Pb Francisco Barbosa (@Pbassis)
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TEXTO PRINCIPAL
“Porque nele se descobre a justiça de Deus de
fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé.” (Rm 1.17).
ENTENDA O TEXTO PRINCIPAL:
• Este versículo é parte da tese principal da epístola
aos Romanos (1:16-17), onde Paulo introduz o tema central da justificação pela
fé. Ele faz uma ponte entre o poder do Evangelho e a revelação da justiça de
Deus. Porque nele... Referência ao Evangelho (v.16): Paulo afirma que
no Evangelho se manifesta algo crucial, a justiça de Deus. Nele aponta não apenas
para a mensagem, mas para a obra salvífica de Cristo. ...se descobre (ἀποκαλύπτεται) a justiça
de Deus... O verbo grego
apokalyptetai indica uma revelação contínua, está sendo desvendada. Justiça
de Deus (δικαιοσύνη θεοῦ): não é apenas o atributo justo de Deus (punitivo), mas
principalmente a justiça que vem de Deus e é concedida ao pecador pela fé (cf.
Filipenses 3:9). É justificativa, e não condenatória, um conceito que Lutero
redescobre na Reforma. ...de fé em fé... Expressão grega: ἐκ πίστεως εἰς πίστιν. Pode ser
entendida como: “Desde a fé inicial até a fé contínua”, enfatizando a
perseverança. De fé (divina, objetiva) para fé (humana, subjetiva), a
resposta do crente à graça revelada. A construção reforça que tudo na vida
cristã é sustentado pela fé, do começo ao fim. como está escrito: O justo viverá
da fé Citação de Habacuque 2:4. No contexto original, trata-se da
confiança do justo diante do juízo iminente de Deus. Paulo interpreta sob a
ótica cristológica: o justo (justificado) é aquele que vive por sua fé em
Cristo. No grego: ὁ δὲ δίκαιος ἐκ πίστεως ζήσεται, a ênfase é na fé como origem da vida do
justo. A justiça de Deus não é conquistada, mas recebida pela fé, conforme
revelado no Evangelho. A vida cristã não é apenas iniciada, mas sustentada
continuamente pela fé, "de fé em fé". Este texto lança o fundamento
da justificação somente pela fé (sola fide), sendo uma das pedras angulares da
Reforma Protestante. LUTERO, Martinho. Comentário de Romanos. São Paulo:
Editora Sinodal, 2003; MOO, Douglas. The Epistle to the Romans (NICNT). Grand Rapids:
Eerdmans, 1996; STOTT, John. A Mensagem de Romanos. São Paulo: ABU, 1994.
RESUMO DA LIÇÃO
Abraão
foi tornado justo por crer no que Deus falou, e não por seguir um conjunto de
ritos.
ENTENDA O RESUMO DA LIÇÃO:
• Abraão foi declarado justo não por obras, nem por
ritos religiosos, mas porque creu profundamente na palavra do Deus vivo. Sua
justiça não nasceu da obediência a um sistema, mas da fé no caráter fiel
daquele que promete. Foi a confiança absoluta na voz de Deus, e não um ritual
externo, que o ligou à justiça divina.
TEXTO BÍBLICO
Gálatas 3.1-11
1. Ó
insensatos gálatas! Quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade, a vós,
perante os olhos de quem Jesus Cristo foi já representado como crucificado?
•insensatos. Isso não se refere à
falta de inteligência, mas à falta de obediência (cf. Lc 24.25; ITin 6.9; Tt
3.3). Paulo expressou seu espanto, sua surpresa e sua indignação com respeito à
deserção dos gálatas. Quem.? Os judaizantes, os falsos
mestres judeus estavam infestando as igrejas dos gálatas. fascinou. Atraído ou
iludido pela adulação e pelas falsas promessas. O termo sugere um apelo às
emoções por parte dos judaizantes. exposto. A palavra grega descreve a
colocação de anúncios oficias em lugares públicos. A pregação de Paulo havia
apresentado o verdadeiro evangelho de Jesus Cristo publicamente diante dos
gálatas. crucificado. A crucificação de Cristo foi um lato histórico
único com resultados permanentes para toda a eternidade. A morte sacrifical de
Cristo forneceu o pagamento eterno pelos pecados dos cristãos (cf. Hb 7.25), e
não precisa ser complementado por quaisquer obras humanas. (MacArthur).
2.
Só quisera saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela
pregação da fé?
•recebestes o Espírito? A
resposta para a pergunta retórica de Paulo era óbvia. Os gálatas haviam
recebido o Espírito no momento em que foram salvos (Rm 8.9; ICo 12.13; 1Jo
.3.24; 4,13), não por meio do cumprimento cia lei, mas por intermédio da fé
salvadora concedida quando ouviram a respeito do evangelho (cf. Rm 10.17). O
ouvir a respeito da fé é, na verdade, ouvir c.om fé. Paulo recorreu à própria
salvação dos gálatas para refutar o falso ensino dos judaizantes de que é
necessário cumprir a lei para a salvação. (MacArthur).
3.
Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela
carne?
•Sois assim Insensatos? Incrédulo com a facilidade com que os gálatas haviam sido
enganados. Paulo fez uma segunda pergunta retórica, repreendendo-os, novamente,
pela insensatez deles; começado no Espírito... na carne? A
ideia de que a natureza humana pecaminosa, fraca e decaída (Mt 26.41; Rm 6.19)
poderia aperfeiçoar a obra da salvação do Espírito Santo era ridícula para
Paulo. (MacArthur).
4.
Será em vão que tenhais padecido tanto? Se é que isso também foi em vão.
•tantas coisas. Diz respeito a todas as
bênçãos da salvação vindas de Deus, de Cristo e do Espírito Santo (cf. Ef 1.3).
sofrestes.
A palavra grega tem o significado básico de "padecer", e não implica
necessariamente dor ou sofrimento. Paulo utiliza-a para descrever a experiência
pessoal da salvação dos gálatas em Jesus Cristo. Se, na verdade, foram em
vão. Veja Lc 8.1.3; At 8.13,21; 1 Co 1.5.2; 2Co 6.1; 13.5-6. (MacArthur).
5.
Aquele, pois, que vos dá o Espírito e que opera maravilhas entre vós o faz
pelas obras da lei ou pela pregação da fé?
•Ele, portanto, que ministra . Ele não está agora falando da
graça da regeneração, mas dos outros dons do Espírito; para um assunto
diferente do anterior é manifestamente introduzido. Ele os adverte que todos os
dons do Espírito Santo, nos quais eles se destacaram, são os frutos do evangelho,
daquele evangelho que havia sido pregado entre eles por seus próprios lábios.
Seus novos professores os privaram desses dons quando deixaram o evangelho e
fugiram para outro tipo de doutrina. Na proporção do valor que atribuíam a
esses dons, aos quais o apóstolo aqui acrescenta milagres , eles deveriam, com
mais cuidado e determinação, aderir ao evangelho. (Comentário de John Calvin)
6.
É o caso de Abraão, que creu em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça.
•Como faz em Romanos (veja nota em Rm 4.3), Paulo, citando Gn
15.6, menciona Abraão como prova de que nunca houve outro modo de salvação além
dn graça por meio da fé. Até mesmo o AT ensina a justificação pela fé.
(MacArthur).
7.
Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão.
•filhos de Abraão. Os
crentes judeus e gentios são os verdadeiros filhos espirituais de Abraão, pois
eles seguem o seu exemplo da fé (Rm 4.11,16). (MacArthur).
8.
Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os
gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão
benditas em ti.
•a Escritura previsto. A
personificação das Escrituras era uma figura de linguagem comum para os judeus
(cf. 4.30; Jo 7.38,42; 19.37; Rm 9.17; 10.11; 11.2; ITm 5.18). Como a Escritura
é a Palavra de Deus, quando ela fala, Deus fala. preanunciou o evangelho a
Abraão. As "boas-novas" para Abraão foram as novas da salvação para
todas as nações (citado de Cn 12.3; 18.18). Veja Gn 22.18; jo 8.56; At
26.22-23. Em todos os tempos, a salvação foi por meio da fé. (MacArthur).
9.
De sorte que os que são da fé são benditos com o crente Abraão.
•os da fé... Abraão. Sejam
judeus ou gentios. O Al preanunciou que os gentios receberiam as bênçãos da
justificação pela fé, assim como «Abraão. Essas bênçãos são derramadas sobre
todos por causa de Cristo (cf. Jo 1.16; Rm 832; Ef 1.3; 2.6-7; Cl 2.10; 1 Pe
3.9; 2Pe 1.3-4). (MacArthur).
10.
Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo da maldição; porque
escrito está: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que
estão escritas no livro da lei, para fazê-las.
•Todos quantos, pois, são das obras da lei. Aqueles que tentavam obter a salvação pelo cumprimento da
lei. debaixo de maldição. Citação de Dt 27.26 a fim do mostrar que o falo de
não conseguir cumprir perfeitamente a lei traz o julgamento e a condenação
divina. Uma violação da lei merece a maldição de Deus. Cf. Dt 27,28. todas as
coisas. Veja Tg 2.10. Ninguém consegue cumprir todos os mandamentos da lei, nem
mesmo fariseus rigorosos como Saulo de Tarso (Rm 7.7-12). (MacArthur).
11.
E é evidente que, pela lei, ninguém será justificado diante de Deus, porque o
justo viverá da fé.
•pela lei, ninguém é justificado. Cf. Rm 3.20. justificado. Feito justo perante
Deus. Ve/a nota em Rm 3.24. o justo viverá pela fé. Veja nota em Rm 1.17. A
citação anterior de Paulo do AT (v. 10; cf. Dt 27.26) mostrou que a
justificação não vem pelo cumprimento da lei; essa citação de Hc 2.4 mostra que
a justificação é somente pela fé (cf. Hb 10.38) (MacArthur).
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INTRODUÇÃO
Nesta lição, veremos a forma como
Paulo discorre a respeito da doutrina da justificação pela fé aos irmãos
gálatas. No capítulo anterior, ele havia defendido a sua mensagem e o seu
apostolado. Desta vez, ele vai defender a doutrina que os gálatas receberam e
depois trocaram por outra forma de pensamento. A fé estava sendo substituída
pelo esforço humano, e isso é um retrocesso (da bênção para uma maldição). É
uma advertência para que o que começamos certo não termine errado por nossa
responsabilidade.
•A carta aos Gálatas não é apenas um tratado teológico sobre
a justificação. É um grito pastoral. Paulo escreve com lágrimas nos olhos e
indignação no coração ao ver uma igreja que começou bem... mas agora corre
perigo de terminar mal. Depois de defender com firmeza o seu apostolado no
capítulo 1, o apóstolo parte agora para o ponto central da controvérsia: a
justificação diante de Deus não vem por esforço humano, nem por aderência a
rituais ou tradições. Ela vem pela fé, exclusivamente pela fé, como já fora
revelado desde Abraão (Gn 15.6), e agora, plenamente manifesto no Evangelho de
Cristo (Gl 3.8). É nesse ponto que muitos de nós, assim como os gálatas,
tropeçamos. Substituímos o que é espiritual por algo que parece mais tangível e
controlável. No original grego de Gálatas 3.3, Paulo pergunta: “Tão insensatos
sois? Tendo começado no Espírito, estais agora vos aperfeiçoando na carne?” “ἐπιτελεῖσθε” (epiteleisthe) aqui
traz a ideia de levar à perfeição com os próprios meios, como se a obra iniciada
por Deus dependesse de performance humana para ser concluída. Um erro grave,
que inverte o Evangelho. Perceba que temos aqui uma advertência quanto a
querermos acrescentar à obra salvífica com nosso próprio esforço, como se a fé
somente, não fosse suficiente. A advertência é clara: retroceder da graça para
o legalismo é voltar da bênção para a maldição (Gl 3.10). Como nos lembra
Hernandes Dias Lopes, “a justificação pela fé é o coração do Evangelho; remover
esse princípio é destruir o próprio Cristianismo”¹. Esse retorno ao mérito
humano é, na verdade, um retorno ao jugo que Cristo já quebrou. Como alerta
Anthony D. Palma, "a tentativa de completar pela lei o que foi iniciado
pela fé é espiritualmente suicida"². O que está em jogo aqui não é um
detalhe teológico, mas a própria base da nossa vida cristã: seremos aceitos por
Deus porque confiamos na obra de Cristo, ou porque confiamos em nós mesmos? A
fé que justifica não é passiva ou superficial. É fé viva, que transforma, que
se manifesta em obediência, mas nunca confunde o fruto com a raiz da salvação.
A justiça de Deus, revelada no Evangelho, é recebida “ek pisteōs eis pistin”
(Rm 1.17) “de fé em fé”, ou seja, é sustentada pela fé do início ao fim, como
bem enfatiza Gordon D. Fee³. Esta lição é um convite urgente à
autoavaliação: será que estamos realmente confiando na suficiência da cruz de
Cristo, ou ainda alimentamos secretamente a esperança de que nosso desempenho
nos torne mais aceitos diante de Deus? É hora de confrontar esse legalismo
disfarçado e retornar à liberdade da fé, que opera pelo amor (Gl 5.6).
1. LOPES, Hernandes Dias.
Gálatas – Comentários Expositivos Hagnos: A carta da liberdade cristã. São
Paulo: Hagnos, 2010.
2. PALMA, Anthony D. O
Espírito Santo – Uma perspectiva pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.
3. FEE, Gordon D. Paulo, o
Espírito e o povo de Deus. São Paulo: Vida Nova, 2009.
I. O QUESTIONAMENTO DE PAULO
1. Fascínio para a desobediência.
Paulo se dirige aos crentes na introdução da Carta como irmãos (Gl 1.1), mas
aqui, ele fala de um jeito menos amistoso, chamando-os de “insensatos gálatas”
(Gl 3.1). Isso porque aqueles irmãos estavam perdendo o juízo, deixando de lado
critérios e ficando fascinados com uma outra mensagem. A palavra fascinação
significa “forte atração por algo ou por alguém”. Paulo faz uma pergunta aos
crentes da Galácia e o pensamento dele vale para os nossos dias: O que pode ser
tão atraente para a nossa espiritualidade que tenha a capacidade de nos afastar
do verdadeiro Evangelho? Para os gálatas, a fascinação provinha da
possibilidade de seguir a lei dos judeus, o que, na teoria deles, poderia
ajudar na salvação. Eis aqui uma questão: Paulo comenta que eles foram
fascinados, enfeitiçados, para se tornarem desobedientes ao Evangelho. Aquela
nova mensagem que receberam dos judaizantes não lhes movia a fim de obedeceram
a Deus, mas os convencia, por uma mensagem à desobediência, e eles não haviam
percebido isso.
• É possível ser fascinado por algo que parece bom e
ainda assim estar se afastando de Cristo. Foi exatamente isso que estava
acontecendo com os crentes da Galácia. Paulo, que inicia sua carta chamando-os
de “irmãos” (Gl 1.1), agora muda o tom e os chama de “ó gálatas insensatos”
(anoētoi, Gl 3.1). A palavra grega usada aqui descreve uma falta de
discernimento espiritual causada não por ignorância, mas por negligência. É
como se Paulo dissesse: “Vocês sabiam a verdade, mas permitiram que outra coisa
ocupasse o lugar dela”. E o que era essa “coisa”? Uma distorção do Evangelho
disfarçada de piedade. Paulo usa uma expressão ainda mais forte: “quem vos
fascinou?” (tis hymas ebáskēnen). O verbo baskainō era comumente usado no grego
helenístico para descrever encantamento mágico, como uma espécie de feitiço
espiritual que ofusca a razão. O apóstolo denuncia que algo havia capturado os
olhos e o coração daqueles cristãos de forma tão poderosa que os tornara
desobedientes sem que percebessem. Eles haviam trocado o agir do Espírito pela
ilusão de um desempenho humano. Ao invés de confiar na suficiência da cruz,
estavam iludidos pela ideia de que observar a lei mosaica os tornaria mais
espirituais. A fascinação deles, naquele contexto, estava centrada na
influência dos judaizantes, que ensinavam que a fé em Cristo precisava ser
complementada por práticas da Torá, como a circuncisão. No entanto, essa
doutrina trazia um evangelho mutilado, uma boa notícia com um peso que Jesus
nunca impôs. Como afirma Hernandes Dias Lopes, “a graça não pode ser misturada
com obras sem perder sua essência”¹. Paulo enxergou isso de forma aguda e
reagiu com veemência, porque a sutileza do erro estava justamente em parecer
espiritual, mas promover desobediência disfarçada de zelo religioso. Essa
advertência é mais atual do que nunca. Em nossos dias, a “fascinação” assume
novas formas: espiritualidades baseadas em performance, legalismo estético,
ativismo vazio e até a busca por experiências sem discernimento. A pergunta de
Paulo ainda nos confronta: O que tem exercido tanto poder sobre a sua
espiritualidade a ponto de desviar seus olhos da cruz? Como nos lembra Anthony
D. Palma, “qualquer sistema que nos afaste da confiança exclusiva na graça de
Deus é, por mais piedoso que pareça, uma rebelião contra o Evangelho”². A lição é clara: tudo que nos leva a substituir a centralidade
da fé na obra de Cristo por qualquer outro fundamento, seja ele tradição,
regras, ou experiências místicas isoladas, está nos arrastando, ainda que
lentamente, para longe da liberdade do Evangelho. Davi, no Salmo 139, clama:
“Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração”. Esta deve ser a oração do nosso
coração ao estudar Gálatas: Senhor, o que tem me fascinado mais do que tua
verdade? Esse é o começo de todo verdadeiro avivamento.
1.
LOPES, Hernandes Dias. Gálatas – Comentários Expositivos Hagnos: A carta
da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2010.
2. PALMA, Anthony D. O
Espírito Santo — Uma perspectiva pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.
2. Começando certo e terminando
errado. Paulo pergunta: “tendo começado pelo Espírito,
acabeis agora pela carne?” (Gl 3.3). Essa pergunta mostra um cenário que pode
se repetir em nossos dias, os gálatas receberam o Espírito de Deus, mas se
deixaram levar pela capacidade pessoal de agradá-lo não pela fé, mas pela
observância de preceitos judaicos. A fé e o Espírito estavam sendo substituídos
pela Lei e pela carne. Eles haviam começado certo, mas estavam terminando
errado. Essa pergunta do apóstolo nos faz refletir sobre como fomos chamados e
de que forma estamos administrando a vocação que Deus nos deu. Não basta
começar da forma correta; é preciso concluir a carreira de forma correta, e
curiosamente, Paulo atribui aos gálatas essa capacidade. Ele não atribui a Deus
essa obrigatoriedade, pois Ele já nos deu a salvação. Paulo atribui a nós a
capacidade de exercer de forma correta a análise do que estamos ouvindo para
não sermos enganados por doutrinas erradas. Colocar a prática da Lei em pé de
igualdade ao sacrifício de Jesus é, sem dúvida, um ensino pernicioso.
• Nem todo começo promissor termina bem. A pergunta
incisiva de Paulo aos gálatas em Gálatas 3.3 é uma daquelas que atravessam os
séculos com peso profético: “Tendo começado pelo Espírito, agora estais vos
aperfeiçoando na carne?” No original grego, o verbo epiteleisthe traduzido como
“aperfeiçoando” carrega a ideia de concluir algo com excelência ou maturidade,
mas aqui ele é usado com ironia. Paulo expõe a incoerência de tentar amadurecer
espiritualmente abandonando o próprio fundamento da fé, a ação do Espírito
Santo. Os crentes da Galácia haviam iniciado bem. Tinham recebido o Espírito
não por méritos ou tradições, mas pela fé no Evangelho (Gl 3.2). Contudo,
estavam se deixando seduzir pela ideia de que poderiam agradar a Deus por meio
da obediência à lei mosaica, como se o sacrifício de Cristo precisasse ser
“complementado”. Substituíam a graça por desempenho, o Espírito por esforço
humano. Como afirma Gordon D. Fee, “o Espírito que inaugura a vida cristã é
também aquele que a sustenta; substituí-lo por qualquer outra fonte é regressar
ao legalismo e à morte espiritual”¹. Paulo não responsabiliza Deus por
esse desvio. Ele aponta para a responsabilidade humana de discernir o que está
ouvindo. Os gálatas estavam sendo expostos a um falso ensino, e não estavam
avaliando isso à luz da verdade que já haviam recebido. Como diz Champlin,
“eles haviam trocado a realidade do Espírito por uma sombra religiosa, mais
confortável, porém desprovida de poder”². E isso levanta uma pergunta vital
para nós hoje: estamos administrando com seriedade a vocação que nos foi dada? A
fé genuína não é apenas o ponto de partida da vida cristã; é também o
combustível que sustenta a jornada até o fim (Hb 10.38-39). Começar bem é
necessário, mas perseverar na verdade é indispensável. E esse compromisso
envolve vigilância, maturidade e responsabilidade pessoal diante das
Escrituras. Como ensina Antônio Gilberto, “a justificação não pode ser
sustentada por obras, mas precisa ser evidenciada por uma fé que permanece no
tempo”³. Afastar-se dessa verdade e colocar a obediência à Lei em
pé de igualdade ao sacrifício de Cristo é distorcer o Evangelho e sufocar a
liberdade que recebemos. Este trecho da carta é, na verdade, um espelho. Nele,
o Espírito nos convida a reavaliar se o entusiasmo inicial ainda é sustentado
pela dependência do Espírito, ou se a carreira cristã está sendo tocada por
padrões carnais, tradições vazias ou heranças religiosas que competem com a
cruz. O alerta é claro: o mesmo zelo que nos fez começar bem deve ser o zelo
que nos leva a terminar bem. Qualquer desvio desse caminho é sutil, mas
perigoso.
1. FEE, Gordon D. Paulo, o
Espírito e o povo de Deus. São Paulo: Vida Nova, 2009.
2.
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo.
São Paulo: Hagnos, 2002.
3. GILBERTO, Antônio. A
Bíblia Através dos Séculos. Rio de Janeiro: CPAD, 2001
3. Obras da Lei contra a pregação da
Fé. Os gálatas provavelmente não tinham conhecimentos
dos costumes judaicos e das obrigatoriedades que esses costumes representavam
para os hebreus na sua inteireza. A pregação da fé, que alcançou os gálatas
quando esses ouviram a mensagem de Paulo, estava sendo substituída. Jesus havia
sido representado aos gálatas como crucificado. A palavra “representado” é
prographo, pintado. Era como se a pregação de Paulo fosse uma obra de arte, uma
pintura, apresentando Cristo como crucificado, e eles haviam enxergado dessa
mesma forma. A cruz representava a morte de Cristo, e o próprio Cristo
representava o sacrifício perfeito do Filho de Deus. Não havia sido uma morte
por nada, ou por um erro judicial, mas voluntária: “Por isso, o Pai me ama,
porque dou a minha vida para tornar a tomá-la” (Jo 10.17). Paulo pergunta aos
gálatas: “Aquele, pois, que vos dá o Espírito e que opera maravilhas entre vós
o faz pelas obras da lei ou pela pregação da fé?” (Gl 3.5). Quantos milagres os
gálatas presenciaram? Quantas intervenções divinas Deus fazia pelo seu Espírito
naquelas igrejas? E nada disso era pelas obras da lei, mas pela fé. Se os gálatas
sabiam o que era uma comunidade de santos vibrante, onde Deus tinha liberdade
de atuar e mostrar-lhes um pouco da sua glória, não era por causa da Lei.
•A igreja na Galácia estava enfrentando um problema que
continua assombrando a fé cristã até os dias de hoje: a substituição da graça
pela performance religiosa. Muitos daqueles irmãos eram gentios, sem
conhecimento prévio das tradições judaicas. Não haviam crescido guardando o
sábado, os rituais de purificação ou os mandamentos cerimoniais. E, ainda assim,
estavam sendo persuadidos por falsos mestres (os chamados judaizantes) a crerem
que precisavam observar a Lei mosaica para agradar a Deus e manter a salvação. Quando
Paulo os evangelizou, ele não pregou um sistema moral ou religioso. Ele expôs
Cristo crucificado de forma tão vívida, que eles quase podiam "ver" a
cena da cruz diante dos olhos. A palavra usada por Paulo em Gálatas 3.1,
prographo (προγράφω), literalmente significa "anunciar publicamente,
escrever diante dos olhos", como se a mensagem do evangelho fosse uma
pintura viva, um mural exposto à vista de todos. Essa pregação era mais que
palavras, era uma experiência espiritual. O evangelho verdadeiro não é
apenas algo que ouvimos com os ouvidos; é algo que impacta profundamente os
olhos da alma. Quando entendemos a cruz, deixamos de buscar aprovação em
regras, e passamos a viver pela fé que opera pelo amor (Gl 5.6). Jesus não
morreu por acaso nem por fraqueza. Sua morte foi voluntária, substitutiva,
redentora. “Por isso o Pai me ama: porque
dou a minha vida para retomá-la” (Jo 10.17, NVI). A fé em Cristo gera
frutos visíveis. Paulo pergunta: “Aquele
que lhes dá o Espírito e realiza milagres entre vocês o faz pela prática da
Lei, ou pela fé com que receberam a mensagem?” (Gl 3.5, NVI). A resposta é
retórica, mas profundamente confrontadora: não foram as obras da Lei que
trouxeram o Espírito e os milagres, mas a fé no Evangelho. E isso nos ensina
algo vital:
- Milagres não são recompensa por desempenho, mas
manifestações da graça de Deus por meio da fé. Deus age com liberdade onde há
corações rendidos, não onde há regras bem seguidas.
- Trocar a fé pela Lei é como tentar comprar com
moedas falsas o que só pode ser recebido de graça. O legalismo finge piedade,
mas esvazia a cruz do seu poder.
- A vida cristã começa, prossegue e termina na fé. A
mesma fé que nos salva é a que nos sustenta, transforma e capacita para a
obediência verdadeira (Hb 11.6).
- A cruz não é só o ponto de partida, é o centro da
vida cristã. A cruz precisa ser constantemente ‘pintada’ diante dos nossos
olhos, para que jamais nos esqueçamos: não somos aceitos por desempenho, mas
por Cristo.
A crise dos gálatas foi tão grave que Paulo a comparou
com feitiçaria: “Ó gálatas insensatos! Quem os enfeitiçou?” (Gl 3.1, NVI). No
grego, a palavra usada (baskainō) está ligada à ideia de olhar maligno,
encantamento, sedução espiritual. Paulo estava alertando que abandonar a fé
pela Lei era cair em um tipo de ilusão religiosa diabólica. Hoje, muitos vivem
sob esse feitiço moderno: querem "merecer" o favor de Deus com
regras, ritos e performances e rejeitam a suficiência da cruz.
Bíblia de Estudo NVI. São Paulo:
Mundo Cristão, 2015.
BEALE, G. K.; CARSON, D. A.
Comentário Bíblico do Novo Testamento – Gálatas. São Paulo: Vida Nova, 2014.
HENDRIKSEN, William. Comentário do
Novo Testamento: Gálatas. São Paulo: Cultura Cristã, 2001.
WRIGHT, N. T. Paulo e a fidelidade
de Deus. São Paulo: Thomas Nelson, 2020.
STRONG, James. Dicionário de
palavras gregas e hebraicas de Strong. Ed. Vida, 2005.
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SUBSÍDIO I
“3.2 RECEBESTES O ESPÍRITO [..] PELA
[...] FÉ? Por meio da fé em Cristo, nós recebemos o perdão, um relacionamento
restaurado com Deus, a presença do Espírito Santo dentro de nós e todas as
bênçãos de Deus, incluindo o dom da vida eterna com Ele (vv.2,3,5,14,21; 4.6).
No entanto, as pessoas que confiam na obediência a regras, em rotinas
religiosas ou em seus próprios esforços para agradar a Deus ou tentar obter a
salvação, não recebem o Espírito e a vida. Isto se deve ao fato de que a Lei
não pode dar vida e salvação espiritual (v.21). A partir deste ponto da
epístola aos Gálatas, Paulo se refere ao Espírito Santo 16 vezes.” (Bíblia de
Estudo Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023. p.1627).
II. O CRENTE ABRAÃO
1. Creu em Deus.
A fim de reforçar seus argumentos, Paulo remonta à origem do povo judeu, com o
crente Abraão. Os irmãos gálatas certamente tiveram contato com a história de
Abraão, seja por Paulo, seja pelos judaizantes, e o apóstolo se vale da figura
do patriarca para exemplificar a realidade da justificação pela fé. Era a forma
mais adequada de mostrar aos leitores que a Lei de Moisés não era superior à
graça de Deus e à salvação pela fé. A Palavra de Deus destaca que Abrão foi
chamado por Deus para deixar a sua terra e os seus parentes para herdar uma
terra que ele nem mesmo sabia onde era. Ele creu em Deus, dando início a uma
viagem cujo destino era ignorado, mas estava ciente da fidelidade do Senhor. Ao
longo de sua história, ainda que não completamente perfeita, o patriarca
demonstrou fé não somente que Deus o guiaria ao destino aonde chegaria, mas
principalmente na promessa de que seria pai de uma multidão de pessoas.
• Paulo não escolheu Abraão por acaso. Ao argumentar
contra os judaizantes, ele invoca o patriarca como prova irrefutável de que a
justificação nunca foi por obras da Lei, mas por fé, desde o princípio. Em
Gálatas 3.6, Paulo escreve: “Assim como Abraão creu em Deus, e isso lhe foi
imputado como justiça.” A frase ecoa Gênesis 15.6, e a palavra “imputado” no
grego (logízomai) carrega a ideia contábil de crédito lançado na conta. Abraão
não “ganhou” justiça; ela lhe foi atribuída gratuitamente por meio da fé. É
importante destacar que o chamado de Abraão em Gênesis 12 não foi acompanhado
de detalhes, roteiros ou garantias humanas. Deus simplesmente diz: “Sai da tua
terra... para a terra que eu te mostrarei.” (Gn 12.1). O verbo hebraico
lek-lechá (לך־לך) possui um tom intensivo: “vá por si mesmo” ou “vá com
total rendição”. Abraão responde a essa convocação com confiança absoluta. Sua
fé não foi cega, mas fundamentada na natureza fiel de Deus. Abraão começou uma
jornada sem GPS, confiando não na rota, mas em quem dava as instruções. Essa é
a fé que justifica. Quantos hoje dizem crer, mas vivem controlando tudo com
medo de confiar no plano de Deus? Fé genuína envolve rendição. E rendição
verdadeira revela que cremos não apenas no que Deus faz, mas em quem Deus é. Paulo
sabia que os gálatas haviam sido iludidos por um ensino que misturava fé com
esforço humano. Por isso, ao citar Abraão, ele volta à origem da promessa,
antes da circuncisão (Gn 17), antes da Lei (Êx 20), antes de qualquer mérito
humano. Abraão foi declarado justo não porque obedeceu, mas porque creu
primeiro. A obediência veio depois, como fruto da fé, não como pré-requisito. Na
prática, Paulo desarma qualquer tentativa de transformar o evangelho em um
sistema meritório. Ele mostra que até os judeus, se quisessem ser realmente
filhos espirituais de Abraão, deveriam seguir seus passos de fé e não suas
obras. Como afirma Hernandes Dias Lopes, “Abraão não foi justificado por sua
genealogia, nem por seus feitos, mas porque descansou em Deus”¹. Como está sua caminhada de fé? Você tem confiado no
caráter de Deus mesmo quando não enxerga o final do caminho? Ou tem tentado
completar pela carne o que começou pelo Espírito (Gl 3.3)? A fé de Abraão
continua sendo o modelo. E essa fé não apenas justifica, ela sustenta,
direciona e transforma.
1. Lopes, Hernandes Dias.
Gálatas: A carta da liberdade cristã. Hagnos, 2015.
2. Foi considerado justo.
Abraão, de onde provém os judeus, foi considerado justo. E como isso se deu?
Pela fé. Abraão recebeu a promessa de ter um filho, mas com o passar do tempo,
ele viu que a promessa de Deus não havia sido cumprida ainda. Ele chegou a
mencionar que o mordomo Eliézer era o administrador daquela casa e herdaria os
seus bens. Mas Deus deu uma lição prática ao patriarca. O Eterno levou o ancião
para fora da tenda onde estava, e como era de noite, pediu que ele contasse as
estrelas. Deus ainda disse: [...] “se as podes contar” [...] (Gn 15.5). Ele
concluiu dizendo “Assim será a tua semente” (ou descendência). O verso a seguir
diz que “E creu ele no SENHOR, e foi-lhe imputado isso por justiça” (Gn 15.6).
Abraão foi justificado por ter crido no que Deus havia falado.
• Na noite silenciosa de Gênesis 15, Deus chama Abraão
para fora da tenda. O velho patriarca, já cansado de esperar pela promessa de
um filho, havia acabado de sugerir que seu servo Eliézer poderia ser seu
herdeiro. Mas Deus, de forma pedagógica e paternal, aponta para o céu e diz:
"Olha agora para os céus e conta as estrelas, se é que o podes..."
(Gn 15.5). A seguir, Deus declara: “Assim será a tua descendência”. E então, o
texto registra algo decisivo para toda a história da salvação: “E creu Abraão
no Senhor, e isso lhe foi imputado por justiça” (Gn 15.6). O verbo hebraico
usado para "creu" é he'emin (הֶאֱמִן), do radical aman, que indica uma fé firme, confiável,
inabalável. No contexto da Septuaginta, a versão grega do Antigo Testamento
usada por Paulo, essa palavra é traduzida por episteusen (ἐπίστευσεν), indicando não
uma crença vaga, mas uma confiança ativa e pessoal. O termo
"imputado" (no hebraico chashav, חשב; no grego elogisthē, ἐλογίσθη) é um termo
contábil, implicando que Deus creditou justiça à conta de Abraão com base em
sua fé, não em obras, não em mérito, não em lei, mas em confiança na promessa
divina. O que Paulo destaca em Gálatas 3.6, ao citar esse episódio, é o caráter
universal e atemporal da justificação pela fé. Antes da circuncisão (Gn 17),
antes da Lei (Êx 20), e muito antes das exigências mosaicas, Abraão já havia
sido aceito por Deus. Isso derruba qualquer argumento legalista de que as obras
são necessárias para a salvação. Como afirma Hernandes Dias Lopes, “Abraão foi
o protótipo da justificação pela fé, não pela performance, mas pela confiança
plena em Deus”¹. A fé de Abraão tem um traço precioso: ela floresceu no
silêncio da espera. Ele não viu os céus se abrirem nem recebeu garantias
materiais. Tudo o que teve foi uma promessa e a Palavra do próprio Deus. Isso
nos ensina que a fé que justifica não depende de circunstâncias visíveis, mas
do caráter confiável de quem promete. Segundo o Comentário Bíblico Pentecostal,
essa fé é o modelo para os que vivem no Espírito, guiados não pela carne nem
pela letra da Lei, mas pela revelação de Cristo crucificado². Quantas vezes olhamos para as promessas de Deus e nos
perguntamos, como Abraão, se tudo isso realmente vai se cumprir? Será que temos
vivido como se Deus precisasse da nossa ajuda para cumprir o que disse? Quando
a fé se torna dependente de atalhos humanos, perdemos o foco. O que Deus busca
é gente como Abraão: gente que olha para o céu escuro e crê, mesmo sem ver.
Gente que, mesmo cansada da espera, continua confiando. Esse texto é um convite
à autorreflexão profunda. Nas igrejas locais, entre professores e alunos da
Escola Dominical, precisamos urgentemente recuperar o poder transformador de
uma fé que descansa no Deus da promessa. Não se trata apenas de estudar
teologia, mas de vivê-la com os olhos firmes na fidelidade de Deus. Abraão não
apenas creu, ele perseverou. E isso nos desafia a fazer o mesmo, num tempo em
que muitos querem resultados rápidos e fé sem cruz.
1. Lopes, Hernandes Dias.
Gálatas: A carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2015.
2. Arrington, French L.;
Stronstad, Roger (eds.). Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Rio de
Janeiro: CPAD, 2004.
3. Deus iria justificar os gentios
pela fé. Paulo menciona que Deus havia previsto que a fé
seria o instrumento pelo qual os pecadores, judeus ou gentios, fossem
declarados justos diante de Deus. O Eterno escolhe a fé, e não as obras, para
justificar uma pessoa. As obras dependem do potencial e da vontade de cada um,
e como cada ser humano não tem as mesmas condições que outro, surge uma
injustiça, pois um poderia fazer mais obras e outro, não. Como se fosse pouco,
as obras tendem a nos fazer orgulhosos de nossas próprias capacidades. Isso
desagrada a Deus. Em sua sabedoria, “Deus encerrou a todos debaixo da
desobediência, para com todos usar de misericórdia” (Rm 11.32). Na misericórdia
não há mérito de quem erra, mas sim, mérito de quem exerce a misericórdia. Na
graça, recebemos o que não merecemos, e na misericórdia, não recebemos o que
merecemos. A justificação dos gentios não viria pelas obras, e sim pela fé.
• Não há um tema mais central na teologia paulina do que
a justificação pela fé. Quando Paulo escreve aos gálatas, ele confronta uma
crise espiritual: cristãos que, tendo começado no Espírito, estavam tentando
aperfeiçoar-se por meio da carne (Gl 3.3). Em outras palavras, estavam
abandonando a cruz para se agarrar à performance religiosa. Em Gálatas 3.8, o
apóstolo afirma com clareza que “Deus previu que justificaria os gentios pela
fé” (ek pisteōs, ἐκ πίστεως) e, por isso, anunciou o evangelho antecipadamente
a Abraão. O evangelho não é uma invenção tardia, está embutido nas promessas
patriarcais, e sua base sempre foi a fé. A escolha da fé como instrumento da
justificação não foi aleatória, mas fruto da sabedoria divina. A fé não depende
do desempenho humano, nem da origem étnica ou do acesso à Lei. Deus não
justifica com base na régua da meritocracia, mas pela confiança no que Cristo
realizou. As obras da Lei, no contexto paulino (ergōn nomou, ἔργων νόμου), produzem
desigualdade e arrogância espiritual, pois tornam a salvação um esforço
individual. Como afirma Gordon Fee, “a fé nivela o campo: judeus e gentios
estão igualmente perdidos e igualmente alcançados pela graça”¹. Paulo reconhece que a justiça de Deus jamais seria
satisfatoriamente expressa se dependesse das obras. Em Romanos 11.32, ele
escreve que “Deus encerrou a todos debaixo da desobediência, para com todos
usar de misericórdia”. Aqui, a palavra grega para “encerrar” é sunekleisen
(συνέκλεισεν), termo que transmite a ideia de ter todos confinados sob o mesmo
juízo, para que ninguém possa se gloriar. A misericórdia, então, não é uma
recompensa, mas um presente. A graça nos dá o que não merecemos; a misericórdia
nos poupa do que merecemos. Isso desmonta qualquer sistema de salvação baseado
no mérito. Essa verdade é altamente prática. Quantos cristãos ainda vivem sob o
peso de “fazer por merecer” a aceitação de Deus? Quantos ministérios são
regidos por métricas de desempenho e não por dependência do Espírito? Quando
substituímos a fé viva por fórmulas religiosas, voltamos à escravidão. Como
destaca Hernandes Dias Lopes, “o legalismo sufoca a liberdade do evangelho e
mata a alegria da salvação”². Deus nunca nos chamou para uma
relação de méritos, mas de confiança. A fé não é apenas o meio da justificação,
é o estilo de vida do justo (Rm 1.17). O desafio para as igrejas hoje é claro:
precisamos reeducar o coração da nossa juventude, não apenas com boa doutrina,
mas com um retorno radical ao evangelho da graça. A fé que salva também
transforma, e ela nos conduz a uma vida marcada por humildade, gratidão e
liberdade. A justificação dos gentios, e de todos nós, não é uma doutrina fria.
É uma declaração divina que muda nosso estado diante de Deus e nossa conduta
diante do mundo. Uma fé autêntica produzirá frutos. Mas jamais será o fruto a
base da aceitação. Essa base é Cristo. Somente Cristo.
1. Fee, Gordon D. Paulo, o
Espírito e o Povo de Deus. São Paulo: Editora Vida, 2009.
2.
Lopes, Hernandes Dias. Gálatas: A carta da liberdade cristã. São Paulo:
Hagnos, 2015.
SUBSÍDIO II
“Paulo
diz que, se Abraão, o pai dos judeus segundo a carne, tivesse sido julgado por
obras ou justiça própria, teria que gloriar-se diante de Deus. Porém o que
aprendemos é que Abraão foi como qualquer outro homem, pecador e sem justiça nenhuma.
Ele foi declarado justo por meio da fé (Rm 4.3) Os judeus vangloriavam-se em
Abraão e criam que isto lhes garantiria a justificação, apenas por serem
‘filhos de Abraão segundo a carne’. Mas Paulo apresenta dois modos de
justificação: por méritos e por graça. A justificação por méritos se baseia nas
obras do homem para obter a sua salvação. A justificação por graça baseia-se
sobre o princípio da fé. Deus justifica o pecador pela fé. Ele imputa justiça
ao que crê, isto é, pela graça de Deus.” (CABRAL, Elienai. Romanos: O Evangelho
da Justiça de Deus. 5ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.59).
III. A FÉ COMO FONTE DE VIDA
1. O justo viverá
da fé. Essa expressão é oriunda do
profeta Habacuque (Hc 2.4). Ele profetizou ao povo de Judá em meio a uma grande
corrupção moral e espiritual, e sob a sombra dos ataques dos babilônios. Esses
seriam usados pelo Eterno para julgar Judá. Havia hebreus arrogantes naqueles
dias, e Deus diz ao profeta que “eis que a sua alma se incha, não é reta nele;
mas o justo, pela sua fé, viverá” (Hc 2.4). Essa expressão, de que o justo
viverá da fé, também se acha em Romanos que diz: “[...] se descobre a justiça
de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé” (Rm 1.17). Em
mais de uma referência Bíblica nos é dito que a fé traz a vida (Hb 10.38).
• No coração do evangelho está uma afirmação que ressoa
desde os tempos do profeta Habacuque até as cartas paulinas: “O justo viverá da
fé” (Hc 2.4; Rm 1.17; Hb 10.38). Não é apenas uma frase bonita ou um lema
teológico, é uma convocação existencial. Em um momento de intensa crise
nacional, quando a iminente invasão babilônica ameaçava destruir tudo o que o
povo de Judá conhecia, Habacuque recebe essa palavra do Senhor: o arrogante
confia em si, mas o justo vive por sua fidelidade (emunah, אֱמוּנָה). Aqui, a ideia hebraica
vai além de “acreditar”; trata-se de uma firmeza interior, uma constância em
depender de Deus, mesmo quando todas as evidências parecem apontar para o
contrário. Séculos depois, Paulo retoma esse princípio em Romanos 1.17,
declarando que “a justiça de Deus se revela de fé em fé”, e reafirma: “o justo
viverá da fé”. No texto grego, a expressão “de fé em fé” (ek pisteōs eis
pistin, ἐκ πίστεως εἰς πίστιν) sugere um
movimento crescente: da fé inicial que nos salva à fé diária que nos sustenta.
Não estamos lidando apenas com uma confissão teológica, mas com um estilo de
vida que depende radicalmente de Deus. Como explica Gordon D. Fee, a fé para
Paulo não é um ato isolado, mas uma “resposta contínua ao Deus que justifica”¹. Ou seja, viver da fé é viver em contínua resposta ao
chamado gracioso de Deus. Essa verdade era essencial para os primeiros cristãos,
e continua urgente para nós. A geração jovem de hoje vive entre promessas de
autossuficiência e o peso da performance. Somos tentados a medir nossa
espiritualidade pelo quanto produzimos ou aparentamos. Mas a fé bíblica, como
nos mostra Habacuque e Paulo, é justamente o oposto: é viver daquilo que Deus é
e faz, não do que nós podemos garantir. A arrogância de confiar nas obras, ou
até mesmo no mérito moral, é incompatível com o evangelho. Como bem aponta
Hernandes Dias Lopes, “a fé não é um salto no escuro, mas um passo firme no
Deus que não falha”². Quando Hebreus 10.38 ecoa a mesma
verdade, “o meu justo viverá pela fé”, ele a insere no contexto da
perseverança. O autor exorta os crentes a não retrocederem, porque viver pela
fé implica resistir às pressões da apostasia. A palavra grega zēsetai
(ζήσεται), traduzida como “viverá”, está no futuro, indicando um estilo de vida
sustentado continuamente pela confiança em Deus. Isso não exclui as lutas, mas
revela que a fé é o recurso diário para vencer as tensões internas e externas.
Como ensina o Comentário Bíblico Pentecostal: “o justo não apenas inicia sua
jornada com fé, ele a percorre por inteiro com f锳. Esse ensino precisa gerar, em nossos jovens, um novo tipo
de discipulado. Não baseado no ativismo religioso, mas numa espiritualidade
viva, sustentada pela confiança no caráter de Deus. Em tempos de crise, de
confusão moral ou de escassez espiritual, a Palavra ainda diz: o justo viverá
da fé. E isso não é um caminho alternativo. É o único caminho. Cabe a nós,
enquanto igreja, formar discípulos que não apenas conheçam essa verdade, mas
que a encarnem no cotidiano. Uma fé viva transforma o coração, afeta as
decisões e molda o futuro.
1. FEE, Gordon D. Paulo, o
Espírito e o Povo de Deus. São Paulo: Editora Vida, 2009.
2.
LOPES, Hernandes Dias. Gálatas – A Carta da Liberdade Cristã. São Paulo:
Hagnos, 2015.
3. ARRINGTON, French L. et
al. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD,
2004.
2. Aquele que não
permanecer nessas coisas. Uma das mais sérias
realidades da vida cristã é a necessidade de perseverança daqueles que
aceitaram a Jesus. Não estamos mais sujeitos ao pecado, e nossa liberdade é
para viver no Espírito e não pecar. Esse exercício, porém, deve ser constante e
permanente. A permanência e a constância são virtudes que devemos cultivar, e
na direção certa. Os gálatas estavam sendo inconstantes no tocante ao Evangelho
que haviam recebido, e ao se apoiarem na guarda da Lei, não somente se
colocavam debaixo de um jugo, mas também de uma maldição. Pior que isso, não
praticar a Lei na íntegra torna a pessoa maldita: “Maldito aquele que não
confirmar as palavras desta lei, não as cumprindo. E todo o povo dirá: Amém”
(Dt 27.26). Os gálatas não precisavam nem deviam guardar os preceitos judaicos,
primeiro porque não eram judeus; segundo, porque se colocavam debaixo de uma
maldição, e terceiro, porque não conseguiriam praticar toda a Lei, tornando-se,
portanto, culpados.
• Um dos maiores desafios da vida cristã não é começar
bem, é permanecer no caminho certo até o fim. A carta de Paulo aos Gálatas nos
confronta com essa realidade de forma intensa e pessoal. Aqueles cristãos
haviam começado sua jornada pela fé em Cristo, mas estavam se afastando da
liberdade do evangelho ao abraçar preceitos da Lei mosaica. Essa troca sutil,
mas fatal, revelava uma desconexão com a centralidade da cruz. Ao tentarem se
justificar por obras, estavam abandonando a suficiência da graça. A palavra
usada por Paulo em Gálatas 3.10, κατάρα (katára, “maldição”), carrega peso
teológico profundo. Ele diz que todos os que se firmam nas obras da Lei estão
sob maldição, citando Deuteronômio 27.26: “Maldito todo aquele que não
permanece em todas as palavras desta lei, para fazê-las.” O termo “permanecer”
em hebraico (yaqum) implica não apenas conhecer, mas cumprir perfeitamente. E
aqui está o problema: ninguém, exceto Cristo, foi capaz de obedecer à Lei em
sua totalidade. Logo, depender da Lei é, inevitavelmente, atrair condenação. O
erro dos gálatas não era apenas teológico; era existencial. Eles estavam
trocando a liberdade do Espírito pela escravidão do legalismo. Como ensina
Hernandes Dias Lopes, “a graça é anulada quando o homem tenta merecer o que só
pode ser recebido pela f锹. A salvação não começa na fé para
depois depender do esforço humano, ela começa, continua e termina na fé em
Cristo. O Comentário Bíblico Pentecostal reforça que o Espírito Santo, recebido
pela fé, é o selo da nova aliança, e voltar à Lei é rejeitar esse selo². Essa verdade precisa ser digerida com profundidade pelas
igrejas locais hoje. Em vez de confiar no poder transformador do Espírito,
muitos cristãos modernos vivem na tentativa frustrada de se autoaperfeiçoar
pelas obras, regulamentos ou performances religiosas. A fé se torna frágil
quando desconectada da dependência diária de Cristo. Como alerta Anthony D.
Palma, a justificação que recebemos é posicional, mas a santificação é
relacional — e essa relação depende da permanência constante na fé³. Portanto, este é um chamado urgente à vigilância espiritual.
Perseverar na fé não é opcional; é o caminho da vida no Espírito. Jesus mesmo
declarou: “Permanecei em mim” (Jo 15.4). E essa permanência se manifesta numa
fé que se recusa a ceder à autossuficiência ou ao orgulho religioso. Se hoje
somos tentados, como os gálatas, a adicionar algo ao evangelho, precisamos nos
lembrar de que toda tentativa de nos justificarmos fora da cruz é uma negação
do próprio Cristo. A liberdade cristã é vivida pela confiança absoluta n’Ele,
não por mérito, mas por graça.
1. LOPES, Hernandes Dias.
Gálatas – A Carta da Liberdade Cristã. São Paulo: Hagnos, 2015.
2. ARRINGTON, French L. et
al. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD,
2004.
3. PALMA, Anthony D.
Fundamentos da Teologia Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2001.
3. Cristo é a
posteridade de Abraão. A descendência de
Abraão é Cristo, e através dEle, judeus e gentios são alcançados pela fé. Em
Cristo, e não na guarda da Lei, temos a possibilidade de ser feitos filhos de
Deus por adoção, e herdeiros da eternidade não pelos nossos méritos, mas pelo
mérito de Cristo. Foi o que Ele fez, e não o que tentamos fazer, que nos
garante o acesso a Deus.
• A verdadeira descendência de Abraão não é definida por
linhagem biológica, mas por união espiritual com Cristo. O apóstolo Paulo, ao
interpretar Gênesis 22:18, afirma com precisão cirúrgica: "Ora, as
promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência. Não diz: 'E às
descendências', como falando de muitas, porém como de uma só: 'E à tua
descendência', que é Cristo” (Gl 3.16). A palavra grega usada por Paulo (sperma)
refere-se a uma semente singular, apontando para Cristo como o cumprimento
central da promessa feita a Abraão. Isso significa que todos os que estão em
Cristo, tanto judeus quanto gentios, se tornam herdeiros da promessa pela fé.
Não é a observância da Lei mosaica que nos injeta na família de Deus, mas a fé
no Redentor prometido. Em Cristo, e somente nEle, fomos adotados como filhos
(Gl 4.5), e por essa adoção nos tornamos coerdeiros da eternidade (Rm 8.17). A
herança eterna não é salário por desempenho religioso, mas dom gracioso
concedido com base no mérito exclusivo de Cristo. Tentar agradar a Deus por
esforço humano é desprezar a suficiência da obra de Cristo. Quando tentamos
somar algo à cruz, estamos, na prática, diminuindo seu poder. É Cristo quem nos
garante acesso ao Pai, e não o que tentamos realizar para sermos aceitos. Essa
verdade liberta da culpa, do medo e da escravidão espiritual. Você não precisa
provar nada a Deus para ser aceito. Em Cristo, você já foi aceito. Agora, viva
como herdeiro: com ousadia, gratidão e santidade. Lembre-se: quem é filho não
vive como servo, e quem é herdeiro não mendiga aquilo que já lhe foi prometido.
Bíblia de Estudo NVI. São Paulo:
Mundo Cristão, 2011.
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento
Interpretado: versículo por versículo. Hagnos, 2002.
MACARTHUR, John. Comentário
Bíblico MacArthur – Gálatas. São Paulo: Hagnos, 2015.
BEALE, G. K.; CARSON, D. A.
Comentário do Uso do Antigo Testamento no Novo Testamento. Cultura Cristã,
2014.
WRIGHT, N. T. Surpreendido pela
Esperança. Ultimato, 2008.
SUBSÍDIO III
“Paulo
cita Habacuque 2.4 para mostrar como uma pessoa é justificada pela fé (cf. Rm
1.17), e não pelas obras. O profeta Habacuque enfatiza que aquele que é
justificado pela fé possui a verdadeira justiça interior (isto é, um
relacionamento correto com Deus, com respeito ao caráter, às atitudes e ações e
à capacidade de agir corretamente, segundo os seus padrões).” (Bíblia de Estudo
Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023. p.1627).
CONCLUSÃO
Todos podemos ser tentados a
acrescentar alguma coisa ao Evangelho de Jesus. Podemos não fazer isso na
doutrina, mas fazê-lo na nossa prática de vida, criando crendices e hábitos que
vão contra a Palavra de Deus. O Eterno espera que o que recebemos de Deus seja
defendido e mantido a todo custo: o sacrifício de Jesus é suficiente para a
nossa salvação, e que quando optamos por observar práticas que a Bíblia não
diz, estamos acrescentando ao Evangelho coisas que Deus jamais planejou para a
sua Igreja.
• Todos nós enfrentamos o risco de acrescentar algo ao
Evangelho de Jesus. Nem sempre isso acontece na doutrina explícita, mas muitas
vezes em nossas atitudes e práticas diárias, criando tradições, crendices ou
costumes que, na verdade, se afastam da Palavra de Deus. Deus nos chama a
proteger com firmeza o que Ele nos entregou: o sacrifício de Jesus é completo e
suficiente para nossa salvação. Quando permitimos que regras humanas ou
práticas não autorizadas invadam nossa fé, estamos, de fato, adicionando ao
Evangelho algo que Deus jamais destinou à sua Igreja. Essa realidade exige de
nós vigilância constante, humildade e fidelidade para preservar a pureza do
Evangelho que transforma vidas. Precisamos aplicar esta lição imediatamente à
nossa vida! Assim:
- Examine-se diariamente.
- Avalie se sua confiança está firmada na obra
completa de Cristo ou se você, consciente ou inconscientemente, tem buscado
segurança em práticas, tradições ou até obras humanas que substituem a fé
verdadeira. A salvação é pela graça, não por esforço pessoal.
- Combata as crendices e tradições vazias
Identifique hábitos ou ensinamentos que não têm
respaldo bíblico e que acabam sendo tratados como “essenciais” na igreja. Seja
um agente de correção amorosa, sempre buscando alinhar o que se pratica com a
Palavra de Deus, preservando a pureza do Evangelho.
- Persevere no ensino e na prática da fé autêntica
Como Paulo alertou os gálatas, começar bem não basta;
é preciso perseverar até o fim. Mantenha uma vida constante no Espírito,
buscando crescimento na graça e no conhecimento de Cristo, evitando o retrocesso
para “leis” ou “regras” que escravizam.
- Valorize a justificação pela fé como fundamento da
vida cristã
Ensine e viva a certeza de que somos justificados
somente pela fé, como Abraão foi, e que essa fé é o canal que nos conecta com
Deus. Isso traz liberdade e segurança para enfrentar dúvidas, tentações e
desafios espirituais.
- Viva a identidade de filho de Deus com
responsabilidade
Entenda e proclame que, em Cristo, você é filho
adotivo de Deus e herdeiro da vida eterna, não por mérito próprio, mas pelo
mérito de Jesus. Isso deve moldar seu comportamento, motivando uma vida santa,
guiada pelo Espírito, e comprometida com a missão de testemunhar o Evangelho.
Viva para a máxima glória do
Nome do Senhor Jesus!
Meu
ministério aqui é um chamado do coração — compartilhar o ensino da
Palavra de Deus de forma livre e acessível, para que você, irmão ou irmã em
Cristo, possa crescer na fé e no conhecimento das Escrituras, sem barreiras,
com subsídios preparados por um Especialista em Exegese Bíblica do Novo
Testamento.
Todo o material que ofereço é fruto de
oração, estudo e dedicação, e está disponível gratuitamente para que a luz do
Evangelho alcance ainda mais vidas sedentas pela verdade. Porém, para que essa
missão continue firme, preciso da sua ajuda.
Chave PIX:
assis.shalom@gmail.com
Juntos, podemos fazer a diferença. Conto com você!
HORA DA REVISÃO
1. Segundo a lição, como Paulo se
dirige aos crentes na introdução da Carta?
Paulo se dirige aos crentes na
introdução da Carta como irmãos (Gl 1.1), mas aqui, ele fala de um jeito menos
amistoso, chamando-os de “insensatos gálatas” (Gl 3.1).
2.
O que significa a palavra “fascinação”?
A palavra fascinação significa
“forte atração por algo ou por alguém”.
3.
De acordo com a lição, qual o significado da palavra “representado” em grego?
A palavra representado é
prographo, pintado. Era como se a pregação de Paulo fosse uma obra de arte, uma
pintura, apresentando Cristo como crucificado, e eles haviam enxergado dessa
mesma forma.
4.
Como Abraão foi justificado?
Abraão, de onde provém os
judeus, foi considerado justo e isso se deu pela fé.
5.
Qual o instrumento de Deus previsto para justificar judeus e gentios?
Paulo menciona que Deus havia
previsto que a fé seria o instrumento para que os pecadores, judeus ou gentios,
fossem declarados justos diante de Deus. Deus escolhe a fé, e não as obras,
para justificar uma pessoa.