LIÇÕES
BÍBLICAS CPAD│ADULTOS│4º Trimestre de 2025│Título: Espírito, Alma e
Corpo — A restauração integral do ser humano para chegar à estatura completa de
Cristo│Comentarista: Silas
Queiroz│Lição 6: A
Consciência — O Tribunal Interior│Data: 9 de novembro de 2025
TEXTO ÁUREO
“E, por isso, procuro
sempre ter uma consciência sem ofensa, tanto para com Deus como para com os
homens.” (At
24.16).
ENTENDA O TEXTO ÁUREO:
👉 A declaração de Paulo em Atos
24:16 é um poderoso resumo de seu compromisso ético e espiritual. O livro de
Atos relata a expansão do cristianismo. O capítulo 24 narra o julgamento de
Paulo perante o governador romano Félix, em Cesareia. Paulo foi preso em Jerusalém
sob falsas acusações de profanação do Templo e de ser um agitador que promovia
sedição entre os judeus por todo o Império (At 24:5-6). O versículo 16 faz
parte da autodefesa de Paulo (At 24:10-21) após ser acusado pelo orador Tértulo
em nome dos líderes judeus. Paulo, em essência, refuta as acusações políticas e
criminais, mas confessa a natureza de sua fé. No v. 14, ele afirma servir ao
"Deus de nossos pais" segundo o "Caminho" (o cristianismo
primitivo), acreditando em tudo o que está na Lei e nos Profetas. No v. 15, ele
enfatiza sua crença na ressurreição, uma esperança compartilhada por alguns de
seus acusadores (os fariseus). O v. 16, portanto, não é apenas uma declaração
de piedade, mas uma afirmação de inocência e integridade moral diante das
autoridades romanas e de seus acusadores judeus. Ele está dizendo: "Minhas
ações são consistentes com uma boa consciência, o oposto de ser um agitador ou
profanador." Por isso/Nisto (En toutō), Uma expressão que liga o que foi dito anteriormente (a fé na Lei, nos Profetas e na ressurreição, vs. 14-15) com a prática de vida. A base teológica de sua fé (sua esperança e crença) é o motivo ou a força motriz para sua
conduta ética. Também eu me esforço/exercito (Καὶ αὐτὸς ἀσκῶ), Significa "exercitar," "esforçar-se," "praticar com diligência." É a raiz da palavra portuguesa "ascetismo," no sentido
original de esforço ou disciplina. Sugere uma ação contínua, intencional e
disciplinada por parte de Paulo. Não é algo passivo ou ocasional; é um alvo
ativo na vida cristã. Também eu (καὶ αὐτὸς) enfatizando que este é o seu compromisso pessoal, em contraste
com a conduta de seus acusadores, ou como uma prática pessoal consistente com a
fé que ele acabou de confessar. Consciência sem ofensa (ἀπρόσκοπον συνείδησιν) Este é o cerne do versículo. Consciência (Συνείδησιν) A faculdade
moral interior do ser humano que julga a conduta, a capacidade de
autojulgamento. No NT, a consciência (do grego sýneidēsis) é influenciada pelo
conhecimento, pela experiência e, crucialmente, pela Palavra de Deus e pelo
Espírito. Ἀπρόσκοπον (aprósokopon - Sem ofensa): Um adjetivo composto por a
(partícula de negação) + próskopto (tropeçar, bater contra, ofender). Significa literalmente "sem
tropeço," "sem ofensa," "sem escândalo" ou
"limpa" (como em outras traduções). A ideia é de uma consciência que
não tem nada com que se censurar ou ser censurada, que não causa escândalo
(tropeço) a outros. Paulo deseja uma vida em que sua consciência não o acuse de
erro (limpa) e que sua conduta não leve outros ao pecado ou escândalo (sem
ofensa/tropeço). Para com Deus e para com os homens Indica a dupla esfera de
responsabilidade moral e ética. O esforço de Paulo abrange a totalidade da vida e do
relacionamento; Para com Deus: A esfera vertical. A consciência limpa significa
a fidelidade na adoração (v. 14), na doutrina e na obediência aos mandamentos
divinos. Para com os homens: A esfera horizontal. A consciência sem
ofensa significa uma conduta ética irrepreensível na sociedade, sendo justo,
honesto e não causando dano ou tropeço ao próximo, nem ao povo de Israel (seus
acusadores) nem às autoridades romanas (Félix). διὰ παντός (dia pantós - Sempre/Continuamente): Enfatiza a duração
do esforço. É um alvo constante e ininterrupto na vida do apóstolo, uma disciplina
diária e permanente. O versículo eleva a consciência a uma posição central na
ética cristã. Não é apenas o ato exterior que importa, mas o estado interior de
aprovação (ou desaprovação) de nossa alma. A consciência limpa é o fruto de uma
vida vivida sob a luz de Deus. A afirmação de Paulo estabelece um padrão de
integridade que não se limita ao ambiente religioso. A verdadeira fé afeta o
relacionamento com Deus (piedade) e o relacionamento com o próximo (ética,
justiça social). A vida cristã é indivisível. Neste contexto judicial, a
declaração é uma poderosa defesa. Paulo afirma que sua vida não é de rebeldia
nem de profanação, mas de busca por retidão. Ele demonstra que o cristianismo
não é uma seita subversiva, mas um caminho de alta moralidade, honrando a Deus
e respeitando o próximo. Embora o texto fale do esforço de Paulo (ἀσκῶ), o Novo Testamento deixa claro que a consciência perfeitamente limpa e purificada é um dom de Deus, alcançado pelo sangue de Cristo (Hb 9:14; 10:22). O esforço de Paulo é a resposta disciplinada à graça recebida, um
empenho em manter o que Cristo já purificou. O cristão, tendo sido purificado
por Cristo, se engaja ativamente no processo de santificação para manter a
sensibilidade de sua consciência (limpa) e a pureza de seu testemunho (sem
ofensa/tropeço). Em resumo, Atos 24:16 é a magna carta da ética de Paulo, que
define a vida de fé como um esforço contínuo e diligente para manter uma consciência isenta de culpa e escândalo, abrangendo integralmente o dever do homem para com o
Criador e para com a criação.
VERDADE PRÁTICA
Diante da crescente degradação do padrão moral do mundo, o cristão deve
apegar-se cada vez mais à sã doutrina para ter sempre uma boa consciência.
ENTENDA A VERDADE PRÁTICA:
👉 Diante do tsunami da imoralidade
global e do colapso ético generalizado, o crente não tem o luxo de apenas
'apegar-se'; ele deve se ancorar visceralmente na Sã Doutrina como sua última e
inegociável linha de defesa. Este apego não é passividade teórica, mas a
disciplina ativa e diária de saturar a mente com a Verdade Imutável, garantindo
que sua consciência seja um radar moral inflexível, não contaminado pela
cultura, mas calibrado pelo Evangelho, capacitando-o a viver, julgar e agir com
irrefutável integridade perante Deus e os homens.
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE
Romanos 2.12-16.
12. Porque todos os que
sem lei pecaram sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram pela
lei serão julgados.
👉 pecaram sem lei. Os gentios que nunca tiveram a oportunidade de conhecer a lei
moral dc Deus (Êx 20.1 ss.) serão julgados pela sua desobediência de acordo com
o seu limitado conhecimento (veja 1.19-20). mediante a lei serão julgados. Os
judeus e. muitos gentios que tiveram acesso à lei moral de Deus serão cobrados
pelo seu maior conhecimento (cf. Mt 11.20-23; Hb 6.4-6; 10.26-31).
13. Porque
os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão
de ser justificados.
👉 Porque γὰρ (gar) Causa/Explicação. Conecta o juízo imparcial de Deus (v. 11-12) com a necessidade de ação. Ouvem
(ἀκροαταὶ
akroataí) Meros ouvintes; possuidores da Lei. Ter acesso à Lei (como os judeus) não garante a justiça. É a posse sem ação. Lei νόμου (nómou) A Lei de Moisés/Padrão de Deus. O padrão moral e ético que exige obediência perfeita.
Justos
δίκαιοι (dikaioi) Estar correto/declarado inocente. Ninguém é considerado justo
por Deus apenas por saber ou ouvir o padrão. Praticam ποιηταὶ (poiētaí) Fazedores/Executores ativos da Lei. O único caminho teórico para a justiça pela Lei é a obediência
total e ativa. Justificados δικαιωθήσονται (dikaiōthēsontai) Serão declarados
justos (Juízo Final). Uma afirmação hipotética: no Juízo de Deus, a absolvição só
virá para quem cumpriu o padrão integralmente.
14. Porque,
quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da
lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei,
👉 procedem por
natureza... a lei. Sem conhecer a lei
escrita de Deus, as pessoas na sociedade pagã geralmente valorizam e tentam
praticar seus princípios básicos. É normal que as culturas valorizem, do
maneira instintiva, a justiça, a honestidade, a compaixão e a bondade para com
os outros, refletindo a lei divina gravada no coração, lei para si mesmos. A
prática de algumas boas ações, bem como a aversão que as pessoas sentem pelos
maus. demonstram um conhecimento inato de Deus, um conhecimento que, na
verdade, testemunhará contra elas no dia do juízo.
15. os
quais mostram a obra da lei escrita no seu coração, testificando juntamente a
sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os,
👉 a norma da lei. Provavelmente, mais bem compreendido como "a mesma norma
que a lei mosaica prescreve”.
16. no
dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo
o meu evangelho.
👉 no dia, Veja 2.5. por meio de Jesus Cristo. Veja Jo
5.23. segredos. Primariamente refere-se aos motivos que estão por
trás das ações das pessoas (1 Cr 28.9; Sl 139.1-3; Jr 17.10; Mt 6.4,6,18; cf.
Lc 8.17; Hb 4.12). meu evangelho. Não sua própria mensagem pessoal, mas a mensagem
de Jesus Cristo revelada de maneira divina (veja 1.1), a qual ó
"boas-novas" à luz das más notícias do julgamento.
Este
ministério nasceu de um chamado:
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a Palavra de Deus a todos: GRÁTIS, SEM
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INTRODUÇÃO
Deus fez o ser humano com um senso moral chamado
consciência, que acusa, defende e julga. Funciona segundo a Lei moral (comum a
todas as pessoas), as Escrituras Sagradas e outras fontes normativas, como a
família, a Igreja e o Estado. A consciência escrutina e emite juízo sobre todo
o comportamento humano.
👉 Há em cada ser humano um tribunal
silencioso que jamais se cala. É a consciência, a centelha moral implantada por
Deus no coração humano. Mesmo antes de lermos uma linha das Escrituras, há
dentro de nós um eco do divino, uma voz que julga o certo e o errado, que
aprova ou condena, que nos inquieta quando erramos e nos consola quando
obedecemos. Essa voz é o reflexo da Lei de Deus escrita no íntimo, como Paulo
descreve em Romanos 2.14-15. A palavra usada por Paulo para “consciência” é
συνείδησις (syneídēsis), derivada de syn (com) e oida (saber). Literalmente,
significa “conhecimento compartilhado com Deus”. É como se, no interior do
homem, houvesse um testemunho divino constante, cooperando com o Espírito Santo
para discernir o bem e o mal. A consciência, portanto, não é uma mera
construção social, mas uma função espiritual. Ela participa da imagem de Deus
no ser humano, ainda que maculada pelo pecado. Segundo Silas Queiroz (Corpo,
Alma e Espírito, CPAD), a consciência é “o elo entre o espírito e a alma humana,
responsável por alertar o homem quando transgride os valores morais
estabelecidos por Deus”. Ela acusa quando violamos o que é santo, e defende
quando andamos em retidão. A Bíblia de Estudo MacArthur comenta que “a
consciência age como um juiz interior que, embora imperfeito, é reflexo da Lei
divina impressa no coração” (MacArthur Study Bible, nota em Rm 2.15). Essa
função moral é universal. Mesmo entre povos que nunca receberam a revelação
escrita da Lei, há uma percepção instintiva de justiça, culpa e dever. É o que
French L. Arrington chama de “testemunho moral do Espírito no espírito humano”,
uma prova de que fomos criados para refletir o caráter de Deus. Porém, após a
Queda, essa consciência se tornou vulnerável à distorção. Paulo fala da
“consciência cauterizada” (1Tm 4.2), quando o pecado repetido silencia a voz
interior até que o mal pareça bem. A consciência pode, portanto, ser educada ou
deformada. Quando guiada pela Palavra e iluminada pelo Espírito, torna-se
sensível, equilibrada e discernidora (Hb 9.14). Mas quando ignorada, se
corrompe. O Comentário Beacon observa que “a consciência sem a orientação do
Espírito é como uma bússola quebrada: aponta, mas não conduz com segurança”.
Por isso, a formação espiritual do cristão inclui não apenas aprender a
Palavra, mas também manter a consciência limpa diante de Deus e dos homens (At
24.16). Na prática, viver com uma boa consciência é viver em constante aliança
com a verdade. É submeter-se à voz interior que reflete o Espírito Santo,
permitindo que Ele confronte, purifique e direcione cada decisão. Antônio
Gilberto ensina que “a consciência moral é a primeira escola do caráter
cristão”. E de fato, aquele que ignora a voz do coração endurece-se contra o
próprio Deus, enquanto aquele que a ouve aprende a caminhar em santidade
prática. Hoje, a igreja precisa despertar para essa dimensão esquecida da vida
espiritual. Muitos cristãos conhecem a doutrina, mas perderam a sensibilidade
moral. Falam de santidade, mas não ouvem mais o sussurro do Espírito na alma.
Esta lição nos despertará a mantermos nossa consciência pura, lavada no sangue
de Cristo (Hb 9.14), moldada pela Palavra e atenta à voz do Espírito. Uma
consciência viva é o primeiro passo de uma fé autêntica.
Examine-se!
Quando a consciência fala, Deus está chamando.
Ouça! Permita
que o Espírito ilumine as áreas escuras do coração.
Cultive uma alma
sensível, uma mente moldada pela verdade e um coração disposto a obedecer,
mesmo quando ninguém está vendo. O crente maduro é aquele que, diante de cada decisão,
ainda pergunta: “Senhor, isso Te agrada?”
ARRINGTON,
French L. The Message of the Holy Spirit. Springfield: Gospel Publishing House,
1994.
GILBERTO, Antônio. Manual de Doutrinas Bíblicas. Rio de Janeiro:
CPAD, 2008.
MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Thomas
Nelson, 2017.
QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito. Rio de Janeiro: CPAD,
2019.
Comentário Bíblico Beacon – Novo Testamento. Vol. 9. Rio de
Janeiro: CPAD, 2014.
Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de Janeiro:
CPAD, 2003.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
Bíblia de Estudo Plenitude. São Paulo: SBB, 2016.
Palavra-Chave:
CONSCIÊNCIA
👉 consciência. Literalmente, "com conhecimento". O senso instintivo
do certo e do errado que gera culpa quando violado. Além da consciência inata
da lei de Deus, as pessoas possuem um sistema de advertência, o qual é ativado
quando eles decidem ignorar a lei ou desobedecer a ela. Paulo encoraja os
cristãos a não violar a própria consciência ou fazer com que outros assim o
façam (13.5; 1Co 8.7,12; 10.25,29; 2Co .1.11; cf. 9.1; At 23.1; 24.16), pois
ignorar repetidamente as advertências da consciência a dessensibiliza e, por
fim, a silencia (1Tm 4.2; 2Co 1.12; 4.2).
I. ANTES E DEPOIS DA QUEDA
1. A primeira manifestação. Do grego syneidesis (“saber
com”), a consciência é uma faculdade inata, ou seja, todos nascem com ela. É
como um sensor instalado na alma humana. (Alguns teólogos consideram que seja
no espírito. Não há consenso sobre isso). É uma capacidade dada por Deus para o
homem discernir entre o certo e o errado, e, assim, orientar-se em suas
decisões. Gênesis 2.16,17 e 3.6-10 tratam da primeira manifestação da
consciência na experiência humana. Deus estabeleceu uma lei específica — a
proibição de comer do fruto da árvore da ciência do bem e do mal — com o
anúncio da penalidade: “no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn
2.17). O homem transgrediu e experimentou o funcionamento acusativo da
consciência: culpa, vergonha e medo.
👉 A palavra consciência, do grego
συνείδησις (syneídēsis), significa literalmente “saber com”. É a capacidade de
o homem ter ciência de si mesmo diante de Deus, uma espécie de sensor
espiritual instalado no mais profundo do ser. Alguns teólogos, como Silas
Queiroz (Corpo, Alma e Espírito, CPAD, 2019), afirmam que a consciência
pertence ao domínio do espírito humano; outros a colocam como função da alma.
Seja qual for a localização exata, uma coisa é certa: ela é um dom divino, dado
para discernir o certo e o errado, o santo e o profano, o que agrada e o que
desagrada ao Criador. Desde o Éden, a consciência está presente como testemunha
interna da relação entre o homem e Deus. Em Gênesis 2.16-17, o Senhor
estabelece o primeiro mandamento moral: “De toda árvore do jardim comerás
livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque,
no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” Nessa ordem divina está o
princípio da consciência: a capacidade de conhecer o bem (obedecer) e o mal
(transgredir). O ser humano não foi criado autônomo; foi criado responsável. A
liberdade que recebeu sempre esteve cercada pela voz da verdade. Mas quando o
homem violou esse limite, a consciência despertou, não para o prazer da
obediência, mas para o peso da culpa. Gênesis 3.6-10 descreve o primeiro
momento em que o homem experimenta o conflito interno da moralidade ferida. Eva
viu, desejou e tomou; Adão consentiu. O pecado foi consumado. E, imediatamente,
“abriram-se os olhos de ambos” (v.7). A expressão hebraica nipqĕḥû ‘ênêhem indica um “abrir súbito e doloroso”, a percepção de algo que antes era pureza,
agora transformada em vergonha. Aqui a consciência se manifesta como acusadora. O homem sente o que nunca
havia sentido: medo, vergonha e separação. “Ouvi a tua voz no jardim e tive
medo, porque estava nu; e escondi-me” (Gn 3.10). A voz de Deus, antes doce e
familiar, agora o confronta. O Comentário Bíblico Pentecostal do Novo
Testamento observa que “a consciência ferida é a primeira consequência do
pecado, revelando que o homem perdeu a harmonia interior que possuía em
comunhão com Deus”. Essa é a natureza da syneídēsis: ela não cria a lei, apenas
reage à violação dela. É como um alarme espiritual, não impede o mal, mas o
denuncia. O Comentário Bíblico Beacon afirma que “a consciência é o eco da voz
de Deus no coração do homem; quando o eco se cala, o pecado se estabelece como
tirano”. E é exatamente o que aconteceu no Éden: o pecado rompeu a comunhão, e
o eco da voz divina passou a doer na alma. Desde então, cada pessoa carrega
dentro de si esse tribunal silencioso. A consciência é a lembrança viva de que
fomos feitos para obedecer. Mesmo caída, ainda reflete lampejos da santidade de
Deus, como o reflexo trêmulo da lua nas águas agitadas. Quando desobedecemos,
ela acusa; quando obedecemos, ela aprova. E em ambos os casos, nos lembra de
que pertencemos a um Criador que se importa com nossas escolhas. Como ensina
Antônio Gilberto, “a consciência moral é a chama que Deus acendeu na alma
humana para que ela jamais ande em trevas” (Manual de Doutrinas Bíblicas, CPAD,
2008). Quando a negligenciamos, perdemos o norte. Quando a alimentamos com a
Palavra e o Espírito, encontramos direção e paz. Hoje, muitos vivem tentando
silenciar a voz da consciência, cobrindo-a com justificativas e distrações. Mas
quem tem o Espírito de Deus deve aprender o caminho oposto: ouvir, discernir e
obedecer. A consciência é o primeiro altar onde o Espírito fala. Quem a ignora,
entristece o próprio Deus. Examine-se: há algo que sua consciência tem acusado,
e você tem tentado ignorar? Lembre-se: a graça não apenas perdoa, ela também
restaura a sensibilidade do coração.
ARRINGTON,
French L. The Message of the Holy Spirit. Springfield: Gospel Publishing House,
1994.
GILBERTO, Antônio. Manual de Doutrinas Bíblicas. Rio de Janeiro:
CPAD, 2008.
MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Thomas
Nelson, 2017.
QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito. Rio de Janeiro: CPAD,
2019.
Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de
Janeiro: CPAD, 2003.
Comentário Bíblico Beacon – Novo Testamento. Vol. 9. Rio de
Janeiro: CPAD, 2014.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
Bíblia de Estudo Plenitude. São Paulo: SBB, 2016.
Comentário Bíblico Champlin – Antigo Testamento. São Paulo:
Hagnos, 2010.
2. O direito natural. Todo o ser humano nasce com um conteúdo normativo
fundamental na alma, que é a lei moral, também chamada de lei da natureza ou
direito natural. No Gênesis isso é visto pela primeira vez em Caim, que feriu o
direito natural tirando a vida do próprio irmão (Gn 4.8) e experimentou uma
trágica consequência. Sua consciência o afligiu com pesada culpa, dada a
gravidade do seu pecado: “É maior a minha maldade que a que possa ser perdoada.
[...] da tua face me esconderei; e serei fugitivo e errante na terra [...]”
(4.13,14). Quando a consciência acusa, não adianta tentar se esconder (Sl
139.7,8; Jn 1.3-12).
👉 Desde a criação, Deus
não apenas formou o homem à Sua imagem, mas também inscreveu em sua alma um
código moral: uma lei não escrita, chamada por muitos teólogos de lei natural
(lex naturalis) ou direito natural. Essa lei moral universal é a expressão da própria
justiça divina implantada na estrutura espiritual da humanidade. Romanos
2.14-15 já havia declarado que mesmo os gentios, que não receberam a Lei
mosaica, “mostram a norma da Lei gravada em seus corações”. Essa lei interior é
a raiz da consciência: a capacidade de julgar o bem e o mal conforme o padrão
divino, mesmo sem revelação escrita. No relato de Gênesis 4.8, vemos a primeira
violação explícita desse direito natural. Caim, movido pela inveja e pela ira,
levanta-se contra seu irmão Abel e o mata. Nenhuma lei civil havia sido
promulgada, nenhum mandamento escrito proibira o homicídio. Ainda assim, Caim
sabia, intuitivamente, que o que fizera era perverso. Isso revela o princípio
do direito natural: o homem, por natureza, reconhece que há limites morais
dados pelo Criador. O ato de Caim é, portanto, a negação prática daquilo que
sua própria consciência afirmava. O texto hebraico é contundente: wayyāqām
qayin ’el-heḇel ’āḥîw wayyaharǵēhû “levantou-se Caim contra Abel, seu irmão, e o matou”. O verbo harag (matar, assassinar) denota violência intencional e consciente. Não foi impulso cego, mas escolha
deliberada. O Comentário Bíblico Beacon observa que “Caim não ignorava o que
fazia; seu ato foi contra a lei interior que Deus gravara em seu coração, tornando
sua culpa mais pesada que a própria punição”. A consciência então despertou em
tormento. O grito de Caim: “É maior a minha maldade do que a que possa ser
perdoada” (Gn 4.13), é o lamento de um homem esmagado pelo peso da culpa moral.
A palavra hebraica para “maldade” é ‘avon, que significa “iniquidade carregada
de consequência”. Ele percebeu que o pecado contra o irmão era, na verdade, um
pecado contra o próprio Deus (Sl 51.4). Sua confissão revela o drama da
consciência: aquele que tentou esconder o crime não conseguiu esconder o
remorso. A Bíblia de Estudo MacArthur comenta que “Caim é o protótipo do homem
que tenta fugir de Deus após violar a lei moral inscrita em sua alma. Sua
punição não é apenas o exílio físico, mas o tormento espiritual da separação”.
Essa separação o faz confessar: “da tua face me esconderei; e serei fugitivo e
errante na terra” (Gn 4.14). A consciência o persegue. Assim como Jonas fugiu
da presença do Senhor (Jn 1.3), Caim tenta escapar do olhar divino, mas o
salmista já havia declarado: “Para onde me irei do teu Espírito? Ou para onde
fugirei da tua face?” (Sl 139.7). O Comentário Bíblico Pentecostal acrescenta
que a consciência humana, mesmo ferida pelo pecado, continua sendo uma
testemunha ativa da lei divina. Quando o homem peca, ela se torna sua
acusadora; quando obedece, torna-se aliada do Espírito Santo. Por isso, não há
esconderijo seguro para quem desobedece à verdade. Podemos mudar de lugar, mas
não de consciência. O direito natural, portanto, não é invenção filosófica, mas
reflexo da santidade de Deus impressa na alma humana. Todo homem, ainda que sem
Bíblia nas mãos, carrega uma porção da Lei no coração. Essa verdade deve nos
fazer tremer: quanto maior a luz, maior a responsabilidade. Quando a
consciência fala e nós a ignoramos, fazemos o mesmo que Caim, levantamo-nos
contra a voz de Deus dentro de nós. A consciência é a voz do Espírito ecoando
dentro da alma. Quando ela acusa, é sinal de que Deus ainda fala. Se a
ignoramos, ela se cala, e o silêncio da consciência é o prenúncio da morte
espiritual. Examine-se diante do Senhor. Há algo em sua vida que fere o direito
natural de Deus implantado em seu coração? A graça ainda convida ao
arrependimento. Não fuja da voz divina; volte-se a ela enquanto é tempo.
ARRINGTON,
French L. The Message of the Holy Spirit. Springfield: Gospel Publishing House,
1994.
GILBERTO, Antônio. Manual de Doutrinas Bíblicas. Rio de Janeiro:
CPAD, 2008.
MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Thomas
Nelson, 2017.
QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito. Rio de Janeiro: CPAD,
2019.
Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio de
Janeiro: CPAD, 2003.
Comentário Bíblico Beacon – Antigo Testamento. Vol. 1. Rio de
Janeiro: CPAD, 2014.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
Bíblia de Estudo Plenitude. São Paulo: SBB, 2016.
Comentário Bíblico Champlin – Gênesis a Deuteronômio. São Paulo:
Hagnos, 2010.
3. Escrita no coração. Em Romanos 2.12-16 Paulo faz referência à Lei
mosaica, dada a Israel, e à lei moral, o direito natural, comum a todos os
homens, inclusive aos gentios, “os quais mostram a obra da lei escrita no seu
coração” (2.15). Em princípio, é com base nessa lei geral que a consciência
atua, “quer acusando-os, quer defendendo-os” (v.15). O que ocorreu em relação
aos hebreus foi a positivação do direito natural: a escrita, em pedras, dos
preceitos comuns a todos os homens, como a proibição de matar (Êx 20.13). Além
disso, houve ampla regulação da vida civil (direito de propriedade e direito de
família, por exemplo: Êx 22; Dt 24) e o estabelecimento de leis cerimoniais (Lv
1 — 7). Antes da codificação do direito natural pela lei mosaica, outras
sociedades antigas tinham seus regramentos. Os principais eram os códigos
mesopotâmicos de Ur-Nammu (2070 a.C.), Lipit-Ishtar (1850 a.C.) e Hamurabi
(1792-1750 a.C.), o mais conhecido deles. O que há de bom nas imperfeitas leis
humanas é inspirado na Lei moral escrita no coração de todos os povos.
👉 Desde os primórdios da criação, Deus jamais deixou o homem sem
direção moral. Mesmo antes das tábuas da Lei, o Criador já havia gravado Sua
vontade na alma humana. Paulo, em Romanos 2.12-16, revela esse mistério ao
afirmar que os gentios, mesmo sem possuírem a Lei mosaica, “mostram a obra da
lei escrita em seu coração, testificando-lhes também a consciência” (Rm 2.15,
NVI). Aqui, o termo grego kardía (καρδία) não se refere apenas ao órgão físico,
mas à sede da mente, vontade e afeições, o centro da vida moral e espiritual do
homem. A expressão “obra da lei” (ergon nomou) é crucial. Não significa a Lei
em si, mas o reflexo de seus princípios eternos impressos na alma. É a
revelação de uma justiça interior, um eco da santidade divina que ainda ressoa,
mesmo após a Queda. Como explica o Comentário Bíblico Pentecostal do Novo
Testamento (CPAD), “Paulo mostra que existe em todo homem uma consciência
moral, um testemunho interno de Deus, que o torna responsável diante dEle”. Ou
seja, a humanidade inteira vive sob a voz silenciosa de uma lei que acusa e
defende, conforme Romanos 2.15. Quando o Senhor entregou a Moisés as tábuas de
pedra, Ele apenas positivou o que já estava gravado no íntimo humano. O que o
pecado havia obscurecido, Deus escreveu novamente, agora em letras visíveis.
Assim, a proibição de matar (Êx 20.13) não inaugurou a moralidade, mas
reafirmou o que a consciência já sabia: a vida é sagrada porque reflete o
Criador (Gn 9.6). A Bíblia de Estudo MacArthur observa: “A Lei mosaica não
criou o padrão moral, mas o revelou com perfeição. Ela é o espelho da natureza
de Deus.” Antes mesmo do Sinai, as civilizações antigas, como Ur-Nammu (2070
a.C.), Lipit-Ishtar (1850 a.C.) e Hamurabi (1792 a.C.), já registravam códigos
legais. Mas por mais sofisticadas que fossem, todas elas apenas refletiam,
ainda que de forma imperfeita, os vestígios da Lei divina impressa no coração
humano. Como observa Antônio Gilberto, “o que há de verdadeiro nas leis humanas
vem da centelha moral deixada por Deus na consciência do homem caído”. Em sua
análise sobre o ser humano tripartido, Silas Queiroz (CPAD, Corpo, Alma e
Espírito) explica que a consciência é a faculdade espiritual que liga o homem
ao padrão moral de Deus. É nela que o Espírito Santo opera convencendo “do
pecado, da justiça e do juízo” (Jo 16.8). A palavra grega para “consciência”,
syneídēsis (συνείδησις), literalmente significa “saber junto”, isto é, uma
cognição compartilhada entre o espírito humano e a voz de Deus. É nesse “saber
com” o Criador que o homem discerne entre o bem e o mal. No entanto, o pecado
pode entenebrecer essa escrita interior (Ef 4.18-19). O que era um pergaminho
claro torna-se um rolo apagado. A consciência cauterizada já não acusa, nem
defende; apenas silencia. E é por isso que a redenção em Cristo não apenas
perdoa, mas regrava a Lei no coração. Como prometeu o Senhor: “Porei as minhas
leis em seu entendimento, e em seu coração as escreverei” (Hb 8.10). Essa é a
restauração da consciência iluminada pelo Espírito, o retorno da voz divina ao
centro do ser humano. A consciência pura é, portanto, o altar onde Deus fala. É
ali que o crente julga suas intenções, ajusta seu caminho e mantém comunhão com
o Espírito Santo. Quando negligenciada, torna-se um campo de batalha; quando
submetida à Palavra, torna-se um instrumento de santificação. A Bíblia de
Estudo Plenitude comenta: “Uma consciência moldada pela verdade é o primeiro
passo para uma vida de obediência e paz interior.” Hoje, mais do que nunca, o
crente precisa ouvir essa voz interior, não a voz das conveniências humanas,
mas a voz do Espírito que testifica com o nosso espírito (Rm 8.16). O que o
mundo tenta apagar, Deus quer reescrever. Cada vez que abrimos a Escritura, a
Lei que estava gravada em pedras é novamente inscrita em carne viva, em
corações sensíveis, restaurados e ensináveis.
ARRINGTON,
French L.; STRONSTAD, Roger (org.). Comentário Bíblico Pentecostal do Novo
Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2019.
GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de
Janeiro: CPAD, 2017.
KEENER, Craig S. Comentário Bíblico do Novo Testamento. São
Paulo: Vida, 2014.
MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Thomas
Nelson Brasil, 2017.
QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito. Rio de Janeiro: CPAD,
2018.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
Bíblia de Estudo Plenitude. São Paulo: Vida, 2006.
Comentário Bíblico Beacon. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
Comentário Bíblico Champlin. São Paulo: Hagnos, 2012.
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SINOPSE I
A
consciência foi dada por Deus como senso moral inato, mas sofreu distorções
após a Queda.
AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO
TRANSGRESSÕES
CONTRA A CONSCIÊNCIA
“As
pessoas não serão condenadas por aquilo que desconhecem, mas pela atitude que
demonstraram em relação ao que sabem. Aqueles que conhecem a Palavra de Deus e
sua Lei, serão julgados de acordo. Os que jamais viram uma Bíblia, mas sabem
discernir entre o certo e o errado, serão julgados pelas transgressões que
cometeram contra a própria consciência. A Lei de Deus está inscrita nas
pessoas. [...] Aqueles que viajarem para outros países, poderão encontrar
evidências da Lei moral de Deus em cada cultura e sociedade. Por exemplo, em
todas elas o assassinato é proibido, embora esta Lei tenha sido transgredida em
todas.” (Bíblia de Estudo
Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, p.1555).
II. O FUNCIONAMENTO DA CONSCIÊNCIA
1. Acusação, defesa e julgamento. A consciência funciona como um órgão de acusação
ou defesa, mas também exerce função judicante (Sl 51.3). Gênesis 3.7 diz que
tão logo Adão e Eva pecaram “foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que
estavam nus”. O verbo “conhecer”, yada,
traduz o apontamento negativo feito pela consciência, reprovando a conduta do
primeiro casal. Antes do pecado, conheciam somente o bem, e viviam em plena
alegria e paz (Gn 2.25). Ao pecarem, a consciência ecoou na alma, como uma voz
secreta e incômoda (Gn 3.7-10). Às vezes essa experiência é de dor no coração,
como aconteceu com Davi após contar o povo (2Sm 24.10). Uma consciência pesada
produz males ao espírito, à alma e ao corpo (Sl 31.9,10; 32.1-5; 38.1-8).
👉 Você já sentiu aquele frio na
espinha, um peso inexplicável, mesmo quando ninguém estava olhando? Esta não é
a culpa social comum. É algo mais profundo, mais antigo. No tribunal da sua
alma, existe um juiz que nunca dorme e que tem poder de acusação e defesa. E a
má notícia é: você não pode apelar da sentença dele. A consciência é como um
tribunal silencioso instalado dentro de cada alma. Nela, o homem é, ao mesmo
tempo, réu, testemunha e juiz. Em sua estrutura íntima, Deus colocou um
mecanismo moral que acusa, defende e julga os pensamentos e intenções do
coração. O salmista reconheceu isso ao declarar: “Porque eu conheço as minhas
transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim” (Sl 51.3). Não era a
voz de outro que o acusava, mas a voz de dentro, a voz de Deus ecoando na
consciência. Em Gênesis 3.7, logo após o pecado, o texto diz que “foram abertos
os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus”. O verbo hebraico yada‘ (ידע), traduzido por “conhecer”, revela algo mais profundo do que simples percepção física. Indica uma tomada de consciência moral, uma súbita
iluminação interior sobre a culpa. A nudez não era apenas do corpo, mas da alma,
despida da pureza que antes a revestia. Antes da queda, Adão e Eva “não se
envergonhavam” (Gn 2.25); depois dela, conheceram o que nunca deveriam
experimentar: a vergonha. A consciência, outrora silenciosa, agora falava com a
força de um martelo divino. Esse despertar doloroso foi o primeiro julgamento
interior da história humana. O Éden transformou-se em um tribunal, e o homem
sentiu o peso da sentença antes mesmo de ouvi-la de Deus. “Ouvi a tua voz no
jardim, e temi” (Gn 3.10). O medo foi a reação instintiva da consciência que se
descobriu culpada. A Bíblia de Estudo MacArthur observa que “o medo de Adão não
era apenas físico, mas espiritual, a consciência do pecado o separara da
presença santa de Deus.” A consciência não apenas acusa; ela também antecipa o
juízo divino. Essa dinâmica interior aparece em Davi, séculos depois. Após o
censo pecaminoso, o texto registra: “Pesou o coração de Davi” (2Sm 24.10). O
verbo hebraico nakah (נכה), “ferir”, descreve literalmente um golpe interno, uma consciência atingida pelo próprio Deus. Davi experimentou a dor da alma que reconhece ter
ferido o coração do Criador. A Bíblia de Estudo Pentecostal comenta que “o arrependimento genuíno
nasce da ferida da consciência que o Espírito Santo toca”. Silas Queiroz (CPAD,
Corpo, Alma e Espírito) ensina que a consciência é o “sensor moral” da alma,
capaz de testemunhar junto ao espírito humano quando há pecado ou justiça. Ela
não é autônoma, mas reage conforme o padrão moral que a mente alimenta. Quando
submissa à Palavra, é guiada pelo Espírito; quando deformada pelo pecado,
torna-se um juiz corrupto. É por isso que Paulo adverte sobre a consciência
cauterizada (1Tm 4.2), uma mente que perdeu a sensibilidade moral. As
consequências de uma consciência pesada são devastadoras. Davi descreve em
detalhes os efeitos físicos e espirituais da culpa: “Enquanto calei os meus
pecados, envelheceram os meus ossos... de dia e de noite a tua mão pesava sobre
mim” (Sl 32.3-4). A palavra hebraica kabed (כָּבֵד), “pesar”, sugere opressão, como se o próprio ar se tornasse denso. O pecado não confessado sufoca o espírito, adoece o corpo e desorganiza a alma. O Comentário Bíblico Beacon observa que “o silêncio do arrependimento é o ruído
da alma em agonia”. A boa notícia é que o mesmo tribunal interior que acusa
também pode absolver. Quando o Espírito Santo convence o homem “do pecado, da
justiça e do juízo” (Jo 16.8), Ele o conduz ao arrependimento, não à
condenação. A consciência, purificada pelo sangue de Cristo, torna-se o lugar
onde o perdão é proclamado (Hb 9.14). A Bíblia de Estudo Plenitude explica: “A
consciência limpa é fruto do Espírito Santo agindo na mente redimida,
libertando o crente da culpa e restaurando a paz interior.” Assim, cada cristão
precisa cuidar da própria consciência como quem vigia um altar. É nela que a
chama da santidade se mantém acesa. Quando negligenciada, o pecado a contamina;
quando alimentada pela Palavra e oração, ela se torna uma testemunha fiel da
graça de Deus. Examine sua consciência hoje. O que ela diz a respeito de sua
caminhada? Está em paz diante de Deus ou grita por restauração? O Espírito
Santo ainda fala, e o sangue de Cristo ainda purifica.
ARRINGTON, French L.;
STRONSTAD, Roger (org.). Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio
de Janeiro: CPAD, 2019.
BEACON, Comentário Bíblico. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
CHAMPLIN, R. N. Comentário Bíblico Champlin. São Paulo: Hagnos,
2012.
GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. Rio de
Janeiro: CPAD, 2017.
KEENER, Craig S. Comentário Bíblico do Novo Testamento. São
Paulo: Vida, 2014.
MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. São Paulo: Thomas
Nelson Brasil, 2017.
QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito. Rio de Janeiro: CPAD,
2018.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
Bíblia de Estudo Plenitude. São Paulo: Vida, 2006.
2. Vãs justificativas. A expressão “foram abertos os olhos” (Gn 3.7)
também significa experimentação imediata da malícia, antes inexistente em Adão
e Eva. Ao ouvirem a voz do Criador, se esconderam com medo. Deus dirigiu uma
pergunta retórica a Adão: “Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore
de que te ordenei que não comesses?” (Gn 3.11). Não houve uma resposta direta.
Impossibilitado de negar seu pecado, Adão fez o que se tornaria comum ao ser
humano: tentou se justificar, certamente buscando aplacar a consciência: “A
mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi” (Gn 3.12).
Eva seguiu o mesmo caminho, culpando a serpente (Gn 3.13). Tentativas como
estas são meros placebos. A consciência é implacável e não cede a vãs
formulações humanas, ainda que teológicas, como as inclusivas (Rm 1.18-27; 2Tm
4.3). A confissão e o afastamento do pecado são o remédio para a alma (Sl 41.4;
Pv 28.13; Tg 5.16).
👉 Quando Gênesis 3.7 declara que
“foram abertos os olhos de ambos”, não se trata apenas de uma percepção visual,
mas de uma súbita experiência moral. O verbo hebraico paqach (abrir os olhos)
sugere discernimento adquirido por meio da transgressão, a amarga consciência
do mal até então inexistente. Adão e Eva, antes inocentes, agora sentem o peso
da malícia que jamais haviam conhecido. O pecado os despiu, não apenas de
vestes, mas da pureza. O medo substituiu a paz, e o esconderijo tornou-se
refúgio da vergonha. Quando o Senhor os confronta: “Quem te mostrou que estavas
nu?”, Ele não busca informação, mas arrependimento (Gn 3.11). A pergunta divina
revela o abismo moral aberto entre o homem e o Criador. A resposta de Adão, no
entanto, inaugura a mais antiga tentativa humana de silenciar a consciência: a
justificativa. “A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e
comi” (Gn 3.12). A culpa é transferida, primeiro à mulher, depois
implicitamente ao próprio Deus. Eva segue o mesmo padrão, culpando a serpente
(Gn 3.13). Assim, o pecado se multiplica, não apenas na ação, mas na negação. A
Bíblia de Estudo MacArthur observa que a queda introduziu não só o pecado, mas
também a distorção da responsabilidade moral: “A tendência do coração humano é
sempre culpar outro, jamais reconhecer o próprio erro” (MACARTHUR, 2015). Desde
então, toda tentativa de racionalizar o pecado é uma luta fútil contra a voz
interior que Deus implantou no homem. A consciência (syneídēsis, em grego) não
pode ser silenciada por discursos, desculpas ou construções teológicas
inclusivas. Paulo declara que os homens “detêm a verdade pela injustiça” (Rm
1.18), e que, “tendo coceira nos ouvidos”, buscam mestres que justifiquem o que
Deus condena (2Tm 4.3). Segundo Antônio Gilberto (2011), a consciência é o
tribunal interior onde o Espírito Santo coopera com o espírito humano,
apontando o erro e convidando ao arrependimento. Quando o homem tenta
justificar o pecado, ele não apenas rejeita a verdade, mas anestesia a própria
alma. Contudo, nenhuma construção mental, por mais elaborada, pode aplacar o
peso do erro não confessado. Como ensina o Salmo 32.3-4, “enquanto calei os
meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos”. Adão e
Eva procuraram folhas de figueira para cobrir o corpo, mas a consciência
continuou exposta. É assim até hoje. As “folhas” modernas (boas obras,
discursos religiosos ou ideologias moralmente flexíveis) não curam o mal da
alma. Apenas a confissão e o abandono do pecado libertam o coração. “O que
encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa
alcançará misericórdia” (Pv 28.13). A Bíblia de Estudo Pentecostal comenta que
“Deus não procura uma explicação para o pecado, mas uma confissão sincera”
(CPAD, 2004). O caminho da restauração não passa por argumentos, mas por
quebrantamento. O sangue de Cristo ainda fala mais alto que toda justificativa
humana. O chamado divino ecoa até hoje nas igrejas, nos púlpitos e nos
corações: não te escondas mais. Não justifiques o que precisa ser confessado. O
mesmo Deus que perguntou “Onde estás?” (Gn 3.9) continua buscando quem se
levante da vergonha e diga com Davi: “Tem misericórdia de mim, Senhor; sara a
minha alma, porque pequei contra ti” (Sl 41.4).
GILBERTO, Antônio.
Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD, 2011.
MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo MacArthur. Thomas Nelson
Brasil, 2015.
Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD, 2004.
Comentário Bíblico Beacon: Gênesis. CPAD, 2002.
Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. CPAD, 2002.
QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito. CPAD, 2009.
Comentário Bíblico Champlin. Candeia, 2001.
Comentário Histórico-Cultural da Bíblia. CPAD, 2017.
3. O debate no tribunal. A consciência é como um tribunal que julga
condutas, aprovando-as ou reprovando-as. Atua em relação ao presente (At 23.1),
passado (1Co 4.4; 2Sm 24.10) e futuro (1Sm 24.6; At 24.16). Funciona
interagindo com as demais faculdades da alma, principalmente os pensamentos e
os sentimentos (Rm 2.15; 9.1; 1Co 8.12). A consciência costuma entrar em longos
debates com os pensamentos, que a questionam e aprofundam a análise das ações.
Esse processo gera na mente um exame interior, uma investigação pessoal (1Co
11.28), com o objetivo de alcançar um veredicto favorável — o testemunho de uma
consciência limpa (2Co 1.12). Em casos assim, mesmo que acusações externas
prevaleçam, como ocorria com Paulo em Cesareia, há paz interior em função da
consciência estar sem ofensa (At 24.1-16). Então, há descanso para a alma.
👉 A consciência é o tribunal secreto
da alma. É ali, nesse espaço invisível entre o pensar e o sentir, que o ser
humano se torna simultaneamente réu, acusador e juiz. Paulo compreendia bem
essa dinâmica ao declarar: “De fato, tenho vivido diante de Deus com toda a boa
consciência até o dia de hoje” (At 23.1). A consciência, ou syneídēsis no
grego, não é apenas uma sensação moral vaga, é uma faculdade espiritual dotada
de autoridade judicial, que avalia cada ato humano à luz da verdade divina. Esse
tribunal interior atua em todas as dimensões do tempo. No presente, acusa ou
defende conforme a integridade das ações (At 23.1). No passado, traz à memória
decisões erradas e seus efeitos (1Co 4.4; 2Sm 24.10). E quanto ao futuro, serve
de baliza moral, advertindo-nos a não repetir o erro (1Sm 24.6; At 24.16). Davi
experimentou isso profundamente: depois de contar o povo, “bateu-lhe o coração”,
expressão hebraica que denota o golpe da consciência (nakah leb, 2Sm 24.10). Como
ensina Silas Queiroz (2009), “a consciência é o eco moral de Deus no interior
humano, onde a alma se confronta com o padrão absoluto da santidade divina”.
Ela não trabalha isoladamente, mas em diálogo com o pensamento (logismos) e o
sentimento (pathos), como indica Romanos 2.15: “mostram a norma da lei escrita
em seus corações, dando testemunho também a sua consciência e os seus
pensamentos, ora acusando-os, ora defendendo-os”. O apóstolo descreve um
verdadeiro debate interior, uma investigação contínua, um processo de
autocrítica espiritual. Esse exame não é mera introspecção psicológica; é um
ato de discernimento espiritual. “Examine-se, pois, o homem a si mesmo”, exorta
Paulo (1Co 11.28). O verbo dokimazetō (δοκιμαζέτω) carrega o sentido de testar
a pureza de um metal, uma análise profunda da alma diante da luz divina. O
objetivo não é gerar culpa, mas alcançar o veredicto libertador de uma
consciência limpa. É por isso que ele afirma com confiança: “A nossa glória é o
testemunho da nossa consciência” (2Co 1.12). Comentário Bíblico Beacon observa que a
consciência não apenas acusa o pecador, mas consola o justo, servindo como “a
voz do Espírito Santo em cooperação com o espírito humano” (CPAD, 2002). Quando
está purificada, ela se torna um refúgio de paz em meio a acusações externas.
Foi essa paz interior que sustentou Paulo em Cesareia, mesmo sendo injustamente
julgado (At 24.16). A tranquilidade da alma não depende da ausência de críticas,
mas da certeza de estar certo diante de Deus. Segundo Antônio Gilberto (2011),
a consciência pura é um sinal de maturidade espiritual: “Quem vive de modo
transparente diante de Deus não teme o tribunal dos homens, pois já foi julgado
e absolvido pelo sangue de Cristo”. Essa é a grande diferença entre o remorso
que destrói e o arrependimento que cura: o primeiro vem do orgulho ferido, o
segundo nasce de uma consciência restaurada pela graça. Quando a consciência
está em paz, há descanso verdadeiro. Esse repouso interior é o testemunho
silencioso de que a alma foi reconciliada com a verdade. Por isso, o convite
bíblico permanece: “Aproximemo-nos com coração sincero, em plena certeza de fé,
tendo o coração purificado de má consciência” (Hb 10.22). No tribunal da alma,
a graça é a última palavra.
GILBERTO, Antônio.
Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD, 2011.
QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito. CPAD, 2009.
Bíblia de Estudo MacArthur. Thomas Nelson Brasil, 2015.
Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD, 2004.
Comentário Bíblico Beacon: Atos dos Apóstolos. CPAD, 2002.
Comentário Bíblico Champlin. Candeia, 2001.
Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. CPAD, 2017.
Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. CPAD, 2002.
SINOPSE II
A
consciência atua como um tribunal interior que acusa, defende e julga nossas
atitudes diante de Deus e dos homens.
AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO
“TAMBÉM
PERECERÃO
Todos os
que continuam no pecado (isto é, que se opõem e desafiam a Deus e seguem seus
próprios caminhos), ainda que tenham pouco ou nenhum conhecimento da Lei de
Deus, serão julgados e condenados, porque têm uma ciência de Deus e algum
conhecimento de certo e errado (vv.14,15). Deus não salvará automaticamente os
que não ouvirem a sua mensagem, nem lhes dará uma segunda chance depois da
morte. Embora Ele os julgue de acordo com o conhecimento que eles têm e a
oportunidade que tiveram, eles ainda terão que responder com fé ao único Deus
verdadeiro — confiando nEle para obterem a vida eterna e o cumprimento dos seus
propósitos. A consequência eterna para aqueles que não tiveram uma oportunidade
adequada de ouvir e receber a mensagem de perdão e nova vida por intermédio de
Jesus Cristo, deve nos motivar a fazer todos os esforços para levar a sua
mensagem a todas as pessoas, de todas as nações (veja Mt 4.19, nota; 9.37,
nota).” (Bíblia de Estudo
Pentecostal — Edição
Global. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, p.2019).
III. A CONSCIÊNCIA É FALÍVEL
1. Defeitos da consciência. A Bíblia menciona consciências defeituosas:
cauterizada (insensível ao pecado) (Ef 4.19; 1Tm 4.2), fraca (legalista) (1Co
8.7-12) e contaminada ou corrompida (Tt 1.15). Para a consciência funcionar
bem, é preciso estar corretamente educada e cuidada à luz da genuína Palavra de
Deus, no Espírito Santo (1Tm 1.5,19; Rm 9.1). Todo desequilíbrio é perigoso. A
insensibilidade leva à complacência com o pecado, mas a hipersensibilidade
produz extremismo, onde tudo é pecado. E é nesse campo que agem as seitas,
manipulando e aprisionando almas incautas, como faziam os falsos mestres do
primeiro século (Cl 2.16-23).
👉 A consciência é um presente
divino, mas pode adoecer. Como um instrumento delicado, se não for afinado pela
Palavra e pelo Espírito, emite sons distorcidos. A Bíblia descreve diversos
tipos de consciências defeituosas, e cada uma revela uma enfermidade espiritual
que precisa ser diagnosticada e tratada com urgência.
A primeira é a
consciência cauterizada (kaustēriasmenōn tēn syneidēsin, 1Tm 4.2). A expressão
vem do grego kaustēriazō, “queimar com ferro em brasa”. Paulo a usa para
descrever uma mente espiritualmente anestesiada, que já não sente dor diante do
pecado. É o estágio terminal da insensibilidade moral. O mesmo processo aparece
em Efésios 4.19, onde os gentios “perderam toda a sensibilidade” (apalgeō) e se
entregaram “à dissolução”. Silas Queiroz observa que “a consciência cauterizada
é o silêncio da alma que se acostumou a pecar”¹. Quando a voz do Espírito é
ignorada repetidamente, ela se apaga, e o indivíduo passa a chamar o mal de bem
(Is 5.20).
A segunda é a
consciência fraca, mencionada por Paulo em 1Coríntios 8.7-12. Ela pertence ao
crente imaturo, que ainda não compreende plenamente a liberdade em Cristo. O
termo grego asthenēs syneidēsis traduz uma sensibilidade exacerbada, que
transforma dúvidas em culpas e costumes em doutrinas. É a mente legalista,
aprisionada por regras humanas. Como destaca a Bíblia de Estudo Pentecostal
(CPAD, 2004), “a fraqueza da consciência não é sinal de santidade, mas de falta
de compreensão espiritual”. O perigo é transformar convicções pessoais em
normas universais, sufocando a graça sob o peso da letra.
Há ainda a consciência
contaminada ou corrompida (memiasmenē syneidēsis, Tt 1.15), cuja raiz está em
miainō, “manchar”, “poluir”. Trata-se de uma consciência deformada por valores
mundanos e doutrinas falsas. Paulo descreve falsos mestres que, apesar de
professarem conhecer a Deus, “o negam com as obras” (Tt 1.16). O Comentário
Bíblico Beacon afirma que “essa contaminação moral é resultado de uma mente que
já não distingue o puro do impuro, o verdadeiro do falso”.
Para que a consciência funcione bem, é preciso que esteja
educada e purificada pela Palavra. Não basta ter princípios morais; é
necessário ter um coração moldado pelo Espírito. Paulo exorta Timóteo a manter
“fé e boa consciência” (1Tm 1.5,19), e aos Romanos afirma: “a minha consciência
dá testemunho comigo no Espírito Santo” (Rm 9.1). A verdadeira consciência
cristã é, portanto, iluminada pelo Espírito e informada pela verdade, jamais
por tradições humanas ou modismos religiosos. Todo desequilíbrio é perigoso. A
insensibilidade gera libertinagem; a hipersensibilidade, legalismo. E é nesse
terreno que florescem as seitas e os falsos mestres, os quais manipulam
consciências frágeis com discursos de aparência piedosa (Cl 2.16-23). O
Comentário Bíblico Champlin lembra que “a manipulação religiosa começa quando a
consciência deixa de ouvir o Espírito e passa a ouvir o sistema”. Uma
consciência sadia é aquela que se deixa corrigir pela Escritura e consolada
pelo Espírito. Nem cauterizada nem escrupulosa demais, mas equilibrada, viva,
discernidora. É o tipo de consciência que faz o crente andar em paz, livre da
culpa e da ilusão, e firme na verdade que liberta.
¹ QUEIROZ, Silas.
Corpo, Alma e Espírito. CPAD, 2009.
GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD, 2011.
Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD, 2004.
Bíblia de Estudo MacArthur. Thomas Nelson Brasil, 2015.
Comentário Bíblico Beacon: Cartas Pastorais. CPAD, 2002.
Comentário Bíblico Champlin. Candeia, 2001.
Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. CPAD, 2017.
ARRINGTON, French L. A Doutrina do Espírito Santo. CPAD, 1995.
KEENER, Craig S. Comentário do Contexto Cultural da Bíblia. Vida
Nova, 2014.
2. Deus, o Supremo-Juiz. Apesar de sua grande importância no exercício de
juízo moral, o pronunciamento da consciência não tem valor absoluto ou
definitivo. Como disse Paulo: “Porque em nada me sinto culpado; mas nem por
isso me considero justificado, pois quem me julga é o Senhor” (1Co 4.4).
Devemos sempre nos submeter humildemente a Deus, ainda que nossa consciência
não nos acuse. Somente Ele, o Supremo-Juiz, pode sondar nosso interior e expor
os mais profundos desígnios de nosso coração, mesmo os que nos sejam ocultos
(Sl 139.23,24; 19.12,13). Às vezes nos consideramos corretos e precisamos ser
confrontados para reconhecer nossos pecados. Davi permaneceu insensível e
rigoroso até ser repreendido através do profeta Natã (2Sm 12.1-13). Pedro
precisou ouvir o canto do galo (Lc 22.54-62). Pecados do espírito, como soberba
e orgulho, são os que mais se escondem (Pv 16.18).
👉 A consciência é um tribunal
interior, mas não o tribunal final. Ela pode até absolver ou condenar, mas quem
dá a sentença definitiva é Deus. O apóstolo Paulo reconheceu isso ao escrever
aos coríntios: “Porque em nada me sinto culpado; mas nem por isso me considero
justificado, pois quem me julga é o Senhor” (1Co 4.4). Ele sabia que uma
consciência tranquila não é necessariamente uma consciência pura, e que a
autodefesa pode ser apenas o verniz de um coração enganoso. Há momentos em que
a consciência se cala, mas o Espírito fala. Mesmo quando não há culpa aparente,
o olhar de Deus penetra onde nenhuma reflexão humana alcança. Ele sonda o mais
íntimo da alma e revela as intenções mais secretas do coração (Sl 139.23-24). O
verbo hebraico usado por Davi para “sondar” (chaqar) carrega a ideia de
examinar com profundidade, como quem escava até o fundo da terra. Nenhum
pensamento permanece oculto diante do Supremo Juiz. Por isso, o cristão não
deve se contentar com a paz subjetiva que a consciência oferece, mas buscar a
paz objetiva que vem da aprovação divina. O Comentário Bíblico Beacon observa:
“A consciência é uma boa testemunha, mas um mau juiz quando não é iluminada
pela verdade de Deus”. Mesmo o mais justo dos homens precisa se submeter ao
exame do Senhor. Foi assim com Davi. Ele só percebeu a gravidade do seu pecado
após ser confrontado por Natã (2Sm 12.1-13). Até aquele momento, sua
consciência dormia sob o anestésico da autossuficiência. Pedro viveu
experiência semelhante. Após negar a Cristo três vezes, o som de um simples
galo despertou-lhe a alma (Lc 22.54-62). O olhar de Jesus o atravessou como
espada e, naquele instante, a consciência adormecida despertou em lágrimas. O
pecado, antes racionalizado, tornou-se intolerável. Foi ali, na dor do
confronto, que Pedro começou a ser restaurado. Pecados do espírito como
soberba, orgulho e autoconfiança, são os que mais facilmente se escondem da
consciência. São silenciosos, sutis, e muitas vezes mascarados de virtude (Pv
16.18). O Comentário Champlin comenta que “o orgulho espiritual é o único
pecado que convence o homem de que não peca”. Essa é a razão por que tantos se
julgam puros, quando, na verdade, estão cegos. A consciência pode falhar, mas
Deus nunca erra. Ele não apenas julga, Ele revela, disciplina e purifica.
Submeter-se ao Seu juízo não é viver sob medo, mas sob graça. É dizer como
Davi: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus
pensamentos. Vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno”
(Sl 139.23-24). Essa é a oração do discípulo que entende que o verdadeiro
descanso da alma está
Bíblia de Estudo
MacArthur. Thomas Nelson Brasil, 2015.
Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD, 2004.
Comentário Bíblico Beacon: 1 e 2 Coríntios. CPAD, 2001.
Comentário Bíblico Champlin. Candeia, 2001.
QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito. CPAD, 2009.
GILBERTO, Antônio. Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD, 2011.
ARRINGTON, French L. A Doutrina do Espírito Santo. CPAD, 1995.
KEENER, Craig S. Comentário do Contexto Cultural da Bíblia. Vida
Nova, 2014.
SINOPSE
III
A
consciência pode ser corrompida ou enganada, e só funciona corretamente quando
guiada pela Palavra e pelo Espírito Santo.
CONCLUSÃO
Devemos manter nossa consciência sempre pura; renovada
e iluminada por meio do contínuo estudo da Bíblia, nossa infalível regra de fé
e prática (Sl 119.18,34,130; 2Tm 3.16,17). Se ela nos acusar, não nos
esqueçamos: o sangue de Cristo é poderoso para purificar a consciência de todo
aquele que, arrependido, confiar no poder do seu sacrifício (Hb 9.14). Cheguemo-nos
sempre a Ele com inteira certeza de fé (Hb 10.22).
👉 A consciência é o santuário
interior da alma, onde o Espírito Santo fala, convence e guia. No entanto, para
que ela permaneça sensível e fiel à voz divina, precisa ser constantemente purificada
e renovada pela Palavra de Deus. O salmista ora: “Desvenda os meus olhos, para
que eu contemple as maravilhas da tua lei” (Sl 119.18). A Palavra ilumina os
cantos escuros da alma, revela o pecado e conduz o coração ao arrependimento
genuíno (Sl 119.34,130; 2Tm 3.16-17). Uma consciência não instruída pela
Escritura se torna vulnerável às distorções do coração humano (Jr 17.9) e às
vozes enganosas deste século. Somente o crente que se submete à verdade
revelada tem uma consciência sadia e firmada em Cristo. Quando ela nos acusa, e
inevitavelmente o fará, pois somos pecadores, não devemos fugir de Deus, mas
correr para Ele. O sangue de Jesus é suficiente para purificar até as manchas
mais profundas da alma. “Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito
eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará a nossa consciência
de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo?” (Hb 9.14). A consciência
purificada é fruto da graça. Não é resultado de um esforço moral humano, mas da
obra redentora de Cristo, que renova o interior e restaura o senso de
santidade. Por isso, o convite bíblico é claro e cheio de ternura:
“Cheguemo-nos com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração
purificado de má consciência e o corpo lavado com água limpa” (Hb 10.22). O
cristão que vive nessa realidade não é escravo da culpa, mas servo da graça.
Sua alma encontra descanso não em sua própria retidão, mas na justiça perfeita
do Cordeiro. Assim, manter a consciência pura significa viver diariamente em
arrependimento, confissão e submissão à Palavra. É deixar que o Espírito Santo
mantenha viva a sensibilidade espiritual, discernindo o bem e o mal à luz da
verdade eterna. O crente que cultiva essa vida diante de Deus experimenta a
verdadeira paz, aquela que o mundo não pode dar nem roubar. Por tanto, sigamos
estes três passos:
1. Examine-se
diariamente à luz da Palavra: A consciência precisa
de um padrão absoluto para funcionar corretamente, e esse padrão é a Palavra de
Deus (Sl 119.9,11). O cristão é chamado a praticar o autoexame constante,
sondando o coração diante do Senhor, como fez Davi: “Sonda-me, ó Deus, e
conhece o meu coração” (Sl 139.23). Em tempos em que muitos se guiam por
sentimentos ou opiniões, o crente maduro submete seus pensamentos, motivações e
decisões à autoridade das Escrituras. Separe um tempo diário de silêncio e
oração para permitir que o Espírito Santo revele áreas da vida que precisam de
arrependimento ou realinhamento. Leia a Bíblia não apenas para adquirir
conhecimento, mas para deixar-se confrontar e transformar por ela.
2. Mantenha uma
consciência sensível ao Espírito Santo: A maior
tragédia espiritual é uma consciência cauterizada, quando o pecado se torna
habitual e a alma já não sente culpa. O Espírito Santo fala através da consciência,
corrigindo e redirecionando o coração (Rm 9.1). Uma consciência saudável é
aquela que permanece dócil à voz divina, mesmo em pequenas coisas. Aprenda a
discernir a voz de Deus nas decisões diárias. Se o Espírito o convencer de
algo, obedeça prontamente. Evite racionalizar o pecado ou justificar atitudes
erradas. A sensibilidade espiritual é preservada quando respondemos com
humildade e prontidão à correção divina.
3. Viva sob a graça
purificadora de Cristo: Mesmo o cristão mais
fiel falha e se vê acusado pela própria consciência. Contudo, a esperança do
evangelho é que o sangue de Jesus é suficiente para purificar toda culpa (Hb
9.14). A consciência limpa não é fruto de perfeição pessoal, mas da fé no
sacrifício perfeito do Salvador. Quando pecar, não fuja de Deus, corra para
Ele. Confesse, arrependa-se e receba o perdão já assegurado em Cristo (1Jo
1.9). Permita que essa graça o leve a uma vida de gratidão e santidade. Assim,
a consciência, antes pesada, se tornará testemunha da paz que só o Evangelho
pode conceder.
Viver com a consciência purificada é viver de modo integral
diante de Deus, com o coração limpo, o espírito sensível e a mente cativa à
verdade. O cristão que mantém sua consciência sob a luz da Palavra e do
Espírito experimenta a verdadeira liberdade e descansa na graça que o sustenta
todos os dias.
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Jesus!
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para que cada atitude reflita a glória de Deus no mundo.
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REVISANDO O CONTEÚDO
1. O que
é a consciência?
Do grego syneidesis (“saber com”), a
consciência é uma faculdade inata, ou seja, todos nascem com ela. É como um
sensor instalado na alma humana.
2. Como
se deu a primeira manifestação da consciência?
Deus estabeleceu uma lei específica —
a proibição de comer do fruto da árvore da ciência do bem e do mal — com o
anúncio da penalidade: “no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn
2.17). O homem transgrediu e experimentou o funcionamento acusativo da
consciência: culpa, vergonha e medo.
3. O que
é o direito natural?
Todo o ser humano nasce com um
conteúdo normativo fundamental na alma, que é a lei moral, também chamada de
lei da natureza ou direito natural.
4. Como a
consciência funciona?
A consciência funciona como um órgão
de acusação ou defesa, mas também exerce função judicante (Sl 51.3).
5. A
consciência é infalível?
A Bíblia menciona consciências
defeituosas: cauterizada (insensível ao pecado) (Ef 4.19; 1Tm 4.2), fraca
(legalista) (1Co 8.7-12) e contaminada ou corrompida (Tt 1.15).
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
A CONSCIÊNCIA:
O TRIBUNAL INTERIOR
Nesta
lição, veremos como funciona a consciência. Criada por Deus, é por meio dela
que tomamos conhecimento daquilo que agrada a Deus ou não. Infelizmente, a
entrada do pecado no mundo, decorrente da Queda, descaracterizou a consciência
humana criada por Deus. Somente o conhecimento das Escrituras Sagradas pode
trazer renovação para consciência humana e trazê-la de volta ao pleno
conhecimento da verdade. O apóstolo Paulo discorre sobre o tratamento dado à
consciência quando escreve a Carta aos Romanos. Ele instrui que somos
transformados pela renovação do nosso entendimento a fim de que experimentemos
a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Rm 12.1). O primeiro passo é a
submissão do corpo à vontade divina. Jesus nos ensinou que o espírito está
pronto, mas a carne é fraca (Mt 26.41). Logo, precisamos submetermo-nos como
sacrifício vivo, santo e agradável a Deus (Rm 12.1). A segunda lição ensinada
pelo apóstolo diz respeito a não se conformar com este mundo. Literalmente, significa
não assumir a mesma forma que o mundo, isto é, o comportamento, a maneira de
agir e pensar das pessoas que não creem no Evangelho (Rm 12.2). Essas atitudes
devem ser lembradas por quem deseja guardar os preceitos e valores da Palavra
de Deus.
Por
último, o apóstolo menciona que somos transformados pela renovação do nosso
entendimento. Conforme discorre Lawrence O. Richards, na obra Comentário Histórico-Cultural do Novo
Testamento (CPAD), “a palavra usada aqui para ‘entendimento’ é
nous, e não deve ser confundida com ‘conhecimento’ nem com ‘razão’. O que Paulo
tem em mente é expresso mais apropriadamente como ‘perspectiva’ ou ‘modo de
pensamento’. Os crentes devem resistir às pressões exercidas pelo mundo para
nos conformar com seu modo de pensamento, e em vez disso ter cada uma de nossas
perspectivas sobre as questões da vida renovada e transformada. A única maneira
de você ou eu podermos fazer a vontade de Deus é reconhecê-la. E nós só podemos
reconhecer a vontade de Deus se aprendermos a ver as questões da vida a partir
da perspectiva de Deus. Que grande dádiva é a Escritura. E que grande dádiva é
o Espírito, que usa a Palavra para renovar nosso entendimento e transformar
nossa vida” (2007, p.317).
A
consciência do homem sem Deus fica entenebrecida. Graças a Deus pelo Evangelho
de Jesus, que nos trouxe a luz da verdade. Acerca disso, o apóstolo João
enfatizou que devemos andar na luz, e “se andarmos na luz, como ele na luz
está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho,
nos purifica de todo o pecado” (1Jo 1.7). Permaneçamos nessa luz!
TEXTO ÁUREO
“E, por isso, procuro
sempre ter uma consciência sem ofensa, tanto para com Deus como para com os
homens.” (At
24.16).
VERDADE PRÁTICA
Diante da crescente degradação do padrão moral do mundo, o cristão deve
apegar-se cada vez mais à sã doutrina para ter sempre uma boa consciência.
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE
Romanos 2.12-16.
12. Porque todos os que
sem lei pecaram sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram pela
lei serão julgados.
13. Porque
os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão
de ser justificados.
14. Porque,
quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da
lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei,
15. os
quais mostram a obra da lei escrita no seu coração, testificando juntamente a
sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os,
16. no
dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo
o meu evangelho.
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ministério nasceu de um chamado:
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INTRODUÇÃO
Deus fez o ser humano com um senso moral chamado
consciência, que acusa, defende e julga. Funciona segundo a Lei moral (comum a
todas as pessoas), as Escrituras Sagradas e outras fontes normativas, como a
família, a Igreja e o Estado. A consciência escrutina e emite juízo sobre todo
o comportamento humano.
ARRINGTON,
French L. The Message of the Holy Spirit. Springfield: Gospel Publishing House,
1994.
I. ANTES E DEPOIS DA QUEDA
1. A primeira manifestação. Do grego syneidesis (“saber
com”), a consciência é uma faculdade inata, ou seja, todos nascem com ela. É
como um sensor instalado na alma humana. (Alguns teólogos consideram que seja
no espírito. Não há consenso sobre isso). É uma capacidade dada por Deus para o
homem discernir entre o certo e o errado, e, assim, orientar-se em suas
decisões. Gênesis 2.16,17 e 3.6-10 tratam da primeira manifestação da
consciência na experiência humana. Deus estabeleceu uma lei específica — a
proibição de comer do fruto da árvore da ciência do bem e do mal — com o
anúncio da penalidade: “no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn
2.17). O homem transgrediu e experimentou o funcionamento acusativo da
consciência: culpa, vergonha e medo.
ARRINGTON,
French L. The Message of the Holy Spirit. Springfield: Gospel Publishing House,
1994.
2. O direito natural. Todo o ser humano nasce com um conteúdo normativo
fundamental na alma, que é a lei moral, também chamada de lei da natureza ou
direito natural. No Gênesis isso é visto pela primeira vez em Caim, que feriu o
direito natural tirando a vida do próprio irmão (Gn 4.8) e experimentou uma
trágica consequência. Sua consciência o afligiu com pesada culpa, dada a
gravidade do seu pecado: “É maior a minha maldade que a que possa ser perdoada.
[...] da tua face me esconderei; e serei fugitivo e errante na terra [...]”
(4.13,14). Quando a consciência acusa, não adianta tentar se esconder (Sl
139.7,8; Jn 1.3-12).
ARRINGTON,
French L. The Message of the Holy Spirit. Springfield: Gospel Publishing House,
1994.
3. Escrita no coração. Em Romanos 2.12-16 Paulo faz referência à Lei
mosaica, dada a Israel, e à lei moral, o direito natural, comum a todos os
homens, inclusive aos gentios, “os quais mostram a obra da lei escrita no seu
coração” (2.15). Em princípio, é com base nessa lei geral que a consciência
atua, “quer acusando-os, quer defendendo-os” (v.15). O que ocorreu em relação
aos hebreus foi a positivação do direito natural: a escrita, em pedras, dos
preceitos comuns a todos os homens, como a proibição de matar (Êx 20.13). Além
disso, houve ampla regulação da vida civil (direito de propriedade e direito de
família, por exemplo: Êx 22; Dt 24) e o estabelecimento de leis cerimoniais (Lv
1 — 7). Antes da codificação do direito natural pela lei mosaica, outras
sociedades antigas tinham seus regramentos. Os principais eram os códigos
mesopotâmicos de Ur-Nammu (2070 a.C.), Lipit-Ishtar (1850 a.C.) e Hamurabi
(1792-1750 a.C.), o mais conhecido deles. O que há de bom nas imperfeitas leis
humanas é inspirado na Lei moral escrita no coração de todos os povos.
ARRINGTON,
French L.; STRONSTAD, Roger (org.). Comentário Bíblico Pentecostal do Novo
Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2019.
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II. O FUNCIONAMENTO DA CONSCIÊNCIA
1. Acusação, defesa e julgamento. A consciência funciona como um órgão de acusação
ou defesa, mas também exerce função judicante (Sl 51.3). Gênesis 3.7 diz que
tão logo Adão e Eva pecaram “foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que
estavam nus”. O verbo “conhecer”, yada,
traduz o apontamento negativo feito pela consciência, reprovando a conduta do
primeiro casal. Antes do pecado, conheciam somente o bem, e viviam em plena
alegria e paz (Gn 2.25). Ao pecarem, a consciência ecoou na alma, como uma voz
secreta e incômoda (Gn 3.7-10). Às vezes essa experiência é de dor no coração,
como aconteceu com Davi após contar o povo (2Sm 24.10). Uma consciência pesada
produz males ao espírito, à alma e ao corpo (Sl 31.9,10; 32.1-5; 38.1-8).
ARRINGTON, French L.;
STRONSTAD, Roger (org.). Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. Rio
de Janeiro: CPAD, 2019.
2. Vãs justificativas. A expressão “foram abertos os olhos” (Gn 3.7)
também significa experimentação imediata da malícia, antes inexistente em Adão
e Eva. Ao ouvirem a voz do Criador, se esconderam com medo. Deus dirigiu uma
pergunta retórica a Adão: “Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore
de que te ordenei que não comesses?” (Gn 3.11). Não houve uma resposta direta.
Impossibilitado de negar seu pecado, Adão fez o que se tornaria comum ao ser
humano: tentou se justificar, certamente buscando aplacar a consciência: “A
mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi” (Gn 3.12).
Eva seguiu o mesmo caminho, culpando a serpente (Gn 3.13). Tentativas como
estas são meros placebos. A consciência é implacável e não cede a vãs
formulações humanas, ainda que teológicas, como as inclusivas (Rm 1.18-27; 2Tm
4.3). A confissão e o afastamento do pecado são o remédio para a alma (Sl 41.4;
Pv 28.13; Tg 5.16).
GILBERTO, Antônio.
Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD, 2011.
3. O debate no tribunal. A consciência é como um tribunal que julga
condutas, aprovando-as ou reprovando-as. Atua em relação ao presente (At 23.1),
passado (1Co 4.4; 2Sm 24.10) e futuro (1Sm 24.6; At 24.16). Funciona
interagindo com as demais faculdades da alma, principalmente os pensamentos e
os sentimentos (Rm 2.15; 9.1; 1Co 8.12). A consciência costuma entrar em longos
debates com os pensamentos, que a questionam e aprofundam a análise das ações.
Esse processo gera na mente um exame interior, uma investigação pessoal (1Co
11.28), com o objetivo de alcançar um veredicto favorável — o testemunho de uma
consciência limpa (2Co 1.12). Em casos assim, mesmo que acusações externas
prevaleçam, como ocorria com Paulo em Cesareia, há paz interior em função da
consciência estar sem ofensa (At 24.1-16). Então, há descanso para a alma.
GILBERTO, Antônio.
Teologia Sistemática Pentecostal. CPAD, 2011.
III. A CONSCIÊNCIA É FALÍVEL
1. Defeitos da consciência. A Bíblia menciona consciências defeituosas:
cauterizada (insensível ao pecado) (Ef 4.19; 1Tm 4.2), fraca (legalista) (1Co
8.7-12) e contaminada ou corrompida (Tt 1.15). Para a consciência funcionar
bem, é preciso estar corretamente educada e cuidada à luz da genuína Palavra de
Deus, no Espírito Santo (1Tm 1.5,19; Rm 9.1). Todo desequilíbrio é perigoso. A
insensibilidade leva à complacência com o pecado, mas a hipersensibilidade
produz extremismo, onde tudo é pecado. E é nesse campo que agem as seitas,
manipulando e aprisionando almas incautas, como faziam os falsos mestres do
primeiro século (Cl 2.16-23).
¹ QUEIROZ, Silas.
Corpo, Alma e Espírito. CPAD, 2009.
2. Deus, o Supremo-Juiz. Apesar de sua grande importância no exercício de
juízo moral, o pronunciamento da consciência não tem valor absoluto ou
definitivo. Como disse Paulo: “Porque em nada me sinto culpado; mas nem por
isso me considero justificado, pois quem me julga é o Senhor” (1Co 4.4).
Devemos sempre nos submeter humildemente a Deus, ainda que nossa consciência
não nos acuse. Somente Ele, o Supremo-Juiz, pode sondar nosso interior e expor
os mais profundos desígnios de nosso coração, mesmo os que nos sejam ocultos
(Sl 139.23,24; 19.12,13). Às vezes nos consideramos corretos e precisamos ser
confrontados para reconhecer nossos pecados. Davi permaneceu insensível e
rigoroso até ser repreendido através do profeta Natã (2Sm 12.1-13). Pedro
precisou ouvir o canto do galo (Lc 22.54-62). Pecados do espírito, como soberba
e orgulho, são os que mais se escondem (Pv 16.18).
Bíblia de Estudo
MacArthur. Thomas Nelson Brasil, 2015.
CONCLUSÃO
Devemos manter nossa consciência sempre pura; renovada
e iluminada por meio do contínuo estudo da Bíblia, nossa infalível regra de fé
e prática (Sl 119.18,34,130; 2Tm 3.16,17). Se ela nos acusar, não nos
esqueçamos: o sangue de Cristo é poderoso para purificar a consciência de todo
aquele que, arrependido, confiar no poder do seu sacrifício (Hb 9.14). Cheguemo-nos
sempre a Ele com inteira certeza de fé (Hb 10.22).
Meu
ministério aqui é um chamado do coração: compartilhar o ensino da
Palavra de Deus de forma livre e acessível, para que você, irmão ou irmã em
Cristo, possa crescer na fé e no conhecimento das Escrituras, sem barreiras,
com subsídios preparados por um Especialista em Exegese Bíblica do Novo Testamento.
Todo o material que ofereço é fruto de
oração, estudo e dedicação, e está disponível gratuitamente para que a luz do
Evangelho alcance ainda mais vidas sedentas pela verdade. Porém, para que essa
missão continue firme, preciso da sua ajuda.
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REVISANDO O CONTEÚDO
1. O que
é a consciência?
Do grego syneidesis (“saber com”), a
consciência é uma faculdade inata, ou seja, todos nascem com ela. É como um
sensor instalado na alma humana.
2. Como
se deu a primeira manifestação da consciência?
Deus estabeleceu uma lei específica —
a proibição de comer do fruto da árvore da ciência do bem e do mal — com o
anúncio da penalidade: “no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn
2.17). O homem transgrediu e experimentou o funcionamento acusativo da
consciência: culpa, vergonha e medo.
3. O que
é o direito natural?
Todo o ser humano nasce com um
conteúdo normativo fundamental na alma, que é a lei moral, também chamada de
lei da natureza ou direito natural.
4. Como a
consciência funciona?
A consciência funciona como um órgão
de acusação ou defesa, mas também exerce função judicante (Sl 51.3).
5. A
consciência é infalível?
A Bíblia menciona consciências
defeituosas: cauterizada (insensível ao pecado) (Ef 4.19; 1Tm 4.2), fraca
(legalista) (1Co 8.7-12) e contaminada ou corrompida (Tt 1.15).