutrina tem as Escrituras Sagradas como a sua fonte, mesmo porque a Bíblia é a
Palavra de Deus, que cumpre o papel de testificar a respeito de tudo aquilo que
o homem precisa e é capaz de saber a respeito do Criador (2 Tm 3.16). Diante
dessa afirmativa, surge a pergunta: “A doutrina vem de quem?” Há doutrina de
homens, doutrina de demônios e a doutrina de Deus. Quanto à doutrina de Deus,
ela também tem sido chamada de doutrina bíblica, pois conforme o termo indica,
todo o seu conteúdo é apresentado pela Bíblia Sagrada, que, além de ser a
Palavra de Deus, toda ela é aplicável para o ensino dos homens em todas as
áreas de sua vida, além de atuar na preservação da perseverança e da esperança
no Senhor (Rm 15.4). Portanto, a doutrina cristã tem Deus como a sua fonte.
- Paulo escreve em 2Tm 3.16 que a totalidade das
Escrituras “Toda a Escritura” argumentando
de modo persuasivo que tanto a Escritura do Antigo Testamento como a do Novo Testamento
estão incluídas (veja 2Pe 3 .15-16, que identificam os escritos do Novo Testamento
como Escritura). São inspiradas por Deus, isto é, "expirada por Deus " ou "soprada por Deus". As vezes, Deus dizia aos escritores da
Bíblia as palavras exatas que deveriam ser ditas, por exemplo Jr 1.9, mas, com
maior frequência, ele usava a mente, o vocabulário e as experiências de cada um
deles para produzir sua própria Palavra perfeita e infalível (1Ts 2.13; Hb 1.1;
2Pe 1.20-21). É importante observar que a inspiração aplica-se somente aos
manuscritos bíblicos originais, e não aos escritores bíblicos; não existem
escritores bíblicos inspirados, somente Escritura inspirada. Deus identifica-se
tanto com sua Palavra que, quando as Escrituras falam, é Deus quem fala (Rm
9.17; Cl 3.8). A Escritura é chamada de "os oráculos |ou a palavra) de Deus"
(Rm 3.2; 1Pe 4.11) e não pode ser alterada (Jo 10.35; Mt 5.17-18; l.c 16.17; Ap
22.18-19). A instrução ou ensino divino ou o conteúdo doutrinário do Antigo Testamento
e do Novo Testamento são referido por Paulo nessa passagem da Carta como
Doutrina (cf.2Tm 2.15; At
20.18,20-21,27; 1Co 2.14-16; Cl 3.16; 1Jo 2.20,24,27). A Escritura fornece o
corpo compreensivo e completo da verdade divina que é necessário para a vida e
a piedade (SI 119.97-105). A Bíblia também repreende as pessoas por sua conduta
ou crenças equivocadas. A Escritura expõe: o pecado (Hb 4.12-13) para que ele
possa ser tratado mediante a confissão e o arrependimento. A doutrina do Novo
Testamento também corrige e restaura à sua devida condição.
2. A doutrina é para os crentes. O
apóstolo Paulo afirma que “o Senhor conhece os que são seus” (2 Tm 2.19). O que
faz de uma pessoa ser considerada propriedade de Deus e outra não? Jesus
garantiu aos seus discípulos que eles seriam os seus amigos à medida que
obedecessem aos seus ensinos (Jo 15.14.15). A verdade eterna desses ensinos não
foi revelada a todas as pessoas, mas àquelas que, na condição de discípulos de
Jesus, se interessaram em conhecê-lo (Mt 13.1- 23). A distinção entre os que
amam a lei de Deus e os que não amam está presente também no Antigo Testamento
(Sl 1.1-6). Se considerar apenas o tema da santidade, que é parte da doutrina
bíblica, é possível perceber que ela é uma exigência apenas ao povo de Deus (1
Ts 5.23; Hb 12.14). ao passo que dos pecadores é exigido que se arrependam de
seus pecados (Mt 3.2; At 3.19). Portanto, a doutrina bíblica é um conjunto de
ensinos divinos, destinados, exclusivamente, aos que amam a Deus e pertencem ao
seu povo.
- A declaração de que Deus conhece os que sãos seus,
é uma declaração feita pelo apóstolo Paulo a Timóteo, para indicar que os
verdadeiros cristãos são distintos dos cristãos nominais (2Tm 2.19). Para
Paulo, Deus tem um selo de reconhecimento daqueles que são seus. Ele os
reconhece pela qualidade de vida moral e espiritual a qual vivem. São pessoas
que não somente proferem o nome de Cristo, mas também se afastam do pecado. Provavelmente
uma referência a Números 16.5. Ele "conhece", não no sentido de consciência,
mas da maneira com o um marido conhece a sua esposa no sentido de relação
íntima (Jo 10.27-28; Cl 4.9). Deus conhece seus filhos desde que os escolheu
antes do início dos tempos (2Tm 1.9).
3. A entrega da doutrina. Aqui é importante pensar sobre os meios usados por
Deus para que a sua doutrina fosse entregue ao seu povo ao longo da história,
tanto no Antigo como no Novo Testamento. No Antigo Testamento é possível
encontrar os seguintes instrumentos pelos quais Deus difundiu os princípios
doutrinários a seu povo: os sacerdotes com a responsabilidade de ensinar os
princípios de Deus a Israel a fim de preservar a santidade do povo (Lv
10.8-11); os Levitas também tinham a função de ensinar a lei de Deus (2 Cr
35.3); os profetas que receberam a mensagem de Deus e as transmitiram ao povo
(Hb 1.1) e os pais que receberam a responsabilidade de transmitir os ensinos da
lei aos filhos (Dt 6.5-9). O Novo Testamento apresenta alguns instrumentos por
meio dos quais a doutrina foi difundida, como por exemplo: os apóstolos (2 Pe
3.2), os obreiros chamados por Deus e reconhecidos pela igreja (2 Tm 2.1,2) e
os discípulos de Cristo, em geral (At 8.4). Portanto, uma vez que a doutrina
pertence a Deus, ela vem dEle por meio de instrumentos escolhidos pelo Senhor
para que seja entregue aos crentes.
- O apóstolo Paulo declarou que as Escrituras
"podem fazer-te sábio para a salvação, pela que há em Cristo Jesus. Toda
Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender,
para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja
perfeito, e perfeitamente preparado para toda boa obra" (2 Timóteo
3:15-17). Se a Escritura é "inspirada por Deus", então ela não é uma
obra da vontade humana. Apesar de ter sido escrita por homens, os "homens
da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo" (2 Pedro 1:21).
Nenhum livro escrito pelo homem é suficiente para nos equipar para toda boa
obra; somente a Palavra de Deus pode fazer isso. Além disso, se as Escrituras
são suficientes para nos equipar completamente, então nada mais é necessário. Ter
plena ciência de que toda Escritura é inspirada por Deus é algo essencial a
todo cristão. Isso porque apesar de a Bíblia ter sido escrita por escritores
humanos, sua fonte não está na vontade do homem, mas no próprio Deus. O
apóstolo Pedro escreve que “nenhuma
profecia da Escritura é de particular interpretação”. Na sequência ele logo
trata de explicar que isso se dá porque a profecia da Escritura “nunca foi
produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram
inspirados pelo Espírito Santo” (2Pe 1.20,21). Por isso é correto dizer que
“toda Escritura é inspirada por Deus”,
ou seja, a Bíblia é a Palavra de Deus. Em outras palavras, o próprio Deus é o
autor final da Escritura.
III. A DOUTRINA É A BASE DA CONDUTA DO CRENTE
1. A doutrina como referência para o crente. O ser
humano sempre vai buscar uma referência, quer seja no exemplo de alguma pessoa,
quer seja um conjunto de princípios pelo qual ele possa ser guiado. Este é um
dos motivos por que o escritor da Carta aos Hebreus orientou os seus leitores a
olharem para Jesus Cristo (Hb 12.2). Nesse caso, qual deve ser o ponto de
referência do crente no que se refere ao conjunto de princípios pelo qual ele
deve nortear os seus pensamentos, as suas decisões e as suas ações? O salmista
testemunhou que a Palavra de Deus é Luz para o caminho dos que se submetem a
Deus (Sl 119.105). Sendo assim, uma vez que doutrina é o conjunto de
ensinamentos bíblicos e que deve ser obedecido pelo crente, ela serve como um
referencial e cumpre um papel semelhante ao da luz que ilumina o caminho,
evitando acidentes, erros e permitindo correções quando necessário. Deste modo,
a doutrina bíblica serve de referência ao crente diante da escuridão do pecado
que marca este tempo, assim como é a fonte preservadora de sua fé no
enfrentamento de seus mais variados conflitos.
- "Um
referencial é o corpo ou lugar a partir do qual as observações de fenômenos
diversos são feitas. Ao mudar o referencial, a percepção dos fenômenos também
muda. O referencial pode ser entendido como o ponto de vista de um observador
colocado em determinado lugar no espaço." "O que é referencial?" em:
https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/fisica/o-que-e-referencial.htm Myer
Pearlman escreve em “Conhecendo as Doutrinas da Bíblia” (Vida): “Há uma
tendência em certos meios de não somente procurar diminuir o valor de ensinos
doutrinários como também de dispensá-los completamente como sendo
desnecessários e inúteis. Porém, enquanto os homens cogitam sobre os problemas
da sua existência, sentirão a necessidade de uma opinião final e sistemática
sobre esses problemas. A doutrina sempre será necessária enquanto os homens
perguntarem: "De onde vim? quem sou eu? e para onde vou?" Muitas
vezes se ouve esta expressão: "não importa o que a pessoa crê uma vez que
faça o bem." Essa opinião dispensa a doutrina por julgá-la de nenhuma
importância em relação à vida. Mas todas as pessoas têm uma teologia, queiram
ou não reconhecê-lo; os atos do homem são fruto de sua crença. Por exemplo,
quão grande diferença haveria no comportamento da tripulação um navio que
estivesse ciente de que viajava em direção a um destino determinado, e o
comportamento da tripulação dum navio que navegasse à mercê das ondas e sem
rumo certo. A vida humana é uma viagem do "tempo" para a eternidade,
e é de grande importância a pessoa saber que essa viagem não tem significado ou
rumo certo, ou que é uma viagem planejada pelo seu Criador e dirigida por ele
para um destino celestial”.
2. A vida
cristã e suas responsabilidades. A vida cristã pode ser analisada sob diferentes
aspectos, inclusive sobre a expectativa que há em relação à vida de um cristão,
que o toma responsável diante de Deus, de si mesmo e da sociedade. O cristão
tem que refletir o caráter de Cristo, principalmente por meio de sua forma de
viver como demonstração de verdadeira transformação (2 Co 5.17). Essa
responsabilidade é bem compreendida se considerar o fato de que os cristãos são
denominados de “sal da terra” e “luz do mundo” (Mt 5.13-16). Assim como o sal e
a luz. o crente deve buscar beneficiar outras pessoas em detrimento de si
mesmo. Se o crente deixar de cumprir o seu propósito ele perde a razão de sua
própria existência. O cristão deve ter uma vida vivida na luz para que as suas
obras sejam vistas e conhecidas dos homens com a finalidade de que Deus seja
glorificado (Mt 5.16), e isso só será alcançado mediante a preservação da
“palavra da vida” (Fp 2.13-16).
- As crenças firmes produzem caráter firme;
crenças bem definidas produzem também convicções bem definidas. Naturalmente, a
crença doutrinária da pessoa não é sua religião, assim como a espinha dorsal do
seu organismo não é a sua personalidade. Mas assim como uma boa espinha dorsal
é parte essencial do corpo, assim um sistema definido de crença é uma parte
essencial da religião. Alguém disse: "O homem não precisa expor a sua
espinha dorsal, no entanto deve possuí-la para estar bem aprumado. Da mesma
forma, o cristão precisa de uma definição doutrinária para não ser um cristão
volúvel e até corcundo!" Certo pregador francês unitáriano fez a seguinte
declaração: "A pureza de coração e de vida importa mais do que a opinião
correta." A essa declaração outro pregador francês respondeu: "A cura
também é mais importante que o remédio; mas sem o remédio não haveria cura!"
Sem dúvida é mais importante viver a vida cristã do que apenas conhecer as
doutrinas cristãs; porém não pode haver experiência cristã enquanto não houver
conhecimentos das doutrinas cristãs.
3. A conduta
do crente em seus relacionamentos. A sã doutrina indica o caminho ao crente quanto à
sua conduta, mas não é só isso, ela também dá as condições necessárias para que
isso seja possível, principalmente no que se refere aos relacionamentos. É
importante destacar que a qualidade de vida cristã é medida pelas ações e
reações diante dos obstáculos e dificuldades da vida. Os principais testes que
podem revelar a qualidade da vida espiritual de um crente ocorrem em seus
relacionamentos interpessoais, nas mais variadas áreas da vida. Seguindo nessa mesma
linha, ao escrever a Tito, o apóstolo Paulo demonstra que a sã doutrina orienta
e capacita o crente a desenvolver bons relacionamentos, fazendo com que os mais
jovens tenham os mais velhos como ponto de boa referência e fonte de ensino, no
bom uso das palavras para com as pessoas, na relação amistosa que deve haver
entre Líderes e liderados, visando, sobretudo, que o Diabo não encontre o que
possa usar como arma contra o crente.
- Diz-se com razão, que as estrelas surgiram
antes da astronomia, e que as flores existiram antes da botânica, e que a vida
existia antes da biologia, e que Deus existia antes da teologia. Isto é
verdade. Mas os homens em sua ignorância conceberam ideias supersticiosas
acerca das estrelas, e o resultado foi a pseudociência da astrologia. Os homens
conceberam falsas ideias acerca das plantas, atribuindo-lhes virtudes que não possuíam,
e o resultado foi a feitiçaria. O homem na sua cegueira formou conceitos
errôneos acerca de Deus e o resultado foi o paganismo com suas superstições e
corrupção. As doutrinas bíblicas expurgam as falsas ideias acerca de Deus e de
seus caminhos. "Que ninguém creia que erro doutrinário seja um mal de pouca
importância", declarou D. C. Hodge, teólogo de renome. "Nenhum
caminho para a perdição jamais se encheu de tanta gente como o da falsa
doutrina. O erro é uma capa da consciência, e uma venda para os olhos."
CONCLUSÃO
A sã doutrina serve ao crente como “Luz” para o seu caminho e escudo de
proteção contra os ataques do Inimigo. Por isso, aprendemos a respeito da
importância da sã doutrina, pois ela vem de Deus, cujos princípios são
destinados aos que pertencem ao Senhor e que visam oferecer-lhes direção e
condições para o honrarem em tudo o que faz e em todas as áreas de sua vida.
- O conhecimento doutrinário é uma parte necessária
do equipamento de quem ensina a Palavra de Deus. Quando uma remessa de
mercadorias chega a uma casa comercial, essas mercadorias são desempacotadas,
devidamente registradas, e colocadas em seus devidos lugares nas prateleiras para
serem vendidas. Essa ilustração mostra que deve haver certa ordem. Da mesma
maneira, um dos propósitos do estudo sistemático das Escrituras é pôr as
doutrinas em ordem. A Bíblia obedece a um tema central. Mas existem muitas
verdades relacionadas com o tema principal que se encontram nos diversos livros
da Bíblia. Não é suficiente aprender a importância da doutrina bíblica, mas
também conhecer cada uma delas e vive-las para a glória do Nome do Senhor!
_______________
Pb Francisco Barbosa
@Pbassis
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HORA DA REVISÃO
1. O que
indica o vocábulo “doutrina”?
Em Linhas gerais, doutrina é um termo que advêm do
latim doctrina e indica ensino, o que implica em dizer que o ato de ensinar, em
certa medida, se refere à tarefa de doutrinar, quer seja uma pessoa, ou ainda,
um grupo de pessoas.
2. Quais
são os três tipos de doutrina?
Biblicamente, há três tipos de doutrinas: doutrina
de Deus: doutrina de demônios e doutrina de homens.
3. O que
é a doutrina de Deus?
A doutrina de Deus é encontrada exclusivamente na
Bíblia Sagrada, e pode ser compreendida como a expressão da vontade de Deus ao
seu povo por meio de sua Palavra (Tt 2.10).
4.
Segundo a lição, quais os instrumentos por meio dos quais a doutrina foi
difundida no Novo Testamento?
O Novo Testamento apresenta alguns instrumentos por
meio dos quais a doutrina foi difundida, como por exemplo, os apóstolos, por
obreiros chamados por Deus e reconhecidos pela igreja e os discípulos de
Cristo, em geral.
5. Como
são denominados os cristãos em Mateus 5.13-16?
“Sal” da terra e “luz’ do mundo.