LIÇÕES BÍBLICAS CPAD
ADULTOS
4º Trimestre de 2025
Título: Espírito,
Alma e Corpo — A restauração integral do ser humano para chegar à estatura
completa de Cristo
Comentarista: Silas Queiroz
Lição 5: A Alma — A
natureza imaterial do ser humano
Data: 2 de
novembro de 2025
TEXTO ÁUREO
“E não temais os
que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer
perecer no inferno a alma e o corpo.” (Mt 10.28).
ENTENDA O TEXTO ÁUREO:
👉 O versículo 28 está inserido no
Discurso de Missão (Mateus 10), no qual Jesus instrui e comissiona os Doze
Apóstolos para a sua primeira missão. O capítulo trata da autoridade, das
instruções, mas também das perseguições e dos custos do discipulado. Nos versículos
anteriores (Mt 10.16-27): Jesus alerta severamente sobre a hostilidade que
enfrentarão: serão enviados como ovelhas entre lobos, serão levados a
tribunais, a família se voltará contra eles, e serão odiados por todos por
causa do nome de Jesus. Ele os encoraja a não se calarem e a proclamarem
publicamente a mensagem que lhes foi dada em particular. Diante de tais
ameaças, o tema dominante é a coragem e o temor correto (Mt 10.26, 28, 31). O
temor dos discípulos deve ser redirecionado: do medo dos perseguidores para o
temor de Deus. O versículo serve como um poderoso encorajamento para que os
discípulos priorizem a fidelidade a Cristo acima da preservação da vida física,
assegurando-lhes que a pior coisa que um inimigo pode fazer é de importância
limitada em comparação com o poder de Deus sobre o destino eterno. Corpo
(σῶμα
- soma): Refere-se à parte física do ser humano, a vida terrena e mortal. O
poder dos perseguidores se limita a esta dimensão. "Matar o corpo"
significa a morte física. Alma (ψυχή - psychē): O termo grego
psychē é complexo. Neste contexto, e frequentemente nas Escrituras, pode
significar: A vida terrena/biológica (como em "perder a sua vida" Mt
16.25). O ser interior, a essência, a pessoa viva, a vida eterna. Na distinção
de Mt 10.28, "alma" aponta para a dimensão eterna da vida, que não
pode ser destruída pela morte física imposta por homens. Os perseguidores podem
tirar a psychē (vida) no sentido físico, mas não podem destruir o seu destino
eterno. Aquele (φoβήθητε δὲ
μᾶλλον
τὸν
- phobēthēte de mallon ton): Literalmente,
"temei antes Aquele [Deus]". A sintaxe aponta claramente para Deus
como o único que detém o poder de julgamento final. Perecer/Destruir (ἀπολέσαι - apolesai): A palavra é a forma infinitiva de apollumi, que
significa "destruir, arruinar, perder, fazer perecer". É a mesma raiz usada em "não
podem matar a alma". A diferença crucial é que o poder humano de
"matar" (apokteinō) o corpo é limitado, mas o poder de Deus é de
"destruir/fazer perecer" (apolesai) tanto a alma quanto o corpo. O
poder de Deus é total e final. Ele não apenas impõe a morte física (como os
homens), mas pode levar à destruição total (seja por aniquilação ou sofrimento
eterno, dependendo da escola teológica adotada), que envolve a essência eterna
da pessoa. Inferno (γέεννα - Geenna): A palavra traduzida como
"inferno" é Geenna (Geena). Este termo deriva do hebraico Ge Hinnom
("Vale de Hinom"), um vale real perto de Jerusalém onde, na história
de Israel, eram realizados sacrifícios de crianças (Jr 7.31) e que, na época de
Jesus, era usado como lixão da cidade, simbolizando a destruição, o fogo
perpétuo e a corrupção. A Geena, nas palavras de Jesus, representa o lugar do
julgamento e castigo final, a destruição eterna, e não apenas a sepultura (que
seria hades). O versículo sintetiza a teologia de Jesus sobre o verdadeiro
valor e o julgamento final: A Perspectiva da Eternidade: Jesus estabelece uma
clara hierarquia de medos. O medo dos homens, que só pode afetar a vida
temporal (soma), é trivial em comparação com o temor a Deus, que afeta o
destino eterno (psychē e soma ressurreto). O "temor" (φoβήθητε) a
Deus aqui não é apenas um terror paralisante, mas uma reverência santa e um
profundo respeito pelo Seu poder e autoridade final como Juiz. É o
reconhecimento de que Ele, e somente Ele, tem a palavra final sobre o destino
humano. A mensagem é um conforto no meio da perseguição. Se os discípulos forem
martirizados (o pior que o homem pode fazer), eles não perderão o que é mais
valioso (a vida eterna). No entanto, se eles negarem a Cristo para salvar a
vida terrena, perderão a alma para Aquele que tem o poder de julgamento eterno.
O texto confirma que a alma (a essência da vida/pessoa) é, de alguma forma,
independente da morte física causada pelo homem, mas não é imune ao poder
destrutivo de Deus no julgamento final. Se Deus pode fazê-la perecer, ela não é
inerentemente imortal (no sentido de ser indestrutível), mas sim sujeita ao
julgamento divino. Mateus 10.28 é a essência do chamado de Jesus ao discipulado
radical. É um apelo à lealdade inabalável a Ele, mesmo sob a ameaça de morte.
Ele lembra aos Seus seguidores que o valor da vida e o objeto de seu maior
temor não devem ser ditados pelas circunstâncias passageiras ou pelo poder
limitado dos opressores, mas sim pela autoridade absoluta de Deus sobre a vida,
a morte e o destino eterno. O crente é chamado a arriscar o corpo físico em
obediência, pois sua vida verdadeira e eterna está segura nas mãos de Deus, que
é o único Juiz final.
VERDADE PRÁTICA
Cuidar da alma é uma atitude fundamental para
uma vida cristã estável e uma eternidade de alegria e paz.
ENTENDA A VERDADE PRÁTICA:
👉 O que é, de fato, a prioridade
máxima em nossa jornada de fé? Não se engane, a estabilidade de toda a sua vida
cristã e a promessa de uma eternidade plena dependem de uma única atitude: o
cuidado intencional com a sua alma. Estamos falando da sua psychē, a sua
essência mais profunda, o seu “eu” inegociável, que engloba a mente, a vontade
e as emoções. A negligência desta porção interior transforma qualquer vida de
fé em uma casa construída sobre a areia. O apóstolo Paulo, em sua admoestação
em Filipenses 2.12, nos convida a "desenvolver a vossa salvação com temor
e tremor". Essa obra de "desenvolvimento" é o manejo diário e
atento da psychē. Como exegetas, reconhecemos que a salvação é instantânea no
espírito, mas o processo de santificação ocorre na alma, a arena onde a Palavra
de Deus deve forjar uma nova mentalidade. É na alma que resistimos às
inclinações da carne e nos alinhamos à mente de Cristo. Negligenciar a alma é
paralisar o processo santificador de Deus em você. Jesus nos alertou:
"Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua
alma?" (Mateus 16.26). A palavra traduzida como "perder" é zēmioō, que significa "sofrer
perda", "danificar" ou "ser penalizado". Jesus não
estava apenas falando sobre o juízo final, mas sobre a perda de valor e
significado que ocorre aqui e agora. Por isso, revigore-se na Palavra,
purifique a sua mente e não negligencie o tesouro que é a sua alma. É um ato de
amor e de sabedoria teológica que reverte em uma vida abundante aqui e uma
eternidade de paz com Cristo.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Gênesis 1.27,28; 2.15-17;
Mateus 10.28.
Gênesis 1
27. E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou;
macho e fêmea os criou.
👉 Bíblia de Estudo MacArthur: Enfatiza a unicidade
do homem como portador da imagem de Deus. Essa imagem não é física, mas sim
intelectual, moral e espiritual, distinguindo-o de toda a criação. A criação do
homem e da mulher é uma demonstração da pluralidade de Deus (implícita no
"façamos" do v. 26). O homem (no sentido de humanidade) é o
coroamento da criação.Bíblia de Estudo Pentecostal: Destaca que a
criação do ser humano é um ato singular de Deus. A "imagem de
Deus" (tselem) e a "semelhança" (demuth) conferem
ao homem a capacidade de ter comunhão com o Criador e de exercer domínio. A
diferença de sexo (macho e fêmea) é essencial, pois ambos são necessários para
a plena manifestação da imagem de Deus e para o cumprimento da ordem de
procriação.Bíblia de Estudo Plenitude: Ressalta que o homem é um agente
moral, feito para refletir a glória do Criador. A imago Dei (imagem
de Deus) é a razão pela qual o homem tem valor intrínseco. Frisa a igualdade
fundamental entre homem e mulher perante Deus, pois ambos, igualmente, foram
criados à sua imagem.
28. E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e
multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do
mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.
👉 Bíblia de Estudo MacArthur: Define este
versículo como o "Mandato Cultural" ou a "Grande Comissão
da Criação". O homem recebeu um propósito duplo: procriação
(frutificar, multiplicar, encher a terra) e domínio (sujeitar e
dominar). O domínio (radah e kabash no hebraico) significa
realeza e responsabilidade, o homem agindo como vice-regente de Deus sobre a
Terra.Bíblia de Estudo Pentecostal: Sublinha que o versículo é uma bênção
de Deus com um comando. O verbo "sujeitai-a" implica que o
domínio não seria exercido sem esforço, exigindo trabalho e gerenciamento
responsável da criação. A capacidade de procriação é uma bênção que assegura a
continuidade da raça humana e o cumprimento do mandato de povoar a terra.Bíblia
de Estudo Plenitude: Enfatiza que o domínio concedido não é tirania, mas
sim uma mordomia sábia e cuidadosa. A ordem de "encher a
terra" indica que a reprodução é parte do plano divino. O mandato de
domínio estende a imagem de Deus à esfera da autoridade, fazendo do homem o
responsável por administrar a Terra para a glória de Deus.
Gênesis 2
15. E tomou o Senhor Deus o homem e o pôs no jardim do Éden para o
lavrar e o guardar.
👉 Bíblia de Estudo MacArthur: Destaca que o
homem foi criado para o trabalho. Os verbos "lavrar" (servir,
trabalhar) e "guardar" (vigiar, proteger) estabelecem que o Éden,
embora perfeito, exigia esforço e responsabilidade. O trabalho não é uma
maldição, mas uma vocação dada antes da Queda, sendo uma fonte de dignidade e
propósito.Bíblia de Estudo Pentecostal: Vê o homem como um administrador
do jardim, reafirmando o domínio concedido em 1.28, mas detalhando seu modo
de execução. O trabalho de "lavrar e guardar" era prazeroso e aponta
para a santidade do trabalho como parte do serviço a Deus.Bíblia de Estudo
Plenitude: Enfatiza o propósito de Deus para o homem e o jardim.
"Guardar" o jardim sugere que ele precisava de proteção, talvez
contra a invasão de forças externas (como Satanás). O versículo mostra que o
prazer e a responsabilidade caminhavam juntos na condição original da
humanidade.
16. E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do
jardim comerás livremente,
👉 Bíblia de Estudo MacArthur: Destaca a generosidade
de Deus e a vasta liberdade dada ao homem. O termo "livremente"
sublinha que a provisão de Deus era mais do que suficiente. A ordem de Deus
estabelece a sua autoridade e, implicitamente, a responsabilidade de Adão de
responder a ela.Bíblia de Estudo Pentecostal: Enfatiza a infinita
provisão de Deus. Antes de dar a restrição, Deus estabeleceu a liberdade e
a abundância. A única restrição serviria para testar a obediência humana e sua
disposição de se submeter à vontade do Criador.Bíblia de Estudo Plenitude:
Ressalta que o homem vivia sob uma aliança de obras (ou Adâmica) que
exigia obediência perfeita. A abundância permitida serve de contraste para a
única restrição, realçando a justiça de Deus em sua exigência.
17. mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás;
porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.
👉 Bíblia de Estudo MacArthur: Interpreta a
"morte" como sendo, primeiramente, morte espiritual (separação
de Deus), seguida pela perda da imortalidade física, culminando na morte
eterna. O propósito da árvore era ser o marco da soberania de Deus: somente
Ele define o que é bem e mal. Comer dela seria um ato de usurpação, de buscar
autonomia moral de Deus.Bíblia de Estudo Pentecostal: Explica que a
árvore era um teste de obediência. A "ciência do bem e do mal"
não significava ignorância moral antes do ato, mas sim a capacidade de decidir
o padrão moral de forma autônoma (independentemente de Deus). O ato resultaria
em morte tripla: espiritual, física e eterna (a separação final).Bíblia
de Estudo Plenitude: Destaca que esta é a primeira proibição na
Bíblia, e a punição por desobedecê-la é a morte. "Certamente
morrerás" é uma ênfase hebraica, significando "morrendo,
morrerás" (morte imediata da imortalidade e da comunhão com Deus). A punição
divina é sempre justa e inevitável.
Mateus 10
28. E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma;
temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo.
👉 Bíblia de
Estudo MacArthur: É o versículo-chave sobre o Temor a Deus. Jesus contrasta
o poder limitado do homem (que só pode matar o corpo físico) com o poder
ilimitado de Deus (que controla o destino eterno da alma, - psychē). O
"inferno" é o Geenna, o local do julgamento eterno. A alma e o corpo
serão ressuscitados para serem lançados no Geenna, um tormento consciente e
eterno. Bíblia de Estudo Pentecostal: Enfatiza
a imortalidade da alma e a sua capacidade de sobreviver à morte física. O
propósito de Jesus é encorajar os discípulos a serem ousados na evangelização, pois
a perseguição humana é temporária. O medo correto é o temor de Deus, que tem
poder sobre o destino eterno. O versículo é um alerta contra o antropocentrismo
(o temor ao homem) em favor da teocentrismo (o temor a Deus). Bíblia de Estudo Plenitude: Aponta para
a supremacia do poder de Deus. O medo dos homens deve ser substituído pelo
temor reverente de Deus, pois somente Ele pode infligir o castigo mais
terrível: a destruição no inferno. Isso sublinha a grande responsabilidade que
o ser humano tem diante de seu Criador.
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INTRODUÇÃO
Na primeira lição
apresentamos um conceito preliminar da alma, demonstrando seu lugar na tríplice
constituição do homem. Vimos que, junto do espírito e inseparável dele, a alma
compõe a parte imaterial ou espiritual do ser humano, que o torna uma pessoa,
criado à imagem de Deus. Nesta lição buscaremos nos aprofundar no conceito e
distinção da alma, estudando seus atributos e sua importância no relacionamento
com Deus e com o próximo.
👉 Na lição anterior, fizemos uma
parada crucial. Olhamos para a complexa estrutura da criação de Deus e
definimos a alma, a psychē, em sua posição vital na constituição tríplice do
ser humano: corpo, alma e espírito. Vimos que a alma não é meramente um apêndice.
Ela é, conforme o Pr. Silas Queiroz, a porção imaterial que, juntamente com o
espírito, nos torna uma pessoa completa, carregando a sublime imagem de Deus
(imago Dei)1 Esta
descoberta, por si só, já é fascinante, mas ela é apenas o ponto de partida para
o nosso mergulho. Agora, chegou a hora de sermos como os bereanos (Atos 17.11):
cavar mais fundo na Palavra. Deixaremos o conceito preliminar para trás e
buscaremos o cerne da questão: qual é a natureza e a distinção funcional da
alma? O que a torna diferente do espírito, o pneuma, se ambas são imateriais? É
aqui que a exegese bíblica nos presenteia com tesouros que transformam a
maneira como vivemos a fé. A Bíblia de Estudo Pentecostal nos lembra que a alma
é o assento da vida e do eu consciente do homem2 Se o espírito é a nossa capacidade de ter comunhão com
o Criador, a alma é a sede de nossos atributos da personalidade: o intelecto, a
emoção e a vontade (ou volição). Pense nela como o processador central de sua
identidade. É a sua mente (noos), o seu coração (no sentido bíblico de centro
da vida moral e emocional, kardia), e a sua capacidade de escolher. O
Comentário Bíblico Champlin descreve a alma como o centro dos afetos e do
pensamento racional3. Para
o seu aprofundamento teológico, a distinção é funcional e não ontológica (de
essência). O autor pentecostal Robert P. Menzies explica que o Espírito Santo
atua no espírito humano para nos dar vida com Deus, mas o processo de
santificação, de transformação do caráter, ocorre primordialmente na alma4. É por isso que Paulo nos
exorta a renovar a nossa mente (Romanos 12.2), pois o pecado se manifesta
através dos pensamentos e desejos da alma não controlada. A Bíblia de Estudo
MacArthur é enfática: o conflito espiritual é uma guerra pela mente5. Isso nos leva ao ponto de
aplicação prática. A sua alma é o local do seu relacionamento horizontal (com o
próximo) e o reflexo do seu relacionamento vertical (com Deus). Se a nossa alma
está enferma, nossos relacionamentos são tóxicos; se está em paz com Deus,
refletimos a imagem de Cristo em serviço e amor. Os atributos da alma nos
capacitam a amar a Deus com todo o nosso entendimento, a sentir compaixão e a
tomar a decisão diária de segui-Lo. Anthony D. Palma e outros teólogos
continuístas ressaltam que os dons espirituais fluem do espírito, mas a forma
como os utilizamos, em amor, sabedoria e ordem, é filtrada pelo domínio da alma6. Portanto, o desafio desta
lição é imediato: não basta saber que você tem uma alma; é preciso conhecer os
atributos da sua alma para governá-la. Entender a alma é entender o campo de
batalha da sua vontade e a fonte das suas motivações. Ao nos aprofundarmos na
distinção e nos atributos da alma, como faremos nesta lição, descobriremos a
chave para a verdadeira estabilidade, alegria e eficácia em nosso chamado para
sermos luzeiros do evangelho. Vamos
aprofundar o conteúdo desta aula? Venha comigo!
1
QUEIROZ, Silas. Corpo Alma e Espírito. Rio de Janeiro: CPAD, 2005. p. 45.
2
Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995. Notas de estudo em 1
Tessalonicenses 5.23.
3
CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado: Versículo por
Versículo. Vol. 5. São Paulo: Hagnos, 2014. p. 570.
4
MENZIES, Robert P. The Development of Early Christian Pneumatology: From an Old
Testament Perspective. Sheffield: Sheffield Academic Press, 1991. p. 256.
(Ideia de santificação da alma).
5
Bíblia de Estudo MacArthur. Barueri, SP: SBB, 2010. Notas de estudo em Romanos
12.2.
6
PALMA, Anthony D. The Holy Spirit: A Pentecostal Perspective. Springfield:
Gospel Publishing House, 2001. p. 110. (Discussão sobre o governo dos dons pela
alma).
Palavra-Chave:
ALMA
👉 Na visão tricotômica da natureza
humana (que postula que o ser humano é composto por três partes distintas:
corpo, alma e espírito), o termo Alma (psychē) é definido da seguinte forma: Alma
(Psychē) na Tricotomia A Psychē (Alma) é considerada a sede da personalidade,
da vida psíquica e da natureza humana em seu relacionamento com o mundo. É o
elo entre o corpo físico (soma) e o espírito (pneuma). Sede da Personalidade; É
o centro do "Eu", onde reside a autoconsciência e a individualidade
do ser humano. Vida Psíquica/Racional É a dimensão da mente e das faculdades
humanas que nos distinguem dos animais (que também têm uma psychē, mas de
natureza inferior). Cognição (Mente/Razão): Pensamentos, intelecto, raciocínio.
Vida Emocional É o assento dos sentimentos e emoções. Afeição
(Emoções/Sentimentos): Alegrias, tristezas, desejos, medos, amor, ódio. Volição
(Vontade) É a capacidade de escolha, de tomar decisões e de agir. Vontade
(Escolha/Decisão): A capacidade de determinar as ações e o curso de vida. Relação
com o Corpo A alma precisa do corpo para se manifestar e interagir com o mundo
físico, expressando suas emoções, pensamentos e vontades. Em suma, na visão
tricotômica, a Alma (psychē) é a parte mediadora, responsável por toda a nossa
experiência no mundo natural e social. Ela se comunica com o mundo através do
Corpo e, por sua vez, é influenciada pelo Espírito, que é o órgão de comunhão
com Deus. A distinção crucial é com o Espírito (Pneuma): Alma (Psychē): Lida
com o que é humano, terreno, intelectual e emocional. É a esfera da vida
natural do homem. Espírito (Pneuma): Lida com o que é divino, eterno e sobrenatural.
É a esfera da comunhão com Deus e da vida espiritual. Portanto, um indivíduo
não regenerado pode ter uma alma (raciocínio, emoção, vontade) perfeitamente
funcional, mas seu espírito pode ser considerado "mortificado" ou
inativo para as coisas divinas, até que haja a intervenção do Espírito Santo.
I. ATRIBUTOS DA ALMA
1.
De volta ao Gênesis. A parte imaterial do ser
humano é o que mais o diferencia dos animais, como bem evidenciado na criação
(Gn 2.7). O homem é um ser pessoal, criado à imagem de Deus, com
autoconsciência e autodeterminação. O Criador fez-lhe seu representante,
dando-lhe poder de governo sobre toda a obra criada (Sl 8.3-6): “[...] enchei a
terra, e sujeita-a; e dominai [...]” (Gn 1.28). Sua capacidade de
administração, compreensão e decisão moral é resultado do caráter consciente e
autônomo da alma humana. Isso é exemplificado originalmente na aptidão de
lavrar e guardar o jardim (Gn 2.15), discernir entre o certo e o errado e fazer
escolhas (Gn 2.16,17) e dar nomes aos animais (Gn 2.19). A parte afetiva do
homem é demonstrada na afirmação divina da necessidade de uma companheira e na
expressão de satisfação de Adão ao receber Eva, que alguns eruditos consideram
ser a primeira composição poética da história humana (Gn 2.18,23).
👉 Precisamos entender o que torna o
ser humano a obra-prima da criação. A resposta está no sopro divino de Gênesis
2.7, que transformou o pó da terra em uma "alma vivente" (nephesh
hayyah em hebraico). Essa "alma vivente" é o que nos diferencia
radicalmente dos animais. Enquanto a criação animal possui uma nephesh que lhe
confere vida física e instinto, a nossa psychē é única: ela carrega o DNA da
divindade, a imago Dei, manifesta em atributos que nos qualificam para a
comunhão com Deus e para o governo sobre a Terra. O principal atributo da alma
é a Autoconsciência e a Autodeterminação, elementos essenciais para que o homem
pudesse ser o vice-regente de Deus. O Criador nos fez seus representantes,
conferindo-nos um poder de governo que o Salmo 8.3-6 celebra. Em Gênesis 1.28,
o mandato é claro: "sujeitai-a e dominai" (kabash e radah no
hebraico), verbos que implicam responsabilidade régia1. A Bíblia de Estudo MacArthur destaca que essa
capacidade de domínio nasce da parte imaterial do homem: a alma é a sede da
razão (noos) e da vontade (boulē), tornando-nos seres pessoais e morais. Mas
como a alma manifestou sua capacidade antes da Queda? De forma prática e
límpida, em três áreas no Jardim: Administração e Cuidado (Trabalho): A ordem
de "lavrar e guardar" (Gênesis 2.15) o Éden demonstra a aptidão
intelectual e volitiva da alma para o trabalho. O trabalho, antes de ser uma
labuta, era uma expressão da razão e do cuidado da alma em resposta à soberania
de Deus. Discernimento e Escolha Moral (Volição): A árvore da ciência do bem e
do mal (Gênesis 2.16,17) não era um teste para o corpo, mas para a vontade da
alma. A capacidade de discernir o certo do errado e de fazer escolhas
autônomas, mesmo com uma restrição única, é o testemunho mais forte do caráter
consciente da alma. A Bíblia de Estudo Plenitude chama essa capacidade de
autonomia moral, essencial para o conceito de responsabilidade2. Compreensão e
Classificação (Intelecto): Adão ter nomeado os animais (Gênesis 2.19) é mais
que um registro histórico; é a demonstração clara de uma mente superior. A
nomeação exige observação, classificação e abstração, evidenciando o poder
cognitivo e racional da alma. Não foi um ato instintivo, mas um exercício da
inteligência dada por Deus. Além da Razão e da Vontade, a alma é a sede das
Emoções e dos Afetos. O próprio Deus, ao observar o isolamento de Adão,
demonstra afeto: "Não é bom que o homem esteja só" (Gênesis 2.18).
Quando Eva é apresentada, Adão irrompe em uma explosão de satisfação:
"Esta é agora osso dos meus ossos e carne da minha carne" (Gênesis
2.23). Este é o registro da primeira manifestação de alegria e apego emocional
da alma humana, que o pastor Antônio Gilberto classifica como a expressão mais
pura do afeto conjugal3.
O amor, a alegria, a satisfação e a profunda conexão são, portanto, atributos
divinamente implantados na alma. Portanto, o desafio deste primeito tópico e
subtópico é este: se a sua alma possui estes atributos sublimes, criados para a
glória de Deus, você está governando sua mente, suas emoções e sua vontade para
cumprir o Mandato Cultural? A batalha pela santificação, como enfatizam os
autores pentecostais como Gordon D. Fee, é a batalha pela renovação da alma4, para que seus atributos
reflitam o caráter de Cristo.
1 Bíblia de Estudo MacArthur.
Barueri, SP: SBB, 2010. Notas de estudo em Gênesis 1.28.
2 Bíblia de Estudo Plenitude.
Barueri, SP: SBB, 2001. Notas de estudo em Gênesis 2.16-17.
3 GILBERTO, Antônio. Teologia
Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2008. p. 115. (Referência à alma
como sede dos afetos e emoções).
4 FEE, Gordon D. O Evangelho e o
Espírito: Perspectivas Pentecostais sobre Paulo. Rio de Janeiro: CPAD, 2009. p.
192. (Ênfase na renovação da mente/alma como parte da santificação).
5 QUEIROZ, Silas. Corpo Alma e
Espírito. Rio de Janeiro: CPAD, 2005. p. 60.
6 Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio
de Janeiro: CPAD, 1995. Notas de estudo em Gênesis 2.7.
2.
Entre o espírito e o corpo. A alma do homem é sua
personalidade ou distintivo pessoal. Seus três principais atributos são: emoção
ou sentimento, razão ou intelecto e volição ou vontade. É, portanto, a sede dos
afetos, raciocínio, impulsos, desejos e decisões. O ser humano emprega esses
atributos em sua comunicação com Deus e com o mundo físico, principalmente seus
semelhantes. Para ter comunhão com Deus, a alma serve-se do espírito. Para
comunicar-se com o próximo, o veículo são o corpo e seus órgãos sensoriais
(pele, olhos, ouvidos, nariz, boca). Pode-se dizer, então, que a alma funciona
entre o espírito, que se conecta com Deus, o Ser Divino, e o corpo, que se
conecta com o mundo dos homens. O cântico de Maria, na casa de sua prima,
Isabel, é uma típica cena dessa tríplice interação e comunicação (Lc 1.46,47).
👉 Entre o espírito e o corpo: Na seção
anterior, estabelecemos que a alma é o tesouro da nossa identidade, o nosso
distintivo pessoal. Mas onde exatamente essa alma reside e como ela opera no
complexo sistema do ser humano tricótomo (corpo, alma e espírito)? A alma
assume uma posição estratégica: ela é o ponto de articulação entre a parte mais
elevada e a parte mais terrena da nossa constituição. A alma é a sede da
personalidade porque nela residem seus três atributos fundamentais: a Emoção
(os afetos, sentimentos e impulsos), a Razão (o intelecto, o raciocínio, o noos
em grego e a Volição (a vontade, a capacidade de decisão). Estes são os
elementos que definem o seu "eu". O Pr. Silas Queiroz reforça: os
impulsos e desejos que movem o ser humano em direção a Deus ou ao mundo nascem
neste centro da alma1. A
alma funciona como o tradutor e mediador do nosso ser, estabelecendo dois
fluxos vitais de comunicação.
Comunicação
Vertical (Deus): Para ter comunhão com o Ser Divino e receber as verdades do
Espírito de Deus, a alma serve-se do nosso espírito humano. O nosso espírito,
sendo a parte mais elevada e imortal, é o órgão da intuição e da consciência
divina, mas é a alma (através do raciocínio e da vontade) que processa,
compreende e decide obedecer à revelação espiritual. Como ensina o Comentário
Bíblico Pentecostal, é o espírito que se une ao Espírito de Deus, mas é a alma
que vive a santificação prática2.
Comunicação
Horizontal (Mundo): Para se comunicar e interagir com o mundo físico e com o
próximo, a alma utiliza o corpo (soma) e seus órgãos sensoriais (visão,
audição, tato, etc.). Se você decide amar (volição da alma), seu corpo age
(abraça, ajuda); se você sente alegria (emoção da alma), seu corpo manifesta
(sorri, gesticula). O corpo é o veículo de expressão da personalidade. A Bíblia
nos oferece um exemplo vívido dessa tríplice interação no cântico de Maria na
casa de Isabel (Lucas 1.46,47). Maria proclama: "A minha alma engrandece
ao Senhor, e o meu espíritose alegra em Deus, meu Salvador." A alegria e o
louvor começam na esfera profunda, intuitiva e conectada a Deus, mas são
externalizados, processados e verbalizados pela alma e, finalmente, expressos
pelo corpo através do cântico e da voz3.
O Comentário Bíblico Beacon interpreta esta passagem como a prova bíblica de
que, embora intimamente ligadas, alma e espírito possuem funções distintas na
adoração e na experiência com o Salvador4.
Este subtópico traz uma lição prática poderosa: a saúde da sua alma é a chave
para a clareza da sua comunicação. Você está permitindo que seu espírito,
renovado em Cristo, guie sua alma (razão, emoção e vontade)? O Espírito Santo
trabalha através do seu espírito para purificar a sua alma, garantindo que sua
interação com o mundo (soma) seja um testemunho fiel de Cristo.
1
QUEIROZ, Silas. Corpo Alma e Espírito. Rio de Janeiro: CPAD, 2005. p. 55.
2
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
Notas de estudo em 1 Tessalonicenses 5.23.
3
BENTON, John. Estudos em Lucas. São José dos Campos, SP: Fiel, 2007. p. 55.
(Interpretação da distinção funcional em Lucas 1.46-47).
4
HARRISON, Everett F. (Ed.). Comentário Bíblico Beacon: Mateus a Atos. Vol. 6.
Rio de Janeiro: CPAD, 2006. p. 320. (Análise da distinção entre alma e espírito
no Magnificat).
5
Bíblia de Estudo Plenitude. Barueri, SP: SBB, 2001. Notas de estudo em Romanos
12.2.
3.
A alma abatida. Os afetos da alma em relação
a Deus são vistos na poesia do Salmo 42, quando o salmista conversa consigo
mesmo: “Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas em mim?
Espera em Deus, pois ainda o louvarei na salvação da sua presença” (Sl 42.5). O
contexto indica que o autor experimentava aflição espiritual e alguma crise em
sua comunhão com Deus (vv.4,9; 43.2), por isso sua alma estava entristecida e
suspirava: “A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me
apresentarei ante a face de Deus?” (Sl 42.2). O Salmo 84.2 também ilustra essa
função da alma, assim como o Salmo 51, no qual Davi fala de sua tristeza e do
anseio por um espírito reto, voluntário e renovado, o que devolveria alegria à
integralidade de seu ser (Sl 51.7-12).
👉 Se a alma é o centro da nossa emoção
e razão, nada revela sua importância quanto a experiência do abatimento. O
salmista nos permite entrar em seu diálogo íntimo, um testemunho cru da nossa
fragilidade interior, ao perguntar: "Por que estás abatida, ó minha alma,
e por que te perturbas em mim? Espera em Deus..." (Salmo 42.5).Aqui está o
deleite da exegese: a palavra hebraica para "alma" é nephesh, e para
"abatida" é shachach, que significa literalmente "curvar-se,
inclinar-se, prostrar-se". O salmista está experimentando um peso tão grande na nephesh que sua
personalidade inteira se dobra, se abate1.
Esta não
é uma tristeza superficial; é uma
crise de comunhão (v. 4, 9) que afeta o centro de sua alegria e esperança. O
contexto é de profunda aflição espiritual e "sede de Deus". Ele
clama: "A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo..." (Salmo 42.2).
A sede da nephesh é o anseio primordial de toda a personalidade humana pela
Fonte da Vida. O Comentário Bíblico Pentecostal (Novo Testamento) aponta que
essa sede desesperadora ilustra como a alma, mesmo em crise, busca
desesperadamente a presença divina para ser saciada, pois foi criada para Ele2. A ausência de Deus
desorganiza a estrutura emocional e racional da alma. O Salmo 84.2 ecoa este
mesmo anseio: a alma suspira pelo tabernáculo do Senhor. Isso nos ensina que a
função primária da alma é a adoração e a busca pela presença divina. Quando o
acesso à comunhão parece interrompido, a alma (emoção e razão) entra em colapso.
O pastor Antônio Gilberto ressalta que o desalento da alma é, frequentemente, o
resultado de um desajuste entre o que a alma experimenta no mundo e o que o
espírito anseia em Deus3.
O aprofundamento continua no arrependimento de Davi (Salmo 51), onde ele ora
pela restauração integral do seu ser após o pecado. Ele não apenas pede perdão,
mas clama: "Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um
espírito reto" (Salmo 51.10). A tristeza de Davi (uma aflição da nephesh) é tão intensa que ele precisa de um novo espírito reto e da restituição da alegria da salvação (v. 12) para que sua alma se
levante do abatimento4. A
teologia de Douglas Oss e outros afirma que a alma só encontra estabilidade e
alegria quando a obra do Espírito Santo no ruach humano é refletida em uma
nephesh submissa e restaurada5.
Portanto, o desafio deste subtópico é claro: se sua alma se sente
"curvada" (shachach), o remédio não está no entretenimento ou nas
coisas superficiais, mas na espera ativa em Deus e na busca pela renovação do
seu espírito. Leve sua alma inquieta ao encontro do Deus Vivo. A alma só
encontra sua verdadeira estabilidade quando se submete à direção do espírito
regenerado.
1
VAN GEMEREN, Willem A. New International Dictionary of Old Testament Theology
and Exegesis. Vol. 4. Grand Rapids, MI: Zondervan, 1997. p. 119. (Análise
exegética de shachach).
2
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
Notas de estudo em Salmos 42.2.
3
GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD,
2008. p. 116. (Conexão entre a alma e as emoções).
4
Bíblia de Estudo Plenitude. Barueri, SP: SBB, 2001. Notas de estudo em Salmos
51.10.
5
OSS, Douglas. The Holy Spirit in the Old Testament: The Person and Work of the
Holy Spirit. Grand Rapids, MI: Zondervan, 2008. p. 98. (Relação entre o ruach
humano e a estabilidade da nephesh).
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SINOPSE I
A alma é a sede das
emoções, da razão e da vontade, expressando a personalidade humana criada à
imagem de Deus.
AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO
A ALMA E A PRESENÇA DE DEUS
“Assim como a água é essencial para a vida
física, Deus e a sua presença são essenciais para a vida espiritual, e também
para a máxima satisfação e plenitude em todos os aspectos da vida. Aqueles que
verdadeiramente confiam em Deus sentirão fome e sede de ter um relacionamento
mais profundo com Ele, de desfrutar do favor e da atividade sobrenatural do
Senhor em sua vida.
(1) Parar de sentir sede de
Deus é o mesmo que morrer espiritualmente. Não devemos permitir que nada tire o
nosso desejo intenso de conhecer a Deus e os seus propósitos. Precisamos evitar
a distração com preocupações, necessidades, sucessos, atrações e prazeres da
vida. Essas coisas podem bloquear a nossa sede de Deus e roubar de nós o desejo
e a disciplina necessários para buscar um relacionamento mais profundo com Ele
através da Palavra e da oração (Mc 4.19).
(2) Devemos orar para que o
nosso desejo da presença de Deus se torne mais profundo e mais forte. Isso vai
requerer uma abertura maior para a completa demonstração dos dons, da direção e
do poder do Espírito Santo (veja o quadro A OBRA DO ESPÍRITO SANTO, p.2147). A
nossa paixão por ver os propósitos de Cristo serem cumpridos na terra também
deve se intensificar até que ela nos leve à oração fervorosa e nos dê uma sede
espiritual, como um cervo que “brama pelas correntes das águas” em tempos de
seca (v.1; veja Mt 5.6; 6.33, notas)” (Bíblia de Estudo Pentecostal — Edição
Global. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, p.945).
AMPLIANDO O CONHECIMENTO
“ASPECTO DO SER HUMANO
A alma (heb. nephesh; gr.
psychē), frequentemente traduzida como ‘vida’, pode ser brevemente definida
como a parte não material do ser humano, que resulta da união de corpo e
espírito. Ela inclui a mente, as emoções e o livre-arbítrio. Juntamente com o
espírito humano, a alma continuará a viver quando a pessoa morrer fisicamente.
[...] A alma está tão intimamente conectada à personalidade interior que o
termo é usado, às vezes, como sinônimo de ‘pessoa’ (p.ex., Lv 4.2; 7.20; Js
20.3).” Amplie mais o seu conhecimento, lendo a Bíblia de Estudo Pentecostal
Edição Global, editada pela CPAD.
II. A NATUREZA DA ALMA:
IMATERIALIDADE E IMORTALIDADE
1.
Distinção de substâncias. O texto de Mateus 10.28 é um
excelente fundamento para o estudo da alma como parte da natureza imaterial do
ser humano. Em um só versículo estão profundas verdades espirituais reveladas
por Jesus a respeito de nossa psiquê; algumas delas relacionadas a debates
alimentados ao longo de toda a História, inclusive no contexto da Igreja. Em
primeiro lugar, Jesus expõe a clara distinção de substâncias entre as partes
material e imaterial do homem: uma tangível (o corpo, que pode perecer por ação
humana), outra intangível (a alma, que não pode ser destruída pelo homem).
Nesse ponto é importante observar que em vários textos das Escrituras a parte
imaterial é representada ora pela alma, ora pelo espírito (Ec 12.7; Tg 2.26; Ap
6.9). Nesses casos as referências sempre abrangem ambas as substâncias devido à
sua inseparabilidade.
👉 As palavras de Jesus em Mateus 10.28
nos conduzem ao coração da antropologia bíblica: “Não temam os que matam o
corpo, mas não podem matar a alma; antes, temam aquele que pode destruir tanto
a alma como o corpo no inferno” (NVI). Em uma única frase, o Senhor revela a
estrutura profunda do ser humano e define a linha divisória entre o visível e o
invisível, o temporal e o eterno. É aqui que encontramos um fundamento sólido
para compreender a alma como parte imaterial do ser humano, distinta, porém
inseparável do corpo. O texto grego usa o termo psychē (ψυχή) para “alma”,
palavra que descreve a essência interior do homem, o centro da vida, dos afetos
e da consciência. Já “corpo” é sōma (σῶμα), o organismo físico e perecível. Jesus, ao usar ambos, não apenas faz uma distinção conceitual, mas estabelece uma
hierarquia ontológica:
o corpo pode ser ferido ou morto por agentes humanos, mas a alma pertence
exclusivamente ao domínio divino. A “psychē” transcende o poder humano; ela não
pode ser aniquilada por nenhum processo natural, pois é sustentada pelo sopro
de Deus (Gn 2.7). O Pr Silas Queiroz observa que “a alma não é uma substância
material ou resultado de funções biológicas, mas uma realidade espiritual que
confere vida e identidade ao homem” (QUEIROZ, Corpo, Alma e Espírito, CPAD,
2014). A alma é o “eu” consciente que pensa, sente e escolhe — aquilo que
sobrevive à morte física e permanece diante do Criador. A Bíblia usa os termos
alma e espírito de modo intercambiável em alguns contextos, o que tem gerado
debates teológicos ao longo da história. Em Eclesiastes 12.7 lemos: “O pó volte
à terra, de onde veio, e o espírito volte a Deus, que o deu”. Tiago 2.26
reforça que “o corpo sem espírito está morto”. E em Apocalipse 6.9, João vê “as
almas dos que foram mortos por causa da Palavra de Deus”. Esses textos apontam
para a mesma realidade: a dimensão imaterial do homem, seja designada “alma”
(psychē) ou “espírito” (pneuma), é o centro vital e consciente do ser, o
elemento que subsiste mesmo após a morte. A Bíblia de Estudo Pentecostal
explica que “alma e espírito são distintas, mas inseparáveis no ser humano; a
primeira é o assento da personalidade, o segundo é o elemento pelo qual o homem
se relaciona com Deus” (GILBERTO, Antônio, Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD,
1995, nota de 1Ts 5.23). Essa interação entre alma e espírito revela o cuidado
de Deus em criar o homem como uma unidade complexa, dotada de materialidade e
espiritualidade que se completam. A compreensão de que a alma é imortal deve
gerar temor santo e profunda responsabilidade espiritual. Se o corpo é
temporário e pode ser destruído, a alma permanece. O que fazemos com ela hoje
terá consequências eternas. Jesus não falou em teoria, Ele advertiu seus
discípulos a temerem a Deus, não aos homens. O temor do Senhor nasce da
consciência de que a alma pertence a Ele e voltará para prestar contas. Essa
verdade também consola o crente fiel. A morte não é o fim, mas o começo da
eternidade com Cristo. Como afirma Gordon Fee, “a esperança cristã não se apoia
na negação da morte, mas na certeza da ressurreição e da comunhão eterna com o
Senhor” (FEE, Paul, the Spirit, and the People of God, 1996). Assim, viver com
essa consciência nos liberta do medo e nos chama à santidade. A alma é o
santuário interior onde o Espírito Santo habita. Cuidar dela é dever sagrado.
Uma vida negligente, presa às coisas visíveis, enfraquece o interior e adoece o
espírito. Mas quando a alma é alimentada pela Palavra e guiada pelo Espírito, o
cristão experimenta plenitude, mesmo em meio à dor. Craig Keener acrescenta que
“a distinção entre corpo e alma, longe de promover dualismo, reforça a
esperança de uma redenção completa: Deus salvará o homem inteiro” (KEENER,
Comentário do Novo Testamento, CPAD, 2012). O corpo será transformado, e a
alma, já redimida, encontrará plena comunhão com o Criador. Por isso, não
invista apenas no que perece. Cuide da sua alma. Alimente-a com a verdade.
Purifique-a com arrependimento e oração. Um dia, o corpo voltará ao pó, mas a
alma seguirá viva — e será acolhida ou rejeitada diante do trono de Deus.
BÍBLIA
DE ESTUDO MACARTHUR. A Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Thomas Nelson
Brasil, 2015.
BÍBLIA
DE ESTUDO PENTECOSTAL. 2. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
BÍBLIA
DE ESTUDO PLENITUDE. São Paulo: Editora Vida, 2000.
FEE,
Gordon D. Paul, the Spirit, and the People of God. Peabody: Hendrickson, 1996.
GILBERTO,
Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
KEENER,
Craig S. Comentário do Novo Testamento: Aplicação à Vida. Rio de Janeiro: CPAD,
2012.
QUEIROZ,
Silas. Corpo, Alma e Espírito. Rio de Janeiro: CPAD, 2014.
ARRINGTON,
French L. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro:
CPAD, 2003.
OSS,
Douglas; PALMA, Anthony D.; MACCHIA, Frank D. Pneumatologia Pentecostal.
Springfield: Gospel Publishing House, 2006.
CHAMPLIN,
R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo:
Hagnos, 2001.
BEACON
BIBLE COMMENTARY. Novo Testamento. Kansas City: Beacon Hill Press, 1965.
2.
Imaterialidade e responsabilidade pessoal. Ao
tratar do perecimento da alma e do corpo no Inferno, Jesus refuta as concepções
antropológicas materialistas existentes desde a Antiguidade. Em tempos modernos
temos o marxismo, que prega que o homem se resume à matéria, ignorando a
existência de uma alma consciente após a morte (Lc 16.19-31). Essa ideologia
ateísta nega a pecaminosidade e a responsabilidade moral do indivíduo.
Considera que o mal é estrutural; que a culpa é da sociedade; que as pessoas
individualmente são vítimas de estruturas opressoras. Identificam pecados
sociais, mas não individuais. Esse engano desconsidera a necessidade de
arrependimento, conversão e salvação pessoal e mantém as almas de seus adeptos
no caminho da perdição eterna (At 3.19; Jo 17.3). Toda ideologia que promete
soluções absolutas para os problemas do homem por meio de doutrinas sociais,
políticas ou econômicas incorre no mesmo erro (Pv 4.12,27; At 4.12).
👉 Quando Jesus declarou em Mateus
10.28 que Deus pode destruir tanto o corpo quanto a alma no inferno, Ele estava
corrigindo não apenas uma visão religiosa equivocada, mas também toda forma de
pensamento que reduz o ser humano à mera matéria. Suas palavras revelam que há
uma dimensão espiritual e eterna na existência humana, uma realidade que o
mundo materialista prefere ignorar. A palavra usada por Jesus para “alma” é
psychē (ψυχή), termo que descreve o centro da personalidade, da vontade e da
consciência moral. Essa dimensão não é produto do corpo, mas procede do sopro
de vida que Deus insuflou no homem (Gn 2.7). A alma é imaterial, invisível e,
sobretudo, responsável diante do Criador. Ao tratar da destruição da alma no
inferno, Cristo não fala de aniquilação, mas de condenação eterna, de separação
consciente e definitiva de Deus. A Bíblia de Estudo MacArthur destaca que “a
alma é indestrutível e sobreviverá para desfrutar da presença de Deus ou sofrer
separação eterna” (MACARTHUR, 2015, nota de Mt 10.28). Essa verdade confronta
ideologias antigas e modernas que negam o espiritual. Desde os filósofos
materialistas da Antiguidade até o marxismo contemporâneo, há uma insistência
em definir o homem como um ser puramente biológico, condicionado pelas forças
econômicas ou sociais. O marxismo, por exemplo, rejeita a ideia de uma alma
consciente e imortal, reduzindo o ser humano ao resultado das estruturas de
produção. Nesse pensamento, o mal não está no coração humano, mas nas condições
externas; a culpa é da sociedade, não do indivíduo. Assim, o homem deixa de ser
pecador e passa a ser apenas vítima. Essa distorção atinge o âmago da fé
cristã. Quando o pecado é deslocado da esfera pessoal para a estrutural, a
necessidade de arrependimento e conversão desaparece. No entanto, a Palavra de
Deus é clara: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados
os vossos pecados” (At 3.19). O termo grego para “arrependei-vos” é metanoeō
(μετανοέω), que significa literalmente “mudar a mente”. O arrependimento não é
social, mas pessoal; não é coletivo, mas individual. Cada alma precisará
responder diante de Deus pelo que fez com o Evangelho de Cristo. O Pr Silas
Queiroz lembra que “a imaterialidade da alma implica responsabilidade moral e
consciência eterna diante do Criador” (QUEIROZ, Corpo, Alma e Espírito, 2014).
Essa consciência é o que distingue o homem de todos os outros seres criados.
Somos seres espirituais que existirão eternamente, e o destino dessa eternidade
depende das decisões tomadas aqui e agora. O Comentário Bíblico Pentecostal do
Novo Testamento ressalta que Jesus, ao ensinar sobre a alma e o corpo, “não
apenas refuta o materialismo, mas reafirma a santidade da vida humana e a
necessidade de salvação pessoal em Cristo” (ARRINGTON, 2003, v.1, p. 112). O
homem não pode ser reduzido a um conjunto de reações químicas ou
condicionamentos sociais. Ele é portador da imagem divina (imago Dei), e sua
alma carrega a marca da eternidade. Toda ideologia que promete resolver os
dilemas humanos por meio de sistemas políticos, econômicos ou sociais repete o
mesmo erro. Nenhuma estrutura pode redimir o coração do homem. Somente Cristo é
o Mediador capaz de reconciliar o ser humano com Deus (At 4.12). O problema do
mundo não é a economia, mas o pecado; não é o sistema, mas a alma não
regenerada. Essa verdade precisa ecoar nas igrejas locais. Muitos crentes têm
sido seduzidos por discursos sociológicos que soam compassivos, mas esvaziam o
Evangelho de sua urgência espiritual. É preciso lembrar: a salvação é pessoal.
A alma que pecar, essa morrerá (Ez 18.4). E a alma que crer em Cristo, viverá
para sempre (Jo 17.3). Por isso, cada um deve examinar sua própria vida. Você
tem cuidado da sua alma? Ou tem se deixado moldar pelas filosofias que negam a
eternidade? A vida passa, mas a alma permanece. Ela é o que você realmente é, e
um dia estará diante de Deus. Cuide dela com temor e fé, porque dela depende
seu destino eterno.
ARRINGTON, French L. Comentário
Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
BÍBLIA DE ESTUDO MACARTHUR. São
Paulo: Thomas Nelson Brasil, 2015.
BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. Rio de
Janeiro: CPAD, 1995.
BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE. São
Paulo: Editora Vida, 2000.
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento
Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos, 2001.
FEE, Gordon D. Paul, the Spirit, and
the People of God. Peabody: Hendrickson, 1996.
GILBERTO, Antônio. Teologia
Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
KEENER, Craig S. Comentário do Novo
Testamento: Aplicação à Vida. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e
Espírito. Rio de Janeiro: CPAD, 2014.
BEACON BIBLE COMMENTARY. Novo
Testamento. Kansas City: Beacon Hill Press, 1965.
OSS, Douglas; PALMA, Anthony D.;
MACCHIA, Frank D. Pneumatologia Pentecostal. Springfield: Gospel Publishing
House, 2006.
3.
Materialismo e teologia. A visão materialista da
natureza humana vai além das questões político-ideológicas. Afeta também a
teologia, principalmente quanto à missão da Igreja, a ortopraxia, isto é, a
prática correta. No campo católico, inspira a Teologia da Libertação. No
protestantismo, a Teologia da Missão Integral. Ambas se alimentam de concepções
socioeconômicas e políticas comuns ao marxismo, que, por sua vez, tem como
fundamento o ideário materialista e crítico, que busca tirar Deus do cenário
humano e instigar as lutas de classes. Toda negação da condição pecaminosa do
homem é, no mínimo, um ateísmo prático, independentemente do viés que assuma
(Lm 3.39; Tt 1.16). Algumas correntes teológicas contemporâneas reinterpretam
as Escrituras com base em vertentes da teologia da libertação, e compartilham
do mesmo campo de distorção e confusão espiritual (Lc 11.17; 1Co 14.33).
Conflitam com a sã doutrina, que é essencial para a salvação da alma (1Tm
4.6,16; 2Tm 4.1-3).
👉 O materialismo não se limita ao
campo político ou filosófico; ele invade também a teologia, distorcendo a
missão da Igreja e a compreensão da própria fé cristã. Quando o homem começa a
enxergar o mundo apenas por lentes econômicas ou ideológicas, acaba moldando
sua visão de Deus de acordo com o sistema que o cerca. O resultado é uma
espiritualidade sem transcendência, um evangelho sem cruz e uma igreja sem
arrependimento. A Escritura afirma que “o homem vive não só de pão, mas de toda
palavra que procede da boca de Deus” (Mt 4.4). O verbo usado por Jesus, zēsetai
(ζήσεται), “viverá”, indica uma vida plena que não se reduz à existência
física. O materialismo, contudo, reduz a fé à sobrevivência e transforma o
Evangelho em mero instrumento de mudança social. A consequência é grave: o
homem deixa de ser visto como pecador carente de salvação e passa a ser tratado
apenas como vítima das estruturas humanas. Historicamente, essa visão
contaminou a teologia cristã em diferentes frentes. No catolicismo, deu origem
à Teologia da Libertação; no protestantismo, inspirou a Teologia da Missão Integral.
Ambas, embora partam de preocupações legítimas com a justiça e o sofrimento
humano, acabaram absorvendo princípios marxistas que colocam a luta de classes
acima da redenção individual. O marxismo, com seu fundamento no materialismo
histórico, rejeita a transcendência e busca eliminar Deus do centro da história
humana. Assim, o pecado deixa de ser rebelião contra Deus e passa a ser
interpretado como desigualdade social. Silas Queiroz observa com precisão que
“toda teologia que desloca o foco da redenção do indivíduo para as estruturas
sociais, inevitavelmente, enfraquece a consciência moral e apaga o sentido da
eternidade” (QUEIROZ, Corpo, Alma e Espírito, 2014). O Evangelho, porém, não
começa no sistema, mas no coração. Jesus veio transformar o homem de dentro
para fora. Ele não prometeu uma revolução de classes, mas a regeneração da
alma. O apóstolo Paulo advertiu Timóteo a conservar “a sã doutrina”
(hygiaínousa didaskalía, ὑγιαίνουσα διδασκαλία), expressão que significa literalmente “ensino saudável” (1Tm 4.6; 2Tm 4.3). A doutrina sadia não é apenas correta intelectualmente; ela produz vida
espiritual, discernimento e santidade. Por isso, toda teologia que nega o
pecado pessoal e a necessidade de arrependimento é, nas palavras de Antônio
Gilberto, “um ateísmo prático travestido de religiosidade” (GILBERTO, Teologia
Sistemática Pentecostal, 2008, p. 102). É preciso discernir os tempos. Algumas
correntes teológicas modernas reinterpretam a Bíblia à luz de filosofias
humanistas e relativistas, criando um evangelho que agrada às massas, mas
desagrada ao Espírito Santo. Craig Keener alerta que “quando o texto bíblico é
subjugado à ideologia, a revelação deixa de transformar e passa a ser
manipulada” (KEENER, Comentário do Novo Testamento: Aplicação à Vida, 2012). O
resultado é confusão espiritual e enfraquecimento da fé, exatamente o que Jesus
denunciou em Lucas 11.17: “Todo reino dividido contra si mesmo será destruído”.
Nas igrejas locais, esse engano se manifesta de forma sutil. Quando o crente
passa a buscar apenas soluções sociais, políticas ou psicológicas, esquece que
o maior problema do homem é o pecado. A igreja não foi chamada para substituir
o Estado, mas para proclamar o Reino. A missão da Igreja é integral, sim, mas
parte da reconciliação com Deus, e não de ideologias humanas. Como lembra o
Comentário Bíblico Beacon, “a salvação que não começa com arrependimento e fé
em Cristo é mera reforma moral, incapaz de transformar o coração” (BEACON,
1965, v.9, p. 211). Essa é a hora de a Igreja examinar a si mesma! Temos
pregado um Cristo que salva da ira vindoura ou um Cristo que apenas melhora a
sociedade? O Evangelho de Jesus continua sendo o poder de Deus para a salvação
de todo aquele que crê (Rm 1.16). E esse poder começa na alma, imaterial,
eterna e responsável, que precisa nascer de novo para ver o Reino de Deus.
ARRINGTON, French L. Comentário
Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
BEACON BIBLE COMMENTARY. Novo
Testamento. Kansas City: Beacon Hill Press, 1965.
BÍBLIA DE ESTUDO MACARTHUR. São
Paulo: Thomas Nelson Brasil, 2015.
BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. Rio de
Janeiro: CPAD, 1995.
BÍBLIA DE ESTUDO PLENITUDE. São
Paulo: Editora Vida, 2000.
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento
Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Hagnos, 2001.
FEE, Gordon D. Paul, the Spirit, and
the People of God. Peabody: Hendrickson, 1996.
GILBERTO, Antônio. Teologia
Sistemática Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
KEENER, Craig S. Comentário do Novo
Testamento: Aplicação à Vida. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e
Espírito. Rio de Janeiro: CPAD, 2014.
YONG, Amos; PALMA, Anthony D.;
MACCHIA, Frank D.; OSS, Douglas; MENZIES, Robert P. Pneumatologia Pentecostal.
Springfield: Gospel Publishing House, 2006.
SINOPSE II
A alma é imaterial e
imortal, distinta do corpo, e continuará existindo após a morte, sendo
responsável diante de Deus.
AUXÍLIO TEOLÓGICO
“A ALMA DO HOMEM NÃO ESTÁ
NO SANGUE
Quando a Bíblia, em
Levítico 17.11, afirma: ‘a alma da carne está no sangue’, a palavra ‘alma’ está
sendo usada como sinônimo de ‘vida’. Veja em Gênesis 9.4: ‘A carne, porém, com
sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis’. A ideia de que o sangue significa
a alma do homem, abre a porta para muitas contradições. Vejamos o texto de
Apocalipse 6.9,10: ‘E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as
almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho
que deram. E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo
Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?’.
Se a alma fosse a mesma coisa que o sangue, como então as almas poderiam estar
no Paraíso, debaixo do altar, uma vez que o seu sangue havia sido derramado
sobre a terra?” (BERGSTÉN, Eurico. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD,
2020, p.131).
III. ALMA RENOVADA E SUBMISSA
A DEUS
1.
Edificação e saúde. A estabilidade de nossa vida
cristã e nosso destino eterno dependem de como cuidamos de nossa alma (Lc
12.13-21). A oração é um meio eficaz para nos livrar da ansiedade, um
transtorno de dimensão global (Fp 4.6; 1Pe 5.7). Deus nos dá sua paz e protege
nossas emoções e pensamentos (Fp 4.7); e nos guia no caminho de sua vontade (Cl
3.15). Nossa parte é alimentar nossa mente apenas com o que edifica (Fp 4.6-8).
O que falamos? O que ouvimos? O que lemos? O que vemos? Nossos hábitos diários
determinam a saúde de nossa alma (Sl 1.1).
👉 A alma humana é o campo onde se
trava uma das batalhas mais intensas da vida cristã. É nela que repousam nossos
afetos, pensamentos e decisões morais. Por isso, a saúde espiritual não é
apenas uma questão de emoção ou de vontade, mas de comunhão constante com Deus.
Jesus nos advertiu sobre o perigo de uma alma que acumula tesouros terrenos,
mas ignora o valor do eterno (Lc 12.13–21). O cuidado da alma, portanto, não é
opcional, é vital. A alma (ψυχή, psychē) representa o centro da vida interior,
o “eu” consciente que pensa, sente e escolhe. Quando negligenciada, essa
dimensão se torna vulnerável às pressões e ansiedades do mundo moderno. Paulo
sabia disso ao escrever aos filipenses: “Não andem ansiosos por coisa alguma”
(Fp 4.6). O verbo grego usado, merimnáō, significa “dividir a mente”,
retratando um coração fragmentado entre fé e preocupação. A oração, portanto,
não é apenas um pedido; é o realinhamento da alma com a soberania de Deus. A
verdadeira paz, chamada por Paulo de eirēnē (Fp 4.7), não é ausência de
problemas, mas a presença ativa de Cristo guardando mente e coração. Essa paz,
que “excede todo entendimento”, é uma fortaleza espiritual invisível, cercando
a alma como muralhas divinas. Pedro complementa essa verdade ao nos exortar:
“Lancem sobre ele toda a sua ansiedade, porque ele tem cuidado de vocês” (1Pe
5.7). O verbo epirríptō (lançar) descreve um ato intencional: entregar de uma
vez por todas o fardo da alma Àquele que nunca se cansa. Contudo, a renovação
da alma não ocorre automaticamente. É um processo cooperativo entre a graça
divina e a disciplina espiritual. Paulo afirma que “a paz de Cristo deve
governar em nossos corações” (Cl 3.15). A palavra “governar”, do grego brabeuō,
descreve um árbitro que decide quem tem razão em uma disputa. Ou seja, a paz de
Cristo precisa decidir nossas reações, regular nossas emoções e corrigir nossos
impulsos. Quando ela perde esse lugar de autoridade, as emoções dominam e a
alma adoece. A edificação interior depende daquilo que alimentamos diariamente.
Paulo orienta: “Tudo o que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, de
boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe
o vosso pensamento” (Fp 4.8). A mente é o portão da alma. O que entra por ela
molda o que sentimos, falamos e fazemos. O salmista, por isso, adverte que a
bem-aventurança começa evitando “o conselho dos ímpios” (Sl 1.1). Como
cristãos, somos chamados a discernir o que consumimos, palavras, músicas,
imagens e conversas. Cada escolha é uma semente lançada na terra da alma. Se
semeamos ruído e superficialidade, colhemos confusão e cansaço espiritual; mas
se semeamos Palavra e oração, colheremos estabilidade e paz. Hoje, o Senhor nos
chama a cuidar da alma como quem protege um tesouro. Que cada pensamento,
palavra e hábito sejam guiados pela presença do Espírito Santo. A alma sadia é
aquela que se rende, diariamente, ao governo de Deus. E só há descanso
verdadeiro quando o coração aprende a repousar nEle.
ARRINGTON, French L. Comentário
Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Vol. 2. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
BEACON, Comentário Bíblico.
Filipenses – Colossenses. Vol. 8. São Paulo: CPAD, 2015.
BÍBLIA DE ESTUDO MACARTHUR. Sociedade
Bíblica do Brasil, 2015.
BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. Casa
Publicadora das Assembleias de Deus, 1995.
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento
Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Candeia, 2002.
KEENER, Craig S. Comentário Bíblico
do Contexto Cultural do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2014.
QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e
Espírito. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
GILBERTO, Antônio. Obreiro Aprovado.
Rio de Janeiro: CPAD, 1992.
2.
Purificação e renovação. Ainda quanto aos cuidados da
alma, a Bíblia nos adverte dos maus pensamentos (Mt 15.19), dos desejos impuros
e perversos (Tg 1.14,15; Pv 21.10) e das intenções e inclinações malignas (1Pe
2.1; Nm 21.5). Devemos purificar e renovar nossa alma (1Pe 1.22; Ef 4.23,24),
para que sejamos transformados e experimentemos a boa, agradável e perfeita
vontade de Deus (Rm 12.2), vivendo em santidade e temor (Dt 4.15; Js 23.11-13).
👉 A alma humana é um campo fértil, e o
que nela germina depende do que permitimos que entre. Jesus afirmou que “do
coração procedem maus pensamentos, homicídios, adultérios, imoralidades
sexuais, furtos, falsos testemunhos e calúnias” (Mt 15.19). O termo “coração”,
no texto grego, é kardía, e refere-se ao centro da vida interior, a sede dos
pensamentos e desejos. Quando a alma não é purificada, ela se torna terreno
para o pecado, e o pecado amadurecido gera morte (Tg 1.14–15). Purificar a alma
não é apenas afastar-se do mal exterior, mas permitir que a Palavra penetre o
interior, onde nascem os desejos e motivações. Pedro exorta: “Tendo purificado
as vossas almas pela obediência à verdade” (1Pe 1.22). O verbo hēgnikotes (de
hagnízō, “tornar puro”) indica um processo contínuo de santificação — não um
ato isolado. A alma é purificada à medida que se submete à verdade de Deus, e a
obediência torna-se o instrumento dessa limpeza. Essa purificação não é fruto
de disciplina humana, mas resultado da operação do Espírito Santo. Paulo
descreve esse processo em Efésios 4.23–24, ao dizer: “Renovem-se no espírito da
mente, e revistam-se do novo homem”. O verbo ananeousthai (renovar) sugere uma
transformação progressiva, um renovar constante da consciência e das afeições.
Silas Queiroz observa que “a alma, quando iluminada pelo Espírito, passa a
refletir a imagem moral de Cristo, sendo progressivamente moldada por sua
vontade”¹. A renovação da mente é o caminho para discernirmos a vontade de
Deus. Paulo, em Romanos 12.2, nos adverte a não nos conformarmos
(syschēmatízesthe) com este século. O termo descreve a ideia de tomar a forma
de algo, como o metal que se molda a um molde externo. O mundo tenta
constantemente imprimir seus padrões sobre a alma; mas o Espírito de Deus
trabalha no interior, transformando-nos (metamorphoústhe), isto é, operando uma
metamorfose espiritual que começa no pensamento e se manifesta na conduta. Essa
transformação é o que nos leva a experimentar a “boa, agradável e perfeita
vontade de Deus”. Não se trata de mera conformidade moral, mas de uma sintonia
espiritual, em que a alma, purificada e renovada, passa a desejar o que Deus
deseja e a rejeitar o que Ele rejeita. Antônio Gilberto afirma que “a santificação
verdadeira não é um verniz religioso, mas uma renovação interior que faz o
crente reagir espiritualmente ao mal”². A vida em santidade é, portanto, um
reflexo da saúde da alma. Quando a mente é constantemente exposta à Palavra, os
pensamentos são filtrados; quando a vontade é submissa a Cristo, as emoções são
pacificadas; e quando o coração é limpo, o Espírito Santo encontra espaço para
guiar e transformar. O salmista nos lembra: “Quem subirá ao monte do Senhor? O
que é limpo de mãos e puro de coração” (Sl 24.3–4). Purificar e renovar a alma
é um chamado diário. Exige vigilância sobre o que pensamos, sentimos e
desejamos. O Espírito Santo não age em terreno negligenciado. Ele trabalha onde
há entrega. Que cada um de nós, com temor e amor, cuide da própria alma como
quem cuida de um santuário, porque de fato ela o é (1Co 6.19).
¹ QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e
Espírito. Rio de Janeiro: CPAD, 2012.
² GILBERTO, Antônio. Obreiro
Aprovado. Rio de Janeiro: CPAD, 1992.
ARRINGTON, French L. Comentário
Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Vol. 2. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.
BÍBLIA DE ESTUDO MACARTHUR. Sociedade
Bíblica do Brasil, 2015.
BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL. Casa
Publicadora das Assembleias de Deus, 1995.
BEACON, Comentário Bíblico. Romanos –
Efésios. Vol. 7. São Paulo: CPAD, 2015.
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento
Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Candeia, 2002.
KEENER, Craig S. Comentário Bíblico
do Contexto Cultural do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2014.
SINOPSE III
A alma precisa ser
purificada e renovada continuamente para viver em santidade e comunhão com a
vontade divina.
CONCLUSÃO
O cristão precisa viver em
plena santificação, o que inclui a contínua rejeição de pensamentos,
sentimentos e desejos pecaminosos, mantendo pura a sua alma (1Pe 1.22; 1Jo
1.7). Atribui-se a Lutero a frase que diz: “Não podemos impedir que os pássaros
voem sobre as nossas cabeças, mas podemos impedir que eles façam ninhos sobre
elas”.
👉 A vida cristã é um chamado à
santificação progressiva, não apenas um evento pontual, mas um processo
contínuo de transformação interior, em que a alma é purificada pela obediência
à verdade e pela ação constante do Espírito Santo (1Pe 1.22; 1Jo 1.7).
Santificar-se é permitir que a Palavra de Deus molde nossos pensamentos,
sentimentos e desejos, separando-nos do pecado e conformando-nos à imagem de
Cristo (Rm 12.2). Martinho Lutero expressou essa realidade espiritual com
sabedoria prática: “Não podemos impedir que os pássaros voem sobre as nossas
cabeças, mas podemos impedir que façam ninhos sobre elas.” Essa metáfora
descreve a luta interior de todo crente: os maus pensamentos podem surgir, mas
não precisam encontrar abrigo em nossa mente. O cristão maduro reconhece a
tentação, mas a confronta com a verdade da Palavra, não permitindo que ela se
transforme em pecado consumado (Tg 1.14-15). A santificação, portanto, exige
vigilância e entrega diária. É um chamado à mente renovada, à alma disciplinada
e ao coração rendido. O Espírito Santo atua como o grande Purificador da alma,
ensinando-nos a discernir o que vem de Deus e o que provém da carne. Quando o
crente se submete a essa obra interior, sua vida se torna um reflexo da pureza
de Cristo, não uma perfeição humana, mas uma santidade cultivada pela graça. Ser
santo é viver sensível à voz de Deus, pronto a rejeitar o mal, a confessar o
pecado e a buscar a comunhão contínua com o Pai. O caminho da santificação é
estreito, mas conduz à verdadeira liberdade da alma: uma liberdade que não
consiste em fazer o que se quer, e sim em querer o que agrada a Deus. Podemos,
então, ao concluir esta preciosa lição, extrair três aplicações práticas para a
nossa vida:
1. Vigie os pensamentos. A santidade
começa na mente. Rejeite rapidamente todo pensamento impuro, invejoso ou orgulhoso,
substituindo-o por aquilo que é verdadeiro, justo e digno de louvor (Fp 4.8).
2. Cultive a pureza interior. Ore
diariamente pedindo que o Espírito Santo renove suas emoções e desejos,
lembrando que a alma purificada é o campo onde Deus planta frutos espirituais
(Gl 5.22-23).
3. Confesse e recomece. Quando cair,
não permaneça na culpa. Confesse o pecado, receba o perdão de Cristo e prossiga
em santificação, sabendo que “o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de
todo pecado” (1Jo 1.7).
Viva para a máxima glória do Nome do
Senhor Jesus!
Viva
conectado a Cristo, adore com sinceridade, sirva com amor e aja com justiça,
para que cada atitude reflita a glória de Deus no mundo.
Meu
ministério aqui é um chamado do coração: compartilhar o ensino da
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REVISANDO O CONTEÚDO
1. O que é o homem, segundo a lição?
O
homem é um ser pessoal, criado à imagem de Deus, com autoconsciência e
autodeterminação.
2. Quais
os principais atributos da alma?
Seus
três principais atributos são: emoção ou sentimento, razão ou intelecto e
volição ou vontade.
3. Como
os atributos da alma são empregados na relação do homem com Deus e com seus
semelhantes?
Para
ter comunhão com Deus, a alma serve-se do espírito. Para comunicar-se com o
próximo, o veículo é o corpo e seus órgãos sensoriais (pele, olhos, ouvidos,
nariz, boca).
4. Como
a imaterialidade e a imortalidade da alma são demonstradas no texto de Mateus
10.28?
Em
primeiro lugar Jesus expõe a clara distinção de substâncias entre as partes
material e imaterial do homem: uma tangível (o corpo, que pode perecer por ação
humana), outra intangível (a alma, que não pode ser destruída pelo homem).
5. No
que resulta a visão materialista da natureza humana na ideologia marxista?
Em
tempos modernos temos o marxismo, que prega que o homem se resume à matéria,
ignorando a existência de uma alma consciente após a morte (Lc 16.19-31). Essa
ideologia ateísta nega a pecaminosidade e a responsabilidade moral do indivíduo.
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
A
ALMA — A NATUREZA IMATERIAL DO SER HUMANO
Nesta lição, estudaremos sobre a alma, parte imaterial que constitui o ser humano. A alma é o centro da razão, da emoção e da vontade. Tudo o que somos, pensamos e fazemos é decorrente da nossa alma. Isso inclui a formação do nosso caráter. Além de compreendermos os atributos da alma, precisamos nos ater aos cuidados que devemos ter com a saúde dela. A Palavra de Deus nos adverte: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida” (Pv 4.23). Nesta passagem, como em outras do Antigo Testamento, a expressão “coração” vem do hebraico leb e significa o ser interior, a mente, o lugar dos desejos, das emoções e paixões humanas. O conselho de Provérbios para o servo de Deus é ter cautela e não permitir que os enganos da natureza humana superem o compromisso com a Palavra de Deus. Nesse sentido, todo aquele que deseja fazer a vontade de Deus, deve submeter sua alma (coração) à disciplina pautada pelas Escrituras Sagradas, e não por sua vontade própria. Jesus ensinou: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me” (Lc 9.23). Logo, a alma humana, enquanto local de vontades e desejos, tenderá a buscar as coisas que mais lhe agradam e trazem conforto. Isso, muitas vezes, entra em oposição com a vontade de Deus, que é boa, agradável e perfeita (cf. Rm 12.2). Ainda de acordo com o Dicionário Vine (CPAD): “O ‘coração’ é o lugar da consciência e do caráter moral. Como é que a pessoa responde à revelação de Deus e do mundo que o cerca? Jó responde: ‘Não me remorderá o meu coração em toda a minha vida’ (Jó 27.6). No lado oposto, ‘o coração doeu a Davi’ (2Sm 24.10). O ‘coração’ é a fonte das ações humanas: ‘Em sinceridade do coração e em pureza das minhas mãos, tenho feito isto’ (Gn 20.5,6). Davi andou ‘em verdade, e em justiça, e em retidão de coração’ (1Rs 3.6) e Ezequias andou ‘com coração perfeito’ (Is 38.3) diante de Deus. ‘Só aquele que é limpo de mãos e puro de coração’ (Sl 24.4) pode ficar na presença de Deus. [...] O ‘coração’ representa o ser interior do homem, o próprio homem. Neste sentido, é a fonte de tudo o que ele faz (Pv 4.4). Todos os seus pensamentos, desejos, palavras e ações fluem do fundo do seu ser. Contudo, o homem não pode entender o próprio ‘coração’ (Jr 17.9). À medida que o homem prossegue em seu próprio caminho, seu ‘coração’ fica cada vez mais duro. Mas Deus circuncidará (cortará a impureza de) o ‘coração’ do seu povo, de forma que ele venha a amá-lo e obedecê-lo de todo o seu ser (Dt 30.6)” (2015, pp.83,84). Isto posto, que nosso coração seja nutrido com as virtudes do Espírito Santo, de modo que tenhamos razão, sentimento e vontade guiados por Deus.