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31 de agosto de 2025

EBD JOVENS | Lição 10: A Liberdade Que Cristo Nos Deu | 3° Trim 2025

Pb Francisco Barbosa (@Pbassis)

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TEXTO PRINCIPAL

“Eis que eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará.” (Gl 5.2).

ENTENDA O TEXTO PRINCIPAL:

 O versículo está inserido na seção em que Paulo contrasta a liberdade em Cristo com a escravidão da Lei (Gl 5.1-12). No v.1, Paulo exorta os gálatas: “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou; permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a um jugo de escravidão.” A partir do v.2, Paulo aplica de forma prática essa advertência, usando a circuncisão como símbolo da submissão ao sistema legalista. Eis que, (δε, ide), expressão enfática que chama a atenção para a seriedade do aviso. É quase como se Paulo dissesse: “Prestem muita atenção no que vou afirmar agora.” vos digo, (γ Παλος λέγω, egō Paulos legō), a construção com o pronome “γ” (eu) é enfática. Paulo coloca sua autoridade apostólica em primeiro plano, contrastando-a com a dos falsos mestres judaizantes. se vos deixardes circuncidar, (ἐὰν περιτέμνησθε, ean peritemnēsthe), verbo no subjuntivo presente, indicando possibilidade contínua. Não se trata de condenar o ato médico da circuncisão, mas a submissão à circuncisão como condição de salvação ou santificação. Cristo de nada vos aproveitará, (Χριστς μς οδν φελήσει, Christos hymas ouden ōphelēsei), o verbo ōpheleō significa “ser útil, trazer benefício, ajudar”. Aqui a ênfase é que, ao buscar justificação na circuncisão, o crente se priva dos benefícios da cruz. Cristo não pode ser apenas “mais um meio de salvação”; Ele é o único. Paulo não está falando contra a circuncisão cultural ou étnica (como em At 16.3, quando Timóteo é circuncidado por questões missionárias), mas contra a circuncisão como meio de justificação. O ponto central é: ou Cristo é suficiente, ou Ele é inútil. Não há meio-termo. Adicionar algo à obra de Cristo é, na prática, negá-la. A circuncisão representa, aqui, a tentativa humana de alcançar a salvação pelas obras da Lei. Mas a salvação é pela graça mediante a fé (Ef 2.8-9). Paulo é radical porque percebe o perigo: os gálatas estavam prestes a trocar a liberdade do evangelho pelo jugo da escravidão legalista. Hoje, a circuncisão pode simbolizar qualquer ritual, mérito pessoal ou tradição religiosa que se tenta colocar como condição para a salvação. Muitos cristãos, mesmo sem perceber, ainda vivem como se dependessem de “algo a mais” além da cruz de Cristo. Isso pode ser o legalismo denominacional, costumes humanos ou boas obras. A advertência é clara: se buscarmos segurança em qualquer outra coisa além de Cristo, anulamos o benefício de Sua obra em nossa vida.

RESUMO DA LIÇÃO

O abandono da liberdade que Cristo nos deu tem causas desastrosas.

ENTENDA O RESUMO DA LIÇÃO:

 Renunciar à liberdade conquistada por Cristo na cruz não é apenas um retrocesso espiritual, mas uma traição ao próprio Evangelho; é voltar às correntes da escravidão, rejeitar a suficiência da graça e abraçar um caminho que conduz à ruína eterna.

TEXTO BÍBLICO

Gálatas 5.1-9.

1. Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão.

Paulo declara que Cristo libertou os crentes da escravidão da lei. A liberdade não é licença para pecar, mas a libertação da maldição da lei e do esforço humano de obter salvação. O chamado é para permanecer firmes nessa liberdade, sem retroceder ao jugo da escravidão legalista.

2. Eis que eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará.

A circuncisão, como requisito para salvação, anula a obra de Cristo. Se alguém busca justificação pela circuncisão, está negando a suficiência da cruz.

3. E, de novo, protesto a todo homem que se deixa circuncidar que está obrigado a guardar toda a lei.

Quem aceita a circuncisão como base de justificação está obrigado a guardar toda a lei. A lei é um sistema completo: não se pode escolher uma parte sem se comprometer com a totalidade.

4. Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído.

Tentar justificar-se pela lei é separar-se de Cristo e cair da graça. Isso não significa perda da salvação, mas estar fora da esfera da graça salvadora e viver como se Cristo não fosse suficiente.

5. Porque nós, pelo espírito da fé, aguardamos a esperança da justiça.

Os crentes verdadeiros não confiam na carne, mas aguardam pela fé a esperança da justiça final, plena em Cristo.

6. Porque, em Jesus Cristo, nem a circuncisão nem a incircuncisão têm virtude alguma, mas, sim, a fé que opera por amor.

Em Cristo, ritos externos (circuncisão ou incircuncisão) não têm valor algum para justificação. O que importa é a fé que se expressa em amor, fruto do Espírito.

7. Corríeis bem; quem vos impediu, para que não obedeçais à verdade?

Os gálatas corriam bem espiritualmente, mas foram impedidos por falsos mestres, que distorciam a verdade.

8. Esta persuasão não vem daquele que vos chamou.

A persuasão dos falsos mestres não vem de Deus. O chamado divino é sempre para a graça, nunca para o legalismo.

9. Um pouco de fermento leveda toda a massa.

“Um pouco de fermento leveda toda a massa.” O ensino falso, mesmo pequeno, se espalha e contamina toda a comunidade se não for confrontado.

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INTRODUÇÃO

Nesta lição, Paulo trata de uma situação em que é preciso fazer uma escolha: ou os gálatas criam em Cristo e viviam pela fé, ou se firmavam na circuncisão. Ele mostra que a liberdade que conseguiram em Cristo pode ser retirada quando eles decidem substituir o Evangelho de Jesus, que receberam pela fé, pela guarda da Lei, de preceitos que não lhes foi ordenado guardar. Os falsos ensinos tinham suas consequências. Os gálatas estavam caindo da graça, brigando uns com os outros e dando ocasião à carne.

Muitos dos conflitos espirituais mais sérios que enfrentamos não estão fora da igreja, mas dentro dela. Foi exatamente esse o drama vivido pelos gálatas: eles precisavam escolher se permaneceriam firmes na obra consumada de Cristo ou se voltariam a depender de ritos externos como a circuncisão. Paulo é categórico: a liberdade que Cristo trouxe não pode conviver com a escravidão da lei [nem qualquer outro tipo de escravidão ou abuso espiritual]. O apóstolo usa a palavra grega eleuthería (liberdade), que aqui não significa ausência de limites, mas a libertação do jugo do pecado e da tentativa inútil de agradar a Deus pelas obras. O risco de abandonar essa liberdade era real, e os gálatas já estavam dando sinais disso: intrigas internas, práticas carnais e perda do foco no Evangelho. O apelo de Paulo é mais que doutrinário, é pastoral. Ele sabia que substituir a fé em Cristo pela observância da lei era, na prática, esvaziar a cruz. O verbo usado em Gálatas 5.2, ōpheleō (aproveitar, beneficiar), mostra que a graça de Cristo deixa de trazer proveito quando o homem deposita sua confiança em ritos humanos. Não se trata de Cristo perder o seu poder, mas de o homem fechar o coração para os méritos da cruz. Assim, a escolha pela circuncisão como meio de justificação transformava a fé dos gálatas em mera formalidade religiosa, incapaz de gerar vida. É uma advertência séria também para nós: quantas vezes tentamos nos justificar por méritos, tradições ou regras externas, esquecendo que a justiça é unicamente pela fé? O conflito em Gálatas não é apenas histórico; é profundamente atual. Ainda hoje, muitos cristãos vivem divididos entre a liberdade do Espírito e a tentação de um cristianismo legalista ou superficial. Paulo não deixa espaço para um “meio-termo”. Ou confiamos totalmente em Cristo, ou anulamos a sua obra em nós. A questão não era apenas teológica, mas de vida ou morte espiritual. Como lembra Hernandes Dias Lopes, “o legalismo é uma rebelião contra a graça e um atentado contra a cruz de Cristo”¹. A verdadeira liberdade não está em fazer o que queremos, mas em sermos conduzidos pelo Espírito, que nos liberta da carne e nos conforma à vontade de Deus. Esse ensino exige de nós reflexão profunda. O que temos feito com a liberdade que Cristo nos deu? Usamos para edificação mútua ou para alimentar divisões e pecados? A Bíblia de Estudo Pentecostal observa que, quando Paulo fala da carne em Gálatas, não se refere apenas a pecados visíveis, mas também a atitudes religiosas que nascem do orgulho humano². Assim, tanto o pecado aberto quanto a religiosidade fria são formas de escravidão. Somente quem permanece em Cristo experimenta a verdadeira vida no Espírito. Portanto, a mensagem de Paulo é urgente: não se deixe enganar por falsos evangelhos, nem por aparências de piedade que negam o poder da graça. O chamado é permanecer firmes, resistir e viver como filhos da promessa. Essa lição não é apenas sobre os gálatas, é sobre mim e sobre você. Que possamos olhar para nossa própria caminhada e perguntar: tenho vivido a liberdade do Evangelho ou construído algemas religiosas para mim e para os outros? O mesmo Deus que libertou Davi do peso da culpa e lhe deu um novo cântico é poderoso para nos restaurar e firmar nossos passos hoje.

1. LOPES, Hernandes Dias. Gálatas – Comentários Expositivos Hagnos: A carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2012.

2. BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

I. A CIRCUNCISÃO TEM ALGUM VALOR?

1. Estejam firmes na liberdade. Paulo orienta que os gálatas sejam firmes, não vacilantes, na liberdade que receberam do Evangelho (Gl 5.13). Era como se eles devessem assumir uma posição fortificada, e por ela lutassem. Essa posição era a liberdade ofertada por Cristo, que corria o risco de ser perdida caso aderissem de vez à Lei de Moisés e desprezassem o ensino do apóstolo. Toda a pregação de Paulo estaria em risco por conta do desvio doutrinário trazido por legalistas. A perseverança era mais do que ter uma atitude diante de outras pessoas. Era também uma convicção que deveriam ter, de forma pessoal, pois haviam sido libertos por Cristo e tinham, pelo Evangelho, a liberdade de serem considerados filhos de Deus.

 A questão que Paulo levanta em Gálatas não é apenas sobre a circuncisão, mas sobre o coração do Evangelho. Ele abre o capítulo 5 com uma ordem imperativa: “Para a liberdade Cristo nos libertou; permanecei, pois, firmes” (Gl 5.1). O verbo grego stēkete (permanecei firmes) é um chamado militar. A ideia é de alguém em posição de batalha, que não abandona seu posto mesmo quando a pressão aumenta. Paulo não vê a liberdade como uma opção periférica, mas como a própria trincheira onde a fé cristã deve resistir. A liberdade não é simples independência, mas um presente conquistado pela cruz, e negligenciá-la seria trair a vitória de Cristo. A circuncisão, em si, não era um problema cultural ou higiênico, mas teológico. Quando os judaizantes exigiam que os gentios a praticassem, eles não estavam apenas defendendo uma tradição. Estavam, na prática, afirmando que a obra de Cristo não era suficiente para justificar o pecador. Paulo responde de forma radical: “Se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos aproveitará” (Gl 5.2). O termo ōpheleō (aproveitar, beneficiar) indica aqui a anulação de todo o valor da cruz para quem tenta se justificar pela lei. Ou Cristo é suficiente, ou não é nada. Não há meio-termo. É por isso que Hernandes Dias Lopes observa que o legalismo não é mera disciplina, mas um “atentado contra a cruz de Cristo”¹. Essa advertência não ficou presa no passado. Hoje, muitos ainda substituem a confiança no Evangelho por tradições humanas, performances religiosas ou um moralismo sem vida. O risco é cair naquilo que Paulo chama de “yoke of slavery” (zugos douleias), ou seja, um jugo de escravidão que sufoca a alegria da fé (Gl 5.1). A Bíblia de Estudo Pentecostal destaca que esse jugo não se limita a ritos antigos, mas a qualquer tentativa de transformar a vida cristã em um sistema de méritos². Assim como os gálatas, podemos estar cercados de rituais, agendas lotadas e regras, e mesmo assim vazios de Cristo. Paulo insiste que essa liberdade não é uma licença para pecar, mas o privilégio de viver como filhos de Deus, guiados pelo Espírito. Alexandre Coelho lembra que “a liberdade em Cristo é, ao mesmo tempo, libertação do pecado e capacitação para servir em amor”³. Ou seja, não se trata apenas do que deixamos para trás, mas do que abraçamos pela frente: uma vida de santidade, alegria e serviço. A verdadeira liberdade cristã é uma responsabilidade espiritual, não uma permissão para a carne. É nesse ponto que a fé deixa de ser teoria e se torna prática diária: na maneira como lidamos com nossas escolhas, relacionamentos e ministérios. Por isso, precisamos nos perguntar com honestidade: estamos firmes no Evangelho ou vacilantes diante das pressões culturais e religiosas? Assim como Davi pediu a Deus que sondasse o seu coração (Sl 139.23-24), também devemos permitir que o Espírito revele se nossa fé repousa na cruz ou em esforços humanos. A liberdade que Cristo nos deu não é frágil, mas pode ser abandonada por quem a despreza. O apelo de Paulo ecoa para nós hoje: permaneçam firmes. O campo de batalha é real, e a vitória depende de mantermos nossos olhos no Cristo suficiente e glorificado.

1. LOPES, Hernandes Dias. Gálatas – Comentários Expositivos Hagnos: A carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2012.

2. BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

3. COELHO, Alexandre. A Liberdade em Cristo — Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.

2. Não se coloquem debaixo de servidão. Ganhar a liberdade é difícil, mas perdê-la é fácil. Deus pôs em liberdade os filhos de Abraão retirando-os da escravidão egípcia, mas quando chegaram à Terra Prometida, por se esquecerem de Deus, acabaram sendo subjugados pelos povos que não expulsaram daquela terra. Nos dias de Paulo, os romanos subjugavam não apenas Israel, mas também outros povos conhecidos. Os gálatas mesmo tinham os romanos como senhores, e sabiam que a “liberdade” que tinham não era completa. Ao ensinarem sobre a Lei de Moisés como um adicional à graça de Deus, os judaizantes acrescentavam culpa à vida dos gálatas, pois se esses não cumprissem os 613 mandamentos que a Lei possuía, então, por causa de uma única transgressão a um único mandamento, esses gálatas seriam condenados pela Lei toda. Esse é o resultado de trocar o Evangelho pelas obras e pelo esforço próprio. Eles estavam entrando em uma dívida impagável, que por sinal, Cristo já havia quitado. Outra observação é a de que Paulo os responsabiliza pelo abandono da liberdade para se colocarem sob servidão.

 A liberdade que Cristo nos concedeu não pode ser tratada como algo frágil ou descartável. Paulo alerta os gálatas de que voltar-se à Lei é, na prática, renunciar ao dom da graça e escolher novamente a escravidão. O verbo grego usado em Gálatas 5.1, enechesthe (submeter-se, colocar-se sob), carrega a ideia de alguém que, por vontade própria, se deixa dominar por um jugo. Em outras palavras, não se tratava apenas de um engano doutrinário, mas de uma decisão espiritual: trocar a leveza do fardo de Cristo (Mt 11.30) pelo peso insuportável de 613 mandamentos que ninguém jamais conseguiu cumprir plenamente. A história de Israel ilustra essa tensão. O mesmo Deus que libertou os filhos de Abraão da escravidão no Egito também os advertiu que a liberdade exigia fidelidade. No entanto, ao se esquecerem do Senhor e se misturarem com os povos da terra, perderam a herança que lhes havia sido dada e se tornaram cativos novamente (Jz 2.10-14). Paulo lembra aos gálatas que a escravidão espiritual não era apenas uma metáfora distante. Eles conheciam, sob o domínio romano, a diferença entre uma liberdade aparente e uma liberdade verdadeira. E agora estavam correndo o risco de experimentar o mesmo em sua fé: uma vida marcada por práticas religiosas sem vida, mas sem a alegria do Espírito. A gravidade do erro dos judaizantes era tornar o Evangelho um fardo impossível. A Lei não admite falhas; quem tropeça em um só mandamento se torna culpado de todos (Tg 2.10). Assim, o que parecia uma adição piedosa à fé, na realidade, era uma dívida impagável. Como explica Hernandes Dias Lopes, substituir a graça pelo legalismo é “colocar cadeias em quem já foi solto”¹. Por isso, Paulo insiste que os gálatas estavam negando a eficácia da cruz e se colocando sob condenação, quando Cristo já havia quitado essa sentença de uma vez por todas (Cl 2.14). Esse ensino nos leva a refletir sobre nossa própria caminhada. Quantas vezes, mesmo livres em Cristo, ainda escolhemos viver como escravos, medindo nossa espiritualidade pelo que fazemos ou deixamos de fazer, em vez de descansar na suficiência da obra consumada? Alexandre Coelho lembra que a verdadeira liberdade “não é apenas o livramento do pecado, mas a capacitação para servir em amor”². A graça não nos afasta da santidade, mas nos conduz a ela pelo poder do Espírito. A vida cristã, portanto, não é uma luta para conquistar aceitação diante de Deus, mas uma resposta de amor Àquele que já nos aceitou em Cristo. É nesse ponto que a Palavra se torna profundamente pastoral. Paulo responsabiliza os gálatas pela escolha que estavam fazendo, e nós também somos chamados a examinar nossas decisões. Assim como Davi orou pedindo que Deus sondasse o seu coração (Sl 139.23-24), precisamos nos perguntar: estamos vivendo na liberdade do Evangelho ou estamos voltando para velhas prisões? A verdadeira fé se mantém firme naquilo que Cristo já realizou e recusa qualquer jugo que tente substituir a cruz. E esse chamado ecoa até hoje: não voltem para a escravidão. Permaneçam na liberdade conquistada pelo sangue de Jesus.

1. LOPES, Hernandes Dias. Gálatas – Comentários Expositivos Hagnos: A carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2012.

2. COELHO, Alexandre. A Liberdade em Cristo — Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.

3. Guardar a Lei obriga o crente a guardá-la toda. O padrão da Lei é altíssimo, e quando uma pessoa não consegue guardá-la por completo, ela se coloca debaixo de uma maldição. Isso estava acontecendo com os gálatas: por acrescentarem ao Evangelho a guarda da Lei, eles estavam se colocando debaixo de uma servidão não somente desnecessária, mas não planejada por Deus. É possível que os gálatas pensassem que, por viver uma vida antes desregrada, poderia ser interessante se submeterem a um conjunto de regras que lhes desse uma identidade, um direcionamento. Entretanto, a guarda da Lei era um peso até mesmo para os próprios judeus. Pedro, em uma reunião com outros líderes, reconheceu isso quando fariseus crentes exigiram a circuncisão dos gentios que aceitaram a Jesus: “Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós podemos suportar?” (At 15.10). O problema era o pecado que a Lei revelava naqueles que a guardavam. O que Paulo nos mostra é que os judaizantes ensinavam a circuncisão como algo obrigatório, mas que os gálatas tinham a opção de não a fazer: “se vos deixardes circuncidar” (Gl 5.2). Cabia aos crentes não caírem naquele problema. Se guardassem os mandamentos do Senhor, não precisariam passar por uma cirurgia dolorosa e desnecessária. Mais que isso, Deus tinha como objetivo tratar com corações de carne, e não com uma marca na pele dos homens. Quantos problemas podemos evitar se simplesmente observarmos a Palavra de Deus e decidirmos atender ao que estamos aprendendo? Os gálatas é que decidiriam por essa situação.

 Viver a fé cristã sempre foi um desafio entre dois caminhos: confiar na suficiência da cruz de Cristo ou voltar a se apoiar em regras que parecem oferecer segurança. Paulo deixa claro aos gálatas que tentar guardar a Lei significa assumir a obrigação de cumpri-la em sua totalidade. O apóstolo usa um raciocínio implacável: a Lei exige perfeição absoluta, e qualquer falha coloca o homem sob maldição (Gl 3.10). O verbo grego opheiletēs em Gálatas 5.3, traduzido como “devedor”, descreve alguém legalmente obrigado a pagar uma dívida sem ter como quitá-la. É exatamente isso que acontece com quem troca a graça pelo legalismo. A Lei, em sua santidade, não foi dada para salvar, mas para revelar o pecado (Rm 3.20). Os gálatas talvez buscassem na Lei um sentido de identidade e disciplina, já que haviam vivido antes em práticas pagãs desordenadas. Entretanto, Paulo lembra que essa escolha era ilusória. Nem os próprios judeus, acostumados com a tradição mosaica, conseguiram carregar esse fardo. Pedro, no concílio de Jerusalém, reconheceu isso quando declarou que a circuncisão e as exigências da Lei eram “um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar” (At 15.10). O termo grego zygos (jugo) expressa a ideia de um peso que aprisiona e escraviza, em contraste com o jugo suave de Cristo (Mt 11.30). Em outras palavras, aceitar a circuncisão como requisito de fé era colocar-se novamente sob grilhões espirituais que Cristo já havia quebrado. Paulo ainda ressalta que essa decisão era pessoal: “se vos deixardes circuncidar” (Gl 5.2). O condicional mostra que os gálatas tinham a escolha de permanecer firmes no evangelho ou de cair na armadilha do legalismo. Aqui está a profundidade do ensino: o problema não era apenas o ato físico da circuncisão, mas o coração que buscava justificação em algo além da cruz. Deus nunca desejou apenas marcas externas na pele, mas uma transformação interna do coração. A verdadeira circuncisão, como Paulo escreve em Romanos 2.29, é “do coração, no Espírito”. Esse ensino toca nossa realidade hoje. Quantos cristãos ainda medem sua espiritualidade pelo cumprimento de regras externas, esquecendo que o evangelho não é um código de conduta, mas uma nova vida em Cristo? Hernandes Dias Lopes lembra que a tentativa de substituir a graça por ritos “é abandonar o trono da liberdade para sentar-se novamente no banco da escravidão”¹. Alexandre Coelho reforça que a liberdade cristã não é ausência de limites, mas o poder do Espírito para viver em santidade². Logo, obedecer a Cristo não é carregar um peso maior, mas experimentar o cumprimento da promessa do Espírito em nossos corações. Assim, o chamado de Paulo é também o nosso. Precisamos refletir se estamos vivendo pela graça ou se temos, sutilmente, colocado sobre nós pesos que Deus não nos pediu para carregar. A vida cristã não se resume a marcas externas, mas a um coração totalmente rendido ao Senhor. Como Davi, precisamos clamar: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro” (Sl 51.10). A verdadeira liberdade é viver para Cristo com alegria, e não para a Lei com medo. Essa é a escolha que transforma nossa fé em uma experiência real, profunda e libertadora.

1. LOPES, Hernandes Dias. Gálatas – Comentários Expositivos Hagnos: A carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2012.

2. COELHO, Alexandre. A Liberdade em Cristo — Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.

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SUBSÍDIO I

Professor(a), explique aos alunos que “a circuncisão era o costume de cortar o prepúcio da genitália masculina como rito religioso. Os egípcios praticavam a circuncisão, assim como os amonitas, os edomitas, os moabitas e os árabes nômades (Jr 9.25,26). Os filisteus, assírios e gentios em geral eram incircuncisos (Jz 14.3; Ez 32.17-32; Ef 2.11).

A circuncisão é mencionada pela primeira vez na Bíblia como sinal da aliança entre Deus e Abraão (Gn 17.10). O Senhor ordenou que todo homem fosse circuncidado aos oito dias de idade (Gn 17.12; cf. 21.4; Lv 12.3; Lc 1.59; 2.21). A circuncisão era exigida para um homem participar da Páscoa (Êx 12.48) ou adoração no Templo (Ez 44.9: cf. At 21.28,29). Metaforicamente, a circuncisão vai além do sinal físico (Rm 2.28). Em última análise, os inimigos de Deus, circuncidados ou não, serão mortos e colocados na sepultura com os incircuncisos (Ez 32.32). A circuncisão física é inútil se o coração permanece ‘incircunciso’ (Jr 9.25,26; cf. Rm 2.25). A circuncisão do coração é realizada quando a pessoa ama ao Senhor por completo (Dt 10.16; 30.6; Jr 4.4; Rm 2.29), mas os ouvidos incircuncisos são desobedientes (At 7.51). A circuncisão realizada por Cristo ocorre quando a natureza pecaminosa é rejeitada (Cl 2.11). NEle, nem a circuncisão nem a incircuncisão tem valor; o que conta ‘é a fé que opera por amor’ (Gl 5.6).

Na igreja do Novo Testamento, a controvérsia começou no que tange a se os crentes gentios deveriam ser circuncidados (At 15.1-12). Evidentemente, existia um grupo que exigia a circuncisão (At 15.1; Tt 1.10). Paulo argumentou que a circuncisão não era essencial para a fé e comunhão cristã (Gl 6.15; Cl 3.11)”. (Dicionário Bíblico Baker. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, pp.111,112).

II. O FERMENTO LEVEDA TODA A MASSA

1. Separados de Cristo. Guardar a Lei implicava uma matemática estranha: crer em Jesus e fazer a circuncisão. O resultado dessa conta era invalidar o sacrifício de Jesus e se colocar debaixo de uma escravidão. Como membros do Corpo, os gálatas, que deveriam estar ligados a Jesus, mas estavam se separando dEle, e um membro separado do corpo morre. Aceitando a Lei, os gálatas renunciavam a graça. Não dava para ter os dois. Esse não era o plano de Deus.

 O apóstolo Paulo não mede palavras ao advertir os gálatas: “um pouco de fermento leveda toda a massa” (Gl 5.9). O fermento aqui simboliza a doutrina distorcida que parecia inofensiva, mas que tinha poder de corromper toda a fé. A ideia era simples: bastava acrescentar à fé em Cristo a prática da circuncisão. Contudo, o que parecia uma soma espiritual era, na verdade, uma subtração fatal. O verbo grego usado em Gálatas 5.4, katērgēthēte, significa “ser desligado, tornar-se inútil”. Ou seja, ao buscarem justificação pela Lei, os gálatas estavam anulando a eficácia da cruz em suas vidas. Aceitar a circuncisão como requisito de salvação significava mais do que seguir um ritual. Era declarar, na prática, que a obra de Cristo não era suficiente. Paulo compara esse afastamento a um membro que se separa do corpo. Assim como um braço cortado deixa de receber vida e morre, aquele que se desliga de Cristo perde a fonte da graça. Aqui está o ponto central: não há como viver entre dois pactos. Quem se prende à Lei renuncia à graça, e quem abraça a graça descansa totalmente na suficiência da cruz. A tensão é clara: ou Cristo é tudo, ou Cristo não é nada. Essa verdade não é apenas histórica, mas profundamente atual. Quantos cristãos ainda tentam somar à obra da cruz práticas externas, como se Deus exigisse marcas visíveis para validar nossa fé? Hernandes Dias Lopes observa que “voltar à Lei é negar a vitória de Cristo e ressuscitar a escravidão”¹. Alexandre Coelho, em sua obra de apoio, reforça que os gálatas buscavam identidade em regras, mas esqueceram que o evangelho oferece identidade em Cristo². O fermento do legalismo, se não for confrontado, contamina silenciosamente a comunidade, gerando uma espiritualidade pesada e sem vida. Paulo nos convida a examinar nossos corações. Será que também temos tentado acrescentar algo à cruz para sentir que pertencemos a Deus? Será que medimos nossa espiritualidade por marcas externas ou pelo verdadeiro fruto do Espírito? A graça não é licença para o pecado, mas poder para viver em santidade. A Lei mostrou a escravidão do pecado; Cristo mostrou o caminho da liberdade. Em Jesus, temos o que a circuncisão da carne nunca poderia dar: um coração transformado pelo Espírito Santo (Rm 2.29). Por isso, o chamado pastoral é direto: permaneçamos firmes na graça, rejeitando qualquer fermento que tente diminuir a suficiência de Cristo. Não há espaço para meio-termo. Se quisermos viver de verdade, precisamos nos apegar ao evangelho puro, sem acréscimos humanos, e clamar como Davi: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova em mim um espírito reto” (Sl 51.10). Só assim evitaremos a morte espiritual que atinge todo aquele que se separa da vida que está em Cristo.

1. LOPES, Hernandes Dias. Gálatas – Comentários Expositivos Hagnos: A carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2012.

2. COELHO, Alexandre. A Liberdade em Cristo — Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.

2. Corriam bem. No mundo grego, a corrida era um esporte bastante praticado por atletas e soldados. Não tinha um custo financeiro alto, mas exigia do atleta força e resistência. Não bastava ter musculatura, era preciso saber respirar e manter a respiração condicionada ao movimento de projetar o corpo para a frente, continuamente e por um longo tempo, até chegar no destino proposto. Os gálatas corriam bem, diz Paulo. Mas eles pararam. Alguém lhes tirou o fôlego, acrescentando um peso desnecessário. O que eles não perceberam era que, ao aceitar um pequeno “corte de pele”, no próprio corpo, estavam depositando, sem perceber, a sua confiança em ações humanas. Isso implicava parar de confiar em Jesus. Um acontecimento olímpico público pode nos fazer entender o que Paulo diz. O atleta brasileiro Vanderlei Lima corria em 2004 nos jogos olímpicos de Atenas, quando, faltando 7 km, e estando em primeiro lugar na disputa, foi empurrado e segurado por um homem que assistia à corrida, e fazendo com que ele perdesse a vantagem diante dos seus competidores. Ele concluiu a corrida em terceiro lugar, e posteriormente foi homenageado com a medalha Pierre de Coubertin, uma honraria concedida aos que demonstram resistência e ética nas atividades esportivas. Esse exemplo nos mostra que fatores externos podem influenciar negativamente a nossa corrida para a eternidade. Pior do que ser parado, os gálatas estavam desobedecendo à verdade do Evangelho (Gl 5.7).

 Paulo lança uma pergunta que ecoa como advertência: “Vós corríeis bem; quem vos impediu de obedecer à verdade?” (Gl 5.7). No mundo grego, a corrida não era apenas um esporte, mas uma metáfora para disciplina, resistência e perseverança. Atletas e soldados precisavam treinar corpo e respiração para alcançar a meta final. A vida cristã, para Paulo, se assemelha a essa maratona. Os gálatas haviam começado com vigor, movidos pela fé em Cristo, mas permitiram que falsos mestres tirassem-lhes o fôlego, acrescentando pesos desnecessários. O verbo grego usado, enekopsen (νέκοψεν), traduzido como “impedir”, carrega a ideia de alguém que corta o caminho, bloqueando o avanço. Assim, Paulo mostra que eles foram interrompidos em sua corrida espiritual. O problema não era apenas externo, mas interno. Ao aceitar a circuncisão como requisito para a salvação, os gálatas estavam, sem perceber, transferindo sua confiança da cruz para uma marca na carne. A pequena incisão no corpo parecia inofensiva, mas representava uma distorção grave do evangelho. Hernandes Dias Lopes explica que “a graça não pode ser suplementada por obras humanas sem ser corrompida em sua essência”¹. É como se a confiança em Cristo fosse sufocada por um fôlego falso. A fé que antes era viva, agora estava em perigo de se tornar mero ritual. A ilustração da corrida ajuda a compreender o peso dessa verdade. O atleta brasileiro Vanderlei Cordeiro de Lima, nas Olimpíadas de 2004, liderava a maratona até ser interrompido por um espectador que invadiu a pista. Ele perdeu a posição de liderança, mas concluiu a prova em terceiro lugar, ganhando a medalha Pierre de Coubertin pela sua perseverança. Se uma intervenção humana foi capaz de afetar uma corrida visível, quanto mais uma distorção espiritual pode comprometer nossa jornada eterna. O que Paulo denuncia é que os gálatas não apenas foram atrapalhados, mas estavam desobedecendo à verdade (alētheia, λήθεια), ou seja, negando a essência do evangelho (Gl 5.7). A mensagem é clara e urgente: não basta começar bem. A corrida cristã exige constância, foco e vigilância. É possível ser um atleta da fé que inicia a prova com vigor, mas, ao se deixar seduzir por doutrinas estranhas ou práticas aparentemente piedosas, perde o ritmo e se afasta da meta. A Bíblia de Estudo Pentecostal observa que “o desvio dos gálatas não era apenas um detalhe teológico, mas uma ameaça mortal à sua vida espiritual”³. Para Paulo, voltar à Lei era se afastar de Cristo, era parar de correr. Essa advertência serve também para nós hoje. Quantos jovens começam sua vida cristã com paixão, mas permitem que distrações, ideologias ou até tradições religiosas substituam a simplicidade do evangelho? Precisamos perguntar: quem tem cortado o nosso caminho? O que tem roubado nosso fôlego espiritual? A graça não pode ser negociada. O mesmo Espírito que nos colocou na corrida é quem nos sustenta até a linha de chegada. Como Davi, devemos clamar: “sustenta-me com um espírito voluntário” (Sl 51.12). Só assim terminaremos a carreira com alegria, sem deixar que nada nos afaste da verdade do evangelho.

1. LOPES, Hernandes Dias. Gálatas – Comentários Expositivos Hagnos: A carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2012.

2. COELHO, Alexandre. A Liberdade em Cristo — Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.

3. BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

3. O fermento. O fermento biológico é um agente levedante que possui micro-organismos vivos, e que uma vez inserido numa massa, faz com que ela cresça. Ele transforma a condição da massa, aumentando seu volume por meio da fermentação. Na culinária é um excelente recurso para a fabricação de pães e bolos, mas é igualmente uma referência a um elemento que distorce descontroladamente o ambiente em que foi inserido. O fermento dos judaizantes havia sido colocado entre os gálatas e estava crescendo. Uma pitada de uma doutrina errada tem a capacidade de distorcer não só o entendimento dos santos sobre as coisas de Deus, mas pode distorcer também a prática cristã.

 Quando Paulo alerta os gálatas sobre o “fermento” (Gl 5.9), ele não está usando apenas uma metáfora culinária, mas um recurso pedagógico que tem raízes no Antigo Testamento e profundo significado espiritual. No grego, o termo usado é zymē (ζύμη), que significa fermento ou levedura, e que frequentemente carrega a ideia de corrupção silenciosa, de algo que, ainda que pequeno, espalha-se até tomar conta de toda a massa. Assim como na Páscoa judaica todo fermento deveria ser retirado das casas (Êx 12.15), Paulo mostra que uma única distorção doutrinária pode contaminar toda a comunidade de fé. O problema dos gálatas não era teórico, mas prático. O fermento dos judaizantes parecia pequeno, a exigência da circuncisão, uma marca externa no corpo, mas na verdade era um veneno espiritual. Uma vez aceito, crescia dentro da igreja, minando a confiança exclusiva na obra de Cristo. Como bem observa Hernandes Dias Lopes, “a graça, quando misturada a qualquer obra da lei, deixa de ser graça”¹. O mesmo apóstolo que afirmou que um pouco de fermento leveda toda a massa (Gl 5.9) também advertiu os coríntios que o fermento velho deveria ser eliminado, pois somos uma nova massa em Cristo (1Co 5.6-7). Teologicamente, Paulo deixa claro que não existe meio-termo entre lei e graça. O Comentário Bíblico Pentecostal lembra que o acréscimo de práticas legalistas não era apenas uma falha doutrinária, mas um ataque direto ao evangelho². O perigo não estava apenas em “crer errado”, mas em viver errado, pois a prática cristã nasce daquilo que cremos. O fermento da falsa doutrina se infiltra primeiro no pensamento, depois na conduta. Como explica Alexandre Coelho, “quando os gálatas aceitaram o ensino judaizante, a liberdade em Cristo foi substituída por uma escravidão disfarçada de piedade”³. Essa realidade continua atual. Quantos jovens hoje aceitam ideias aparentemente pequenas, mas que corroem a fé: um relativismo aqui, um “Deus entende” ali, até que a confiança exclusiva em Cristo é substituída por confiança em obras, emoções ou filosofias humanas. A Bíblia de Estudo MacArthur enfatiza que “o fermento do erro nunca permanece pequeno; seu destino é sempre se espalhar e dominar, se não for expurgado”. Isso nos leva a uma pergunta pastoral e urgente: temos permitido que fermentos estranhos distorçam nossa fé e prática diária? Como Davi, precisamos clamar: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto” (Sl 51.10). A vida cristã é uma corrida de vigilância e santidade. Precisamos discernir e rejeitar todo fermento que ameaça a pureza do evangelho em nossas igrejas. Que nossa geração seja conhecida não por negociar a fé, mas por viver a integridade do evangelho, mantendo o coração firmado na graça que nos sustenta do início ao fim da carreira.

1. LOPES, Hernandes Dias. Gálatas – Comentários Expositivos Hagnos: A carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2012.

2. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.

3. COELHO, Alexandre. A Liberdade em Cristo — Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.

4. MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. São José dos Campos: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.

SUBSÍDIO II

“Fermento. No Israel bíblico, o fermento usado para fazer pão era um pouco de massa fermentada salva de um lote anterior. Como fermento natural, era adicionado a um novo lote de pão, que crescia devido ao processo de fermentação. Embora a palavra ‘fermento’ seja encontrada em algumas traduções da Bíblia, não há evidências claras de que era conhecido pelo antigo Israel. O ensino bíblico muitas vezes vê o fermento como algo a ser evitado. É assim porque a fermentação estava ligada a corrupção, que implicava impureza para Israel. O fermento era proibido durante a Páscoa e a Festa dos Pães Asmos para lembrar ao povo de Israel que ele deixou o Egito às pressas, sem tempo para o pão crescer (Êx 12.15-20,39). O pão fermentado era proibido nos holocaustos (Lv 2.11), mas permitido quando trazido como primícias, oferta de ações de graças, oferta pacífica ou oferta de movimento durante a Festa das Semanas (Lv 2.12; 7.13; 23.17). Assim era, porque possivelmente seria comido pelos adoradores e sacerdotes, e não queimado no altar.

No Novo Testamento, o fermento geralmente mantém as suas conotações negativas. Jesus instruiu os discípulos a tomar cuidado com o fermento — o ensino — dos fariseus e saduceus (Mt 16.6-12). Paulo ensinou que o pecado de um, como o fermento, pode corromper a muitos (1Co 5.6-8). Ele também escreveu que o legalismo perverte o evangelho da mesma forma como o fermento trabalha na massa (Gl 5.9). Positivamente, Jesus comparou o crescimento do Reino de Deus ao fermento, que se espalha invisivelmente por uma grande quantidade de massa (Mt 13.33).” (Dicionário Bíblico Baker. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.196).

III. LIBERDADE X CARNALIDADE

1. A condenação dos falsos ensinadores. “Eu quereria que fossem cortados aqueles que vos andam inquietando (v.12)”. Há um ditado popular que ilustra essa sentença: “o mal se corta pela raiz”. Paulo mostra que os perturbadores dos gálatas seriam condenados. Eles não ficariam impunes, pois estavam atrapalhando o Evangelho com uma mensagem legalista.

 Paulo não mede palavras quando fala dos falsos mestres que estavam perturbando os gálatas. No versículo 12 ele declara: “Eu quereria que se mutilassem aqueles que vos andam perturbando”. O verbo usado por ele é apokóptō (ποκόπτω), que significa cortar fora, amputar, eliminar completamente. Não é apenas uma figura de linguagem forte; é a forma de Paulo mostrar que o mal não pode ser tratado com suavidade, mas deve ser arrancado pela raiz, antes que destrua a fé de toda a comunidade. O problema não era apenas teórico. Os judaizantes apresentavam uma mistura perigosa: pregavam Cristo, mas acrescentavam a necessidade de obras da lei, como a circuncisão. Essa combinação adulterava o evangelho, porque transformava a graça em mérito humano. Como explica Hernandes Dias Lopes, “a graça, quando deixa de ser absoluta, deixa de ser graça”¹. Para Paulo, isso era inaceitável, porque anulava a cruz de Cristo. A palavra usada em Gálatas 5.7-12 deixa claro que quem distorce a mensagem da cruz se coloca contra Deus e será julgado por Ele. A severidade da linguagem do apóstolo pode chocar os leitores modernos, mas revela uma verdade fundamental: o evangelho não tolera concorrentes. Gordon Fee lembra que o evangelho não é apenas uma mensagem de fé, mas uma experiência transformadora que depende inteiramente da obra do Espírito². Qualquer ensino que desvie dessa centralidade é fermento que corrói a vida espiritual. Alexandre Coelho reforça que a estratégia dos judaizantes não era apenas doutrinária, mas pastoral: “eles procuravam ganhar influência e domínio sobre os gálatas, minando a liberdade que há em Cristo”³. Essa advertência continua necessária para nós. O mundo contemporâneo apresenta novos “judaizantes”: ideologias, espiritualidades alternativas, teologias distorcidas que se infiltram sorrateiramente nas igrejas. Algumas parecem pequenas e inofensivas, mas trazem o mesmo perigo: tirar nossa confiança exclusiva de Cristo. A Bíblia de Estudo MacArthur observa que “falsos mestres sempre prometem algo a mais, mas o resultado é sempre menos do que o evangelho”. Aqui está o chamado pastoral: será que temos permitido que mensagens distorcidas se alojem em nossa fé, nossas comunidades e até em nossa pregação? Davi orava pedindo um coração puro e renovado (Sl 51.10). Nós também precisamos clamar por discernimento, coragem e fidelidade, para rejeitar todo falso evangelho e viver a liberdade que Cristo conquistou. Como jovens e líderes da igreja, somos chamados a proteger a pureza do evangelho, porque só ele tem poder para salvar, santificar e conduzir-nos até a glória.

1. LOPES, Hernandes Dias. Gálatas – Comentários Expositivos Hagnos: A carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2012.

2. FEE, Gordon D. Paul, the Spirit, and the People of God. Peabody: Hendrickson, 1996.

3. COELHO, Alexandre. A Liberdade em Cristo — Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.

4. MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. São José dos Campos: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.

2. Dando ocasião à carne. Outro perigo pelo qual aquelas igrejas passavam era dar ocasião à natureza humana por observarem a Lei. Paulo fala que a liberdade que receberam não poderia ser utilizada para que a carne prevalecesse. Os gálatas deveriam se valer da liberdade que ganharam em Cristo para servirem melhor a Deus e uns aos outros: “Não useis, então, da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor (v.13)”. O serviço cristão é um ponto forte da vida de fé, pois é necessário que tenhamos comunhão uns com os outros. Escravos brigam entre si. Filhos ajudam-se uns aos outros.

 A liberdade cristã é um dom precioso, mas também um campo de batalha. Paulo sabia que os gálatas corriam o risco de transformar esse dom em desculpa para satisfazer os desejos da carne. Por isso, ele adverte: “Não useis da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor” (Gl 5.13). A palavra grega para “ocasião” é aphorm (φορμή), que significa ponto de partida, base de operações ou trincheira de ataque. Em outras palavras, Paulo está dizendo que a liberdade conquistada por Cristo não pode se tornar a plataforma de onde a carne lança seus ataques contra a vida espiritual. É importante perceber que Paulo não contrapõe apenas “carne” e “espírito” como forças internas em conflito, mas mostra que a carne se revela de forma prática, nas relações. O egoísmo, a rivalidade e a falta de amor são frutos de uma liberdade mal interpretada. A Bíblia de Estudo MacArthur observa que a verdadeira liberdade não é “liberdade para pecar”, mas “liberdade do pecado”¹. Alexandre Coelho reforça que a liberdade deve conduzir ao serviço mútuo, não ao isolamento ou à competição². A liberdade mal usada gera escravidão; já a liberdade guiada pelo Espírito gera comunhão. A metáfora usada por Paulo é poderosa. Escravos brigam entre si porque vivem em ambiente de opressão, mas filhos ajudam uns aos outros porque compartilham da mesma herança. Hernandes Dias Lopes lembra que “a liberdade cristã não nos foi dada para viver como bem entendemos, mas para viver como Deus quer”³. O verbo usado por Paulo para “servir” é douleuō (δουλεύω), que significa literalmente “ser escravo”. A ironia é clara: Cristo nos libertou da escravidão da lei, mas agora essa liberdade só encontra sentido quando nos tornamos “escravos uns dos outros” em amor. Não é servidão imposta, mas serviço voluntário, fruto de um coração transformado pelo Espírito. Esse ensino atinge diretamente a vida da igreja hoje. Muitos jovens pensam que liberdade significa ausência de limites, mas Paulo ensina o contrário: liberdade sem amor se torna anarquia espiritual. Gordon Fee destaca que o Espírito Santo não apenas nos liberta da carne, mas nos capacita a viver em comunidade, cultivando amor, paciência e humildade. Isso é extremamente prático: usar nossa liberdade para servir no culto, para acolher um irmão ferido, para perdoar alguém que nos ofendeu. A liberdade não é palco para o ego, mas espaço para o amor agir. Diante disso, precisamos nos perguntar: o que temos feito com a liberdade que Cristo nos deu? Ela tem sido uma base de operações para a carne ou para o amor? O salmista Davi, consciente de suas fraquezas, clamava: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova em mim um espírito reto” (Sl 51.10). Esse é também o clamor que devemos levantar hoje. Que a nossa liberdade não se transforme em tropeço, mas em oportunidade de manifestar o caráter de Cristo no serviço humilde e amoroso ao próximo.

1. MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. São José dos Campos: Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.

2. COELHO, Alexandre. A Liberdade em Cristo — Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.

3. LOPES, Hernandes Dias. Gálatas – Comentários Expositivos Hagnos: A carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2012.

4. FEE, Gordon D. Paul, the Spirit, and the People of God. Peabody: Hendrickson, 1996.

3. O cuidado de uns para com os outros. A prática da liberdade cristã nos impulsiona a cuidar uns dos outros. Se os gálatas desejavam guardar a Lei, que se lembrassem do mandamento “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Parece que na Galácia os judaizantes conseguiram não somente atrapalhar o entendimento da salvação pela graça, mas também gerar conflitos entre os irmãos, pois Paulo escreve: “Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede não vos consumais também uns aos outros (v.15)”. Como crianças que estão em um momento de descontração e poderiam fazer muitas coisas juntas, decidem brigar umas com as outras porque não querem esperar a sua vez ou por discordarem de uma atividade em conjunto. A liberdade mal direcionada e mal vivida pode trazer a destruição.

 A verdadeira liberdade cristã sempre nos conduz para fora de nós mesmos e nos chama a cuidar uns dos outros. Paulo recorda aos gálatas que a essência da lei se cumpre em uma única sentença: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Gl 5.14). O apóstolo percebeu que os judaizantes não apenas distorciam a mensagem da graça, mas também alimentavam divisões internas. Em vez de comunhão, havia disputas; em vez de unidade, havia rivalidades. Por isso, Paulo os alerta: “Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede que não sejais mutuamente destruídos” (Gl 5.15). A imagem é forte: crentes que deveriam ser família estão agindo como animais selvagens. O termo grego usado por Paulo para “morder” (dakno, δάκνω) traz a ideia de ferir com hostilidade, enquanto “devorar” (katesthiō, κατεσθίω) significa consumir por completo, como fogo que destrói tudo em seu caminho. Ou seja, a liberdade mal entendida pode se tornar combustível para a destruição mútua. A Bíblia de Estudo Pentecostal lembra que a vida cristã só floresce quando é regada pelo amor; sem isso, a igreja se torna campo de batalhas internas¹. Alexandre Coelho observa que a igreja da Galácia corria o risco de perder sua identidade missionária porque se ocupava mais em discutir do que em servir². Essa advertência não é distante da nossa realidade. Quantas comunidades hoje se fragilizam não por ataques externos, mas por conflitos internos? Hernandes Dias Lopes afirma que a igreja não precisa de inimigos quando permite que a falta de amor corroa suas relações³. A liberdade que Cristo nos deu nunca é uma permissão para o egoísmo, mas um chamado ao serviço humilde. O Comentário Bíblico Beacon reforça que a liberdade cristã não se define pela ausência de restrições, mas pela presença do amor que se doa em favor do outro. O contraste que Paulo apresenta é decisivo: ou usamos a liberdade para construir relacionamentos saudáveis, ou ela se torna o estopim da divisão. Escravos brigam porque não conhecem a herança; filhos se ajudam porque compartilham do mesmo Pai. Gordon Fee lembra que o Espírito é quem nos habilita a viver em comunhão e a refletir o caráter de Cristo no cuidado mútuo. Isso é profundamente prático: envolve ouvir antes de falar, perdoar antes de julgar, acolher antes de excluir. Diante desse texto, a pergunta inevitável é: como temos usado a liberdade em Cristo em nossa vida comunitária? Davi, em sua oração de arrependimento, reconheceu que precisava de um coração novo para viver em retidão (Sl 51.10). Esse clamor também precisa ser nosso. A liberdade que Cristo nos deu não é terreno para disputas, mas espaço para o florescimento do amor. Uma igreja que se devora está se destruindo; mas uma igreja que se serve em amor está antecipando aqui e agora a realidade do Reino de Deus.

1. BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

2. COELHO, Alexandre. A Liberdade em Cristo — Vivendo o verdadeiro Evangelho conforme a Carta de Paulo aos Gálatas. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.

3. LOPES, Hernandes Dias. Gálatas – Comentários Expositivos Hagnos: A carta da liberdade cristã. São Paulo: Hagnos, 2012.

4. Comentário Bíblico Beacon. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.

5. FEE, Gordon D. Paul, the Spirit, and the People of God. Peabody: Hendrickson, 1996.

SUBSÍDIO III

“O conflito espiritual no interior dos crentes envolve a pessoa como um todo — mente, corpo e espírito. A luta é entre ceder às suas próprias tendências pecaminosas e novamente submeter-se ao controle do pecado, e se entregar às exigências do Espírito e permanecer sob a autoridade e o controle de Deus (v.16; Rm 8.4-14). A batalha é travada no interior dos próprios cristãos e o conflito continuará durante todas as suas vidas terrenas, para que eles finalmente reinem com Cristo (Rm 7.7-25; 2Tm 2.12; Ap 12.11). No entanto, confiando no poder do Espírito Santo e obedecendo à sua orientação, um cristão derrotará os seus desejos ímpios e vencerá a batalha contra a natureza pecaminosa (v.16).” (Bíblia de Estudo Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.1632).

CONCLUSÃO

É possível que o legalismo tenha atraído pessoas e feito com que pensassem que eram mais santas e serviam melhor a Deus, mas Paulo nos mostra que se o Espírito Santo não agir em nossas vidas, de nada servirá guardar regras. Praticar as obras da Lei era pegar um desvio que os levaria para fora do caminho pretendido por Deus. Somos livres para andar no Espírito, ser guiados por Deus e usufruir das bênçãos da salvação e da adoção de filhos que recebemos, e não podemos trocar essas graças por práticas que vão exaltar a nossa humanidade e diminuir o poder do sacrifício feito pelo Senhor em nosso lugar.

 A liberdade que Cristo nos concedeu não é um convite ao egoísmo, à disputa ou à indiferença. Ela é, acima de tudo, uma oportunidade para refletirmos o coração de Deus em cada relacionamento, em cada palavra e em cada ação. Paulo nos alerta que a liberdade mal usada não apenas enfraquece a fé, mas corrói a própria comunidade, transformando irmãos em adversários e a igreja em campo de batalha. A imagem de “morder e devorar uns aos outros” não é apenas figurativa; ela revela a destruição silenciosa que ocorre quando permitimos que a carne domine nossas escolhas e nossos afetos. O verdadeiro discípulo não vive isolado, nem apenas para si mesmo. Como filhos de Deus, somos chamados a caminhar juntos, fortalecendo uns aos outros, sustentando-nos na graça e manifestando o fruto do Espírito em atos concretos de amor. O grego agapē (γάπη) que Paulo enfatiza não é apenas sentimento, mas decisão e ação deliberada, expressa na paciência, no perdão, na atenção às necessidades do próximo e no cuidado mútuo. A liberdade em Cristo nos torna capazes de viver de forma que a igreja floresça, tornando-se um reflexo vivo do Reino aqui na Terra. O chamado final é urgente: examine seu coração, jovem cristão. Pergunte a si mesmo se sua liberdade tem servido ao ego, ou se tem sido instrumento de edificação. Lembre-se de Davi, que clama por um coração puro e contrito (Sl 51.10), e perceba que a liberdade verdadeira só se manifesta quando sua vida está subordinada à graça, à unidade e ao amor que Cristo nos ensinou. A escolha é clara: ou permitimos que a liberdade se transforme em destruição, ou usamos essa mesma liberdade como força regeneradora, capaz de transformar nossas relações, nossa igreja e nosso mundo. O Evangelho não é apenas uma doutrina para ser entendida; é uma vida a ser vivida. E viver em liberdade não é caminhar sozinho, mas caminhar junto, apoiando, corrigindo com amor, servindo sem esperar retorno. Assim, a igreja deixa de ser apenas um espaço religioso e se torna uma família viva, onde a graça de Deus é visível em cada gesto, em cada palavra, em cada ato de serviço. A decisão está diante de nós: abraçar a liberdade de Cristo para servir ou sucumbir à tentação da carne e ao orgulho pessoal. Que cada jovem que lê estas palavras possa olhar para dentro e escolher, hoje e sempre, a via do amor, da unidade e da santidade, construindo uma fé que não apenas se conhece, mas que se experimenta e transforma. Para esta preciosa lição, tiramos três aplicações práticas para o jovem cristão:

1. Relacionamentos intencionais: Avalie se suas palavras e atitudes fortalecem ou ferem seus irmãos. Procure oportunidades de encorajar, perdoar e restaurar relações quebradas.

2. Serviço ativo na comunidade: Use sua liberdade para servir em ministérios, grupos de estudo e projetos sociais, lembrando que o amor prático é a manifestação mais clara do Evangelho.

3. Disciplina pessoal e espiritual: Cultive hábitos de oração, leitura bíblica e submissão à liderança espiritual, mantendo a liberdade guiada pelo Espírito, evitando que desejos egoístas corroam sua vida e a comunidade.

Viva para a máxima glória do Nome do Senhor Jesus!

Meu ministério aqui é um chamado do coração: compartilhar o ensino da Palavra de Deus de forma livre e acessível, para que você, irmão ou irmã em Cristo, possa crescer na fé e no conhecimento das Escrituras, sem barreiras, com subsídios preparados por um Especialista em Exegese Bíblica do Novo Testamento.

       Todo o material que ofereço é fruto de oração, estudo e dedicação, e está disponível gratuitamente para que a luz do Evangelho alcance ainda mais vidas sedentas pela verdade. Porém, para que essa missão continue firme, preciso da sua ajuda.

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HORA DA REVISÃO

1. De acordo com a lição, o que era a perseverança que Paulo esperava dos gálatas?

A perseverança era mais do que ter uma atitude diante de outras pessoas. Era também uma convicção que deveriam ter, de forma pessoal, pois haviam sido libertos por Cristo e tinham, pelo Evangelho, a liberdade de serem considerados filhos de Deus.

2. Nos dias de Paulo quem subjugava Israel?

Nos dias de Paulo, os romanos subjugavam não apenas Israel, mas também outros povos conhecidos.

3. Segundo a lição, qual é o resultado de trocar o Evangelho pelas obras e pelo esforço próprio?

Esse é o resultado de trocar o Evangelho pelas obras e pelo esforço próprio. Eles estavam entrando em uma dívida impagável, que por sinal, Cristo já havia quitado.

4. O que os judaizantes ensinavam, mas que os gálatas tinham a opção de não fazer?

Os judaizantes ensinavam a circuncisão como algo obrigatório, mas que os gálatas tinham a opção de não a fazer: “se vos deixardes circuncidar” (Gl 5.2). Cabia aos crentes não caírem naquele problema.

5. O que implicava guardar a Lei?

Guardar a Lei implicava uma matemática estranha crer em Jesus e fazer a circuncisão. O resultado dessa conta era invalidar o sacrifício de Jesus e se colocar debaixo de uma escravidão.