TEXTO ÁUREO
E já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor e não desmaies quando, por ele, fores repreendido. (Hb 12.5)
Entenda o Texto Áureo:
- Aqui o escritor lembra e expõe Pv 3.11-12. As provações e os
sofrimentos na vida cristã vêm de Deus, que os usa para instruir e disciplinar
os cristãos com essas experiências. Esse procedimento é evidência do amor de
Deus por seus filhos (cf. 2Co 12.7-10).
VERDADE PRÁTICA
A disciplina
cristã é uma doutrina bíblica necessária, pois permite ao crente refletir o
caráter de Cristo.
Entenda a Verdade Prática:
- Por sermos ainda pecadores e imperfeitos, entendemos que a disciplina é
uma necessidade também para nossos dias. Cristo nos ensinou e ordenou a sua
prática (Mt 18.15-20).
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Hebreus 12.5-13
5. E
já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como filhos: Filho meu,
não desprezes a correção do Senhor e não desmaies quando, por ele, fores
repreendido;
- Esta exortação é encontrada em Provérbios 3:
11-12. O objetivo do apóstolo em introduzi-lo aqui é mostrar que as aflições
foram designadas por Deus para produzir alguns efeitos felizes na vida de seu
povo, e que eles devem, portanto, suportá-los pacientemente. Nos versículos
anteriores, ele os direciona para o exemplo do Salvador. Neste versículo e no
seguinte, para o mesmo objeto, ele direciona sua atenção para o projeto de
provações, mostrando que elas são necessárias para o nosso bem-estar e que são,
de fato, uma prova do cuidado paterno de Deus.
6. porque o Senhor corrige o que ama e açoita a
qualquer que recebe por filho.
- açoita.
Refere-se a fustigar com um açoite, que era um modo cruel c doloroso de
flagelação comum entre os judeus (cf. Mt 10.17; 23.34). Esta também é uma
citação de Provérbios 3. Significa que é uma regra universal que Deus envie
provações àqueles a quem ele realmente ama. Evidentemente, isso não significa
que ele envie um castigo que não é merecido; ou que ele a envia “para o mero
propósito” de infligir dor. Mas isso significa que, com seus castigos, ele
mostra que tem um cuidado paterno por nós. Ele não nos trata com negligência e
desinteresse, como um pai costuma fazer com seu filho ilegítimo. O próprio fato
de ele nos corrigir mostra que ele tem em relação a nós os sentimentos de um
pai e exerce em relação a nós um cuidado paterno. Se ele não o fizesse, ele nos
deixaria continuar sem atenção e nos deixaria seguir um curso de pecado que nos
envolveria em ruínas. Restringir e governar uma criança; corrigi-lo quando ele
erra, mostra que há uma solicitude dos pais para ele e que ele não é um pária.
E como existe na vida de todo filho de Deus algo que merece correção, acontece
que é universalmente verdade que “a quem o Senhor ama, ele castiga”. E açoita todo filho a quem recebe –
a quem recebe ou reconhece como seu filho. Isso não é citado literalmente do
hebraico, mas da Septuaginta. O hebraico é: “como pai, filho em quem se
deleita”. O sentido geral da passagem é mantido, como é frequentemente o caso
nas citações do Antigo Testamento. O significado é o mesmo que na parte
anterior do versículo, de que todo aquele que se torna filho de Deus é tratado
por ele com aquele cuidado vigilante que mostra que ele sustenta em relação a
ele a relação paterna.
7. Se suportais a correção, Deus vos trata como
filhos; porque que filho há a quem opai não corrija?
- filhos.
Uma vez que todos são imperfeitos e precisam dc disciplina e instrução, todos
os verdadeiros filhos de Deus são castigados num momento ou noutro, de uma
maneira ou de outra.
8. Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são
feitos participantes, sois, então, bastardos e não filhos.
- bastardos.
A palavra é encontrada somente aqui no NT, mas é usada em outra passagem na
literatura grega cm referência àqueles que nasciam de escravas ou concubinas.
Poderia incluir uma referência implícita a Agar e Ismael (Cn 16), a concubina
de Abraão e seu filho ilegítimo.
9. Além do que, tivemos nossos pais segundo a carne,
para nos corrigirem, e nós os reverenciamos; não nos sujeitaremos muito mais ao
Pai dos espíritos, para vivermos?
- submissão.
Respeitara Deus equivale a submeter-se à sua vontade e lei, e aqueles que
prontamente recebem o castigo do Senhor terão uma vida mais rica e mais
abundante (cf. Sl 119.165). Pai
espiritual. Provavelmente a melhor tradução seja "Pai de nosso
espírito", em contraste com "pais segundo a carne" (literalmente
"pais de nossa carne").
10. Porque aqueles, na verdade, por um pouco de tempo,
nos corrigiam como bem lhes parecia; mas este, para nosso proveito, para sermos
participantes da sua santidade.
- para
aproveitamento. Os pais humanos imperfeitos aplicam uma disciplina
imperfeita, mas Deus é perfeito e, consequentemente, sua disciplina é perfeita
e sempre busca o bem espiritual de seus filhos.
11. E, na verdade, toda correção, ao presente, não
parece ser de gozo, senão de tristeza, mas, depois, produz um fruto pacífico de
justiça nos exercitados por ela.
- gozo…tristeza
– A objeção de que a punição é dolorosa é aqui antecipada e respondida. Parece
apenas para aqueles que estão sendo castigados, cujos julgamentos são confundidos
pela dor presente. Seu fruto final compensa amplamente qualquer dor temporária.
O objetivo real dos pais em correção não é que eles sintam prazer na dor das
crianças. Os desejos satisfeitos, nosso Pai sabe, seriam muitas vezes nossas
reais maldições. fruto pacífico de
justiça – a justiça (na prática, brotando da fé) é o fruto produzido
pela correção (Filipenses 1.11). “Pacífico” (compare com Isaías 32.17): em
contraste com a provação do conflito pela qual ele foi vencido. “Fruto de
justiça para ser desfrutado em paz após o conflito” (Tholuck). Como a coroa de
oliveira, o emblema da paz, assim como a vitória, era colocada na cabeça do
vencedor nos jogos. exercitados por
ela – como atletas exercitados em treinamento para a competição.
Castigo é o exercício para dar experiência e tornar o combatente espiritual
irresistivelmente vitorioso (Romanos 5.3). [Jamieson; Fausset; Brown]
12. Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas e os
joelhos desconjuntados,
- exercitados.
A mesma palavra usada em 5.14 é traduzida por "exercitadas" (cf. 1Tm
4.7). fruto de justiça. Essa é
a mesma expressão que aparece em Tg 3.18.
13. e fazei veredas direitas para os vossos pés, para
que o que manqueja se não desvie inteiramente; antes, seja sarado.
- O autor retoma a metáfora da corrida que
começou nos vs. 1-3 (cf. Pv 4.25-27) e incorpora uma linguagem extraída de Is
35.3 para descrever a condição do indivíduo disciplinado como um corredor
cansado cujos braços caem e os joelhos vacilam. Quando estiver passando por
provações na vida, o cristão não deve permitir que as circunstâncias levem
vantagem sobre ele. Pelo contrário, ele deve suportar e recuperar as forças
para continuar a corrida.
INTRODUÇÃO
Nesta lição,
estudaremos sobre a prática da disciplina na igreja. Embora seja muito
necessária, a disciplina como prática da Igreja Cristã vem sendo esquecida e
negligenciada por muitos. Ora, uma igreja que não corrige seus membros perdeu a
sua identidade, não passando de um mero grupo social. O resultado disso são
igrejas fracas, anêmicas e sem testemunho cristão. Por isso, o nosso assunto da
disciplina cristã como um processo formativo do caráter cristão nas modalidades
corretiva e formativa.
- Por sermos ainda pecadores e imperfeitos, entendemos que a disciplina é
uma necessidade também para nossos dias. Cristo nos ensinou e ordenou a sua
prática (Mt 18.15-20). Uma igreja que não exerce a disciplina aos membros
faltosos, destrói a si mesma e perverte o ensino do Evangelho de nosso Senhor
Jesus. Uma igreja que não pratica a disciplina certa, bíblica, constante,
cuidadosa, atenciosa, respeitosa, firme e afetuosa, não deve observar a Ceia do
Senhor. A disciplina deve ser feita com amor, compaixão, sem vingança, ódio ou
retaliação (Gl 6.1). Vale lembrar que disciplina é um ato de compaixão,
purificação e amor de nosso Pai (Pv 13.24; Hb 12.4-8). “A disciplina eclesiástica, em grande parte, ocorre de maneira informal
na medida em que cristãos falam a verdade em amor entre si e apontam uns aos
outros para a graça do evangelho. Entretanto, no mundo caído, há momentos em
que a disciplina informal não é suficiente; quando aqueles que pertencem à
igreja se recusam a se arrepender e prosseguem nas veredas do pecado. É para
tais ocasiões que Jesus proveu instruções para a disciplina eclesiástica: “Se
teu irmão pecar [contra ti], vai argui-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir,
ganhaste a teu irmão. Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas
pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se
estabeleça. E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir
também a igreja, considera-o como gentio e publicano”. (Mt 18.15-17)” https://coalizaopeloevangelho.org/article/manual-passo-a-passo-para-a-disciplina-na-igreja/.
PALAVRA-CHAVE: Disciplina
- Depois da pregação da Palavra, a administração fiel da disciplina é uma
das características da igreja verdadeira.
A produção de um plano de aula como subsídio é trabalhoso e
desgastante. Considere citar a
fonte ao reproduzir o texto. Considere
também ser generoso com este ministério!
1. Deus é
santo. Santidade
é um dos atributos de Deus e, por isso, é uma das causas que justificam a
necessidade da disciplina na igreja: “Eu sou santo” (Lv 11.45). Deus é santo e
como tal deve ser reconhecido. Jesus mostrou na oração do Pai Nosso a
necessidade de reconhecermos a santidade de Deus: “santificado seja o teu nome”
(Mt 6.9). Quando Deus se faz presente, a nossa pecaminosidade se evidencia: “E,
vendo isso Simão Pedro, prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor,
ausenta-te de mim, por que sou um homem pecador” (Lc 5.8). Assim, quando o
comportamento pecaminoso na vida do crente não é corrigido, a santidade de Deus
deixa de ser reconhecida.
- No episódio narrado em Lucas 5.8, a pesca extraordinária foi claramente
um milagre, surpreendendo a todos os pescadores de Cafarnaum (v. 9). Pedro
imediatamente percebeu que estava na presença daquele que era santo e que
estava exercendo o seu poder divino, e foi tomado de vergonha pelo seu próprio
pecado (Êx 20.19; 33.20; Jz 13.22; Jó 42.5-6). Esse mesmo temor diante da
santidade de Deus levou Isaías a reconhecer que era um homem de lábios impuros
(Is 6.5). Se os lábios estão impuros, também o coração o está. A visão da
santidade de Deus fez o profeta lembrar-se de maneira muito intensa da sua
própria indignidade, que é merecedora de condenação. Jó (Jó 42.6) e Pedro (Lc
5.8) tiveram a mesma experiência a respeito de si mesmos, quando foram
confrontados com a presença do Senhor (Ez 1.28 2.27; Ap 1.17).
2. A
Igreja é santa. Deus
é santo e a igreja também deve ser: “Sede santos porque eu sou santo” (1 Pe
1.16). Ao formar seu povo, tanto na Antiga como na Nova Aliança, o desejo do
Senhor é que ele fosse um povo separado. Na verdade, a palavra grega hagios,
traduzida como “santo”, possui o sentido de “separado” ou “consagrado”.
- A santidade, em essência, define a nova natureza e conduta do cristão
em contraste com o seu estilo de vida anterior à salvação. A razão para
praticarem um estilo santo de vida é que os cristãos estão associados com o
Deus santo e devem tratar a ele e sua Palavra com respeito e reverência.
Portanto, nós o glorificamos da melhor maneira quando somos semelhantes a ele
(1Pe 1.16-17; Mt 5.48; Ef 5.1; cf. Lv 11.44-45; 18.30; 19.2; 20.7; 21.6-8). A
complacência, a cumplicidade com o pecado pode corromper todo o corpo. Ao
disciplinar um membro, a igreja deve fundamentar seus argumentos nas Sagradas
Escrituras, não na tradição nem no sentimentalismo. E ao disciplinar deve
também cuidar, tratar e curar a pessoa ou pessoas envolvidas.
3. Quando
a igreja não disciplina. Se a igreja, como Corpo de Cristo deve ser santa (1
Co 3.16), da mesma forma o cristão, como membro desse Corpo, o deve ser também
(1 Co 6.19). A santidade faz parte da identidade do cristão (Ef 1.1). Logo, a
falta de disciplina acaba embotando essa identidade. Surge, então, a imagem do
crente “mundano” ou “carnal”. Na verdade, esses adjetivos revelam de fato um
crente indisciplinado. Alguém que não tratou, ou não foi tratado, aquilo que
acabou se tornando um hábito pecaminoso. Nesse sentido, a falta de disciplina
acaba destruindo o limite entre o sagrado e o profano. Portanto, uma igreja que
não disciplina seus membros torna-se mundana (Ap 3.19).
- Depois da pregação da Palavra, a administração fiel da disciplina é uma
das características da igreja verdadeira; mas esta característica está
desaparecendo em nossos dias. Os sermões não atacam os pecados sociais e o
materialismo. E os pecados morais raramente são confrontados. O resultado dessa
atitude é uma gradual infiltração do mundanismo na igreja. Muitas igrejas
pensam que uma estrita aceitação da disciplina na igreja é subversiva ao seu
crescimento. Para uma época que não vê nada menos que sucesso em números, a
disciplina se torna uma desvantagem. Exceto nos casos de pecados horríveis, a
disciplina na igreja tem sido amplamente abandonada por muitos. Aquele que
ordena a disciplina na igreja é o mesmo que estabelece o padrão a ser seguido
no exercício da mesma. Esse padrão consiste primeiramente em amor paternal (Hb
12.4-13). É certo que o mundo vê a disciplina como expressão de ira e
hostilidade, mas as Escrituras mostram que a disciplina de Deus é um exercício
do seu amor por seus filhos. Amor e disciplina possuem conexão vital (Ap 3.19).
Além do mais, disciplina envolve relacionamento familiar (Hb 12.7-9), e quando
os cristãos recebem disciplina divina, o Pai celestial está apenas tratando-os
como seus filhos. Deus não disciplina bastardos, ou seja, filhos ilegítimos (v.
8). O padrão de disciplina divina revela também maravilhosos benefícios. A
disciplina que vem do Senhor "é para o nosso bem (v. 10)." Ainda que
seja inicialmente doloroso receber disciplina, a mesma produz paz e retidão (v.
11). O v. 13 ensina que o propósito de Deus em disciplinar não é o de
incapacitar permanentemente o pecador, mas antes de restaurá-lo à saúde
espiritual.
II. O
PROPÓSITO DA DISCIPLINA BÍBLICA
1- Manter
a honra de Cristo. Quando o pecado não é tratado na vida do crente,
Cristo é desonrado: “O nome de Deus é blasfemado entre os gentios por causa de
vós” (Rm 2.24). Se não corrigido, o comportamento pecaminoso compromete o
testemunho cristão. No caso da igreja de Corinto, onde um dos seus membros
adotou um comportamento flagrantemente pecaminoso sem, contudo, ter uma
resposta enérgica da igreja, condenando essa prática, levou o apóstolo Paulo a
censurá-la (1 Co 5.2). Não é possível alguém adotar um comportamento pecaminoso
sem que com isso incorra em julgamento divino (1 Co 11.27-34; Ap 2.14,15).
- A igreja deve disciplinar procurando a glória e a honra do nome de
Cristo. Não disciplinar membros que cometem pecados escandalosos desonra o nome
do Senhor. “Desde o tempo dos
reformadores, para distinguir entre uma igreja verdadeira e uma igreja falsa,
teólogos têm descrito três “marcas” da igreja: a pregação adequada da Palavra
de Deus, a administração apropriada dos sacramentos e a administração
apropriada da disciplina eclesiástica. Embora não seja controverso pensar que
uma igreja verdadeira ensinaria a Palavra de Deus e obedeceria o mandamento de
Cristo para observar os sacramentos, muitos cristãos duvidariam que a
disciplina eclesiástica é necessária para se ter uma verdadeira igreja. Na
realidade, contudo, a ideia da disciplina na igreja é um paralelo essencial às
primeiras duas marcas. Afinal, a Bíblia não nos diz que não é suficiente que a
Palavra seja ensinada e pregada apropriadamente, mas que ela também deve ser
obedecida e praticada (Rm 2.13; Tg 1.22)? E como a igreja pode administrar os
sacramentos apropriadamente sem determinar a quem eles se aplicam? A disciplina
eclesiástica é o mecanismo que o Senhor decretou para designar e edificar a sua
igreja, a família de Deus. A igreja não é apenas uma organização — é a
personificação do propósito e do plano de Deus para redimir pecadores e
reconciliá-los consigo mesmo. O mesmo crente em Jesus Cristo que é
justificadoatravés da fé também é adotado através da fé. Nosso grande Deus
triuno não se satisfaz apenas com o fato de seu povo ser declarado não culpado
diante do seu trono de julgamento (Rm 5.1). Ele também torna cada pecador
redimido seu filho, parte da família de Deus (João 1.12). Quando vemos a igreja
como uma família, começamos então a ver o propósito e a bênção da disciplina
eclesiástica. Assim como pais e mães que carinhosamente amam os seus filhos
devem tomar tempo para corrigi-los e encorajá-los, pastores e presbíteros que
amam o Senhor e o povo do Senhor devem tomar tempo para corrigi-los e
encorajá-los.” https://voltemosaoevangelho.com/blog/2014/03/disciplina-na-igreja-castigo-ou-amor/.
2. Frear
o comportamento pecaminoso. Outro propósito da disciplina cristã está no
fato de que ela põe um freio no comportamento pecaminoso. Isso porque o pecado
é algo extraordinariamente contagioso que tem poder de se alastrar com grande
facilidade. “Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar toda a massa?” (1
Co 5.6).
- Embora estas coisas possam fazer parte de nossa experiência de igreja,
o Novo Testamento deixa claro que a igreja é fundamentalmente um povo, uma
congregação caracterizada por seu compromisso com Cristo e uns com os outros.
Portanto, quando a Bíblia fala de disciplina na igreja, isto envolve o cuidado
espiritual das pessoas. É o processo pelo qual os membros de uma igreja se
protegem mutuamente do engano do pecado e reafirmam a verdade do evangelho. Sem
disciplina não há possibilidade de restauração. Mais cedo ou mais tarde os
pecados virão à luz, e quando a liderança da igreja tem conhecimento e não toma
posição, ela coloca a igreja sob a opressão do diabo. A disciplina procura
gerar quebrantamento, arrependimento e o desafio da pessoa andar com Cristo
corretamente (Hb 12.11- 13).
3. Não
tolerar a prática do pecado. Em 1 Coríntios 5, o apóstolo Paulo censura os
coríntios porque não estavam adotando medida alguma contra a prática do pecado
por parte de um de seus membros (1 Co 5.1,2). A consequência disso é que esse
pecado acabaria enfraquecendo a igreja, pois uma igreja que não pratica a
disciplina bíblica fatalmente fracassará. Nesse sentido, não se pode tolerar a
prática do pecado, ou o comportamento pecaminoso, na igreja nem fora dela: “Mas
tenho contra ti o tolerares que Jezabel, mulher que se diz profetisa, ensine e
engane os meus servos, para que se prostituam e comam dos sacrifícios da
idolatria” (Ap 2.20).
- A igreja em Corinto não era apenas uma igreja dividida, mas também
desonrada. Havia pecado no meio de sua congregação, e, infelizmente, todos
sabiam disso. No entanto, a igreja demorou a tomar uma atitude. Nenhuma igreja
é perfeita, mas a imperfeição humana jamais deve servir de pretexto para o
pecado. Os cristãos são "chamados para ser santos" (1Co 1.2), e isso
significa uma vida de santidade para a glória de Deus. “Mas tenho contra ti que “toleras” Jezabel, mulher que se diz profetisa,
ensinar e enganar os meus servos, para que se prostituam e comam dos
sacrifícios da idolatria” (Ap 2.20). Tolerar significa aceitar com
indulgência, ou seja, ser indulgente, admitir, deixar passar algo, permitir ou
consentir tacitamente ou suportar. Um dos grandes perigos para aqueles que
vivem um cristianismo autêntico e bíblico é se conformar e tolerar erros e
pecados de membros e ministros. Creio
também que tolerância a erros doutrinários e ministeriais são tão nocivos a
Igreja do Senhor que igualmente merecem repreensão e uma severa atitude por
parte da liderança.
III. AS
FORMAS DE DISCIPLINA BÍBLICA
1. A
disciplina como modo de correção. As Escrituras mostram a necessidade de sermos
corrigidos. A correção contribui para o crescimento e formação do caráter
cristão: “Porque que filho há a quem o pai não corrija?” (Hb 12.7). Todos os
crentes, de alguma forma, tiveram a necessidade de ser corrigidos em algum
momento. Se alguém não é corrigido quando erra, então, segundo a Bíblia,
trata-se de um bastardo e não de filho (Hb 12.8). Pedro, por exemplo, teve que
ser corrigido por Paulo quando adotou uma atitude visivelmente errada em
relação aos gentios (Gl 2.11-14). Quando o crente comete alguma falta e não é
corrigido, a tendência é que isso acabe se tornando um comportamento. O
comportamento errado é reforçado. Dessa forma, o alvo da disciplina é levar
aquele que pecou, ou vive na prática do pecado, à restauração e reconciliação
(Gl 6.1).
- É necessário dizer que não ficará impune pelo Senhor todo aquele que
for conivente e tolerante a tais práticas.
E tudo isso acaba sendo motivo de escândalo e descrédito da Igreja
perante o mundo. A palavra de Deus mesmo nos adverte como agir em casos desse
tipo. Foi Jesus mesmo que nos advertiu claramente quanto aos escândalos e
atitude da Igreja do Senhor em tais casos:
E disse aos discípulos: É
impossível que não venham escândalos, mas ai daquele por quem vierem! Melhor
lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma mó de atafona, e fosse lançado ao mar,
do que fazer tropeçar um destes pequenos. Olhai por vós mesmos. E, se teu irmão
pecar contra ti, repreende-o e, se ele se arrepender, perdoa-lhe (Lc
17.1-3);
E dei-lhe tempo para que se
arrependesse da sua fornicação; e não se arrependeu. Eis que a porei numa cama,
e sobre os que adulteram com ela virá grande tribulação, se não se arrependerem
das suas obras. (Ap 2.21-22).
- “Se a disciplina eclesiástica é
uma marca de uma igreja legítima, e se isso é uma extensão da disciplina
amorosa de Deus para com seus filhos, por que ela não é praticada em mais
igrejas? Por que ela é tão subestimada? A resposta para tais perguntas é frequentemente
encontrada na maneira como a disciplina eclesiástica é (mal) praticada. Assim
como os pais devem cuidar de aplicar fielmente e biblicamente disciplina a seus filhos, os líderes da
igreja devem usar a sua autoridade com coerência e amor. O Antigo Testamento
está cheio de advertências sobre os perigos do favoritismo (como Jacó com José
e seus irmãos), e a falha em aplicar a disciplina (como Eli e seus filhos). O
Senhor de fato disciplina aqueles a quem ele ama (Hb 12.6), e a igreja também
deve fazê-lo. Mas nunca podemos nos esquecer que a disciplina eclesiástica é um
exercício de amor. Isso significa que a disciplina na igreja não é algo que
deve ser buscado apenas após uma situação não parecer mais ter jeito.
Disciplina não é a “gota d’água”, onde o julgamento é pronunciado. Disciplina
eclesiástica bíblica é uma cultura de responsabilidade, crescimento, perdão e
graça que deve permear as nossas igrejas. Cada membro de igreja tem a
responsabilidade de ajudar os outros em suas lutas contra o pecado — não
através de julgamento e críticas, mas, ao invés disso, com gentileza e visando
à restauração, sabendo que ele mesmo também está sujeito à tentação (Gl 6.1).
Mateus 18 não descreve uma espécie de litígio alternativo; é uma cartilha sobre
como abordamos amorosamente uns aos outros, pacientemente esgotando os passos
menores (por exemplo, ir até a pessoa) antes de passar para os passos maiores
(por exemplo, levar à igreja). Os líderes da igreja devem sempre se lembrar que
a autoridade que eles possuem quanto à disciplina não vem deles mesmos, mas é a
autoridade de pastoreio de Cristo. Esta é a igreja de Cristo (Ef 1.22-23; Cl
1.18), e é ele quem a está edificando para torná-la sem mácula (Ef 5.27). Os
líderes, portanto, devem fazer todo esforço para evitar agir de maneira
dominadora e tirânica simplesmente para resolver rapidamente os problemas (1Pe
5.3), ou demonstrando parcialidade em disciplinar alguns enquanto ignora outros
(Tg 2.1). Os membros devem saber que o processo de disciplina não é um método
secreto de punição, mas é a maneira de Deus restaurar pecadores, curar
relacionamentos e honrar a sua Palavra. Os líderes não devem temer que a
disciplina na igreja seja vista à luz do dia, ao passo que, ao mesmo tempo,
devem empregar todo esforço para proteger a reputação dos membros de
desnecessária notoriedade e potenciais fofocas. O fim almejado não é
simplesmente resolução, mas o fortalecimento de crentes individuais e de todo o
corpo de Cristo.” https://voltemosaoevangelho.com/blog/2014/03/disciplina-na-igreja-castigo-ou-amor/.
2. A
disciplina como forma de restauração. A palavra grega katartizo, traduzida aqui como
“encaminhai o tal” significa na verdade “restaurar”. É usada em Mateus 4.21
para se referir aos “reparos” (remendos) das redes de pescas. O sentido,
portanto, é fazer com que a pessoa atingida pelo pecado seja restaurada ao seu
anterior estado de bem-estar com Deus, da mesma forma que uma rede de pesca
volta à sua utilidade após ser consertada. Nesse aspecto, dizemos que a
disciplina cumpre o importante papel de restaurar o ferido, conforme a
instrução do apóstolo Paulo à igreja de Corinto para que restaurasse o faltoso
à comunhão (2 Co 2.5-8).
- “a disciplina eclesiástica é algo
que requer oração, reflexão e coerência, porque possui propósitos importantes
na vida da igreja. Há três propósitos principais para a disciplina na igreja.
Primeiro, a disciplina na igreja existe para recuperar o pecador de volta à
igreja, e em última análise, ao Senhor. A disciplina eclesiástica que é
praticada em amor é uma poderosa maneira de confrontar um pecador com seu
pecado e mostrar que a igreja o ama, não desistirá dele e deseja vê-lo
restaurado à plena comunhão. Em um sentido muito real, a disciplina pode ser a
atuação do evangelho diante dos nossos olhos. Devemos reconhecer o nosso
pecado, nos arrepender e pedir perdão, o qual é livre e plenamente concedido.
Segundo, a disciplina é necessária
para manter a pureza da igreja e seu testemunho diante de um mundo vigilante.
Isso não significa que colocamos uma máscara hipócrita de perfeccionismo, mas
admitimos diante do mundo que a Palavra de Deus é o padrão para as nossas vidas
e que somos verdadeiros cristãos — não perfeitos, mas perdoados.
Por último e mais importante, a
disciplina na igreja é feita para a glória de Deus. Cristãos são exposições
vivas da glória de Deus, e nós mostramos muito mais a sua glória quando lutamos
para refletir seu amor e seu santo caráter (Ef 3.10). Que maneira melhor de
mostrar que um Deus santo é um Deus amoroso do que através da disciplina?
Conforme buscamos a restauração daqueles que tropeçam, em espírito de amorosa
humildade, colocamos em exposição uma honorável conduta que apontará para
aquele que é a fonte de toda a restauração no universo (1Pe 2.12).” https://voltemosaoevangelho.com/blog/2014/03/disciplina-na-igreja-castigo-ou-amor/
3. A
disciplina como modo de exclusão. Esse tipo de disciplina é também conhecido como
“cirúrgica”. Isto porque o membro é cortado do Corpo de Cristo: “Tirai, pois,
dentre vós a esse iníquo” (1 Co 5.13). Nesse caso, há um desligamento e não
apenas um afastamento da comunhão: “Em verdade vos digo que tudo o que ligardes
na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado
no céu” (Mt 18.18). Assim, o indivíduo perde a condição de membro pelo
desligamento, já que o Senhor disse que ele passa a ser considerado “gentio” e
“publicano” (Mt 18.17). Esse desligamento corta o vínculo da comunhão entre o
membro e a igreja. Não há, portanto, mais vínculo entre o crente excluído por esse
processo disciplinar e a igreja da qual fazia parte.
- O último recurso da disciplina é o da exclusão, na qual o ofensor é
privado de todos os benefícios da comunhão. Nesse caso, o ofensor é tido como
gentio (a quem não era permitido entrar nos átrios sagrados do templo do
Senhor) e publicano (que eram considerados traidores e apóstatas: Lc 19.2-10).
Com estes não há mais comunhão cristã, pois deliberadamente recusam os
princípios da vida cristã (1 Co 5.11). Se o seu pecado é heresia, ou seja, o
desvio doutrinário das verdades fundamentais ensinadas nas Escrituras, eles não
devem nem mesmo ser recebidos em casa (2 Jo 10-11). É claro que cada um desses
passos envolve dor, tempo, amor e transparência. Nenhum deles é agradável e
eles só prosseguem diante de dureza de coração do ofensor, ou seja, a recusa ao
arrependimento. Há porém o conforto de saber que a presença e o poder de Jesus
são reais mesmo no contexto desse processo (Mt 18.19-20). Assim, a disciplina
eclesiástica "não é uma atividade a ser realizada facilmente, mas algo a
ser conduzido na presença do Senhor." Grudem, Systematic Theology,
898.
CONCLUSÃO
Nesta lição,
vimos o valor da disciplina cristã sob diferentes aspectos. A disciplina se
mostra necessária quando sabemos que Deus é santo e exige que seu povo seja
santo. Por outro lado, a disciplina também cumpre os propósitos de Deus quando
ela conduz o cristão a se conformar com o caráter de Cristo. Uma igreja
indisciplinada, portanto, perdeu o bom cheiro de Cristo (2 Co 2.14).
- Laney adverte para o fato de que "a disciplina é como um medicamento muito forte: pode trazer a cura ou
causar maior dano." Laney, "The Biblical Practice
of Church Discipline," 363. Nenhum profissional médico,
porém, se recusa a aplicar um medicamento que pode curar o seu paciente apenas
porque o mesmo é forte. Também, nenhum doente faz opção pela morte ou pela
continuidade da doença se a vida e a cura podem estar tão próximas. Uma séria
reflexão bíblica sobre a disciplina eclesiástica evidencia dois princípios
básicos. Primeiro, que a disciplina na igreja não é uma opção, mas sim uma
ordenança e, consequentemente, uma bênção divina (Hb 12.5-7). Segundo, que a
disciplina requer profundo amor por parte da igreja que a aplica e semelhante
humildade e quebrantamento por parte daquele que é disciplinado (2 Co 2.5-11) Disciplina na Igreja, por Valdeci da Silva Santos. Disponível em: https://cpaj.mackenzie.br/fileadmin/user_upload/9_Disciplina_na_Igreja_Valdeci_Santos.pdf.
_______________
Pb
Francisco Barbosa
@Pbassis
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REVISANDO O CONTEÚDO
1. Qual é uma das causas que
justificam a necessidade da disciplina na igreja?
Santidade
é um dos atributos de Deus e, por isso, é uma das causas que justificam a
necessidade da disciplina na igreja.
2. O que
acontece quando o pecado não é tratado na vida do crente?
Quando
o pecado não é tratado na vida do crente, Cristo é desonrado.
3. Por que o
apóstolo Paulo censura os crentes em 1 Coríntios 5?
Um dos
seus membros adotou um comportamento flagrantemente pecaminoso sem, contudo,
ter uma resposta enérgica da igreja. A condenação dessa prática, levou o
apóstolo Paulo a censurá-la (1 Co 5.2).
4. Cite três
formas de disciplina bíblica de acordo com a lição.
As
formas de disciplina são: a disciplina como modo de correção; a disciplina como
forma de restauração; e a disciplina como modo de exclusão.
5. Com o que
a correção contribui?
A
correção contribui para o crescimento e formação do caráter cristão.