Pb Francisco Barbosa (@Pbassis)
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TEXTO PRINCIPAL
“Eis
que eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos
aproveitará.” (Gl 5.2).
ENTENDA O TEXTO PRINCIPAL:
• O versículo está inserido na seção em que Paulo
contrasta a liberdade em Cristo com a escravidão da Lei (Gl 5.1-12). No v.1,
Paulo exorta os gálatas: “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou;
permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a um jugo de
escravidão.” A partir do v.2, Paulo aplica de forma prática essa advertência,
usando a circuncisão como símbolo da submissão ao sistema legalista. Eis
que, (Ἴδε, ide), expressão enfática que chama a atenção para a
seriedade do aviso. É quase como se Paulo dissesse: “Prestem muita atenção no
que vou afirmar agora.” vos digo, (ἐγὼ Παῦλος λέγω, egō Paulos
legō), a construção com o pronome “ἐγὼ” (eu) é enfática. Paulo coloca sua autoridade apostólica em
primeiro plano, contrastando-a com a dos falsos mestres judaizantes. se
vos deixardes circuncidar, (ἐὰν περιτέμνησθε, ean peritemnēsthe), verbo no subjuntivo
presente, indicando possibilidade contínua. Não se trata de condenar o ato
médico da circuncisão, mas a submissão à circuncisão como condição de salvação
ou santificação. Cristo de nada vos aproveitará, (Χριστὸς ὑμᾶς οὐδὲν ὠφελήσει, Christos hymas
ouden ōphelēsei), o verbo ōpheleō significa “ser útil, trazer benefício,
ajudar”. Aqui a ênfase é que, ao buscar justificação na circuncisão, o crente
se priva dos benefícios da cruz. Cristo não pode ser apenas “mais um meio de
salvação”; Ele é o único. Paulo não está falando contra a circuncisão cultural
ou étnica (como em At 16.3, quando Timóteo é circuncidado por questões
missionárias), mas contra a circuncisão como meio de justificação. O ponto
central é: ou Cristo é suficiente, ou Ele é inútil. Não há meio-termo.
Adicionar algo à obra de Cristo é, na prática, negá-la. A circuncisão
representa, aqui, a tentativa humana de alcançar a salvação pelas obras da Lei.
Mas a salvação é pela graça mediante a fé (Ef 2.8-9). Paulo é radical porque
percebe o perigo: os gálatas estavam prestes a trocar a liberdade do evangelho
pelo jugo da escravidão legalista. Hoje, a circuncisão pode simbolizar qualquer
ritual, mérito pessoal ou tradição religiosa que se tenta colocar como condição
para a salvação. Muitos cristãos, mesmo sem perceber, ainda vivem como se
dependessem de “algo a mais” além da cruz de Cristo. Isso pode ser o legalismo
denominacional, costumes humanos ou boas obras. A advertência é clara: se
buscarmos segurança em qualquer outra coisa além de Cristo, anulamos o
benefício de Sua obra em nossa vida.
RESUMO DA LIÇÃO
O
abandono da liberdade que Cristo nos deu tem causas desastrosas.
ENTENDA O RESUMO DA LIÇÃO:
• Renunciar à liberdade conquistada por Cristo na cruz
não é apenas um retrocesso espiritual, mas uma traição ao próprio Evangelho; é
voltar às correntes da escravidão, rejeitar a suficiência da graça e abraçar um
caminho que conduz à ruína eterna.
TEXTO BÍBLICO
Gálatas 5.1-9.
1. Estai,
pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou e não torneis a meter-vos
debaixo do jugo da servidão.
• Paulo declara que Cristo libertou os crentes da escravidão
da lei. A liberdade não é licença para pecar, mas a libertação da maldição da
lei e do esforço humano de obter salvação. O chamado é para permanecer firmes nessa
liberdade, sem retroceder ao jugo da escravidão legalista.
2.
Eis que eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada
vos aproveitará.
• A circuncisão, como requisito para salvação, anula a obra de
Cristo. Se alguém busca justificação pela circuncisão, está negando a
suficiência da cruz.
3.
E, de novo, protesto a todo homem que se deixa circuncidar que está obrigado a
guardar toda a lei.
• Quem aceita a circuncisão como base de justificação está
obrigado a guardar toda a lei. A lei é um sistema completo: não se pode
escolher uma parte sem se comprometer com a totalidade.
4.
Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça
tendes caído.
• Tentar justificar-se pela lei é separar-se de Cristo e cair
da graça. Isso não significa perda da salvação, mas estar fora da esfera da
graça salvadora e viver como se Cristo não fosse suficiente.
5. Porque nós, pelo
espírito da fé, aguardamos a esperança da justiça.
• Os crentes verdadeiros não confiam na carne, mas aguardam
pela fé a esperança da justiça final, plena em Cristo.
6.
Porque, em Jesus Cristo, nem a circuncisão nem a incircuncisão têm virtude
alguma, mas, sim, a fé que opera por amor.
• Em Cristo, ritos externos (circuncisão ou incircuncisão) não
têm valor algum para justificação. O que importa é a fé que se expressa em
amor, fruto do Espírito.
7.
Corríeis bem; quem vos impediu, para que não obedeçais à verdade?
• Os gálatas corriam bem espiritualmente, mas foram impedidos
por falsos mestres, que distorciam a verdade.
8.
Esta persuasão não vem daquele que vos chamou.
• A persuasão dos falsos mestres não vem de Deus. O chamado
divino é sempre para a graça, nunca para o legalismo.
9.
Um pouco de fermento leveda toda a massa.
• “Um pouco de fermento leveda toda a massa.” O ensino falso,
mesmo pequeno, se espalha e contamina toda a comunidade se não for confrontado.
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INTRODUÇÃO
Nesta lição, Paulo trata de uma
situação em que é preciso fazer uma escolha: ou os gálatas criam em Cristo e
viviam pela fé, ou se firmavam na circuncisão. Ele mostra que a liberdade que
conseguiram em Cristo pode ser retirada quando eles decidem substituir o
Evangelho de Jesus, que receberam pela fé, pela guarda da Lei, de preceitos que
não lhes foi ordenado guardar. Os falsos ensinos tinham suas consequências. Os
gálatas estavam caindo da graça, brigando uns com os outros e dando ocasião à
carne.
• Muitos dos conflitos espirituais mais sérios que enfrentamos
não estão fora da igreja, mas dentro dela. Foi exatamente esse o drama vivido
pelos gálatas: eles precisavam escolher se permaneceriam firmes na obra
consumada de Cristo ou se voltariam a depender de ritos externos como a
circuncisão. Paulo é categórico: a liberdade que Cristo trouxe não pode
conviver com a escravidão da lei [nem qualquer outro tipo de escravidão ou
abuso espiritual]. O apóstolo usa a palavra grega eleuthería (liberdade), que
aqui não significa ausência de limites, mas a libertação do jugo do pecado e da
tentativa inútil de agradar a Deus pelas obras. O risco de abandonar essa
liberdade era real, e os gálatas já estavam dando sinais disso: intrigas
internas, práticas carnais e perda do foco no Evangelho. O apelo de Paulo é
mais que doutrinário, é pastoral. Ele sabia que substituir a fé em Cristo pela
observância da lei era, na prática, esvaziar a cruz. O verbo usado em Gálatas
5.2, ōpheleō (aproveitar, beneficiar), mostra que a graça de Cristo deixa de
trazer proveito quando o homem deposita sua confiança em ritos humanos. Não se
trata de Cristo perder o seu poder, mas de o homem fechar o coração para os
méritos da cruz. Assim, a escolha pela circuncisão como meio de justificação
transformava a fé dos gálatas em mera formalidade religiosa, incapaz de gerar
vida. É uma advertência séria também para nós: quantas vezes tentamos nos
justificar por méritos, tradições ou regras externas, esquecendo que a justiça
é unicamente pela fé? O conflito em Gálatas não é apenas histórico; é
profundamente atual. Ainda hoje, muitos cristãos vivem divididos entre a
liberdade do Espírito e a tentação de um cristianismo legalista ou superficial.
Paulo não deixa espaço para um “meio-termo”. Ou confiamos totalmente em Cristo,
ou anulamos a sua obra em nós. A questão não era apenas teológica, mas de vida
ou morte espiritual. Como lembra Hernandes Dias Lopes, “o legalismo é uma
rebelião contra a graça e um atentado contra a cruz de Cristo”¹. A verdadeira
liberdade não está em fazer o que queremos, mas em sermos conduzidos pelo
Espírito, que nos liberta da carne e nos conforma à vontade de Deus. Esse
ensino exige de nós reflexão profunda. O que temos feito com a liberdade que
Cristo nos deu? Usamos para edificação mútua ou para alimentar divisões e
pecados? A Bíblia de Estudo Pentecostal observa que, quando Paulo fala da carne
em Gálatas, não se refere apenas a pecados visíveis, mas também a atitudes
religiosas que nascem do orgulho humano². Assim, tanto o pecado aberto quanto a
religiosidade fria são formas de escravidão. Somente quem permanece em Cristo
experimenta a verdadeira vida no Espírito. Portanto, a mensagem de Paulo é
urgente: não se deixe enganar por falsos evangelhos, nem por aparências de
piedade que negam o poder da graça. O chamado é permanecer firmes, resistir e
viver como filhos da promessa. Essa lição não é apenas sobre os gálatas, é
sobre mim e sobre você. Que possamos olhar para nossa própria caminhada e
perguntar: tenho vivido a liberdade do Evangelho ou construído algemas
religiosas para mim e para os outros? O mesmo Deus que libertou Davi do peso da
culpa e lhe deu um novo cântico é poderoso para nos restaurar e firmar nossos
passos hoje.
1. LOPES,
Hernandes Dias. Gálatas – Comentários Expositivos Hagnos: A carta da liberdade
cristã. São Paulo: Hagnos, 2012.
2. BÍBLIA
DE ESTUDO PENTECOSTAL. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
I. A CIRCUNCISÃO
TEM ALGUM VALOR?
1. Estejam firmes na liberdade. Paulo
orienta que os gálatas sejam firmes, não vacilantes, na liberdade que receberam
do Evangelho (Gl 5.13). Era como se eles devessem assumir uma posição
fortificada, e por ela lutassem. Essa posição era a liberdade ofertada por
Cristo, que corria o risco de ser perdida caso aderissem de vez à Lei de Moisés
e desprezassem o ensino do apóstolo. Toda a pregação de Paulo estaria em risco
por conta do desvio doutrinário trazido por legalistas. A perseverança era mais
do que ter uma atitude diante de outras pessoas. Era também uma convicção que
deveriam ter, de forma pessoal, pois haviam sido libertos por Cristo e tinham,
pelo Evangelho, a liberdade de serem considerados filhos de Deus.
• A questão que Paulo levanta em Gálatas não é apenas
sobre a circuncisão, mas sobre o coração do Evangelho. Ele abre o capítulo 5
com uma ordem imperativa: “Para a liberdade Cristo nos libertou; permanecei,
pois, firmes” (Gl 5.1). O verbo grego stēkete (permanecei firmes) é um chamado
militar. A ideia é de alguém em posição de batalha, que não abandona seu posto
mesmo quando a pressão aumenta. Paulo não vê a liberdade como uma opção
periférica, mas como a própria trincheira onde a fé cristã deve resistir. A
liberdade não é simples independência, mas um presente conquistado pela cruz, e
negligenciá-la seria trair a vitória de Cristo. A circuncisão, em si, não era
um problema cultural ou higiênico, mas teológico. Quando os judaizantes exigiam
que os gentios a praticassem, eles não estavam apenas defendendo uma tradição.
Estavam, na prática, afirmando que a obra de Cristo não era suficiente para
justificar o pecador. Paulo responde de forma radical: “Se vos deixardes
circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará” (Gl 5.2). O termo ōpheleō
(aproveitar, beneficiar) indica aqui a anulação de todo o valor da cruz para
quem tenta se justificar pela lei. Ou Cristo é suficiente, ou não é nada. Não
há meio-termo. É por isso que Hernandes Dias Lopes observa que o legalismo não
é mera disciplina, mas um “atentado contra a cruz de Cristo”¹. Essa advertência
não ficou presa no passado. Hoje, muitos ainda substituem a confiança no
Evangelho por tradições humanas, performances religiosas ou um moralismo sem
vida. O risco é cair naquilo que Paulo chama de “yoke of slavery” (zugos
douleias), ou seja, um jugo de escravidão que sufoca a alegria da fé (Gl 5.1).
A Bíblia de Estudo Pentecostal destaca que esse jugo não se limita a ritos
antigos, mas a qualquer tentativa de transformar a vida cristã em um sistema de
méritos². Assim como os gálatas, podemos estar cercados de rituais, agendas
lotadas e regras, e mesmo assim vazios de Cristo. Paulo insiste que essa
liberdade não é uma licença para pecar, mas o privilégio de viver como filhos
de Deus, guiados pelo Espírito. Alexandre Coelho lembra que “a liberdade em
Cristo é, ao mesmo tempo, libertação do pecado e capacitação para servir em
amor”³. Ou seja, não se trata apenas do que deixamos para trás, mas do que
abraçamos pela frente: uma vida de santidade, alegria e serviço. A verdadeira
liberdade cristã é uma responsabilidade espiritual, não uma permissão para a
carne. É nesse ponto que a fé deixa de ser teoria e se torna prática diária: na
maneira como lidamos com nossas escolhas, relacionamentos e ministérios. Por
isso, precisamos nos perguntar com honestidade: estamos firmes no Evangelho ou
vacilantes diante das pressões culturais e religiosas? Assim como Davi pediu a
Deus que sondasse o seu coração (Sl 139.23-24), também devemos permitir que o
Espírito revele se nossa fé repousa na cruz ou em esforços humanos. A liberdade
que Cristo nos deu não é frágil, mas pode ser abandonada por quem a despreza. O
apelo de Paulo ecoa para nós hoje: permaneçam firmes. O campo de batalha é
real, e a vitória depende de mantermos nossos olhos no Cristo suficiente e
glorificado.
1. LOPES,
Hernandes Dias. Gálatas – Comentários Expositivos Hagnos: A carta da liberdade
cristã. São Paulo: Hagnos, 2012.
2. BÍBLIA
DE ESTUDO PENTECOSTAL. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
3. COELHO,
Alexandre. A Liberdade em Cristo — Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a
Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.
2. Não se coloquem debaixo de
servidão. Ganhar a liberdade é difícil, mas perdê-la é
fácil. Deus pôs em liberdade os filhos de Abraão retirando-os da escravidão
egípcia, mas quando chegaram à Terra Prometida, por se esquecerem de Deus,
acabaram sendo subjugados pelos povos que não expulsaram daquela terra. Nos
dias de Paulo, os romanos subjugavam não apenas Israel, mas também outros povos
conhecidos. Os gálatas mesmo tinham os romanos como senhores, e sabiam que a
“liberdade” que tinham não era completa. Ao ensinarem sobre a Lei de Moisés
como um adicional à graça de Deus, os judaizantes acrescentavam culpa à vida
dos gálatas, pois se esses não cumprissem os 613 mandamentos que a Lei possuía,
então, por causa de uma única transgressão a um único mandamento, esses gálatas
seriam condenados pela Lei toda. Esse é o resultado de trocar o Evangelho pelas
obras e pelo esforço próprio. Eles estavam entrando em uma dívida impagável,
que por sinal, Cristo já havia quitado. Outra observação é a de que Paulo os
responsabiliza pelo abandono da liberdade para se colocarem sob servidão.
• A liberdade que Cristo nos concedeu não pode ser
tratada como algo frágil ou descartável. Paulo alerta os gálatas de que
voltar-se à Lei é, na prática, renunciar ao dom da graça e escolher novamente a
escravidão. O verbo grego usado em Gálatas 5.1, enechesthe (submeter-se,
colocar-se sob), carrega a ideia de alguém que, por vontade própria, se deixa
dominar por um jugo. Em outras palavras, não se tratava apenas de um engano
doutrinário, mas de uma decisão espiritual: trocar a leveza do fardo de Cristo
(Mt 11.30) pelo peso insuportável de 613 mandamentos que ninguém jamais
conseguiu cumprir plenamente. A história de Israel ilustra essa tensão. O mesmo
Deus que libertou os filhos de Abraão da escravidão no Egito também os advertiu
que a liberdade exigia fidelidade. No entanto, ao se esquecerem do Senhor e se
misturarem com os povos da terra, perderam a herança que lhes havia sido dada e
se tornaram cativos novamente (Jz 2.10-14). Paulo lembra aos gálatas que a
escravidão espiritual não era apenas uma metáfora distante. Eles conheciam, sob
o domínio romano, a diferença entre uma liberdade aparente e uma liberdade
verdadeira. E agora estavam correndo o risco de experimentar o mesmo em sua fé:
uma vida marcada por práticas religiosas sem vida, mas sem a alegria do
Espírito. A gravidade do erro dos judaizantes era tornar o Evangelho um fardo
impossível. A Lei não admite falhas; quem tropeça em um só mandamento se torna
culpado de todos (Tg 2.10). Assim, o que parecia uma adição piedosa à fé, na
realidade, era uma dívida impagável. Como explica Hernandes Dias Lopes, substituir
a graça pelo legalismo é “colocar cadeias em quem já foi solto”¹. Por isso,
Paulo insiste que os gálatas estavam negando a eficácia da cruz e se colocando
sob condenação, quando Cristo já havia quitado essa sentença de uma vez por
todas (Cl 2.14). Esse ensino nos leva a refletir sobre nossa própria caminhada.
Quantas vezes, mesmo livres em Cristo, ainda escolhemos viver como escravos,
medindo nossa espiritualidade pelo que fazemos ou deixamos de fazer, em vez de
descansar na suficiência da obra consumada? Alexandre Coelho lembra que a
verdadeira liberdade “não é apenas o livramento do pecado, mas a capacitação
para servir em amor”². A graça não nos afasta da santidade, mas nos conduz a
ela pelo poder do Espírito. A vida cristã, portanto, não é uma luta para
conquistar aceitação diante de Deus, mas uma resposta de amor Àquele que já nos
aceitou em Cristo. É nesse ponto que a Palavra se torna profundamente pastoral.
Paulo responsabiliza os gálatas pela escolha que estavam fazendo, e nós também
somos chamados a examinar nossas decisões. Assim como Davi orou pedindo que
Deus sondasse o seu coração (Sl 139.23-24), precisamos nos perguntar: estamos
vivendo na liberdade do Evangelho ou estamos voltando para velhas prisões? A
verdadeira fé se mantém firme naquilo que Cristo já realizou e recusa qualquer
jugo que tente substituir a cruz. E esse chamado ecoa até hoje: não voltem para
a escravidão. Permaneçam na liberdade conquistada pelo sangue de Jesus.
1. LOPES,
Hernandes Dias. Gálatas – Comentários Expositivos Hagnos: A carta da liberdade
cristã. São Paulo: Hagnos, 2012.
2. COELHO,
Alexandre. A Liberdade em Cristo — Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a
Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.
3. Guardar a Lei obriga o crente a
guardá-la toda. O padrão da Lei é altíssimo, e
quando uma pessoa não consegue guardá-la por completo, ela se coloca debaixo de
uma maldição. Isso estava acontecendo com os gálatas: por acrescentarem ao
Evangelho a guarda da Lei, eles estavam se colocando debaixo de uma servidão
não somente desnecessária, mas não planejada por Deus. É possível que os
gálatas pensassem que, por viver uma vida antes desregrada, poderia ser
interessante se submeterem a um conjunto de regras que lhes desse uma
identidade, um direcionamento. Entretanto, a guarda da Lei era um peso até
mesmo para os próprios judeus. Pedro, em uma reunião com outros líderes,
reconheceu isso quando fariseus crentes exigiram a circuncisão dos gentios que
aceitaram a Jesus: “Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz
dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós podemos suportar?” (At
15.10). O problema era o pecado que a Lei revelava naqueles que a guardavam. O
que Paulo nos mostra é que os judaizantes ensinavam a circuncisão como algo
obrigatório, mas que os gálatas tinham a opção de não a fazer: “se vos
deixardes circuncidar” (Gl 5.2). Cabia aos crentes não caírem naquele problema.
Se guardassem os mandamentos do Senhor, não precisariam passar por uma cirurgia
dolorosa e desnecessária. Mais que isso, Deus tinha como objetivo tratar com
corações de carne, e não com uma marca na pele dos homens. Quantos problemas
podemos evitar se simplesmente observarmos a Palavra de Deus e decidirmos
atender ao que estamos aprendendo? Os gálatas é que decidiriam por essa
situação.
• Viver a fé cristã sempre foi um desafio entre dois
caminhos: confiar na suficiência da cruz de Cristo ou voltar a se apoiar em
regras que parecem oferecer segurança. Paulo deixa claro aos gálatas que tentar
guardar a Lei significa assumir a obrigação de cumpri-la em sua totalidade. O
apóstolo usa um raciocínio implacável: a Lei exige perfeição absoluta, e
qualquer falha coloca o homem sob maldição (Gl 3.10). O verbo grego opheiletēs
em Gálatas 5.3, traduzido como “devedor”, descreve alguém legalmente obrigado a
pagar uma dívida sem ter como quitá-la. É exatamente isso que acontece com quem
troca a graça pelo legalismo. A Lei, em sua santidade, não foi dada para
salvar, mas para revelar o pecado (Rm 3.20). Os gálatas talvez buscassem na Lei
um sentido de identidade e disciplina, já que haviam vivido antes em práticas
pagãs desordenadas. Entretanto, Paulo lembra que essa escolha era ilusória. Nem
os próprios judeus, acostumados com a tradição mosaica, conseguiram carregar
esse fardo. Pedro, no concílio de Jerusalém, reconheceu isso quando declarou
que a circuncisão e as exigências da Lei eram “um jugo que nem nossos pais nem
nós pudemos suportar” (At 15.10). O termo grego zygos (jugo) expressa a ideia
de um peso que aprisiona e escraviza, em contraste com o jugo suave de Cristo
(Mt 11.30). Em outras palavras, aceitar a circuncisão como requisito de fé era
colocar-se novamente sob grilhões espirituais que Cristo já havia quebrado. Paulo
ainda ressalta que essa decisão era pessoal: “se vos deixardes circuncidar” (Gl
5.2). O condicional mostra que os gálatas tinham a escolha de permanecer firmes
no evangelho ou de cair na armadilha do legalismo. Aqui está a profundidade do
ensino: o problema não era apenas o ato físico da circuncisão, mas o coração
que buscava justificação em algo além da cruz. Deus nunca desejou apenas marcas
externas na pele, mas uma transformação interna do coração. A verdadeira
circuncisão, como Paulo escreve em Romanos 2.29, é “do coração, no Espírito”. Esse
ensino toca nossa realidade hoje. Quantos cristãos ainda medem sua
espiritualidade pelo cumprimento de regras externas, esquecendo que o evangelho
não é um código de conduta, mas uma nova vida em Cristo? Hernandes Dias Lopes
lembra que a tentativa de substituir a graça por ritos “é abandonar o trono da
liberdade para sentar-se novamente no banco da escravidão”¹. Alexandre Coelho
reforça que a liberdade cristã não é ausência de limites, mas o poder do
Espírito para viver em santidade². Logo, obedecer a Cristo não é carregar um
peso maior, mas experimentar o cumprimento da promessa do Espírito em nossos
corações. Assim, o chamado de Paulo é também o nosso. Precisamos refletir se
estamos vivendo pela graça ou se temos, sutilmente, colocado sobre nós pesos
que Deus não nos pediu para carregar. A vida cristã não se resume a marcas
externas, mas a um coração totalmente rendido ao Senhor. Como Davi, precisamos
clamar: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro” (Sl 51.10). A verdadeira
liberdade é viver para Cristo com alegria, e não para a Lei com medo. Essa é a
escolha que transforma nossa fé em uma experiência real, profunda e
libertadora.
1. LOPES,
Hernandes Dias. Gálatas – Comentários Expositivos Hagnos: A carta da liberdade
cristã. São Paulo: Hagnos, 2012.
2. COELHO,
Alexandre. A Liberdade em Cristo — Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a
Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.
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SUBSÍDIO I
Professor(a), explique aos alunos que
“a circuncisão era o costume de cortar o prepúcio da genitália masculina como
rito religioso. Os egípcios praticavam a circuncisão, assim como os amonitas,
os edomitas, os moabitas e os árabes nômades (Jr 9.25,26). Os filisteus,
assírios e gentios em geral eram incircuncisos (Jz 14.3; Ez 32.17-32; Ef 2.11).
A circuncisão é mencionada pela
primeira vez na Bíblia como sinal da aliança entre Deus e Abraão (Gn 17.10). O
Senhor ordenou que todo homem fosse circuncidado aos oito dias de idade (Gn
17.12; cf. 21.4; Lv 12.3; Lc 1.59; 2.21). A circuncisão era exigida para um
homem participar da Páscoa (Êx 12.48) ou adoração no Templo (Ez 44.9: cf. At
21.28,29). Metaforicamente, a circuncisão vai além do sinal físico (Rm 2.28).
Em última análise, os inimigos de Deus, circuncidados ou não, serão mortos e
colocados na sepultura com os incircuncisos (Ez 32.32). A circuncisão física é
inútil se o coração permanece ‘incircunciso’ (Jr 9.25,26; cf. Rm 2.25). A
circuncisão do coração é realizada quando a pessoa ama ao Senhor por completo
(Dt 10.16; 30.6; Jr 4.4; Rm 2.29), mas os ouvidos incircuncisos são
desobedientes (At 7.51). A circuncisão realizada por Cristo ocorre quando a
natureza pecaminosa é rejeitada (Cl 2.11). NEle, nem a circuncisão nem a
incircuncisão tem valor; o que conta ‘é a fé que opera por amor’ (Gl 5.6).
Na igreja do Novo Testamento, a
controvérsia começou no que tange a se os crentes gentios deveriam ser circuncidados
(At 15.1-12). Evidentemente, existia um grupo que exigia a circuncisão (At
15.1; Tt 1.10). Paulo argumentou que a circuncisão não era essencial para a fé
e comunhão cristã (Gl 6.15; Cl 3.11)”. (Dicionário Bíblico Baker. Rio de
Janeiro: CPAD, 2023, pp.111,112).
II. O FERMENTO LEVEDA TODA A
MASSA
1. Separados de Cristo.
Guardar a Lei implicava uma matemática estranha: crer em Jesus e fazer a
circuncisão. O resultado dessa conta era invalidar o sacrifício de Jesus e se
colocar debaixo de uma escravidão. Como membros do Corpo, os gálatas, que
deveriam estar ligados a Jesus, mas estavam se separando dEle, e um membro
separado do corpo morre. Aceitando a Lei, os gálatas renunciavam a graça. Não
dava para ter os dois. Esse não era o plano de Deus.
• O apóstolo Paulo não mede palavras ao advertir os
gálatas: “um pouco de fermento leveda toda a massa” (Gl 5.9). O fermento aqui
simboliza a doutrina distorcida que parecia inofensiva, mas que tinha poder de
corromper toda a fé. A ideia era simples: bastava acrescentar à fé em Cristo a
prática da circuncisão. Contudo, o que parecia uma soma espiritual era, na
verdade, uma subtração fatal. O verbo grego usado em Gálatas 5.4, katērgēthēte,
significa “ser desligado, tornar-se inútil”. Ou seja, ao buscarem justificação
pela Lei, os gálatas estavam anulando a eficácia da cruz em suas vidas. Aceitar
a circuncisão como requisito de salvação significava mais do que seguir um
ritual. Era declarar, na prática, que a obra de Cristo não era suficiente.
Paulo compara esse afastamento a um membro que se separa do corpo. Assim como
um braço cortado deixa de receber vida e morre, aquele que se desliga de Cristo
perde a fonte da graça. Aqui está o ponto central: não há como viver entre dois
pactos. Quem se prende à Lei renuncia à graça, e quem abraça a graça descansa
totalmente na suficiência da cruz. A tensão é clara: ou Cristo é tudo, ou
Cristo não é nada. Essa verdade não é apenas histórica, mas profundamente
atual. Quantos cristãos ainda tentam somar à obra da cruz práticas externas,
como se Deus exigisse marcas visíveis para validar nossa fé? Hernandes Dias
Lopes observa que “voltar à Lei é negar a vitória de Cristo e ressuscitar a
escravidão”¹. Alexandre Coelho, em sua obra de apoio, reforça que os gálatas
buscavam identidade em regras, mas esqueceram que o evangelho oferece
identidade em Cristo². O fermento do legalismo, se não for confrontado,
contamina silenciosamente a comunidade, gerando uma espiritualidade pesada e
sem vida. Paulo nos convida a examinar nossos corações. Será que também temos
tentado acrescentar algo à cruz para sentir que pertencemos a Deus? Será que
medimos nossa espiritualidade por marcas externas ou pelo verdadeiro fruto do
Espírito? A graça não é licença para o pecado, mas poder para viver em santidade.
A Lei mostrou a escravidão do pecado; Cristo mostrou o caminho da liberdade. Em
Jesus, temos o que a circuncisão da carne nunca poderia dar: um coração
transformado pelo Espírito Santo (Rm 2.29). Por isso, o chamado pastoral é
direto: permaneçamos firmes na graça, rejeitando qualquer fermento que tente
diminuir a suficiência de Cristo. Não há espaço para meio-termo. Se quisermos
viver de verdade, precisamos nos apegar ao evangelho puro, sem acréscimos
humanos, e clamar como Davi: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova em
mim um espírito reto” (Sl 51.10). Só assim evitaremos a morte espiritual que
atinge todo aquele que se separa da vida que está em Cristo.
1. LOPES,
Hernandes Dias. Gálatas – Comentários Expositivos Hagnos: A carta da liberdade
cristã. São Paulo: Hagnos, 2012.
2. COELHO,
Alexandre. A Liberdade em Cristo — Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a
Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.
2. Corriam bem.
No mundo grego, a corrida era um esporte bastante praticado por atletas e
soldados. Não tinha um custo financeiro alto, mas exigia do atleta força e
resistência. Não bastava ter musculatura, era preciso saber respirar e manter a
respiração condicionada ao movimento de projetar o corpo para a frente,
continuamente e por um longo tempo, até chegar no destino proposto. Os gálatas
corriam bem, diz Paulo. Mas eles pararam. Alguém lhes tirou o fôlego,
acrescentando um peso desnecessário. O que eles não perceberam era que, ao
aceitar um pequeno “corte de pele”, no próprio corpo, estavam depositando, sem
perceber, a sua confiança em ações humanas. Isso implicava parar de confiar em
Jesus. Um acontecimento olímpico público pode nos fazer entender o que Paulo
diz. O atleta brasileiro Vanderlei Lima corria em 2004 nos jogos olímpicos de
Atenas, quando, faltando 7 km, e estando em primeiro lugar na disputa, foi
empurrado e segurado por um homem que assistia à corrida, e fazendo com que ele
perdesse a vantagem diante dos seus competidores. Ele concluiu a corrida em
terceiro lugar, e posteriormente foi homenageado com a medalha Pierre de
Coubertin, uma honraria concedida aos que demonstram resistência e ética nas
atividades esportivas. Esse exemplo nos mostra que fatores externos podem
influenciar negativamente a nossa corrida para a eternidade. Pior do que ser
parado, os gálatas estavam desobedecendo à verdade do Evangelho (Gl 5.7).
• Paulo lança uma pergunta que ecoa como advertência:
“Vós corríeis bem; quem vos impediu de obedecer à verdade?” (Gl 5.7). No mundo
grego, a corrida não era apenas um esporte, mas uma metáfora para disciplina,
resistência e perseverança. Atletas e soldados precisavam treinar corpo e
respiração para alcançar a meta final. A vida cristã, para Paulo, se assemelha
a essa maratona. Os gálatas haviam começado com vigor, movidos pela fé em
Cristo, mas permitiram que falsos mestres tirassem-lhes o fôlego, acrescentando
pesos desnecessários. O verbo grego usado, enekopsen (ἐνέκοψεν), traduzido como
“impedir”, carrega a ideia de alguém que corta o caminho, bloqueando o avanço.
Assim, Paulo mostra que eles foram interrompidos em sua corrida espiritual. O
problema não era apenas externo, mas interno. Ao aceitar a circuncisão como
requisito para a salvação, os gálatas estavam, sem perceber, transferindo sua
confiança da cruz para uma marca na carne. A pequena incisão no corpo parecia
inofensiva, mas representava uma distorção grave do evangelho. Hernandes Dias
Lopes explica que “a graça não pode ser suplementada por obras humanas sem ser
corrompida em sua essência”¹. É como se a confiança em Cristo fosse sufocada
por um fôlego falso. A fé que antes era viva, agora estava em perigo de se
tornar mero ritual. A ilustração da corrida ajuda a compreender o peso dessa
verdade. O atleta brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima, nas Olimpíadas de
2004, liderava a maratona até ser interrompido por um espectador que invadiu a
pista. Ele perdeu a posição de liderança, mas concluiu a prova em terceiro
lugar, ganhando a medalha Pierre de Coubertin pela sua perseverança. Se uma
intervenção humana foi capaz de afetar uma corrida visível, quanto mais uma
distorção espiritual pode comprometer nossa jornada eterna. O que Paulo
denuncia é que os gálatas não apenas foram atrapalhados, mas estavam
desobedecendo à verdade (alētheia, ἀλήθεια), ou seja, negando a essência do evangelho (Gl 5.7). A
mensagem é clara e urgente: não basta começar bem. A corrida cristã exige
constância, foco e vigilância. É possível ser um atleta da fé que inicia a
prova com vigor, mas, ao se deixar seduzir por doutrinas estranhas ou práticas
aparentemente piedosas, perde o ritmo e se afasta da meta. A Bíblia de Estudo
Pentecostal observa que “o desvio dos gálatas não era apenas um detalhe
teológico, mas uma ameaça mortal à sua vida espiritual”³. Para Paulo, voltar à
Lei era se afastar de Cristo, era parar de correr. Essa advertência serve
também para nós hoje. Quantos jovens começam sua vida cristã com paixão, mas
permitem que distrações, ideologias ou até tradições religiosas substituam a
simplicidade do evangelho? Precisamos perguntar: quem tem cortado o nosso
caminho? O que tem roubado nosso fôlego espiritual? A graça não pode ser
negociada. O mesmo Espírito que nos colocou na corrida é quem nos sustenta até
a linha de chegada. Como Davi, devemos clamar: “sustenta-me com um espírito
voluntário” (Sl 51.12). Só assim terminaremos a carreira com alegria, sem
deixar que nada nos afaste da verdade do evangelho.
1. LOPES,
Hernandes Dias. Gálatas – Comentários Expositivos Hagnos: A carta da liberdade
cristã. São Paulo: Hagnos, 2012.
2. COELHO,
Alexandre. A Liberdade em Cristo — Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a
Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.
3. BÍBLIA
DE ESTUDO PENTECOSTAL. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
3. O fermento.
O fermento biológico é um agente levedante que possui micro-organismos vivos, e
que uma vez inserido numa massa, faz com que ela cresça. Ele transforma a
condição da massa, aumentando seu volume por meio da fermentação. Na culinária
é um excelente recurso para a fabricação de pães e bolos, mas é igualmente uma
referência a um elemento que distorce descontroladamente o ambiente em que foi
inserido. O fermento dos judaizantes havia sido colocado entre os gálatas e
estava crescendo. Uma pitada de uma doutrina errada tem a capacidade de
distorcer não só o entendimento dos santos sobre as coisas de Deus, mas pode
distorcer também a prática cristã.
• Quando Paulo alerta os gálatas sobre o “fermento” (Gl
5.9), ele não está usando apenas uma metáfora culinária, mas um recurso
pedagógico que tem raízes no Antigo Testamento e profundo significado
espiritual. No grego, o termo usado é zymē (ζύμη), que significa fermento ou
levedura, e que frequentemente carrega a ideia de corrupção silenciosa, de algo
que, ainda que pequeno, espalha-se até tomar conta de toda a massa. Assim como
na Páscoa judaica todo fermento deveria ser retirado das casas (Êx 12.15),
Paulo mostra que uma única distorção doutrinária pode contaminar toda a
comunidade de fé. O problema dos gálatas não era teórico, mas prático. O
fermento dos judaizantes parecia pequeno, a exigência da circuncisão, uma marca
externa no corpo, mas na verdade era um veneno espiritual. Uma vez aceito,
crescia dentro da igreja, minando a confiança exclusiva na obra de Cristo. Como
bem observa Hernandes Dias Lopes, “a graça, quando misturada a qualquer obra da
lei, deixa de ser graça”¹. O mesmo apóstolo que afirmou que um pouco de
fermento leveda toda a massa (Gl 5.9) também advertiu os coríntios que o
fermento velho deveria ser eliminado, pois somos uma nova massa em Cristo (1Co
5.6-7). Teologicamente, Paulo deixa claro que não existe meio-termo entre lei e
graça. O Comentário Bíblico Pentecostal lembra que o acréscimo de práticas
legalistas não era apenas uma falha doutrinária, mas um ataque direto ao
evangelho². O perigo não estava apenas em “crer errado”, mas em viver errado,
pois a prática cristã nasce daquilo que cremos. O fermento da falsa doutrina se
infiltra primeiro no pensamento, depois na conduta. Como explica Alexandre
Coelho, “quando os gálatas aceitaram o ensino judaizante, a liberdade em Cristo
foi substituída por uma escravidão disfarçada de piedade”³. Essa realidade
continua atual. Quantos jovens hoje aceitam ideias aparentemente pequenas, mas
que corroem a fé: um relativismo aqui, um “Deus entende” ali, até que a
confiança exclusiva em Cristo é substituída por confiança em obras, emoções ou
filosofias humanas. A Bíblia de Estudo MacArthur enfatiza que “o fermento do
erro nunca permanece pequeno; seu destino é sempre se espalhar e dominar, se
não for expurgado”⁴. Isso nos leva a uma pergunta pastoral e urgente: temos
permitido que fermentos estranhos distorçam nossa fé e prática diária? Como
Davi, precisamos clamar: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim
um espírito reto” (Sl 51.10). A vida cristã é uma corrida de vigilância e
santidade. Precisamos discernir e rejeitar todo fermento que ameaça a pureza do
evangelho em nossas igrejas. Que nossa geração seja conhecida não por negociar
a fé, mas por viver a integridade do evangelho, mantendo o coração firmado na
graça que nos sustenta do início ao fim da carreira.
1. LOPES,
Hernandes Dias. Gálatas – Comentários Expositivos Hagnos: A carta da liberdade
cristã. São Paulo: Hagnos, 2012.
2. Comentário
Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.
3. COELHO,
Alexandre. A Liberdade em Cristo — Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a
Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.
4. MACARTHUR,
John. Bíblia de Estudo MacArthur. São José dos Campos: Sociedade Bíblica do
Brasil, 2017.
SUBSÍDIO II
“Fermento. No Israel bíblico, o
fermento usado para fazer pão era um pouco de massa fermentada salva de um lote
anterior. Como fermento natural, era adicionado a um novo lote de pão, que
crescia devido ao processo de fermentação. Embora a palavra ‘fermento’ seja encontrada
em algumas traduções da Bíblia, não há evidências claras de que era conhecido
pelo antigo Israel. O ensino bíblico muitas vezes vê o fermento como algo a ser
evitado. É assim porque a fermentação estava ligada a corrupção, que implicava
impureza para Israel. O fermento era proibido durante a Páscoa e a Festa dos
Pães Asmos para lembrar ao povo de Israel que ele deixou o Egito às pressas,
sem tempo para o pão crescer (Êx 12.15-20,39). O pão fermentado era proibido
nos holocaustos (Lv 2.11), mas permitido quando trazido como primícias, oferta
de ações de graças, oferta pacífica ou oferta de movimento durante a Festa das
Semanas (Lv 2.12; 7.13; 23.17). Assim era, porque possivelmente seria comido
pelos adoradores e sacerdotes, e não queimado no altar.
No Novo Testamento, o fermento
geralmente mantém as suas conotações negativas. Jesus instruiu os discípulos a
tomar cuidado com o fermento — o ensino — dos fariseus e saduceus (Mt 16.6-12).
Paulo ensinou que o pecado de um, como o fermento, pode corromper a muitos (1Co
5.6-8). Ele também escreveu que o legalismo perverte o evangelho da mesma forma
como o fermento trabalha na massa (Gl 5.9). Positivamente, Jesus comparou o
crescimento do Reino de Deus ao fermento, que se espalha invisivelmente por uma
grande quantidade de massa (Mt 13.33).” (Dicionário Bíblico Baker. Rio de
Janeiro: CPAD, 2023, p.196).
III. LIBERDADE X CARNALIDADE
1. A condenação
dos falsos ensinadores. “Eu quereria que
fossem cortados aqueles que vos andam inquietando (v.12)”. Há um ditado popular
que ilustra essa sentença: “o mal se corta pela raiz”. Paulo mostra que os
perturbadores dos gálatas seriam condenados. Eles não ficariam impunes, pois
estavam atrapalhando o Evangelho com uma mensagem legalista.
• Paulo não mede palavras quando fala dos falsos mestres
que estavam perturbando os gálatas. No versículo 12 ele declara: “Eu quereria
que se mutilassem aqueles que vos andam perturbando”. O verbo usado por ele é
apokóptō (ἀποκόπτω), que significa
cortar fora, amputar, eliminar completamente. Não é apenas uma figura de
linguagem forte; é a forma de Paulo mostrar que o mal não pode ser tratado com
suavidade, mas deve ser arrancado pela raiz, antes que destrua a fé de toda a
comunidade. O problema não era apenas teórico. Os judaizantes apresentavam uma
mistura perigosa: pregavam Cristo, mas acrescentavam a necessidade de obras da
lei, como a circuncisão. Essa combinação adulterava o evangelho, porque
transformava a graça em mérito humano. Como explica Hernandes Dias Lopes, “a
graça, quando deixa de ser absoluta, deixa de ser graça”¹. Para Paulo, isso era
inaceitável, porque anulava a cruz de Cristo. A palavra usada em Gálatas 5.7-12
deixa claro que quem distorce a mensagem da cruz se coloca contra Deus e será julgado
por Ele. A severidade da linguagem do apóstolo pode chocar os leitores
modernos, mas revela uma verdade fundamental: o evangelho não tolera
concorrentes. Gordon Fee lembra que o evangelho não é apenas uma mensagem de
fé, mas uma experiência transformadora que depende inteiramente da obra do
Espírito². Qualquer ensino que desvie dessa centralidade é fermento que corrói
a vida espiritual. Alexandre Coelho reforça que a estratégia dos judaizantes
não era apenas doutrinária, mas pastoral: “eles procuravam ganhar influência e
domínio sobre os gálatas, minando a liberdade que há em Cristo”³. Essa
advertência continua necessária para nós. O mundo contemporâneo apresenta novos
“judaizantes”: ideologias, espiritualidades alternativas, teologias distorcidas
que se infiltram sorrateiramente nas igrejas. Algumas parecem pequenas e
inofensivas, mas trazem o mesmo perigo: tirar nossa confiança exclusiva de
Cristo. A Bíblia de Estudo MacArthur observa que “falsos mestres sempre
prometem algo a mais, mas o resultado é sempre menos do que o evangelho”⁴. Aqui está o chamado
pastoral: será que temos permitido que mensagens distorcidas se alojem em nossa
fé, nossas comunidades e até em nossa pregação? Davi orava pedindo um coração
puro e renovado (Sl 51.10). Nós também precisamos clamar por discernimento,
coragem e fidelidade, para rejeitar todo falso evangelho e viver a liberdade
que Cristo conquistou. Como jovens e líderes da igreja, somos chamados a
proteger a pureza do evangelho, porque só ele tem poder para salvar, santificar
e conduzir-nos até a glória.
1. LOPES,
Hernandes Dias. Gálatas – Comentários Expositivos Hagnos: A carta da liberdade
cristã. São Paulo: Hagnos, 2012.
2. FEE,
Gordon D. Paul, the Spirit, and the People of God. Peabody: Hendrickson, 1996.
3. COELHO,
Alexandre. A Liberdade em Cristo — Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a
Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.
4. MACARTHUR,
John. Bíblia de Estudo MacArthur. São José dos Campos: Sociedade Bíblica do
Brasil, 2017.
2. Dando ocasião à
carne. Outro perigo pelo qual
aquelas igrejas passavam era dar ocasião à natureza humana por observarem a
Lei. Paulo fala que a liberdade que receberam não poderia ser utilizada para
que a carne prevalecesse. Os gálatas deveriam se valer da liberdade que ganharam
em Cristo para servirem melhor a Deus e uns aos outros: “Não useis, então, da
liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor
(v.13)”. O serviço cristão é um ponto forte da vida de fé, pois é necessário
que tenhamos comunhão uns com os outros. Escravos brigam entre si. Filhos
ajudam-se uns aos outros.
• A liberdade cristã é um dom precioso, mas também um
campo de batalha. Paulo sabia que os gálatas corriam o risco de transformar
esse dom em desculpa para satisfazer os desejos da carne. Por isso, ele
adverte: “Não useis da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns
aos outros pelo amor” (Gl 5.13). A palavra grega para “ocasião” é aphormḗ (ἀφορμή), que significa
ponto de partida, base de operações ou trincheira de ataque. Em outras
palavras, Paulo está dizendo que a liberdade conquistada por Cristo não pode se
tornar a plataforma de onde a carne lança seus ataques contra a vida
espiritual. É importante perceber que Paulo não contrapõe apenas “carne” e
“espírito” como forças internas em conflito, mas mostra que a carne se revela
de forma prática, nas relações. O egoísmo, a rivalidade e a falta de amor são
frutos de uma liberdade mal interpretada. A Bíblia de Estudo MacArthur observa
que a verdadeira liberdade não é “liberdade para pecar”, mas “liberdade do
pecado”¹. Alexandre Coelho reforça que a liberdade deve conduzir ao serviço
mútuo, não ao isolamento ou à competição². A liberdade mal usada gera
escravidão; já a liberdade guiada pelo Espírito gera comunhão. A metáfora usada
por Paulo é poderosa. Escravos brigam entre si porque vivem em ambiente de
opressão, mas filhos ajudam uns aos outros porque compartilham da mesma
herança. Hernandes Dias Lopes lembra que “a liberdade cristã não nos foi dada
para viver como bem entendemos, mas para viver como Deus quer”³. O verbo usado
por Paulo para “servir” é douleuō (δουλεύω), que significa literalmente “ser
escravo”. A ironia é clara: Cristo nos libertou da escravidão da lei, mas agora
essa liberdade só encontra sentido quando nos tornamos “escravos uns dos
outros” em amor. Não é servidão imposta, mas serviço voluntário, fruto de um
coração transformado pelo Espírito. Esse ensino atinge diretamente a vida da
igreja hoje. Muitos jovens pensam que liberdade significa ausência de limites,
mas Paulo ensina o contrário: liberdade sem amor se torna anarquia espiritual.
Gordon Fee destaca que o Espírito Santo não apenas nos liberta da carne, mas
nos capacita a viver em comunidade, cultivando amor, paciência e humildade⁴. Isso é extremamente prático: usar nossa
liberdade para servir no culto, para acolher um irmão ferido, para perdoar
alguém que nos ofendeu. A liberdade não é palco para o ego, mas espaço para o
amor agir. Diante disso, precisamos nos perguntar: o que temos feito com a
liberdade que Cristo nos deu? Ela tem sido uma base de operações para a carne
ou para o amor? O salmista Davi, consciente de suas fraquezas, clamava: “Cria
em mim, ó Deus, um coração puro e renova em mim um espírito reto” (Sl 51.10).
Esse é também o clamor que devemos levantar hoje. Que a nossa liberdade não se
transforme em tropeço, mas em oportunidade de manifestar o caráter de Cristo no
serviço humilde e amoroso ao próximo.
1. MACARTHUR,
John. Bíblia de Estudo MacArthur. São José dos Campos: Sociedade Bíblica do
Brasil, 2017.
2. COELHO,
Alexandre. A Liberdade em Cristo — Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a
Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.
3. LOPES,
Hernandes Dias. Gálatas – Comentários Expositivos Hagnos: A carta da liberdade
cristã. São Paulo: Hagnos, 2012.
4. FEE,
Gordon D. Paul, the Spirit, and the People of God. Peabody: Hendrickson, 1996.
3. O cuidado de
uns para com os outros. A prática da
liberdade cristã nos impulsiona a cuidar uns dos outros. Se os gálatas
desejavam guardar a Lei, que se lembrassem do mandamento “Amarás o teu próximo
como a ti mesmo”. Parece que na Galácia os judaizantes conseguiram não somente
atrapalhar o entendimento da salvação pela graça, mas também gerar conflitos
entre os irmãos, pois Paulo escreve: “Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns
aos outros, vede não vos consumais também uns aos outros (v.15)”. Como crianças
que estão em um momento de descontração e poderiam fazer muitas coisas juntas,
decidem brigar umas com as outras porque não querem esperar a sua vez ou por
discordarem de uma atividade em conjunto. A liberdade mal direcionada e mal
vivida pode trazer a destruição.
• A verdadeira liberdade cristã sempre nos conduz para
fora de nós mesmos e nos chama a cuidar uns dos outros. Paulo recorda aos
gálatas que a essência da lei se cumpre em uma única sentença: “Amarás o teu
próximo como a ti mesmo” (Gl 5.14). O apóstolo percebeu que os judaizantes não
apenas distorciam a mensagem da graça, mas também alimentavam divisões
internas. Em vez de comunhão, havia disputas; em vez de unidade, havia
rivalidades. Por isso, Paulo os alerta: “Se vós, porém, vos mordeis e devorais
uns aos outros, vede que não sejais mutuamente destruídos” (Gl 5.15). A imagem
é forte: crentes que deveriam ser família estão agindo como animais selvagens. O
termo grego usado por Paulo para “morder” (dakno, δάκνω) traz a ideia de ferir
com hostilidade, enquanto “devorar” (katesthiō, κατεσθίω) significa consumir
por completo, como fogo que destrói tudo em seu caminho. Ou seja, a liberdade
mal entendida pode se tornar combustível para a destruição mútua. A Bíblia de
Estudo Pentecostal lembra que a vida cristã só floresce quando é regada pelo
amor; sem isso, a igreja se torna campo de batalhas internas¹. Alexandre Coelho
observa que a igreja da Galácia corria o risco de perder sua identidade
missionária porque se ocupava mais em discutir do que em servir². Essa
advertência não é distante da nossa realidade. Quantas comunidades hoje se
fragilizam não por ataques externos, mas por conflitos internos? Hernandes Dias
Lopes afirma que a igreja não precisa de inimigos quando permite que a falta de
amor corroa suas relações³. A liberdade que Cristo nos deu nunca é uma
permissão para o egoísmo, mas um chamado ao serviço humilde. O Comentário
Bíblico Beacon reforça que a liberdade cristã não se define pela ausência de
restrições, mas pela presença do amor que se doa em favor do outro⁴. O contraste que Paulo
apresenta é decisivo: ou usamos a liberdade para construir relacionamentos
saudáveis, ou ela se torna o estopim da divisão. Escravos brigam porque não
conhecem a herança; filhos se ajudam porque compartilham do mesmo Pai. Gordon
Fee lembra que o Espírito é quem nos habilita a viver em comunhão e a refletir
o caráter de Cristo no cuidado mútuo⁵. Isso é profundamente prático: envolve ouvir antes
de falar, perdoar antes de julgar, acolher antes de excluir. Diante desse
texto, a pergunta inevitável é: como temos usado a liberdade em Cristo em nossa
vida comunitária? Davi, em sua oração de arrependimento, reconheceu que
precisava de um coração novo para viver em retidão (Sl 51.10). Esse clamor
também precisa ser nosso. A liberdade que Cristo nos deu não é terreno para
disputas, mas espaço para o florescimento do amor. Uma igreja que se devora
está se destruindo; mas uma igreja que se serve em amor está antecipando aqui e
agora a realidade do Reino de Deus.
1. BÍBLIA
DE ESTUDO PENTECOSTAL. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
2. COELHO,
Alexandre. A Liberdade em Cristo — Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a
Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.
3. LOPES,
Hernandes Dias. Gálatas – Comentários Expositivos Hagnos: A carta da liberdade
cristã. São Paulo: Hagnos, 2012.
4. Comentário
Bíblico Beacon. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
5. FEE,
Gordon D. Paul, the Spirit, and the People of God. Peabody: Hendrickson, 1996.
SUBSÍDIO III
“O conflito espiritual no interior
dos crentes envolve a pessoa como um todo — mente, corpo e espírito. A luta é
entre ceder às suas próprias tendências pecaminosas e novamente submeter-se ao
controle do pecado, e se entregar às exigências do Espírito e permanecer sob a
autoridade e o controle de Deus (v.16; Rm 8.4-14). A batalha é travada no
interior dos próprios cristãos e o conflito continuará durante todas as suas
vidas terrenas, para que eles finalmente reinem com Cristo (Rm 7.7-25; 2Tm
2.12; Ap 12.11). No entanto, confiando no poder do Espírito Santo e obedecendo
à sua orientação, um cristão derrotará os seus desejos ímpios e vencerá a
batalha contra a natureza pecaminosa (v.16).” (Bíblia de Estudo Pentecostal
para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.1632).
CONCLUSÃO
É possível que o legalismo tenha
atraído pessoas e feito com que pensassem que eram mais santas e serviam melhor
a Deus, mas Paulo nos mostra que se o Espírito Santo não agir em nossas vidas,
de nada servirá guardar regras. Praticar as obras da Lei era pegar um desvio
que os levaria para fora do caminho pretendido por Deus. Somos livres para
andar no Espírito, ser guiados por Deus e usufruir das bênçãos da salvação e da
adoção de filhos que recebemos, e não podemos trocar essas graças por práticas
que vão exaltar a nossa humanidade e diminuir o poder do sacrifício feito pelo
Senhor em nosso lugar.
• A liberdade que Cristo nos concedeu não é um convite
ao egoísmo, à disputa ou à indiferença. Ela é, acima de tudo, uma oportunidade
para refletirmos o coração de Deus em cada relacionamento, em cada palavra e em
cada ação. Paulo nos alerta que a liberdade mal usada não apenas enfraquece a
fé, mas corrói a própria comunidade, transformando irmãos em adversários e a
igreja em campo de batalha. A imagem de “morder e devorar uns aos outros” não é
apenas figurativa; ela revela a destruição silenciosa que ocorre quando
permitimos que a carne domine nossas escolhas e nossos afetos. O verdadeiro
discípulo não vive isolado, nem apenas para si mesmo. Como filhos de Deus,
somos chamados a caminhar juntos, fortalecendo uns aos outros, sustentando-nos
na graça e manifestando o fruto do Espírito em atos concretos de amor. O grego
agapē (ἀγάπη) que Paulo enfatiza
não é apenas sentimento, mas decisão e ação deliberada, expressa na paciência,
no perdão, na atenção às necessidades do próximo e no cuidado mútuo. A
liberdade em Cristo nos torna capazes de viver de forma que a igreja floresça,
tornando-se um reflexo vivo do Reino aqui na Terra. O chamado final é urgente:
examine seu coração, jovem cristão. Pergunte a si mesmo se sua liberdade tem
servido ao ego, ou se tem sido instrumento de edificação. Lembre-se de Davi,
que clama por um coração puro e contrito (Sl 51.10), e perceba que a liberdade
verdadeira só se manifesta quando sua vida está subordinada à graça, à unidade
e ao amor que Cristo nos ensinou. A escolha é clara: ou permitimos que a
liberdade se transforme em destruição, ou usamos essa mesma liberdade como
força regeneradora, capaz de transformar nossas relações, nossa igreja e nosso
mundo. O Evangelho não é apenas uma doutrina para ser entendida; é uma vida a
ser vivida. E viver em liberdade não é caminhar sozinho, mas caminhar junto,
apoiando, corrigindo com amor, servindo sem esperar retorno. Assim, a igreja
deixa de ser apenas um espaço religioso e se torna uma família viva, onde a
graça de Deus é visível em cada gesto, em cada palavra, em cada ato de serviço.
A decisão está diante de nós: abraçar a liberdade de Cristo para servir ou
sucumbir à tentação da carne e ao orgulho pessoal. Que cada jovem que lê estas
palavras possa olhar para dentro e escolher, hoje e sempre, a via do amor, da
unidade e da santidade, construindo uma fé que não apenas se conhece, mas que
se experimenta e transforma. Para esta preciosa lição, tiramos três aplicações
práticas para o jovem cristão:
1. Relacionamentos intencionais: Avalie se suas
palavras e atitudes fortalecem ou ferem seus irmãos. Procure oportunidades de
encorajar, perdoar e restaurar relações quebradas.
2. Serviço ativo na comunidade: Use sua liberdade para
servir em ministérios, grupos de estudo e projetos sociais, lembrando que o
amor prático é a manifestação mais clara do Evangelho.
3. Disciplina pessoal e espiritual: Cultive hábitos de
oração, leitura bíblica e submissão à liderança espiritual, mantendo a
liberdade guiada pelo Espírito, evitando que desejos egoístas corroam sua vida
e a comunidade.
Viva para a máxima glória do
Nome do Senhor Jesus!
Meu
ministério aqui é um chamado do coração: compartilhar o ensino da
Palavra de Deus de forma livre e acessível, para que você, irmão ou irmã em
Cristo, possa crescer na fé e no conhecimento das Escrituras, sem barreiras,
com subsídios preparados por um Especialista em Exegese Bíblica do Novo Testamento.
Todo o material que ofereço é fruto de
oração, estudo e dedicação, e está disponível gratuitamente para que a luz do
Evangelho alcance ainda mais vidas sedentas pela verdade. Porém, para que essa
missão continue firme, preciso da sua ajuda.
Chave PIX:
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Juntos, podemos fazer a diferença. Conto com você!
HORA DA REVISÃO
1. De acordo com a lição, o que era
a perseverança que Paulo esperava dos gálatas?
A perseverança era mais do que
ter uma atitude diante de outras pessoas. Era também uma convicção que deveriam
ter, de forma pessoal, pois haviam sido libertos por Cristo e tinham, pelo
Evangelho, a liberdade de serem considerados filhos de Deus.
2. Nos dias de Paulo
quem subjugava Israel?
Nos dias de Paulo, os romanos
subjugavam não apenas Israel, mas também outros povos conhecidos.
3. Segundo a lição,
qual é o resultado de trocar o Evangelho pelas obras e pelo esforço próprio?
Esse é o resultado de trocar o
Evangelho pelas obras e pelo esforço próprio. Eles estavam entrando em uma
dívida impagável, que por sinal, Cristo já havia quitado.
4. O que os judaizantes
ensinavam, mas que os gálatas tinham a opção de não fazer?
Os judaizantes ensinavam a
circuncisão como algo obrigatório, mas que os gálatas tinham a opção de não a
fazer: “se vos deixardes circuncidar” (Gl 5.2). Cabia aos crentes não caírem
naquele problema.
5. O que implicava
guardar a Lei?
Guardar a Lei implicava uma
matemática estranha crer em Jesus e fazer a circuncisão. O resultado dessa
conta era invalidar o sacrifício de Jesus e se colocar debaixo de uma
escravidão.