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28 de dezembro de 2011

Lição 1: O surgimento da Teologia da Prosperidade

Lições Bíblicas CPAD
Jovens e Adultos
1º Trimestre de 2012
Título: A verdadeira prosperidade — A vida cristã abundante
Comentarista: José Gonçalves
Elaboração de pesquisa e subsídio: Francisco Barbosa - Prof EBD IEAD Min Abreu e Lima-PE (auxilioaomestre@bol.com.br).

Lição 1: O surgimento da Teologia da Prosperidade
1º de Janeiro de 2012
TEXTO ÁUREO
“Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura, a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?” (Rm 9.20). - Questionar a moralidade das ações de Deus é inadequado. As criaturas não têm o direito de objetar ao que seu Criador faz.
VERDADE PRÁTICA
O pecado da Teologia da Prosperidade consiste em sua anulação da soberania de Deus.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Lucas 12.13-21.
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
- Explicar as raízes da Teologia da Prosperidade;
- Descrever os principais ensinamentos da Teologia da Prosperidade, e
- Analisar as principais conseqüências da Teologia da Prosperidade.
Palavra Chave
Teologia da Prosperidade: Uma teologia centrada na saúde e na prosperidade material, não na salvação em Jesus Cristo.
COMENTÁRIO
(I. Introdução)
Iniciamos o primeiro trimestre de 2012 com um assunto instigante e de caráter emergencial. Tornou-se comum ouvir-se falar em prosperidade, em bênção financeira, riquezas e bens materiais. Somos forçados a acreditar que a prosperidade está vinculada somente ao sucesso financeiro. Talvez alguém se assuste ao ouvir que não é errado o crente ser próspero. Deus é bom e deseja que tenhamos uma vida abundante (Jo 10.10). Podemos encontrar na Bíblia pelo menos vinte e três versículos ou mais, onde é mencionada a palavra prosperidade, e entendemos claramente que a prosperidade tem influência não somente no material como também no âmbito espiritual: o crente pode ser próspero materialmente e ser próspero Espiritualmente. Entretanto, não tenhamos a falsa idéia de que podemos ser livres de qualquer dor, escassez ou momentos difíceis. Tiago 1.17 esclarece: "Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto descendo do Pai das luzes em quem não há mudança nem sombra de variação", e Paulo ainda em Rm 8.32 afirma: "Aquele que nem a seu próprio filho poupou, antes o entregou por todos nós, como não nos dará juntamente com ele todas as coisas?". Por tanto ser próspero não é deixar de servir a Deus, nem ser altivo e por a esperança na incerteza das riquezas, mas demonstrar fidelidade ao Deus que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos. A verdadeira prosperidade será o objeto de estudo durante este início de ano, e em contraposição à também conhecida como Confissão Positiva, estaremos ferramentados para uma apologética firme e segura contra as heresias e as aberrações da Teologia da Prosperidade. Nesta Lição, estudaremos as origens deste movimento surgido nos EUA e que alastrou-se como erva daninha pelo Brasil, levando muitas lideranças importantes a abandonarem o genuíno Evangelho. Como assevera o salmista: "Pois comerás do trabalho de tuas mãos, feliz serás e te irá bem. A tua mulher será como a videira frutífera aos lados de tua casa, os teus filhos como planta de oliveira, à roda de tua mesa. Eis que assim será abençoado o homem que teme ao Senhor" ( Sl 128.2-4). Leia agora as palavras do próprio Cristo: "Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores"(Mt 7.15). Receio que o dano espiritual já sofrido por muitos crentes bem intencionados seja irreversível, mas com este tema, talvez impeçamos alguns de incorrerem num terrível destino. Que o Soberano Senhor use este trimestre para desmascarar os falsos mestres! Boa aula!
(II. Desenvolvimento)

I. RAÍZES DA TEOLOGIA DA PROSPERIDADE
1. Gnosticismo. Paulo foi um ferrenho apologéta contra as heresias da - como ele a chamava - 'falsamente chamada ciência'. Segundo o site Wikipedia, "Gnosticismo - (do grego Γνωστικισμóς (gnostikismós); de Γνωσις (gnosis): 'conhecimento') é um conjunto de correntes filosófico-religiosas sincréticas que chegaram a mimetizar-se com o cristianismo nos primeiros séculos de nossa era, vindo a ser declarado como um pensamento herético após uma etapa em que conheceu prestígio entre os intelectuais cristãos" [http://pt.wikipedia.org/wiki/Gnosticismo]. É oriunda de uma concepção religiosa muito antiga, de antes de Cristo, que veio do Oriente, provavelmente da Pérsia, que ao combinar filosofia pagã, alguns elementos da astrologia e mistérios das religiões gregas com as doutrinas apostólicas do Cristianismo, tornou-se uma forte influência na Igreja gerando uma terrível heresia que foi severamente combatida por Paulo, Pedro e João em suas epístolas e ainda no século seguinte, no período patrístico, com os escritos apologéticos de Irineu (130-200), Tertuliano (160-225) e Hipólito (170-236). Seus adeptos tornaram-se uma seita que defendia a posse de conhecimentos secretos que, segundo eles, tornava-os superiores aos cristãos comuns que não tinham o mesmo privilégio. Segundo expõe o site Ministério CACP, "A premissa básica do gnosticismo é uma cosmovisão dualista. O Supremo Deus Pai emanava do mundo espiritual "bom". A partir dele, procediam sucessivos seres finitos (éons), quando um deles (Sofia) deu à luz a Demiurgo (deus criador), que criou o mundo material "mau", juntamente com todos os elementos orgânicos e inorgânicos que o constituem. Cristãos gnósticos, como Marcião (160 d. C.) e Valentim, ensinavam que a salvação vem por meio de um desses éons, Cristo, que se esgueirou através dos poderes das trevas para transmitir o conhecimento secreto (gnosis) e libertar os espíritos da luz, cativos no mundo material terreno, para conduzi-los ao mundo espiritual mais elevado. Cristo, embora parecesse ser um homem, nunca assumiu um corpo físico; portanto, não foi sujeito às fraquezas e emoções humanas. Jesus não veio em carne! " [disponível em: http://cacp.org.br/seitasdiversas/artigo.aspx?lng=PT-BR&article=351&menu=8&submenu=1].
2. Crenças perigosas. O ponto aqui não é o fato do perigo da mistura, mas que, enquanto Deus criou a humanidade justa, o homem tem-se corrompido "Eis aqui, o que tão-somente achei: que Deus fez ao homem reto, porém eles buscaram muitas astúcias." (Ec 7.29). Talvez seja necessário examinarmos mesmo que resumidamente, os principais mestres da mensagem da Fé, cuja fonte principal são os ensinos da metafísica do Novo Pensamento. Muito antes dessa seita ganhar força, Phineas Parkhurst Quimby (1802-1866), é tido como o pai intelectual do Novo Pensamento, uma vez que a essência do movimento está enraizada na interpretação dos ensinamentos de Quimby. Phineas Parkhurst Quimby, que era conhecido como "Park", nasceu em 16 de fevereiro de 1802, em Lebanon, New Hampshire. Era relojoeiro e tinha pouca educação tradicional. Vários elementos importantes de sua vida, levou ao desenvolvimento de suas idéias de cura mental. Foi o divulgador da noção de que a enfermidade e o sofrimento, em última análise, têm sua origem no pensamento incorreto (http://phineasquimby.wwwhubs.com/). Seus seguidores afirmavam que o homem pode criar sua própria realidade através do poder da afirmação (confissão) positiva. "Poder da mente" foi substituído por "Poder da fé" como assevera um dos escritores dessa escola, Warren Felt Evans: "a fé é a forma mais intensa de ação mental" [1]. Algo muito difundido em uma corrente neo Pentecostal é a "fé inteligente". Hank Hanegaff em sua obra publicada pela CPAD 'Cristianismo em Crise', elenca diversos nomes conhecidos desse lado de cá do Equador: E. W. Kenyon, Kenneth Copeland, Kenneth Hagin, T.L. Osborn, William Branham, Benny Hinn, Aimee Semple McPherson, Kathryn Khulman, Robert Tilton e Marilyn Hickey, Oral Roberts, John Avanzini, Charles Capps, Morris Cerullo, Paul Crouch e Jerry Savelle [2]. Em sua maior parte, os ensinos são reciclados de outros pregadores da Prosperidade e sua mensagem condimentada com jargões como "a fé do tipo de Deus", "confissão atrai possessão" e "receber segue-se ao ato de dar".
3. Confissão positiva. Para Essek William Kenyon, cuja vida e ministério foram influenciados por seitas como Ciência da Mente, Escola da Unidade do Cristianismo, Ciência Cristã e a metafísica do Novo Pensamento, é possível ao cristão viver em total saúde e prosperidade financeira. Com base no que que conhecera, Kenyon começou a aplicar a técnica do poder do pensamento positivo. Orava pelos enfermos e muitos foram curados. Não era pentecostal, pastoreou várias igrejas e fundou outras. Seus livros tiveram grande influência sobre outros adeptos da Teologia da Prosperidade. Parece que as doutrinas de Kenyon foram plagiadas por Kenneth Hagin que pregava mensagens muito semelhantes. E. W. Kenyon teria sido o primeiro autor a publicar sobre o que se tornou a Teologia da Prosperidade. Em seu livro “The Hidden Man” (O Homem Escondido), na página 99, escreveu: “Sei que estou curado porque Ele disse que estou curado, e não me importo com os sintomas que possam estar em meu corpo”. O mesmo aconteceria se esses [mestres da Fé] estivessem tossindo e alguém lhes dissesse que eles estavam com tosse, e eles respondessem: “Há anos que eu não sei o que é tossir!”. Kenneth Hagin (Texas, EUA, 1918), discípulo de Kenyon, quando jovem sofreu várias enfermidades e pobreza; aos 16 anos afirma que recebeu uma revelação quando lia Mc 11.23,24, entendendo que tudo se pode obter de Deus, desde que confesse em voz alta, nunca duvidando da obtenção da resposta, mesmo que as evidências indiquem o contrário. Isso é a essência da "Confissão Positiva". Foi pastor da igreja batista; da Assembléia de Deus Americana, em seguida passou por várias igrejas pentecostais, e , finalmente, fundou sua própria igreja, aos 30 anos, fundando o Instituto Bíblico Rhema. K.Hagin diz, com base em Gl 3.13,14, que fomos libertos da maldição da lei, que são: 1) Pobreza; 2) doença e 3) morte espiritual. Ele toma emprestadas as maldições de Dt 28 contra os israelitas que pecassem. Segundo essa doutrina, o cristão tem direito a saúde e riqueza; diante disso, doença e pobreza são maldições da lei. Eles ensinam que "todo cristão deve esperar viver uma vida plena, isenta de doenças" e viver de 70 a 80 anos, sem dor ou sofrimento. Quem ficar doente é porque não reivindica seus direitos ou não tem fé. E não há exceções. Pregam que Is. 53.4,5 é algo absoluto. Fomos sarados e não existe mais doença para o crente. Os seguidores de Hagin enfatizam muito que o crente deve ter carro novo, casa nova própria, as melhores roupas, uma vida de luxo. No Brasil algumas Igrejas adaptaram estas práticas para as características brasileiras, além de possuir metodologias e princípios próprios. Em suas reuniões em vez de ouvir num sermão que "é mais fácil um camelo atravessar um buraco de agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus" (Mt 19.24 e Mc 10.25), possibilidade de desfrutar de bens e riquezas, sem constrangimento e com a aquiescência de Deus. Arrependimento e redenção, tema central do Cristianismo, e as dificuldades nesta vida para o justo de Deus são temas raramente tratados nessas denominações.
SINOPSE DO TÓPICO (I)
As raízes da Teologia da Prosperidade não estão firmadas nas Sagradas Escrituras.
II. PRINCIPAIS ENSINAMENTOS DA “TEOLOGIA DA PROSPERIDADE”
1. Divinização do homem. Na filosofia de Nietzsche, Deus morre, para que o homem assuma a sua própria divindade. Deus deixa de existir a fim de que o super-homem controle a existência sobre a terra. O filósofo ateu Feuerbach, considerava que a grande reviravolta da história será quando o homem se conscientizar de que o único Deus do homem é o próprio homem: “Homo homini Dei”. Outro humanista ateu, Edmund Leach, afirmou que os homens se tornaram como deuses e, que já é tempo de os homens entenderem e assumirem a sua própria divindade. Incrivelmente sem máscara ou retoque, o antigo silvo da serpente de Gênesis "sereis como Deus" tem reverberado através dos séculos em tamanho e formatos diversos como este pensamento Nietzchianiano. M. Scott Peck escreve: "Deus quer que nos tornemos ele mesmo (ou ela mesma). Estamos crescendo na deidade. Deus é o alvo da evolução" [3]. Hank Hanegraff em sua obra Cristianismo em Crise, pp. 116 e 117, escreve: K. Hagin assevera: "O homem... foi criado em termos de igualdade com Deus, e poderia permanecer na presença de Deus sem qualquer consciencia de inferioridade... Deus nos criou tão parecidos com Ele quanto possível... Ele nos fez seres do mesmo tipo dEle mesmo... O homem vivia no Reino de Deus. Vivia em pé de igualdade com Ele... O crente é chamado de Cristo... Eis quem somos; somos Cristo!"; "Kenneth Copeland declara que ä razão para Deus criar Adão foi seu desejo de reproduzir a si mesmo... Ele (Adão) não era um deus pequenino. Não era um semideus. Nem ao menos estava subordinado a Deus"; "Benny Hinn pronuncia: Éu sou um pequeno messias caminhando sobre a terra". A Bíblia, porém diz que o homem é estruturalmente pó (Gn 2.7; 3.19).
2. Demonização da salvação. Um dos populares ensinos da Palavra da Fé é que Jesus recebeu a natureza e Satanás e por isso precisou nascer de novo. Essa doutrina está intrinsicamente ligada à heresia de que “Jesus morreu espiritualmente”, postulando que o sangue derramado por Jesus foi insuficiente para a redenção do homem; Ele precisou sofrer nas mãos de Satanás, no inferno, e nascer de novo como o primeiro homem a vencer a morte. Benny Hinn ensina esta heresia: “Ele (Jesus), que é justo por escolha, disse: ‘a única maneira pela qual posso fugir do pecado é me tornando pecado. Não posso simplesmente detê-lo, permitindo que ele me toque; ele e eu temos nos tornado um’. Enquanto isso, Aquele que é a natureza de Deus, tornou-se a natureza de Satanás, quando se tornou pecado”. (TBN, 01/12/90). Nesta exata declaração, Hinn consegue transmitir vários erros distintos: (a) - Jesus não é justo por escolha, mas por natureza; (b) Jesus jamais falou isso, quer tenha sido na Escritura e muito menos a Benny Hinn; (c) A natureza divina de Jesus é constante; nem mesmo Deus pode mudar a Sua natureza divina para algo mais. - Quando se tornou homem, o Verbo de Deus combinou Sua natureza divina com a natureza carnal do homem - não de um anjo - o que é o contrário de ter Ele assumido a natureza de Satanás. Esta é uma heresia de primeira linha, a qual leva à conclusão da morte espiritual de Jesus, nega a suficiência do Seu sangue, condenando os que nela crêem, a não ser que se arrependam. Este é um “outro evangelho”, diferente daquele que nos foi dado na Escritura. A mensagem da Palavra da Fé engloba muito mais do que a tolice do “fale e exija”. Ela está absolutamente ligada às heresias do crente divino-humano e das heresias de Jesus espiritualmente morto. Ela exalta o homem e denigre Cristo, conforme costuma fazer a maioria dos falsos ensinos. A Bíblia, porém, diz que a salvação foi conquistada na cruz e que o maligno não tem parte com o Senhor (Mt 27.51; Jo 14.30).
3. Negação do sofrimento. As Escrituras apresentam como sendo a nossa porção nesta vida: "Tenho-vos dito estas coisas, para que em mim tenhais paz. No mundo tereis tribulações; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo" (Jo 16.33); "Por muitas tribulações nos importa entrar no reino de Deus" (At 14.22); "Para que ninguém seja abalado por estas tribulações; porque vós mesmos sabeis que para isto fomos destinados" (1Ts 3.3). As nossas aflições são determinadas por Deus, com o objetivo de produzirem frutos para o nosso bem e para a Sua glória. Como disse John Piper, em 'O Sorriso Escondido de Deus': "as aflições de John Bunyan nos deram O Peregrino. As aflições de Willaim Cowper nos deram hinos em inglês como "There Is a Fountain Filled With Blood" e "God Moves in a Mysterious Way". E as aflições de David Brainerd nos deram um Diário publicado que tem mobilizado mais missionários que qualquer outra obra semelhante. A fornalha do sofrimento produziu o ouro da direção e inspiração para viver a vida cristã, adorar o Deus cristão e espalhar o evangelho cristão. Existe uma certa ironia no fruto destas aflições. O confinamento de Bunyan ensinou-lhes o caminho peregrino da liberdade cristã. A doença mental de Cowper produziu música doce da mente para almas atribuladas. A miséria abrasadora do isolamento e da doença de Brainerd explodiu em missões mundiais, além de toda a imaginação. Ironia e desproporção são, ambos, o caminho de Deus. Ele nos mantém desequilibrados, com suas conexões imprevisíveis. Pensamos que sabemos como fazer algo grande, e Deus o faz pequeno. Pensamos que tudo que temos é fraco e pequeno, e Deus o torna grande. A estéril Sara dá a luz ao filho da promessa. Os 300 homens de Gideão derrotam 100 mil midianitas. Uma funda nas mãos de um jovem pastor derruba o gigante. Uma virgem dá à luz o Filho de Deus. Os cinco pães de um rapazinho alimentam milhares. Uma violação da justiça, um expediente político-fisiológico e a tortura criminosa, numa cruz repulsiva, tornaram-se o fundamento da salvação do mundo. "Este é o caminho de Deus - tirar do homem toda vanglória e dar toda glória a Deus...". A teologia da prosperidade parte do princípio de que todos são filhos do Rei (Deus, Jesus) e que, portanto, recebem os benefícios desta filiação em forma de riqueza, livramento de acidentes e catástrofes, ausência de doenças, ausência de problemas, posições de destaque, etc. Esta “teologia” oferece fórmulas para fazer o dinheiro render mais, evitar-se acidentes, livrar-se de doenças e problemas, aumentar as propriedades, além de viver uma vida sem dificuldades. A teologia da prosperidade sustenta que nenhum filho de Deus pode adoecer ou sofrer, pois isso seria uma clara demonstração de ausência de fé e, por outro lado, da presença do diabo. Ao mesmo tempo, eles chegam ao exagero de declarar que quem morre antes de 70 anos é uma prova de incredulidade, imaturidade espiritual ou pecado. Por suas palavras, cristão que vive sofrendo é porque não está bem espiritualmente: ou está em pecado ou não tem fé. Crente não deve ser pobre, nem doente. Pobreza e doença são marcas de pessoas dominadas pelo poder do diabo. Diante de tais ensinos uma inevitável questão é: que lugar existe para a mensagem da cruz neste modelo de cristianismo? Ou ainda, será que os mártires do cristianismo primitivo, caso vivessem em nossos dias, seriam aceitos como membros destas igrejas que propagam a teologia da prosperidade? Deixemos que a história e a Bíblia nos falem. A Bíblia diz que o cristão não deve temer o sofrimento e tampouco negá-lo (Cl 1.24; Tg 5.10).
SINOPSE DO TÓPICO (II)
Contrariando o que a Bíblia diz, que o homem é estruturalmente pó, a Teologia da Prosperidade afirma que os homens são “pequenos deuses”.
III. CONSEQÜÊNCIAS DA “TEOLOGIA DA PROSPERIDADE”
1. Profissionalismo ministerial e espiritualidade mercantil. O que caracteriza hoje no Brasil uma igreja bem-sucedida? Quais são os critérios para se medir o sucesso ministerial? É possível realizar a obra de Deus com propósitos escusos, consciente ou inconscientemente, isso pode acontecer. E tem sido a primeira conseqüência danosa que a Teologia da Prosperidade tem causado em muitos ministérios. As livrarias evangélicas têm sido invadidas por uma grande enxurrada de livros do Movimento da Fé, da Confissão Positiva e da Teologia da Prosperidade, a maioria influenciada por autores americanos (Kenneth E. Hagin, Benny Hinn, Marilyn Hickley, etc.). É impressionante o número de pessoas e igrejas influenciadas por esses livros. Muitos pregadores começaram a ler estes livros que falavam do sucesso aqui e agora e logo começaram a colocar em prática, começaram a se destacar no rádio televisão, etc. O ministério que anteriormente era vocacional tornou-se, em alguns círculos, algo meramente profissional. Em um mundo de negócios, de marketing, de promoção pessoal, de culto à personalidade e de tantas outras coisas, precisamos constantemente revisar e relembrar os valores. Quando um ministro afirma:`'não me importa como a igreja vai crescer, só quero que ela cresça', certamente as motivações desse ministro necessitam de ajuste. Muitos são tentados por não dinamizar em seus ministérios um compromisso com a Palavra de Deus e uma teologia sólida para os dias atuais. Pedro descreve de maneira impressionante tais obreiros: "tendo os olhos cheios de adultério e insaciáveis no pecar; engodando as almas inconstantes, tendo um coração exercitado na ganância, filhos de maldição" (2Pe 2.14).
2. Narcisismo e hedonismo. De alguma forma, temos sido influenciados por dois fatores construtores da presente sociedade, o narcisismo e o hedonismo. Têm a capacidade de postar o homem, e consequentemente a Igreja, no centro do universo, em nosso imaginário. Nos tornarmos, aos nossos próprios olhos, os atores principais do evento histórico. Tal limitação lança-nos a consequências puramente humanistas, como o triunfalismo e ufanismo, e desemboca no orgulho, raiz de grandes males. O hedonismo é esta tendência humana sociocultural, e teologicamente carnal, que nos leva a crer que existimos para nossa própria realização. Que nossa alegria e felicidade pessoal são os bens mais preciosos, pelo qual vale a pena tudo. Que para nos realizarmos podemos, e devemos, romper com quaisquer valores, religiosos ou sociais, passando por cima da Palavra, da família, do ministério e do relacionamento com o Pai. Os púlpitos de muitas de nossas igrejas se tornaram hedônicos. Vivemos para nós mesmos, pensamos em nós mesmos, investimos em nós mesmos, teologizamos para nós mesmos e, consequentemente, não servimos ao Cordeiro Jesus, mas sim a nós mesmos. Outro fenômeno sociológico que tem nos atigido é narcisismo. É o desejo - e desenfreada busca – pela beleza pessoal e público reconhecimento da mesma. Não basta estar no centro das atenções, é necessário que todos saibam disto. O narcisismo é este elemento que faz com que trabalhemos e nos esforcemos para o Senhor e Sua obra, desde que sejamos reconhecidos pelos nossos pares, aplaudidos, elevados em pedestais. Não somente a Teologia da Prosperidade tem gerado crentes narcisistas. Talvez seja já uma triste consequencia de seu enraizamento no meio evangélico.
3. Modismos e perda de ideais. Muitos léderes já demonstram preocupação diante das extravagâncias que estão surgindo nos púlpitos brasileiros. A cada dia que passa surgem novas práticas anti e extrabíblicas, classificadas simplesmente como “modismos”. Estes modismos estão à margem do evangelho que nos foi ensinado por Jesus. Na verdade, se trata de um outro evangelho. Em detrimento da Palavra, multiplicam-se os púlpitos festivos. Encenações inusitadas, objetos ungidos e mágicos, entrevistas com demônios, amuletos, “mercadorias” diversas, tudo é válido no desvario em que se envolvem pregadores e ouvintes., tudo isso deixa uma sensação de que o evangelho anunciado pelos apóstolos nos primeiros tempos, já não serve para os dias atuais. Falar de pecado, arrependimento, perdão e santidade se tornou antiquado, obsoleto, repreensível. É preciso entreter os ouvintes, apresentar uma nova atração a cada semana, tudo semelhante ao que vemos na sociedade consumista. Mas o que é preciso mesmo, e com urgência, é botarmos a boca no trombone e denunciar o que estão fazendo com o evangelho.
SINOPSE DO TÓPICO (III)
A divinização do homem, a demonização da salvação e a negação do sofrimento são os principais pilares da Teologia da Prosperidade.
(III. CONCLUSÃO)
Não se pode negar que o Movimento da Confissão Positiva tem várias coisas a nos ensinar... Orar crendo nas promessas de Deus e ter uma mente positiva, evitando assim atitudes pessimistas... Nossa preocupação é com outros aspectos, com respeito à soberania de Deus, à pessoa de Jesus, à natureza do homem e as mandingas como práticas. Ovelhas há que já perderam a noção do que é ser cristão. Não sabem sequer por que Jesus morreu. Têm o dízimo como meio de obter bênçãos espirituais e materiais. Não conhecem o evangelho da renúncia, da resignação, do sofrimento, do carregar a cruz, do contentar-se com o pouco. Após ouvirem a pregação de Pedro, muitos, compungidos, perguntaram: “Que faremos?” Pedro respondeu: “Arrependei-vos”, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo” (At 2.37-38 ). A resposta, hoje, seria: “Participe das campanhas, faça o sacrifício do dar tudo, e seja próspero”. Atendendo à curiosidade de Nicodemos, Jesus disse: “Quem não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (Jo 3.3). A resposta no outro evangelho: “Seja dizimista fiel”. Se alguém perguntasse a Tiago o que deveria fazer para livrar-se dos encostos, ele prontamente diria: “Sujeitai-vos a Deus; resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tg 4.7). A resposta do evangelho festivo seria: “Use sal grosso, sabonete de descarrego, vassouras, fitas, colares, cajados, pedras, e seja dizimista fiel”. O Apóstolo Paulo confessa que “orou três vezes ao Senhor” para que o livrasse de um espinho na carne. Mas o Senhor, em vez de atendê-lo, respondeu: “A minha graça te basta, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”. Reconhecendo a vontade soberana de Deus, Paulo se conforma e continua com seu espinho. E declara: “Portanto, de boa vontade me gloriarei nas minhas fraquezas”, pelo que “sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Pois quando estou fraco, então é que sou forte” (2 Co 12.7-10). Certamente a recomendação para esses casos, nos púlpitos ádeptos da Teologia da Prosperidade é a seguinte: “Exija de Deus seus direitos”. Sofredores como o Apóstolo, o servo Jó e muitos outros desconheciam esse caminho “legal” para exigir direitos assegurados. Nenhum crente, a fim de prosperar, necessita aderir às fórmulas inventadas pelos pregadores da prosperidade. A verdadeira prosperidade vem como resultado de um correto relacionamento com Deus que é fruto de um coração obediente.
"Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade." (1Jo 3.18)
N’Ele, que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2.8),
Francisco A Barbosa.
auxilioaomestre@bol.com.br
EXERCÍCIOS
1. O que afirmava a doutrina do gnosticismo?
R. Que a matéria era má e o espírito bom.
2. Segundo a lição, o que afirma a confissão positiva?
R. Ser possível o cristão viver em plena saúde e vida financeira.
3. Quais são os principais ensinamentos da Teologia da Prosperidade?
R. Divinização do homem, demonização da salvação e negação do sofrimento.
4. O que afirma o ensino da demonização da salvação?
R. Que Jesus quando morreu na cruz, assumiu a natureza de Satanás e nasceu de novo no inferno para conquistar a salvação.
5. Cite três conseqüências nocivas da Teologia da Prosperidade.
R. Profissionalismo ministerial, espiritualidade mercantil e narcisismo.

Notas Bibliográficas
TEXTO BASE UTILIZADO:
-. Lições Bíblicas do 1º Trimestre de 2012, Jovens e Adultos, A verdadeira prosperidade — A vida cristã abundante. Comentário: Pr José Gonçalves; CPAD;

OBRAS CONSULTADAS:
-. Bíblia de Estudo Plenitude, Barueri, SP; SBB 2001;
-. Bíblia de Estudo Genebra, São Paulo e Barueri, Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999;
-. SOARES, E. Heresias e Modismos. Uma análise crítica das sutilezas de Satanás. 1.ed., RJ: CPAD, 2006;

[1] -. HANEGRAFF, Hank. Cristianismo em Crise, 4a ed., RJ: CPAD, 2006; p. 31 e 32;
[2] -. Ibdem, pp.31 a 42;
[3] -. M. Scott Peck, The Road Less Traveled (New York: Simon & Schuster, 1978), p.270.


Os textos das referências bíblicas foram extraídos do site http://www.bibliaonline.com.br/, na versão Almeida Corrigida e Revisada Fiel, salvo indicação específica.


Autorizo a todos que quiserem fazer uso dos subsídios colocados neste Blog. Solicito, tão somente, que indiquem a fonte e não modifiquem o seu conteúdo. Agradeceria, igualmente, a gentileza de um e-mail indicando qual o texto que está utilizando e com que finalidade (estudo pessoal, na igreja, postagem em outro site, impressão, etc.).
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21 de dezembro de 2011

1º Trimestre de 2012 = "A verdadeira prosperidade, vida cristã abundante".


As Lições da CPAD Jovens e Adultos para o 1º Trimestre de 2012 abordará o tema prosperidade na vida cristã.

A Lição Bíblica para o primeiro trimestre de 2012 nas Escolas Dominicais que utilizam o periódico da CPAD já está pronta desde Novembro.

Entre janeiro e março de 2012, nas denominações e nas nas Assembleias de Deus onde o cronograma das datas é seguido serão estudadas 13 lições sobre o tema "A verdadeira prosperidade, vida cristã abundante".

Em tempos onde a maldita teologia da prosperidade tenta destruir os princípios do evangelho genuíno, a revista chega em boa hora.

A lição é comentada pelo Pastor José Gonçalves, e a consultoria doutrinária do Pastor Antônio Gilberto. Confira a lista das lições que serão abordadas durante todo o trimestre.



01 – O Surgimento da Teologia da Prosperidade
02 – A Prosperidade no Antigo Testamento
03 – Os Frutos da Obediência na Vida de Israel
04 – A Prosperidade no Novo Testamento
05 – As Bênçãos de Israel e o que Cabe à Igreja
06 – A Prosperidade dos Bem-Aventurados
07 – Tudo Posso Naquele que me Fortalece
08 – O Perigo de Barganhar com Deus
09 – Dízimo e Oferta
10 – Uma Igreja Verdadeiramente Próspera
11 – Como Alcançar a Verdadeira Prosperidade
12 – O Propósito da Verdadeira Prosperidade
13 – Somente em Jesus Temos a Verdadeira Prosperidade

Lição 13: A integridade de um líder

Lições Bíblicas CPAD
Jovens e Adultos
4º Trimestre de 2011
Título: Neemias — Integridade e coragem em tempos de crise
Comentarista: Pr. Elinaldo Renovato

Lição 13: A integridade de um líder

25 de Dezembro de 2011

TEXTO ÁUREO
“Se é ministério, seja em ministrar [...]; o que preside, com cuidado [...]” (Rm 12.7,8).

VERDADE PRÁTICA
Somente com líderes verdadeiramente chamados por Deus e comprometidos com a sua obra é que a Igreja de Cristo poderá cumprir integralmente a missão que lhe confiou o Senhor.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Neemias 1.5-11.

OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
• Compreender que é o Senhor quem escolhe e prepara líderes para sua obra;
• Descrever algumas das características que um líder de Deus deve possuir; e
• Conscientizar-se de que o líder precisa ter uma vida devocional

PALAVRA CHAVE
Integridade: Qualidade de íntegro, retidão.

COMENTÁRIO

(I. Introdução)
Chegamos ao fim de mais um trimestre em nossa EBD e, como sempre, abençoados com um estudo sistemático acerca de Neemias, um líder que mudou a história de uma nação. De copeiro de Artaxerxes a governador de Jerusalém, foi o responsável pela reconstrução da cidade de Davi, que havia mais de um século transformada em escombros. Em apenas cinqüenta e dois dias, apesar da escassez de recursos, do desânimo do povo e da oposição constantes dos inimigos, reergueu os muros da cidade, estabeleceu suas portas, resgatou o culto ao Senhor. Qual foi o segredo desse grande líder?
I. DEUS ESCOLHE E PREPARA LÍDERES PARA SUA OBRA
1. Um copeiro a serviço do Reino. A função exercida por Neemias na corte do rei Artaxerxes não era das mais gratificantes, uma vez que tudo que ia à mesa do rei obrigatoriamente passava pela inspeção do copeiro-mor a fim de detectar e impedir atentados à vida do monarca. Apesar de tão arriscado papel, Neemias tinha uma característica que o diferenciava dos demais servos do rei: ele nunca se apresentava triste ao rei. Esse israelita nascido na Pérsia e provavelmente descendente da Tribo de Judá (Ne 2.3), na corte persa exercia o cargo de maxeqeh, um cargo de extrema confiança do rei, haja vista ser ele o responsável pela seleção do vinho e de tudo o que era servido à mesa do rei; era provado para estar seguro de que não estava envenenado, era quem servia o monarca e devido essa confiança, era uma companhia à altura do rei. Nesta última função, devia com freqüência, oferecer conselhos informais e apreciar as confidências do rei (Ne 1.11; veja Gn 40.21). Serviu na corte do rei Artaxerxes I (465 a 424 a.C.), filho de Assuero ou Xerxes I, marido da rainha Ester[1]. Em dezembro de 446 a.C., quando recebeu notícias de Jerusalém: "Os que não foram exilados... estão em grande miséria e humilhação; os muros de Jerusalém estão derribados, e as suas portas queimadas a fogo" (Ne 1.3), Neemias sentou, chorou, ficou de luto vários dias, jejuou e orou a Deus (Ne 1.4), mas também se dispôs a agir e ao agir, fê-lo com refinada sabedoria. liderança se faz com exemplo e Neemias era um grande e admirável exemplo para o seu povo. Como a reconstrução dos muros requeria dedicação total, ele jamais deixou de labutar junto ao povo: “E nem eu, nem meus irmãos, nem meus moços, nem os homens da guarda que me seguiam largávamos as nossas vestes; cada um ia com suas armas à água” (Ne 4.23).
2. Uma rainha a serviço do Reino. A vida de Ester mostra-nos, claramente, que devemos viver não só para nós mesmos, mas também para os outros, pois somos parte do corpo de Cristo. O rei persa Assuero (Et 1.1) é identificado pelos estudiosos da Bíblia como sendo o rei Xerxes I, que foi rei da Pérsia entre 485 a.C. e 465 a.C., era filho de Dario I, rei entre 521 a.C. e 486 a.C., que, por sua vez, havia sucedido a Smerdis, que reinara apenas um ano, em 521 a.C. e que sucedera a Cambises II (530-522 a.C.), filho de Ciro. A história de Ester acontece sob o reinado do quinto rei persa depois da queda de Babilônia, cerca de 54 anos depois da queda de Babilônia. O ralato bíblico é muito sucinto, mas, pela história, sabemos como eram comuns as armadilhas, as difamações, as “fofocas” num lugar como o harém real, em especial no momento em que Ester o habitou, quando se tratava de escolher a nova rainha. No entanto, Ester não se conduziu egoisticamente, não visou os seus próprios interesses, mas, sem deixar de se esforçar para alcançar o prêmio, que era o de tornar-se rainha, tanto que aprendeu todas as lições que lhe deu Hegai, jamais deixou de fazer o bem a quem estava à sua volta, alcançando graça aos olhos de todos. O crente deve ser uma pessoa da mesma natureza. Assim como o nosso Senhor, que andou fazendo bem (At 10.38), os servos do Senhor devem, também, fazer o bem a todos os homens. Ester, uma jovem mulher que arriscou a sua vida por amor ao Senhor e a Seu povo. Ao saber que estava havendo uma conspiração contra o seu povo jejuou, orou e arriscou a sua vida comparecendo diante do rei e pedindo a ele por seu povo (comparecer diante do rei sem ser convidada, mesmo sendo sua esposa e rainha, era arriscar a vida). O rei recebeu-a e concedeu o que seu coração tanto desejava.
3. Um pastor de ovelhas a serviço do Reino. O Senhor achou graça em Davi, pois ele era conforme o Seu coração, tinha plena confiança em Deus e possuía uma fé inabalável. Sua família ficou muito surpresa, pois sendo o menor da casa, aquele que ninguém dava importância, foi ungido a Rei por Samuel, e pouco tempo depois após esperar pacientemente Davi começou a governar Judá. Embora receba este testemunho do próprio Deus, Davi não era um homem sem pecado, mas um homem impulsionado por um grande desejo. Na verdade era ele um homem com um temperamento violento, cheio de vícios de caráter, um homem cruel muitas vezes. Entretanto, quando Deus colocou o dedo nele, ele mostrou-se completamente arrependido. O que agrada ao Senhor é um caráter reto e íntegro. Davi experimentou o espectro total de emoções que eu e você temos experimentado, mas ainda assim Deus o chamou de “um homem segundo o seu coração”, porque, mesmo tendo fracassado para com Deus muitas vezes, ele amava a Deus de todo o seu coração. Essa é uma das principais características de um verdadeiro líder.
SINOPSE DO TÓPICO (I)
Uma das principais características de um líder de Deus é ter um coração íntegro.

II. AS CARACTERÍSTICAS DE UM LÍDER DE DEUS
1. Integridade espiritual. Os governadores que precederam Neemias exploraram o povo. Eram líderes que se serviam das pessoas em vez de servi-las. Neemias interrompe essa cultura de corrupção e exorta os abastados a socorrer os necessitados. Ele exortou com autoridade, porque sua integridade era a base da sua liderança. Por temor a Deus, não usou seu posto de liderança para auferir vantagens pessoais, mas para servir ao povo com maior abnegação. A vida do líder é a vida da sua liderança. A integridade do líder é a base da sua autoridade para exortar seus liderados.
2. Integridade moral. A liderança de Neemias não foi acidental mas sim, bem pensada. Como um líder sábio, Neemias se absteve de compartilhar os seus projetos com o povo até que estivesse bem informado sobre os diversos assuntos e, sem dúvida, ter analisado as implicações dos mesmos em profunda oração (Ne 2.12-16). Um líder prudente é aquele que sabe liderar a si mesmo tornando-se uma peça importante da máquina da coletividade. É importante o líder possuir a habilidade de focar e motivar a si mesmo e da mesma forma motivar os outros. Os liderados, à semelhança dos reflexos de um espelho, refletem a qualidade da liderança de seus líderes ou dirigentes. Neemias chegou a Jerusalém investido de uma autoridade e como governador poderia emitir suas ordens, mas não o fez. O sociólogo Max Weber afirma que há uma diferença entre poder e autoridade. Em seu livro The Theory of Social and Economic Organization, ele define poder como a faculdade de forçar ou coagir alguém a fazer sua vontade, por causa de sua posição ou força, mesmo que a pessoa preferisse não fazer; Autoridade é a habilidade de levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que você quer por causa de sua influencia pessoal. O líder prudente sabe usar a autoridade da qual está investido. O modelo bíblico de liderança é aquele centralizado no caráter, ao contrario do que ensinava Maquiavel que era preferível ao rei ser temido do que ser amado.
3. Um testemunho irrepreensível. Neemias viveu de forma correta e integra. Não podemos nos esquecer que liderança é exemplo. O discurso do líder tem de ser coerente com a sua prática. A comunhão com esse Deus exige santidade. Assim, qualquer forma de treva (prática isolada ou modo de vida) acarreta na impossibilidade de relacionamento entre o homem e Deus. É por essa razão que faz-se tão necessário o perdão Dele após conversão. O resultado da comunhão com Deus é a comunhão com os irmãos. “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus” (Mt 5.16).
SINOPSE DO TÓPICO (II)
O líder deve ser íntegro espiritual e moralmente, tendo um testemunho irrepreensível.

III. A VIDA DEVOCIONAL DO LÍDER DE DEUS
1. A oração. Os crentes têm o dever de interceder por aqueles que estão em eminência sobre nós se desejarmos colher os benefícios de um bom governo, que são um dom valioso de Deus para o bem-estar da Igreja e avanço do evangelho na sociedade. Precisamos não somente obedecer à lei e os governantes, mas também em nossas orações suplicar pela salvação deles. “E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.” (2Cr 7.14). Provavelmente este seja o versículo mais conhecido e mais querido de 2Cr. Nesta perícope, Deus promete que a nação de Israel receberia alívio das dificuldades causadas por seus pecados, contanto que os israelitas se voltassem para ele com humildade e oração. Se humilhar, uma atitude de contrição e de dependência de Deus (12.6,7,12; 30,11; 33,12,19,23; 34.27). No capítulo 6, Salomão pede a Deus que dissesse o que o povo deveria fazer quando cometesse algum pecado. Deus respondeu, oferecendo uma condição dupla com um resultado tríplice ao Seu povo escolhido (aquele que se chama pelo meu nome). Se o povo se humilhar (arrepender-se do seu pecado) e buscar a sua face em oração, então, diz o Senhor Deus, eu ouvirei... Perdoarei... E sararei. Deus executa os seus propósitos divinos em acordo com as orações dos seus filhos (Fp 1,9; Tg 5,16). Deus ouve o clamor e oração sincera de um povo que se humilha e se põe diante de Deus de coração aberto a Ele. Só assim Ele perdoará pecados. Os olhos, os ouvidos e o coração de Deus estão perpetuamente atentos àqueles que se voltam a Ele e progridem na obediência sincera a Cristo. Nós fomos escolhidos em Cristo antes da fundação do mundo para sermos o seu povo, a sua herança peculiar, a sua possessão santa. Fomos resgatados da maldição da lei e do pecado, não por coisas corruptíveis como a prata e ouro, mas pelo precioso sangue de Jesus. Somos povo de Deus, e a arma mais poderosa que Deus colocou em nossas mãos é a oração, pois por meio dela nos comunicamos com nosso Deus. A oração preparou Neemias para enfrentar impiedosos ataques. Se ele não tivesse o hábito de orar, certamente teria sucumbido diante das dificuldades. A oração fortalece a alma e as mãos do homem de Deus.
2. O estudo da Palavra de Deus. "Não havendo profecia, o povo se corrompe; mas o que guarda a lei, esse é bem-aventurado" (Pv 29.18). Pelo que podemos inferir de Rm 12.1,2, deve haver uma constante exposição doutrinária perante a congregação a fim de não permitir a conformação de muitos com o mundo. ‘Profecia’ aqui encerra o sentido de ‘visão’ e ‘revelação’ e afirma que a vontade revelada do Senhor e suas justas exigências conforme explícitas nas Escrituras, são o meio pelo qual o homem pode permanecer bem-aventurado. O objetivo principal da doutrina bíblica é levar o homem a amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, a fim de que haja ordem e bem-estar social. “(...) será governado da melhor maneira e de modo mais equânime aquele Estado em que aquele que deve governar não tenha a ânsia de fazê-lo, enquanto o contrário ocorre se os governantes têm ambição pelo poder” Platão. O verdadeiro político, no pensamento Platônico, não ama o poder, mas dele se utiliza como instrumento para a produção de serviços destinados à realização do bem. Esta lição é oportuna, em época de decisão política, nos convida à reflexão sobre os aspectos de justiça conforme as Escrituras, nosso guia de conduta. É preocupação do Senhor também o nosso bem-estar, não da forma como pensam os defensores da Prosperidade, mas quero fazer uso de outro pensamento Platônico para definir o bem-estar social conforme as Escrituras: “A idéia do bem (...) quando compreendida, se impõe à razão como a causa universal de tudo o que é bom e belo” Platão, ou como traz o Texto de Ouro desta lição: “ O objetivo principal do Evangelho é levar o homem a amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, a fim de que haja ordem e bem-estar social”. Há um ditado latino que espelha bem a justiça secular: "Dura Lex sed Lex” (Dura é a lei, mas é a lei). Nota-se nesse ditado a inflexibilidade e dureza da lei e sua aplicação. A Bíblia não define assim sua justiça. A tradução do termo hebraico torah por "lei" é indevida. Torah (do hebraico תּוֹרָה, significando instrução, apontamento, deleal) é o nome dado aos cinco primeiros livros do Tanakh (também chamados de Hamisha Humshei Torah, חמשה חומשי תורה - as cinco partes da Torá) e que constituem o texto central do judaísmo. O substantivo torah vem da raiz verbalyarah que quer dizer lançar, ensinar, instruir. O Salmo 19.7-9 lança mais luzes sobre o significado de Torah: “A lei do SENHOR é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do SENHOR é fiel, e dá sabedoria aos símplices. Os preceitos do SENHOR são retos e alegram o coração; o mandamento do SENHOR é puro, e ilumina os olhos. O temor do SENHOR é limpo, e permanece eternamente; os juízos do SENHOR são verdadeiros e justos juntamente.” A lei do Senhor não é dura e inflexível. Pelo contrário, é tão perfeita que faz a vida voltar; é firme e torna o sábio simples, alegra o coração, ilumina os olhos. Por quê? A resposta está no critério do julgamento divino: amor, bondade etc. Assim se desvenda o mistério nas palavras de Jesus para João Batista: “[...] Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça...” (Mt 3.15). Deus fez o homem um ser espiritual, físico e social, portanto, a obrigação de amar o nosso próximo nunca pode ser reduzida para somente uma parte dele. Devemos amar nosso próximo como Deus o criou (o que é mandamento para nós), então, inevitavelmente, estaremos preocupados com o seu bem-estar total. A igreja recebeu um importante papel social. As questões políticas e sociais foram assuntos defendidos pelos profetas em sua época. Como coluna e firmeza da verdade a Igreja deve, através de suas ações, denunciar injustiças sociais e também amparar os injustiçados (Mt 25.35-46). Precisamos ter a Palavra de Deus no coração para não pecarmos contra o Senhor (Sl 119.11).
3. Adoração ao Senhor. Neemias fez uma oração clássica incluindo adoração, confissão, lembrança do compromisso de Deus com seu povo e petição. Enfrentou os obstáculos com determinação e coragem, porque sabia que aquela luta não era sua, mas do Deus de Israel; a oposição não era ao remanescente, o desprezo dos povos vizinhos era pelo Deus de Israel. Neemias igualou o estado do muro ao estado da obediência do povo ao Senhor. Ele entristeceu-se, chorou e lamentou, na verdade, pela reputação de Deus. Agora, ele sobressai mais uma vez pela convicção de que Deus é o que peleja pelos seus. Não obstante isso, Neemias agiu de forma equilibrada: fé e trabalho, oração e precaução, confiança e ação. Precisamos urgentemente aprender a agir da mesma maneira.
SINOPSE DO TÓPICO (III)
O líder deve ter uma vida de oração, leitura da Palavra e também de adoração.

CONCLUSÃO
É inegável que, quem está em posição de liderança, serve de referência para os demais, e sua influência, boa ou má, atrai seguidores. Neemias como líder político, Esdras como líder religioso, e todos os demais líderes que auxiliaram nessa reconstrução, influenciaram aquela geração e deixaram marcas e princípios importantes também para nós hoje. Porém, o que mais sobressai, é que o nosso relacionamento com Deus deve ir muito além de nossa presença nos serviços regulares da igreja ou nossos momentos de devoção particular. Deve afetar nossos relacionamentos, nosso tempo e nossos recursos materiais (Ne 10.30,31,32-39). Quando assumimos o compromisso de servir a Deus, foi desse modo que firmamos o compromisso. Na história de Israel, o povo tem se afastado ciclicamente do Senhor, nós, porém, devemos manter firme o compromisso original, quer seja em adversidade, quer seja em prosperidade! Afinal, como afirma o comentarista da lição, liderança é, acima de tudo, caráter e exemplo (1Pe 5.1-3). Certamente sem tais quesitos, os resultados são deploráveis.
"Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade." (1Jo 3.18)
N’Ele, que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2.8),
Francisco A Barbosa, auxilioaomestre@bol.com.br

EXERCÍCIOS
1. Em que momento Deus chamou Neemias para liderar o povo?
R. Quando ele era copeiro do rei Artaxerxes.
2. Qual era a função de um copeiro do rei?
R. Proteger a vida do rei, provando-lhe o vinho, a fim de que o monarca não fosse envenenado.
3. Como Neemias conduziu a nação a uma reforma moral e espiritual?
R. Mediante o estudo da Lei, ele restaurou o ministério levítico, combateu o casamento misto e restabeleceu a guarda do sábado.
4. Por que precisamos ter a Palavra de Deus no coração?
R. Para não pecarmos contra o Senhor.
5. Por que o verdadeiro líder adora a Deus?
R. Porque sabe que toda a glória deve ser endereçada tão somente ao Senhor.


NOTAS BIBLIOGRÁFICAS
TEXTOS UTILIZADOS:
-. Lições Bíblicas do 4º Trimestre de 2011, Jovens e Adultos, Neemias - Integridade e coragem em tempos de crise. Comentário: Elinaldo Renovato; CPAD. p. 91 a 96;

CITAÇÕES:
[1]. A Bíblia da Mulher, Mundo Cristão e SBB, 2003. Nota textual de Neemias 1.1, p. 606;

OBRAS CONSULTADAS:
-. Bíblia de Estudo Plenitude, Barueri, SP; SBB 2001;
-. Bíblia de Estudo Genebra, São Paulo e Barueri, Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999;
-. BENTHO, E. C. A Família no Antigo Testamento. História e Sociologia. 5.ed., RJ: CPAD, 2011.

Os textos das referências bíblicas foram extraídos do site http://www.bibliaonline.com.br/ , na versão Almeida Corrigida e Revisada Fiel, salvo indicação específica.


Autorizo a todos que quiserem fazer uso dos subsídios colocados neste Blog. Solicito, tão somente, que indiquem a fonte e não modifiquem o seu conteúdo. Agradeceria, igualmente, a gentileza de um e-mail indicando qual o texto que está utilizando e com que finalidade (estudo pessoal, na igreja, postagem em outro site, impressão, etc.).

14 de dezembro de 2011

Lição 12: As Conseqüências do Jugo Desigual

Lições Bíblicas CPAD
Jovens e Adultos
4º Trimestre de 2011
Título: Neemias — Integridade e coragem em tempos de crise
Comentarista: Pr. Elinaldo Renovato

Lição 12: As Conseqüências do Jugo Desigual

18 de Dezembro de 2011

TEXTO ÁUREO
“Não vos prendias a um jugo desigual com os infiéis; porque que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas?” (2Co 6.14). – O termo ‘comunhão’ (Gr koinonia), significa ‘compartilhamento’, ‘uniformidade’, ‘associação próxima’, ‘parceria’, ‘participação’. Quando essa Koinonia é fruto do Espírito Santo, o individuo compartilha o vínculo comum e íntimo de companheirismo com os demais crentes. Já o termo ‘trevas’, do Gg ‘skotos’, é utilizado para traduzir a escuridão física, bem como a escuridão espiritual, moral e intelectual. As trevas surgem do erro, da ignorância, da desobediência, da cegueira voluntária e da rebelião. Nesse versículo, Paulo ratifica seu ensino anterior para que os crentes evitem toda sorte de associações com idolatria e qualquer união comprometedora com infiéis (veja 1Co 10.1 a 11.1).

VERDADE PRÁTICA
O casamento não é um mero contrato social, mas uma instituição divina que tem de ser levada a sério e firmada de acordo com a vontade de Deus.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Neemias 13.23-29.

OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
· Conscientizar se de que o casamento é uma instituição divina;
· Compreender que Deus não aprova o casamento misto; e
· Entender que o jugo desigual acarreta pesadas conseqüências

PALAVRA CHAVE
Casamento: União voluntária de um homem e uma mulher.

COMENTÁRIO

(I. Introdução)
O que é o casamento? O Dicionário Priberam da Língua Portuguesa define o termo como “Contrato de união ou vínculo entre duas pessoas que institui deveres conjugais”, bem como o termo equivalente ‘Matrimônio’ como “União legítima entre duas pessoas, legalizada com as cerimônias e formalidades religiosas ou civis para constituir uma família”. Gênesis 2.18: “E disse o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele..” O Matrimônio não é um produto cultural humano. Foi o próprio Deus quem ajuntou o homem e a mulher mesmo antes da existência do pecado (Gn 2.21,22; 1Co 7.7; 1Tm 4.3). Se podemos concluir que o casamento é uma instituição de Deus não devemos tratá-lo como se fosse do homem usando a sabedoria do homem para o melhorar, manipular ou regulamentar. Deus tem dado a Sua palavra sobre o assunto e é essa que queremos e devemos seguir: “Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem” (Mt 19.6). De uma forma geral, tanto o homem quanto a mulher possuem uma necessidade nata de ter um ao outro e nessa união glorificar a Deus. Quando essa união não acontece, o que há é um vazio e solidão. Deus mesmo testificou que “não é bom que o homem esteja só”. Por este motivo criou Deus essa instituição que, apesar da perseguição e oposição, permanece firme. Hoje, temos a oportunidade de aprendermos mais sobre o casamento e também sobre como as uniões mistas podem ser prejudiciais. Boa aula!
I. O CASAMENTO NO ANTIGO TESTAMENTO
1. A natureza do casamento. O casamento foi instituído por Deus com o objetivo de proporcionar felicidade ao homem e a mulher. Deus criou o homem à Sua imagem e semelhança, macho e fêmea, e também instituiu o casamento. São estas as palavras ditas pelo Eterno: “Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne” (Gn 2.24). Nesse texto encontramos três princípios que norteiam o casamento: (a). Heterossexual - um homem unindo-se à sua mulher; Não há, em termos bíblicos, legitimidade para a relação homossexual, ela está em desordem com o propósito de Deus; (b). Monogâmico - o homem deve deixar pai e mãe para unir-se à sua mulher; não há legitimidade à prática da poligamia ou da poliandria; (c). Monossomático - os dois tornam-se uma só carne; é no casamento que se pode desfrutar da relação sexual com alegria, santidade e fidelidade. Não há outra ‘receita’ para um casamento feliz, esses princípios estabelecidos por Deus, se aplicados, fará do matrimônio a base da sociedade. Curiosamente, a poligamia não era comum nos tempos bíblicos, embora fosse permitido o casamento com mais de uma mulher ao mesmo tempo, como quando Jacó casou-se com Lia e Raquel e teve relações sexuais com as servas delas. Uma razão era que o marido tinha de ser muito rico para sustentar mais de uma mulher. A realeza era mais tendenciosa à poligamia; Davi tinha várias, inclusive Mical, Abigail e Bate Seba, e Salomão teve um número ainda maior durante o período mais próspero do seu reinado. Levítico 21.13,14 proíbe o sumo sacerdote de ter várias esposas, também há outros vultos importantes do Antigo Testamento que foram monógamas: Noé, José [1].
2. Casamentos proibidos. Os casamentos eram arranjados, se possível dentro da mesma família (Gn 24.3,4), as vezes acontecia com membros de outros clãs (Gn 41.45; Rt 1.4), geralmente por razões políticas (1Rs 11.1; 16.1,3), mas nunca era aprovado por motivos religiosos que sempre contaminavam todo o povo (1Rs 11.4). Temos registros de proibição de casamentos com membros familiares muito próximos em Levíticos 18.6-18. Israel estava proibido de entrar em qualquer tipo de sociedade com as nações da terra – sete estados pequenos, juntos eram mais populosos e poderosos do que Israel (Dt 7.1). Havia razões para essa proibição: as esposas pagãs acabariam levando o povo de Deus à idolatria, fato tristemente observado na vida de Salomão, justo o homem mais rico e sábio, através de suas muitas esposas, tornou-se seguidor de Astarote, a deus Cananéia da fertilidade cujo culto envolvia ritos sexuais e astrologia. Também seguiu a Milcom e Moloque, cujos cultos envolvia sacrifícios humanos, particularmente de crianças (veja 1Rs 11.1-7). Não basta sabedoria, mesmo que sobrenaturalmente concedida, devemos, acima de tudo, ser obedientes!
SINOPSE DO TÓPICO (I)
Os israelitas receberam a ordem divina de não se misturar com os cananeus.

II. O CASAMENTO MISTO NO TEMPO DE NEEMIAS
1. A constatação do erro. Deus havia ordenado a extinção das nações pagãs que ocupavam a terra de Canaã quando Israel conquistou seus limites – “Deuteronômio 7.2 usa um verbo derivado do termo hebraico herem – ‘Totalmente destruirás’. Tal ação pode nos parecer impiedosa, mas Deus certamente agiu soberanamente e visou prevenir Israel de pôr em risco o seu relacionamento de aliança com o Eterno” [2]. Israel era uma nação santa, separada para um relacionamento com Deus. Essa escolha recai na soberania divina e sua essência permanece um mistério. O sucesso desse relacionamento baseava-se na conservação dessa aliança que por sua vez, dependia da separação total daqueles povos pagãos. Não obstante isso, o povo que regressou com Neemias, mesmo depois daquele reavivamento, arrependimento e concerto com Deus, voltou a incorrer no mesmo erro que Salomão: “Vi também, naqueles dias, judeus que tinham casado com mulheres asdoditas, amonitas e moabitas” (Ne 13.23).
2. As consequências do casamento misto. “Na época de Neemias, era necessário que o pecado fosse claramente identificado e que o povo de Deus fosse mantido rigorosamente separado da influência das nações pagãs daquela época. Só assim o plano redentor de Deus poderia ser executado em seu devido tempo, e todos os povos do mundo teriam a oportunidade de receber os benefícios da salvação. Apesar da grande reforma feita por Esdras, a respeito de alianças matrimoniais com nações estrangeiras, e, apesar do pacto que havia sido recentemente ratificado no qual o povo havia prometido abster-se desse costume, Neemias descobriu ao voltar de Susã que muitos judeus da comunidade haviam novamente voltado à pratica de se casar com mulheres (pagãs) estranhas. Mulheres estranhas seriam ‘esposas estrangeiras’. Como consequência, as crianças seriam criadas em lares judeus que não falavam a língua de seus pais. Nesta questão, até a família do sumo sacerdote Eliasibe havia desobedecido à lei de Moisés. Eliasibe estava ligado, por casamento, a Tobias [...]. Mas, o que era pior, um de seus netos, que estava na sua linhagem de sucessão, havia se casado com a filha de Sambalate, o maior inimigo dos judeus desse período” (Comentário Bíblico Beacon. Vol. II, 1.ed., RJ: CPAD, 2005, p.535) [3]. Uma drástica conseqüência de casamentos mistos é a influência negativa que os filhos dessa união terão. No caso dos judeus que voltaram do exílio, “seus filhos falavam meio asdodita e não podiam falar judaico, senão segundo a língua de cada povo” (Ne 13.24). Certamente há uma inclinação em nossa natureza que é tendenciosa ao pecado, e a maior influência na educação dos filhos de uma união mista, como se vê nesse caso das mulheres asdoditas, é exercida pela parte infiel/pagã.
SINOPSE DO TÓPICO (II)
Por causa do casamento misto as famílias judaicas passaram a enfrentar problemas.

III. RESPONSABILIDADE MINISTERIAL ACERCA DO CASAMENTO
1. O jugo desigual. Deus enxerga o casamento como a união de duas pessoas que se tornam uma só. Não há possibilidade de juntar opostos harmoniosamente. Disso fala Paulo em 2Co 6.14 ao expor as alianças mistas – casamentos, associações de negócios impróprios ou relacionamentos com pagãos idólatras. Alguns intérpretes entendem que Paulo tinha em mente a associação com falsos apóstolos e profetas, a quem ele considerava responsáveis pela recente divisão de seu relacionamento com a Igreja de Corinto (2Co 11.13-15). Qual tenha sido o pensamento de Paulo, isso nos mostra que o jugo desigual se aplica não apenas ao matrimônio, mas a toda sorte de união com descrentes e inclusive falsos crentes. Casamento é tomado como figura da união entre Cristo e a Igreja, por isso mesmo a escolha de cônjuges torna-se muito importante, visto que cada um irá identificar-se com o outro em sua união. Não podemos ignorar os perigos do jugo desigual. Deus advertiu com freqüência o povo sobre o perigo do jugo desigual por causa da tendência disso resultar em comprometimentos perigosos e por fim, no abandono do compromisso com o Senhor. Malaquias alerta especificamente sobre o perigo dos casamentos mistos (Ml 2.11). Os crentes da Nova Aliança são advertidos a não contrair aliança com pessoas de outra fé (1Co 7.39; 2Co 6.14). Casamentos assim são freqüentemente problemáticos, causam dores à parte crente, e têm a tendência de fracassar quando os dois cônjuges estão firmes em suas respectivas crenças. Da mesma maneira, aqueles crentes que se acham ligados a descrentes pelo matrimônio, o Novo Testamento tem princípios norteadores (1Co 7.12-16; 1Pe 3.1-2). O crente nessa situação deve agir com muita sabedoria, respeitando a crença do seu cônjuge e ao mesmo tempo, aplicando-se ainda mais a sua fé. Quanto à educação dos filhos que nascerem, deve haver um acordo sobre como irão ensinar espiritualmente seus filhos. Muita dor e sofrimento poderiam ser evitados se formos obedientes ao Senhor.
2. As consequências do jugo desigual. Aqueles crentes que contraíram matrimônio com pessoas não crentes devem observar, especialmente, os conselhos de Pedro; às mulheres ele diz que elas não devem fiar-se em suas próprias palavras para ganhar seu marido para Cristo, mas com um espírito dedicado e devoto a Cristo e num comportamento reverente perante o marido ímpio. Esse comportamento não é fruto da intimidação, mas da confiança em Deus. A educação dos filhos deve ser, dentro do possível, conduzida de modo que estes quando crescerem, não se desvie do Senhor, através de um espírito reverente, dedicado e devoto ao Senhor, sendo referência espiritual.
3. Uma recomendação sempre atual. A meu ver, precisamos de equilíbrio, saber quem sou e com quem me relaciono, sem extremismos. Entendendo o que vem a ser ‘jugo desigual’ – ‘conflito de valores’; ‘visão de mundo diversa’, é quase impossível para o crente que se relaciona com os que não partilham a mesma fé, não tomar decisões levianas. Não sou adepto da cultura ‘ditatorial do proibido’ imposta por lideranças, contudo sabemos que nossos atos trazem conseqüências. Nossos jovens estão a mercê desse perigo, e seria utopia que eles se envolvessem apenas com jovens do nosso meio; estão num ‘dualismo vivencial’, igreja e cotidiano, e isso muitas vezes implica no arriscado jogo da mistura. Não há outra intercessão por nossos jovens do que a oração de Cristo: “Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal” (Jo 17.15). Também não acredito no mito de que a jovem crente só deve casar com o jovem da igreja, por que supostamente não há ‘jugo desigual’ dentro da Igreja, já que todos são crentes na mesma doutrina. Como discorri nesse subsídio, ‘jugo desigual’ é todo caminhar em desnível. Casar com alguém sem o verdadeiro amor, apenas porque pertence à mesma fé, ou por imposição, será uma tragédia, uma prisão. Crente quando não ama o outro caminha em desnível, é um jugo desigual. Não podemos admitir que as formalidades, as aparências, as opiniões, conveniências, ministérios, liderança, constituam um jugo desigual para nossos jovens. Não podemos esquecer que somos crentes pela Graça de Deus e somos cidadãos vivendo a liberdade do evangelho em Seu reino. Quando Paulo se refere a ‘não prender-se a um jugo desigual’, ele fala do ponto de vista de um contexto bem diferente desse nosso. Corinto era uma cidade portuária e receptora/difusora das maiores mazelas espirituais daquela época de frouxidão moral; ele se referia na verdade a ‘um modo de ser’, fato comprovado quando ele escreve na segunda carta que o ‘incrédulo’ ao qual não se deve associar em hipótese alguma é justamente aquele que se diz ‘crente’. Paulo fala de ‘um modo de ser’, e não uma filiação religiosa. Paulo diz claramente que não se deve prender a desníveis relacionais com o que anda conforme outra consciência, pois não há possibilidade de harmonia. O Jugo desigual não está restrito apenas ao casamento, mas a toda forma de vínculo que pretenda ser estável. Meu entendimento é que casamento é a profissão de fé do amor, e onde há amor, há harmonia, pois o amor não se porta com indecência, não busca os seus próprios interesses, insistindo em seus próprios direitos e exigindo precedência, pelo contrário, é altruísta; folga com a verdade, tudo sofre, defendendo e suportando o outro; tudo crê, tudo espera, tudo suporta (1Co 13).
SINOPSE DO TÓPICO (III)
Os líderes devem orientar os jovens acerca das terríveis consequências de se contrair matrimônio com infiéis.

CONCLUSÃO

Paulo exultou com a liberdade que há em Cristo. Os crentes legalistas criticavam sua maneira de ser, mas ele respondeu: ‘sou livre da servidão religiosa. Por que todos querem que eu volte para ela?’ Somos livres para servir ao Senhor de todas as maneiras coerentes com a sua Palavra, vontade, natureza e santidade. Jesus e o Pai modelam o relacionamento para o matrimônio: Marido e esposa devem compartilhar um amor mutuo (Jo 5.20;14.31); Marido e esposa vivem em unidade (Jo 10.30; 14.9,11). Maridos expressam amor por sua esposa através de cuidado, vida compartilhada, atenção (Jo 5.20,22; 8.29; 11.42; 16.15; 17.2); Esposas expressam amor pelo seu cônjuge tendo as mesmas vontades e propósitos que ele; exercendo autoridade que lhes foi confiada com humildade e serenidade, não rivalizando ou competindo, mas mostrando respeito tanto em comportamento quanto em ação (Jo 4.34; 5.19,300; 8.28; 14.31; 15.10; Fp 2.55,6,8). Se estes princípios norteadores baseados no relacionamento do Pai com o Filho não estiverem presentes em nosso relacionamento conjugal, o casamento não passa de um caminha em desnível, de um jugo desigual. Deus instituiu o casamento para ser uma bênção, no entanto, precisamos obedecer ao Senhor, para que as suas promessas cumpram-se em nossa vida, não omitindo os conselhos bíblicos quanto à vida conjugal, mas evitando estereótipos, preconceitos e falsa moral, precisamos estar sempre atentos quanto à preservação dos valores familiares cristãos investindo em aconselhamento aos nubentes, em instrução aos jovens para que a liberdade que vivemos em Cristo não venha ser causa de tropeço.
"Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade." (1Jo 3.18)
N’Ele, que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2.8),
Francisco A Barbosa, auxilioaomestre@bol.com.br

EXERCÍCIOS
1. Segundo a lição, o que é casamento?
R. Segundo a lição, casamento é uma instituição estabelecida por Deus como parte de sua criação.
2. Qual a ordenança de Deus aos israelitas após saírem do Egito?
R. Ao saírem do Egito Deus ordenou que os israelitas não se misturassem com as nações cananeias.
3. Quais as consequências das famílias judaicas após contraírem uniões mistas?
R. Israel estava perdendo todas as suas referências culturais e espirituais.
4. Como Neemias reagiu aos casamentos mistos dos israelitas?
R. A reação de Neemias se fez pronta e enérgica.
5. Você tem pedido a Deus direção para a sua vida sentimental?
R. Resposta Pessoal.
NOTAS BIBLIOGRÁFICAS
TEXTOS UTILIZADOS:
-. Lições Bíblicas do 4º Trimestre de 2011, Jovens e Adultos, Neemias - Integridade e coragem em tempos de crise. Comentário: Elinaldo Renovato; CPAD. p. 56 a 62;

CITAÇÕES:
[1]. Adaptado de GOWER, Ralph, Usos e Costumes dos Tempos Bíblicos; Trad. Neyd Siqueira. CPAD, Rio de Janeiro, RJ; 1ª Edição, 2002; p. 63 e 64;
[2]. Extraído de Bíblia de Estudo Plenitude, Barueri, SP; SBB 2001; nota textual de Dt 7.2,3; p. 195;
[3].Extraído de: RENOVATO, Elinaldo. Neemias — Integridade e coragem em tempos de crise. Lições Bíblicas CPAD, Jovens e Adultos, 4º Trimestre de 2011, p. 90;

OBRAS CONSULTADAS:
-. Bíblia de Estudo Plenitude, Barueri, SP; SBB 2001;
-. Bíblia de Estudo Genebra, São Paulo e Barueri, Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999;
-. BENTHO, E. C. A Família no Antigo Testamento. História e Sociologia. 5.ed., RJ: CPAD, 2011.

Os textos das referências bíblicas foram extraídos do site http://www.bibliaonline.com.br/ , na versão Almeida Corrigida e Revisada Fiel, salvo indicação específica.

Autorizo a todos que quiserem fazer uso dos subsídios colocados neste Blog. Solicito, tão somente, que indiquem a fonte e não modifiquem o seu conteúdo. Agradeceria, igualmente, a gentileza de um e-mail indicando qual o texto que está utilizando e com que finalidade (estudo pessoal, na igreja, postagem em outro site, impressão, etc.).

8 de dezembro de 2011

Lição 11 - O dia de Adoração e Serviço a Deus

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Lições Bíblicas CPAD

Jovens e Adultos

4º Trimestre de 2011

Título: Neemias — Integridade e coragem em tempos de crise

Comentarista: Pr. Elinaldo Renovato

Elaboração de pesquisa e subsídio: Francisco Barbosa - Prof EBD IEAD Min Abreu e Lima-PE (auxilioaomestre@bol.com.br).

Lição 11 - O dia de Adoração e Serviço a Deus


11 de Dezembro de 2011

TEXTO ÁUREO

No primeiro dia da semana, estando nós reunidos com o fim de partir o pão, Paulo, que devia seguir viagem no dia imediato, exortava-os e prolongou o discurso até à meia-noite” (At 20.7 — ARA). – O primeiro dia da semana, domingo. Desde que eles estavam reunidos para adoração no primeiro dia da semana, o dia do Senhor de Ap 1.10, esta celebração incluía a Ceia do Senhor – o partir do pão de Mt 26.17-30 (At 2.42) e não era apenas uma refeição de confraternização. Paulo exortava-os – caracteriza que esse era um culto de pregação e ensino de domingo à tarde.

VERDADE PRÁTICA

O domingo, como dia de adoração e serviço, é o referencial mínimo que o crente deve consagrar ao Senhor.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Neemias 13.15,17; Atos 20.7-12.

OBJETIVOS

Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:

· Compreender que a guarda do sábado foi ordenada pelo Senhor;

· Conhecer os prejuízos do descumprimento do mandamento de Deus; e

· Conscientizar-se de que a morte vicária de Jesus anulou as exigências cerimoniais da lei.

PALAVRA CHAVE

Consagração: Do latim consecrationem. Dedicação amorosa e sacrifical ao serviço divino.

COMENTÁRIO

(I. Introdução)

No Antigo Testamento, o ‘Sábado’ (Gr sabbaton, hb shãbath), possui em sua raiz o significado de cessação de atividade. O Dicionário VINE define como “a idéia não é de relaxamento ou repouso, mas cessação de atividade”. A conotação com o descanso físico vem pelo fato de que a suspensão dos trabalhos proporciona descanso, e porque Deus destinou o sétimo dia não só para repouso e memorial do término de sua criação, mas como dia de culto, adoração e comunhão com Ele (Ex 16.27; 31.12-17). Gênesis 2.2,3 apresenta a primeira referência acerca do Sábado quando afirma que Deus suspendeu sua atividade criadora. O princípio da criação do shãbath é destinar um dia ao repouso e ao exclusivo culto ao Senhor: “Seis dias trabalharás, mas o sétimo dia será o sábado do descanso solene, santo ao Senhor” (Êx 31.15). O Decálogo apresenta aos judeus o dever de guardar o Sábado, lembrando que “em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou” (Êx 20.8-11). A falha na observação desse mandamento era castigada com a morte (Ex 31.12-17). Foi dado aos judeus como sinal entre Deus e os filhos de Israel: “Tu, pois, fala aos filhos de |Israel, dizendo: Certamente guardareis meus sábados, porquanto isso é um sinal entre mim e vós nas vossas gerações, para que saibais que eu sou o Senhor, que vos santifica. Portanto, guardareis o sábado...aquele que o profanar, certamente morrerá” (Êx 31.13-14). É importante lembrarmos que tais leis foram sombras das coisas futuras – não temos a necessidade de observá-lo como tinham os judeus. Vamos conhecer um pouco mais sobre este assunto que, dado sua inserção no Decálogo, causa divergências doutrinárias até hoje entre grupos cristãos, notadamente entre sabatistas e os demais protestantes. Vamos aproveitar para dirimir quaisquer dúvidas que por ventura pairem quanto o sábado em si, o qual não temos a necessidade de observar, mas sim, a necessidade de se separar ao menos um dia na semana para cessar toda obra e dedicar exclusivamente à adoração a Deus. Boa Aula!

(II. Desenvolvimento)

I. DEUS ORDENA A GUARDA DO SÁBADO

1. Uma ordenança divina para os israelitas. É interessante que para o judeu, guardar o Sábado é guardar a aliança firmada entre Deus e Israel quanto ao seu relacionamento e santificação (Êx 31.13,17), já que o Sábado é um sinal do relacionamento entre Deus e Israel. Quando os contemporâneos de Neemias negligenciaram a guarda do Sábado, na verdade estavam desconsiderando os propósitos de Deus para a criação através da sua redenção de Israel. Nessa aliança, Deus era o Santificador, aquele que os fortalecia para a obediência. Sabemos que todas estas coisas registradas no Antigo Testamento foram sombras das coisas futuras e embora estejam estabelecidas como ‘estatuto perpétuo’ [como também a páscoa, a queima de incenso, o sacerdócio levítico e ofertas de paz], vigoraram até Cristo “E, quando vós estáveis mortos nos pecados e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas” (Cl 2.13). A lei não pode livrar o homem da morte do pecado, nem achou-se alguém capaz de cumprir fielmente toda a vontade de Deus expressa na Lei. É o Cristo quem nos livra das penalidades da lei, agora estamos sujeitos não a lei, mas debaixo da graça “Havendo riscado a cédula que era de alguma maneira contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz” (Cl 2.14); Cofira Rm 6.14. A lei de Moisés serviu para nos conduzir a Cristo. Hoje, também temos um dia especial cuturalmente dedicado à adoração a Deus: o domingo, o primeiro dia da semana - pois neste o Senhor Jesus ressuscitou (Mc 16.2,9). É um princípio que todos os crentes devem considerar seriamente.

2. Um sinal entre Deus e o seu povo. Intencionado para o bem do homem, o Sábado foi instituído por Deus para ser um dia de descanso e de celebração especial do concerto. O Sábado não era somente um dia de descanso, mas um dia de santidade, quando o povo deixava suas preocupações e objetivos materiais da vida de lado, e dedicavam à adoração (Dt 5.27; Lv 46.45, 46).

3. O propósito divino da guarda do sábado. A obediencia de Israel deveria provir de um relacionamento baseado no amor. O que tornava Israel diferente de outras nações era o relacionamento com o seu Deus e por isso mesmo, era um povo santo (separado). O sucesso de Israel e sua prosperidade estão condicionados a conservação desse relacionamento de aliança com Deus. Alguém que está numa situação de aliança com Deus deve parar as atividades diárias da vida e honrar a Deus com o descanso todo o sétimo dia. Foi este o padrão estabelecido por Deus na criação: "seis dias ele trabalhou e, no sétimo, descansou. A propósito, o sentido do termo hebraico é exatamente 'renunciar'; a guarda do sábado tinha como propósito proporcionar ao homem um dia de descanso, adoração e serviço ao Senhor.

SINOPSE DO TÓPICO (I)

A guarda do sábado era uma ordenança divina para os israelitas.

II. O DESCUMPRIMENTO DA LEI MOSAICA NO TEMPO DE NEEMIAS

1. O desrespeito pela guarda do sábado. Não obstante a severidade da ‘punição’ à quebra desse sinal, o povo negligenciou o Sábado profanando-o. Mesmo depois daquele grande dia de ‘escola dominical ao ar livre’ onde choraram, se arrependeram e firmaram nova aliança, na ausência de Neemias, os judeus continuaram a profanar o dia do Senhor. Passaram-se trinta anos desde o ministério inicial de Esdras com relação ao Sábado, e o povo estava violando este dia santo quando Neemias retoma o governo. Neemias tinha consciência de que o povo quebrara os mandamentos do Senhor e alerta-os de que os mesmos pecados produziriam os mesmos resultados calamitosos. O Sábado é uma sombra da realidade espiritual trazida por Cristo (Cl 2.16,17). Seu significado encerra o sentido de descanso e libertação do trabalho: Cristo trouxe o descanso e a libertação do pecado. Jesus é o descanso para o qual a sombra do sábado apontava (Mt 11.28-30). Mesmo a libertação e o descanso que Jesus nos dá agora são apenas uma antecipação do descanso verdadeiro que os cristãos experimentarão no céu (Hb 4.9). Os crentes de hoje devem observar o Novo Testamento, que não ordena que qualquer dia seja completamente posto de lado como um dia de descanso, mas sim, mostra o padrão dos cristãos reunindo-se para adorar juntos nos domingos (At 20.7; 1Co 16.1,2).

2. A ganância dos mercadores. Viver do modo como Deus requer implica em fazer das prioridades de Deus nossas prioridades, levando em consideração que, com frequencia, elas são diferentes das nossas. Neemias protestou contra os negociantes que desrespeitavam o sábado (Ne 13.20,21) por que para ele, guardar o Sábado era guardar a aliança firmada com Deus (Êx 31.13,17); Quando os negociantes negligenciaram a guarda do Sábado, na verdade estavam desconsiderando as prioridades de Deus de Israel. Neemias, num gesto de temor a Deus, mandou que os mercadores se ausentassem da cidade e parassem com o comércio. Esta ação de Neemias nos convoca a estarmos dispostos a cortar o mal pela raiz onde quer que ele tenha se tornado parte da vida do crente.

3. Neemias proíbe o comércio no sábado. Povo santo descreve um povo separado do mundo, dedicado ao Senhor e ao seu serviço e habitado pela sua presença. O povo precisava compreender que era essencial para eles a adoração; esse era o objetivo redentor do reestabelecimento e regeneração do reino. O Sábado deveria ser um dia sagrado, dedicado a Deus, quando deveriam renunciar as atividades diárias da vida e honrar a Deus com o descanso todo sétimo dia. A contagem do tempo era a partir do pôr do sol, o Shabbat inicia com o pôr do sol da sexta-feira, todos os trabalhos então, deviam cessar. Como acontece hoje, os ímpios não compreendem o princípio de vida de alguém que está em aliança com Deus. O Shabbat é o dia quando todas as atividades param, e Israel descansa e medita na glória de Deus, assim como Deus descansou naquele primeiro sábado de Gn 2.1-3. Guardar o sábado era um sinal que demonstrava submissão a Deus e honrá-lo trazia grandes bênçãos (Is 58.13,14). Neemias, então, exortou os judeus e gentios de Jerusalém a que guardassem o sábado, a fim de evitar o juízo divino sobre a cidade.

SINOPSE DO TÓPICO (II)

Neemias exorta o povo a guardar o Dia do Senhor.

III. A GUARDA DO SÁBADO EM O NOVO TESTAMENTO

1. A essência do dia de descanso. A importancia do crente separar um dia da semana para dedicar ao sagrado está em manter a sua saúde física, mental e espiritual. O Shabbat era uma sombra da realidade espiritual trazida por Cristo (Cl 2.16,17), significa descanso e libertação do trabalho - Cristo trouxe o descanso e a libertação do pecado. Jesus é o descanso para o qual a sombra do Shabbat apontava (Mt 11.28-30). Mesmo a libertação e o descanso que Jesus nos dá agora são apenas uma antecipação do descanso verdadeiro que os crentes experimentarão no céu (Hb 4.9).

2. Jesus e o dia de descanso. Jesus era judeu nascido sob a lei (Gl 4.4) e portanto obedeceu a todas as leis do Velho Testamento. Jesus foi circuncidado, ordenou a entrega de oferendas ao sacerdote, pela purificação, guardou a Páscoa, etc. (Lc 2.21; 5.12-14; Mt 26.18,19). Mas quando Jesus morreu, ele inaugurou a nova aliança e revogou a velha. Se o fato que Jesus guardou a Páscoa não prova que nós também deveríamos guardá-la, então o fato que Jesus guardou o sábado não prova que nós deveríamos guardá-lo também. Na época de Jesus, os legalistas judeus adicionaram todo o tipo de regras e regulamentos novos para que se guardasse apropriadamente o Shabbat. Assim, o Shabbat tornou-se um fardo, em vez de uma bênção. Esses legalistas judeus substituíram a lei divina por suas próprias leis (Mt 15.29). Quando Jesus foi interpelado pelos fariseus quando os discípulos debulharam espigas num sábado, respondeu-lhes que não eram culpados de violar qualquer lei escriturística sobre o Shabbat, mas apenas a interpretação dos farizeus. O Shabbat deveria servir para o benefício espiritual e fisico de seu povo, não sendo um fardo impossível na tentativa de se observar regras rigorosas impostas por homens (Veja Mc 2.23 a 3.6).

3. O cristão deve guardar o sábado? O sábado judaico não é mais obrigatório para os crentes, pois já não estamos sob o jugo da Lei (Rm 6.14). Com a morte expiatória de Jesus, as exigências cerimoniais da legislação mosaica foram completamente canceladas, pois todas foram plenamente cumpridas em Cristo e por Cristo (Cl 2.14,16); Cristo aboliu a "lei dos mandamentos", e desde que a guarda do sábado era um destes mandamentos, e não foi incluída no Novo Testamento, não necessitamos guardar o sábado. "Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um; e, tendo derrubado a parede da separação que estava no meio, a inimizade, aboliu na sua carne a lei dos mandamentos na forma de ordenanças, para que dos dois criasse em si mesmo um novo homen, fazendo a paz." (Ef 2.14,15). A Igreja Primitiva adotou o domingo como o dia de adoração e continuou a fazer isso regularmente (At 20.7; 1 Co 16.2). Em Romanos 7.4-7, Paulo citando a Lei que incluía os Dez mandamentos - no versículo 7 ele citou: "Não cobiçarás" como uma das leis - claramente nos diz que morremos para a lei e estamos, portanto, "libertos da lei": "Assim, meus irmãos, também vós morrestes relativamente à lei, por meio do corpo de Cristo, para pertencerdes a outro, a saber, aquele que ressuscitou dentre os mortos, e deste modo frutifiquemos para Deus. Porque, quando vivíamos segundo a carne, as paixões pecaminosas postas em realce pela lei, operavam em nossos membros a fim de frutificarem para a morte. Agora porém, libertados da lei, estamos mortos para aquilo a que estávamos sujeitos, de modo que servimos em novidade de espírito e não na caducidade da letra. Que diremos pois? É a lei pecado? De modo nenhum. Mas eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei; pois não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera: Não cobiçarás." (Veja ainda 2Co 3.6-11; Gl 3.15 a 5.4; Hb 7-10 e Cl 2.16,17). "Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra das cousas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo." (Cl 2.16,17). Talvez seja este o texto mais importante de toda esta discussão, porque ele claramente menciona o dia do sábado como parte da sombra que foi substituída por Cristo. O sábado não é, para nós, hoje, mais parte do padrão de Deus do que a conservação do festival da lua nova. Ambos foram partes da aliança do Velho Testamento, que foi substituída pela nova aliança de Cristo. Os crentes de hoje estão em Nova aliança e devem observar o Novo Testamento, que não contem nenhuma ordenança para que qualquer dia seja completamente posto de lado como um dia de descanso, mas sim, mostra o padrão dos crentes primitivos reunindo-se para adorar juntos aos domingos (At 20.7; 1Co 16.1,2). É importante concluir que, optar pela guarda do Domingo como um dia sagrado, seria consignar um outro erro, trocando apenas de roupa, mas mantendo o mesmo conteúdo! O nosso dia de repouso é o Domingo, como poderia ser o Sábado ou a Quarta, mas nenhum deles deve ser tomado como sagrado, uma vez que todos os dias são abençoados pelo Criador que nos deu um que é superior aos dias, meses, anos e tradições humanas - JESUS!

SINOPSE DO TÓPICO (III)

A morte vicária de Jesus Cristo aboliu as exigências cerimoniais da legislação mosaica.

(III. Conclusão)

O domingo é observado como dia de culto em virtude do costume da Igreja Primitiva. Não podemos colocar o domingo na posição que o Shabbat ocupava e ocupa hoje para os judeus, senão incorreremos no mesmo erro. Não temos a obrigatoriedade de reservar qualquer dia que seja, mas sim, valorizar o descanso semanal, para que possamos adorar ao Senhor e mantermo-nos saudáveis, física, mental e espiritualmente. Acredito que a presente Lição apresenta fundamentos que são suficientes para demonstrar cabalmente que nenhuma pessoa, quer seja gentio quer seja judeu, ao crer em Jesus Cristo, tenha qualquer obrigatoriedade com a observação da guarda do Sábado, visto ser ele um preceito da lei de Mosaica, que era um concerto entre o Senhor e Israel somente. Agora, Jesus colocou o Velho Concerto de lado ao cumprí-lo totalmente, estabelecendo uma Nova Aliança: "Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz" (Cl 2.14); "Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar? Mas cremos que seremos salvos pela graça do Senhor Jesus Cristo, como eles também" (At 15.10,11).

"Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade." (1Jo 3.18)

N’Ele, que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2.8),

Francisco A Barbosa.

auxilioaomestre@bol.com.br

EXERCÍCIOS

1. O que significa a observância do sábado para os judeus?

R. Significava que os israelitas eram um povo santo, separado das demais nações e que pertencia exclusivamente a Deus.

2. Por que o Senhor ordenou a guarda do sábado para os judeus? E qual o seu propósito?

R. Deus ordenou a guarda do sábado como um sinal de sua aliança e do seu relacionamento com Israel. O propósito era proporcionar ao homem um dia de descanso, adoração e serviço ao Senhor.

3. Por que Neemias agiu energicamente contra os negociantes?

R. Porque se os israelitas violassem o mandamento, seriam punidos com toda a sorte de maldições descritas em Levítico 26.13-33.

4. Segundo Jesus Cristo, para quem foi criado o sábado?

R. O sábado foi criado para o homem.

5. Por que precisamos valorizar o descanso semanal?

R. Porque precisamos ter um dia para estarmos com o Senhor, em sua casa, adorando-o em espírito e em verdade.

Notas Bibliográficas

TEXTO BASE UTILIZADO:
-. Lições Bíblicas do 4º Trimestre de 2011, Jovens e Adultos, Neemias - Integridade e coragem em tempos de crise. Comentário: Elinaldo Renovato; CPAD. p. 77 a 83;

OBRAS CONSULTADAS:
-. Bíblia de Estudo Plenitude, Barueri, SP; SBB 2001;
-. Bíblia de Estudo Genebra, São Paulo e Barueri, Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999;

-. SOARES, E. Heresias e Modismos. Uma análise crítica das sutilezas de Satanás. 1.ed., RJ: CPAD, 2006;
-. RHODES, R. O Cristianismo Segundo a Bíblia. A religião cultural e a verdade bíblica. 1.ed., RJ: CPAD, 2007;
-. RENOVATO, E. O livro de Neemias. 1.ed., RJ: CPAD, 2011.

Os textos das referências bíblicas foram extraídos do site http://www.bibliaonline.com.br/ , na versão Almeida Corrigida e Revisada Fiel, salvo indicação específica.

Autorizo a todos que quiserem fazer uso dos subsídios colocados neste Blog. Solicito, tão somente, que indiquem a fonte e não modifiquem o seu conteúdo. Agradeceria, igualmente, a gentileza de um e-mail indicando qual o texto que está utilizando e com que finalidade (estudo pessoal, na igreja, postagem em outro site, impressão, etc.).

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