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26 de julho de 2019

(JOVENS) Lição 4: O RELACIONAMENTO DO CRISTÃO COM O ESTADO E COM OS SUPERIORES



LIÇÕES BÍBLICAS CPAD – JOVENS - 3º Trimestre de 2019
Título: A razão da nossa esperança — Alegria, crescimento e firmeza nas cartas de Pedro
Comentarista: Valmir Nascimento

LIÇÃO 4
28 de julho de 2019
O RELACIONAMENTO DO CRISTÃO COM O ESTADO E COM OS SUPERIORES

TEXTO DO DIA
“Sujeitai-vos, pois, a toda ordenação humana por amor do Senhor; quer ao rei, como superior; quer aos governadores, como por ele enviados para castigo dos malfeitores e para louvor dos que fazem o bem” (1Pe 2.13,14).

SÍNTESE
As Escrituras ensinam que o cristão deve se submeter às autoridades constituídas, porque toda autoridade provém de Deus, com o propósito de punir o mal e beneficiar a vida em sociedade.

TEXTO BÍBLICO
1 Pedro 2.11-23.

COMENTÁRIO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
Nesta seção de sua carta, Pedro passa a tratar de aspectos práticos da vida cristã, especialmente sobre deveres e responsabilidades sociais. Nitidamente, a epístola petrina demonstra a dupla cidadania dos discípulos de Cristo. Ao mesmo tempo que somos chamados de peregrinos por causa de nossa cidadania celestial, Pedro conclama os crentes a se submeterem livremente a todas as autoridades legítimas, numa clara alusão à cidadania terrena. A mensagem que o apóstolo está transmitindo é que, não importa o tipo de governo humano, seja monarquia ou república, toda autoridade provém de Deus. Desse modo, o governo civil, assim como o tudo mais na vida, está sujeito à lei do Criador. Este é o tema da presente lição. - Há quem pense que o cristianismo não tem nada que ver com Estado - nem com política; que a religião não tem nada a ver com política. Não no sentido de que a religião não se mescle com a política, pois isso sim, acontece sempre, mas no sentido de que a religião não deveria se misturar com a política nem se intrometer em coisas de Estado. Alguns mais radicais sustentam, inclusive, que a verdadeira política é incompatível com a religião. A vida cristã não é uma mera doutrina ou teoria, pelo contrário, ela está repleta de aspectos práticos que afetam o nosso dia a dia. Na Palavra de Deus podemos encontrar direção clara e específica sobre vários aspectos práticos que norteiam o cristão no seu caminhar diário diante de Deus e dos homens. “Exercita-te pessoalmente na piedade" (1Tm 4.7) é a exortação do apóstolo Paulo. Que nossos corações sejam trabalhados pela Palavra de Deus de forma que o Espírito Santo tenha a oportunidade de aperfeiçoar a nova criação. – Dito isto, convido-o a pensar maduramente a fé cristã!

I. A CONDUTA EXEMPLAR DOS PEREGRINOS
1. Abstendo-se das paixões carnais. Em tom amoroso, Pedro se dirige aos crentes como peregrinos e forasteiros. Enquanto cidadãos de uma pátria distante, os crentes precisam abster-se das paixões carnais que guerreiam contra a alma (v.11). Abster-se aqui tem o sentido de manter-se continuamente longe, afastado dos desejos pecaminosos. Por causa da sua natureza pecadora, o homem se encontra numa luta interna da carne contra o Espírito (Gl 5.17). Se por um lado, queremos obedecer a lei moral de Deus, por outro, somos inclinados a cumprir os desejos da nossa velha natureza, conforme Paulo descreve em Romanos 7.15-25. Não obstante, isso não significa que tais desejos sejam absolutamente incontroláveis e que estejamos sujeitos somente aos nossos institutos naturais. A vitória contra o pecado começa, primeiramente, com o reconhecimento de nossas fraquezas morais. O cristão não pode se esquecer das armadilhas do seu coração (Jr 17.9,10) e que as suas percepções não são plenamente confiáveis. Somente com a ajuda do Santo Espírito o crente é capaz de vencer essa guerra interna. O segredo para vencermos os desejos pecaminosos está em andarmos segundo o mover e o poder do Espírito (Gl 5.16). - Nessa seção, Pedro conclama seus leitores a uma vida reta num mundo hostil. Os cristãos são estrangeiros numa sociedade secular porque eles são cidadãos do céu. Os cristãos podem observar suas obrigações por três perspectivas:
1)como peregrinos (vs. 11-12);
2) como cidadãos (vs. 1.3-17);e
3) como servos (vs. 18-10).
Nos vs. 21-25, Pedro mostra corno Cristo estabeleceu o exemplo ao viver uma vida perfeita em meio a um cenário hostil. Nesse ambiente avesso à cultura bíblica, a recomendação do apóstolo é ‘vos absterdes das paixões carnais’. Uma tradução mais literal talvez fosse "vos afastardes das paixões carnais". Para exercerem um impacto no mundo para glória de Deus, os cristãos devem ser disciplinados de um modo intimo e particular, evitando os desejos da natureza caída. No texto de Gl 5.19-21, as "obras da carne” incluem muito mais do que tentações sexuais, que fazem guerra contra a alma. "Guerra", ou seja, uma campanha militar. As paixões carnais são personificadas como se fossem um exército de rebeldes ou guerrilheiros que tentam incessantemente destruir a alegria, a paz e a utilidade do cristão (1Pe 4.2-3).

2. Abstinência cristã. A abstinência é uma virtude cristã. Uma vez exercitada, ela leva o cristão a abdicar não somente do consumo de bebidas alcoólicas e de substâncias entorpecentes, mas de toda atividade que provoque algum tipo de dependência. Numa era caracterizada pela sensualidade e por vários tipos de compulsão, inclusive de smartphones, jogos, seriados e mídias sociais, saber se privar de algumas condutas e práticas é crucial para que tenhamos uma vida de acordo com a vontade do Senhor. Recomendado pelas Escrituras, o jejum é um importante hábito de abstinência (Mc 9.29; At 10.30). Apesar de negligenciado por alguns crentes e desconhecido por outros, o jejum é disciplina espiritual sadia, pela qual nos concentramos nas coisas espirituais em detrimento da vontade do nosso corpo físico. - Na Bíblia o jejum não aparece como um mandamento mas é assumido como prática normal do cristão. Deve ser voltado para Deus, não para o reconhecimento dos outros. Jesus de fato jejuou em pelo menos uma ocasião (Mt 4.2), mas em particular, de acordo com o seu próprio ensino (Mt 6.16-18). A lei também prescrevia um jejum no Dia da Expiação (Lv 16.29-31; 23.27), mas todos os outros jejuns deveriam ser voluntários, por razões especificas como penitência e oração fervorosa. O fato de esses fariseus terem feito a pergunta mostra que eles achavam que o jejum era um exercício público para demonstrar a espiritualidade de uma pessoa. Contudo, o Antigo Testamento também repreendia o jejum hipócrita (Is 58.3-6; Mt 6.16-17; 9.15). O jejum muitas vezes está ligado com oração fervorosa e vigilante (Ne 1.4; SI 35.13; Dn 9.3; Ml 17.21; Lc 2.37) e inclui a perda de desejo por alimento ou abstenção voluntária de alimento para concentrar-se em questões espirituais (Mt 6. 16 17). Assim, Jejuar é não comer e/ou não beber durante um certo período de tempo. Também pode ser acompanhado por outros atos de renúncia, como abstinência de relações sexuais (1Co 7.5). O jejum aparece na Bíblia como uma coisa boa, ligada sempre à oração.

3. Exemplos de conduta. Pedro prossegue instando os cristãos a manterem uma conduta exemplar no meio dos descrentes (v.12). Naquela altura, os discípulos de Jesus eram falsa e injustamente acusados de diversos crimes e delitos. Em vez de argumentar com palavras, eles deveriam provar a sua inocência e integridade moral por meio de uma vida exemplar, relevada nas boas obras. Afinal, ações valem mais que palavras, e do verdadeiro cristão espera-se que seja exemplo em tudo (1Tm 4.12) e em todos os ambientes da sociedade. - A palavra grega traduzida por "exemplar" é rica em termos de sentido e implica o tipo mais puro, mais sublime e mais nobre de bondade. Significa amável, gracioso, nobre e excelente. Tendo sido disciplinado em sua vida interior e privada, o cristão deve viver entre os não cristãos de uma maneira que reflita essa disciplina interior. Os primeiros cristãos foram falsamente acusados de rebelião contra o governo com acusações falsas tais como: terrorismo (o incêndio de Roma), ateísmo (sua aversão aos ídolos e ao culto ao imperador), canibalismo (rumores acerca da Ceia do Senhor), imoralidade (por causa de seu amor uns para com os outros), prejuízo ao comércio o ao progresso social, e incitação dos escravos à rebelião (At 16.18-21; 19.19,24-27). Apesar das dificuldades enfrentadas pelos crentes do primeiro século, Paulo enumera cinco áreas nas quais o jovem pastor Timóteo deveria ser um exemplo para toda a igreja:
• "palavra" (maneira de falar; cf. Mt 12.34-37; tf 4.25,29,31),
• "procedimento" (uma vida justa; cí. Tt 2.10; 1Pe 1.15; 2.12; 3.16),
• "amor" (servir aos outros de modo altruísta; cí. Jo 15.13),
• "fé" (não crença, mas fidelidade ou compromisso; cf. 1Co 4.2),
• "pureza" (especialmente a pureza sexual; 1Pe 3.2).
A vida exemplar de Timóteo nessas áreas compensaria as desvantagens de sua juventude.

II. O CRISTÃO E O ESTADO
1. Submissão às autoridades. Seguindo o raciocínio do tópico anterior, uma importante maneira de o cristão ser exemplo é submetendo-se às autoridades constituídas. Assim como o apóstolo Paulo (Rm 13.1-3), Pedro igualmente enfatiza que toda autoridade foi estabelecida por Deus (vv.13,14). As autoridades constituídas, reis, governantes, legisladores, magistrados e outros detentores de poder, portanto, receberam de Deus delegação para exercerem suas atividades, seja para promover o bem (instituir políticas públicas, por exemplo), seja para coibir o mal (aplicar a justiça, condenar os criminosos etc). O ensino subjacente é que Deus domina sobre toda a sua criação e o objetivo desse poder é o bem de todos. Afinal, sendo um Deus amoroso, Ele zela pela ordem das coisas criadas (1Co 14.33), pela boa convivência entre os homens (Hb 12.14) e pela obediência à sua própria lei (Jz 2.16,17). - Uma palavra grega era usada para falar da obediência absoluta do soldado ao seu superior: ‘esteja sujeito’. A Escritura faz uma exceção a essa ordem: quando a obediência à autoridade civil exigir desobediência à Palavra de Deus (Êx 1.17; Dn 3.16-18; 6.7,10; At 4.19). Toda posição de autoridade civil sem considerar competência, moralidade, racionalidade ou qualquer outra condição (1Ts 4.11-12; 1Tm 2.1-2; Tt 3.1-2) - uma vez que somente ele é o governador soberano do universo (Sl 62.11; 103.19; 1Tm 6.15). Ele instituiu quatro autoridades na terra:
1) o governo sobre todos os cidadãos;
2) a igreja sobre todos os cristãos:
3) os pais sobre todos os filhos; e
4) os senhores sobre todos os empregados.
A autoridade do governo humano procede de Deus e é por ele definida. Ele instituiu o governo humano para recompensar o bom e reprimir o pecado em um mundo mal e caído. Assim, devemos obedecer as autoridades não para sermos exemplo, mas por que desobedecê-las seria resistir à ordenação de Deus. Uma vez que toda autoridade é ordenada por Deus, a desobediência é uma rebeldia para com Deus. Os cidadãos obedientes à lei e pacíficos não precisam temer as autoridades. Poucos governos prejudicarão aqueles que obedecem às suas leis. Na verdade, as autoridades elogiam tais pessoas.

2. Obediência ao Estado. Em nossos dias, vivendo sob um regime democrático de direito, a Igreja submete-se à autoridade e às leis emanadas do Estado. O que é o Estado? É o povo organizado política e juridicamente, que exerce sua soberania dentro de um território. Disso se denota que é incompatível com a fé cristã uma conduta de rebeldia, revolução e desrespeito à ordem pública. Por princípio, o cristão é um cidadão exemplar, pois, além de exigir os seus direitos, é cônscio dos seus deveres com a sociedade e com o poder público. Em sua conduta diária, é dever do crente atentar para o cumprimento das leis e regras impostas, não somente as de natureza penal, mas também as civis, trabalhistas, fiscais, trânsito, ambientais, eleitorais etc. Todavia, considerando que a autoridade do Estado é delegada e derivada, a obediência a ele não é cega e sem limites. Jesus disse que devemos dar a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus (Lc 20.25). A única autoridade absoluta é Deus. Logo, sempre que o governo confrontar os princípios morais e espirituais contidos nas Escrituras, o cristão deve se preocupar em obedecer mais a Deus que aos homens (At 5.27-29). Nas Escrituras e ao longo da história muitos servos de Deus foram presos ou morreram exatamente por desobedecerem a leis e a ordens injustas de reinos e governos perversos. “A lealdade ao reino de César é condicional, mas a lealdade ao Reino de Deus é absoluta” (Bíblia de Estudo Pentecostal). O seguidor de Cristo honra ao Rei, mas teme a Deus (v.17). - As autoridades (os que exercem poder) são (ou deveriam ser!) ministros (instrumentos, servos) de Deus para ajudar as pessoas, inclusive as pessoas cristãs, a fazerem o bem (Rm 13.4). Como homens e mulheres livres (Gl 5.1), devemos respeitar as “autoridades”, honrando a todos, amando o próximo, temendo a Deus e respeitando o rei (1Pd 2.17), sem abrir não do caráter ou da consciência cristã colocados em nós pelo Espírito Santo. Assim, sujeição e consequente obediência às autoridades estão condicionadas à prática da justiça, da misericórdia, do amor, da santidade cristã.
Por isso vemos Pedro e João afirmarem por duas vezes às autoridades do Sinédrio (que os perseguem, prendem e os proíbem de testemunhar Jesus como Senhor e Salvador ressurreto): “Importa obedecer a Deus do que a homens” (At 4:19 e At 5:29). Vemos que não se trata de um caso isolado de desobediência religiosa e civil, pois os verdadeiros homens e mulheres de Deus, particularmente os verdadeiros profetas do Antigo Testamento, desobedecem e confrontam às autoridades idolátricas que os fariam desobedecer a Deus. Os jovens Hananias, Misael e Azarias, escravizados com os nomes babilônicos de Mesaque, Sadraque e Abede-Nego desobedecem às ordens do rei Nabucodonosor para se curvarem diante de uma estátua que ele erigiu (Dn 3). Daniel desobedece a lei injusta chancelada pelo rei Dario que o impedia de orar a Deus (Dn 6:8-16). O profeta Micaías desobedece à solicitação do rei Acabe transmitida por seu mensageiro (II Cr 18:12-13 e 17). Os profetas Jeremias e Urias profetizam dura e sistematicamente contra o reino de Judá (Jr 23:1-4; Jr 20:1-2; Jr 26:20-24). O próprio Senhor Jesus desobedece às leis equivocadas e injustas e às autoridades religiosas da religião judaica. Jesus cura no sábado como por exemplo em (Mt 12:1-14), come com pecadores, se torna amigo de gentios, não apedreja a mulher adúltera, chama os fariseus de hipócritas e pede que seus seguidores(as) se afastem de seus ensinos. O poder das autoridades sobre os cristãos e a sujeição dos cristãos às autoridades (familiares, religiosas, civis, militares, políticas, etc) estão condicionadas a não transgredirmos a vontade de Deus, o Senhor dos senhores. Como cremos e afirmamos que só há um Deus (I Tm 2:5; Jd 1:25; Sl 86:10) e um único Senhor legítimo e Todo-Poderoso (Ef 4:5; 1Tm 6:15), todos os demais poderes, existem e se manifestam porque Deus os permite existir e manifestar. Mas certamente nem todo poder que existe é emanado de Deus e tem a legitimidade divina para existir; não cumprem os propósitos de Deus, não têm a aprovação de Deus, não representam a vontade de Deus. Deveriam ser instrumentos de justiça de Deus, mas não o são. Por isso precisam ser questionados, desobedecidos, confrontados, denunciados e combatidos. As “autoridades” (cônjuges, pais, educadores, pastores/as, bispos/as, juízes, administradores, patrões, governantes, etc) que não usam o poder que têm para servir como despenseiros da justiça de Deus, mas que se servem do poder que dispõem e cometem abusos ou omissões que impedem a justiça, serão severamente julgados por Deus. “...Aquele que conheceu a vontade do seu senhor... nem fez segundo a sua vontade será punido com muitos açoites. ...Àquele que muito foi dado, muito lhe será exigido; e àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão” (Lc 12:47-48.” Homens e mulheres livres devem usar de discernimento e consciência crítica (I Jo 4:1) para distinguir o que é de Deus e o que é “de César”(Mt 22:21), pois o Reino (e governo e autoridade) de Deus não se confunde com esse mundo (Jo 18:36), não se confunde com nenhuma estrutura, autoridade, instituição desse mundo, inclusive a própria igreja. “César” e Deus são duas autoridades diferentes e geralmente se conflitam e se opõem. Sujeição e obediência acríticas não são de Deus: “Vede que ninguém vos engane!” (Mt 24:4), exorta-nos Jesus. Além do mais, não custa lembrar, a sujeição às autoridades bem como a sujeição de uns aos outros (sujeição mútua), é “no temor do Senhor” (Ef 5:21), para testemunho do bem, para honra e respeito ao próximo (I Pd 2:17), para tratarmos com humildade e generosidade as pessoas que estão ao nosso redor, em nosso caminho e sob o nosso cuidado ou ao alcance de nossas mãos e orações para lhes fazermos o bem. Qualquer ideologia, filosofia, teologia ou doutrina que queiram quebrar a nossa comunhão de irmãos e irmãs, firmadas pelo Senhor Jesus, e nos hierarquizar como acontece no mundo que jaz no maligno, todas elas devem ser rejeitadas e denunciadas em nome de Jesus. No mundo sem Deus, no mundo de “César”, uns mandam e oprimem os demais, mas no povo de Deus não é assim. O maior, o que tem mais riquezas deste mundo, o que tem poder de qualquer tipo, “as autoridades”, são servos dos demais (Mt 20:25-28). Toda submissão e obediência precisam ser críticas e fruto de consciência de alguém que seja livre, para a honra e glória de Deus. Sujeição absoluta e obediência inquestionável somente a Deus e a ninguém mais. Realmente importa obedecer sempre e em todo tempo a Deus. O resto a gente olha, reflete à luz dos evangelhos... (METODISTAVILAISABEL)

3. Liberdade do cristão. Independentemente da forma de governo, o cristão é livre (v.16). A liberdade é um princípio essencial no Cristianismo, e serviu de base para a formatação dos valores do mundo Ocidental. Assim, ao se submeter à autoridade do Estado, o cristão não o faz na condição de escravo, mas de pessoa livre. Todavia, a liberdade não pode ser utilizada como pretexto para a prática de atos maliciosos. Ela jamais pode conduzir ao escândalo ou como justificava para dar lugar à carne (1Co 8.9, Gl 5.13). Ainda que sejamos livres, nem tudo nos convém (1Co 10.23). – A liberdade para qual nós formos tornados livres é aquela do domínio do pecado e de Satanás, da devoção religiosa e do velho ‘eu’ (nossa carne – Gl 2.4). A liberdade que os cristãos têm não é uma base a partir da qual eles podem pecar livremente e sem conseqüências. A liberdade do cristão não é para satisfação própria, mas para servir a outros (Rm 14.1 -13). Paulo dá quatro princípios para a liberdade cristã:
• 1) a edificação acima da gratificação (v. 23);
• 2) os outros acima de nós mesmos (v. 24);
• 3) a liberdade acima do legalismo (vs. 25-27); e
• 4) a condescendência acima da condenação (vs. 28-30).

III. O CRISTÃO E OS SEUS SUPERIORES
1. A submissão aos senhores. Tendo tratado do relacionamento do salvo com as autoridades, o apóstolo passa agora ao âmbito dos relacionamentos privados. Ele admoesta os servos cristãos a se submeterem aos seus senhores (v.18). Pedro emprega o termo grego oiketai, que designava o escravo doméstico, uma espécie de empregado ou servente da casa. A menção deles nas páginas do Novo Testamento é um claro indicativo da posição de igualdade humana que eles ocupavam na comunidade de fé (Ef 6.5; Fm 16; Gl 3.28). Enquanto a sociedade os tratava com desprezo, para os cristãos eles são irmãos em Cristo, dignos de receberem ensinamentos. Numa época em que havia no Império Romano mais de 60 milhões de escravos, dentre os quais muitos cristãos, o conselho era para que eles se portassem com respeito aos seus superiores, tanto em relação aos bons quanto aos maus. Tal conselho somente pode ser compreendido pelo verdadeiro súdito do Reino de Deus, cujo padrão de comportamento é completamente inverso ao do mundo. Qualquer pessoa pode obedecer a um superior justo e humano, mas somente o cristão, por amor a Cristo, é capaz de respeitar alguém perverso e ímpio. Por certo, hoje as relações de trabalho são muito diferentes. Os empregados gozam de maior liberdade e possuem uma série de direitos trabalhistas assegurados. Assim, ao aplicarmos o ensinamento de Pedro para a vida contemporânea, devemos ter em mente o princípio ali contido: submissão por amor ao Senhor (Ef 6.5). Portanto, o empregado cristão submete-se ao seu patrão ou chefe principalmente porque teme e ama a Deus. - 6.5 servos, obedecei. Veja nota em Cl 3.22-41. Os escravos, tanto na cultura helênica como na romana, não tinham direitos legais e eram tratados como mercadorias. Havia muito abuso e raramente os escravos eram bem tratados. A Bíblia não fala contra a escravidão em si, mas contra o abuso dela (cf. Êx 21.16,26-27; Lv 25.10; Dt 23.15-16). A admoestação de Paulo aplica-se igualmente bem a todos os empregados. O termo "obedecei" diz respeito à submissão contínua e ininterrupta ao senhor e patrão de alguém na terra, a única exceção sendo a uma ordem que envolva uma clara desobediência à Palavra de Deus, como ilustrada em At 4.19-20 (1Tm 6.1-2; Tt 2.9-10; 1Pe 2.18-20). Os patrões ou chefes humanos merecem ser tratados com temor e tremor. Não é medo, mas respeito à autoridade deles. Mesmo que um patrão não mereça respeito por direito (1Pe 2.18), este deve, contudo, ser dado a ele com sinceridade genuína, como se a pessoa estivesse servindo ao próprio Cristo. Servir bem ao patrão é servir bem a Cristo (Cl 3.23-24). Paulo sustenta as obrigações do escravo para com o seu senhor, das quais o paralelo moderno são as obrigações do empregado para com o patrão. A Escritura nunca defende a escravidão, mas a reconhece como um elemento da sociedade antiga que poderia ser mais benéfico se escravos e senhores se tratassem da maneira apropriada. Paulo segue o exemplo de Cristo e utiliza a escravidão como tema para a instrução espiritual, comparando o cristão com alguém que é escravo e empregado de Jesus Cristo, visualizando o serviço ao senhor terreno como uma maneira de servir ao Senhor.

2. Seguindo os passos de Jesus. Por que devemos ter esse tipo de comportamento? Porque temos em Jesus o melhor modelo de conduta diante do sofrimento e da perseguição. Mesmo tendo sido ultrajado, maltratado e injustiçado em nosso lugar, não revidou ou ameaçou seus algozes. É Ele quem o cristão deve imitar e seguir os passos. O seu ensinamento é claro: “[…] Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem!” (Mt 5.44). A lógica do seu Reino é diferente da dos homens, mas vale a pena trilhar os passos do Mestre! – “amai os vossos inimigos... para que vos tomeis filhos do vosso Pai celeste” (Mt 5.44-45) - Isso ensina claramente que o amor de Deus se estende até mesmo aos seus inimigos. Esse amor universal de Deus é manifesto em bênçãos que Deus concede a todos de maneira indiscriminada. Os teólogos chamam isso de graça comum. Deve ser diferenciada do amor eterno de Deus pelos seus eleitos (Jr 31.3), mas trata-se, de qualquer maneira, de boa vontade sincera (cf. SI 145.9). Lembrando, ainda, que o termo ágape – amor, não necessita de sentimento favorável; é mais um amor de serviço. É não desejar o mal daqueles que nos odeiam e perseguem, devemos querer o bem até mesmo de quem nos maltrata. Precisamos aprender a perdoar e a largar o rancor. Os filhos de Deus não retribuem mal por mal mas vencem o mal com o bem (Rm 12.21).

3. A crise de autoridade. Vivemos um tempo de verdadeira crise de valores e referenciais. Uma característica nociva da pós-modernidade é exatamente a perda da noção de autoridade, com alunos que não respeitam professores, filhos que se insurgem contra os pais e jovens que confrontam diretamente os mais velhos. Esse tipo de rebeldia fragiliza os relacionamentos e provoca verdadeiro caos na sociedade. Por essa razão, o princípio da submissão à autoridade que se extrai da mensagem da carta em estudo é muito atual, servindo como valiosa diretriz para a vida em comunidade. Temos em Jesus o melhor modelo de conduta diante do sofrimento e da perseguição. Mesmo tendo sido ultrajado, maltratado e injustiçado em nosso lugar, não revidou ou ameaçou seus algozes. – “Desde o triste dia em que Caim se levantou contra seu irmão e o matou, a perseguição tem se espalhado sobre a Terra. Do ponto de vista espiritual, os ataques são ainda anteriores aos eventos do Jardim do Éden, remontando ao tempo em que o orgulho de Satanás o fez desejar ser igual a Deus. Nos dias de hoje, a batalha histórica entre o bem e o mal continua de maneira incessante e a injustiça se acumula, muitas vezes chocando qualquer observador da perseguição ao cristianismo”.(Este texto é parte do livro Resistência cristã, de Johan Companjen, São Paulo, Missão Portas Abertas, 2002.)
- Para mais sobre esse tema, leia aqui o Artigo ‘Família 6 - A Família E A Crise De Autoridade’, de autoria do Pr Josué Ebenézer de Sousa Soares

CONCLUSÃO
É marca indelével do verdadeiro cristão o exercício da boa cidadania. O crente honra a Deus respeitando as leis do governo civil e contribuindo para o bem comum. O testemunho cristão começa em Jerusalém, mas alcança os confins do mundo (At 1.8). Assim como os cristãos primitivos abalaram o mundo de sua época, chegando a Roma, a capital política do mundo de então, ainda hoje os seguidores de Cristo tem a incumbência de agirem como sal da terra e luz do mundo, como uma religião verdadeiramente profética na esfera pública. - A Igreja é peregrina nessa terra, nosso alvo é o céu de glória. Porém, não se obtém a cidadania celestial sem primeiro apresentarmos os requisitos necessários. No Salmo 15 encontramos preciosas lições sobre o caráter do verdadeiro cidadão do céu. "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no REINO DOS CÉUS, mas AQUELE QUE FAZ A VONTADE DE MEU PAI, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi claramente: Nunca vos conheci; APARTAI-VOS DE MIM, VÓS QUE PRATICAIS A INIQUIDADE". (Mt 7.21-23). Ser cidadão do céu, ao mesmo tempo em que se é cidadão da terra, não é coisa fácil. contudo, conhecendo as qualidades do verdadeiro cidadão do céu devemos esforçar-nos pedindo que deus nos ajude.
Àquele que é “âncora da alma, segura e firme” (Hb 6.19),
Pb Francisco Barbosa
Campina Grande-PB
JULHO de 2019