TEXTO PRINCIPAL
“Põe-te à porta da Casa do SENHOR, e proclama
ali esta palavra, e dize: Ouvi a palavra do SENHOR, todos de Judá, vós os que
entrais por estas portas, para adorardes ao SENHOR.” (Jr 7.2).
ENTENDA O TEXTO PRINCIPAL:
👉
Jr 7:1–15 é o chamado “sermão do templo”. Jeremias é instruído a falar no
pórtico/portão do templo diretamente ao povo que ali se ajuntava para cultuar.
A escolha do local é deliberada: o profeta confronta publicamente a
religiosidade oficial que presume segurança por causa do templo, enquanto a
vida ética do povo estava em ruínas. Esse diagnóstico e a ironia do texto
(culto exterior x vida corrupta) são observadas por estudos e comentários sobre
o “Temple-Sermon”.
עמד בשער
בית יהוה
(âmod be-shaʻar beit-YHWH) Põe-te à porta da casa do Senhor O verbo עמד
(ʿâmad):
posta do profeta estar firme, ocupar posição pública. שער (shaʻar)
= porta/portão; na cultura israelita o portão era lugar de negócio, audiência e julgamento, lugar de decisão pública. Colocar o profeta ali significa levar a
palavra do tribunal divino ao espaço público onde o povo pensa estar seguro. A
exortação para “estar no portão” tem, portanto, forte carga simbólica e
judicial (ou seja: proclamar diante da comunidade que toma decisões). וקראת שם את־הדבר הזה (ve-qārāṯ šām et-ha-dābār hā-zēh) e proclama ali esta palavra O verbo קרא (qārā) no imperativo/infinitivo com demonstrativo הזה (hazeh), “esta palavra” dá ênfase: não é um conselho genérico, mas uma mensagem específica, urgente e determinativa do
SENHOR. O profeta não
improvisa; ele anuncia uma palavra autoritativa de julgamento e chamado ao
arrependimento. ושמעת דבר־יהוה / שמעו
דבר־יהוה (shim‘û devar-YHWH) Ouví (ouçam) a palavra do SENHOR A forma שִׁמְעוּ (shim‘û) vem da raiz שמע
(shamaʻ). Em hebraico bíblico “ouvir” (= shamaʻ) freqüentemente carrega a nuance ouvir + obedecer, ouvir com atenção que resulta em resposta prática. Não é mero captar som, mas disposição a acatar a ordem divina.
Lexicografia e uso bíblico
ligam explicitamente shamaʻ à obediência covenantal. כל־יהודה / הבאים
בשערים האלה
להשתחות ליהוה
(kol-Yehudah… ha-bāʼîm ba-sha‘arîm ha-ʾēlê le-hishtachavot la-YHWH) todos de Judá, os que entram por estas portas para se
curvar/adorar ao SENHOR O
alcance é nacional: “toda Judá” e, mais especificamente, aqueles que “entram
por estas portas para adorar”, isto é, o público do culto. A ironia é
explícita: o texto fala diretamente com os cultuadores, que acham que a sua
entrada no templo lhes garante proteção, enquanto suas vidas não correspondem à
aliança. Comentadores sublinham que isso provavelmente aconteceu durante grande
ajuntamento (festa ou dia de culto público), ocasião em que muitos “de Judá”
estariam presentes. Posicionamento público da Palavra: ordenar Jeremias a
“pôr-se no portão” é uma estratégia profética, confrontar o povo onde ele se
sente seguro (no templo) para mostrar que presença ritual não substitui justiça
e obediência. ‘Ouvir’ como obrigação covenantal: o chamado “shamaʻ” remete à linguagem deuteronômica (“ouve e obedece”), ouvir a Deus significa obedecer à aliança. O profeta exige escuta que resulte em
arrependimento prático,
não em mera liturgia. Juízo contra
confiança ritualista: a oferta do templo não cancela a exigência ética da
aliança. A estrutura do capítulo mostra que, depois do convite à escuta, vem a
chamada a “corrigir os caminhos e ações” (v.3) e a denúncia da confiança em
palavras vãs (“este é o templo do SENHOR…”). O versículo inaugura, portanto, um
confronto entre culto e comportamento.
• O texto nos adverte: entrar na
igreja não substitui viver como povo da aliança. O “ouvir” que Deus exige
transforma comportamento para com o justo, o órfão, a viúva e o estrangeiro (o
resto do sermão em Jr 7).
• O portão sugere que a proclamação
do evangelho deve ser pública e corajosa, palavra que denuncia conivência, e
chama ao arrependimento.
• Hoje como ontem, Deus chama os que
“entram para adorar” a avaliar se a adoração é coerente com a prática: cultuar
sem justiça é religião vã.
Jeremias foi enviado a um povo que se
aglomerava na Casa do SENHOR e que, paradoxalmente, recusava a obediência. Deus
ordena: põe-te no portão, grita esta palavra, exige que eles ouçam, e ouvir em
hebraico sempre pede conversão de vida. A advertência permanece: a segurança
não está no espaço sagrado, mas na fidelidade ao Deus que fala. Ouça o Senhor
hoje; ouvir a palavra de Deus implica obedecê-la e deixar que ela transforme
suas ações.
RESUMO DA LIÇÃO
A justiça divina é reafirmada na exortação feita,
tanto ao povo de Judá quanto à liderança política e religiosa.
ENTENDA O RESUMO DA LIÇÃO:
👉
A exortação profética dirigida por Deus não apenas corrige o povo comum de
Judá, mas também desmascara e confronta com firmeza a responsabilidade da
liderança política e religiosa; nela, a justiça divina é reafirmada como
absoluta, imparcial e inegociável, revelando que nenhum nível da sociedade está
isento de prestar contas diante do Senhor.
TEXTO
BÍBLICO
Jeremias 7.1-15.
👉
Jeremias 7.1-15 é uma denúncia contra a religiosidade vazia, o autoengano
espiritual e a falsa confiança em ritos e lugares sagrados. Deus exige
arrependimento verdadeiro, justiça social e obediência. O templo, sem
santidade, não passa de um prédio condenado ao juízo. A grande lição é que não
é o templo que nos salva, mas o Deus do templo. Se nossa fé estiver em símbolos
e não no Senhor, estamos correndo para o exílio espiritual.
1. A palavra que foi dita a Jeremias pelo
SENHOR, dizendo:
👉
Aqui começa o famoso “Sermão do Templo”. Deus envia Jeremias a confrontar
diretamente o povo em um lugar considerado sagrado. A Bíblia de Estudo
Pentecostal observa que isso ressalta a autoridade divina da mensagem.
MacArthur destaca que não era uma palavra humana, mas revelação direta de Deus.
A Plenitude lembra que o templo seria palco de denúncia, não de conforto.
2. Põe-te à porta da Casa do SENHOR, e
proclama ali esta palavra, e dize: Ouvi a palavra do SENHOR, todos de Judá, vós
os que entrais por estas portas, para adorardes ao Senhor.
👉
Jeremias devia se posicionar na entrada do templo, local de maior fluxo de
adoradores. O sermão seria público e inevitável. A Bíblia Pentecostal nota que
isso expunha a hipocrisia de adorar a Deus sem mudar de vida. MacArthur frisa
que Deus confronta a falsa segurança no templo físico. A Plenitude enfatiza a
solenidade: o chamado era para todo Judá ouvir.
3. Assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus
de Israel: Melhorai os vossos caminhos e as vossas obras, e vos farei habitar
neste lugar.
👉
A condição era clara: só haveria permanência em Judá se houvesse
arrependimento. Pentecostal: arrependimento envolve mudança prática, não só
ritual. MacArthur: Deus exige santidade e justiça, não apenas culto formal. Plenitude:
a autoridade de “Senhor dos Exércitos” mostra que quem fala é o Deus que
governa todas as forças, não uma divindade local.
4. Não vos fieis em palavras falsas, dizendo:
Templo do SENHOR, templo do Senhor, templo do Senhor é este.
👉
O povo repetia uma espécie de mantra religioso, confiando na presença do templo
como garantia automática de proteção. Pentecostal: era um autoengano
espiritual. MacArthur: essa expressão era um “slogan enganoso”, semelhante ao
uso indevido de símbolos religiosos. Plenitude: uma advertência contra
religiosidade vazia que mascara pecado.
5. Mas, se deveras melhorardes os vossos
caminhos e as vossas obras, se deveras fizerdes juízo entre um homem e entre o
seu companheiro,
👉
Deus mostra que o verdadeiro culto se manifesta em justiça social e santidade.
Pentecostal: a fé deve ser acompanhada por obras de misericórdia. MacArthur: o
pecado de Judá não era falta de religiosidade, mas de obediência moral.
Plenitude: cuidar do próximo é evidência do amor a Deus. Sem isso, o culto é
inválido.
6. se não oprimirdes o estrangeiro, e o
órfão, e a viúva, nem derramardes sangue inocente neste lugar, nem andardes
após outros deuses para vosso próprio mal,
7. eu vos farei habitar neste lugar, na terra
que dei a vossos pais, de século em século.
👉
A bênção de permanecer na terra dependia da obediência. Pentecostal: a posse da
terra era condicional. MacArthur: a promessa de habitar não era automática, mas
ligada ao arrependimento. Plenitude: a fidelidade à aliança determinava o
futuro da nação.
8. Eis que vós confiais em palavras falsas,
que para nada são proveitosas.
👉
O povo estava iludido por líderes religiosos que proclamavam mensagens de paz
sem arrependimento. Pentecostal: há sempre falsos mestres que reforçam o
engano. MacArthur: as palavras falsas eram slogans sem poder real. Plenitude: a
fé em mentiras conduz à destruição.
9. Furtareis vós, e matareis, e cometereis
adultério, e jurareis falsamente, e queimareis incenso a Baal, e andareis após
outros deuses que não conhecestes,
👉
Judá vivia em pecado deliberado e usava o templo como “refúgio religioso” para
legitimar sua impiedade. Pentecostal: um retrato da religiosidade hipócrita.
MacArthur: um abuso da graça, transformando o templo em cúmplice do pecado.
Plenitude: denuncia a incoerência entre vida e culto, algo que Deus rejeita.
10. e então vireis, e vos poreis diante de mim
nesta casa, que se chama pelo meu nome, e direis: Somos livres, podemos fazer
todas estas abominações?
11. É, pois, esta casa, que se chama pelo meu
nome, uma caverna de salteadores aos vossos olhos? Eis que eu, eu mesmo, vi
isso, diz o Senhor.
👉
Jesus citará este versículo ao purificar o templo (Mt 21.13). Pentecostal: a
casa de Deus não pode ser usada como abrigo de pecadores impenitentes.
MacArthur: “covil de ladrões” significa lugar onde se escondem criminosos, não
onde se transformam. Plenitude: alerta contra transformar a religião em escudo
para a maldade.
12. Mas ide agora ao meu lugar, que estava em
Siló, onde, no princípio, fiz habitar o meu nome, e vede o que lhe fiz por
causa da maldade do meu povo de Israel.
👉
Deus lembra que já havia destruído o tabernáculo em Siló por causa da rebeldia
de Israel. Pentecostal: prova de que nem mesmo lugares sagrados são imunes ao
juízo divino. MacArthur: um exemplo histórico para provar que o templo de
Jerusalém também não seria poupado. Plenitude: Siló é um símbolo da presença
rejeitada por causa do pecado.
13. Agora, pois, porquanto fazeis todas estas
obras, diz o SENHOR, e eu vos falei, madrugando e falando, e não ouvistes,
chamei-vos, e não respondestes,
👉
A raiz do problema era a obstinação em rejeitar a Palavra. Pentecostal:
desobediência persistente endurece o coração. MacArthur: a paciência divina tem
limites. Plenitude: Deus insiste em falar, mas o povo escolhe não ouvir.
14. farei também a esta casa, que se chama
pelo meu nome, na qual confiais, e a este lugar, que vos dei a vós e a vossos
pais, como fiz a Siló.
👉
O templo não era um amuleto; poderia ser destruído como já acontecera antes.
Pentecostal: o juízo de Deus é real e imparcial. MacArthur: a destruição do
templo seria a prova de que a confiança do povo era falsa. Plenitude: não há
privilégio que resista à desobediência.
15. E vos arrojarei da minha presença, como
arrojei a todos os vossos irmãos, a toda a geração de Efraim.
👉
O clímax do juízo: o exílio. Pentecostal: afastar-se da presença de Deus é a
pior consequência do pecado. MacArthur: a referência a Efraim (o reino do
Norte) é um aviso: o mesmo juízo cairá sobre Judá. Plenitude: a rejeição da
presença divina é a sentença mais dura que o homem pode experimentar.
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INTRODUÇÃO
O capítulo 7 do livro de Jeremias
registra a mensagem que ele transmitiu à porta do Templo em Jerusalém. Embora
as pessoas continuassem a cumprir com as práticas litúrgicas do culto, o Senhor
as reprovava. Na lição deste domingo, vamos discorrer a respeito do perigo da
apostasia, da falsa adoração e do mal que uma vida cristã sem compromisso com a
verdade de Deus é capaz de fazer. Este estudo é um alerta para a Igreja na
atualidade. Ao ouvir a voz do Senhor, não endureça seu coração como fez o povo
de Judá.
👉
O capítulo 7 de Jeremias nos leva a uma cena impressionante: o profeta está em
pé à porta do Templo de Jerusalém. Ali, onde multidões entravam para adorar,
ele ergue a voz com uma mensagem que cortava como espada: “Corrijam a sua
conduta e as suas ações, e eu os deixarei viver neste lugar” (Jr 7.3, NVI). O
verbo usado para “corrigir” vem do hebraico yatav, que significa “tornar bom,
alinhar com o padrão certo”. Deus não estava preocupado apenas com rituais; Ele
exigia transformação de vida. O povo, porém, se iludia. Cumpria liturgias,
oferecia sacrifícios e repetia fórmulas religiosas. Mas o Senhor denunciava a
contradição: eles frequentavam o Templo, mas voltavam para casa a fim de
oprimir o próximo, praticar injustiça e servir a outros deuses. O culto havia
se tornado vazio, um teatro espiritual. A raiz do problema era a falsa
adoração. Não é apenas quando alguém se curva diante de um ídolo de pedra, mas
sempre que o coração se afasta da verdade e da santidade de Deus, mesmo estando
presente na igreja. Perceba o perigo: quando a vida não corresponde à fé
professada, surge a apostasia, isto é, o abandono interno da aliança com Deus,
ainda que externamente pareça haver religiosidade. A palavra apostasia, do
grego apostásis, significa “afastar-se, romper”. Foi isso que Judá fez: rompeu
com a fidelidade ao Senhor, mesmo estando no Templo. Como nos lembra o
comentarista da lição, o pastor Elias Torralbo, “a maior tragédia espiritual é
crer que estamos bem com Deus apenas porque estamos em um lugar sagrado” (TORRALBO,
2019, p. 47). O mesmo risco ronda a igreja hoje. Quantos de nós ainda confundem
presença física no culto com verdadeira devoção? Quantas vezes repetimos “estou
na casa de Deus”, mas sem entregar o coração ao Deus da casa? A advertência de
Jeremias ecoa para os nossos dias: não adianta levantar as mãos no louvor se
elas estão sujas de egoísmo, mentira ou injustiça (Is 1.15). O Senhor exige
vida reta, não apenas aparência piedosa. Esta lição nos leva a uma séria e
urgente reflexão: será que a nossa vida tem sido coerente com o evangelho que
professamos? Será que o nosso culto tem sido verdadeiro ou apenas um costume
social, um hábito vazio? Jeremias não pregava apenas para os judeus; pelo
Espírito, ele fala conosco. Não podemos repetir os erros do passado. Não
podemos brincar de cristãos. A lição de hoje é um convite a uma escolha
radical: endurecer o coração como Judá e colher juízo, ou abrir o coração em
arrependimento e experimentar a misericórdia de Deus. O Senhor ainda chama
jovens, famílias e igrejas inteiras a um cristianismo vivo, comprometido com a
verdade. Como escreveu o saudoso pastor e teólogo pentecostal Antônio Gilberto,
“a Palavra de Deus não é para adornar a liturgia, mas para transformar a vida”
(GILBERTO, 2002, p. 119). Portanto, querido aluno, este estudo é mais que
teoria: é um espelho espiritual. O Espírito Santo nos convida a examinar se a
nossa fé é genuína ou apenas aparência. Se ouvirmos hoje a Sua voz, não
endureçamos o coração (Hb 3.15). Cristo continua à porta não do Templo de
Jerusalém, mas da nossa vida, chamando: “Eis que estou à porta e bato” (Ap
3.20). A verdadeira adoração começa quando o coração se rende totalmente a Ele.
TORRALBO,
Elias. Exortação, Arrependimento e Esperança. Rio de Janeiro: CPAD, 2019.
GILBERTO,
Antônio. Manual da Escola Dominical. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.
ARRINGTON,
French L. Comentário Bíblico Pentecostal: Antigo Testamento. Rio de Janeiro:
CPAD, 2016.
KEENER,
Craig S. IVP Bible Background Commentary: Old Testament. Downers Grove: IVP,
1993.
Bíblia
de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
Bíblia
de Estudo MacArthur. São Paulo: SBB, 2017.
CHAMPLIN,
R. N. O Antigo Testamento Interpretado. São Paulo: Hagnos, 2005.
Comentário
Bíblico Beacon. Vol. 4. Kansas City: Beacon Hill Press, 1983.
I. A VOZ NO TEMPLO
1. Frequentadores do Templo. Jeremias recebeu a missão de ir até
Jerusalém, posicionar-se à porta do Templo e pôr-se a gritar, anunciando a
mensagem a todos que por ali passassem (7.1,2). Provavelmente a cidade estava
cheia de pessoas e o Templo extremamente concorrido. Contudo, é possível notar
a ausência de reverência, de temor a Deus e a verdadeira adoração. A mensagem
era de arrependimento e deveria ser proclamada aos frequentadores do Templo,
pois estes estavam cumprindo com os rituais litúrgicos preestabelecidos, mas
estavam com o coração distante de Deus (7.24). A adoração, a oração e os
sacrifícios são válidos quando praticados em conformidade com a Palavra de
Deus, em santidade e para Ele. Assim ecoou a voz de Deus no Templo.
👉
Jeremias não foi enviado para um lugar qualquer. O texto diz que a palavra do
Senhor veio a ele, ordenando: “Põe-te à porta da Casa do Senhor, e proclama
esta palavra” (Jr 7.2). A expressão hebraica usada para “porta” é sha‘ar, que
significa entrada principal, local de passagem e de decisões. Em Israel, as
portas eram pontos de encontro, tribunais e espaços de proclamação pública. O
profeta deveria se colocar ali, onde todos pudessem ouvi-lo, para anunciar que
Deus não se impressiona com multidões no Templo, mas com corações rendidos a
Ele. A cidade provavelmente estava cheia. Peregrinos, sacerdotes e famílias se
dirigiam ao culto. O Templo estava lotado de cânticos, incenso e sacrifícios.
Mas, apesar da religiosidade aparente, havia algo ausente: o temor do Senhor. A
palavra “temor” (hebraico yir’ah) não significa apenas medo, mas reverência
profunda, consciência da santidade divina e disposição de obedecer. O povo
frequentava a Casa de Deus, mas sem entregar o coração ao Deus da Casa. Essa é
a denúncia profética: adoração sem vida consagrada é vazia. Jeremias deixa
claro que orações, sacrifícios e ritos só têm valor quando nascem de um coração
obediente. O Senhor já havia dito por meio de Samuel: “O obedecer é melhor do
que o sacrificar” (1 Sm 15.22). O culto que não reflete santidade é rejeitado. O
teólogo pentecostal Craig Keener lembra que a verdadeira espiritualidade nunca
se mede por símbolos externos, mas pela transformação interior operada por Deus
(KEENER, 1993, p. 215). Repare ainda que a mensagem era de arrependimento. O
hebraico usa o verbo shuv, que significa “voltar-se, retornar”. O Senhor
chamava o Seu povo a voltar da hipocrisia religiosa e retornar ao pacto da
aliança. Eles cumpriam ritos, mas, como diz Jeremias 7.24, andavam “segundo o
conselho do seu coração mau”. Aqui está uma lição dura: é possível estar
presente fisicamente no culto e, ainda assim, estar espiritualmente distante de
Deus. Esse alerta ecoa para nós hoje, que muitas vezes confundimos frequência
ao culto com vida devocional verdadeira. É possível cantar no louvor, servir em
um ministério e até pregar, mas sem viver em santidade. Quando a fé não passa
de aparência, a adoração se torna farsa. Como afirma Elias Torralbo,
“religiosidade sem arrependimento genuíno não é ponte para Deus, mas muralha
contra Ele” (TORRALBO, 2019, p. 52). Resta-nos uma pergunta sincera e direta:
como está o seu culto? Você tem entrado na presença de Deus com reverência, ou
tem vivido apenas no automático, repetindo práticas sem entregar o coração? A
voz de Deus ainda ecoa no meio da Sua Igreja, chamando cada um de nós a
arrependimento real, a adoração em espírito e em verdade (Jo 4.23). Portanto, a
lição deste subtópico é clara: o Senhor não deseja apenas templos cheios, mas
vidas transformadas. A voz de Deus não fala apenas aos ouvidos, mas ao coração.
Ouça-a hoje. Não endureça o coração como Judá fez. Renda-se a Cristo, e o seu
culto será agradável, sua vida será testemunho, e sua adoração, perfume suave
diante do trono de Deus.
TORRALBO,
Elias. Exortação, Arrependimento e Esperança. Rio de Janeiro: CPAD, 2019.
GILBERTO,
Antônio. Manual da Escola Dominical. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.
ARRINGTON,
French L. Comentário Bíblico Pentecostal: Antigo Testamento. Rio de Janeiro:
CPAD, 2016.
KEENER,
Craig S. IVP Bible Background Commentary: Old Testament. Downers Grove: IVP,
1993.
Bíblia
de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
Bíblia
de Estudo MacArthur. São Paulo: SBB, 2017.
CHAMPLIN,
R. N. O Antigo Testamento Interpretado. São Paulo: Hagnos, 2005.
Comentário
Bíblico Beacon. Vol. 4. Kansas City: Beacon Hill Press, 1983.
2. O perigo da falsa adoração. A voz de Deus ecoou no Templo com uma
mensagem clara de que o cumprimento de liturgias não é suficiente para
agradá-lo. Não basta cantar, é preciso adorar a Deus em espírito e em verdade
(Jo 4.23,24). A hipocrisia na adoração existe, e Jesus afirma que “em vão me
adoraram” aqueles que o fazem dessa forma. Para Deus receber nossa adoração ela
tem de ser legítima, “em espírito e em verdade”. O que implica em uma adoração
sincera de um coração regenerado e voltado para o Senhor (Jo 4.23,24). Embora
frequentasse o Templo e observasse os ritos do culto, o povo de Judá estava com
o seu coração distante de Deus, contaminando o culto ao Senhor, atraindo assim
a sua ira (7.17-20).
👉
A voz de Deus ressoou no Templo com uma advertência solene: não basta cumprir
ritos religiosos para agradar ao Senhor. O povo cantava, oferecia sacrifícios e
participava das festas, mas tudo se tornava vazio porque seus corações estavam longe
d’Ele. Jesus, séculos depois, confirmaria essa verdade ao dizer: “Este povo me
honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim” (Mt 15.8; cf. Is
29.13). Aqui está o perigo da falsa adoração: parecer piedoso por fora, mas
viver distante de Deus por dentro. O Senhor exige uma adoração “em espírito e
em verdade” (Jo 4.23-24). A palavra “espírito” aponta para a interioridade, a
vida do coração regenerado pelo Espírito Santo; “verdade”, por sua vez, indica
autenticidade e conformidade com a revelação de Deus. Em outras palavras, não é
suficiente emocionar-se em um cântico ou repetir palavras bonitas: é preciso
adorar a partir de uma vida transformada e alinhada à verdade do evangelho.
Como ensina Anthony Palma, “a verdadeira adoração nasce de uma experiência
pessoal com Cristo e não pode ser substituída por rituais externos” (PALMA,
2002, p. 134). Judá frequentava o Templo, mas seu culto estava corrompido.
Jeremias 7.17-20 descreve práticas misturadas com idolatria, incenso oferecido
à “Rainha dos Céus” e famílias inteiras envolvidas em cultos pagãos. Essa
contaminação atraiu a ira de Deus. O culto, em vez de agradar, provocava
indignação divina. Aqui aprendemos que Deus não se deixa enganar por encenações
religiosas. Ele olha para o coração. E isso nos confronta hoje. Quantas vezes
corremos o risco de cantar belas canções no culto, mas guardar mágoa, orgulho
ou pecado secreto no coração? Quantas vezes participamos da liturgia, mas sem
quebrantamento real? A hipocrisia na adoração continua sendo uma armadilha.
Como afirma Amos Yong, “a adoração que não flui de uma vida no Espírito é
apenas ruído vazio diante de Deus” (YONG, 2005, p. 211). A falsa adoração é
perigosa porque nos ilude. Faz parecer que estamos espiritualmente vivos,
quando na verdade podemos estar secos por dentro. É um engano sutil, mas
mortal. A única forma de vencê-la é por meio de uma vida regenerada, sensível à
voz do Espírito e disposta a obedecer à Palavra em todas as áreas. Portanto, é
urgente que nos examinemos e busquemos a correção! O que chamamos de culto tem
sido uma entrega sincera ao Senhor ou apenas um costume social? Nossa adoração
tem nascido de um coração regenerado, ou estamos apenas repetindo práticas sem
vida? O convite de Jesus continua atual: “O Pai procura verdadeiros
adoradores”. Que você esteja entre eles.
PALMA,
Anthony D. A Palavra de Cristo em Ação: Teologia Pentecostal. Rio de Janeiro:
CPAD, 2002.
YONG,
Amos. The Spirit Poured Out on All Flesh. Grand Rapids: Baker Academic, 2005.
TORRALBO,
Elias. Exortação, Arrependimento e Esperança. Rio de Janeiro: CPAD, 2019.
ARRINGTON,
French L. Comentário Bíblico Pentecostal: Antigo Testamento. Rio de Janeiro:
CPAD, 2016.
Bíblia
de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
Bíblia
de Estudo MacArthur. São Paulo: SBB, 2017.
CHAMPLIN,
R. N. O Antigo Testamento Interpretado. São Paulo: Hagnos, 2005.
Comentário
Bíblico Beacon. Vol. 4. Kansas City: Beacon Hill Press, 1983.
3. Siló, um triste exemplo. A mensagem de Jeremias afirmava que Deus
faria a Judá o que havia feito a Siló (7.14). Em Siló ficava o Tabernáculo do
Senhor, a Arca do Concerto e os sacerdotes que se enveredaram por caminhos
tortuosos, atraindo a ira divina (1Sm 2.29,30). Estes sacerdotes confiaram na
estrutura religiosa e não em Deus (1Sm 4.3-6) e o zelo religioso não impediu
que Siló fosse destruída e nem a morte de Eli, de seus filhos e de sua nora
(1Sm 4.1-22). Deixar Deus para confiar na estrutura religiosa foi o pecado do
povo dos dias do sacerdote Eli, assim como do povo para o qual Jeremias
profetizou. Por esse motivo, Deus utilizou-se do triste exemplo de Siló com a
intenção de levar Judá a refletir, se arrepender e a desejar uma mudança.
👉
Na mensagem de Jeremias, o Senhor relembra Judá de um episódio marcante: “Farei
a esta casa, que se chama pelo meu nome, como fiz a Siló” (Jr 7.14). Siló foi,
por séculos, o centro do culto em Israel. Ali esteve o Tabernáculo, a Arca da
Aliança e o sacerdócio da família de Eli. Era, por assim dizer, o “coração
religioso” da nação. Mas a história de Siló terminou em ruína. O motivo? Os
sacerdotes se desviaram. Hofni e Finéias, filhos de Eli, profanaram o
sacerdócio, abusando do povo e desonrando os sacrifícios (1 Sm 2.29). O texto
hebraico usa o verbo bāzāh (“desprezar”), mostrando que eles trataram a honra
de Deus como algo insignificante. Quando a Arca foi levada para a batalha
contra os filisteus, o povo confiou no símbolo religioso, mas não no Deus que o
símbolo representava (1 Sm 4.3-6). Resultado: derrota, a captura da Arca, a
morte de Eli, de seus filhos e da sua nora (1 Sm 4.1-22). A glória partiu de
Israel, o “Icabô” ecoou como sentença. O zelo religioso não impediu a
destruição de Siló. Deus mostrou que não é a presença de um objeto sagrado, nem
a tradição, nem o prédio do templo que garante a bênção, mas a obediência e a
fidelidade ao Senhor. O mesmo princípio valia para Judá nos dias de Jeremias.
Eles confiavam no Templo de Jerusalém como uma espécie de “amuleto espiritual”,
mas estavam tão distantes de Deus quanto os sacerdotes de Eli estiveram. Por
isso, Jeremias usou Siló como exemplo pedagógico. O profeta dizia, em outras
palavras: “Vocês lembram o que aconteceu em Siló? O mesmo pode acontecer aqui!”
A história de Siló era um alerta vivo contra a confiança enganosa nas
estruturas religiosas. Como lembra Douglas Oss, “a história bíblica é sempre
testemunho de que o formalismo religioso sem vida no Espírito conduz ao juízo”
(OSS, 1991, p. 145). Quantos ainda confiam mais na estrutura da igreja, no
título ministerial ou em uma rotina religiosa do que na própria comunhão com
Deus? Não são as paredes do templo que nos preservam, mas o arrependimento
genuíno e a vida cheia do Espírito. Quando a fé se torna tradição vazia,
estamos repetindo o erro de Siló. O Senhor não poupou Siló, nem poupou
Jerusalém, e também não abençoará uma vida cristã que se apoia apenas em
formalidades. Não confie em símbolos, confie no Senhor. Não deposite sua
segurança em estruturas religiosas, mas em Cristo vivo, presente e atuante. Que
o triste exemplo de Siló desperte em nós temor, quebrantamento e desejo de
viver em verdadeira aliança com o Deus Santo.
TORRALBO,
Elias. Exortação, Arrependimento e Esperança. Rio de Janeiro: CPAD, 2019.
ARRINGTON,
French L. Comentário Bíblico Pentecostal: Antigo Testamento. Rio de Janeiro:
CPAD, 2016.
OSS,
Douglas A. “Spiritual Gifts” in Systematic Theology: A Pentecostal Perspective.
Springfield: Gospel Publishing House, 1991.
GILBERTO,
Antônio. Manual da Escola Dominical. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.
Bíblia
de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
Bíblia
de Estudo MacArthur. São Paulo: SBB, 2017.
CHAMPLIN,
R. N. O Antigo Testamento Interpretado. São Paulo: Hagnos, 2005.
Comentário
Bíblico Beacon. Vol. 4. Kansas City: Beacon Hill Press, 1983.
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SUBSÍDIO I
“Era necessário uma coragem incomum
para uma pessoa sensível como Jeremias proclamar uma mensagem tão devastadora.
Ele involuntariamente começa a clamar em oração em favor da sua amada nação,
mas Deus o proíbe de interceder: ‘Tu, pois, não ores por este povo, nem
levantes por ele clamor ou oração’ (7.16).
Deus ainda não tinha acabado com a
sua acusação contra o seu povo e a revelação também não tinha terminado. ‘Não
vês tu o que andam fazendo nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém?’ (Jr
7.17). ‘Os filhos [...] os pais [...] as mulheres amassam a farinha, para
fazerem bolos à deusa chamada Rainha dos Céus’ (Jr 7.18). O povo tinha se
tornado completamente descarado em seu pecado, a ponto de estar oferecendo
sacrifícios a outros deuses abertamente nas ruas. A Rainha dos Céus
evidentemente refere-se a Ishtar, a deusa de um ritual de fertilidade
babilônico que havia sido importada por Judá. Ela é mencionada aqui para
indicar a profundidade do pecado em que o povo havia caído. O ponto a que o
povo havia chegado marca o início do fim dessa nação. Deus declarou: ‘Es que a
minha ira e o meu furor se derramarão sobre este lugar’; uma perversidade como
essa não pode passar impune.
Em seguida Jeremias ataca o uso
errado do ritual religioso. Ele deixa claro que a cerimônia religiosa sem o
conteúdo ético, é vazia. Se os sacrifícios não reforçavam ou fortaleciam a
moralidade da nação, não tinham valor algum. Isso vale para todo ritualismo na
religião. A menos que a cerimônia religiosa formal (ou informal) reforce a moralidade
e o viver santo, ela é um esforço despendido em vão.” (Comentário Bíblico
Beacon. Volume 4: Isaías a Daniel. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p.285).
II. A VIDA ESPIRITUAL BÍBLICA
1. Definição. A palavra espiritualidade, vem do
latim spitualitatem e indica o ato de valorizar o que é
espiritual. No que se refere a vida espiritual cristã, ela firma-se na
experiência pessoal e real da pessoa com Cristo, influenciando-o na sua fé, no
pensamento, na forma de enxergar a vida, nos seus relacionamentos interpessoais
e no enfrentamento das dificuldades. A vida espiritual do crente não é
invisível. Sua comunhão com Deus pode ser vista mediante seus frutos, suas
ações. Atitudes e palavras que glorificam o nome do Senhor, independentemente
das circunstâncias. Uma vida espiritual saudável leva a pessoa a agradar ao
Senhor Jesus.
👉
Falar de vida espiritual é falar de algo real, concreto e transformador. A origem
da palavra portuguesa ‘espiritualidade’ é latina, ‘spiritualitatem’, como
explicado acima, que significa “voltado ao espírito”, mas, para a cristandade,
ela não se limita a uma ideia abstrata. A vida espiritual é o resultado da obra
do Espírito Santo no coração daquele que nasceu de novo (Jo 3.5-6). É uma
experiência viva e pessoal com Cristo que afeta toda a existência e molda a fé,
renova a mente (Rm 12.2), redireciona a forma de enxergar a vida, influencia
relacionamentos e fortalece o crente para enfrentar as lutas diárias. Para o
cristão genuíno, a vida espiritual verdadeira não é invisível. Jesus declarou:
“pelos seus frutos os conhecereis” (Mt 7.16). Em outras palavras, a comunhão
com Deus sempre gera evidências externas. O crente cheio do Espírito manifesta
atitudes e palavras que glorificam a Cristo, mesmo quando as circunstâncias não
são favoráveis (Fp 4.12-13). Não se trata de esforço humano isolado, mas de
fruto do Espírito (karpós toú pneúmatos) que opera no íntimo e se revela no
caráter transformado (Gl 5.22-23). O perigo é confundir espiritualidade com
religiosidade. Israel cumpria rituais, mas estava de coração distante de Deus
(Is 29.13). O mesmo risco nos ronda hoje: cantar sem adorar, frequentar cultos
sem comunhão, ler a Bíblia sem obedecer. Uma espiritualidade sadia não se apoia
em formas externas, mas nasce de um coração regenerado e cheio do Espírito (Jo
4.23-24). Como 2 Coríntios 13:5, que exorta os cristãos a examinarem a si
mesmos para verificar se permanecem na fé em Cristo, precisamos nos fazer uma
pergunta: como está a sua vida espiritual? Ela é fruto de uma rotina religiosa
ou de uma verdadeira comunhão com Cristo? A Bíblia mostra que a vida espiritual
não se mede apenas por emoções no culto, mas por uma caminhada diária de
santidade, amor e obediência (1Pe 1.15-16). O jovem que anda com Deus demonstra
isso não só na igreja, mas também na escola, no trabalho, nas redes sociais e
até nas escolhas secretas. Perceba que viver espiritualmente não significa
escapar das dificuldades. Significa enfrentá-las com uma nova perspectiva.
Paulo aprendeu a dizer: “Quando estou fraco, então é que sou forte” (2Co
12.10). A verdadeira espiritualidade capacita o crente a ver a vida pelos olhos
de Deus, permanecendo firme mesmo em meio às pressões da sociedade que tenta
moldar nossa mente e valores. Por isso, precisamos refletir com sinceridade: o
que as pessoas veem em nossa vida? Um cristianismo de fachada ou uma fé viva
que aponta para Cristo? O Espírito Santo não nos foi dado para vivermos uma
vida comum, mas para sermos testemunhas (At 1.8). Sua obra é transformar o
nosso interior para que o mundo veja a glória de Deus refletida em nós (2Co
3.18). Assim, uma vida espiritual bíblica é marcada por relacionamento profundo
com Cristo, discernimento da vontade de Deus e prática da santidade no
cotidiano. Essa é a vida que agrada ao Senhor Jesus. É um chamado para todos
nós: sair da superficialidade e viver de modo que a presença do Espírito Santo
seja perceptível em cada palavra, atitude e decisão.
TORRALBO,
Elias. Exortação, Arrependimento e Esperança. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.
GILBERTO,
Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
ARRINGTON,
French L. Teologia Bíblica do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
FEE,
Gordon D. Paul, the Spirit, and the People of God. Grand Rapids: Baker, 1996.
KEENER,
Craig S. The IVP Bible Background Commentary: New Testament. Downers Grove: IVP
Academic, 2014.
Bíblia
de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
Bíblia
de Estudo MacArthur. São Paulo: SBB, 2017.
CHAMPLIN,
R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo:
Hagnos, 2002.
Comentário
Bíblico Beacon. Kansas City: Casa Nazarena de Publicações, 2005.
2. A vida espiritual e suas
tendências atuais. Nem todo crente vive de maneira
bíblica, assim como nem toda prática espiritual agrada a Deus. O pensamento da
sociedade atual tende a não aceitar o que é padrão, institucional e sólido, no
entanto não rejeita e nem condena o que é espiritual desde que não esteja
vinculado a uma instituição religiosa ou a uma crença específica. Nesse sentido,
para o pensamento pós-moderno é possível ter experiências sobrenaturais com
Deus, sem comprometer-se com Cristo, com os seus ensinamentos e com a sua
Igreja. A vida espiritual atual tende a ser subjetiva e desprovida de preceitos
bíblicos, o que deve ser rejeitado pelo crente, pois somente por meio de Cristo
é que podemos nos achegar a Deus (Jo 14.6).
👉
Vivemos em uma geração marcada por contradições espirituais. Muitos afirmam
crer em Deus, mas rejeitam o Cristo das Escrituras. Outros buscam experiências
sobrenaturais, mas se negam a viver em obediência à verdade revelada. Essa é a
marca do pensamento pós-moderno: aceita o espiritual, desde que seja subjetivo,
sem compromisso com doutrina, sem vínculo com a Igreja e sem exigência de
arrependimento. A Bíblia, porém, nos mostra que não existe espiritualidade
autêntica fora de Cristo. Jesus declarou: “Eu sou o caminho, a verdade e a
vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por mim” (Jo 14.6). O termo grego para
“caminho” (hodós) não descreve apenas uma direção, mas um modo de vida. Ou
seja, só existe acesso a Deus mediante uma vida rendida a Cristo e orientada
por Sua Palavra. Qualquer espiritualidade que exclui essa verdade é uma ilusão.
Não é novidade. O profeta Isaías já denunciava o povo que buscava a Deus apenas
de boca, enquanto o coração estava distante (Is 29.13). Nos dias de Jeremias, o
templo era frequentado, mas a idolatria corroía a vida espiritual da nação (Jr
7.1-11). Hoje vemos o mesmo padrão: religiosidade vazia de compromisso. Muitos
querem sentir o “fogo”, mas não desejam carregar a cruz. Querem milagres, mas
não querem discipulado. Precisamos entender que a verdadeira vida espiritual é
sempre bíblica. Paulo, escrevendo aos Gálatas, advertiu que “se alguém vos
anunciar outro evangelho, além do que já recebestes, seja anátema” (Gl 1.8).
Isso significa que não basta ser espiritual; é necessário ser espiritual de
acordo com a verdade de Cristo. Uma espiritualidade desvinculada da Escritura
não passa de misticismo enganoso. Este subtópico é um convite para uma reflexão
profunda: em quem ou no quê você tem baseado sua fé? No “sentir-se bem” que o
mundo oferece ou na Palavra eterna de Deus? O jovem cristão precisa discernir
os ventos de doutrina (Ef 4.14), pois há uma avalanche de espiritualidades
alternativas, que prometem paz, mas não conduzem à reconciliação com Deus. A
verdadeira espiritualidade nos leva a amar a Igreja, a valorizar a comunhão e a
submeter-se ao ensino dos apóstolos (At 2.42). Não há cristianismo maduro fora
do corpo de Cristo. Quando alguém afirma: “Eu amo a Deus, mas não preciso de
igreja”, está negando a própria essência do evangelho. Afinal, foi o Senhor
quem instituiu a comunidade de fé como lugar de edificação e testemunho. Portanto,
rejeitemos a espiritualidade líquida do nosso tempo: sem forma, sem verdade e
sem compromisso. Sigamos a Cristo de forma integral: mente, coração e práticas
diárias. A vida espiritual bíblica não é moda passageira, mas caminhada
constante com Aquele que é o mesmo ontem, hoje e eternamente (Hb 13.8).
TORRALBO,
Elias. Exortação, Arrependimento e Esperança. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.
ARRINGTON,
French L. Teologia Bíblica do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
FEE,
Gordon D. Paul, the Spirit, and the People of God. Grand Rapids: Baker, 1996.
GILBERTO,
Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
KEENER,
Craig S. The IVP Bible Background Commentary: New Testament. Downers Grove: IVP
Academic, 2014.
Bíblia
de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
Bíblia
de Estudo MacArthur. São Paulo: SBB, 2017.
CHAMPLIN,
R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo:
Hagnos, 2002.
Comentário
Bíblico Beacon. Kansas City: Casa Nazarena de Publicações, 2005.
3. A prática da espiritualidade. No livro de Gênesis, podemos ver o agir de
Deus, nas expressões: “E disse Deus” (Gn 1.3,6,9,11,14,20,24,26,29). Em João
1.14 está escrito que “o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua
glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”,
mostrando a ação de Deus em conformidade com a sua Palavra. O Criador fala e
age. A leitura da Palavra de Deus, a oração e o jejum são práticas espirituais
saudáveis de um cristão genuíno, mas, elas devem ser acompanhadas de ações (Tg
1.22). A salvação é pela fé e não pelas obras, contudo, os salvos são chamados
para as boas obras (Ef 2.8,9). Nos dias de Jeremias, as pessoas frequentavam o
Templo e cumpriam os rituais litúrgicos determinados no Pentateuco, mas
precisavam melhorar seus caminhos, suas ações, mediante o exercício da justiça,
como o cuidado com os necessitados (Jr 7.4-7). Cuidar dos órfãos, das viúvas e
dos necessitados não é uma pauta política, mas são ações ordenadas pelo Senhor
(Tg 1.27). A vida cristã genuína e bíblica consiste em práticas que glorificam
a Deus. A fé necessita ser prática.
👉
Desde o início, a Bíblia nos mostra que Deus não é apenas um ser que fala, mas
um Deus que age. No relato da criação, a expressão “E disse Deus” (Gn
1.3,6,9,11,14,20,24,26,29) revela que a Sua Palavra não é vazia. Cada vez que
Ele falou, algo aconteceu. A ordem divina trouxe à existência o que não existia
(Hb 11.3). Essa mesma Palavra que criou o universo se fez carne em Cristo: “E o
Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1.14). Ou seja, Deus não apenas
declara; Ele encarna Sua Palavra. Seguindo esse padrão, a verdadeira
espiritualidade do cristão também não pode se limitar a palavras ou
sentimentos. Ler a Bíblia, orar e jejuar são disciplinas espirituais
indispensáveis. No entanto, Tiago nos lembra que não basta ser apenas ouvintes;
é preciso ser praticantes da Palavra (Tg 1.22). A fé que não se traduz em
atitudes é estéril. É fundamental lembrar: não somos salvos pelas obras, mas
pela graça, mediante a fé (Ef 2.8-9). Contudo, o mesmo texto afirma que fomos
criados em Cristo Jesus “para as boas obras, as quais Deus preparou de antemão
para que andássemos nelas” (Ef 2.10). Isso significa que a prática da fé deve
produzir frutos visíveis no cotidiano. Nos dias de Jeremias, o povo frequentava
o templo, cumpria os rituais do Pentateuco, mas negligenciava aquilo que Deus
mais valorizava: justiça e misericórdia. O Senhor, por meio do profeta, exigiu
mudança nos caminhos e nas ações: “Se verdadeiramente fizerdes justiça, não
oprimirdes o estrangeiro, nem o órfão, nem a viúva, e não derramardes sangue
inocente neste lugar, nem andardes após outros deuses… então vos farei habitar
neste lugar” (Jr 7.5-7). Perceba: cuidar dos órfãos, das viúvas e dos
necessitados não é “pauta social” ou agenda política. É mandamento divino.
Tiago resume isso de forma contundente: “A religião pura e imaculada, para com
Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e
guardar-se da corrupção do mundo” (Tg 1.27). Assim, podemos afirmar: a vida
cristã genuína é prática. Espiritualidade bíblica não é apenas liturgia, mas
serviço. Não é apenas culto, mas compromisso. Não é apenas levantar as mãos no
templo, mas estender as mãos ao necessitado. O cristão que vive em verdadeira
comunhão com Deus reflete isso no cuidado, na justiça e na misericórdia.
TORRALBO,
Elias. Exortação, Arrependimento e Esperança. Rio de Janeiro: CPAD, 2020.
ARRINGTON,
French L. Teologia Bíblica do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
GILBERTO,
Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
KEENER,
Craig S. The IVP Bible Background Commentary: New Testament. Downers Grove: IVP
Academic, 2014.
Bíblia
de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
Bíblia
de Estudo MacArthur. São Paulo: SBB, 2017.
CHAMPLIN,
R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo:
Hagnos, 2002.
Comentário
Bíblico Beacon. Kansas City: Casa Nazarena de Publicações, 2005.
III. AS CAUSAS E AS CONSEQUÊNCIAS DE
UMA VIDA ESPIRITUAL VAZIA
1. A triste realidade de uma vida
espiritual vazia. Jeremias profetizou contra a
vida espiritual do seu povo. A sua mensagem revelou o quanto isso entristeceu a
Deus (Jr 26.12). O povo se firmava na estrutura do Templo que se tornou como
uma espécie de “amuleto” e acabava se contentando com a ausência de Deus em suas
reuniões. Essa atitude reafirma a inclinação humana de desejar criar um caminho
próprio para se relacionar com Deus. Mesmo com todos os elementos necessários
para a realização de um culto, a presença do Senhor é indispensável e
insubstituível. Nos dias de Jesus este mesmo problema persistia, e foi com os
escribas e fariseus que Ele travou os maiores embates. Ao repreender os líderes
religiosos da sua época, Jesus afirmou que eles eram “sepulcros caiados” (Mt
23.26,27). Deus deve estar no centro de tudo.
👉
Você já parou para pensar que é possível frequentar a igreja, cantar, ofertar,
ouvir sermões… e, mesmo assim, viver espiritualmente vazio? Foi exatamente
contra essa realidade que Jeremias levantou sua voz profética. Ele declarou ao
povo que Deus não se agradava de um culto que se limitava ao templo e aos
rituais externos (Jr 26.12). O povo transformara a “Casa do Senhor” em uma
espécie de talismã religioso, acreditando que a simples presença do edifício
garantiria a bênção de Deus. Esse engano continua atual: podemos nos apegar à
estrutura, mas nos esquecer da presença viva de Deus, que é insubstituível. O
texto hebraico de Jeremias utiliza a palavra heikāl (templo, palácio), mas o
profeta denuncia que a confiança no “lugar” não substitui o ’ĕlōhîm (o próprio
Deus). Isso nos ensina que a fé não pode ser reduzida a símbolos externos. A
espiritualidade bíblica exige comunhão real com o Senhor, não apenas formas
vazias de devoção. Nos dias de Jesus, a mesma distorção persistia. Os fariseus
e escribas, zelosos pela lei, eram elogiados pelos homens, mas repreendidos
pelo Filho de Deus. Ele os chamou de “sepulcros caiados” (taphous
kekoniamenous, Mt 23.27), ou seja, bonitos por fora, mas podres por dentro.
Essa imagem forte revela que a verdadeira espiritualidade não se mede pela
aparência, mas pela realidade interior. É aqui que precisamos parar e refletir:
até que ponto nossa vida cristã tem sido autêntica? Será que não estamos
confiando em costumes, cargos, ministérios e até na frequência aos cultos, como
se isso fosse suficiente para agradar a Deus? A Bíblia nos lembra de que “Deus
deve estar no centro de tudo”. Ele não divide sua glória com nada e nem com
ninguém (Is 42.8). O culto pode ter música, liturgia e até emoção, mas, sem a
presença real do Senhor, tudo se torna apenas barulho religioso. O Espírito
Santo não nos foi dado para ser um detalhe decorativo do culto, mas o próprio
fôlego da nossa fé (Jo 14.16-17). Por isso, precisamos aprender a discernir os
sinais de uma vida espiritual vazia: orações sem fé, louvor sem quebrantamento,
leitura da Bíblia sem obediência, e rituais sem transformação. O vazio
espiritual não é apenas ausência de emoção, mas ausência da presença
transformadora de Deus. Essa foi a denúncia de Jeremias: “melhorai vossos caminhos”
(Jr 7.3). Hoje, o Espírito Santo continua chamando a Igreja a uma
espiritualidade viva, que não se apoia em fórmulas, mas em relacionamento real
com Cristo. Uma fé genuína se traduz em frutos visíveis: justiça, misericórdia
e santidade (Gl 5.22-23; Tg 1.27). Uma vida cheia de Deus impacta a sociedade e
revela que o Evangelho é poder transformador.
ARA
– Bíblia de Estudo MacArthur. Sociedade Bíblica do Brasil.
Bíblia
de Estudo Pentecostal. CPAD.
ARRINGTON,
French L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. CPAD.
BEACON,
Comentário Bíblico. Editora CPAD.
CHAMPLIN,
R. N. Comentário Bíblico. Hagnos.
FEE,
Gordon D. Paul, the Spirit, and the People of God. Baker Academic.
KEENER,
Craig S. The IVP Bible Background Commentary: New Testament. InterVarsity
Press.
MACCHIA,
Frank D. Baptized in the Spirit. Zondervan.
MENZIES,
Robert P. Empowered for Witness. T&T Clark.
PALMA,
Anthony D. O Batismo no Espírito Santo. CPAD.
TORRALBO,
Elias. Exortação, Arrependimento e Esperança. CPAD.
2. As causas e as consequências da
vida cristã vazia. A vida cristã sem a aprovação e
a presença de Deus é um perigo. Para o crente, o culto não é somente um ato
litúrgico, ou uma obrigação religiosa, mas a sua oferta de louvor a Deus e o seu
momento de comunhão com Ele (Rm 12.1). Uma vida cristã vazia é resultado de um
coração distante de Deus. Quanto às suas consequências, elas são igualmente
trágicas: perda do direito de habitar com Deus (7.13-15); não ter as orações
ouvidas pelo Senhor (7.16) e a colheita de frutos da própria maldade (7.19,20).
A vida cristã vazia, portanto, é um desvio da presença e da comunhão com o
Eterno e deve ser evitada constantemente.
👉
Uma das maiores tragédias espirituais é viver uma fé sem a presença real de Deus.
Não basta ir ao culto, cantar hinos ou seguir rituais. O culto, na perspectiva
bíblica, não é apenas uma liturgia, mas um ato vivo de entrega e adoração.
Paulo escreveu em Romanos 12.1 que devemos apresentar o corpo como “sacrifício
vivo, santo e agradável a Deus, que é o nosso culto racional”. A palavra grega
usada por Paulo para “culto” é latreía, que significa serviço sagrado. Isso
mostra que adorar a Deus não é um hábito vazio, mas uma entrega total da vida
em resposta à Sua graça. A causa principal de uma vida espiritual vazia é um
coração afastado do Senhor. Jeremias denunciou essa realidade em Judá: o povo
estava dentro do templo, mas distante de Deus (Jr 7.13-15). É possível ter
aparência de piedade, mas não ter poder (2Tm 3.5). Quando o coração não arde
mais pelo Senhor, a religião vira um peso e a fé se transforma em formalidade. As
consequências dessa condição são sérias. Primeiro, a perda da presença de Deus.
O Senhor disse ao povo de Judá que, por rejeitá-Lo, perderiam o privilégio de
habitar com Ele (Jr 7.15). Em hebraico, a expressão usada para rejeição carrega
a ideia de afastamento deliberado, como quem rompe uma aliança. Em segundo
lugar, suas orações já não seriam ouvidas (Jr 7.16). Isso nos lembra que não
basta falar com Deus; é necessário andar em aliança com Ele. O salmista
declara: “Se eu acalentasse o pecado no coração, o Senhor não me ouviria” (Sl
66.18). Outra consequência inevitável é colher os frutos da própria maldade (Jr
7.19-20). A lei espiritual da semeadura e colheita (Gl 6.7) não falha:
afastar-se de Deus resulta em destruição. O vazio espiritual abre espaço para a
idolatria, para escolhas erradas e para um estilo de vida que entristece o
Espírito Santo. Esse alerta não é apenas histórico; é para nós hoje. Quantos
jovens vivem cercados por símbolos cristãos, Bíblia no quarto, algo que remeta
à fé cristã, até ministérios na igreja, mas com o coração distante do Senhor? É
como se o templo estivesse cheio, mas o altar estivesse vazio. E o altar só é
preenchido quando colocamos nossa vida inteira sobre ele. Aqui está a verdade:
uma vida espiritual vazia não acontece de um dia para o outro. É fruto de
pequenas concessões, descuidos no secreto, rotinas sem oração, palavras sem
vida. Quando a chama do Espírito não é alimentada, a fé se apaga aos poucos.
Jesus disse que “sem mim nada podeis fazer” (Jo 15.5). Isso significa que o
vazio espiritual é, na prática, viver tentando ser cristão sem Cristo. Para
este tópico II. A VIDA ESPIRITUAL BÍBLICA, resta-nos concluir fazendo uma autoavaliação:
como está a sua vida diante de Deus? O Senhor tem prazer no seu culto, ou
apenas tolera seus rituais? Suas orações têm sido apenas palavras repetidas, ou
expressões de um coração apaixonado? Hoje é dia de retornar ao centro, de
voltar-se para a presença viva de Deus. Ele não deseja uma vida cristã vazia,
mas uma vida cheia do Espírito, onde cada ação, cada palavra e cada escolha
exalem a glória do Cordeiro.
TORRALBO,
Elias. Exortação, Arrependimento e Esperança. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.
ARRINGTON,
French L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. CPAD.
BEACON,
Comentário Bíblico. CPAD.
CHAMPLIN,
R. N. Comentário Bíblico. Hagnos.
FEE,
Gordon D. Paul, the Spirit, and the People of God. Baker Academic.
GILBERTO,
Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD.
KEENER,
Craig S. The IVP Bible Background Commentary: New Testament. InterVarsity
Press.
MACARTHUR,
John. Bíblia de Estudo MacArthur. SBB.
MACCHIA,
Frank D. Baptized in the Spirit. Zondervan.
MENZIES,
Robert P. Empowered for Witness. T&T Clark.
PALMA,
Anthony D. O Batismo no Espírito Santo. CPAD.
3. Uma mensagem urgente e atual. Jeremias exerceu o seu ministério entre os
anos 627 e 586 a.C., mas a verdade de sua mensagem ainda ecoa na atualidade. A
mensagem anunciada por Jeremias à porta do Templo em Jerusalém assume um papel
de alerta em nossos dias. Infelizmente, muitos dizem estar conectados com Deus,
mas sem frequentar o Templo, a Igreja do Senhor, tornando-se os “desigrejados”.
Assim sendo, a mensagem de Jeremias na porta do Templo aponta o caminho para
uma vida cristã saudável, com a frequência aos cultos e a comunhão com Deus e
com os irmãos, rejeitando quaisquer excessos.
👉
Embora Jeremias tenha exercido seu ministério entre 627 e 586 a.C., a força de
sua mensagem continua ressoando em nossos dias. Deus falou àqueles que estavam
diante do Templo, mas o alerta não era apenas para Judá — é um chamado que
atravessa séculos, alcançando a Igreja de hoje. Vivemos um tempo em que muitos
se consideram conectados a Deus, mas se afastam da comunidade de fé. Tornam-se
os chamados “desigrejados”: pessoas que oram em casa, leem a Bíblia, mas
rejeitam a comunhão com o corpo de Cristo, ignorando os cultos e a convivência
com irmãos e irmãs na fé. Jeremias nos lembra que a presença de Deus não é um
evento isolado; ela floresce na comunidade e na participação no culto
verdadeiro (Hb 10.24-25). A mensagem de Jeremias aponta um caminho claro para
uma vida cristã saudável: frequência consciente aos cultos, participação ativa
na Igreja e comunhão genuína com Deus e com os irmãos. Estar presente não é
apenas uma obrigação religiosa, mas uma demonstração de fidelidade e amor a
Deus, um passo concreto de obediência que fortalece a fé e molda o caráter
cristão. Além disso, o alerta nos convida a rejeitar extremos: nem o legalismo
rígido, que transforma a fé em formalismo vazio, nem o individualismo
espiritual, que ignora a importância da comunidade. A vida cristã plena
acontece no equilíbrio entre devoção pessoal e compromisso com o corpo de Cristo.
O exemplo de Jeremias também nos ensina que a fidelidade a Deus exige coragem.
Ele enfrentou críticas, zombarias e rejeição, mas permaneceu firme no chamado
divino. Hoje, ser um cristão presente na Igreja, ativo no serviço e sincero na
comunhão, é um ato de coragem e fidelidade que traz honra a Deus. A mensagem de
Jeremias continua viva: a presença de Deus se manifesta quando nos achegamos a
Ele em espírito, em verdade e em comunidade. Que possamos aprender com esse
profeta e construir uma fé sólida, cheia de prática, amor e devoção, para a
glória do Senhor Jesus.
TORRALBO,
Elias. Exortação, Arrependimento e Esperança. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.
BÍBLIA
DE ESTUDO MACARTHUR. São Paulo: SBB, 2017.
BÍBLIA
DE ESTUDO PENTECOSTAL. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
GILBERTO,
Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD, 2012.
KEENER,
Craig S. The IVP Bible Background Commentary: New Testament. InterVarsity
Press, 1993.
MACCHIA,
Frank D. Baptized in the Spirit. Zondervan, 2006.
CONCLUSÃO
A dura mensagem de Jeremias aos
líderes religiosos e aos frequentadores do Templo em Jerusalém revela que um
crente pode trocar a verdadeira adoração pela falsa, e se perder mesmo estando
dentro da Casa de Deus. Precisamos ter uma vida cristã saudável e equilibrada,
na qual a nossa comunhão individual com Deus e coletiva, na Igreja, consiga
caminhar juntas, resultando em uma prática que agrade a Deus.
👉
A dura mensagem de Jeremias ainda nos chama hoje: é possível estar dentro da
Casa de Deus e, mesmo assim, viver uma fé vazia, trocar a verdadeira adoração
por formalismos e perder a presença do Senhor. Não se trata apenas de
frequentar cultos ou cumprir rituais; Deus busca corações íntegros, sedentos de
Sua verdade e dispostos a viver a fé em ação. A vida cristã saudável é aquela
em que a comunhão pessoal com Deus se alia à comunhão com a Igreja, formando um
equilíbrio que transforma pensamentos, atitudes e relacionamentos. O alerta de
Jeremias é urgente: não podemos nos acomodar na religiosidade. A verdadeira
espiritualidade se manifesta em nossas escolhas diárias, na fidelidade à
Palavra, na prática do amor e na coragem de caminhar com Deus mesmo quando o
mundo ignora ou desvaloriza a fé. Cada culto, cada oração e cada ato de serviço
devem refletir a presença viva de Cristo em nós.
Para concluir esta preciosa lição,
precisamos fazer três aplicações práticas para hoje:
1. Avalie sua presença na Igreja: Não
seja apenas espectador; participe ativamente dos cultos, ministérios e grupos
de comunhão. Sua fé cresce quando você se conecta com outros irmãos, e Deus é
glorificado na comunidade.
2. Pratique a fé com ação: Leia a
Palavra, ore, jejue e, sobretudo, transforme sua fé em atitudes concretas.
Ajude os necessitados, cuide dos irmãos e demonstre amor de maneira prática. A
fé que não se manifesta em obras é incompleta (Tg 1.22; Ef 2.10).
3. Renove sua adoração diariamente:
Examine seu coração e rejeite toda hipocrisia ou religiosidade vazia. Busque
adorar a Deus em espírito e em verdade, com sinceridade, arrependimento e
dependência total d’Ele (Jo 4.23-24).
Que a voz de Jeremias ecoe em nós
hoje: não adianta viver por aparência ou rotina. Deus quer corações vivos,
apaixonados, prontos para obedecer e transformar o mundo à Sua luz. Este é o
momento de despertar, agir e firmar-se em Cristo, para que nossa vida seja
plena, frutífera e verdadeiramente agradável ao Senhor.
Viva para a máxima glória do Nome do
Senhor Jesus!
Viva
conectado a Cristo, adore com sinceridade, sirva com amor e aja com justiça,
para que cada atitude reflita a glória de Deus no mundo.
Meu
ministério aqui é um chamado do coração: compartilhar o ensino da
Palavra de Deus de forma livre e acessível, para que você, irmão ou irmã em Cristo,
possa crescer na fé e no conhecimento das Escrituras, sem barreiras, com
subsídios preparados por um Especialista em Exegese Bíblica do Novo Testamento.
Todo o material que ofereço é fruto
de oração, estudo e dedicação, e está disponível gratuitamente para que a luz
do Evangelho alcance ainda mais vidas sedentas pela verdade. Porém, para que
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HORA DA REVISÃO
1. Segundo
a lição, qual a missão recebida por Jeremias?
Jeremias recebeu a missão de ir até Jerusalém se posicionar à porta do
Templo e se pôr a gritar, anunciando a mensagem a todos que por ali passassem
(7.1,2).
2. Qual
mensagem deveria ser proclamada aos frequentadores do Templo?
A mensagem era de arrependimento e deveria ser proclamada aos
frequentadores do Templo, pois estes estavam cumprindo com os rituais
litúrgicos pré-estabelecidos, mas estavam com o coração distante de Deus
(7.24).
3. Como
deve ser a nossa adoração a Deus?
Ela deve ser legítima, “em espírito e em verdade” (Jo 4.23,24), o que
implica em uma adoração sincera de um coração regenerado e voltado para o
Senhor.
4. Quem
Deus usou como um triste exemplo para Judá?
Deus usou o exemplo de Siló.
5. Qual
a origem e significado da palavra “espiritualidade”?
A palavra “espiritualidade”, vem do latim spitualitatem e indica o ato
de valorizar o que é espiritual.