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2 de janeiro de 2019

JOVENS - Lição 1: O Livro de Números - Caminhando com Deus no Deserto


REVISTA JOVENS 1° TRIMESTRE 2019
TEMA: Rumo à Terra Prometida — A peregrinação do povo de Deus no deserto no livro de Números
COMENTARISTA: Reynaldo Odilo Martins Soares

- L I Ç Ã O   1 -
6 de Janeiro de 2019

O LIVRO DE NÚMEROS
CAMINHANDO COM DEUS NO DESERTO

TEXTO DO DIA
Ora, tudo isso lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos(1Co 10.11).

SÍNTESE
A peregrinação dos hebreus pelo deserto, rumo à Canaã, por aproximadamente 40 anos, revela lições importantes para a igreja da atualidade.

TEXTO BÍBLICO
1 Coríntios 10.1-11
1 Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem; e todos passaram pelo mar,
2 e todos foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar,
3 e todos comeram de um mesmo manjar espiritual,
4 e beberam todos de uma mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo.
5 Mas Deus não se agradou da maior parte deles, pelo que foram prostrados no deserto.
6 E essas coisas foram-nos feitas em figura, para que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram.
7 Não vos façais, pois, idólatras, como alguns deles; conforme está escrito: O povo assentou-se a comer e a beber e levantou-se para folgar.
8 E não nos prostituamos, como alguns deles fizeram e caíram num dia vinte e três mil.
9 E não tentemos a Cristo, como alguns deles também tentaram e pereceram pelas serpentes.
10 E não murmureis, como também alguns deles murmuraram e pereceram pelo destruidor,
11 Ora, tudo isso lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos.

COMENTÁRIO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
Com a ida da família de Jacó para o país mais rico da época, a fim de escapar da fome, os hebreus prosperaram grandemente. A prosperidade do povo de Deus, no Egito, fez com que ele passasse a ser considerado uma ameaça social e política. Os hebreus tornaram-se escravos e sofreram muito debaixo do jugo de Faraó. Mas Deus, por intermédio de Moisés, libertou os israelitas da escravidão e, após a travessia do mar, guiou-os pelo deserto, rumo à Terra Prometida. Entretanto, primeiro, era necessário passarem pelo Sinai, para que recebessem a Lei, pois precisavam de parâmetros civis, morais e espirituais para se estabelecerem como uma nação. Depois de caminharem pelo deserto por cerca de 40 anos, quando toda aquela geração adulta que houvera sido escravizada morreu, eles chegaram ao seu destino final. Diferentemente de outros povos, os hebreus não sucumbiram diante de Faraó e das muitas aflições do deserto. Deus queria preservá-Los para si, pois havia prometido que, deles, descenderia o Salvador do mundo.” [Lições Bíblicas CPAD, Revista Jovens, 1º Trimestre 2019. Lição 1, 6 Jan, 2019]
- A Terra de Gosén, nordeste do Egito, delta do Nilo, região fértil e propícia ao pastoreio – atividade repudiada pelos egípcios. Hebrom, onde habitava Jacó, experimenta grande fome que durou sete anos – esta situação força a família descer para o Egito a convite de José. Governava o Egito a dinastia dos reis hicsos, cerca de 1700 a. C. (semíticos, conquistadores asiáticos que assumiram o controle do país desde a 13ª dinastia). O Faraó Ahmés derrotou os hicsos e fundou a 18ª dinastia. O Faraó Hatshepsut mudou drasticamente o tratamento respeitoso então dispensado aos judeus (Êx 1.8-11). Os egípcios os forçaram a construir cidades-armazéns em Pitom, Ramsés e Heliópolis. Séculos mais tarde, Moisés foi chamado para liderar os israelitas do Egito, da terra de Ramessés em Gósen para Sucote, o primeiro ponto de formação do Êxodo. Eles acamparam em 41 locais atravessando o Delta do Nilo, para a última estação sendo as planícies de Moabe - este destino já havia sido definido por Deus 400 anos antes. Mesmo com milhões de pessoas de todas as faixas etárias e com rebanhos grandes, não seria uma viagem de mais de algumas semanas – durou uma geração. Foi um tempo de castigo pela dureza de coração, mas também um tempo de preparo para as grandes conquistas; o povo precisava se fortalecer espiritualmente para confiar em YHWH diante dos desafios que enfrentariam, então ele conduziu os israelitas ao monte Sinai, onde teriam um ano de preparo antes de prosseguir para a terra prometida. Nesse tempo, eles receberam a lei do Senhor, prepararam o tabernáculo como um tipo de templo móvel e aprenderam sobre o papel dos sacerdotes e sobre sacrifícios e outros ritos religiosos. Deus estabeleceu ordem entre esse povo, até definindo a posição de acampamento de cada tribo e a sequência de saída em caso de batalha. Por quarenta anos, uma geração foi castigada enquanto a próxima se preparou para receber a herança prometida por Deus. – That said, let's think maturely the Christian faith!

I. O LIVRO DE NÚMEROS
1. Números ou “no deserto”. Ao traduzir o Antigo Testamento para o grego (tradução chamada Septuaginta), um grupo de setenta sábios denominou o terceiro livro do Pentateuco de “Números”, por conta dos dois recenseamentos mencionados na obra. Na Bíblia hebraica, entretanto, o livro tem como titulo “no deserto”, expressão extraída do texto de Números 1.1 (“Falou mais o SENHOR a Moisés, no deserto”). A maioria dos fatos, nele narrados, se desenvolveram “no deserto”. As duas titulações possuem justificativas plausíveis e, sob o prisma da didática, têm grande importância; por isso, ao longo das lições, ambas serão utilizadas. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Jovens, 1º Trimestre 2019. Lição 1, 6 Jan, 2019]
- Os cinco rolos – Pentateuco – de autoria Mosaica, é a compilação da Lei entregue pro YHWH ao povo no Sinai. Números é o quarto livro do Pentateuco. Na Tanach – a Bíblia Hebraica, os livros tomam o nome das primeiras letras (gr Ἀριθμοί, "Arithmoi"; heb: בְּמִדְבַּר, Bəmiḏbar, "No deserto") – Arithmoi “números” foi adotado pela Bíblia Grega (Septuaginta), provavelmente porque o livro dedica alguns capítulos a recenseamentos. “Números começa no monte Sinai, onde os israelitas haviam recebido suas leis e renovado sua aliança com Deus, que passou a habitar entre eles no Tabernáculo. A próxima missão era tomar posse da Terra Prometida. A população é contada e preparativos são realizados para reassumir a marcha até lá. Os israelitas reassumem a jornada, mas logo aparece um rumor sobre as dificuldades da viagem e questionamentos sobre a autoridade de Moisés e Aarão. Por causa disto, Deus destrói aproximadamente 15 000 deles através de formas variadas. Eles chegam até a fronteira de Canaã e enviam espiões para reconhecer o terreno. Ao ouvir o temeroso relato deles sobre as condições encontradas, os israelitas se apavoram e desistem de se apoderar do território. Deus condena-os todos à morte no deserto até que uma nova geração possa crescer para assumir a tarefa. O livro termina com a nova geração na planície de Moab pronta para cruzar o rio Jordão” (WIKIPÉDIA)

2. Considerações preliminares. Alguns eruditos defendem que o livro de Números poderia ser chamado de “peregrinação no deserto”, “livro das caminhadas”, “livro das murmurações”, “o livro do deserto”, dentre outros, por narra a caminhada que Israel fez, sob a liderança de Moisés (que o escreveu), por volta do ano 1440 a 1400 a.C., segundo a maioria dos estudiosos. A palavra “deserto” aparece em Números quase 50 vezes, — a maior frequência nos escritos bíblicos.  Bíblia declara expressamente que a narrativa de Números traz lições objetivas para nós que vivemos “nos fins dos séculos”, conforme 1 Coríntios 10.11. Assim, o jovem cristão, no dia a dia, quando se deparar com um convite à prostituição, idolatria, murmuração, rebelião, deve rapidamente se lembrar — como recomenda a Palavra profética — de uma geração que morreu “no deserto”, porque cedeu às inclinações carnais e aos apelos mundanos. O Senhor Deus, séculos depois, de maneira poética, usou Oseias para descrever, com precisão, o que aconteceu: “Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei a meu filho. Mas, como os chamavam, assim se iam da sua face […]. Todavia, eu ensinei a andar a Efraim; tomei-os pelos seus braços, mas não conheceram que eu os curava. Atraí-os com cordas humanas, com cordas de amor; e fui para eles como os que tiram o jugo de sobre as suas queixadas; e lhes dei mantimento (Os 11.1-4)”. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Jovens, 1º Trimestre 2019. Lição 1, 6 Jan, 2019]
- Números ensina a importância da santidade (tema desenvolvido em Levítico), fé e confiança; apesar de gozarem da presença de Deus, aquela geração não aprendeu a depositar fé suficiente em YHWH, por isso, a conquista da terra prometida fica para uma nova geração levantada no deserto. A mensagem do Livro relembra aos crentes da guerra espiritual na qual estão engajados, pois números é o livro do serviço e caminhar do povo de Deus. O Livro de Números essencialmente preenche a lacuna entre os israelitas recebendo a Lei (Êxodo e Levítico) e a sua preparação para entrar na Terra Prometida (Deuteronômio e Josué). “A maioria dos eventos do Livro de Números se realiza no deserto, principalmente entre o segundo e quadragésimo ano da peregrinação dos israelitas. Os primeiros 25 capítulos do livro relatam as experiências da primeira geração de Israel no deserto, enquanto que o resto do livro descreve as experiências da segunda geração. O tema de obediência e rebelião seguidas de arrependimento e bênção percorrem todo o livro, assim como todo o Antigo Testamento.” (TheGotQuestions?)

3. Relevância contemporânea. O livro de Números traz, de um lado, a dureza de coração de um povo composto por ex-escravos escolhidos para se tornarem príncipes — os quais morreram no deserto — e, de outro, a longanimidade e o amor de um Deus santo e justo que, diariamente, alimentava, cuidava, instruía, protegia e guiava pessoas que, mesmo assim, dia após dia, se tornavam ainda mais obstinadas, desobedientes, rebeldes, incrédulas e ingratas. O livro narra também o surgimento de uma nova geração, a partir do segundo censo, que seria introduzida em Canaã, sob o comando de Josué. O livro de Números não é um dos mais comentados da cristandade, porém possui inestimável valor histórico e espiritual ao trazer a narrativa das minúcias da caminhada pelo deserto e, por isso, constitui-se em um verdadeiro tratado a respeito do relacionamento entre Deus e o seu povo, de onde se pode extrair um riquíssimo tesouro teológico para a atualidade! [Lições Bíblicas CPAD, Revista Jovens, 1º Trimestre 2019. Lição 1, 6 Jan, 2019]
- Números traz uma continuidade do tema da santidade de Deus iniciado em Levítico, revelando a instrução e preparação de Deus do Seu povo para entrar na Terra Prometida de Canaã. O Novo Testamento  menciona muitas vezes o Livro de Números, o que denota a sua importância. Paulo afirma em 1 Coríntios 10.1-12: “estas coisas se tornaram exemplos para nós” se referindo ao pecado dos israelitas e ao desagrado de Deus com eles como ensino para nós hoje. Também o apóstolo escreve em Romanos 11.22 sobre a “bondade e a severidade de Deus”, resumindo a mensagem de Números - a severidade de Deus é vista na morte da geração rebelde no deserto, aqueles que nunca entraram na Terra Prometida; e a bondade de Deus é realizada na nova geração. Deus protegeu, preservou e proveu para essas pessoas até que finalmente possuíram a terra. Isso nos lembra da justiça e do amor de Deus, que sempre estão em harmonia soberana.


II. AS EXPERIÊNCIAS NO DESERTO
1. Deserto, lugar de caminhada. Um dos significados de deserto é “terra inabitada”; mas a Bíblia diz que Deus estabeleceu a Terra para que fosse habitada (Is 45.18). Portanto, o deserto não é um lugar de moradia, mas de caminhada, lugar de passagem, de transição. Deus mostrou aos hebreus que, ao conduzi-los até Canaã, guiou-os por um grande e terrível deserto de serpentes ardentes, escorpiões e terra seca, em que não havia água (Dt 8.15). O objetivo do Senhor era humilhar e prová-los, para saber o que estava nos seus corações, e se guardariam os mandamentos ou não (Dt 8.2), Deus queria, dessa forma, que a caminhada do deserto nunca fosse esquecida pelos hebreus, pelo aprofundamento do relacionamento com o Senhor”. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Jovens, 1º Trimestre 2019. Lição 1, 6 Jan, 2019]
- Israel começa sua viagem para a terra prometida no segundo ano, no segundo mês, ao dia vinte do mês depois de sair do Egito que partiu (v. 11). Deus guiou o povo até o deserto de Parã - o percurso escolhido pelo Senhor não foi o mais fácil, porém, com certeza foi o melhor para os israelitas naquela ocasião, pois eles não estavam preparados para enfrentar o inimigo. Logo depois o povo começou murmurar novamente levantando a ira de YHWH, e o fogo dEle consumiu alguns deles, mostrando que Deus não se agrada com murmuração. “A liderança é cara, porque a culpa pela adversidade recai nos líderes. Essas pessoas sabiam que Moisés era homem de Deus; por isso, o pecado também era contra Deus. Grandes experiências com Deus não curam necessariamente o coração mau e queixoso. A murmuração cessa apenas quando crucificamos o eu e entronizamos Cristo somente (Ef 4.31,32). A única coisa que Moisés poderia fazer era clamar ao Senhor. Não há dúvida de que teria fornecido água potável em resposta à fé paciente de Israel, se tivessem permanecido firmes. O Senhor às vezes satisfaz nossos caprichos em detrimento da fé. Aqui, as águas se tornaram doces, quando Moisés lançou um lenho nelas, mas a fé de Israel continuou fraca. Desconhecemos método natural que explica este milagre. Deus usou esta ocasião para ensinar uma lição a Israel, dando-lhes estatutos e uma ordenação. Se as pessoas ouvissem a Deus e obedecessem inteiramente à sua palavra, elas seriam curadas de todas as enfermidades que Deus tinha posto sobre o Egito. Assim como Deus curou as águas amargas de Mara, assim Ele curaria Israel satisfazendo-lhe as necessidades físicas e, mais importante que tudo, curando o povo de sua natureza corrompida. Deus queria tirar o espírito de murmuração do meio do povo e lhe dar uma fé forte”” (Comentário Bíblico Beacon. vol 1.1. ed. Rio de Janeiro, CPAD, 2005, p. 1 75).

2. Deserto, lugar de treinamento. A caminhada pelo deserto sacudiu as estruturas morais e psicológicas dos hebreus, sendo que ali foi revelado o caráter deles, desnudadas as intolerâncias, exposta a espiritualidade. Jesus, também, antes de começar seu ministério, foi, pelo Espírito Santo, conduzido ao deserto para ser experimentado. Ninguém está livre desse período de caminhada, no qual, à proporção que a escassez se manifesta, Deus treina seu povo. Atribui-se a William Shakespeare a seguinte frase: “Quando o mar está calmo, qualquer barco navega bem”. Parafraseando: “Sem problemas e pressões, qualquer pessoa reage com tranquilidade”, mas isso não traz nenhum mérito! As pessoas (como os barcos) foram feitas para abrirem caminhos nos mares tempestuosos da existência! Assim, se os indivíduos (como os barcos) nunca forem testados em condições de estresse, nunca serão confiáveis, pois, em regra, as longas travessias apresentam muitos perigos”. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Jovens, 1º Trimestre 2019. Lição 1, 6 Jan, 2019]
- “Como destacam as notas da Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, “o Deserto de Sim era um ambiente vasto e hostil, no qual só havia areia e pedra. Esse espaço estéril proveu o lugar perfeito para Deus testar e formar o caráter do seu povo”, que era muito instável, inclinado ao erro, com mentalidade ainda do tempo de escravos do Egito e, não poucas vezes, se mostrando obstinados em seus erros [...] Enfim, o povo de Israel não era fácil, mas Deus amava os descendentes de Abraão, Isaque e Jacó, e queria tratá-los, burilá-los, prová-los, aperfeiçoá-los por meio das provações no deserto para que pudessem ter forjado o caráter que Deus desejava para ele como seu povo. Esse processo, por causa da dureza do coração do povo, acabou durando muito tempo: quarenta anos. Foi Deus quem os guiou ao deserto. Lembremo-nos de que o povo se dirigiu por esse caminho porque Deus, desde a saída do povo do Egito, expressamente determinou que não seguissem “o caminho dos filisteus”, que ficava ao norte (Ex 13.17). Isso significa que mesmo quando seguimos o caminho que Deus estabelece para a nossa vida, enfrentamos provações, mas para o nosso próprio bem, porque “todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto” (Rm 8.28); mas, por outro lado, também significa que Deus estará conosco em todos os momentos difíceis, protegendo-nos e enviando-nos o maná diário, isto é, suprindo cotidianamente as nossas necessidades. Diz o texto bíblico que “comeram os filhos de Israel maná quarenta anos, até que entraram em terra habitada; comeram maná até que chegaram aos termos da terra de Canaã” (Êx 16.35). Ou seja, enquanto houver deserto, não vai faltar maná! O maná só pára quando adentrarmos a Terra Prometida”. (COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Uma Jornada de Fé. Moisés, o Êxodo e o Caminho a Terra Prometida. Editora CPAD. pag. 60-62).

3. Deserto, lugar de milagres. Está escrito que Deus fez “prodígios e sinais na terra do Egito, no mar Vermelho e no deserto, por quarenta anos” (At 7.36). No período de maior provação da descendência de Abraão, o amigo de Deus, existiram abundantes milagres. Quando ia faltar água, ou comida, sempre havia uma provisão extraordinária. As roupas e os sapatos dos israelitas, milagrosamente, não se desgastavam, mesmo debaixo de um sol causticante (Dt 8.4). O fato é que, ao longo de quase 40 anos de caminhada no deserto, nenhum deles morreu de sede ou fome, ou ficou sem roupa ou calçado. Disse Jesus: “Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pequena fé? Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos ou que beberemos ou com que nos vestiremos?” (Mt 6.30,31)”. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Jovens, 1º Trimestre 2019. Lição 1, 6 Jan, 2019]
- “Os israelitas andaram três dias no deserto (a leste do mar Vermelho) e não acharam água (22). A fé do povo precisava de mais provas. Uma grande vitória como a travessia do mar Vermelho proporcionou uma visão maravilhosa da onipotência de DEUS; mas não treinou a fé para os problemas cotidianos. A necessidade diária de comida e bebida prova a fé do povo mais que os obstáculos maiores. Mas DEUS estava treinando seu povo em todos os aspectos da vida, por isso os levou às águas amargas de Mara (23; ver Mapa 3). Imagine a comovente decepção de pessoas sedentas encontrando água e verificando que era impotável. Viajantes nesta região do deserto de Sur (ou de Etã, Nm 33.8) confirmam que as fontes são extremamente amargas, que o lugar é “destituído de árvores, água e, exceto no começo de primavera, pastagens(Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 174-175).


III. CRISTO NO DESERTO
1. A pedra que os seguia. A constatação mais confortante de toda a travessia de décadas pelo deserto é a de que Cristo estava ali, com o hebreus, em todo o tempo. Jesus Cristo era a “pedra espiritual que os seguia” (1Co 10.4). A expressão bíblica demonstra todo cuidado e carinho de Deus por seu povo, A vida neste mundo, portanto, só prossegue pela abundante graça e misericórdia divina, Pois. Deus conhece a desobediência do seu povo, mas mesmo assim, continua a nos suportar, e nos acompanhar, pacientemente, todos os dias. É por causa dEle — Cristo Jesus — que não sucumbimos! “Glória, pois, a Ele, eternamente” (Rm 11.36)”. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Jovens, 1º Trimestre 2019. Lição 1, 6 Jan, 2019]
- Não foram as rochas feridas por Moisés que seguia o povo; a rocha que os seguia era Cristo! Em 1Co 10.4, Paulo fala do que está escrito em Êxodo 17.6: “Eis que eu estarei ali diante de ti sobre a rocha, em Horebe, e tu ferirás a rocha, e dela sairão águas e o povo beberá. E Moisés assim o fez, diante dos olhos dos anciãos de Israel”. Em Números 20.11: “Então Moisés levantou a sua mão, e feriu a rocha duas vezes com a sua vara, e saiu muita água; e bebeu a congregação e os seus animais”. Paulo utiliza a passagem e afirma que ela aponta em direção a Cristo, que é a água da vida (Jo 4.13-14). A pedra que Moisés bateu por duas vezes, não era uma pedra comum, mas ela representava a Cristo. Por isso que Moisés não deveria bater na pedra duas vezes, porque o sacrifício de Cristo foi único e suficiente em prol da humanidade. A segunda Pessoa da Trindade esteve a todo o momento participando da libertação dos filhos de Israel da escravidão do Egito, bem como de toda a trajetória em que os filhos de Israel passaram pelo deserto. De forma que, para suprir a sede do povo de Deus o Emanuel se manifestou naquela rocha de Massá e Meribá, porque ele é o Alfa e o ômega. O mesmo ontem e de hoje.

2. O maná. Em João 6.48-51, Jesus se identificou como o maná que alimentou os israelitas no deserto pelo tempo da peregrinação. Interessante que, a princípio, eles aceitaram aquela provisão diária de comida, entretanto, posteriormente, o povo não teve mais vontade de comê-la. Então, começaram a chamar o maná de “pão tão vil” (Nm 21.5). Mesmo com todo esse desprezo, todas as manhãs, por quase 40 anos, continuou “chovendo” comida da parte de Deus. Quanta humildade e bondade da parte do Senhor! Não é, porventura, o que acontece cotidianamente nos dias atuais? Muitas pessoas, inclusive cristãs, desprezam e ridicularizam a bendita Palavra de Deus, preferindo os “pratos da culinária do velho Egito, cheios de temperos que fazem mal”? Ainda assim, o Senhor, cheio de compaixão, continua batendo à porta e dizendo: Eu quero cear com vocês (Ap 3.20)”. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Jovens, 1º Trimestre 2019. Lição 1, 6 Jan, 2019]
- O maná era como pequenos flocos que amanheciam todas as manhãs caídos ao chão do arraial dos hebreus. Ele era “branco”, “como semente de coentro” e “o seu sabor era como bolos de mel” (Ex 16.31). “Maná - A palavra ocorre pela primeira vez em Êxodo 16.31. Em outra passagem no AT, todas as versões inglesas traduzem uniformemente a palavra heb. como ‘maná’, o que é meramente uma transliteração aproximada; mas em Êxodo 16.15 o termo é traduzido como uma pergunta. ‘Que é isto?’ Evidentemente quando os israelitas o viram pela primeira vez no chão, o apelidaram de ‘O que é?’, ou de forma coloquial ‘Como se chama isto?’, o que parece ser o significado literal com referência à qualidade misteriosa do pão divino. O maná era pequeno, redondo e branco (Êx 1 6.1 4,31). Guardado para o dia seguinte ele comumente ‘criava bichos e cheirava mal’ (Êx 16.20). Derretia quando exposto ao sol quente. Deveria ser apanhado diariamente, pela manhã, um ômer por pessoa. No sexto dia o povo deveria juntar o dobro, para prover para o sábado, quando nenhum maná seria dado. Neste caso ele não criava bichos, nem cheirava mal durante o sábado. Um pote de maná foi apanhado e mantido como memorial desta miraculosa provisão do Senhor para os israelitas ao longo dos 40 anos no deserto (Êx 1 6.32-35). Mais tarde, um pote de ouro de maná foi colocado dentro da arca no Tabernáculo (Hb 9.4)(Dicionário Bíblico Wycliffe. 1 .ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p.75).

3. A serpente de bronze (Jo 3.14). Em João 3.14, Jesus declara que a serpente de bronze que foi levantada, por Moisés, no deserto, era um tipo dEle. Esse objeto de metal era a alternativa de cura para todos aqueles que fossem mordidos pelas serpentes venenosas. A desobediência do povo suscitou aquele juízo divino. Isso revela que o deserto é um lugar perigoso, mas se o caminhante estiver sempre olhando para Cristo, não sofrerá dano irreversível, mortal, ainda que, ocasionalmente, sofra algum revés”. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Jovens, 1º Trimestre 2019. Lição 1, 6 Jan, 2019]
- Desobediência foi o motivo das serpentes invadirem o acampamento israelita. Desesperados, procuram Moisés e pedem que interceda a YHWH. Neste momento, Deus ordena Moisés a confeccionar uma serpente de metal, que deveria ser colocada no alto de uma haste. Todos os israelitas que foram envenenados não morreriam, caso olhassem para a serpente esculpida. A serpente de metal chamada Neustã (pedaço de bronze, em hebraico), era uma profecia de Jesus, que nos traz a salvação apenas pelo fato de crermos. Nada do que fizermos poderá ser de alguma utilidade para efeito de salvação. A salvação vem apenas pela fé em Jesus. Deus, por meio de um ato que naquele momento ninguém viu o motivo, estava mostrando (e ao mesmo tempo mantendo em segredo) seu plano eterno. “Os anos passaram e, nos dias do rei Ezequias, a Bíblia nos relata que a serpente de bronze havia recebido um nome, Neustã. Não está claro se foi o povo ou o rei Ezequias que deu o nome à serpente, mas o fato é que a escultura havia se tornado um objeto de culto e o povo já estava habituado a queimar incenso ao ídolo(BUCKLAND; Williams, 2011, p.421).
 A título de conhecimento, alguns afirmam que esta serpente de bronze é o mesmo símbolo da medicina que os médicos ostentam em seus jalecos. Esta afirmativa é falsa. O símbolo da medicina é o bordão ou bastão de Esculápio (Asclépio), antigo símbolo relacionado com a astrologia e com a cura dos doentes através da medicina.

CONCLUSÃO
O livro de Números retrata, de forma diversificada, os altos e baixos do relacionamento entre o povo de Israel e o Criador, durante a caminhada pelo deserto. Revela também as constantes advertências do Senhor a respeito da necessidade de santidade! Podemos perceber que é perigoso viver fora do padrão do Senhor, e que é uma bênção ter um coração alinhado ao dEle, como aconteceu com os crentes Josué e Calebe”. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Jovens, 1º Trimestre 2019. Lição 1, 6 Jan, 2019]
- No Salmo 106 encontramos o relato dos tropeços de Israel a caminho de Canaã, e a sublime história da infinita misericórdia de Deus para com eles. Deus é fiel! Israel pecou e cometeu muitos erros, porém os planos do Senhor em relação a Israel e a toda humanidade não foram frustrados. Como crentes devemos repudiar toda forma de desobediência, entronizando a Deus como único Senhor em nossos corações e mentes.

Achando-se as tuas palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração; porque pelo teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”. (Jeremias 15.16),
Francisco Barbosa
Campina Grande-PB
Janeiro de 2019

HORA DA REVISÃO
1. O quarto livro do Pentateuco é denominado, na Bíblia hebraica, por qual nome? De qual capítulo e versículo retiraram o título?
“No deserto”. Números 1.4.
2. Cite outros três nomes que poderiam ter sido dados ao livro de Números.
“Peregrinação no Deserto”, “Livro das Caminhadas” e “Livro das Murmurações”.
3. Conforme a lição, por que o deserto pode ser considerado um lugar de treinamento?
Porque a caminhada no deserto sacode as estruturas morais e psicológicas do indivíduo, sendo que ali é revelado o seu caráter, desnudadas as intolerâncias, e exposta a sua espiritualidade.
4. Cite três tipos de Cristo que são apresentados escrituristicamente durante os 40 anos de viagem de Israel pelo deserto, rumo à Canaã.
A pedra “que os seguia”, o maná e a serpente de bronze.
5. Segundo a lição, como sintetizar a importância do livro de Números para a contemporaneidade?
Constitui-se em um verdadeiro tratado sobre o relacionamento entre Deus e o seu povo, de onde se pode extrair um riquíssimo tesouro teológico para a atualidade. [Lições Bíblicas CPAD, Revista Jovens, 1º Trimestre 2019. Lição 1, 6 Jan, 2019].