TEMA: Batalha Espiritual: O povo de Deus e a guerra contra
as potestades do mal
COMENTARISTA: Pr. Esequias Soares
- L I Ç
à O 5 -
3 de fevereiro de 2019
Um
Inimigo que Precisa Ser Resistido
TEXTO ÁUREO
Sujeitai-vos, pois, a Deus; resisti ao diabo, e ele fugirá
de vós. (Tg 4.7)
VERDADE PRÁTICA
O Senhor Jesus provou na tentação do deserto que o Diabo não
é invencível.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Tiago 4.1-1 O
1 Donde vêm as guerras e pelejas entre vós? Porventura, não
vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam?
2 Cobiçais e nada tendes; sois invejosos e cobiçosos e não
podeis alcançar; combateis e guerreais e nada tendes, porque não pedis.
3 Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em
vossos deleites.
4 Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do
mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo
constitui-se inimigo de Deus.
5 Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes?
6 Antes, dá maior graça. Portanto, diz: Deus resiste aos
soberbos, dá, porém, graça aos humildes.
7 Sujeitai-vos, pois, a Deus; resisti ao diabo, e ele fugirá
de vós.
8 Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Limpai as mãos,
pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai o coração.
9 Senti as vossas misérias, e lamentai, e chorai; converta-se
o vosso riso em pranto, e o vosso gozo, em tristeza.
1 O Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará.
INTRODUÇÃO
“Essa seção da epístola de Tiago é, em outras
palavras, um chamado à santidade. A carta é dirigida aos cristãos do primeiro
momento da história sagrada. Tiago mostra que resistir ao Diabo já era um bom
começo. A presente lição esclarece por que devemos resistir às paixões e mostra
ainda que a amizade com o mundo é inimizade contra Deus. Um bom início de
preparação para a aula desta semana é estudar a Carta de Tiago. Assim, é
possível compreender bem contexto em que se encontra a seção que nos interessa.
Logo, será possível perceber em seus estudos que o contexto da seção versa a
respeito do "chamado à santidade". Esse procedimento é importante
porque a ausência dele permite ao movimento moderno de "batalha
espiritual" distorcer e forçar tanto o texto bíblico.” [Lições Bíblicas CPAD,
Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 5, 3 Fev, 2019]
- Tiago, o Justo, um dos irmãos de Jesus (Mt 13.55; Mc 6.3),
é o autor dessa epístola. Convertido após a ressurreição de Jesus (Jo 7.3-5; At
1.14; 1 Co 15.7; Gl 1.19), tornou-se líder da igreja em Jerusalém, e é apontado
por Paulo como um dos pilares da igreja (Gl 2.9). No capítulo 4.4-7, Tiago
afirma que amar ao mundo é inimizar-se com Deus e que aquele que é amigo do mundo
por isso mesmo se constitui em inimigo de Deus. É importante o que Tiago quer
dizer. Note o que disse Jesus: "Ninguém pode servir a dois senhores"
(Mt 6.24). Todo o capítulo nos fala de Purificação para cristãos (1 Co 3.1-4):
(1) a luta com o pecado (v. 1-4);
(2) o desejo de Deus de liberar maior graça (v. 5,6);
(3) o caminho da bênção (v. 7-1 O).
Tiago explica que o conflito dentro de nós está entre
nossos deleites pecaminosos e o desejo de cumprir a vontade de Deus, uma
atitude que o Espírito Santo colocou dentro de nós (v. 5). A fonte do conflito
entre os cristãos muitas vezes são coisas materiais, ele então, atribui
dissensões, assassinatos e guerras ao materialismo – o que João também adverte
os cristãos sobre cobiçar o que no mundo há (1Jo 2.15,16). No versículo 7
encontramos duas ordens: primeiro, devemos sujeitar-nos a Deus, abandonando
nosso orgulho egoísta (v. 1-6). Sujeitar-se ao Senhor também implica
revestir-se de toda a armadura de Deus, uma imagem que inclui tudo, desde
depositarmos nossa fé nele a mergulharmos na verdade da Palavra de Deus (Ef 6.11-18).
Segundo, devemos resistir a qualquer tentação que o diabo lançar em nosso
caminho. Então o maligno não terá outra escolha: ele fugirá, pois pertenceremos
ao exército do Deus vivo. – Dito isto,
convido-o a pensar maduramente a fé cristã!
I - A EPÍSTOLA DE TIAGO
“A Epístola de Tiago é o
escrito mais antigo do Novo Testamento e tem por objetivo evitar
desentendimentos entre os discípulos de Cristo. Segundo a maioria dos
expositores bíblicos, a sua composição não vai além do ano 45 d.C.
- A epístola de Tiago é datada por
volta de 45 d. C., bem antes do primeiro concílio em Jerusalém, que se deu por
volta de 5 O d. C., o que torna a mais antiga epístola do Novo Testamento.
Segundo o historiador Flávio Josefo, Tiago foi morto por volta do ano 62 d. C.
1. Destinatários. A carta foi dirigida
especificamente aos primeiros cristãos dispersos, de origem judaica, pelo vasto
império romano (Tg 1.1); e, de maneira geral, a todos os crentes em Jesus em
todos os lugares e em todas as épocas. Trata-se de um livro prático, muito
próximo do Sermão do Monte proferido por Jesus em Mateus 5 a 7 e
importantíssimo para a conduta do cristão.” [Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 5, 3 Fev, 2019]
- Os destinatários da epístola são
os judeus dispersos convertidos ao cristianismo, daí o tom austero e a
linguagem peculiar aos judeus. Nesta epístola, Tiago faz uma contraposição entre
o ensinamento judaico de ter fé no único Deus, com o ensinamento do evangelho,
que é ter fé em Jesus Cristo, pois de nada adianta alguém dizer que crê em
Deus, mas que não obedece o mandamento de Deus, que é crer em Cristo.
“Os destinatários da carta são identificados como as “doze tribos que se
encontram na Dispersão” (Tiago 1:1). Esta linguagem admite duas interpretações.
No Antigo Testamento, a nação de Israel foi conhecida como as doze tribos,
descendentes dos filhos de Jacó. Se Tiago usa o termo neste mesmo sentido, o
conteúdo do livro mostra que esses judeus seriam pessoas já convertidas a
Cristo. No Novo Testamento, porém, o foco está em Israel espiritual, aqueles
que imitam a fé de Abraão, independente da sua descendência carnal. O próprio Jesus
introduziu esta ideia (João 8:39-40), e seus seguidores empregaram termos como
judeus e as doze tribos neste mesmo sentido (Romanos 2:28-29; Apocalipse 7:4
comparado com 14:3-5).” (ESTUDOS DA BÍBLIA)
“2. Conteúdo. O conteúdo da epístola
parece confirmar essa antiguidade, isso pelos aspectos cristológicos
praticamente ausentes. O nome de Jesus só aparece duas vezes nos seus cinco
capítulos (Tg 1.1; 2.1). Há pouco ensino doutrinário, pois a assembleia dos
discípulos era ainda tida como sinagoga: "Porque, se entrar na sinagoga de
vocês um homem" (Tg 2.2, Nova Almeida Atualizada). O termo
"igreja" aparece aqui (Tg 5.14), mas o emprego da palavra
"sinagoga" como alternativa mostra que Tiago vem de uma época em que
os discípulos eram chamados de "o movimento de Jesus".”[Lições Bíblicas CPAD,
Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 5, 3 Fev, 2019]
- O Reformador Martinho Lutero via
esta epístola com muita ressalva, ele não conseguiu enxergar nela os mesmos
ensinos paulinos. A má compreensão da abordagem de Tiago fez com que Martinho
Lutero detestasse a essa epístola, denominando-a “epístola de palha”. Diferente
das epístolas de Paulo, Pedro e João, a carta de Tiago não inclui saudações
pessoais. As exortações começam no segundo versículo e continuam até o último. É uma carta didática e moral, não
aparece um plano doutrinal previamente elaborado, vemos um desenrolar de temas
ao sabor da pena do autor, mas sem fugir ao tema “santidade”, numa convocação a
que os crentes vivam o espírito cristão em todas as circunstâncias de um modo
coerente com a fé, em perfeita unidade de vida - o comportamento dos crentes
tem de ser um reflexo da sua fé. É interessante notar que encontramos apenas em
Tiago a ordem de ungir os enfermos (5.13-15). O fato de que o termo ‘sinagoga’
seja utilizado com freqüência pode ser explicado pelo público-alvo da carta: os
judeus-cristãos dispersos.
“3. Tema. Ao separar a fé das
obras, a epístola enfatiza o cristianismo prático e nos dá munição para
resistir ao Inimigo e ao pecado. Tiago retoma o tema tratado no capítulo
anterior sobre a "amarga inveja em sentimento faccioso em vosso
coração" (Tg 3.14), próprio de uma sabedoria "terrena, animal e
diabólica" (Tg 3.15) e presente na vida daqueles primeiros cristãos. Esses
problemas vêm atravessando os séculos e hoje não é diferente, pois o problema
da natureza humana permanece o mesmo. O ensino aqui está tratando do caráter
cristão que precisa ser afinado com o sentimento de Cristo.” [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019.
Lição 5, 3 Fev, 2019]
- A pequena epístola de Tiago,
provavelmente um dos primeiros livros do Novo Testamento, oferece orientações
práticas para conduzir cristãos no seu serviço ao Senhor. É interessante notar
a praticidade do conteúdo apresentado, sem rodeios e sem enfeites, Tiago trata
de temas do cotidiano, por exemplo, ele afirma sobre a sabedoria humana (v.
15,16), que nada mais é que interesse próprio, então não se deve vangloriar-se
dela; Não ser apenas tardio para falar, mas deve-se abandonar também a mentira!
Se a sabedoria se manifesta sem boa conduta e mansidão, ela não vem do alto. Na
verdade, ela é caracterizada como terrena; prudente, segundo os padrões do
mundo; sensual (do grego psuchikos),
no sentido de natural em oposição a espiritual, e diabólica.
“Os temas abordados nos cinco capítulos de Tiago são diversos, todos focando
a importância de viver conforme a fé:
● Capítulo 1
enfatiza as atitudes certas diante de provações e tentações e chama os leitores
a serem praticantes, e não apenas ouvintes, da palavra do Senhor.
● Capítulo 2 aborda
dois assuntos: (1) a condenação de preconceitos socioeconômicos na igreja e (2)
a necessidade de obras que demonstram a autenticidade da fé.
● Capítulo 3
apresenta uma das advertências mais fortes do Novo Testamento sobre o uso
errado da língua e nos chama a buscar a sabedoria divina.
● Capítulo 4 condena
várias atitudes carnais que atrapalham o serviço a Deus.
● Capítulo 5 encerra
a epístola com várias instruções que exigem uma perspectiva eterna e
espiritual, e não materialista e carnal.” (ESTUDOS DA BÍBLIA)
II - OS DELEITES DA VIDA
“Tiago emprega aqui uma metáfora que ainda hoje usamos em
nossos debates, discussões e conversas sobre dificuldades nas mais diversas
áreas da vida.
1. Guerras e pelejas (v.1). Há quem afirme que essas guerras e pelejas sejam uma
referência às disputas internas que havia entre os judeus de Jerusalém nos
levantes contra Roma. A população da Judeia estava dividida nessa época sobre a
luta pela libertação do poder romano. Mas não é disso que Tiago está falando
aqui. Essas palavras metafóricas são pesadas e mostram o nível das disputas entre
os crentes por causas dos deleites, ou seja, os maus desejos interiores (v.2).
Não se trata aqui de debates teológicos entre os mestres. A expressão
"guerras e pelejas" refere-se às discussões acirradas sobre "o
meu e o teu", e isso é muito grave.” [Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 5, 3 Fev, 2019]
- “Por que existem conflitos, discórdias e males entre as pessoas cristãs?
Tiago, o meio-irmão do Senhor, retoricamente, pergunta: "Porventura, não
vêm disto, a saber, dos vossos deleites que nos vossos membros guerreiam?"
(v.1). Esta é a origem dos conflitos e das discórdias que o autor da epístola
descreve na seção bíblica 3.1-3. Quão enganoso e destrutivo é o coração humano!
No terceiro capítulo, Tiago demonstra que a maioria das nossas desavenças e
tramas perversas é fruto da ambição, ignomínia e sede de vermos o nosso desejo
realizado. E qual o objetivo desta realização? O deleite! O líder da igreja de
Jerusalém expõe a nudez da alma humana. Daí é que surgem muitas frustrações
espirituais e da própria alma. O indivíduo tem uma relação com Deus não segundo
a vontade divina, mas a sua própria, pois colocaram em sua cabeça que as
bênçãos de Deus são para os seus deleites e prazeres. Neste ponto, Tiago é
taxativo: "Cobiçais e nada tendes; sois invejosos e cobiçosos e não podeis
alcançar; combateis e guerreais e nada tendes, porque não pedis. Pedis e não
recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites" (4.2,3). "Porque
não pedis", Tiago destaca esta expressão para compará-la, logo em seguida,
com a outra posterior: "Pedis e não recebeis". Porque alguém pede a Deus
e não recebe, já que o nosso Senhor prometeu dar-nos tudo o que pedíssemos em
seu nome? Esta é uma pergunta que só pode ser respondida à luz de um autoexame
sincero, pois a Palavra responde com clareza: "Pedis e não recebeis,
porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites". Temos de ter o
cuidado, para não confundirmos a vontade de Deus com a nossa própria. Não
podemos usar o nome de Deus para realizar as vontades e os prazeres
particulares. Deus não se usa! Portanto, desafie a classe para um autoexame
honesto, sincero e transparente à luz da Palavra de Deus. Nada é melhor que o
homem desnudar-se na presença do Altíssimo. O nosso Pai sabe o que está em
nosso coração e qual a nossa verdadeira motivação de vida diante dEle. Num
tempo dominado pelas ambições e prazeres humanos, a palavra ensinada por Tiago
chega a uma ótima hora e desafia-nos a olharmos para nós e perguntarmo-nos: o
que há em meu coração?” (Revista Ensinador Cristão CPAD, n° 59, p.41.)
“2. Os deleites. Ou maus desejos que eram
a motivação dessas pelejas: "dos vossos deleites" (v.1). O termo "deleites" (vv. 1,3) é
hedoné que aparece cinco vezes no Novo Testamento para descrever deleites ou
prazeres ilícitos (Lc 8.14; Tt 3.3; Tg 4.1,3; 2 Pe 2.13). Originalmente
significava o prazer experimentado pelo sentido do paladar, posteriormente por
meio dos outros sentidos e da mente; no período helenista, o conceito se
restringiu ao significado de "gozo sensual, deleite sexual". É a
procura indiscriminada do prazer. O hedonismo permeia o pensamento pós-moderno.
Hoje, qualquer esforço disciplinado ou o mínimo de sacrifício para se atingir
um objetivo são tratados com profundo desgosto.” [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019.
Lição 5, 3 Fev, 2019]
- “1. Desejos Errados e Desastre Espiritual (4.1,2b) - Tiago dá uma resposta
afirmativa à sua própria pergunta, mas ele sabe que é a mesma resposta que seus
leitores ouvirão de uma consciência acusadora. Vocês colocaram seu coração
naquilo que o mundo pode lhes dar e, como resultado, vocês estão em
dificuldade. Desejos mundanos conflitam uns com os outros. Esses deleites
(“prazeres”, ARA), que nos vossos membros guerreiam (v. 1), perturbam vossa
própria paz de espírito, por isso vocês brigam e matam e espalham o conflito
aos outros. O principal problema é que vocês permitem que desejos profanos
possuam seu espírito. Esses desejos, se impuros e incontrolados, levam ao
desastre espiritual. Se analisarmos esse texto de acordo com 3.14, ele é melhor
interpretado por: sois invejosos (“matam”, cf. KJV e NVI e ARA), combateis e
guerreais de maneira figurativa. Não é provável que essas coisas tenham, na
verdade, ocorrido na comunidade cristã. Tanto Tiago quanto seus leitores
cristãos estariam familiarizados com a interpretação de Jesus de que abrigar o
desejo perverso consistia, na ótica de Deus, na violação dos mandamentos (cf.
Mt 5.21-22). A maioria dos tradutores modernos entende que o versículo 2
apresenta duas sentenças equilibradas, ou seja: “Vocês desejam, mas não
possuem; por isso cometem assassinato. E vocês são invejosos e não conseguem
obter; por isso, lutam e brigam” (NASB). (A. F. Harper. Comentário Bíblico
Beacon. Tiago. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 181-182).
“3. Cobiçosos e invejosos (v.2). A versão bíblica ARC (Almeida Revista e Corrigida) omite
aqui o verbo "matar" que consta do texto grego: "Vocês cobiçam e
nada têm; matam e sentem inveja" (Nova Almeida Atualizada). Esse homicídio
não é literal; diz respeito ao ódio, que é como homicídio aos olhos de Deus (Mt
5.21,22; 1 Jo 3.15). A cobiça é o desejo excessivo de possuir o que pertence ao
outro, e a inveja é um sentimento de tristeza e pesar pela alegria, felicidade
e sucesso de outra pessoa. O cristão deve se contentar com o que tem (Lc 3.14;
Fp 4.12; Hb 13.5). Cabe aqui ressaltar que esse ensino não é uma apologia à
pobreza e à miséria, pois não é pecado desejar e buscar, de maneira lícita,
tudo o que é útil à vida, desde que os nossos desejos sejam afinados com os de
Deus.” [Lições Bíblicas CPAD,
Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 5, 3 Fev, 2019]
- “Cobiçais” No
grego é ‘nepithumeo’, desejar, anelar por, em bom ou em
mau sentido. É óbvio que aqui isso deve ser entendido de maneira prejudicial.
Tal palavra era com frequência usada para indicar as paixões sexuais descontroladas;
mas o presente contexto não limita seu sentido a isso. “Os desejos aqui descritos tornam-se tão fortes, que as pessoas estão
prontas até para matar (versão NTLH), com a finalidade de conseguir aquilo que
querem. A palavra “matar” pode ser interpretada como uma hipérbole para o ódio
e a amargura. Em lugar de reavaliarem os seus desejos, as pessoas descritas por
Tiago recorrem à inveja, a lutas, a disputas, e a coisas piores do que estas.
Mas, apesar de todo o seu egoísmo e antagonismo para conseguirem o que desejam,
elas ainda não podem alcançar estas coisas. Por que? Nós aprendemos (desde
quando tivemos o nosso primeiro triciclo até quando dirigimos o nosso primeiro
automóvel) que os desejos satisfeitos não trazem tanta satisfação quanto
prometem. Algumas vezes, conseguimos realmente aquilo que queríamos, e então
descobrimos que ainda não temos aquilo de que realmente necessitávamos - a
profunda satisfação que somente nos vem quando somos justificados para com Deus.
Se confiarmos somente nos nossos desejos, eles apenas nos levarão às coisas
desta terra, e não às coisas de Deus. Em resumo, a mensagem de Tiago é: Nada
tendes, porque não pedis a Deus. Em outras palavras: “Vocês não têm o que
querem porque não querem a Deus””. (Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal.
Editora CPAD. Vol. 2. pag. 682).
“4. Adúlteros e adúlteras (v.4). Tiago continua a linguagem metafórica usada desde o Antigo
Testamento para descrever a apostasia de Israel e sua infidelidade a Javé, seu
Deus. A infidelidade a Deus é em si mesma um adultério espiritual. Tiago
especifica que se trata de um assunto que envolve homens e mulheres. Assim como
a intimidade, o amor, a beleza, o gozo e a reciprocidade que o casamento
proporciona fazem dele o símbolo da união e do relacionamento entre Cristo e a
sua Igreja (2 Co 11.2; Ef 5.31-33; Ap 19.7). A antítese segue nessa mesma linha
de pensamento, pois de igual modo a infidelidade de Israel, da Igreja ou de um
cristão é chamada na Bíblia de adultério espiritual, ou prostituição e
fornicação espiritual (Jr 3.8; Ez 16.32; Ap 2.2 O).” [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019.
Lição 5, 3 Fev, 2019]
- “A chocante palavra “adúlteros”
descreve claramente a infidelidade espiritual das pessoas e tenciona
despertá-las para que encarem a sua verdadeira condição espiritual. Estes
crentes estavam tentando amar a Deus e ter um romance com o mundo. O fato de D2eus
expressar, nos termos mais fortes possíveis, a importância da fidelidade deve
nos inquietar. Os padrões bíblicos de comportamento pessoal, conjugal e
espiritual estão sob constante ataque de erosão. Nós somos constantemente
bombardeados pela mensagem da transigência. Do ponto de vista do mundo, nós
devemos ser flexíveis, tolerantes ao pecado, e complacentes. Mas isto não
funciona, porque a amizade do mundo é inimizade contra Deus. Para os crentes, o
mundo e Deus são dois objetos distintos de afeto, mas são completamente
opostos. O mundo é o sistema do maligno, que está sob o controle de Satanás;
ele representa tudo o que é contrário a Deus. Ter amizade com o mundo,
portanto, é adotar os seus valores e desejos (veja também Rm 8.7,8; 2 Tm 4.10;
I Jo 2.15-17). Estes crentes podem amar verdadeiramente a Deus, mas também são
atraídos pelos benefícios do sistema deste mundo. Eles adoram a Deus, mas podem
desejar a influência, os padrões de vida, a segurança financeira, e talvez um
pouco da liberdade que o mundo oferece. A busca destas coisas só irá minar a
generosidade, os cuidados, e a divisão de recursos que deveriam caracterizar os
cristãos. Qual é, então, o relacionamento adequado de um crente com o mundo?
Alguns usaram declarações bíblicas como esta de Tiago como a base para uma
retirada radical do “mundo”. Mas a retirada não é a solução. Embora seja
verdade que nós somos chamados para estar no mundo mas não pertencer a este
mundo (Tg 17.14), deveríamos amar as pessoas deste mundo o suficiente para lhes
transmitirmos o Evangelho. Para fazermos isto, precisamos nos relacionar com
elas sem nos relacionar com as coisas deste mundo que são contrárias a Deus (veja
1 Jo 3.15-17).” (Comentário do Novo Testamento
Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 682-683).
III - RESISTINDO AO INIMIGO
“A ideia de Tiago, ao concluir essa seção da epístola, é a
mesma exortação que fez o apóstolo Pedro, inspirado por Levítico 11.44; 19.2; 2
O.7: "mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em
toda a vossa maneira de viver, porquanto escrito está: Sede santos, porque eu
sou santo" (1 Pe 1.15,16).
1. Tiago apresenta a receita para resistir ao Inimigo. Ele mostra que o Espírito Santo está em nós (v.5), o que é confirmado
em outras partes do Novo Testamento (1 Co 3.16; 6.19; Ef 2.22). Na verdade, o
cristianismo é a única religião do planeta que tem o Espírito Santo (Jo
14.16,17). Assim, o Espírito Santo em nós não quer um coração dividido: "É
com ciúme que por nós anseia o espírito, que ele fez habitar em nós?"
(v.5, Nova Almeida Atualizada). Essa vantagem nos permite viver uma vida santa
e resistir ao Inimigo. Nisso temos a ajuda de Deus, que "resiste aos
soberbos, dá, porém, graça aos humildes" (v.6).” [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019.
Lição 5, 3 Fev, 2019]
- “O Espírito tem “ciúmes” (Tg 4.5). Nessa passagem, um aspecto muito
importante ressaltado por Tiago sobre o nosso relacionamento com Deus é que o “Espírito,
que em nós habita, tem ciúmes” (v. 5). A construção do versículo 5 no original
grego não é muito clara, podendo esse texto significar que o espírito humano
tem a tendência natural “de opor-se a Deus e ao próximo”, o que estaria
implícito na expressão traduzida como “ciúmes”; ou então que o Espírito Santo tem
ciúmes de nós, isto é, zelo intenso por nós. A maioria esmagadora dos
comentaristas bíblicos, à luz do que afirmam o final do versículo 4 e o início
do versículo 6, prefere a segunda interpretação para o versículo 5, que é
também a interpretação aceita por mim: Tiago quer dizer aqui que o Espírito Santo
de Deus tem ciúmes de nós. O Consolador, aquEle que intercede por nós e em nós
com gemidos inexprimíveis (Rm 8.26,27) e se entristece frente aos nossos
pecados (Ef 4.30), o nosso Ajudador, que nos guia na caminhada espiritual e no
relacionamento com o Pai celestial através de Cristo (Rm 8.5-11), tem um forte,
intenso e amoroso zelo por nós.” (Alexandre Coelho e Silas Daniel.
Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag.
119-120).
“2. A submissão a Deus. Essa submissão e
humildade a Deus é descrita de várias maneiras, como "resistir ao
diabo" (v.7) e se aproximar de Deus; limpar as mãos, "vós de duplo
ânimo" (v.8). O duplo ânimo diz respeito aos crentes indecisos e divididos
em suas decisões entre Deus e o mundo (Tg 1.8). Jesus disse que ninguém pode
servir a dois senhores (Mt 6.24). As mãos são instrumentos das ações e o
símbolo de toda a conduta. Para que elas sejam limpas, é necessário primeiro um
coração purificado (Sl 24.4; 1 Pe 1.22).” [Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 5, 3 Fev, 2019]
- “O apóstolo explica em detalhes como se dá essa submissão a Deus, no que ela
consiste. Em primeiro lugar, diz ele que é preciso se aproximar de Deus, isto
é, buscá-lo sinceramente: “Chegai-vos a Deus” (v.8a). A consequência disso é
que Deus se chegará a nós (v. 8b) — ou seja, teremos comunhão com Ele e seremos
abençoados pela sua presença em nossas vidas. “Buscar-me-eis, e me achareis,
quando me buscardes com todo o vosso coração” (Jr 29.13). Em segundo lugar, é
preciso se arrepender dos pecados e mudar de atitude: “Limpai as mãos,
pecadores” (v.8c). Ter as mãos limpas fala de chegar-se a Deus com a
consciência limpa devido ao arrependimento sincero. Paulo fala de levantar as
mãos em oração diante do Senhor “sem ira nem contenda” (1 Tm 2.8), purificado. Em
terceiro lugar, é preciso dar fim ao “duplo ânimo” (v.8d), isto é, ao hesitar
entre Deus e o mundo, ao coxear entre a vontade de Deus e as paixões
pecaminosas. Em quarto lugar, “purificai o coração” (v.8e), que significa aqui
ter um coração sincero, sem falsidade, sem maldade. Só os puros de coração
verão a Deus (Mt 5.8), isto é, só os sinceros de coração poderão ter um
relacionamento real com Deus. Ao final, Tiago reforça a necessidade de
arrependimento sincero, de quebrantamento verdadeiro perante Deus: “Senti as
vossas misérias, e lamentai, e chorai; converta-se o vosso riso em pranto, e o
vosso gozo, em tristeza” (v.9)”. (Alexandre Coelho e Silas Daniel.
Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag.
122-123).
“3. Os lamentos e os resultados. Tiago continua com as suas exortações: sentir as nossas
misérias, lamentar, chorar, substituir o riso pelos lamentos, sentir angústia e
nos humilhar diante de Deus (v.9). Essas exortações resultam em bênçãos, entre
elas, a de que o Diabo fugirá de nós, e o Senhor nos "exaltará" (v.1
O). Trata-se de uma vitória completa em Cristo.” [Lições Bíblicas
CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 5, 3 Fev, 2019]
- “À medida que Deus se aproxima de
nós, devemos sentir a nossa falta de merecimento. Afinal, estamos obtendo a
permissão de nos aproximarmos do Deus santo e perfeito. Tiago descreveu um
longo processo espiritual nos oito últimos versículos. Ele começou descrevendo
as pessoas em conflito umas com as outras e consigo mesmas. A seguir, ele
descreveu a origem de tais conflitos nos desejos inapropriados, que são
motivados, em grande parte, pela tentativa de permanecer próximas tanto do
mundo como de Deus. O desmascarar de uma vida como esta e a convocação dos
crentes à humildade pode não ser uma mensagem bem recebida. A rendição pode não
vir com facilidade. Desejos arraigados há muito tempo podem reagir com
desobediência. O arrependimento poderá ter que incluir a recordação do quanto
nós nos afastamos do caminho de Deus antes de termos retornado. Estes termos
diferentes, misérias, lamentações, pranto e tristeza captam a luta de uma alma
que se aproxima de Deus. Existe uma morte que está acontecendo. É um chamado ao
arrependimento profundo e sincero. O riso das pessoas (o riso escarnecedor que
se recusou a levar o pecado a sério) e a sua alegria com os prazeres do mundo
precisam ser completamente transformados - em tristeza pelos seus pecados (veja
também Lc 6.25). Até que isto ocorra, não há espaço para o riso da liberdade
verdadeira e a alegria do Senhor. A vida cristã envolve alegria, mas, quando
nós percebemos os nossos pecados, precisamos nos lamentar, para que possamos
nos arrepender. Somente depois da lamentação é que podemos passar para a alegria
na graça que Deus nos dá”.
(Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 2. pag.
684). “Sujeitar-se a Deus, submeter-se a Ele, ou, como acrescenta
Tiago ainda, humilhar-se diante do Senhor. O resultado dessa atitude é claro:
“Humilhai-vos perante o Senhor, e Ele vos exaltará” (v. 10 — grifo meu). Em
suma, Tiago nos ensina nessa bela passagem de sua epístola que não há vitória
sobre as paixões pecaminosas e nem exaltação espiritual na vida do cristão sem
humilhação diante de Deus, sem submissão total à sua vontade, que se dá através
desses quatro passos acima elencados a partir de seu próprio texto. E mais:
vivendo assim, não teremos, inclusive, conflitos entre nós, porque nossas
motivações, desejos e formas de agir estarão completamente harmonizados com a
perfeita vontade do Senhor.”
(Alexandre Coelho e Silas Daniel. Fé e Obras, Ensinos de Tiago para uma Vida
Cristã Autêntica. Editora CPAD. pag. 123). “Humilhar-nos
perante o Senhor e admitir a nossa dependência dele significa reconhecer que o
nosso valor vem somente de Deus. É reconhecermos a necessidade desesperada que
temos de sua ajuda e sujeitarmo-nos à sua vontade para a nossa vida. Embora nós
não mereçamos a graça de Deus, Ele nos alcança no seu amor e nos dá valor e
dignidade, apesar dos nossos defeitos humanos. Quando fazemos isto, a promessa
é certa: Ele nos exaltará e nos dará honra. Um dos exemplos bíblicos mais comoventes
desta verdade é encontrado na parábola de Jesus sobre o pai que perdoa (veja Lc
15.11-32). O filho tinha tomado a sua herança e saído de casa para ser amigo do
mundo. Somente depois que se encontrou falido em todos os aspectos é que ele se
arrependeu e, entristecido, voltou para casa. O filho confessou ao seu pai que
era indigno de ser chamado de filho. Mas o pai o exaltou e o recebeu de volta à
família. O ato de retornar exigiu submissão. As palavras de arrependimento do
filho rebelde exigiram humildade. O resultado final foi uma grande alegria. A
humildade perante Deus será seguida da nossa exaltação.” (Comentário do Novo Testamento
Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 2. pag. 685).
CONCLUSÃO
“Tiago relaciona uma série de exortações que,
se praticadas em conjunto, resultarão na completa resistência ao Inimigo de
nossa alma. O que Deus espera de nós é
que sejamos santos como Ele é santo. Resistir ao Inimigo, no contexto de Tiago,
resume-se em que cada um de nós sujeitemos-nos à vontade de Deus e
cheguemos-nos a Ele; e devemos ainda purificar as mãos e limpar o coração. É
essa dependência de Deus que nos leva à vitória em Cristo.” [Lições Bíblicas CPAD,
Revista Adultos, 1º Trimestre 2019. Lição 5, 3 Fev, 2019]
- Tiago abre o capítulo 4 perguntando: “Donde vêm as guerras e pelejas entre vós?”.
Em seguida, responde retoricamente: “Porventura,
não vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam?”
(v.1). Aqui, o líder da igreja de Jerusalém denuncia o tipo de sabedoria que
estava predominando na igreja: a terrena, animal e diabólica. Por quê? Ora,
entre aqueles crentes havia “guerras e
pelejas” e “interesses dos próprios
deleites”, enquanto os menos favorecidos estavam à margem dessas ambições.
Estava nítido que eles não semeavam a paz. Nós possuímos desejos legítimos à
luz da Bíblia, a realização profissional, pessoal e o desejo de uma melhor
qualidade de vida são anseios de todo homem, e as Escrituras não proíbem isso.
Entretanto, o problema existe quando esse anseio torna-se uma obsessão, um
desejo cego, colocando o Senhor nosso Deus à margem da vida para eleger um
ídolo: o sonho pessoal. A partir dos ensinamentos do Senhor Jesus,
desfrutaremos da verdadeira felicidade em Deus. Que venhamos atentar para o ensinamento
desta lição, humilhando-nos na presença de Deus através de Cristo Jesus. Ao
concluirmos o estudo dessa semana veremos que não se pode abrir mão de Deus
para realizarmos os nossos sonhos, pois os dEle devem estar em primeiro lugar!
“Achando-se as tuas
palavras, logo as comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu
coração; porque pelo teu nome sou chamado, ó Senhor Deus dos Exércitos”.
(Jeremias 15.16),
Francisco Barbosa
Campina Grande-PB
Janeiro de 2019
PARA REFLETIR
A respeito de “Um Inimigo que Precisa Ser Resistido"
responda:
• O que mostra a palavra
"sinagoga" em Tiago 2.2?
O emprego da palavra
"sinagoga" como alternativa mostra que Tiago vem de uma época em que
os discípulos eram chamados de "o movimento de Jesus".
• A que se refere a
expressão "guerras e pelejas"?
A expressão
"guerras e pelejas" se refere às discussões acirradas sobre "o
meu e o teu".
• O que só o cristianismo
tem e que fez dele a única religião do planeta com tal característica?
Na verdade, o
cristianismo é a única religião do planeta que tem o Espírito Santo (Jo
14.16,17).
• O que significa a
expressão "duplo ânimo" (Tg 4.8)?
O duplo ânimo diz
respeito aos crentes indecisos e divididos em suas decisões entre Deus e o
mundo (Tg 1.8).
• Quais as bênçãos
resultantes das exortações de Tiago?
Essas exortações
resultam em bênçãos, entre elas a de que o Diabo fugirá de nós, e o Senhor nos
"exaltará" (v.1 O). [Lições Bíblicas CPAD, Revista Adultos, 1º Trimestre 2019.
Lição 5, 3 Fev, 2019]