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25 de agosto de 2025

EBD JOVENS | Lição 9: Filhos De Deus E Descendência De Abraão | 3° Trim 2025

 

Pb Francisco Barbosa (@Pbassis)

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TEXTO PRINCIPAL

“Mas nós, irmãos, somos filhos da promessa, como Isaque.” (Gl 4.28).

ENTENDA O TEXTO PRINCIPAL:

 Este versículo se encontra na parte final do argumento alegórico de Paulo em Gálatas 4.21–31, onde o apóstolo contrapõe Agar e Sara, e seus filhos, Ismael e Isaque, como símbolos de duas alianças: Agar/Ismael → representa a aliança do Sinai, escravidão à Lei, carne. Sara/Isaque → representa a aliança da promessa, liberdade, Espírito. O objetivo de Paulo é mostrar que os gálatas, tentados a se submeterem ao jugo da Lei mosaica (circuncisão e obras), já pertencem à realidade da promessa em Cristo, e não precisam retornar à “escravidão”. nós, irmãos, (μες, δελφοί) Paulo inclui a si mesmo com os gálatas, em tom pastoral e fraternal. Não é apenas uma instrução fria; ele os chama à consciência de identidade. somos filhos da promessa, (τέκνα παγγελίας σμέν) téknon (τέκνον): “filho”, não apenas em sentido biológico, mas como pertencente a uma linhagem. epangelías (παγγελίας): promessa. A promessa remete a Gênesis 12–21, especificamente à promessa de Deus a Abraão de que teria um filho, não pela força da carne, mas pelo poder da promessa divina. como Isaque, (κατ σαάκ) o paralelo é explícito. Isaque nasceu não de esforço humano, mas do cumprimento sobrenatural da promessa divina (cf. Gn 21.1–3). Assim, os cristãos são espiritualmente gerados pela promessa cumprida em Cristo (cf. Gl 3.16,29). O cristão não é filho da Lei nem da carne (como Ismael), mas filho da promessa (como Isaque). A filiação espiritual não vem do esforço humano, mas do cumprimento da promessa de Deus em Cristo. Tal filiação liberta o crente da escravidão legalista, inserindo-o na esfera da graça e do Espírito (cf. Gl 5.1). A promessa feita a Abraão encontra seu cumprimento em Cristo (Gl 3.16). Portanto, os que estão em Cristo participam do status de “herdeiros segundo a promessa” (Gl 3.29). O cristão precisa lembrar sua identidade: não é escravo da lei, da carne, da performance religiosa, mas filho da promessa em Cristo. Assim como Isaque nasceu de um milagre, o novo nascimento é fruto da ação sobrenatural do Espírito (cf. Jo 1.12–13; Jo 3.6). Isso chama a Igreja a viver em liberdade, não retornando às amarras de sistemas que anulam a graça. Em Gálatas 4.28, Paulo afirma que os crentes em Cristo são “Isaques espirituais”: gerados pela promessa e não pelo esforço humano. A filiação cristã é um dom de Deus, resultado do agir soberano de sua graça, e essa identidade fundamenta a liberdade e a esperança do povo de Deus.

RESUMO DA LIÇÃO

Pela fé em Jesus Cristo, somos filhos de Deus e descendência de Abraão.

ENTENDA O RESUMO DA LIÇÃO:

 Em Cristo, pela fé, não somos mais escravos da Lei nem da carne, mas filhos legítimos de Deus, nascidos do poder da promessa e herdeiros da mesma bênção dada a Abraão.

TEXTO BÍBLICO

Gálatas 4.21-26.

21. Dizei-me vós, os que quereis estar debaixo da lei: não ouvis vós a lei?

Aqueles que tentavam obter a salvação pelo cumprimento da lei. debaixo de maldição. Citação de Dt 27.26 a fim do mostrar que o falo de não conseguir cumprir perfeitamente a lei traz o julgamento e a condenação divina. Uma violação da lei merece a maldição de Deus. Cf. Dt 27—28. Ninguém consegue cumprir todos os mandamentos da lei, nem mesmo fariseus rigorosos como Saulo de Tarso (Rm 7.7-12).

22. Porque está escrito que Abraão teve dois filhos, um da escrava e outro da livre.

dois filhos. Ismael, o filho da serva egípcia de Sara, Agar (Cn 16.1-16), e Isaque, o filho de Sara (Gn 2.1.1-7).

23. Todavia, o que era da escrava nasceu segundo a carne, mas o que era da livre, por promessa,

segundo a carne. O nascimento de Ismael foi motivado pela incredulidade de Abraão e Sara na promessa de Deus e realizado pelos pecaminosos meios humanos, mediante a promessa. Deus permitiu, miraculosamente, que Abraão e Sara concebessem Isaque quando Sara já havia passado da idade de dar à luz, e após ter sido estéril durante a sua vida inteira.

24. o que se entende por alegoria; porque estes são os dois concertos, um do monte Sinai, gerando filhos para a servidão, que é Agar.

alegóricas. A palavra grega era usada para uma história que transmitia um significado além do sentido literal das palavras. Nessa passagem, Paulo faz uso de pessoas e lugares históricos do AT para ilustrar uma verdade espiritual. Não se trata de uma alegoria, e nem a verdade real é o sentido secreto, misterioso e escondido. A história de Abraão, Sara, Agar, Ismael e Isaque é uma história real e não há sentido secreto ou escondido. Paulo a emprega apenas como uma ilustração para dar apoio ao seu contraste entre a lei e a graça, duas alianças. Paulo usa as duas mães, seus dois filhos e dóis locais como outra ilustração das duas alianças. Agar, Ismael e o monte Sinai (Jerusalém terrena) representam a aliança da lei. Sara, Isaque e a Jerusalém celestial, a aliança da promessa. Paulo não pode estar contrastando essas duas alianças como caminhos diferentes para a salvação, um para os santos do AT, e o outro para os santos do NT — uma premissa já negada por ele (2.16; 3.10-14,21-22). O objetivo da aliança mosaica era somente mostrar a todos os que estavam de baixo de seus mandamentos e condenação a extrema necessidade da salvação somente pela graça (3.24) - ela nunca foi intencionada para retratar o caminho da salvação. O que Paulo quer dizer é que aqueles, como os judaizantes, que tentam obter a justiça pelo cumprimento da lei recebem apenas a escravidão e a condenação (3.10,23), enquanto aqueles que partilham da salvação pela graça - o único caminho para a salvação desde o pecado de Adão - são libertos da escravidão e da condenação da lei. monte Sinai. Um símbolo apropriado da antiga aliança, visto ter sido no monte Sinai que Moisés recebeu a lei (Êx 19). Agar. Posto que era escrava de Sara (Gn 16.1), Agar é uma ilustração adequada daqueles sob a escravidão da lei (cf. vs. 5,21; 3.2.3). Ela era, na realidade, associada ao monte Sinai por meio de seu filho Ismael, cujos descendentes haviam se estabelecido nessa região.

25. Ora, esta Agar é Sinai, um monte da Arábia, que corresponde à Jerusalém que agora existe, pois é escrava com seus filhos.

corresponde à Jerusalém. A lei foi entregue no Sinai e recebeu a sua mais alta expressão no culto do templo em Jerusalém. O povo judeu ainda estava escravizado à lei.

26. Mas a Jerusalém que é de cima é livre, a qual é mãe de todos nós;

a Jerusalém lá de cima é livre. O céu (Hb 12.10,22). Aqueles que são cidadãos do céu (Fp 3.20) são livres da lei mosaica, das obras, da escravidão e da tentativa incessante e inútil de agradar a Deus por meio da carne, nossa mãe. Os cristãos são filhos da Jerusalém celestial, a "cidade-mãe" do céu. Em contraste com a escravidão dos filhos de Agar, os crentes em Cristo são livres (5.1; Is 61.1; Lc 4.18; Io 8.36: Rm 6.18,22; 8.2; 2Co.3.17).

 

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INTRODUÇÃO

A lição desta semana é a respeito da história apresentada por Paulo sobre Ismael e Isaque, os dois filhos de Abraão. Ele fala da escravidão e da liberdade, representadas pelos dois filhos, onde a escravidão é a perda da liberdade e da identidade. Os gálatas deveriam compreender que a liberdade que receberam em Jesus estava sendo colocada em risco por conta da decisão deles, de se sujeitarem aos ensinos dos judaizantes.

A história de Ismael e Isaque não é apenas um relato antigo do Gênesis, mas um espelho da vida espiritual de todo cristão. Quando Paulo lembra os gálatas dessa narrativa, ele não está contando uma curiosidade histórica. Ele faz uma leitura teológica profunda: Agar e Ismael representam a vida segundo a carne, enquanto Sara e Isaque representam a vida segundo a promessa (Gl 4.21-31). A palavra usada para promessa é epangelía (παγγελία), que significa não apenas uma expectativa, mas o compromisso soberano de Deus em cumprir sua Palavra. Em Cristo, essa promessa se cumpre plenamente. A escravidão que Paulo denuncia não era apenas um sistema religioso antigo. Era a tentação de confiar na lei, na tradição e nos próprios méritos como se pudessem gerar vida. Assim como Ismael nasceu do esforço humano, o retorno dos gálatas ao legalismo era uma tentativa de produzir justiça por conta própria. O apóstolo é claro: viver pela carne leva à perda da identidade e da liberdade. Viver pela promessa é experimentar a vida que vem do Espírito. Hernandes Dias Lopes afirma que “a liberdade cristã não é um pretexto para viver segundo a carne, mas uma vida de submissão alegre ao senhorio de Cristo” (LOPES, 2014, p. 78). O contraste entre carne e promessa toca diretamente nossa geração. Quantos jovens hoje não estão tentando encontrar valor e aceitação em suas próprias forças, seja em padrões de beleza, seja em conquistas acadêmicas, seja em espiritualidade baseada no desempenho? Paulo lembra: filhos da promessa não nascem da autossuficiência, mas da intervenção sobrenatural de Deus. Assim como Isaque foi gerado quando humanamente era impossível, também nossa nova vida é obra exclusiva do Espírito (Jo 3.6; Rm 9.8). Como destaca Gordon Fee, “o Espírito é o distintivo da nova era inaugurada por Cristo, e é Ele quem autentica a filiação divina” (FEE, 1994, p. 211). Diante desta lição, precisamos nos perguntar: temos vivido como filhos da promessa ou como escravos de sistemas que roubam nossa liberdade em Cristo? Davi, no Salmo 51, entendeu que apenas o Espírito podia restaurar sua vida: “Não retires de mim o teu Santo Espírito” (Sl 51.11). Essa oração é um convite para cada jovem hoje. Você pode ser muito capaz, inteligente e dedicado, mas nada disso gera vida espiritual. Somente a promessa cumprida em Cristo e aplicada pelo Espírito Santo pode nos fazer herdeiros da verdadeira liberdade. Que esta lição não seja apenas mais um estudo, mas um despertar. Somos chamados a viver como Isaque: frutos da promessa, não da carne. Somos livres em Cristo para viver pelo Espírito, e não por regras mortas. Essa é a essência da fé cristã e o caminho para experimentar uma vida abundante no presente e uma herança gloriosa no porvir.

• ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

• CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos, 2002.

• COELHO, Alexandre. A liberdade em Cristo: vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.

• FEE, Gordon D. God’s Empowering Presence: The Holy Spirit in the Letters of Paul. Peabody: Hendrickson, 1994.

• GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.

• KEENER, Craig S. The Spirit in the Gospels and Acts. Peabody: Hendrickson, 1997.

• LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: a carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2014.

• MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.

• PALMA, Anthony D. O batismo no Espírito Santo. Rio de Janeiro: CPAD, 2001.

• YONG, Amos. Renewing Christian Theology: Systematics for a Global Christianity. Waco: Baylor University Press, 2014.

• Comentário Bíblico Beacon. Vol. 9. Kansas City: Casa Nazarena de Publicações, 2006.

• Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

I. O QUE A LEI DIZ

1. Paulo se vale da história. A fim de reforçar seu argumento, o apóstolo mostra aos gálatas a diferença entre ser escravo e ser livre. Ele começa com a seguinte pergunta: “Dizei-me vós, os que quereis estar debaixo da lei: não ouvis vós a lei” (v.1)? Em outras palavras, “Já que vocês querem viver debaixo da Lei, ao menos vejam o que ela diz”. Então ele partilha a história dos dois filhos de Abraão. A Palavra de Deus nos informa que Abraão teve diversos filhos além de Isaque e Ismael (Gn 25.1-7), mas somente os dois primeiros são utilizados por Paulo para realizar a comparação necessária. Esses dois filhos e suas histórias estão imersos em um contexto específico, a saber, Ismael nasceu de um arranjo social, e Isaque, da promessa de Deus. No tocante à origem social, um era escravo, e o outro livre, pois a mãe de Ismael era uma serva de Sara, ao passo que Isaque era filho da esposa de Abraão, uma mulher livre.

Quando Paulo se dirige aos gálatas, ele começa com uma pergunta provocativa: “Vocês que querem estar debaixo da lei, acaso não ouvem a própria lei?” (Gl 4.21). Essa pergunta expõe uma contradição. Os que buscavam a justiça pela lei não compreendiam o que a própria lei revelava. O apóstolo então traz à memória a história de Abraão, destacando dois de seus filhos, Ismael e Isaque, que se tornaram símbolos espirituais de duas realidades distintas. Não é apenas uma lembrança do passado, mas uma lição viva sobre a diferença entre viver na escravidão da carne e experimentar a liberdade da promessa. Paulo não cita todos os filhos de Abraão, mas se concentra nesses dois para construir um contraste teológico. Ismael nasceu de uma decisão humana, fruto de um arranjo social, e representa o esforço da carne. O termo usado para “escravo” no grego é doúlos (δολος), que significa alguém sem direito à herança, limitado em sua identidade. Já Isaque nasceu da promessa, palavra traduzida do grego epangelía (παγγελία), que expressa o compromisso divino em cumprir o que Ele mesmo declarou. Enquanto Ismael aponta para a autossuficiência humana, Isaque aponta para a intervenção sobrenatural de Deus. Esse contraste não é apenas histórico, é profundamente espiritual. O Comentário Bíblico Pentecostal lembra que Paulo usa a narrativa de Agar e Sara como uma alegoria que revela o conflito entre viver pela lei e viver pela graça do Espírito (ARRINGTON, 2003). Hernandes Dias Lopes explica que “os que insistem em viver pela lei estão retornando à escravidão, quando Cristo os chamou para a liberdade” (LOPES, 2014, p. 89). Em outras palavras, todo esforço humano para conquistar salvação sem Cristo resulta em escravidão, mas a fé na promessa nos torna herdeiros legítimos da graça. Essa mensagem fala diretamente à nossa geração. Quantos jovens, mesmo dentro da igreja, estão tentando se justificar diante de Deus por meio de desempenho, regras ou comparações? O legalismo continua a oferecer uma ilusão de controle, mas no fim gera apenas peso e frustração. A Palavra nos chama a viver como filhos da promessa, não como escravos. Como disse Gordon Fee, “é o Espírito que autentica a nova identidade do cristão e garante sua liberdade em Cristo” (FEE, 1994, p. 210). Assim como Davi clamou no Salmo 51 para não perder a presença do Espírito, nós também precisamos depender dEle, reconhecendo que nossa filiação não vem de esforço humano, mas da graça que nos alcançou. A pergunta de Paulo ecoa até hoje: estamos vivendo como Ismael ou como Isaque? Essa é uma reflexão que deve nos acompanhar em cada decisão espiritual. A vida cristã não é uma busca por mérito, mas uma resposta de fé à promessa cumprida em Cristo. O desafio é claro: rejeitar as amarras da carne e abraçar a liberdade do Espírito. Essa é a verdadeira identidade de quem nasceu da promessa.

• ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

• CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos, 2002.

• COELHO, Alexandre. A liberdade em Cristo: vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.

• FEE, Gordon D. God’s Empowering Presence: The Holy Spirit in the Letters of Paul. Peabody: Hendrickson, 1994.

• GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.

• KEENER, Craig S. The Spirit in the Gospels and Acts. Peabody: Hendrickson, 1997.

• LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: a carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2014.

• MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.

• PALMA, Anthony D. O batismo no Espírito Santo. Rio de Janeiro: CPAD, 2001.

• YONG, Amos. Renewing Christian Theology: Systematics for a Global Christianity. Waco: Baylor University Press, 2014.

• Comentário Bíblico Beacon. Vol. 9. Kansas City: Casa Nazarena de Publicações, 2006.

• Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

2. O significado de ser escravo. No mundo do primeiro século, no Império Romano, a escravidão era bem conhecida. Milhões de pessoas foram feitas escravas por causa de guerras, de dívidas, ou porque nasceram filhos de escravos. O escravo era simplesmente uma pessoa que não tinha direito sobre a própria vida. Sua vida e morte residiam nas mãos do seu proprietário. Trabalhavam sem direito ou garantia alguma, até à morte, ou, em alguns casos, até que o seu senhor lhe concedesse a liberdade, sendo que, neste caso, o escravo agora livre, passava a ser chamado de liberto. Os gálatas conheciam bem essa realidade. Os anos de dominação dos romanos mostravam a vocação que tinham de dominação e de sujeição dos povos conquistados. As tropas romanas situadas nas diversas metrópoles do império estavam lá para lembrar quem eram os senhores e quem eram os vassalos.

No mundo do Novo Testamento, a palavra “escravo” carregava um peso que nós, no século XXI, dificilmente conseguimos sentir em sua totalidade. O termo grego doúlos (δολος) não designava apenas alguém que servia a outro, mas alguém que literalmente não possuía direitos sobre a própria vida. Sua existência, seu corpo e até sua morte pertenciam ao senhor. O Império Romano sustentava sua força sobre milhões de pessoas reduzidas a essa condição. Algumas haviam sido derrotadas em batalhas, outras endividadas, e muitas já nasciam como propriedade de outro homem. Ser escravo era viver sem identidade, sem herança e sem esperança. Quando Paulo escreve aos gálatas, esse pano de fundo não era uma abstração. Eles conheciam de perto o peso da dominação romana. As legiões, espalhadas pelas províncias e cidades, estavam ali não apenas para manter a ordem, mas para lembrar diariamente quem eram os senhores e quem eram os vassalos. Essa realidade dava ainda mais força à metáfora paulina. Ser “escravo da lei” não era apenas uma expressão teológica, mas a descrição de uma vida aprisionada, sem acesso à herança da promessa. Hernandes Dias Lopes observa que Paulo usa a escravidão como imagem da tentativa humana de alcançar a salvação por méritos, esforço ou rituais (LOPES, 2014, p. 77). A questão não era apenas social, mas espiritual. O Comentário Bíblico Pentecostal lembra que viver “sob a lei” é viver sob um jugo que expõe a incapacidade humana de ser justo diante de Deus (ARRINGTON, 2003). Assim, Paulo está chamando os gálatas a enxergarem que a vida sem Cristo, mesmo cheia de religião, é uma vida sem liberdade. Craig Keener reforça que “a lei tinha uma função temporária, apontando para Cristo, mas nunca poderia dar a vida que só Ele concede” (KEENER, 1997, p. 312). Em outras palavras, escravidão aqui não é apenas um estado jurídico, mas uma condição espiritual de quem ainda não foi transformado pelo evangelho. Essa é uma verdade que atinge em cheio nossa geração. Quantos jovens ainda vivem como escravos, não de senhores romanos, mas das pressões culturais, da busca por aceitação, do peso do pecado e até de práticas religiosas sem vida? A escravidão moderna tem outros nomes, mas o mesmo efeito: rouba a identidade e mata a esperança. No entanto, a promessa do evangelho é clara. Em Cristo, não somos mais doúloi, mas filhos adotados por Deus (huioi, υοί), herdeiros da promessa e libertos do domínio da carne (Gl 4.7). O chamado de Paulo continua ecoando: de que lado estamos vivendo? Presos à escravidão do pecado, do legalismo e da autossuficiência, ou desfrutando da liberdade que só o Espírito concede? Assim como Davi reconheceu sua dependência e clamou para não perder a presença de Deus (Sl 51.11), nós também precisamos nos examinar. A verdadeira liberdade não é ausência de limites, mas a graça de viver plenamente na vontade de Deus, como filhos amados e herdeiros da promessa.

• ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

• CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos, 2002.

• COELHO, Alexandre. A liberdade em Cristo: vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.

• FEE, Gordon D. God’s Empowering Presence: The Holy Spirit in the Letters of Paul. Peabody: Hendrickson, 1994.

• GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.

• KEENER, Craig S. The Spirit in the Gospels and Acts. Peabody: Hendrickson, 1997.

• LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: a carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2014.

• MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.

• PALMA, Anthony D. O batismo no Espírito Santo. Rio de Janeiro: CPAD, 2001.

• YONG, Amos. Renewing Christian Theology: Systematics for a Global Christianity. Waco: Baylor University Press, 2014.

• Comentário Bíblico Beacon. Vol. 9. Kansas City: Casa Nazarena de Publicações, 2006.

• Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

3. A busca pela liberdade. Paulo se utiliza da história de Abraão para ilustrar o que os gálatas precisavam saber. Ele é chamado de pai da fé, mas é dele que também procedem os judeus. O patriarca era casado com Sara, e a promessa de ser uma grande nação foi dada a ambos, não somente a Abraão. A genética repassada do patriarca aos seus descendentes seguia uma linha de muitos séculos, onde, por vezes, os hebreus se viram dominados por outros povos. Eles sabiam a importância de serem livres, e no primeiro século não desfrutavam ainda de plena liberdade.

Falar sobre liberdade nunca foi algo abstrato para o povo de Deus. Desde os dias de Abraão, a promessa divina não se limitava a um filho ou a uma descendência biológica, mas a uma herança espiritual que ultrapassava os séculos. Paulo, em Gálatas, recorda aos cristãos que a história do patriarca não é apenas memória de um passado distante, mas uma chave para compreender a verdadeira identidade em Cristo. Abraão é chamado “pai da fé” porque creu contra toda esperança, e essa fé foi contada como justiça (Gn 15.6). No entanto, a promessa não foi feita apenas a ele, mas também a Sara. A Escritura é clara ao afirmar que a descendência viria “daquela que era estéril”, para que ninguém confundisse a promessa de Deus com a força humana (katá sárka, “segundo a carne”). É exatamente esse contraste que Paulo traz à tona: Ismael nasceu por iniciativa humana; Isaque, por intervenção divina. Hernandes Dias Lopes comenta que Paulo mostra aos gálatas que liberdade e escravidão não são apenas condições sociais, mas estados espirituais (LOPES, 2014, p. 81). O povo judeu, herdeiro de uma longa história de cativeiros, Egito, Babilônia, Pérsia, Grécia e agora Roma, sabia muito bem o valor de ser livre. No entanto, ironicamente, continuavam presos, não às correntes visíveis, mas ao peso da lei quando buscavam nela a salvação. A palavra grega para promessa, epangelía (παγγελία), aparece com frequência em Gálatas e aponta para algo que depende inteiramente da fidelidade de Deus, não da capacidade do homem. O Comentário Bíblico Pentecostal lembra que a promessa é sempre vinculada à ação do Espírito, aquele que gera vida onde antes havia esterilidade (ARRINGTON, 2003, p. 518). Paulo, portanto, está dizendo que ser filho da promessa não é questão de etnia, mas de fé em Cristo. John MacArthur reforça que “os crentes, em qualquer tempo e lugar, são a verdadeira descendência de Abraão” (MACARTHUR, 2017, p. 1556). Essa mensagem toca fundo em nossa geração. Quantos ainda vivem como escravos de estruturas religiosas, de tradições sem vida, ou da pressão cultural que impõe padrões inalcançáveis? É possível frequentar a igreja, participar de ministérios e ainda viver como Ismael, preso ao esforço humano e sem experimentar a liberdade da promessa. Mas o evangelho nos convida a viver como Isaque: fruto da graça, expressão da fidelidade divina, sinal de que Deus faz infinitamente mais do que pedimos ou pensamos. O chamado de Paulo não é apenas para os gálatas, mas para nós hoje. Precisamos perguntar: estamos vivendo pela carne ou pela promessa? Davi, em meio ao seu clamor, pediu a Deus que renovasse nele um espírito inabalável (Sl 51.10). Esse deve ser também o nosso clamor. A verdadeira liberdade não é ausência de autoridade, mas a vida conduzida pelo Espírito, que nos torna filhos de Deus e herdeiros de sua herança eterna (Rm 8.14-17). Essa é a liberdade que precisamos redescobrir, valorizar e viver no cotidiano.

• ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

• CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos, 2002.

• COELHO, Alexandre. A liberdade em Cristo: vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.

• FEE, Gordon D. God’s Empowering Presence: The Holy Spirit in the Letters of Paul. Peabody: Hendrickson, 1994.

• GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.

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• LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: a carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2014.

• MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.

• PALMA, Anthony D. O batismo no Espírito Santo. Rio de Janeiro: CPAD, 2001.

• YONG, Amos. Renewing Christian Theology: Systematics for a Global Christianity. Waco: Baylor University Press, 2014.

• Comentário Bíblico Beacon. Vol. 9. Kansas City: Casa Nazarena de Publicações, 2006.

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SUBSÍDIO I

“Paulo usa eventos históricos reais para mostrar a diferença entre o antigo concerto e o novo Agar (que teve o primeiro filho de Abraão, Ismael, que não era o filho da promessa de Deus, veja Gn 16) representa o antigo concerto, estabelecido no Monte Sinai (v.25; veja Êx 19.2; 20.1-17). Os filhos de Agar são como aqueles que agora vivem sob o modo de vida do antigo concerto e ‘nasceram segundo a carne’ (v.23). Em outras palavras, eles representam aqueles que não são ‘nascidos do Espírito’ (Jo 3.8). Sara, a esposa de Abraão, que deu à luz Isaque, o filho da promessa de Deus (veja Gn 21.1-7), representa o novo concerto. Em um sentido espiritual, os seus filhos são os verdadeiros filhos de Deus, gerados ‘segundo o Espírito’ (v.29)”. (Bíblia de Estudo Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.1631).

II. O FILHO DA CARNE E O FILHO DA PROMESSA

1. A carne e seu filho. A comparação que Paulo faz com referência a Ismael, o primeiro filho de Abraão, como sendo o resultado não da fé ou da promessa, mas como sendo um arranjo de uma decisão baseada em um pensamento humano diante da impaciência. A ideia partiu de Sara, que seguiu um costume de sua época, em que uma escrava poderia dar um filho ao seu senhor. Ninguém poderia negar que Ismael era filho de Abraão. Entretanto, ele representa um arranjo humano, uma forma de antecipar a realização da promessa de Deus. Sempre teremos dificuldades quando tentarmos ajudar Deus a cumprir o que Ele, de bom grado, nos prometeu. Hagar enquanto estava grávida desprezou sua senhora, e depois Sara ordenou que Hagar fosse embora. Ambas se irritaram e competiram, e Abraão estava nesse fogo cruzado. Uma criança nasceu, mas não segundo a vontade de Deus. Paulo vai, por analogia, dizer que Ismael é o filho gerado pela carne. Ele não faz essa declaração com desprezo, pois seu objetivo é exemplificar aos gálatas a diferença entre confiar na carne e confiar na promessa de Deus.

 A história de Ismael e Isaque não é apenas um registro familiar de Abraão; ela é um retrato vívido da luta entre carne e Espírito. Paulo, escrevendo aos gálatas, mostra que a decisão precipitada de Abraão e Sara não nasceu da fé, mas da ansiedade humana diante da promessa de Deus. Ismael, filho de Agar, não foi fruto da epangelía (παγγελία, “promessa”), mas do sarx (σάρξ, “carne”), isto é, do esforço humano para tentar adiantar o que Deus havia estabelecido em seu tempo perfeito. É importante lembrar que, culturalmente, a prática de usar uma escrava como mãe substituta era aceita no antigo Oriente Médio. No entanto, o fato de algo ser comum não significa que esteja de acordo com a vontade de Deus. O Comentário Bíblico Beacon destaca que “a carne sempre busca atalhos para alcançar o que somente o Espírito pode realizar” (BEACON, 2006, p. 431). Sara, em sua impaciência, quis “ajudar” a Deus, mas o resultado foi dor, divisão e conflito dentro do lar. A Bíblia de Estudo Pentecostal também aponta que Ismael, embora filho legítimo de Abraão, não poderia herdar a promessa porque representava a autoconfiança humana (BEP, 1995, p. 1756). Paulo usa essa história como uma parábola espiritual. Para ele, Ismael simboliza a religião baseada em esforço humano, enquanto Isaque aponta para a vida gerada pelo Espírito. Hernandes Dias Lopes observa que “Paulo não despreza Ismael, mas o utiliza como contraste pedagógico, mostrando que a liberdade não nasce da carne, mas da graça” (LOPES, 2014, p. 89). É por isso que a Escritura afirma: “o filho da escrava jamais herdará com o filho da livre” (Gl 4.30). O verbo grego usado aqui para “herdar” é klēronomeō (κληρονομέω), indicando posse legítima de uma herança. Ou seja, a salvação não é algo que conquistamos com suor, mas algo que recebemos porque fomos feitos filhos de Deus em Cristo. Essa mensagem continua atual. Muitos jovens ainda vivem como Ismael: tentando construir uma vida espiritual baseada em desempenho, disciplina ou tradição, e não na confiança plena na graça de Deus. Mas Paulo nos chama a viver como Isaque: filhos da promessa, gerados não pela carne, mas pelo Espírito. Como lembra Gordon Fee, “a vida cristã começa e termina na obra do Espírito; qualquer tentativa de substituí-lo por esforço humano é regressão à escravidão” (FEE, 1994, p. 412). A pergunta que fica é: como temos vivido? Dependendo da carne ou confiando na promessa? Davi, em seu clamor, reconheceu sua total incapacidade e pediu: “renova em mim um espírito inabalável” (Sl 51.10). Essa também deve ser nossa oração. Pois só quem nasceu pela promessa pode viver em verdadeira liberdade. O desafio para nós, como igreja, é abandonar toda confiança em nossas obras e abraçar, pela fé, a vida que vem de Cristo.

• ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

• BEACON, Comentário Bíblico. Vol. 9. Kansas City: Casa Nazarena de Publicações, 2006.

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• GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.

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• LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: a carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2014.

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• PALMA, Anthony D. O batismo no Espírito Santo. Rio de Janeiro: CPAD, 2001.

• YONG, Amos. Renewing Christian Theology: Systematics for a Global Christianity. Waco: Baylor University Press, 2014.

2. A promessa e seu filho. Isaque foi chamado de “filho da promessa”. Apesar da incapacidade de Abraão e Sara de poderem experimentar a paternidade e a maternidade durante décadas, Deus lhes havia feito uma promessa. Abraão seria pai de uma multidão de pessoas, e Sara, a mãe. Sara deu a ideia a Abraão de tomar uma escrava para ser mãe, mas, mesmo assim, Deus não retirou o que havia dito para com a esposa de Abraão, pois a fidelidade do Eterno é inquestionável. Ismael podia ser o mais velho biologicamente, mas ele não estava vinculado à promessa de Deus. Isaque foi dado a Abraão e Sara como garantia de que Deus cumpre o que promete. É à descendência de Isaque, e não de Ismael, que os crentes seriam associados.

 A história de Isaque é, antes de tudo, a história da fidelidade de Deus. Quando Paulo o chama de “filho da promessa” (huios tēs epangelías, υἱὸς τς παγγελίας; Gl 4.28), ele nos lembra que a promessa divina não depende da capacidade humana, mas do poder soberano do Senhor. Abraão e Sara estavam biologicamente impossibilitados de gerar filhos, e essa impossibilidade era parte do plano divino: mostrar que a vida da promessa só pode nascer do agir de Deus, e nunca da força da carne. Sara tentou adiantar os planos oferecendo Agar a Abraão. Ismael, fruto desse arranjo, era filho biológico, mas não filho da promessa. O Comentário Bíblico Pentecostal observa que “a diferença não era apenas biológica, mas teológica: Isaque representava a graça e a liberdade; Ismael, o esforço humano e a escravidão” (ARRINGTON, 2003, p. 482). Paulo usa esse contraste para ensinar aos gálatas que a vida cristã não se apoia em obras ou tradições, mas na promessa cumprida em Cristo. A Bíblia de Estudo MacArthur destaca que o nascimento de Isaque foi sobrenatural, uma antecipação do nascimento virginal de Jesus, ambos impossíveis aos olhos humanos (MACARTHUR, 2017, p. 1462). Hernandes Dias Lopes lembra que “o nascimento de Isaque foi um milagre da graça; o nascimento do crente também o é, pois somos gerados não da vontade da carne, mas de Deus” (LOPES, 2014, p. 97). O termo grego epangelía não indica apenas uma palavra de esperança, mas uma garantia selada pelo caráter imutável de Deus (cf. Hb 6.13-18). Assim, a verdadeira descendência de Abraão não é definida pelo sangue, mas pela fé. Paulo afirma: “vós sois filhos da promessa, como Isaque” (Gl 4.28). O verbo grego usado, este (στέ), no presente do indicativo, confirma uma identidade atual e contínua: os que creem em Cristo são agora herdeiros legítimos, chamados a viver como filhos livres, não como escravos. Como afirma Gordon Fee, “a vida no Espírito é a prova concreta de que pertencemos à promessa e não à carne” (FEE, 1994, p. 418). Esse ensino exige de nós uma resposta prática. Quantas vezes ainda agimos como Sara, tentando acelerar o agir de Deus com estratégias humanas? Quantos ministérios, relacionamentos e projetos espirituais nascem não da promessa, mas da pressa? Davi orava: “em ti, Senhor, espero” (Sl 40.1). Essa deve ser também a postura da igreja hoje. Ser filhos da promessa significa descansar na fidelidade de Deus, crendo que sua palavra se cumpre no tempo certo. O desafio para nós é viver menos pela ansiedade da carne e mais pela confiança no Deus que sempre cumpre o que diz.

• ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

• BEACON, Comentário Bíblico. Vol. 9. Kansas City: Casa Nazarena de Publicações, 2006.

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3. O escravo persegue o livre. A Palavra de Deus nos diz que no momento da cerimônia em que Isaque, o filho da promessa, foi desmamado, Ismael zombou dele (Gn 21.8.9). Da mesma forma que Hagar quando engravidou zombou de Sara, Ismael o faz com Isaque. Aqui temos duas lições. A primeira é a do exemplo: crianças aprendem com o que veem e ouvem dos pais. Elas simplesmente reproduzem as atitudes dos pais, mesmo sem entender completamente o que fazem. A segunda lição é a de que quem tem liberdade dentro de casa pode ser perseguido por quem não a tem. Foi o que aconteceu com os gálatas. Nasceram livres, mas estavam sendo colocados debaixo de servidão pelo discurso dos judaizantes. A cena ocorrida séculos antes estava se repetindo. Os judaizantes também tinham ouvido o Evangelho primeiro, mas por se prenderem a aspectos da Lei mosaica, esqueciam do seu verdadeiro Messias, Jesus, e se colocavam sob escravidão mais uma vez. E agora, estavam induzindo os gentios nesse mesmo caminho.

 O episódio em que Ismael zomba de Isaque não é apenas um conflito entre dois irmãos. Ele é um retrato profundo da tensão entre a carne e o Espírito, entre a escravidão e a liberdade. Gênesis 21.8-9 registra que, no dia em que Isaque foi desmamado e celebrado como filho da promessa, Ismael, já adolescente, o ridicularizou. A palavra hebraica usada para zombar é tsachaq (צָחַק), que carrega a ideia de escárnio e desprezo, não de brincadeira inocente. A Bíblia de Estudo Pentecostal observa que o riso de Ismael não era ingênuo, mas carregado de hostilidade, antecipando o conflito espiritual entre os descendentes da carne e os da promessa (BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, 1995, p. 47). Esse comportamento de Ismael reflete um padrão já visto em sua mãe, Hagar, que desprezou Sara quando engravidou (Gn 16.4). Como destaca o Comentário Bíblico Beacon, filhos absorvem os exemplos dos pais; a rebeldia e o desprezo de Ismael não nasceram do nada, mas foram cultivados em um ambiente de rivalidade (BEACON, 2006, p. 284). Paulo, ao relembrar esse episódio em Gálatas 4.29, interpreta-o espiritualmente: “Mas, como então, o que nasceu segundo a carne perseguia o que nasceu segundo o Espírito, assim é também agora”. O verbo grego diōkō (διώκω), traduzido como perseguir, indica não apenas zombaria, mas perseguição intencional e contínua. A aplicação feita por Paulo é direta: assim como Isaque foi alvo de oposição por ser o filho da promessa, os cristãos gálatas, libertos em Cristo, estavam sendo perseguidos pelos judaizantes, que insistiam em colocar sobre eles o jugo da Lei. Hernandes Dias Lopes comenta que “a perseguição sempre parte dos que confiam na carne contra os que vivem da graça” (LOPES, 2014, p. 101). Essa é a realidade da igreja: onde há liberdade no Espírito, sempre haverá oposição daqueles que preferem as seguranças da religião baseada em obras. Para os nossos dias, essa lição é urgente. Em nossas igrejas, quantas vezes ainda vemos “Ismaéis” zombando de “Isaque”? Jovens e líderes cheios do Espírito frequentemente enfrentam resistência, não de ímpios declarados, mas de pessoas presas ao legalismo, ao orgulho religioso ou ao conformismo. Craig Keener lembra que “o maior obstáculo ao avanço do evangelho, muitas vezes, não é o mundo pagão, mas a religiosidade estéril” (KEENER, 1997, p. 212). Somos chamados, como Isaque, a permanecer firmes na liberdade da promessa, mesmo quando a carne nos persegue. Davi orava: “não me deixes envergonhado, pois em ti confio” (Sl 25.2). Essa oração ecoa em todo crente que escolhe viver pela promessa e não pela carne. Cabe a cada um de nós perguntar: tenho vivido como filho livre, sustentado pela graça, ou como escravo, preso ao jugo da carne? A perseguição é inevitável, mas a vitória é certa para os que permanecem em Cristo. Nossa resposta pastoral, hoje, é não ceder ao escárnio dos “Ismaéis” modernos, mas permanecer firmes no evangelho da liberdade.

• ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

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III. A SOLUÇÃO PARA ESSE CONFLITO

1. Lança fora a escrava e seu filho. Sara ofereceu Hagar a Abraão para que ela pudesse ser mãe. Abraão não questionou a ideia da esposa. Hagar engravidou e desprezou Sara, que mandou a escrava embora. Hagar encontrou um anjo no caminho que a ordenou que voltasse para se humilhar diante de Sara. Todos, exceto o anjo, agiram sem pensar.

 O conflito entre Sara e Hagar não é apenas uma questão familiar, mas um reflexo da luta entre promessa e carne, fé e incredulidade. Quando Sara, tomada pela impaciência, entrega sua serva egípcia a Abraão (Gn 16.1-2), ela age sem esperar pelo tempo de Deus. A Bíblia de Estudo MacArthur lembra que o gesto de Sara foi uma tentativa humana de “ajudar” o Senhor a cumprir a promessa, mas resultou em séculos de conflito entre os descendentes de Ismael e de Isaque (MACARTHUR, 2017, p. 45). A impaciência gera escravidão, mas a fé gera liberdade. Quando Hagar concebe, o texto hebraico usa o verbo qalal (קָלַל), “desprezar”, indicando que ela passou a considerar Sara inferior (Gn 16.4). O pecado do coração gera arrogância e desprezo, e essa atitude trouxe divisão para dentro da casa do patriarca. No entanto, Deus não ignora a dor da serva. O Anjo do Senhor aparece a Hagar no deserto, ordenando que ela volte e se humilhe (anah, עָנָה, “submeter-se, afligir-se”) diante de sua senhora. Aqui, vemos a pedagogia divina: nem Hagar, nem Sara, nem Abraão estavam agindo corretamente, mas Deus intervém com graça. Séculos depois, Paulo cita esse episódio em Gálatas 4.30: “Lança fora a escrava e seu filho”. O apóstolo usa a palavra grega ekbale (κβαλε), um imperativo forte que significa expulsar sem retorno. Isso mostra que a liberdade em Cristo não pode coexistir com a escravidão da carne. Como comenta Hernandes Dias Lopes, “a graça não se mistura com a lei, nem a liberdade com a escravidão; é preciso escolher de que lado viver” (LOPES, 2014, p. 118). Essa lição fala diretamente à igreja de hoje. Quantas vezes permitimos que “Hagar” permaneça em nossas casas espirituais? Quantos ministérios, famílias e jovens estão sofrendo porque tentaram acelerar as promessas de Deus com soluções humanas? A liberdade em Cristo exige separação radical de tudo aquilo que compete com a promessa. Gordon Fee observa que a vida no Espírito sempre confronta as obras da carne, e não há conciliação possível (FEE, 1994, p. 611). Davi orava: “Espera tu somente em Deus, ó minha alma, porque dele vem a minha esperança” (Sl 62.5). Essa é a resposta para quem está dividido entre promessa e impaciência. O chamado pastoral para nós, hoje, é simples e direto: é tempo de lançar fora a escrava, romper com a carne e abraçar, com fé e paciência, a liberdade do Espírito.

• ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

• BEACON, Comentário Bíblico. Vol. 9. Kansas City: Casa Nazarena de Publicações, 2006.

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• YONG, Amos. Renewing Christian Theology: Systematics for a Global Christianity. Waco: Baylor University Press, 2014.

2. Somos filhos da livre. Ao qualificar Ismael como filho da carne, Deus não lhe privou de bênçãos, mas não deu a ele as mesmas que deu a Isaque (Gn 21.13). As palavras de Sara nos mostram a consequência de uma inimizade, e ao mesmo tempo, uma solução para os gálatas: Eles deveriam lançar fora os judaizantes e seus ensinos, e viverem como verdadeiros filhos de Abraão segundo a promessa de Deus. Por qual motivo? Os gálatas eram, da mesma forma que Isaque, filhos da promessa: “De maneira que, irmãos, somos filhos não da escrava, mas da livre” (Gl 4.31).

 A distinção entre Ismael e Isaque não é apenas histórica; ela revela princípios eternos sobre promessa, fé e liberdade em Cristo. Deus não privou Ismael de bênçãos, mas, conforme Gn 21.13, reservou a ele um destino diferente daquele que Ele planejou para Isaque. Ismael representa o fruto da carne, do esforço humano para apressar o cumprimento das promessas divinas, enquanto Isaque é o fruto da fidelidade de Deus à Sua palavra (dabar, דָּבָר, “palavra, promessa viva”) (COELHO, 2018, p. 92). As palavras de Sara indicam a consequência inevitável da convivência entre promessa e carne: a inimizade. Ao mesmo tempo, oferecem uma solução prática e espiritual para os Gálatas. Eles estavam sendo seduzidos pelo ensino judaizante, que os prendia novamente à escravidão da Lei (nomos, νόμος). Paulo, com precisão pastoral, instrui: “Lançai fora a escrava e seu filho” (Gl 4.30). Este imperativo grego ekbale (κβαλε) demonstra que a verdadeira liberdade exige separação radical do que compete com a obra do Espírito. Os Gálatas, assim como Isaque, são filhos da promessa. Paulo enfatiza: “De maneira que, irmãos, não somos filhos da escrava, mas da livre” (Gl 4.31). O verbo grego einai (εναι) reforça a realidade existencial de serem filhos legítimos, vinculados não ao esforço humano, mas à promessa de Deus. Esse ensino não é apenas doutrinário; é profundamente prático: viver na liberdade do Espírito significa recusar qualquer ensino ou prática que nos escravize, mesmo quando pareça “sagrado” ou tradicional (FEE, 1994, p. 623). Para a igreja jovem de hoje, a aplicação é direta: examine sua vida, sua fé e seus vínculos. Quantas vezes tentamos acelerar promessas ou impor soluções humanas, esquecendo que Deus cumpre Suas promessas no tempo certo? Como Paulo, precisamos discernir entre a escravidão da carne e a liberdade da promessa. Essa reflexão exige coragem e autoavaliação, especialmente no ambiente da igreja, onde tradições e pressões sociais podem nos colocar de volta sob jugo legalista. Davi nos inspira: “Espera somente em Deus, ó minha alma, porque dele vem a minha esperança” (Sl 62.5). A vida cristã é uma jornada de paciência ativa na promessa de Deus. Assim como Isaque herdou a promessa apesar das circunstâncias humanas, somos chamados a viver na liberdade, rejeitando tudo que nos prende à escravidão da carne ou da Lei, e abraçando com fé a plenitude da vida no Espírito (LOPES, 2014, p. 121).

• ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

• BEACON, Comentário Bíblico. Vol. 9. Kansas City: Casa Nazarena de Publicações, 2006.

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• YONG, Amos. Renewing Christian Theology: Systematics for a Global Christianity. Waco: Baylor University Press, 2014.

3. Não tornem a ser escravizados. Paulo nos dá duas ordens aqui: Estejam firmes na sua liberdade, e não se coloquem debaixo de servidão. Na primeira observação, ele ordena que a liberdade que receberam em Cristo seja defendida a todo custo. Na segunda, ele aponta que era possível os gálatas serem escravizados, não por uma força militar externa, ou como despojo de guerra, ou por causa de uma dívida, coisas comuns para a escravidão naquela época. O que Paulo mostra é que os gálatas estavam se sujeitando voluntariamente à perda da liberdade. Por isso ele diz que eles não se sujeitem à escravidão que a Lei e os judaizantes estavam lhes imprimindo.

 Paulo não deixa margem para dúvidas: a liberdade em Cristo não é opcional, nem negociável. Ele dirige aos Gálatas uma advertência clara e duas ordens diretas: estejam firmes na liberdade que receberam e jamais se coloquem novamente debaixo de servidão (Gl 5.1). A primeira instrução ressalta que a liberdade em Cristo é um dom precioso que precisa ser defendido com discernimento e coragem. O verbo grego stēkete (στκετε), que significa “ficar firme” ou “permanecer inabalável”, indica uma postura ativa de resistência, não uma atitude passiva diante da pressão de falsos mestres (COELHO, 2018, p. 135). A segunda ordem revela algo ainda mais profundo: a escravidão que Paulo denuncia não vinha de correntes físicas, dívidas ou invasões militares comuns à época, mas de uma servidão voluntária. Os Gálatas estavam permitindo que o legalismo e o ensino dos judaizantes os colocassem debaixo da Lei (nomos, νόμος) novamente. Essa escolha, aparentemente espiritual, era tão perigosa quanto qualquer cativeiro externo, porque aprisionava a alma e obscurecia a verdade do Evangelho (FEE, 1994, p. 630). É impressionante perceber como a liberdade pode ser desperdiçada quando a fé não é acompanhada de vigilância. Os gálatas, nascidos livres em Cristo, estavam aceitando voluntariamente a escravidão legalista. Paulo, então, os exorta a rejeitar toda forma de imposição humana que tente substituir a promessa divina pela obra das mãos ou pela observância ritual (ergon, ργον) (LOPES, 2014, p. 143). Esse ensinamento nos desafia a analisar nossas próprias vidas: quais tradições ou pressões espirituais nos fazem ceder à escravidão da carne, da culpa ou da obrigação religiosa? Viver na liberdade de Cristo exige coragem, discernimento e uma postura de constante vigilância espiritual. Não se trata apenas de liberdade teórica, mas de uma realidade prática que transforma decisões, atitudes e relacionamentos. Assim como Isaque foi o filho da promessa e Ismael fruto da carne, somos chamados a permanecer na linhagem da promessa, rejeitando o que nos escraviza e abraçando a vida plena no Espírito (YONG, 2014, p. 98). Finalmente, este chamado é também pastoral: olhe para sua vida e para sua igreja. Identifique onde a liberdade está sendo ameaçada por tradições, legalismos ou influências externas. A liberdade em Cristo é um legado que precisa ser protegido, não apenas para nós, mas para as gerações futuras. Como Davi, aprendamos a esperar, confiar e permanecer firmes na promessa, sabendo que a escravidão voluntária nunca é o caminho do filho da livre (Sl 62.5; MACARTHUR, 2017, p. 1201).

• COELHO, Alexandre. A liberdade em Cristo: vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.

• FEE, Gordon D. God’s Empowering Presence: The Holy Spirit in the Letters of Paul. Peabody: Hendrickson, 1994.

• LOPES, Hernandes Dias. Gálatas: a carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2014.

• MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.

• YONG, Amos. Renewing Christian Theology: Systematics for a Global Christianity. Waco: Baylor University Press, 2014.

• BÍBLIA de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

SUBSÍDIO II

Professor(a), explique que receber a Lei de Deus foi um dos aspectos mais importantes da experiência dos judeus.

CONCLUSÃO

A comparação que Paulo faz sobre Ismael e Isaque foi esclarecedora para os gálatas e o deve ser também para nós. Pode haver dois filhos, mas só um era de acordo com a promessa. Em Jesus, somos filhos da promessa de Deus a Abraão, e não dependemos da Lei para ser conduzidos a Deus. Por fim, cabia aos gálatas entenderem que não deveriam se colocar debaixo de um jugo de servidão, pois deixariam de ser livres em Cristo para serem servos da carne.

 A analogia que Paulo estabelece entre Ismael e Isaque revela uma verdade eterna que vai muito além da história dos patriarcas: existem caminhos que parecem legítimos, mas apenas aquele alinhado à promessa de Deus produz vida e liberdade duradoura. Ismael nasceu segundo a carne, fruto de tentativas humanas de antecipar o cumprimento da promessa divina; Isaque nasceu segundo a promessa, resultado da fidelidade de Deus e da espera obediente do seu povo (Gn 21.12). Assim também acontece conosco: em Cristo, somos filhos da promessa de Deus, não do esforço humano, da religiosidade ou da observância legalista. O evangelho nos lembra que não dependemos de rituais ou da lei para nos aproximarmos de Deus, mas da obra consumada de Jesus, que nos garante acesso à vida eterna e à verdadeira liberdade espiritual (Gl 4.31; Coelho, 2018, p. 158). Paulo adverte que a liberdade em Cristo é preciosa e exige vigilância. Submeter-se novamente a qualquer forma de escravidão espiritual (seja legalismo, tradições humanas ou pressões externas) equivale a trocar a promessa pela carne. Quando nos colocamos voluntariamente sob um jugo que nos impede de caminhar na graça, deixamos de viver a plenitude da filiação em Cristo e nos tornamos escravos daquilo que não pode salvar (Fee, 1994, p. 636; Lopes, 2014, p. 157). A liberdade que nos é oferecida não é teórica: é prática, transformadora e contínua, exigindo discernimento diário, coragem para rejeitar influências erradas e fé firme na fidelidade de Deus. Essa reflexão nos chama a autoavaliação:

              Onde temos permitido que influências externas, conselhos humanos ou tradições religiosas nos afastem da promessa?

              Em que áreas da vida ainda cedemos à escravidão da carne ou do medo, em vez de caminhar plenamente na liberdade em Cristo?

Reconhecer a diferença entre a carne e a promessa nos ajuda a escolher, a cada dia, o caminho da vida, da fidelidade e da obediência ao Espírito (Yong, 2014, p. 102). Em última análise, a mensagem de Paulo é clara e urgente: a liberdade não é negociável. Ela é um dom que exige resposta consciente e ação deliberada. Ser filho da promessa significa viver guiado pelo Espírito, confiar nas promessas divinas mesmo quando tudo ao redor sugere pressa ou atalhos humanos. Como jovens cristãos, somos desafiados a permanecer firmes na fé, a rejeitar todo jugo que tenta nos escravizar e a experimentar diariamente a plenitude da filiação em Cristo (MacArthur, 2017, p. 1205). Que cada decisão, cada palavra e cada escolha reflitam nossa filiação em Jesus. Não há liberdade verdadeira fora do plano de Deus; não há promessas cumpridas fora da espera obediente. E ao entendermos isso, podemos viver a coragem de Isaque: filhos da promessa, firmes na fé, livres para caminhar na graça e conduzir outros à mesma liberdade.

Esta também é uma oportunidade ímpar para tratarmos de um tema esquecido: o abuso espiritual. O abuso espiritual ocorre quando líderes, tradições ou sistemas religiosos usam a autoridade de Deus para controlar, manipular ou subjugar o coração dos fiéis. Assim como os gálatas estavam sendo induzidos pelos judaizantes a abandonar a liberdade em Cristo e se colocar sob um jugo de servidão (Gl 4.17-18), muitos jovens e crentes hoje são pressionados a obedecer a regras humanas ou a temer castigos que Deus nunca estabeleceu, confundindo legalismo com fidelidade. Paulo nos ensina que a liberdade em Cristo não é negociável e que depender de rituais, regras ou intermediários humanos para se aproximar de Deus é substituir a promessa pela carne (Fee, 1994; Lopes, 2014). A comparação com Ismael e Isaque evidencia o risco desse tipo de escravidão: Ismael, filho da carne, representava uma forma humana de tentar antecipar a promessa de Deus, enquanto Isaque, filho da promessa, nasceu segundo a fidelidade divina e a espera obediente (Gn 21.12; Gl 4.31). Do mesmo modo, quando somos submetidos a doutrinas humanas ou líderes autoritários que substituem a graça pela lei, perdemos a liberdade de filhos e nos tornamos escravos de um caminho que não conduz à vida. Reconhecer e resistir ao abuso espiritual é, portanto, viver como filhos da promessa, firmes na fé e guiados pelo Espírito, preservando a liberdade que Cristo nos deu. Não podemos concluir essa preciosa lição sem deixar 3 Aplicações Práticas para o Jovem Cristão:

       1. Examine sua rotina espiritual: Avalie se alguma prática, conselho ou hábito o mantém em escravidão espiritual. Livre-se do que depende da carne e busque o caminho da promessa.

       2. Defenda a liberdade em Cristo: Reaja com firmeza contra discursos, ideologias ou legalismos que tentem condicionar sua fé; pratique a coragem espiritual de escolher a promessa em vez da pressa humana.

       3. Cresça na confiança no Espírito: Cultive diariamente uma vida guiada pelo Espírito Santo, permitindo que Ele conduza decisões, relações e objetivos de acordo com a promessa de Deus, não segundo o esforço próprio.

Por fim, examine sua vida espiritual e suas influências: Pergunte-se se você está seguindo Cristo pela fé e pelo Espírito ou se tem se submetido a regras, tradições ou líderes que tentam controlar sua caminhada. Identifique qualquer atitude, ensino ou prática que substitua a liberdade em Cristo por legalismo ou medo. Então, firme-se na promessa de Deus, rejeite qualquer jugo humano e busque viver plenamente como filho ou filha da promessa, permitindo que o Espírito guie suas decisões e sua fé no dia a dia.

Viva para a máxima glória do Nome do Senhor Jesus!

Meu ministério aqui é um chamado do coração: compartilhar o ensino da Palavra de Deus de forma livre e acessível, para que você, irmão ou irmã em Cristo, possa crescer na fé e no conhecimento das Escrituras, sem barreiras, com subsídios preparados por um Especialista em Exegese Bíblica do Novo Testamento.

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HORA DA REVISÃO

1. Quais os dois filhos de Abraão que Paulo cita aos gálatas?

Ismael e Isaque.

2. Quem era o filho da promessa, Ismael ou Isaque?

Isaque era o filho da promessa.

3. De quem foi a ideia de Abraão ter um filho com Hagar?

A ideia foi de Sara, esposa de Abraão.

4. Quais as duas lições que aprendemos com a história de Hagar e Sara?

A primeira é a do exemplo: crianças aprendem com o que veem e ouvem dos pais. A segunda lição é a de que quem tem liberdade dentro de casa pode ser perseguido por quem não a tem. Foi o que aconteceu com os gálatas.

5. O que Deus disse a Abraão a respeito de Hagar e Ismael?

“Porém Deus disse a Abraão: Não te pareça mal aos teus olhos acerca do moço e acerca da tua serva: em tudo o que Sara te diz, ouve a sua voz; porque em Isaque será chamada a tua semente. Mas também do filho desta serva farei uma nação, porquanto é tua semente” (Gn 21.12,13).