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25 de agosto de 2025

EBD ADULTOS | Lição 9: Uma Igreja que se Arrisca| 3° Trim 2025

 

Pb Francisco Barbosa (@Pbassis)

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TEXTO ÁUREO

Mas ele, estando cheio do Espírito Santo e fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus e Jesus, que estava à direita de Deus.” (At 7.55).

UMA EXEGÉSE DO TEXTO PRINCIPAL:

 At 7.55 se insere no clímax do discurso de Estêvão diante do Sinédrio (At 6–7). Ele havia acabado de expor a dureza de coração do povo de Israel, mostrando que sempre resistiram ao Espírito Santo (At 7.51). Como consequência, os líderes judeus “rangiam os dentes contra ele” (At 7.54). Aqui temos o contraste: enquanto os líderes estão cheios de ódio, Estêvão está cheio do Espírito Santo. O termo grego plērēs pneumatos hagiou indica não apenas um enchimento momentâneo, mas uma vida dominada e conduzida pelo Espírito. Cheio do Espírito Santo, isso nos lembra que é o Espírito quem fortalece a Igreja no testemunho, não a força humana (cf. Ef 5.18). Esse enchimento também é uma experiência contínua, capacitando o crente para enfrentar perseguições e manter os olhos fixos em Cristo. Fixando os olhos no céu, O verbo atenízō é forte: significa olhar atentamente, com intensidade. Não é um olhar distraído, mas concentrado. Estêvão não se detém nos rostos cheios de ódio ao seu redor; ele direciona sua atenção para a realidade maior: o céu aberto. Aqui, aprendemos que o crente maduro, diante da crise, não olha para as circunstâncias, mas para Cristo. Viu a glória de Deus, A glória (δόξα) na Bíblia é a manifestação visível da presença divina. Estêvão, num momento de morte iminente, é consolado com a visão da glória. Isso mostra a fidelidade de Deus em sustentar seus filhos. E Jesus em pé, à direita de Deus, O normal no NT é ver Jesus assentado à direita do Pai (Sl 110.1; Hb 1.3). Mas aqui Ele está em pé, posição de quem recebe e acolhe um mártir. Aqui vemos a intercessão contínua de Cristo em favor dos crentes (Rm 8.34). Vemos nisso também o cuidado pastoral de Jesus, que se levanta para receber seu servo. Estevão é testemunha de que o Reino já está inaugurado. O Espírito é quem sustenta o mártir e confirma a esperança escatológica de que Cristo reina à direita do Pai. O Espírito Santo não é apenas uma doutrina, mas uma experiência real que fortalece o crente diante das maiores oposições. A visão celestial confirma que a plenitude do Espírito capacita para morrer por Cristo, se necessário. É preciso olhar para cima em meio à perseguição; Como Estêvão, somos chamados a não fixar os olhos nos problemas terrenos, mas na glória de Deus revelada em Cristo. É preciso viver cheios do Espírito; Não basta ter experiências passadas; é preciso viver em contínuo enchimento, permitindo que o Espírito Santo nos domine em cada circunstância. É preciso consolar-se na presença de Cristo. Mesmo que o mundo nos rejeite, Cristo está de pé para nos receber. Essa visão é a fonte de coragem para o crente fiel.

VERDADE PRÁTICA

A igreja foi capacitada por Deus para enfrentar um mundo que é hostil à sua fé e valores.

ENTENDA A VERDADE PRÁTICA:

 A Igreja não foi deixada desarmada diante de um mundo que a odeia e se levanta contra sua fé; pelo contrário, o próprio Deus a revestiu com o poder do Seu Espírito, confiou-lhe Sua Palavra eterna e colocou sobre ela a missão de ser luz em meio às trevas. Isso significa que cada perseguição, cada afronta e cada crise cultural não são sinais de derrota, mas oportunidades divinas para a Igreja testemunhar que Cristo reina soberano. O mundo é hostil, sim, mas a Igreja é indestrutível porque carrega em si o selo do Espírito e a promessa daquele que disse: ‘edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela’ (Mt 16.18).

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Atos 6.8-15; 7.54-60.

Atos 6

8. E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo.

9. E levantaram-se alguns que eram da sinagoga chamada dos Libertos, e dos cireneus, e dos alexandrinos, e dos que eram da Cilícia e da Ásia, e disputavam com Estêvão.

 Parece que esse versículo descreve três sinagogas: a sinagoga dos Libertos, outra composta de cireneus e alexandrinos, e uma terceira composta de pessoas da Cilícia e da Ásia. Diferenças culturais e linguísticas entre os três grupos tornam pouco provável que eles frequentassem a mesma sinagoga, sinagoga. As sinagogas eram lugares de reunião, que começaram a existir no período intertestamentário onde os judeus dispersos (geralmente helenistas), que não tinham acesso ao templo, podiam reunir-se na sua comunidade para culto e leitura do AT. Libertos. Descendentes de escravos judeus capturados por Pompeu (63 a.C.) e levados para Roma. Mais tarde foram libertados e formaram uma comunidade judaica ali. cireneus. Homens de Cirene, cidade no norte da África. Simão, o homem que foi obrigado a carregar a cruz de Jesus, era natural de Cirene (Lc 23.26). alexandrinos. Alexandria, outra cidade importante no norte da África, localizava-se perto da boca do rio Nilo. O poderoso pregador Apolo era de Alexandria. Cilícia e Ásia. Províncias romanas na Ásia Menor (atual Turquia). Pelo fato de a cidade natal de Paulo (Tarso) se localizar na Cilícia, ele provavelmente (requentava essa sinagoga; discutiam com Estevão. A palavra traduzida por "discutiam" significa debate formal. Sem dúvida, eles centravam-se em temas como a morte e ressurreição de Jesus e a evidência do AT de que ele era o Messias.

10. E não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com que falava.

11. Então, subornaram uns homens para que dissessem: Ouvimos-lhe proferir palavras blasfemas contra Moisés e contra Deus.

 blasfêmias contra Moisés e contra Deus. Incapazes de vencer o debate com Estêvão, seus inimigos recorreram à fraude e à conspiração. Assim como fizeram com Jesus (Mt 26.59-61), eles recrutaram secretamente falsas testemunhas para espalhar mentiras a respeito de Estevão. As acusações foram sérias, pois a blasfêmia era punível com a morte (Lv 24.16).

12. E excitaram o povo, os anciãos e os escribas; e, investindo com ele, o arrebataram e o levaram ao conselho.

13. Apresentaram falsas testemunhas, que diziam: Este homem não cessa de proferir palavras blasfemas contra este santo lugar e a lei;

14. porque nós lhe ouvimos dizer que esse Jesus Nazareno há de destruir este lugar e mudar os costumes que Moisés nos deu.

 Jesus, o nazareno, destruirá este lugar. Outra mentira, pois as palavras de Jesus (Jo 2.19) referem-se ao seu próprio corpo (Jo 2.21).

15. Então, todos os que estavam assentados no conselho, fixando os olhos nele, viram o seu rosto como o rosto de um anjo.

 rosto de anjo. Puro, calmo, postura serena, irradiando a presença de Deus (cf. Êx 34.29-3.5).

Atos 7

54. E, ouvindo eles isto, enfureciam-se em seu coração e rangiam os dentes contra ele.

 rilhavam os dentes. Em raiva e frustração (Sl 35.16; 37.12; Lc 13.28).

55. Mas ele, estando cheio do Espírito Santo e fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus e Jesus, que estava à direita de Deus,

 cheio do Espírito Santo. Veja 2.4. a glória de Deus. Isaías (Is 6.1-3), Ezequiel (Ez 1.26-28) Paulo (2Co 12.2-4) e João (Ap 1.10) também receberam visões da glória de Deus no céu. à sua direita. Jesus é muitas vezes retratado dessa maneira (2.34: cf. Mt 22.44: 26.64; Lc 22.69: Ef 1.20; Cl 3.1; Hb 1.3; 8.1; 10.11-12; 12.2):

56. e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, que está em pé à mão direita de Deus.

 o Filho do Homem, Vejai Dn 7.13-14.

57. Mas eles gritaram com grande voz, taparam os ouvidos e arremeteram unânimes contra ele.

58. E, expulsando-o da cidade, o apedrejavam. E as testemunhas depuseram as suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo.

 deixaram suas vestes... Saulo. A primeira vez que Paulo aparece na Escritura. O fato de estar suficientemente próximo do ato para segurar as vestes dos assassinos de Estêvão reflete: o seu profundo envolvimento no sórdido acontecimento.

59. E apedrejaram a Estêvão, que em invocação dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito.

 apedrejavam. Essa era a punição prescrita na lei para blasfêmia (Lv 24.16); entretanto, essa não foi unia execução formal, mas um ato de violência da turba.

60. E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu.

 não lhes imputes este pecado. Corno Jesus havia leito antes dele (Lc 23.34), Estêvão orou para que Deus perdoasse os assassinos. adormeceu. Eufemismo comum do NT para a morte de crentes (cf. Jo 1 1.11-14; 1 Co 11.30;-15.20,51: 1 Ts 4.) 4; 5.10).

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INTRODUÇÃO

Na lição de hoje vamos conhecer um pouco mais sobre a vida de Estêvão, um dos sete escolhidos para a diaconia (At 6.1-7). Quando lemos esse texto do Livro de Atos, logo percebemos que estamos diante de uma pessoa extraordinária — de grande fé, cheio do Espírito Santo e de sabedoria. Um autêntico cristão destemido! Estêvão é um modelo para todo cristão e, sem dúvida, serve de modelo para a Igreja do Senhor. Observamos que a perseguição a Estêvão e seu consequente martírio marcam um momento decisivo na história da igreja cristã — quando a igreja sai para fora dos muros de Jerusalém para alcançar o mundo. Estava tendo, portanto, cumprimento das palavras de Jesus de que a Igreja seria testemunha tanto em Jerusalém, Judeia, Samaria e até os confins da terra. Atos 8.1 marca o início daquilo que foi anunciado em Atos 1.8.

 Ao abrirmos Atos 6, somos imediatamente confrontados com uma tensão real dentro da jovem comunidade cristã: a negligência das viúvas helenistas na distribuição diária. Esse detalhe aparentemente administrativo se revela teologicamente profundo. A palavra usada para “reclamação” (gr. gongysmós) transmite a ideia de um murmúrio constante, como o que marcou o povo de Israel no deserto (Êx 16.7-12). A igreja nascente já precisava lidar com problemas internos, e é justamente aqui que o Espírito Santo conduz os apóstolos a uma solução madura: o surgimento da diaconia. Não se trata apenas de organização, mas de discernimento espiritual. A comunidade de fé só poderia crescer de forma saudável se unisse serviço prático e proclamação da Palavra. Entre os sete escolhidos surge Estêvão, descrito como “cheio de fé e do Espírito Santo” (plērēs pisteōs kai pneumatos hagiou, At 6.5). O texto sublinha que ele não era apenas um administrador competente, mas alguém cuja vida estava saturada pela presença divina. Aqui está a chave: a igreja não precisa de homens apenas habilidosos, mas de servos cheios do Espírito, pois o serviço diaconal é tão espiritual quanto a pregação apostólica. O Comentário Bíblico Pentecostal observa que o diaconato, desde o princípio, nasce como expressão da unidade entre Palavra e serviço, sinalizando que todo ministério autêntico precisa ter raiz no Espírito¹. O testemunho de Estêvão ultrapassa a esfera do serviço social. Ele se torna o primeiro mártir da igreja, inaugurando uma nova etapa na missão. Seu martírio não é derrota, mas catalisador para a expansão do Evangelho. Como afirma Lucas, após sua morte “levantou-se uma grande perseguição… e todos, exceto os apóstolos, foram dispersos” (At 8.1). Aqui vemos a fidelidade de Deus: aquilo que parecia ser tragédia foi, na verdade, o meio pelo qual a promessa de At 1.8 começou a se cumprir em escala global. Como destaca Craig Keener, o martírio de Estêvão “não foi o fim de uma vida promissora, mas o início da missão que rompe as fronteiras de Jerusalém”². Teologicamente, o martírio de Estêvão aponta para Cristo. O texto grego usa o verbo horaō (ver) para descrever sua visão dos céus abertos e de Jesus “à direita de Deus” (At 7.55). Diferente de outras passagens que retratam Cristo assentado, aqui Ele está em pé, como quem se levanta para receber o Seu testemunho fiel. Esse detalhe exegético nos mostra que nenhum sacrifício por Cristo passa despercebido no céu. French Arrington afirma que Estêvão nos dá um vislumbre da realidade escatológica: a glória do Filho exaltado que garante a vitória da Igreja³. Esta lição nos apresenta um desafio: como igreja, temos lidado com nossos problemas internos da mesma forma? A tendência natural é repetir os “murmúrios no deserto”, mas a resposta do Espírito continua sendo levantar servos cheios de fé, sabedoria e poder. Estêvão nos ensina que maturidade espiritual não é apenas permanecer na Palavra, mas também servir com fidelidade e coragem, mesmo quando isso exige pagar o preço mais alto. Somos chamados a viver não para preservar nossa própria segurança, mas para que a glória de Cristo seja vista em nós.

1. ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.

2. KEENER, Craig S. Acts: An Exegetical Commentary. Grand Rapids: Baker Academic, 2012.

3. GILBERTO, Antônio. Livro de Apoio Adulto – A Igreja em Jerusalém: Doutrina, Comunhão e Fé. Rio de Janeiro: CPAD, 1997.

Palavra-Chave:

MARTÍRIO

 Martírio é o testemunho supremo de fidelidade a Cristo, no qual o crente, sustentado pela graça do Espírito Santo, prefere perder a própria vida a negar a fé, tornando-se sinal visível de que a glória de Deus vale mais que a existência terrena (At 7.55-60; Ap 12.11).

I. ESTÊVÃO E A IGREJA QUE TEM SUA FÉ CONTESTADA

1. Aprendendo com Estêvão. Com Estêvão, em Atos 6 e 7, aprendemos que a fé cristã sempre será questionada. Ele enfrentou oposição, e todo cristão também enfrentará. A fé será colocada à prova, sem espaço para indecisão. Além disso, Estêvão nos ensina que todo cristão deve saber defender sua fé. Explicar e sustentar as crenças cristãs é uma responsabilidade da Igreja, e cada crente precisa entender no que acredita e como responder a desafios. No entanto, em um mundo que muitas vezes se opõe ao Cristianismo, não basta apenas defender a fé — é preciso estar preparado até mesmo para enfrentar perseguições. Estêvão é um exemplo de coragem, mostrando que tanto o cristão quanto a Igreja devem estar dispostos a permanecer firmes, mesmo que isso signifique perder a liberdade ou até a própria vida.

 Quando olhamos para Estêvão em Atos 6 e 7, encontramos um retrato vívido da fé cristã diante do fogo da contestação. O texto nos mostra que a fé verdadeira nunca se desenvolve em ambientes de conforto, mas é provada na forja da oposição. A expressão usada por Lucas ao descrever Estêvão como “cheio de graça e de poder” (plērēs charitos kai dynameōs, At 6.8) não apenas indica uma vida piedosa, mas aponta para uma autoridade espiritual que o capacitava a enfrentar resistências com coragem e sabedoria. A igreja precisa compreender que, assim como Estêvão, não passará ilesa diante de um mundo que questiona, rejeita e até hostiliza o evangelho de Cristo. A narrativa deixa claro que a fé cristã será sempre contestada. Os adversários de Estêvão não conseguiam resistir à sabedoria e ao Espírito com que falava (At 6.10). O verbo usado aqui para “resistir” (anthistēmi) sugere um confronto direto, como de forças em oposição. Essa cena antecipa o que cada discípulo enfrenta: nossa fé não é apenas desafiada intelectualmente, mas é posta à prova no campo espiritual, ético e existencial. E aqui não há espaço para indecisão. Fé vacilante não resiste ao embate. Como diz o Comentário Bíblico Pentecostal, “a sabedoria de Estêvão não era resultado de habilidade retórica, mas fruto da ação direta do Espírito Santo em sua vida”¹. Esse testemunho também nos lembra que defender a fé não é uma opção, mas uma responsabilidade de todo cristão. O apóstolo Pedro nos chama a estar “sempre preparados para responder” (apología, 1Pe 3.15), termo que traz a ideia de uma defesa racional, mas profundamente espiritual. Estêvão é exemplo de alguém que não apenas conhecia as Escrituras, mas as interpretava cristocentricamente, mostrando como a história de Israel encontrava sua plenitude em Jesus. A igreja de hoje precisa recuperar esse zelo: formar crentes que saibam não apenas “o que” creem, mas também “por que” e “como” viver isso diante da oposição. No entanto, Lucas não nos deixa esquecer que a apologética cristã, por si só, não garante aceitação. Estêvão, cheio do Espírito, pregou a verdade e mesmo assim foi rejeitado. Sua fidelidade o levou ao martírio, e não à popularidade. Aqui há uma lição crucial: não basta defender a fé; é preciso estar disposto a sofrer por ela. Quando Estêvão vê “os céus abertos” e Jesus em pé à direita de Deus (At 7.55), temos uma revelação singular. Diferente de outros textos que apresentam Cristo assentado, aqui Ele está em pé, como que levantando-se para acolher o Seu servo fiel. Isso nos assegura que nenhum sofrimento por amor a Cristo é ignorado no céu. Como afirma Robert Menzies, “o martírio de Estêvão é a prova de que o Espírito não apenas dá poder para testemunhar, mas sustenta o crente até o fim”². Essa passagem é um chamado pastoral direto: estamos preparados para pagar o preço da fidelidade? Em tempos em que muitos buscam uma fé confortável, Estêvão nos lembra que a vida cristã envolve risco, confronto e até perda. Mas é justamente nesses cenários que a igreja mostra sua verdadeira força. Nossa missão não é evitar conflitos, mas permanecer fiéis em meio a eles, sustentados pela graça e pelo Espírito. A coragem de Estêvão deve nos levar a examinar se estamos dispostos não apenas a defender a fé com palavras, mas a vivê-la em amor e firmeza, ainda que isso custe nossa liberdade ou até mesmo nossa vida.

1. ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.

2. MENZIES, Robert P. Empowered for Witness: The Spirit in Luke-Acts. London: T&T Clark, 2004.

2. A fé sob ataque. Lucas nos conta que, em um momento do ministério de Estêvão, um grupo de judeus que vivia fora de Israel, chamado de judeus helenistas, se levantou contra ele. Esses judeus faziam parte da Diáspora, ou seja, eram pessoas que tinham se espalhado por outras regiões, fora do território de Israel. Eles não concordaram com o que Estêvão estava ensinando e começaram a se opor ao seu trabalho (At 6.9). Esse levante aconteceu logo após Estêvão fazer “prodígios e grandes sinais entre o povo” (At 6.8). É interessante observar que o verbo grego usado aqui, anistemi, com o sentido de “levantar” é o mesmo verbo usado por Marcos quando disse que houve testemunhas falsas que se levantaram para acusar Jesus (Mc 14.57). Anteriormente, Cristo já fora atacado no seu ministério terreno, agora o ciclo se repetia com seus seguidores. A fé cristã sempre será alvo e objeto de ataque. Se a igreja é verdadeiramente cristã, sempre haverá em algum lugar um levante. Neste episódio, o levante fora motivado por conta da inveja que os religiosos sentiram ao verem suas sinagogas esvaziadas por motivo das pessoas se renderem a um Evangelho de poder. Uma igreja bíblica sempre estará sob ataque e terá sua fé contestada.

 A fé sob ataque é uma realidade que todo cristão precisa reconhecer. Lucas nos relata que, durante o ministério de Estêvão, surgiram opositores determinados a barrar o avanço do Evangelho. Esses homens eram judeus helenistas, membros da Diáspora que viviam fora de Israel, e não estavam dispostos a aceitar os ensinamentos de Estêvão. Eles se levantaram contra ele, tentando minar sua credibilidade e desviar os discípulos do verdadeiro caminho (At 6.9). É notável que esse conflito surgiu logo após Estêvão realizar prodígios e grandes sinais entre o povo (At 6.8), confirmando que, frequentemente, a oposição se intensifica quando a presença de Deus se manifesta com poder. O verbo grego usado para “se levantar” neste contexto é anistemi, o mesmo que Marcos usa para descrever as testemunhas falsas que se levantaram contra Jesus (Mc 14.57). Isso evidencia que a história se repete: Cristo enfrentou oposição, e seus seguidores legítimos também enfrentarão. A fé cristã não é uma experiência isolada; ela será constantemente testada, desafiada e confrontada. Se uma igreja é genuinamente bíblica, haverá sempre um levante que questionará suas doutrinas, práticas ou crescimento espiritual. O motivo do ataque a Estêvão revela uma verdade dolorosa mas essencial para toda igreja: a inveja e a resistência humana ao poder de Deus. Os religiosos da época se incomodaram ao ver suas sinagogas esvaziando diante do Evangelho que traz vida e transformação. Essa inveja espiritual mostra que o avanço da Palavra muitas vezes provoca reações negativas, não porque o Evangelho seja falho, mas porque ele confronta corações orgulhosos e sistemas religiosos estagnados. Uma igreja comprometida com Deus estará sempre em algum grau de conflito com o mundo e até com tradições humanas que se opõem à Verdade. Isso exige vigilância, discernimento e coragem. A fé não pode ser passiva ou superficial; ela deve ser defendida com conhecimento da Escritura, oração constante e prontidão para enfrentar desafios. Estêvão nos mostra que a fidelidade a Cristo exige firmeza, mesmo diante de injustiças, oposição ou risco pessoal. Devemos refletir sobre nossa própria vida e comunidade. Estamos dispostos a permanecer firmes quando a fé é questionada? Conseguimos sustentar nossa doutrina e viver a prática cristã com integridade, mesmo sob críticas? Que o exemplo de Estêvão nos inspire a cultivar uma fé sólida, enraizada no Espírito Santo, com coragem e amor, lembrando sempre que toda oposição é oportunidade de testemunhar a glória de Deus e fortalecer a igreja em seu propósito divino.

CPAD. Livro de Apoio Adulto A Igreja Em Jerusalém - Doutrina, Comunhão E Fé: A Base Para O Crescimento Da Igreja Em Meio Às Perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.

Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.

MacArthur, John. Bíblia de Estudo MacArthur. Rio de Janeiro: CPAD, 2014.

Champlin, J. Comentário Bíblico Champlin: Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2009.

Beacon, Comentário Bíblico Beacon: Novo Testamento. São Paulo: Vida, 2010.

Gilberto, Antônio. Ensinos sobre a Igreja Primitiva. São Paulo: Cultura Cristã, 2007.

Yong, Amos; Palma, Anthony D.; Keener, Craig S.; Oss, Douglas; Macchia, Frank D.; Arrington, French L.; Fee, Gordon D.; Menzies, Robert P. Estudos Pentecostais e Exegese Bíblica. Diversas edições.

3. A disputa com Estêvão. Uma outra palavra usada nesse texto merece nossa atenção. É o vocábulo “suzéteó”, traduzido aqui como “disputavam”: “E disputavam com Estêvão” (At 6.9). Os léxicos, ou dicionários de grego-português, observam que este termo era frequentemente usado no contexto de discussões religiosas ou filosóficas, onde diferentes pontos de vistas estavam sendo examinados ou desafiados. Era uma forma de debater ideias e impor aos outros sua forma de enxergar as coisas. Em outras palavras, os judeus helenistas não estavam simplesmente “discutindo” com Estêvão, isto é, batendo boca, mas procurando, a todo custo, sobrepor sua cosmovisão através de uma narrativa bem construída.

 A disputa com Estêvão revela muito mais do que um simples conflito verbal. No versículo 9 de Atos 6, encontramos o verbo grego συζητέω (suzéteó), traduzido como “disputavam”. Este termo indica um tipo de debate intenso, frequentemente usado no contexto de discussões religiosas ou filosóficas, em que ideias e convicções eram minuciosamente examinadas e desafiadas (Kittel; Friedrich, 1976). Não se tratava apenas de uma conversa acalorada, mas de uma tentativa deliberada de impor uma visão de mundo sobre outra. O contexto histórico esclarece ainda mais o episódio. Os que confrontavam Estêvão eram judeus helenistas da diáspora, aqueles que viviam fora de Israel e estavam profundamente imersos em tradições culturais e filosóficas diversas. Ao se depararem com o ministério de Estêvão, que realizava σημεα κα τέρατα (sēmeia kai terata), prodígios e grandes sinais entre o povo, a inveja e o ressentimento se manifestaram de maneira clara (At 6.8). O evangelho que Estêvão proclamava não apenas desafiava sua teologia estabelecida, mas confrontava sua autoridade religiosa, demonstrando que a fé cristã, de fato, sempre será questionada. Analisando a palavra συζητέω, observamos que ela carrega nuances de persuasão e até de disputa estratégica, não de mera argumentação. Os helenistas procuravam, de forma sistemática, sobrepor suas ideias à mensagem de Estêvão. Isso reflete um padrão que se repete na história da Igreja: toda verdade divina enfrentará resistência, e a fé verdadeira exige coragem para permanecer firme diante da oposição (Keener, 2014). A exegese mostra que o chamado à fidelidade de Estêvão transcende seu tempo, ensinando que a defesa da fé cristã exige preparo, sabedoria e firmeza espiritual. Do ponto de vista pastoral, este episódio nos leva à reflexão pessoal e coletiva. Como igreja e como indivíduos, somos convidados a avaliar se nossa fé é meramente ritual ou se se manifesta com coragem e convicção diante de desafios. A lição é clara: um cristão que conhece a Palavra e entende a teologia por trás de sua fé estará mais preparado para sustentar sua convicção, mesmo quando confrontado por ideias contrárias ou perseguições (Gilberto, 2005). Portanto, a disputa com Estêvão nos ensina que a defesa do Evangelho não se limita à retórica. Ela exige conhecimento profundo, discernimento espiritual e coragem para permanecer firme. Somos chamados a viver uma fé que não se intimida com conflitos intelectuais ou sociais, mas que se mantém inabalável, proclamando a verdade de Deus com sabedoria, amor e ousadia.

BEACON, Comentário Bíblico. Beacon. São Paulo: Vida, 2010.

CHAMPLIN, R. Commentary on the New Testament. Grand Rapids: Baker Academic, 2004.

BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. São Paulo: Vida, 2013.

BÍBLIA DE ESTUDO MACARTHUR. Nashville: Thomas Nelson, 2006.

GILBERTO, A. Livro De Apoio Adulto A Igreja Em Jerusalém - Doutrina, Comunhão E Fé: A Base Para O Crescimento Da Igreja Em Meio Às Perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.

KEENER, C. S. The IVP Bible Background Commentary: New Testament. Downers Grove: IVP, 2014.

KITTEL, G.; FRIEDRICH, G. Theological Dictionary of the New Testament. Grand Rapids: Eerdmans, 1976.

OSS, D. Apostolic Witnesses and the Early Church. Nashville: B&H Academic, 2010.

YONG, A. Spirit-Word-Community: Theological Hermeneutics in Trinitarian Perspective. Grand Rapids: Eerdmans, 2002.

4. A falsa narrativa. A Igreja sempre teve de lidar e combater as falsas narrativas. Nos dias de Jesus, Ele foi acusado de enganar o povo (Jo 7.12); quando Ele ressuscitou, criaram a narrativa de que seu corpo havia sido roubado pelos discípulos (Mt 28.13). O apóstolo Paulo foi acusado de pregar contra os decretos de César (At 17.7) e pelo fato de pregar a respeito de Jesus e da ressurreição, o acusaram de pregar “deuses estranhos” (At 17.18). Hoje não é diferente. A igreja luta em várias frentes com falsas narrativas que a todo custo querem minar o seu testemunho e desacreditá-la. Você pode reconhecer algumas dessas narrativas?

 A igreja sempre enfrentou o desafio das falsas narrativas, e essa luta é tão antiga quanto o próprio Evangelho. Nos dias de Jesus, havia quem o acusasse de enganar o povo, como lemos em João 7.12. Após Sua ressurreição, inventaram que os discípulos haviam roubado o Seu corpo, tentando apagar o testemunho de Cristo (Mt 28.13). O apóstolo Paulo também enfrentou acusações sérias. Em Atenas, alguns o acusaram de pregar contra os decretos de César e de introduzir “deuses estranhos” (At 17.7-18). Percebe-se que a estratégia sempre foi a mesma: criar dúvidas, manipular a verdade e desacreditar aqueles que proclamam a mensagem de Deus. O termo grego utilizado para essas acusações nos textos de Atos carrega nuances que vão além de simples críticas. A palavra εσάγω (eiságō) ou o contexto de διαβολή (diabolē) aponta para ações deliberadas de deturpar ou distorcer a verdade para enganar o povo e desestabilizar a fé. Esses ataques não eram apenas intelectuais, mas estratégicos, dirigidos contra o testemunho público da igreja e a autoridade do Evangelho. A exegese revela que as falsas narrativas sempre buscaram minar a credibilidade dos servos de Deus e desviar a atenção da verdade central de Cristo. Ao refletirmos sobre este padrão histórico, somos desafiados a avaliar a própria igreja e nosso testemunho pessoal. Como reagimos quando surgem boatos, acusações ou distorções sobre a Palavra ou nossas ações? A fé cristã verdadeira não se intimida com narrativas distorcidas. Ela exige discernimento, firmeza teológica e, acima de tudo, integridade espiritual, para que possamos permanecer como luz em meio às trevas (Yong, 2002; Keener, 2014). A lição de Estêvão, de Paulo e de Jesus nos mostra que a igreja precisa ser preparada para lidar com a oposição não apenas de forma defensiva, mas com coragem proativa, sustentando o Evangelho com conhecimento, amor e sabedoria. Cada crente deve compreender profundamente a sua fé e ser capaz de comunicar a verdade de maneira clara, respondendo às falsidades sem perder a serenidade e a confiança em Deus. Portanto, estar atento às narrativas falsas é uma responsabilidade contínua da igreja. Não se trata apenas de corrigir enganos, mas de preservar o testemunho, fortalecer a fé coletiva e garantir que a mensagem de Cristo permaneça inabalável em todos os contextos. Somos chamados a defender a verdade com coragem, precisão e paixão pelo Evangelho.

BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. São Paulo: Vida, 2013.

BÍBLIA DE ESTUDO MACARTHUR. Nashville: Thomas Nelson, 2006.

BEACON, Comentário Bíblico. São Paulo: Vida, 2010.

CHAMPLIN, R. Commentary on the New Testament. Grand Rapids: Baker Academic, 2004.

GILBERTO, A. Livro De Apoio Adulto A Igreja Em Jerusalém - Doutrina, Comunhão E Fé: A Base Para O Crescimento Da Igreja Em Meio Às Perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.

KEENER, C. S. The IVP Bible Background Commentary: New Testament. Downers Grove: IVP, 2014.

YONG, A. Spirit-Word-Community: Theological Hermeneutics in Trinitarian Perspective. Grand Rapids: Eerdmans, 2002.

OSS, D. Apostolic Witnesses and the Early Church. Nashville: B&H Academic, 2010.

ARRINGTON, F. L. Contextualizing the Early Church. London: T&T Clark, 2010.

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SINOPSE I

A fé de Estêvão foi desafiada por opositores, mas ele permaneceu firme na verdade.

AMPLIANDO O CONHECIMENTO

“ESTÊVÃO SE DEFENDE PERANTE O SINÉDRIO

Estêvão está onde seu Mestre estava quando Ele foi condenado à morte. O Sinédrio se reuniu para condená-lo sob a semelhante acusação de blasfêmia. O Estêvão cheio do Espírito deve ter sabido que ele sofreria o mesmo destino que seu Salvador. Com suas palavras diante do conselho, ele faz extraordinário discurso. Ele cita a história de Israel desde Abraão até Salomão, narrando os procedimentos de Deus para com seu povo. Ele escolhe do Antigo Testamento acontecimentos que confrontam seus ouvintes [...].” Amplie mais o seu conhecimento, lendo o Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento — Volume 1, editado pela CPAD, p.660.

II. ESTÊVÃO E A IGREJA QUE DEFENDE SUA FÉ

1. Deus na história do seu povo. Estêvão é conhecido como o primeiro defensor da fé cristã e o primeiro mártir da Igreja. Ele faz uma defesa apaixonada da fé, usando a própria história do povo de Israel como base. No capítulo 7 do livro de Atos, encontramos seu discurso completo, no qual, guiado pelo Espírito Santo, ele não apenas mostra como Deus sempre agiu na história do seu povo, mas também revela o propósito principal dessa história: provar que Jesus é o Cristo. Durante sua fala, Estêvão menciona grandes nomes como Abraão, José e Moisés, destacando que todos eles viveram na esperança da vinda do Messias, que mesmo sendo tão esperado, acabou rejeitado. A defesa de Estêvão nos ensina que toda explicação e defesa da fé cristã — a chamada apologética — deve sempre ter um objetivo central: apontar para Jesus Cristo.

 Estêvão nos mostra que defender a fé cristã não é apenas uma questão de palavras, mas de coragem espiritual. Em Atos 7, encontramos o primeiro discurso apologético da igreja primitiva. Ali, cheio do Espírito Santo, ele reconstrói a história de Israel para mostrar que toda a trajetória do povo de Deus apontava para um único centro: Jesus, o Cristo prometido. Sua defesa não é apenas racional, mas profundamente bíblica. Ele abre as Escrituras e mostra que desde Abraão até Moisés, a esperança do Messias sempre esteve presente, mas, quando finalmente veio, foi rejeitado. O termo usado em Atos para a defesa da fé é apologia (πολογία), que significa responder com razão e fundamento. Estêvão não recorre a argumentos humanos, mas à própria Palavra de Deus, mostrando que a verdadeira apologética tem como essência exaltar Cristo. Seu discurso deixa claro que a história de Israel não é um fim em si mesma, mas uma linha vermelha que corre até a cruz e culmina na ressurreição. Como lembra Keener, “a narrativa de Estêvão não é apenas história, mas profecia cumprida em Cristo” (KEENER, 2014, p. 1255). Notemos ainda que Estêvão interpreta a história sob a ótica do Espírito. O verbo usado em Atos 7.55, plērēs pneumatos hagiou (cheio do Espírito Santo), indica uma capacitação divina para discernir a realidade e dar testemunho fiel. Isso nos ensina que toda defesa da fé precisa ser feita em dependência do Espírito, não apenas com conhecimento intelectual, mas com ousadia espiritual. Como afirma Anthony Palma, “a apologética cristã sem a unção do Espírito é apenas retórica; com Ele, torna-se testemunho vivo” (PALMA, 2001, p. 87). Estamos vivendo em tempos de narrativas distorcidas e pressões culturais, e a igreja precisa de homens e mulheres como Estêvão, que saibam explicar a razão da esperança que há neles (1 Pe 3.15) e que apontem sempre para Cristo. Defender a fé não é ganhar discussões, mas revelar Jesus como Senhor. E, assim como Estêvão, devemos estar preparados para que nossa fidelidade custe até mesmo a vida. Como observa Antônio Gilberto, “o martírio não é uma derrota, mas o selo de autenticidade da fé cristã” (GILBERTO, 1998, p. 214). Portanto, a defesa da fé não pode ser apenas intelectual ou histórica. Precisa ser cristocêntrica, bíblica, espiritual e vivida. A pergunta que fica é: se tivéssemos de defender hoje nossa fé diante de acusações, seríamos capazes de mostrar, como Estêvão, que toda a história aponta para Jesus?

            ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2017.

                        BÍBLIA DE ESTUDO MACARTHUR. Nashville: Thomas Nelson, 2006.

                        BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

                        CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado: Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos, 2001.

                        FEE, Gordon D. Paulo, o Espírito e o Povo de Deus. São Paulo: Vida, 2007.

                        GILBERTO, Antônio. Manual da Escola Dominical. Rio de Janeiro: CPAD, 1998.

                        KEENER, Craig S. Acts: An Exegetical Commentary. Grand Rapids: Baker Academic, 2014.

                        PALMA, Anthony D. O Batismo no Espírito Santo: A Dimensão Pentecostal da Vida Cristã. Rio de Janeiro: CPAD, 2001.

                        YONG, Amos. The Spirit Poured Out on All Flesh. Grand Rapids: Baker Academic, 2002.

                        Livro de Apoio Adulto: A Igreja em Jerusalém – Doutrina, Comunhão e Fé: A Base Para o Crescimento da Igreja em Meio às Perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2025.

2. Corações endurecidos. Concluindo sua defesa da fé, Estêvão disse: “Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim, vós sois como vossos pais” (At 7.51). Mesmo diante dos fatos apresentados por Estêvão em uma defesa suficientemente convincente, seus adversários preferiram ignorar. Na verdade, ninguém convence quem não quer ser convencido. Deus não força ninguém a crer, nem tampouco o condena sem lhe dar, antes, oportunidade. O texto mostra que o Espírito Santo não tem espaço em corações endurecidos.

 Ao concluir sua defesa diante do Sinédrio, Estêvão não suaviza suas palavras, mas lança uma acusação profética: “Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvido! Vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim como fizeram os vossos pais, também vós o fazeis” (At 7.51, ARA). A expressão “dura cerviz” evoca a imagem do boi teimoso que não se deixa guiar pela canga (Êx 32.9; Dt 9.6). Já o termo περίτμητος καρδίας (aperitmētos kardías), traduzido como “incircuncisos de coração”, remete a uma realidade espiritual: embora circuncidados na carne, estavam espiritualmente insensíveis, incapazes de ouvir e obedecer. A acusação de Estêvão ecoa a denúncia dos profetas (cf. Jr 9.25-26; Ez 44.7). Trata-se de uma crítica não apenas a uma postura intelectual, mas à resistência deliberada contra a ação do Espírito. O verbo ντιπίπτω (antípiptō), traduzido como “resistir”, carrega a ideia de oposição ativa, de uma hostilidade contra o mover divino (At 7.51). Em outras palavras, não se trata de mera ignorância, mas de uma rejeição consciente e persistente da revelação de Deus. Esse texto mostra que o problema da incredulidade não está na falta de evidências, mas na condição do coração humano. Como já afirmava Calvino, “o coração humano é uma fábrica de ídolos” (CALVINO, 2006, p. 54). Assim, não é a luz que falta, mas olhos dispostos a vê-la. Por isso, a graça de Deus é absolutamente necessária para quebrar a dureza do coração e abrir o entendimento (Ez 36.26; Jo 6.44). Aplicando ao nosso contexto, vemos que a mesma resistência ao Espírito continua presente em muitos que, mesmo expostos à verdade do evangelho, fecham-se em tradições, ideologias ou na própria autossuficiência. Ninguém convence quem não quer ser convencido, pois a fé não nasce de argumentos persuasivos, mas da obra regeneradora do Espírito (1Co 2.14). É Ele quem transforma corações de pedra em corações de carne, conduzindo à verdadeira obediência.

            ARA. A Bíblia Sagrada. Tradução de João Ferreira de Almeida Revista e Atualizada. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.

                        CALVINO, João. As Institutas da Religião Cristã. Vol. 1. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2006.

                        CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Vol. 2. São Paulo: Hagnos, 2010.

                        KEENER, Craig S. Comentário Bíblico do Contexto Cultural do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2014.

                        STOTT, John. A Mensagem de Atos. São Paulo: ABU Editora, 1994.

SINOPSE II

Estêvão defendeu o Evangelho com sabedoria e coragem, mesmo diante da perseguição.

AUXÍLIO VIDA CRISTÃ

 “ESTÊVÃO, além de ser um bom administrador, foi também um poderoso orador. Quando confrontado no Templo por vários grupos antagônicos ao Cristianismo, usou uma lógica convincente para refutá-los. Isto está claro na defesa da fé que ele fez diante do Sinédrio. Estêvão apresentou um resumo da história dos judeus e fez poderosas aplicações das Escrituras, o que atormentou seus ouvintes. Durante seu discurso, ele provavelmente percebeu que estava redigindo sua sentença de morte. Os membros do Sinédrio não podiam suportar que suas motivações ‘malignas’ fossem expostas. Apedrejaram Estêvão até à morte enquanto ele orava pedindo que o Senhor os perdoasse. As palavras finais do discípulo demonstram o quanto se tornou parecido com Jesus em pouco tempo. A morte de Estêvão causou um duradouro impacto sobre o jovem Saulo de Tarso, que deixou de ser um violento perseguidor dos cristãos para tornar-se um dos maiores defensores e pregadores do evangelho que a Igreja já conheceu.” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p.1490).

III. ESTÊVÃO E O MARTÍRIO DA IGREJA

1. Contemplando a vitória da cruz. Diante de um grupo enfurecido (At 7.54), Estêvão contemplou a glória de Deus: “Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, que está em pé à mão direita de Deus” (At 7.56). Uma igreja que contempla o Cristo glorificado não nega a sua fé, pois ela contempla a vitória da cruz. Assim como Estêvão, o apóstolo Paulo demonstrou estar pronto, não somente para sofrer pelo nome de Jesus, mas morrer por Ele (At 21.13). Uma igreja que mantém seus olhos no Cristo glorificado não tem nada a temer.

 A cena que Atos descreve é de tensão máxima. Um tribunal tomado pela ira, homens cerrando os dentes e corações dominados pelo ódio (At 7.54). No entanto, enquanto todos estão de olhos voltados para a terra, Estêvão ergue o olhar e enxerga os céus abertos. Ele vê aquilo que poucos, mesmo entre os discípulos, tiveram o privilégio de ver: o Filho do Homem, em pé, à direita de Deus (At 7.56). O detalhe é precioso. Em quase todo o Novo Testamento, Cristo é descrito “assentado” à destra do Pai (Sl 110.1; Hb 1.3). Aqui, porém, Ele aparece de pé. A tradição cristã entendeu isso como um sinal de acolhimento: Cristo se levanta para receber o seu servo. A palavra grega usada para “em pé” (hestōta) transmite prontidão e aprovação. Estêvão não contemplou apenas a glória, mas a certeza de que não estava só. Sua fé não foi sustentada por argumentos humanos, mas pela visão do Cristo que reina. O martírio, portanto, não é derrota. É a coroação de uma vida entregue. Estêvão não morreu vencido pelas pedras, mas triunfou porque sua vida já havia sido rendida à cruz. O apóstolo Paulo, mais tarde, demonstraria a mesma disposição: “Estou pronto, não apenas para ser preso, mas também para morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus” (At 21.13). O verbo “estar pronto” (hetoimos eimi, “estou preparado”) revela mais que coragem; expressa uma vida alinhada com a certeza de que “o viver é Cristo e o morrer é lucro” (Fp 1.21). Aqui está a primeira lição para a Igreja de hoje: quando Cristo glorificado é nossa visão central, o medo perde espaço. Quem contempla o Cordeiro vitorioso aprende a interpretar as perdas como parte do caminho que conduz ao Reino. As pedras não foram sinais de fracasso para Estêvão, mas o portal de entrada à presença de Jesus. Assim também, nossas aflições, quando vistas à luz da cruz, deixam de ser fardos sem sentido e se tornam instrumentos de maturidade espiritual. Estêvão nos mostra que a perseverança nasce do olhar fixo em Cristo (Hb 12.2). Não basta saber sobre Ele; é preciso vê-lo pela fé, todos os dias, em meio às lutas cotidianas. A igreja que mantém os olhos no Cristo exaltado pode enfrentar perseguições, rejeições e até martírio, mas jamais será vencida. A vitória da cruz não apenas sustenta a fé diante da morte, mas também dá sentido às pequenas mortes diárias: resistir à corrupção, manter a pureza em um mundo impuro, permanecer fiel mesmo quando isso custa amizades ou oportunidades. Viver de modo que cada escolha aponte para a vitória de Cristo, esta é a ‘verdade prática’ deste subtópico e, por que não, de toda a lição para nossa vida. Uma igreja que contempla a glória do Senhor não negocia sua fé para agradar aos homens. Ela sabe que seu maior tesouro não está aqui, mas na presença d’Aquele que um dia também estará de pé para recebê-la.

                        ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

                        BEACON HILL. Comentário Bíblico Beacon: Atos. São Paulo: Editora CPAD, 2006.

                        CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos, 2014.

                        GILBERTO, Antônio. A Igreja em Jerusalém: Doutrina, Comunhão e Fé. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.

                        KEENER, Craig S. Acts: An Exegetical Commentary. Grand Rapids: Baker Academic, 2012.

                        MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Thomas Nelson Brasil, 2017.

                        MENZIES, Robert P. Empowered for Witness: The Spirit in Luke-Acts. Sheffield: Sheffield Academic Press, 1994.

2. Perdoando o agressor. A última declaração de Estêvão antes de sua morte é marcante e cheia de significado: “E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu” (At 7.60). Aqui vemos um cristão que não teme a morte porque contempla a coroa da vida (Ap 2.10). Temos aqui a figura de uma igreja que, literalmente, se dá pelo perdido, que se sacrifica por ele. Esse deve ser o modelo a seguir.

 Poucos momentos nas Escrituras são tão impressionantes quanto a cena final do martírio de Estêvão. Enquanto pedras dilaceravam seu corpo, sua boca se encheu de graça: “Senhor, não lhes imputes este pecado” (At 7.60). Ele não apenas falou de Cristo durante a vida, mas O imitou na morte, repetindo em essência a mesma oração feita pelo Salvador no Calvário (Lc 23.34). Esse detalhe não é apenas literário; Lucas quer nos mostrar que a vida do discípulo cheio do Espírito reflete a vida do próprio Cristo. Aqui encontramos uma teologia profunda do perdão. A expressão grega μ στήσς ατος (mē stēsēs autois), traduzida como “não lhes imputes”, traz a ideia de não registrar na conta do culpado. Estêvão intercede pedindo que o débito de seus algozes não fosse lançado contra eles no tribunal divino. Esse perdão, em essência, antecipa a justificação, pois reflete o caráter de um Deus que perdoa pecadores antes mesmo que eles reconheçam sua necessidade de arrependimento. Não é à toa que Saulo, que consentia com a execução, seria posteriormente alvo dessa mesma graça (At 9.4-6). O perdão, portanto, revela três dimensões essenciais. Primeiro, ele é evidência da vida do Espírito. Somente quem tem o coração regenerado pode reagir ao ódio com amor (Gl 2.20). Depois, ele se torna arma espiritual contra as trevas, pois aquilo que o inimigo planeja para destruição Deus transforma em semeadura de vida. Foi assim que a oração de Estêvão floresceu na conversão de Paulo, o maior missionário do Novo Testamento. Por fim, o perdão é também um testemunho escatológico. Estêvão não olha para a violência terrena, mas para a coroa da vida (Ap 2.10). Ele antecipa a realidade final do Reino, onde não haverá mais dor, vingança ou lágrimas (Ap 21.4). Esse ensino traz implicações práticas profundas para a igreja de hoje. Uma comunidade que perdoa não é ingênua, mas vitoriosa. Ao liberar perdão, ela declara que a cruz é maior do que qualquer injustiça sofrida. Perdoar não é ignorar a dor, mas entregá-la Àquele que é o justo juiz (1Pe 2.23). Por isso, a voz de Estêvão ainda fala (Hb 11.4), lembrando-nos de que o evangelho não é vencido pelo ódio, mas o vence pela graça. E aqui surge a pergunta inevitável: estamos prontos para amar e perdoar dessa forma? O cristianismo que não aprende a liberar perdão perde sua força espiritual e seu testemunho no mundo. Uma igreja que não perdoa é apenas uma instituição humana; mas uma igreja que perdoa, mesmo em meio às pedradas, mostra que Cristo ainda vive dentro dela.

            ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Org.). Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.

                        GILBERTO, Antônio. A Igreja em Jerusalém: Doutrina, Comunhão e Fé – A Base para o Crescimento da Igreja em Meio às Perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 1997.

                        KEENER, Craig S. Acts: An Exegetical Commentary. Grand Rapids: Baker Academic, 2012.

                        MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Thomas Nelson Brasil, 2017.

                        BEACON HILL PRESS. Comentário Bíblico Beacon: Atos. Kansas City: Casa Nazarena de Publicações, 2007.

                        CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Candeia, 2001.

SINOPSE III

A fidelidade de Estêvão a Cristo o levou ao martírio, tornando-o um exemplo de perseverança na fé.

AUXÍLIO VIDA CRISTÃ

HONRANDO A DEUS

 “Estêvão viu a glória de Deus e Jesus, o Messias, à direita do Pai. As palavras do discípulo foram semelhantes às de Jesus diante do Sinédrio (Mt 26.64; Mc 14.62; Lc 22.69). A visão de Estêvão apoiava a reivindicação de Jesus; ela irritou os líderes judeus que condenaram Jesus à morte por blasfêmia. Por não tolerarem as palavras de Estêvão, mataram-no. Talvez as pessoas não nos matem por testemunharmos a respeito de Cristo, mas podem deixar claro que não desejam ouvir a verdade e tentar nos calar. Continue honrando a Deus por meio de sua conduta e de suas palavras; embora muitos possam rebelar-se contra você e sua mensagem, alguns seguirão a Cristo. Lembre-se de que a morte de Estêvão causou um profundo impacto na vida de Paulo, que mais tarde se tornou o maior missionário cristão. Mesmo aqueles que se opõem a você agora, podem mais tarde se voltar para Cristo.” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p.1492).

CONCLUSÃO

Estêvão, um dos sete escolhidos para o trabalho social da primeira igreja, representa o modelo de uma igreja verdadeiramente bíblica. Qualificado, cheio de fé e do Espírito Santo, não teme se posicionar diante de um mundo e de uma cultura contrários. Não teme o sofrimento e nem mesmo a morte na defesa daquilo que acredita e prega. É o modelo de uma igreja, que em vez de ficar no seu conforto, vai até as últimas consequências, arriscando-se pelo seu Senhor.

 Estêvão não pode ser lembrado apenas como um diácono da igreja primitiva. Ele foi um homem cheio do Espírito, que uniu serviço prático com ousadia profética. Seu ministério revela que a verdadeira vida cristã não se limita a tarefas administrativas, mas se manifesta em testemunho vivo, onde fé e fidelidade se encontram. O texto grego de Atos 6.8 descreve Estêvão como plērēs charitos kai dynameōs (“cheio de graça e poder”), expressão que aponta para alguém que se tornou instrumento visível da ação sobrenatural de Deus. Sua morte inaugura o caminho dos mártires, mostrando que a igreja não cresce pelo conforto, mas pela fidelidade até as últimas consequências. Estêvão não negociou sua lealdade a Cristo. Ele preferiu obedecer a Deus do que aos homens (At 5.29), mesmo diante de um tribunal hostil. Sua visão do Filho do Homem em pé à direita de Deus (At 7.56) é a maior confirmação de que Cristo não abandona os que O confessam. Aqui a palavra grega martys (“testemunha”) ganha seu sentido pleno: aquele que dá testemunho com a própria vida, mesmo ao preço da morte. O sangue de Estêvão abriu caminho para Saulo, que se tornaria Paulo, o maior missionário da igreja. Isso nos ensina que, quando a igreja se dispõe a sofrer por Cristo, Deus transforma até a hostilidade dos perseguidores em instrumento de graça. A oração de Estêvão ecoa a intercessão de Jesus na cruz (Lc 23.34) e mostra que o perdão é a arma mais poderosa contra as trevas. Onde o ódio queria calar, a graça fez florescer uma nova geração de pregadores. A igreja que segue o modelo de Estêvão não vive em estagnação ou conformismo. Ela não se limita às paredes do templo, mas se lança em missão, mesmo em ambientes hostis. Proclama Cristo nas praças, nas universidades, nas redes sociais e em todos os espaços públicos. Não teme a rejeição cultural, porque já tem os olhos fixos na coroa da vida prometida em Apocalipse 2.10. O sofrimento é passageiro; a glória é eterna. Por isso, cada geração é chamada a olhar para Estêvão como um espelho profético. Sua vida e morte nos lembram que a igreja só cumpre sua vocação quando arde pelo evangelho, mesmo que isso exija riscos. Que nossas comunidades sejam encontradas fiéis, prontas a se sacrificar por Cristo e certas de que, se sofrermos com Ele, também reinaremos com Ele (2Tm 2.12). Essa é a herança de Estêvão e o desafio para nós hoje.

            ARRINGTON, French L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.

                        CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos, 2002.

                        GILBERTO, Antônio. A Bíblia Através dos Séculos. Rio de Janeiro: CPAD, 1999.

                        KEENER, Craig S. Acts: An Exegetical Commentary. Grand Rapids: Baker Academic, 2012.

                        MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.

                        MENZIES, Robert P. Empowered for Witness: The Spirit in Luke-Acts. Sheffield: Sheffield Academic Press, 1994.

                        YONG, Amos. The Spirit Poured Out on All Flesh. Grand Rapids: Baker Academic, 2005.

                        Livro de Apoio Adulto: A Igreja em Jerusalém – Doutrina, Comunhão e Fé: A Base Para o Crescimento da Igreja em Meio às Perseguições. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.

Meu ministério aqui é um chamado do coração — compartilhar o ensino da Palavra de Deus de forma livre e acessível, para que você, irmão ou irmã em Cristo, possa crescer na fé e no conhecimento das Escrituras, sem barreiras, com subsídios preparados por um Especialista em Exegese Bíblica do Novo Testamento.

          Todo o material que ofereço é fruto de oração, estudo e dedicação, e está disponível gratuitamente para que a luz do Evangelho alcance ainda mais vidas sedentas pela verdade. Porém, para que essa missão continue firme, preciso da sua ajuda.

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REVISANDO O CONTEÚDO

1. O que podemos aprender com Estêvão?

Aprendemos que a fé cristã sempre será questionada, será colocada à prova, mas não há espaço para indecisão. Estêvão nos ensina que todo cristão deve saber defender a sua fé.

2. Quem foram os que se levantaram contra Estêvão?

Um grupo de judeus que viviam fora de Israel, chamados de judeus helenistas, se levantaram contra ele. Esses judeus faziam parte da Diáspora.

3. Contra o quê a Igreja sempre teve que lidar e combater?

A igreja sempre teve que lidar e combater as falsas narrativas. A igreja luta em várias frentes com falsas narrativas que a todo custo querem minar o seu testemunho e desacreditá-la.

4. Como Estêvão fez uma defesa apaixonada da fé?

Ele faz uma defesa apaixonada da fé, usando a própria história do povo de Israel como base.

5. O que Estêvão pôde contemplar diante de um grupo enfurecido?

Diante de um grupo enfurecido (At 7.54), Estêvão contemplou a glória de Deus: “Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, que está em pé à mão direita de Deus” (At 7.56).

SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO

UMA IGREJA QUE SE ARRISCA

Amigo(a) professor(a), a paz do Senhor. A lição desta semana pretende ensinar o que torna uma igreja destemida e disposta a sacrificar-se em favor da causa do Reino de Deus. Estevão é apresentado na lição como um exemplo de cristão sólido na fé, fundamentado nas Escrituras Sagradas e que enfrentou o ódio dos perseguidores judeus helenistas. Mesmo diante das ameaças, assim como do ultraje sofrido pelas mãos de seus algozes, ele não sucumbiu na fé, mas foi fiel até à morte (At 6.8 — 7.60). O exemplo de Estevão nos ensina muitas lições e nos encoraja a perseverar na fé, mesmo sob incessantes ataques. Uma lição importante se destaca na circunstância em que Estevão se encontrava. Ele soube manter uma postura apologética, isto é, de defesa da fé cristã do início até o fim. Isso se deve em razão do seu profícuo conhecimento sobre o que professava, bem como de sua disposição para responder aos desafios decorrentes de ser um seguidor de Jesus.

A igreja de Cristo na atualidade deve seguir o modelo de defesa da fé observado em Estevão. Os crentes devem conhecer profundamente a fé que professam. A dificuldade que muitas igrejas têm em relação à defesa da fé se deve ao fato de que muitos irmãos não são frequentadores assíduos da Escola Dominical. Jesus afirmou que as Sagradas Escrituras deveriam ser examinadas a fim de conhecermos os fundamentos da fé que nos mostram o trajeto à vida eterna (Jo 5.39). Portanto, conhecer as Escrituras é primordial para que o crente não seja levado por qualquer vento de doutrina (Ef 4.14,15). Outro aspecto importante é a disposição para defesa da fé. Se o conhecimento bíblico é indispensável, a prontidão por defender o que se acredita, quando se é questionado sobre a razão da fé, requer o preparo espiritual e intelectual.

Na obra Razões para crer, editada pela CPAD, os autores Norman L. Geisler e Chad V. Meister discorrem que “a Bíblia diz que devemos fazer o que for preciso para estarmos preparados para dar uma resposta clara e abalizada. Primeira Pedro 3.15 diz: ‘Estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós’. Neste versículo, a palavra grega original traduzida por ‘responder’ é apologia, que significa ‘um discurso de defesa’. É de onde vem a palavra apologética, que é uma defesa explicada e interpretada da nossa fé” (2013, p.16). Devemos estar preparados para defender a doutrina bíblica pentecostal, afirmando e reafirmando a atualidade do batismo no Espírito Santo e dos dons espirituais. As obras Bíblia de Estudo Pentecostal, Declaração de Fé das Assembleias de Deus e Teologia Sistemática de Stanley M. Horton, por exemplo, oferecem bastante apoio nesse sentido.