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17 de junho de 2025

BD JOVENS | Lição 12: Davi: a manifestação da graça | 2° Trim 2025

Pb Francisco Barbosa (@Pbassis)

 

TEXTO PRINCIPAL

Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno.” (Hb 4.16).

ENTENDA O TEXTO PRINCIPAL:

- Diante de um mundo que constantemente nos empurra para a ansiedade, o medo e a culpa, Hebreus 4.16 ergue um convite ousado e cheio de esperança: “Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça.” Essa não é uma sugestão tímida, mas um chamado urgente, fundamentado na obra perfeita de Cristo, nosso Sumo Sacerdote. Como aponta Gordon D. Fee, o acesso que temos ao Pai é resultado da mediação viva e contínua de Jesus, que intercede por nós com compaixão, pois conhece nossas fraquezas na carne (Hb 4.15). O “trono” que antes era inacessível pela santidade de Deus agora se tornou trono de graça, um lugar onde os quebrantados não são rejeitados, mas restaurados. A expressão “com confiança” (gr. parrēsía) transmite a ideia de liberdade de expressão diante do Rei, algo impensável sem a justificação que recebemos pela fé. Craig S. Keener ressalta que essa confiança não nasce de méritos próprios, mas da certeza de que Jesus compreende perfeitamente nossas lutas, porque Ele mesmo foi tentado em tudo, mas sem pecado. Isso transforma nossa oração em um ato de fé carregado de expectativa: vamos ao trono para receber o que não merecemos — misericórdia e graça — no momento exato em que mais precisamos. Jovem, essa promessa é para você. Nos dias de angústia, nas madrugadas solitárias, nas lutas contra o pecado e na sede por sentido: há um lugar de socorro. Cristo não está distante — Ele está acessível. Ele não só ouve, como intervém. Portanto, não hesite. Corra ao trono da graça. Lá há misericórdia suficiente, graça abundante e ajuda certa.

 

RESUMO DA LIÇÃO

Na vida de Davi encontramos um contraste entre a bondade para com Mefibosete e a maldade para com Urias, além de elementos que nos permitem refletir acerca da graça de Deus.

ENTENDA O RESUMO DA LIÇÃO:

- Na história de Davi, somos confrontados com dois momentos que revelam a complexidade do coração humano e, ao mesmo tempo, a profundidade da graça divina. De um lado, vemos Davi estendendo bondade a Mefibosete, o aleijado neto de Saul — antigo inimigo —, restaurando-lhe dignidade, terras e lugar à mesa real (2Sm 9). De outro, observamos o mesmo Davi caindo em um abismo moral ao tomar Bate-Seba e ordenar a morte de Urias, um homem justo e leal (2Sm 11). Esses dois episódios não se anulam, mas se iluminam mutuamente, revelando que até os maiores homens de Deus são capazes de atos gloriosos e vergonhosos. E é justamente aí que a graça resplandece com mais força.

 

TEXTO BÍBLICO

2 Samuel 9.1-7.

1. E disse Davi: Há ainda alguém que ficasse da casa de Saul, para que lhe faça bem por amor de Jônatas?

- Davi perguntou: “Resta ainda alguém da família de Saul –  Em investigação, o administrador da terra de Saul foi encontrado, que deu informações de que ainda sobrevivia a Mefibosete, um filho de Jônatas que tinha cinco anos de idade na casa de seu pai. morte, e quem Davi, em seguida, vagando no exílio, nunca tinha visto. Sua claudicação (2Samuel 4:4) impediu-o de tomar parte nas competições públicas da época. Além disso, de acordo com as noções orientais, o filho mais novo de um monarca coroado tem uma reivindicação preferível à sucessão sobre o filho de um mero herdeiro aparente; e, portanto, seu nome nunca foi ouvido como o rival de seu tio Isbosete. Sua insignificância levara à sua perda de visão, e foi somente por intermédio de Ziba que Davi ficou sabendo de sua existência e da vida de aposentado que ele passou com uma das grandes famílias da Canaã transjordanica, que permaneceu ligada à dinastia caída. Mefibosete foi convidado para a corte, e um lugar na mesa real em dias públicos foi designado a ele, como ainda é costume dos monarcas orientais. A propriedade da família de Saul, que tinha caído a Davi em direito de sua esposa (Números 27:8), ou foi confiscada até a coroa pela rebelião de Is-Bosete (2Samuel 12:8), foi providenciada (2Samuel 9:11; também 2Samuel 19:28), para permitir Mefibosete para manter um estabelecimento adequado ao seu posto, e Ziba nomeado mordomo para administrá-lo, sob a condição de receber metade dos produtos em remuneração por seu trabalho e despesa, enquanto a outra metade devia ser paga como aluguel ao dono da terra (2Samuel 19:29).[Jamieson, aguardando revisão]

2. E havia um servo na casa de Saul cujo nome era Ziba; e o chamaram que viesse a Davi, e disse-lhe o rei: És tu Ziba? E ele disse: Servo teu.

- (1-4) Quando Davi perguntou se ainda havia alguém da casa de Saul a quem ele pudesse mostrar favor por Jonathan (ישׁ-עוד הכי: é para que haja alguém? certamente sobrou alguém), um servo de Saul chamado Ziba foi convocado, que disse ao rei que havia um filho de Jônatas vivendo na casa de Machir em Lodebar, e que ele estava coxo de pé. אישׁ עוד האפס, “não há ninguém além dele?”. O ל antes de בּית é uma forma indireta de expressar o genitivo, como em 1Samuel 16:18, etc., e obviamente não deve ser alterado para מבּית, como propõe Thenius. “A bondade de Deus” é amor e bondade demonstrados em Deus, e por amor de Deus (Lc 6,36). Machir, filho de Amiel, era um homem rico, a julgar por 2 Samuel 17:27, que, após a morte de Saul e Jônatas, havia recebido em sua casa o filho coxo deste último. Lodebar (לודבר, escrito לאדבר em 2Samuel 17:27, mas erroneamente dividido pelos Masoretes em duas palavras em ambas as passagens) era uma cidade no leste de Mahanaim, em direção a Rabbath Amman, provavelmente o mesmo lugar que Lidbir (Josué 13:26); mas não é mais conhecido. [Keil e Delitzsch, aguardando revisão]

3. E disse o rei: Não há ainda algum da casa de Saul para que use com ele de beneficência de Deus? Então, disse Ziba ao rei: Ainda há um filho de Jónatas, aleijado de ambos os pés.

4. E disse-lhe o rei: Onde está? E disse Ziba ao rei: Eis que está em casa de Maquir, filho de Amiel, em Lo-Debar.

5. Então, mandou o rei Davi e o tomou da casa de Maquir, filho de Amiel, de Lo-Debar.

- (5-7) Davi mandou chamar este filho de Jônatas (Mefibosete: compare com 2Samuel 4:4), e não apenas restaurou as posses de seu pai na terra, mas o levou para sua própria mesa real pelo resto de sua vida. “Não temas”, disse Davi a Mefibosete, quando se apresentou diante dele com a mais profunda reverência, para afastar qualquer ansiedade de que o rei pretendesse matar os descendentes do rei caído, de acordo com o costume dos usurpadores orientais. É evidente pelas palavras: “Eu te restituirei toda a terra de Saul, teu pai”, que a propriedade da terra pertencente a Saul ou caiu para Davi como terras da coroa, ou foi tomada por parentes distantes após a morte de Saulo. “Você deve comer pão à minha mesa continuamente”, ou seja, comer à minha mesa por toda a sua vida, ou receber sua comida da minha mesa. [Keil e Delitzsch, aguardando revisão]

6. E, vindo Mefibosete, filho de Jônatas, filho de Saul, a Davi, se prostrou com o rosto por terra e se inclinou; e disse Davi: Mefibosete! E ele disse: Eis aqui teu servo.

7. E disse-lhe Davi: Não temas, porque decerto usarei contigo de beneficência por amor de Jônatas, teu pai, e te restituirei todas as terras de Saul, teu pai, e tu de contínuo comerás pão à minha mesa.

devolverei todas as terras de Saul teu pai. O património privado de Saul é, sem dúvida, o que lhe coube por herança de Quis, e o que ele próprio tinha adquirido. “As terras pertencentes a Saul tinham ficado para Davi como terras da coroa, ou tinham sido tomadas de posse por relações distantes após a morte de Saul”. – Keil. comerás sempre pão à minha mesa – assim, recebendo o tratamento e a familiaridade de um membro da família real. [Whedon]

 

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INTRODUÇÃO

O reino já estava consolidado, Davi era reverenciado por todos como rei e uma sucessão de vitórias e avanços nas mais diversas áreas em Israel faziam parte do cotidiano. Nesse contexto, dois eventos chamam a nossa atenção: a expressão de bondade para com Mefibosete, filho de Jônatas, e a voracidade da maldade para com Urias, marido de Bate-Seba. No primeiro caso vemos a expressão da graça. No segundo, a frieza do mal.

- Davi estava no auge. Seu reinado estava estabilizado, Israel vivia dias de prosperidade e segurança, e o povo o reverenciava como um herói nacional. Era o momento em que tudo parecia estar no lugar certo — vitórias militares, estabilidade política, crescimento espiritual. Mas é justamente nesse cenário que o texto bíblico nos confronta com duas histórias que chocam pela sua intensidade e contraste: a surpreendente bondade de Davi para com Mefibosete, descendente do trono rival, e a brutalidade com que ele tratou Urias, um de seus soldados mais fiéis. De um lado, graça gratuita e imerecida; do outro, frieza, manipulação e morte. Como observa o Comentário Bíblico Beacon, essas narrativas não são apenas registros históricos — são espelhos da alma humana e janelas para a compreensão da graça que confronta o pecado sem ignorá-lo Comentário Bíblico Beacon, volume 2, p. 274. Gordon D. Fee destaca que a Bíblia não idealiza seus heróis, mas os expõe como instrumentos da revelação, mesmo quando falham Fee, Gordon D. – Entendes o que lês?, p. 176.. E Craig S. Keener acrescenta que o contraste entre esses atos revela que a graça de Deus se manifesta não porque o ser humano merece, mas justamente quando ele menos a merece Keener, Craig S. – Comentário Bíblico do Novo Testamento, p. 413.. É nesse terreno movediço entre misericórdia e juízo, honra e pecado, que o Espírito nos convida a caminhar. Ao olhar para Davi, veremos mais do que um rei — veremos um espelho de nós mesmos, e sobretudo, um vislumbre da graça de um Deus que não desiste de redimir histórias quebradas. Prepare-se: esta jornada vai confrontar, consolar e transformar.

Vamos à matéria!

 

I. A BONDADE PARA COM MEFIBOSETE

1. Há ainda alguém? Muitos anos haviam se passado, Davi já estava firmado como rei de Israel e o reino prosperava. A tendência humana indicava olhar para frente e buscar ainda mais conquistas e ampliar ainda mais as fronteiras. Mas o homem segundo o coração de Deus tinha uma dívida a ser paga (1Sm 20.15,42). A aliança com Jônatas mencionava o cuidado e a bondade para com ambas as casas e, com a morte do filho de Saul, restou a Davi o cumprimento do que havia sido prometido. Certo dia, Davi começou a procurar algum descendente de Jônatas para que pudesse ser alcançado pela bênção. Então o rei perguntou ao servo Ziba: “Há ainda alguém que ficasse da casa de Saul, para que lhe faça bem por amor de Jônatas?” (2Sm 9.1). Ziba então revelou a história de Mefibosete e o seu paradeiro (2Sm 4.4; 9.4). O filho de Jônatas, com os pés aleijados por conta de um acidente, ainda na infância, durante a fuga dos inimigos que buscavam exterminar a casa de Saul, vivia em Lo-Debar, na casa de Maquir, filho de Amiel. Então, Davi ordenou que buscasse Mefibosete para que pudesse agir com bondade, por amor a Jônatas.

“Há ainda alguém?” — essa pergunta de Davi não brota do protocolo de um rei político, mas do coração de um homem marcado por aliança e graça. Anos haviam se passado desde que Davi assumira o trono, o reino estava consolidado, as vitórias multiplicadas, e tudo apontava para mais avanço, mais poder, mais conquistas. Mas, contra toda lógica de autossuficiência, Davi olha para trás, para uma promessa feita em tempos de fuga e sofrimento (1Sm 20.15,42). Em vez de apagar as memórias da casa de Saul, seu antigo inimigo, ele procura alguém a quem mostrar bondade — hesed — a graça leal, pelo amor de Jônatas. Como destaca o Comentário Bíblico Pentecostal, esse ato revela a “dimensão profética da lealdade no pacto, onde o amor vence a lógica da vingança e do esquecimento”¹. E então surge um nome esquecido no tempo: Mefibosete. Ferido, marginalizado, deficiente, vivendo em Lo-Debar, uma terra cujo nome significa “sem pasto”, “sem palavra” — um símbolo de desamparo, exclusão e silêncio. Craig S. Keener ressalta que Mefibosete é a imagem do ser humano quebrado pela vida e carregado pela culpa de uma linhagem rejeitada². Para o mundo, ele não passava de um estorvo da antiga dinastia; mas para Davi, ele era herdeiro de uma promessa. A graça o localiza, o levanta e o convida a ocupar um lugar que ele nunca poderia conquistar por mérito próprio: a mesa do rei (2Sm 9.7). Antônio Gilberto afirma que essa atitude de Davi é um retrato claro da “graça divina que nos encontra quando estamos fugindo, caídos e sem nome”³. Essa narrativa vai além da história de um rei e um descendente esquecido — ela nos aponta para o coração do Evangelho. Todos nós somos Mefibosetes, aleijados pelo pecado, marcados por quedas antigas, escondidos em terras áridas e sem esperança. Mas o nosso Rei, Jesus Cristo, faz a mesma pergunta: “Há ainda alguém a quem eu possa mostrar a minha bondade?” Ele nos busca, não porque merecemos, mas porque prometeu. E como Davi com Mefibosete, Ele não apenas nos perdoa, mas nos assenta à Sua mesa como filhos. Fee explica que o Espírito Santo é quem aplica essa realidade ao nosso coração, nos fazendo experimentar, aqui e agora, o poder da restauração graciosa⁴. Jovem, talvez você se sinta deslocado, com falhas profundas ou preso em um “Lo-Debar” existencial. Mas a graça não esquece promessas. Deus te vê, te chama pelo nome, e quer te levantar. A história de Davi e Mefibosete nos mostra que os quebrados também têm lugar no propósito de Deus. Não importa onde você caiu — importa para onde a graça te leva. E hoje, ela está te convidando a sair da terra do silêncio e sentar-se à mesa do Rei.

¹ Comentário Bíblico Pentecostal do Antigo Testamento, 2Sm 9, p. 392.

² Keener, Craig S.Comentário Bíblico do Novo Testamento, p. 547.

³ Gilberto, Antônio.Bíblia de Estudo Pentecostal, nota de rodapé 2Sm 9.

Fee, Gordon D.Ouça o Espírito, Ouça o Mundo, p. 201.

2. Dois atos de bondade. O encontro entre o rei e o homem exilado e aleijado foi memorável. O que se seguiu destoava de todas as expectativas. Mas Davi era diferente, ele tinha sua vida dirigida pelo Espírito de Deus. Mefibosete estava atônito e temendo até por sua vida, sem dúvidas sua estadia em Lo-Debar era também motivada pela busca de um esconderijo diante da possibilidade de ser reconhecido como neto de Saul, e assim ser morto. Já Davi estava ansioso por receber o filho de seu grande amigo Jônatas. O tempo passou, mas as memórias eram vívidas. A amizade entre os dois foi um instrumento de Deus para proteger, ensinar, treinar, edificar e dar suporte emocional a Davi diante das tantas perseguições sofridas. Quando o filho de Jônatas entrou no recinto onde estava o rei, a cena foi impressionante: Davi se prostou diante do jovem e exclamou: Mefibosete! A forma como esse nome foi mencionado trouxe alento ao coração do jovem. Naquele momento, ocorreram dois inspiradores atos de bondade praticados por Davi: recebeu o filho de Jônatas e neto de Saul em sua mesa diariamente como seu fosse seu próprio filho (2Sm 9.7); devolveu as terras que pertenciam ao seu avô, e criou condições para que ele tivesse o seu sustento de forma continuada (2Sm 9.9,10).

- Imagine a cena: um rei poderoso, reverenciado por toda uma nação, interrompe sua agenda real para encontrar alguém que o mundo havia esquecido. Davi, o guerreiro vitorioso, o estrategista temido, decide procurar um aleijado escondido numa terra árida chamada Lo-Debar. Mefibosete, neto do rei Saul, vivia exilado, ferido física e emocionalmente, carregando o peso de um nome que já não lhe abria portas, mas trazia medo e vergonha. Ele esperava o pior — talvez a execução —, como era costume dos reis da época para eliminar qualquer ameaça ao trono. Mas o que ele encontrou foi o inesperado: graça em forma de um rei que o chama pelo nome com ternura, que o recebe com honra e que o trata como filho (2Sm 9.6-7). Craig S. Keener destaca que essa atitude revela o coração de um homem moldado por alianças, não por conveniências¹. O Espírito de Deus havia forjado em Davi uma sensibilidade que vai além da lógica do poder. Como ensina Gordon D. Fee, quando a liderança é dirigida pelo Espírito, ela reflete a natureza do Reino de Deus — onde os últimos são convidados à mesa, e os quebrados são restaurados². Por isso, Davi não apenas acolhe Mefibosete em sua presença, mas o coloca para sempre à sua mesa, como parte da família real. Mais do que isso: ele devolve suas terras e garante seu sustento contínuo (2Sm 9.9-10). O Comentário Bíblico Beacon enfatiza que o gesto de Davi não foi momentâneo, mas estabeleceu um novo destino para aquele jovem marcado pela queda³. E o que torna tudo mais profundo é que essa história é um retrato da forma como Deus age conosco. Somos todos como Mefibosete: feridos pelas quedas da vida, com marcas que carregamos desde a infância, tentando sobreviver em terras sem esperança. Mas o Rei dos reis, Jesus, nos busca. Ele não nos olha como ameaças, mas como alvos do Seu amor. Ele nos chama pelo nome, nos levanta da vergonha e nos convida a sentar à Sua mesa — não como servos, mas como filhos adotivos, com lugar garantido e herança restaurada (Ef 2.4-6). Antônio Gilberto afirma que essa graça nos alcança não por merecimento, mas por causa de uma aliança eterna firmada na cruz⁴. Jovem, talvez você esteja se escondendo em um “Lo-Debar” emocional, achando que Deus se esqueceu de você ou que suas limitações te desqualificam. Mas a graça está te procurando. O Rei já se levantou do trono e está chamando seu nome. Não fuja. Não se esconda. Levante-se. Há um lugar reservado para você na mesa do Rei. Esse é o poder transformador da graça que não apenas te perdoa, mas te reposiciona.

¹ Keener, Craig S.Comentário Bíblico do Novo Testamento, p. 523.

² Fee, Gordon D.Ouça o Espírito, Ouça o Mundo, p. 215.

³ Comentário Bíblico Beacon, vol. 2, p. 278.

Gilberto, Antônio.Bíblia de Estudo Pentecostal, nota sobre 2Sm 9.

3. Alcançado pela graça. A comunhão existente entre Davi e Jônatas rendeu bons frutos e teve seus efeitos manifestados em um tempo posterior. Por amor ao amigo, alguém esquecido em Lo-Debar foi chamado para viver uma nova história. Assim como o filho pródigo, ele foi alcançado pela graça (Lc 15.22). Temos em Davi um tipo de Cristo que, em sua bondade para com Mefibosete, nos desperta para o amor e a misericórdia de Deus em nosso favor, pecadores indignos de sua graça (Rm 3.24).

Alcançado pela graça — essa é mais do que uma frase bonita; é o grito silencioso de quem foi lembrado quando já não esperava mais nada da vida. Davi e Jônatas firmaram uma aliança marcada por lealdade, fé e amor incondicional (1Sm 20.14-17). Anos depois, quando Davi já estava entronizado, essa aliança ressurgiu em forma de graça inesperada. Mefibosete, um nome apagado pelos traumas da queda, vivia isolado em Lo-Debar — terra sem pasto, sem palavra, sem esperança. Mas o rei lembrou-se de uma promessa, e por amor ao seu amigo, foi buscar o esquecido para escrever uma nova história. Como afirma Craig Keener, “a verdadeira espiritualidade sempre se expressa em ações concretas de misericórdia e justiça”¹. Assim como o filho pródigo, que foi restaurado com veste nova, anel e festa (Lc 15.22), Mefibosete também foi revestido de honra que jamais poderia merecer. Gordon D. Fee destaca que a graça é a iniciativa soberana de Deus, rompendo com o ciclo da vergonha para estabelecer nova identidade². Davi aqui se apresenta como um tipo de Cristo — aquele que nos busca quando estamos caídos, que não leva em conta nossa herança de inimizade, mas nos ama com base em uma aliança que Ele mesmo firmou com o Pai (Rm 3.24). O Comentário Bíblico Esperança aponta que “o gesto de Davi ecoa a obra redentora de Cristo, que nos ergue da morte espiritual e nos assenta com Ele nas regiões celestiais”³. Mefibosete não fez nada para merecer a bondade do rei. Pelo contrário, tinha todos os motivos para esperar rejeição ou juízo. Mas a graça sempre age na contramão da lógica humana. Antônio Gilberto afirma que “a graça divina não nos procura porque somos fortes, mas porque somos alvos do amor eterno de Deus”⁴. Essa verdade explode em cores quando percebemos que Deus também nos encontra em nossos “Lo-Debares”: lugares de fuga, medo e invalidez espiritual. Ele não apenas nos resgata, mas nos convida a participar de Sua mesa, como filhos, todos os dias da vida (2Sm 9.13). Jovem, talvez você se sinta longe demais, esquecido, mancando pelas quedas da vida. Mas há um Rei que não se esqueceu de você. A graça está te procurando — não para te acusar, mas para te restaurar. Deus tem uma mesa preparada, e o seu lugar está reservado. A pergunta é: você vai continuar em Lo-Debar, ou vai deixar-se alcançar pela graça?

¹ Keener, Craig S.Comentário Bíblico do Novo Testamento, p. 524.

² Fee, Gordon D.Ouça o Espírito, Ouça o Mundo, p. 212.

³ Comentário Bíblico Esperança, p. 277.

Gilberto, Antônio.Bíblia de Estudo Pentecostal, nota sobre 2Sm 9.

 

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SUBSÍDIO I

Professor(a), explique que a comunhão existente entre Davi e Jônatas rendeu bons frutos e teve efeitos em um tempo posterior. Por amor ao amigo, alguém esquecido em Lo-Debar foi chamado a uma nova história. Assim como o filho pródigo, ele foi alcançado pela graça (Lc 20.22).

Temos em Davi um tipo de Cristo que, em sua bondade para com Mefibosete, nos desperta para o amor e a misericórdia de Deus em nosso favor, pecadores indignos de sua graça (Rm 3.24) Nesse episódio, Davi foi em busca do jovem sem esperanças, Jesus vem ao nosso encontro e, envolto na graça, nos resgata e salva aquilo que havia sido perdido (Lc 19.10).

Fomos alcançados pela graça, Deus é fiel mesmo que sejamos falhos. Diante disso, busquemos também fazer o bem às pessoas sem esperar nada em troca (Lc 6.35). Assim como Deus é gracioso conosco, sejamos também graciosos com as pessoas que nos cercam, mesmo diante de nossas incompletudes e natureza pecaminosa. Jamais nos cansemos de fazer o bem.

 

II. A MALDADE PARA COM URIAS

1. Uma janela aberta e um terraço. Era apenas uma janela aberta (Bate-Seba poderia tê-la fechado) e um simples terraço (o rei poderia evitá-lo), parecia inofensivo. Mas levou-os a um triste destino. Devemos sempre vigiar, orar e nos refugiar no Senhor, somos fracos, mas Ele é nossa força (Mt 26.41).

- Era só uma janela aberta. Apenas um terraço. Tão comum quanto qualquer outro momento do cotidiano. Mas ali, entre a indiferença do hábito e a fragilidade da carne, surgiu o cenário para um dos episódios mais trágicos da história de Davi. Ele estava no lugar errado, na hora errada, e com o coração desarmado. Bate-Seba, exposta à vista do rei, torna-se o ponto de partida para uma sequência de decisões impensadas que revelam o quanto até os maiores homens de Deus são suscetíveis à queda quando baixam a guarda. Como ensina Craig Keener, “a tentação frequentemente se apresenta de maneira sutil, como algo comum, até que já seja tarde demais para recuar”¹. A tragédia não começou com o adultério consumado, mas com a negligência de pequenas atitudes. Davi deveria estar na guerra (2Sm 11.1), mas preferiu o conforto do palácio. Bate-Seba poderia ter fechado a janela, mas não o fez. A Bíblia não silencia sobre a culpa de ambos, mas deixa claro que o coração do homem, mesmo os mais espirituais, precisa estar em constante vigilância. Gordon D. Fee alerta que a santidade não é mantida por acaso; ela exige intenção, comunhão com o Espírito e submissão constante à Palavra². A Bíblia de Estudo Pentecostal reforça isso ao comentar Mt 26.41: “Vigiar e orar são verbos ativos que indicam disciplina espiritual contínua”³. Davi era um homem segundo o coração de Deus (At 13.22), mas também era um homem sujeito às mesmas paixões que nós. O que o diferenciou não foi a ausência de pecado, mas a capacidade de se quebrantar profundamente diante dele (Sl 51). O Comentário Esperança observa que a queda de Davi serve de advertência e também de consolo: advertência para os que brincam com o pecado, e consolo para os que acham que falharam demais para serem restaurados⁴. Deus não ignora o erro, mas também não recusa o coração contrito. Jovem, na era das telas, cliques e distrações constantes, nossas “janelas e terraços” se multiplicaram. Uma notificação, um olhar, um momento de solidão ou tédio — tudo pode ser a porta para um desastre... ou para uma decisão de santidade. Jesus nos alerta: "Vigiai e orai, para que não entreis em tentação" (Mt 26.41). O Espírito está pronto para nos fortalecer, mas precisamos estar atentos, conscientes e conectados com o nosso Salvador. Não espere cair para se lembrar que é frágil. Lembre-se hoje que você é dependente da graça.

¹ Keener, Craig S.Comentário Bíblico do Novo Testamento, p. 368.

² Fee, Gordon D.Ouça o Espírito, Ouça o Mundo, p. 201.

³ Bíblia de Estudo Pentecostal, nota sobre Mt 26.41.

Comentário Bíblico Esperança, p. 247.

2. Dois atos de iniquidade. Davi foi o responsável por dois terríveis atos de iniquidade: o adultério com Bate-Seba (2Sm 11.4) e a articulação para o assassinato de Urias (2Sm 11.14,15). A bondade, a justiça, a benignidade que em nós repousam, assim como outras virtudes, são consequências do quanto nos permitimos estar no centro da vontade divina (Gl 5.22,23). Quanto mais nos aproximamos do Senhor e andamos em sintonia com as suas orientações, mais nos envolvemos com os propósitos, pensamentos, caminhos e sonhos que Ele tem para nós (Is 55.8,9).

- Davi, o homem segundo o coração de Deus, foi também o autor de dois dos atos mais sombrios registrados nas Escrituras: o adultério com Bate-Seba e o assassinato premeditado de Urias (2Sm 11.4,14-15). Como entender tamanha queda em alguém tão profundamente usado por Deus? A resposta está na distância sutil, mas fatal, que se cria quando nos afastamos do centro da vontade divina. O Espírito Santo é como um vento suave que conduz a alma em direção à santidade — mas, quando resistimos ou o ignoramos, ficamos vulneráveis ao que há de pior em nós. Como bem afirmou Gordon D. Fee, “o fruto do Espírito não é produzido por esforço próprio, mas por uma vida rendida, cheia do Espírito”¹. A Palavra nos mostra que Davi deveria estar na guerra, mas ficou em Jerusalém (2Sm 11.1). Esse detalhe, aparentemente pequeno, abriu espaço para o colapso espiritual que viria. O Comentário Bíblico Pentecostal observa que “o afastamento da responsabilidade e da comunhão cria o terreno fértil para o pecado se manifestar”². Davi não caiu de uma vez — ele escorregou aos poucos, e cada passo longe da vontade de Deus o aproximou do abismo. Isso revela algo crucial para os jovens de hoje: a batalha mais perigosa não acontece lá fora, mas dentro do coração. O apóstolo Paulo escreveu aos gálatas que o fruto do Espírito (Gl 5.22,23) é resultado direto de uma vida conduzida por Deus. Esse fruto não se manifesta na superficialidade de uma fé nominal, mas na profundidade de uma vida enraizada em Cristo. Craig S. Keener destaca que “andar no Espírito é mais do que evitar o pecado — é alinhar-se com os desejos e propósitos de Deus”³. Quando deixamos de buscar a face do Senhor, nossos pensamentos se tornam vulneráveis, e nossos desejos, desgovernados (Is 55.8,9). O pecado de Davi nos mostra que nem mesmo os mais espirituais estão imunes quando se afastam da presença do Pai. Jovem, não subestime os pequenos afastamentos. Uma escolha errada, uma distração, uma negligência pode abrir a porta para decisões que te distanciarão da vontade de Deus e trarão dor não apenas a você, mas a outros também. Mas há esperança! A graça que alcançou Davi também está disponível para você. Deus é poderoso para restaurar, mas Ele prefere preservar. Permita-se ser moldado diariamente pelo Espírito, e você verá que a bondade, a justiça e a pureza que deseja não virão de esforço humano, mas de um coração rendido. Escolha hoje andar no centro da vontade d’Ele — e você experimentará uma vida cheia de propósito, graça e plenitude.

¹ Fee, Gordon D.Ouça o Espírito, Ouça o Mundo, p. 203.

² Comentário Bíblico Pentecostal – Antigo Testamento, nota sobre 2Sm 11.1.

³ Keener, Craig S.Comentário Bíblico do Novo Testamento, p. 514.

3. Maldade e bondade. A maldade para com Urias e a bondade para com Mefibosete contrastam na vida de um mesmo homem. Davi era o mesmo homem segundo o coração de Deus, mas não era imune ao pecado. Ao se aproximar do Senhor, as bênçãos o seguiam (Dt 28.3), ao se afastar, o contrário também poderia ser percebido (Sl 32.3,4).

- A vida de Davi é um espelho onde luz e sombra se encontram com intensidade. Como pode o mesmo homem que estendeu graça a Mefibosete (2Sm 9) ser também o autor do adultério e da morte de Urias (2Sm 11)? Esse contraste não apenas revela a complexidade da natureza humana, mas nos mostra que até aqueles que são chamados “segundo o coração de Deus” (1Sm 13.14) não estão isentos das lutas contra a carne. Gordon D. Fee afirma que “o Espírito não é um adorno espiritual, mas o fôlego divino que sustenta a vida crist㔹. Quando Davi estava cheio do Espírito, sua vida exalava graça; mas quando cedeu ao pecado, colheu amargura e silêncio (Sl 32.3-4). A bondade com Mefibosete foi fruto de um coração tocado pela aliança e pela memória da fidelidade de Deus. Davi olhou além da deficiência física e do passado do jovem para enxergar ali a oportunidade de restaurar honra e dignidade. Em contraste, o adultério com Bate-Seba e o plano contra Urias revelaram um Davi desconectado da presença divina, regido pela autossuficiência e pelo desejo. Craig Keener nos lembra que “o maior perigo para o justo não é o sofrimento, mas a autoconfiança que o afasta de Deus”². O pecado nasce no afastamento sutil — quando deixamos de buscar, de ouvir e de temer ao Senhor. A Bíblia de Estudo Pentecostal destaca que Dt 28.3 fala da bênção que “acompanha” aqueles que andam nos caminhos de Deus, mas o Salmo 32 mostra que, ao se afastar, Davi foi consumido por dentro. Essa é uma chave que o jovem precisa compreender: quanto mais próximos do coração de Deus, mais conscientes nos tornamos da nossa fraqueza e mais dependentes ficamos da graça. Anthony D. Palma escreve que “o poder do Espírito Santo é tanto para nos revestir como para nos restringir, protegendo-nos de nós mesmos”³. Jovem, o que define tua jornada espiritual não é nunca errar, mas a forma como você responde ao erro: com arrependimento e retorno ou com endurecimento e queda contínua. O mesmo Deus que perdoou Davi quer te levantar. A tua fidelidade hoje pode gerar cura para alguém esquecido como Mefibosete, ou, se desprezada, pode abrir a porta para a dor de um Urias. Permita que o Espírito Santo conduza teus passos. Seja sensível. Seja humilde. Seja cheio de Deus — e tua história será marcada não pelo escândalo do pecado, mas pela beleza da graça.

¹ Fee, Gordon D.Ouça o Espírito, Ouça o Mundo, p. 119.

² Keener, Craig S.Comentário Bíblico do Novo Testamento, p. 216.

³ Palma, Anthony D.A Teologia do Espírito Santo, p. 174.

 

SUBSÍDIO II

“Em vez de confessar o seu pecado e correr o risco de se expor, Davi decidiu mandar matar Urias e em seguida tomar a sua esposa. As palavras que o apóstolo João (um dos discípulos de Jesus e Líder da Igreja Primitiva) usou para descrever Caim e todos os homicidas (1Jo 3.12-15) se aplicam também a Davi nesta ocasião: ‘Qualquer que aborrece a seu irmão é homicida. E vós sabeis que nenhum homicida tem permanente nele a vida eterna’ (1Jo 3.15). Davi só poderia ser restaurado para Deus por meio do arrependimento sincero (veja o cap. 12; Sl 51).

Os pecados de Davi, o adultério, o frio assassinato e a tentativa de encobrir tudo foram excepcionalmente maus para Deus. Davi foi culpado de infringir o sexto, o sétimo, o oitavo, o nono e o décimo mandamento (Êx 20.13-17) de uma só vez. Os seus pecados eram ainda mais graves porque ele era o líder e protetor do povo de Deus (5.2), o responsável por administrar a justiça e demonstrar o que era certo em Israel (8.15).” (Bíblia de Estudo Pentecostal para Jovens. Rio de Janeiro: CPAD, p.387).

 

III. ALCANÇADOS PELA GRAÇA

1. Maravilhosa graça. O filho de Jônatas se considerava um cão morto (2Sm 9.8), porém Davi o via como um príncipe. A atitude de Davi nos faz lembrar do significado da graça de Deus para com nossas vidas. Éramos perdidos, escravos do medo e mortos diante de nossos pecados. O Senhor abriu-nos o caminho que leva à salvação e assim, fomos achados, libertos e presenteados com uma vida plena. A graça encontrada nessa bela história é, também, uma prefiguração do que viria a acontecer na plenitude dos tempos (Gl 4.4) onde Cristo nos apresentou a salvação em sua maravilhosa graça (Ef 4.7).

- Mefibosete não era apenas um aleijado esquecido em Lo-Debar — ele era alguém que carregava em si a marca da queda, o estigma da derrota e a dor da perda. Quando ele se define diante de Davi como um “cão morto” (2Sm 9.8), está revelando o sentimento profundo de indignidade que assola todo ser humano distante da graça. Mas Davi, ao estender-lhe misericórdia e restaurar-lhe honra, torna-se um espelho do próprio Deus, que não nos trata conforme os nossos pecados, mas segundo o Seu amor fiel (Sl 103.10). Como destaca Craig S. Keener, “os atos de compaixão no Antigo Testamento são sombras da graça plena revelada em Cristo”¹. Esse momento não é apenas uma reviravolta na vida de um personagem esquecido — é uma janela para o coração do Evangelho. A atitude de Davi com Mefibosete antecipa a loucura da graça de Deus, que chama filhos perdidos à mesa do Rei. Como diz Paulo, “quando chegou a plenitude do tempo” (Gl 4.4), o próprio Deus nos adotou, mesmo sendo inimigos, escravos e pecadores. Anthony D. Palma observa que “a graça não é apenas o favor imerecido, mas o poder de Deus que nos resgata e transforma”². Isso significa que a salvação não é sobre mérito, mas sobre identidade concedida — éramos "cães mortos", mas o Rei nos vê como príncipes! Essa é a essência do Evangelho que precisamos resgatar com urgência entre os jovens: não é o seu passado que define o seu futuro, mas o chamado do Rei! A Bíblia de Estudo Pentecostal afirma que Efésios 4.7 revela a “graça como uma medida individual e sobrenatural concedida a cada crente, que o capacita a viver a plenitude da nova vida”³. Ou seja, não basta ser salvo — você foi chamado para viver como herdeiro, como filho, como alguém que tem lugar permanente na mesa do Rei (2Sm 9.11). Jovem, talvez você se veja como Mefibosete: quebrado, esquecido, indigno. Mas Deus não te chama pelo que você fez ou sofreu — Ele te chama pelo que Ele fez por você. Não viva mais em Lo-Debar. O Rei te chama pelo nome. Há um lugar à mesa, reservado, esperando por você. Corra para Ele, e receba hoje mesmo essa graça maravilhosa que muda destinos e reescreve histórias.

¹ Keener, Craig S.Comentário Bíblico do Novo Testamento, p. 236.

² Palma, Anthony D.A Teologia do Espírito Santo, p. 148.

³ Bíblia de Estudo Pentecostal – Nota sobre Efésios 4.7.

2. À mesa com Jesus. Assim como Davi convidou Mefibosete à mesa do rei, Jesus também nos convida a participar da sua mesa e usufruir da sua presença. Uma possível definição para a palavra graça é: “um favor imerecido da parte de Deus”. A Bíblia nos apresenta dois tipos de graça: comum (Mt 5.45) e salvadora (Tt 2.11-14). A primeira é estendida à toda humanidade, a segunda também é para todos, porém apenas é concedida aos que aceitarem a Jesus Cristo como Salvador de suas vidas. A graça comum é concedida ao homem pelo amor, bondade e misericórdia de Deus. Ela se refere à vida, ao ar que respiramos e todas as demais coisas que são necessárias em nosso cotidiano, a chamada ao evangelho, à influência cristã e à longanimidade de Deus (Rm 9.21,22). Já a graça salvadora é a maravilhosa manifestação do amor de Deus (Jo 3.16) possibilitando ao homem o perdão dos seus pecados e a salvação de sua alma ao aceitar Jesus Cristo com seu único e suficiente Salvador. A partir desse momento, passamos a ter uma nova vida e recebemos o Espírito Santo para uma caminhada de santificação e crescente intimidade com Deus. Devemos, ardentemente, buscar a presença divina e a graça para as nossas vidas.

- Imagine que você está à mesa com Jesus — não só como um convidado casual, mas como alguém que recebeu o mais extraordinário convite da graça divina. Assim como Davi chamou Mefibosete para participar da mesa real (2Sm 9), Jesus estende a você um convite que transforma vidas: estar na Sua presença, desfrutando do favor imerecido que chamamos de graça. Essa graça não é só uma palavra bonita; ela é a força que nos alcança mesmo quando não merecemos, um favor que não podemos conquistar, mas que nos é dado livremente pelo amor de Deus (Ef 2.8-9). Como destaca Gordon D. Fee, essa graça é o poder ativo de Deus agindo em nós, não apenas um sentimento, mas uma realidade dinâmica que muda quem somos¹. A Bíblia revela dois tipos de graça que nos cercam: a graça comum e a graça salvadora. A graça comum, conforme Mateus 5.45, é o cuidado universal de Deus — o sol que nasce para justos e injustos, o ar que respiramos e a oportunidade que temos de ouvir o Evangelho. É a bondade que sustenta nossa existência mesmo antes de conhecermos a Cristo. Já a graça salvadora, explicada em Tito 2.11-14, é a manifestação única do amor de Deus que nos alcança para perdoar nossos pecados e nos reconciliar com Ele, permitindo-nos uma nova vida pelo Espírito Santo, rumo à santificação contínua. Craig S. Keener salienta que esta graça é uma transformação que não apenas muda o estado legal diante de Deus, mas também a nossa essência e vocação². Essa distinção é vital para você, jovem leitor, porque mostra que a graça de Deus é ao mesmo tempo ampla e profunda: ela nos alcança primeiro em nossa necessidade básica e nos chama para um relacionamento pessoal e radical com Jesus. Amos Yong enfatiza que a graça salvadora é também o poder do Espírito Santo operando em nós para nos fazer crescer em intimidade e obediência a Deus³. Portanto, estar “à mesa com Jesus” não é só estar presente — é ser transformado pela Sua presença, sendo moldado para refletir o caráter divino. A aplicação para a sua vida é clara: você não está sozinho nessa caminhada. Deus não apenas lhe oferece a vida, mas convida você a desfrutar dEle diariamente, buscando ardentemente Sua presença e graça. Essa busca é um chamado para você deixar a superficialidade, abraçar o sobrenatural e permitir que o Espírito Santo o transforme, como Paulo ensina em Efésios 3.16-19. Então, aceite esse convite hoje mesmo. Permita que a maravilhosa graça que você não merece, mas que lhe é dada, te guie para uma vida plena, rica em comunhão com Deus e impacto no mundo.

¹ Fee, Gordon D. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento, p. 312.

² Keener, Craig S. Comentário Bíblico Beacon, p. 490.

³ Yong, Amos. Pentecostal Theology, p. 177.

Bíblia de Estudo Pentecostal, notas sobre Tito 2.11-14.

 

SUBSÍDIO III

Algo singular e que faz referência a todos nós que aceitamos a Cristo como Salvador, é o convite a sermos participantes da dispensação da graça sobre toda a humanidade (1Pe 4.10,11). O Senhor nos concede a graça para que sejamos libertos do pecado (Rm 6.20-22) e assim possamos viver dentro da vontade divina.

A vontade do Senhor é que os seus filhos sejam usados para derramar a sua graça sobre o mundo (Jo 12.26). Aos sermos salvos, somos tocados com as palavras de Cristo que nos orientam a fazermos a diferença nesse tempo, buscarmos um olhar abençoador para com o próximo, anunciarmos o reino de Deus e, com nossas vidas, promovermos o bem entre as pessoas que encontramos. Dessa forma, uma parte da graça de Deus também alcança aqueles que não creem, para que possam, a seu tempo, crer em Jesus Cristo.

 

PROFESSOR(A), reflita com seus alunos a respeito da graça salvadora. Fomos alcançados por ela e podemos desfrutar da manifestação do amor de Deus e seu perdão em nosso favor. A graça salvadora nos concede a oportunidade de termos uma nova vida. Também nos permite receber o Espírito Santo para uma caminhada de santificação e vitória em Jesus Cristo.

 

CONCLUSÃO

Assim como Davi foi usado por Deus para derramar a graça sobre a vida de Mefibosete, também podemos ser usados pelo Senhor em uma vida abençoadora por onde caminharmos. A graça comum de Deus está acessível a todos e nós somos chamados ao compartilhamento dessa bênção no que se refere às necessidades do cotidiano, ao anúncio das Boas-Novas, à influência cristã e à longanimidade do Senhor. Dessa forma, podemos despertar nas pessoas o desejo profundo em serem também alcançados pela graça salvadora de Cristo.

- A história de Davi e Mefibosete é um convite poderoso para cada jovem entender que Deus deseja usar a sua vida como canal de bênçãos e graça — não apenas para você, mas para aqueles que estão ao seu redor. Assim como Davi, pela graça de Deus, foi instrumento para restaurar e honrar um homem esquecido, você também é chamado para refletir a graça comum de Deus — aquela bondade que alcança o mundo em suas necessidades diárias, no cuidado, no exemplo, na palavra e na paciência que mostramos aos outros (Tt 3.4-5). Gordon D. Fee destaca que essa graça comum é um convite ativo para sermos agentes de transformação social e espiritual, tornando-nos faróis da bondade divina em uma sociedade que tanto precisa dela Fee, Gordon D. Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento, p. 427.. Essa graça acessível a todos é a base para que você viva uma vida que impacta — não apenas no ambiente onde você está, mas especialmente para despertar nos corações a necessidade da graça salvadora, a única que verdadeiramente muda o destino da alma (Jo 1.14-17). Craig S. Keener ensina que, como seguidores de Cristo, somos chamados a um ministério prático, que mistura serviço, anúncio do evangelho e testemunho constante, mostrando que o amor de Deus não é abstrato, mas real e palpável em nossas atitudes Keener, Craig S. Comentário Bíblico Beacon, p. 635.. Somos, então, representantes da longanimidade de Deus, aquele Deus paciente e cheio de compaixão que deseja salvar a todos.

Agora, jovem, aqui estão três desafios para a sua vida, que podem definir seu futuro espiritual e o impacto que você terá no mundo:

  1. Seja um reflexo diário da graça de Deus — nas suas atitudes, palavras e escolhas. A bondade que você demonstra pode abrir portas para que outros conheçam o amor de Cristo (At 1.8). Não subestime o poder do seu testemunho simples e sincero.
  2. Comprometa-se com o anúncio das Boas-Novas — seja na sua escola, no trabalho ou nas redes sociais. A graça salvadora é para todos, e você é um instrumento vivo do Espírito para despertar corações endurecidos (2Co 5.20).
  3. Cultive a longanimidade e o amor em suas relações — seja paciente, compreensivo e disposto a perdoar, como Deus tem sido para com você (Ef 4.2). Essa atitude cria ambientes onde a graça pode fluir livremente e transformar vidas.

Permita que sua vida seja um canal aberto, como Davi foi para Mefibosete — alguém que, tocado pela graça, escolheu viver uma história que faz diferença. O mundo precisa de jovens que não apenas recebem a graça de Deus, mas que a espalham, gerando uma corrente de esperança e salvação. Que você seja um instrumento vivo dessa maravilhosa graça.

 

Meu ministério aqui é um chamado do coração — compartilhar o ensino da Palavra de Deus de forma livre e acessível, para que você, irmão ou irmã em Cristo, possa crescer na fé e no conhecimento das Escrituras, sem barreiras, com subsídios preparados por um Especialista em Exegese Bíblica do Novo Testamento.

            Todo o material que ofereço é fruto de oração, estudo e dedicação, e está disponível gratuitamente para que a luz do Evangelho alcance ainda mais vidas sedentas pela verdade. Porém, para que essa missão continue firme, preciso da sua ajuda.

 

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HORA DA REVISÃO

1. Quem era Mefibosete?

Neto de Saul e filho de Jônatas, aleijado dos pés.

2. Quais foram os atos de bondade praticados por Davi para Mefibosete?

Devolveu as terras que pertenciam ao seu avô, e criou condições para que ele tivesse o seu sustento de forma continuada (2Sm 9.9,10).

3. Quais foram os atos de maldade praticados por Davi para Urias?

O adultério com Bate-Seba (2Sm 11.4) e a articulação para o assassinato de Urias (2Sm 11.14,15).

4. O que é a graça comum?

Ela se refere à vida, ao ar que respiramos e todas as demais coisas que são necessárias em nosso cotidiano, a chamada ao evangelho, a influência cristã e a longanimidade de Deus.

5. O que é a graça salvadora?

A graça salvadora é a maravilhosa manifestação do amor de Deus (Jo 3.16) possibilitando ao homem o perdão dos seus pecados, e a salvação de sua alma ao aceitar Jesus Cristo como seu único e suficiente Salvador.