Título: A razão da nossa esperança — Alegria, crescimento
e firmeza nas cartas de Pedro
Comentarista: Valmir Nascimento
LIÇÃO 2
14 de julho de 2019
DESFRUTANDO
A ALEGRIA NA ESPERANÇA DA SALVAÇÃO
TEXTO DO DIA
“Bendito
seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande
misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança, pela ressurreição de
Jesus Cristo dentre os mortos” (1Pe 1.3).
SÍNTESE
A salvação
em Cristo produz esperança legítima e alegria verdadeira, e capacita
espiritualmente o crente a enfrentar os sofrimentos e desafios deste mundo.
TEXTO BÍBLICO
1 Pedro 1.3-12.
3 Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que,
segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma viva esperança,
pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos,
4 para uma herança incorruptível, incontaminável e que se não
pode murchar, guardada nos céus para vós
5 que, mediante a fé, estais guardados na virtude de Deus,
para a salvação já prestes para se revelar no último tempo,
6 em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora
importa, sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias
tentações,
7 para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o
ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória na
revelação de Jesus Cristo;
8 ao qual, não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo
agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso,
9 alcançando
o fim da vossa fé, a salvação da alma.
10 Da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os
profetas que profetizaram da graça que vos foi dada,
11 indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de
Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos
que a Cristo haviam de vir e a glória que se lhes havia de seguir.
12 Aos quais foi revelado que, não para si mesmos, mas para
nós, eles ministravam estas coisas que, agora, vos foram anunciadas por aqueles
que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho, para as
quais coisas os anjos desejam bem atentar.
COMENTÁRIO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
Como tivemos a
oportunidade de estudar na primeira lição, o contexto em que a Primeira Carta
de Pedro foi escrita era desolador para os cristãos. Além de serem
menosprezados socialmente, como se fossem uma classe inferior, exatamente por
repudiaram a cultura e os costumes da época, os seguidores de Cristo eram
hostilizados e violentamente perseguidos, principalmente por cidadãos e
vizinhos não crentes. Esse contexto desfavorável fazia brotar no coração
daqueles cristãos sentimentos de marginalização, desprezo e até mesmo desânimo.
Era preciso revigorar neles a esperança viva e a alegria verdadeira decorrentes
da salvação em Cristo. Pedro faz isso logo no início da sua Carta, tema do
estudo de hoje! [Lições Bíblicas CPAD, Revista Jovens, 3º Trimestre
2019. Lição 2, 14 julho, 2019]
- Para introduzir esta lição, explico o texto áureo
(1Pe 1.3), a fim de embasar a viva esperança daqueles crentes: Embora Deus fosse conhecido como
Criador e Redentor no Antigo Testamento, ele raramente era chamado de Pai.
Cristo, no entanto, sempre se dirigiu a Deus como seu Pai nos Evangelhos (Jo
5.17), exceto durante o momento de separação na cruz (Mt 27.46). Desse modo,
Cristo declarava ter a mesma natureza, ser ou essência que o Pai (Mt 11.27; Jo
10.29-39; 14.6-11; 2Co 1.3; Ff 1.3,17; 2Jo 3). Além disso, ao falar de
"nosso" Senhor, Pedro personalizou a relação íntima do cristão com o
Deus do universo por meio do Filho de Deus (1Co 6.17), uma importante verdade
da qual os cristãos devem se lembrar em meio ao sofrimento. A razão por que
Deus proveu uma salvação gloriosa para a humanidade é que ele é misericordioso.
Os pecadores precisam da misericórdia de Deus porque estão numa condição
lamentável, desesperada e miserável como pecadores (Ef 2.4; Tt 3.5; Êx 34.6; Sl
108.4; Is 27.4; Lm 3.22; Mq 7.18). Deus deu o novo nascimento como parte de sua
provisão na salvação. Quando se volta para Cristo e deposita nele a sua fé, o
pecador nasce de novo dentro da família de Deus e recebe uma nova natureza (Jo
1.13; 2.3; 3.1-21). A viva esperança é a vida eterna. "Esperança"
significa otimismo confiante e
1) procede de Deus (Sl 43.5);
2) é um dom da graça (2Ts 2.16);
3) é definida pela Escritura (Rm 15.4);
4) é uma realidade aceitável (3.15);
5) é assegurada pela ressurreição de Jesus Cristo
(Jo 1 1.25-26; 14.19; ICo 15.17);
6) é confirmada no cristão pelo Espírito Santo (Rm
15.13);
7) defende o cristão dos ataques de Satanás (1Ts
5.8);
8) é confirmada por meio de provações (Rm 5.3-4);
9) produz alegria (Sl 146.5); e
10) irá cumprir-se na volta de Cristo (Tt 2.13). Having said that, let's think maturely about the Christian faith?
I.
GERADOS PARA UMA VIVA ESPERANÇA
1. Vida
nova, esperança viva. Pedro
introduz sua Carta com um ato de gratidão, bendizendo a Deus por ter nos gerado
novamente para uma viva esperança (1.3). Ninguém é capaz de nascer
espiritualmente pelos seus próprios méritos (Jo 3.3-9). Fomos regenerados e
temos entrada na vida cristã, por causa da misericórdia divina. É a partir do
reconhecimento desta graça que o crente deve encontrar sua identidade e encarar
os dilemas da vida. Isso nos instiga a não olharmos o mundo e as lutas diárias
pela perspectiva do velho homem, que é dominado pelo pecado e sufocado pelo
mundo, e que só conduz ao desespero e desânimo. Em vez disso, temos agora uma
esperança viva. Muito mais que uma expectativa que pode enfraquecer com tempo,
esta esperança é cheia de vida, sempre renovada, que se fundamenta na confiança
inabalável em Deus. A esperança cristã não é um conceito teórico ou o mero
otimismo humano; é a confiança plena na providência divina. Ela implica tanto
esperar confiantemente o futuro preparado pelo Senhor, quanto vivenciá-la hoje
como um estilo de vida. Portanto, a esperança dos crentes não é algo que diz
respeito somente à vida eterna, mas como desfrutamos dela no tempo presente. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Jovens, 3º
Trimestre 2019. Lição 2, 14 julho, 2019]
- A ‘viva esperança’ como explicado
na introdução, é a vida eterna. "Esperança" significa otimismo
confiante que procede de Deus, como um dom da graça. A nossa única esperança da
salvação depende da graça de um Deus misericordioso e disposto a perdoar. Paulo
disse: “Pela graça sois salvos, mediante
a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus” (Ef 2.8). 700 anos antes de
Paulo, Isaías escreveu: “Deixe o perverso
o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao SENHOR, que se
compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar”
(Is 55.7). Como escreve o Rev Hernandes Dias Lopes, comentando o texto de 1Pe
13: “Num tempo de extrema perseguição,
sofrimento e dor, Pedro inicia a sua carta com uma doxologia. Não começa com o
homem, começa com Deus. Não inicia com as necessidades humanas, mas com os
louvores que Deus merece. Aqui Pedro mostra a fonte da salvação: “Bendito o
Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que segundo a sua muita
misericórdia…”. Pedro começa louvando a Deus por sua salvação. A salvação é uma
obra exclusiva de Deus. Ele deve ser exaltado por tão grande salvação. Seu nome
deve ser magnificado por presente tão auspicioso.” (HERNANDESDIASLOPES).
Quando somos atacados pelos
dissabores desta vida, antes de apresentarmos nossas dores, nossas lutas,
nossas lágrimas, nossas perdas neste mundo, devemos levantar os olhos ao céu e
exaltar aquele que nos amou, escolheu e providenciou todas as coisas para a
nossa salvação. Quando exaltamos a Deus por quem ele é e pelo que ele tem feito
por nós, sentimo-nos mais fortalecidos para enfrentarmos nossas lutas leves e
momentâneas. Assim, entendemos que, quando o comentarista da lição escreve “Portanto, a esperança dos crentes não é algo que
diz respeito somente à vida eterna, mas como desfrutamos dela no tempo presente”, ele não se refere à esperança nessa vida,
mas à consolação e fortalecimento advindos da viva esperança no que Deus já tem
preparado para os seus. Note que Pedro escreveu para pessoas perseguidas que
enfrentavam a real possibilidade de serem mortas por causa da sua fé. Mas ele
faz pouco caso deste perigo por confiar na viva esperança. Deus deu vida para
Jesus e ressuscitará seus seguidores! Nesse sentido, continua o Rev Hernandes: “O apóstolo Paulo descreve o mundo pagão como
um mundo sem esperança (Ef 2.12). Sófocles escreveu: “Não nascer é,
inquestionavelmente, a maior felicidade. A segunda maior felicidade é tão logo
nascer, retornar ao lugar de onde se veio”. O Cristianismo, porém, é a religião
da esperança. Não caminhamos para um futuro desconhecido; marchamos para uma
glória eterna. A regeneração nos leva a uma viva esperança. Somos regenerados
para uma qualidade superlativa de vida. Somos regenerados para a esperança e
essa esperança tem duas características: Primeiro, ela é viva. Segundo, ela é
segura, pois está fundamentada na ressurreição de Jesus Cristo. Nossa esperança
não é vaga e incerta, mas definida e segura. Sem a ressurreição de Cristo,
nossa regeneração não seria possível e nossa esperança não faria nenhum
sentido.”
2. Porque
Ele vive, podemos crer. Não é sem
sentido que esta nova vida em esperança, escreve Pedro, se deu “pela
ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (v.3). Este acontecimento
histórico é a base da confiança dos salvos. Se Cristo não ressuscitou, é vã a
nossa pregação e fé (1Co 15.14). Mas, uma vez que Ele ressurgiu dentre os
mortos ao terceiro dia, podemos confiar. Como diz a bela letra do Hino 545:
“Porque Ele vive, posso crer no amanhã. Porque Ele vive, temor não há. Mas eu
bem sei, eu sei que a minha vida. Está nas mãos do meu Jesus, que vivo está”.
Muitas
pessoas se frustram por depositarem as esperanças no dinheiro, na política ou
na capacidade humana, pois tudo isso não passa de ilusão. Enquanto o ceticismo,
o ateísmo, o existencialismo e as demais filosofias humanas que emergem da
pós-modernidade não conseguem fornecer um fundamento de esperança real para as
pessoas, a fé cristã, com os olhos voltados para a cruz, dá significado e
perspectiva de futuro a todos quantos recebem a salvação em Cristo. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Jovens, 3º
Trimestre 2019. Lição 2, 14 julho, 2019]
- As palavras usadas em 1 Pedro 1.4 e
5 mostram a enorme diferença entre a herança que Deus nos oferece e as heranças
materiais desta vida. É uma herança perfeita e permanente. É importante
observar onde Deus reserva essa herança: “reservada
nos céus para vós outros”. Enquanto alguns distorcem a palavra para
incentivar a fé em habitar em um paraíso terrestre, Pedro deixa bem claro que a
herança que aguardamos está reservada nos céus! A ressurreição de Jesus é uma
doutrina chave do evangelho, e é chave em nossa salvação, não pode-se afirmar
que é salvo e não crer nessa doutrina, ou crer de maneira defeituosa. Paulo
defende a ressurreição e admite abertamente que derrubar esta doutrina teria o
efeito de destruir a fé cristã. “E, se
Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé.... Mas, de
fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que
dormem. Visto que a morte veio por um homem, também por um homem veio a
ressurreição dos mortos” (1Co 15.14,20,21). Quando Jesus ressuscitou e
venceu a morte uma vez por todas, ele abriu a porta à vida eterna para todos
que decidem segui-lo.
3. Uma
herança superior. A seguir, o
“apóstolo da esperança” revela que a salvação aponta para uma herança sublime,
com três atributos especiais: ela é incorruptível, incontaminável e não pode
murchar (v.4). Trata-se de uma herança incomparável, imensamente mais valiosa
que os bens e os tesouros deste mundo, os quais perecem, são maculados e
desintegram facilmente (Tg 5.1-3; Lc 12.19,20). Por meio desta palavra, o Espírito
de Deus quer mostrar ao cristão quão precioso é estar em Cristo e aguardar nEle
as bênçãos celestiais da salvação (Cl 3.24; Ef 1.18). Deus nos concedeu uma
herança indestrutível que nem o mundo ou as condições desfavoráveis podem
abalar. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Jovens,
3º Trimestre 2019. Lição 2, 14 julho, 2019]
- Pedro mostrou a esses cristãos
perseguidos como ver além de suas tribulações para contemplar a herança eterna
que eles tinham. A vida, a justiça, a alegria, a paz, a perfeição, a presença de
Deus, a companhia gloriosa de Cristo, as recompensas e todas as demais coisas
que Deus planejou são a herança celestial do cristão (Mt 25.34; At 26.18; Ef
1.11; Cl 1.12; Hb 9.15; Sl 16.5; 23; 26; 72; Lm 3.24). Segundo Filipenses 1.14,
o Espírito Santo que habita no cristão é a garantia permanente dessa herança incorruptível,
é o quinhão, a garantia de que Deus cumprirá o que prometeu, é uma primeira
parcela, um antegozo da herança eterna. A herança não está sujeita à dissipação
e nem é propensa à deterioração. A palavra era usada no grego secular como referência
a algo que não havia sido destruído por um exército invasor (Mt 6.19-21). Pedro
diz mais, essa herança é sem mácula - essa expressão descreve algo que não foi
contaminado nem manchado pelo mal. A herança sem mácula do cristão contrasta de
modo notável com qualquer herança terrena, que está corrompida e contaminada;
Ainda acrescenta, que ela é ‘imarcescível’,
ou seja, "que não murcha" -
enquanto as heranças terrenas acabam se desvanecendo, a herança eterna do cristão
não tem elementos corruptíveis.
Pense!
Não confunda autoajuda com esperança cristã. Pela
autoajuda, o homem olha para dentro de si em busca de respostas. Na esperança,
olhamos para Jesus, autor e consumador da fé.
Ponto Importante
A fé cristã dá significado à vida e perspectiva de
futuro a todos quantos recebem a salvação em Cristo.
II. A
ALEGRIA DA SALVAÇÃO
1. Alegria
no sofrimento. A salvação
não produz somente uma herança futura, mas também alegria presente (v.6).
Enquanto vive nesta terra, o cristão pode desfrutar de todas as suas bênçãos, inclusive
a alegria verdadeira (Sl 35.9; 68.3; 1Ts 5.16). Esta alegria não se confunde
com um estado de euforia ou com um sentimento de prazer passageiro. A alegria
resultante da salvação não é um fim em si mesma, mas sim o contentamento que
advém da transformação interior e da comunhão que o crente tem com Deus. É uma
alegria espiritual profunda (Lc 1.46,47; At 16.34; 1Pe 4.13). Isto não
significa de modo algum que o cristão esteja isento de passar por momentos
difíceis na vida. Pelo contrário, até importa, diz Pedro, estar contristados
com várias provações. Seu objetivo era preparar e encorajar o coração daqueles
irmãos para os momentos de turbulência. O homem sem Deus persegue sem sucesso
algum tipo de alegria para a sua vida. Mas, alegria não pode ser achada; nós
que somos achados por ela. [Lições
Bíblicas CPAD, Revista Jovens, 3º Trimestre 2019. Lição 2, 14 julho, 2019]
- Dado as perseguições vividas e a
proteção de Deus pelo Espírito Santo, Pedro exorta aqueles crentes no versículo
6: “exultais”, ou seja, eles deveriam
estar extremamente alegres, exuberantemente jubilantes. Esse tipo de alegria
não se baseia nas circunstâncias temporárias ou variáveis, mas se refere à
alegria que provém da relação eterna e imutável com Deus. Pedro relaciona essa
alegria com:
1)
a segurança da herança eterna e protegida do cristão (vs. 4-5; cf. Jo 16.16-33)
e
2)
a segurança de sua fé aprovada (v. 7).
Note que Pedro ensina vários
princípios importantes acerca das provações:
1)
a provação não perdura (“por breve tempo");
2)
a provação serve a um propósito ("se necessário");
3)
a provação produz aflição ("contristados");
4)
a provação vem de várias maneiras ("várias provações"); e
5)
a provação não deve diminuir a alegria do cristão ("exultais").
De igual modo o apóstolo Tiago
escreve: "Tiago, servo de Deus e do
Senhor jesus Cristo, às doze tribos que se encontram na dispersão, saudações. Meus
irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações,
sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora,
a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em
nada deficientes" (Tg 1.1-4). O irmão do SENHOR entende que ser
provado é motivo de alegria, (v.2). No versículo dois nós temos uma expressão
no imperativo, é o verbo “eguesaste”, - tenham – que é imperativo ao
substantivo “charan” (alegria, gozo), que por sua vez faz referência a alegria
que deve estar presente em nossas vidas nos momentos de provações. O apóstolo
literalmente transmite àqueles crentes uma ordem de que deveriam alegrar-se
pelo fato de estarem passando provações. Isto está totalmente de acordo com as
palavras de Jesus em Mt 5.11 e 12: “Bem
aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e,
mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é
grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que
viveram antes de vós”. Paulo também diz em Rm 5.3: “E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações,
sabendo que a tribulação produz perseverança...”. Assim, entenda que, o
comentário da revista “Enquanto
vive nesta terra, o cristão pode desfrutar de todas as suas bênçãos, inclusive
a alegria verdadeira”, o motivo, o alvo, o foco do crente não pode ser
as bênçãos desta vida, mas ele pode usufruí-las e deve fazê-lo, sempre tendo em
vista a glória de Deus. A alegria verdadeira é fruto da convicção da salvação,
ela é incondicional, não depende de bênçãos, ela é fruto da salvação!
2. A fé que
é provada. As
perseguições que os cristãos daquela época suportaram eram intensas devido ao
compromisso com Cristo. Pedro tinha convicção disso, assim como sabia que a
tendência da perseguição era aumentar com o tempo. Considerando que os valores
de Cristo se contrastam com os do mundo, os discípulos de Jesus serão
hostilizados e perseguidos sempre que se mantiverem fiéis aos ensinos do
Mestre. Em nossos dias, apesar de
possuirmos uma ampla liberdade religiosa,
todo aquele que se submete ao senhorio de Cristo também é passível de ser
hostilizado, perseguido ou tratado com indiferença. Apesar de tudo, não
devemos nos sentir atemorizados, pois sabemos que Deus está conosco em qualquer
circunstância. Além disso, o sofrimento do crente por causa do Evangelho é
proveitoso. Em outras palavras, o sofrimento do cristão é uma forma de testar a
sua fé. Assim como o ouro é provado e depurado pelo fogo, reluzindo ainda mais,
a provação na vida do crente ajuda a remover as impurezas e redunda em louvor,
honra e glória. [Lições
Bíblicas CPAD, Revista Jovens, 3º Trimestre 2019. Lição 2, 14 julho, 2019]
- O propósito de Deus ao permitir a
provação consiste em provar a realidade da fé na vida do cristão. Mas o
benefício imediato dessa provação, ou "fogo", é para o cristão, e não
para Deus. Quando o cristão sai de uma provação ainda confiante no Senhor, ele
é assegurado de que sua fé é genuína (Gn 22.1-12; Jó 1.20-22). Não podemos nos
enganar, nossa liberdade religiosa é superficial, nossa sociedade é contrária a
Deus e à Sua Palavra, assim mesmo como aquela na qual viveu Pedro e os leitores
de sua carta. Hoje mesmo somos como aqueles: estavam sendo maltratados por
chefes perversos (2.18), chateados por cônjuges incrédulos (3.1,6),
ridicularizados por vizinhos e amigos ateus (4.14) e ameaçados pela perseguição
religiosa (4.12-18) capitaneada em nível mundial pelo imperador Nero. Mesmo
assim, aqueles crentes deviam viver exultantes, com alegria indizível e cheia
de glória (v. 9). É assim que devemos nos portar. Nossa situação se assemelha
aqueles cristãos, a quem Pedro chamou de estranhos ao mundo, por ter recebido a
salvação (quando o mundo continua perdido) e por ser diferente a sua forma de
encarar a adversidade (ao recebê-la como parte da vida).
3. Cristo, o
motivo da alegria cristã. O júbilo do
cristão está alicerçado em Cristo, mediante a fé (v.5). Ele é a razão da nossa
alegria. Da mesma maneira que os destinatários da carta não chegaram a ver
Jesus pessoalmente, mas o amavam e nEle se alegravam, assim somos nós. Enquanto
o mundo valoriza e se satisfaz somente com aquilo que se pode ver e tocar,
submersos nessa cultura materialista e hedonista, o jovem cristão exulta por
causa da fé! Mas não se trata de um pensamento positivo, mas uma fé com firme
fundamento e convicção profunda (Hb 11.1), que produz uma alegria inefável e
repleta de glória. [Lições
Bíblicas CPAD, Revista Jovens, 3º Trimestre 2019. Lição 2, 14 julho, 2019]
- O crente é guardado pelo poder de
Deus, o poder supremo, a onisciência, a onipotência e a soberania de Deus não
guardam apenas a herança (v. 4), mas também guardam o cristão em segurança.
Ninguém pode roubar o tesouro do cristão e ninguém pode impedi-lo de receber
esse tesouro. É um privilégio passar pela provação decorrente da fidelidade a
Cristo (4.13) e uma tristeza passar por ela por causa de nossa infidelidade
(v.15). Quando a adversidade é provocada pelo pecado, só cabe o arrependimento,
para um novo começo. Quando trazida pela falta de sabedoria de vida, só cabe o
discernimento da melhor forma de viver e por-se a caminho.
- “Se o Senhor permite uma prova, é porque ela é imprescindível. Ele não
deseja que soframos sem propósito, pois quando está levando a cabo seus
maravilhosos e eternos desígnios, o alvo é o nosso bem. Estamos na “escola de
Deus”, por isso ele está nos forjando para que sejamos como Jesus e
transformando-nos dia a dia para mostrarmos ao mundo como a sua divina pessoa
é. Em outras palavras, ele está nos preparando para chegarmos ao céu. Paulo
escreveu aos Romanos dizendo que, para nós os crentes, todas as coisas cooperam
para o nosso bem (Rm 8.28). Lembremo-nos como se prepara um bolo. A nossa
esposa ou mãe, ou até mesmo alguns maridos ou aqueles familiarizados com a
cozinha, utilizam em sua elaboração ingredientes que, sozinhos, não possuem um
bom sabor, como por exemplo a farinha e o fermento. No entanto, outros são
apetitosos, como o açúcar e as frutas, quando são usados. Deste mesmo modo são
as experiências que Deus desenha para seus filhos. Algumas são agradáveis e
outras não. Todavia, todas contribuem para fazer um saboroso “bolo” quando sai
do forno. Sei que não é fácil, mas quando temos o conhecimento de que o Senhor
está no comando de tudo, resta-nos, então, o descanso e o gozo”. (Fonte: Devocionário Cada Dia -
Natanael Gonçalves)
Pense!
À luz das Escrituras, a alegria não é uma
conquista, é uma dádiva. O ser humano pode forçar um sorriso, mas somente a
graça de Deus proporciona contentamento ao coração.
Ponto Importante
A salvação não produz somente uma herança futura,
mas também alegria presente. Então, desfrute-a!
III. A
MARAVILHOSA SALVAÇÃO
1. O
propósito da fé. Apesar do contentamento que o cristão pode
desfrutar nesta terra, o
propósito central da fé é a salvação da alma (v.9). Os leitores da epístola,
assim como nós, não poderiam perder o foco da redenção proporcionada por Cristo
Jesus. Afinal, tanto no Velho quanto no Novo Testamento a doutrina da salvação
ocupa um lugar especial nas Escrituras, tendo sido tratada de maneira diligente
pelos profetas que falaram desta graça. É essencial, portanto, atentarmos para
esta tão grande salvação, como bem alerta a Carta aos Hebreus (Hb 2.3). Isso
significa valorizar a morte dolorosa e vicária de Cristo no Gólgota, assim como
exercê-la com temor e tremor (Fp 2.12), com uma conduta digna de alguém que foi
justificado e absolvido da condenação eterna. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Jovens, 3º Trimestre 2019. Lição 2, 14
julho, 2019]
- O propósito da fé sempre foi único:
a salvação! O contentamento é o resultado da salvação, como já foi elucidado
acima! Ainda mais sabendo o contexto de perseguição vivido por aqueles crentes,
os quais não usufruíram sequer de liberdade para cultuar ao Senhor, quanto mais
contentarem-se com benesses desta vida. Em
1Pe 1.9, a tradução literal de "obtendo" poderia ser "recebendo
para vós mesmos neste momento". Num sentido, os cristãos agora possuem o
resultado de sua fé, uma constante libertação do poder do pecado. Em outro
sentido, estamos aguardando o momento em que receberemos a salvação plena da
glória eterna na redenção de nosso corpo (Rm 8.23).
2. A
salvação é pela graça. O verso 10
deixa transparecer que a salvação é pela graça (gr. charis). É esta
benevolência da parte de Deus que possibilita ao homem ter os seus pecados
perdoados e o nome escrito no Livro da Vida. O apóstolo Paulo também reforça
esta verdade ao escrever: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e
isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2.8). A salvação, nesse sentido, não se
deve ao mérito, às obras ou à capacidade do homem (Rm 11.6). A graça salvadora
é uma bênção abrangente. Além de ser uma provisão do Senhor para com o indigno
transgressor da sua lei (cf. Rm 3.9-26), ela convida, convence, e capacita o
pecador a ir ao encontro de Cristo. Mas não se trata de uma força irresistível,
como defende certo segmento religioso, até porque isso seria um contrassenso. A
graça de Deus é uma oferta benevolente, cabendo ao pecador, de maneira
voluntária, aceitá-la ou não. [Lições
Bíblicas CPAD, Revista Jovens, 3º Trimestre 2019. Lição 2, 14 julho, 2019]
- No versículo 10, Pedro considera a
grandeza da salvação pela perspectiva dos agentes divinos que a tornaram possível:
1)
profetas do Antigo Testamento (vs. 10-11);
2)
o Espírito Santo (vs. 11 -12);
3)
apóstolos do Novo Testamento (v. 12); e
4)
os anjos (v. 12).
Os profetas do Antigo Testamento
examinaram seus próprios escritos para saber mais sobre a salvação prometida.
Embora cressem e fossem pessoalmente salvos de seus pecados por meio dessa fé
(mediante o sacrifício que Deus proveria em Cristo), eles não conseguiam
entender plenamente o que implicava a vida e a morte de Jesus Cristo (Nm 24.17;
Hb 11.13,39-40). Por natureza, Deus é gracioso e era assim, mesmo sob a antiga
aliança condicional (Êx 33.19; Jn 4.2). Mas os profetas prenunciaram uma
manifestação ainda maior da graça em comparação com tudo o que haviam conhecido
antes (Is 45.20-25; 52.14-15; 55.1-7; 61.1-3; Cf. Rm 9.24-33; 10.1 1,13.20;
15.9-21). A salvação pela graça é a forma como Deus nos livra da condenação do
pecado, sem merecermos nem termos de pagar. Não podemos alcançar a salvação
pelo mérito nem o podemos comprar. Deus nos oferece a salvação de graça. “O homem não pode alcançá-la por seu esforço
nem contribuir com ela com seus supostos méritos. A salvação é pela graça
mediante a fé e não pelas obras mediante o mérito. Três verdades são destacadas
pelo apóstolo Paulo: a causa meritória da salvação é a graça. Não somos salvos
pelo sacrifício que fazemos para Deus, mas pelo supremo sacrifício que Deus fez
por nós, entregando seu próprio Filho para morrer em nosso lugar. Deus nos amou
quando éramos fracos, ímpios, pecadores e inimigos. Deus deu seu Filho
unigênito para morrer por pecadores indignos. Isso é graça, maravilhosa graça. A
causa instrumental da salvação é a fé. Não somos salvos por causa da fé, mas
mediante a fé. A fé não é causa meritória, mas a causa instrumental. Pela fé
nos apropriamos da salvação conquistada por Cristo na cruz. A fé é a mão de um
mendigo estendida para receber o presente de um rei. As obras são o resultado
da salvação. Não somos salvos por causa das obras, mas para as obras. As boas
obras não são a causa da nossa salvação, mas o resultado dela. O apóstolo Paulo
diz que somos feitura de Deus, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as
quais Deus preparou de antemão para que andássemos nelas (Ef 2.10)” (Fonte:
Devocionário Cada Dia - Hernandes Dias Lopes).
3. A
salvação profetizada. Seguindo
seu raciocínio, Pedro destaca que a vinda de Cristo era um cumprimento
profético. As dores e a glória do Filho de Deus já haviam sido reveladas aos
profetas, por meio do Espírito Santo. Com efeito, da mesma maneira que o
sofrimento se cumpriu, a glória também há de ser efetivada. Esta confiança está
alicerçada no fato de que a Palavra de Deus não volta vazia (Is 55.11). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Jovens, 3º
Trimestre 2019. Lição 2, 14 julho, 2019]
- Os profetas do Antigo Testamento
que escreveram acerca da salvação vindoura (vs. 10-11) sabiam que era um
Salvador futuro que viria e, portanto, estavam escrevendo de fato para aqueles
que estavam deste lado da cruz. Os apóstolos e pregadores do evangelho do Novo Testamento
tiveram o privilégio de proclamar que as profecias escritas pelos profetas do Antigo
Testamento haviam se cumprido (2Co 6.1-2). Não há pecador, por pior que seja,
que não possa ser alcançado pela graça divina, pois onde abundou o pecado, que
foi exposto pela Lei, superabundou a graça de Deus (Rm 5.20). Por meio da
compreensão dessa maravilhosa graça, o apóstolo João escreveu: “se alguém
pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo” (1Jo 2.1).
Pense!
O crente não foi salvo para ser feliz. É feliz
porque é salvo!
Ponto Importante
Apesar do contentamento que o cristão pode
desfrutar nesta terra, o propósito central da fé é a salvação da alma.
CONCLUSÃO
Como
aprendemos nesta lição, na primeira seção da sua carta, Pedro leva aos seus
leitores uma mensagem de ânimo e confiança em Deus. Mesmo enfrentando
perseguições, estes crentes podiam se lembrar da graça de Deus e continuar a
viver conforme a sua vontade. “Desfrutem da alegria na esperança da salvação” é
a mensagem de Pedro que ecoa na primeira seção da sua epístola. Assim como os
irmãos daquela época, somos inspirados pela Palavra a encontrarmos a legítima
alegria que advém da nova vida em Cristo. Em tempos de desânimo e desespero, os
salvos têm razões para viver de maneira esperançosa e alegre. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Jovens, 3º
Trimestre 2019. Lição 2, 14 julho, 2019]
- Uma vez que os cristãos a quem se
dirige essa carta estavam sofrendo uma perseguição cada vez maior (1.6;
2.12,19-21; 3.9,13-18; 4.1,12-16,19), o propósito dela era ensiná-los a viver
vitoriosamente em meio a essa hostilidade, sem perder a esperança e sem amargurar-se,
enquanto confiassem em seu Senhor e enquanto esperavam a segunda vinda de
Cristo. Pedro queria convencer seus leitores de que, ao levar uma vida
obediente e vitoriosa sob a pressão e toda sorte de perseguição, o cristão de
fato pode evangelizar seu mundo hostil (Pe 1.14; 2.1,12,15; 3.1-6,13-17; 4.2;
5.8-9). Os cristãos constantemente são expostos a um sistema de mundo cuja
energia vem de Satanás e seus demônios. Neste mundo, o genuíno cristão é
perseguido e afrontado, e sua vida torna-se difícil, pelo fato de que vê o
mundo, a vida e seu fim, sob a ótica da Palavra de Deus, a qual é contrária ao
mundo. No entanto, os cristãos devem permanecer firmes contra o inimigo e
silenciar os críticos pelo poder de uma vida santa, íntegra e reta, na
esperança da vida futura.
Àquele que é “âncora da alma, segura e firme” (Hb
6.19),
Pb Francisco Barbosa
Campina Grande-PB
JULHO de 2019
HORA DA REVISÃO
1. Como o apóstolo Pedro introduz a sua
Carta?
Com um ato de gratidão, bendizendo a Deus por ter nos gerado novamente
para uma viva esperança.
2. Quais as características da herança
dos salvos?
Ela é incorruptível, incontaminável e não pode murchar (1.4).
3. Com o que a alegria decorrente da
salvação não se confunde?
Não se confunde com um estado de euforia ou com um sentimento de prazer
passageiro.
4. De acordo com a Primeira Carta de
Pedro, qual o propósito da nossa fé?
A salvação da nossa alma (1.9).
5. Por que a graça de Deus é uma bênção
abrangente?
Além de ser uma provisão do Senhor para com o indigno transgressor da
sua lei (cf. Rm 3.9-26), ela convida, convence, e capacita o pecador a ir ao
encontro de Cristo.