TEXTO AUREO
“E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2.38)
Entenda
o Texto Áureo:
- Arrependei-vos.
Refere-se à mudança de mente e propósito que leva a pessoa a voltar-se
do pecado para Deus (1Ts 1.9). Essa mudança envolve muito mais do que temer as
consequências do juízo de Deus. O arrependimento genuíno sabe que o mal do
pecado tem que ser abandonado, e a pessoa e obra de Cristo aceitas de modo total
e excluindo tudo o mais. Pedro exortou os seus ouvintes a se arrependerem, caso
contrário não experimentariam verdadeira conversão. seja batizada Essa palavra grega significa, literalmente, "ser mergulhado ou imerso" na água.
Pedro estava obedecendo à ordem de Mt 28.19 e conclamando as pessoas a se
arrependeram e se voltaram para Cristo, o Senhor, para salvação para se
identificarem, mediante as águas do batismo, com sua morte, sepultamento e ressurreição
(At 19.5; Rm 6.3-4; 1Co 12.1.3). Essa foi a primeira vez que os apóstolos
publicamente recomendaram às pessoas que se submetessem a essa cerimônia. Antes
disso, muitos judeus haviam experimentado o batismo de João Batista e também
estavam familiarizadas com o batismo de gentios convertidos ao judaísmo
(prosélitos). em nome de Jesus Cristo.
Para o novo crente, tratava-se de aceitar uma identificação crucial, mas que
envolvia um alto custo. Para remissão dos vossos pecados. Isso poderia ser mais
bem traduzido "por causa da remissão
de pecados". O batismo não produz perdão ou purificação do pecado (1Pe
3.20-21). A realidade do perdão antecede o rito do batismo (v. 41). O
arrependimento genuíno traz de Deus perdão (remissão) dos pecados (Ef 1.7), e,
por causa disso, o novo crente deve ser batizado. O batismo, no entanto, devia
ser o ato de obediência sempre presente, de modo que se tomou sinônimo de
salvação. Então, dizer que a pessoa foi batizada para perdão equivalia dizer que
ela havia sido salva. Todo crente recebe total remissão de pecados (Mt 26.28; Lc
24.47; Ef 1.7; Cl 2.13; 1Jo 2.12). dom
do Espírito Santo. Os apóstolos já haviam experimentado o poder do
Espírito Santo de salvar, guiar, ensinar e realizar milagres. Em Pentecostes,
eles e todos os discípulos reunidos, receberam a presença habitadora do
Espírito e uma nova dimensão de poder para testemunhar.
VERDADE PRÁTICA
A Igreja é a família de Deus, comprada com o sangue de Cristo e selada
com o Espírito Santo.
Entenda
a Verdade Prática:
- A Igreja é a união de todos aqueles que foram
chamados por Deus, os quais, pela ação do Espírito Santo, creem que Jesus
Cristo é o Filho Unigênito de Deus enviado ao mundo para redimi-los de seus
pecados. É por isso que a Igreja é definida como sendo o corpo de Cristo (Ef 1.22,23).
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE
Atos 2.1,2; 37,38
Entenda
a Leitura Bíblica em Classe:
- 2.1 dia
de Pentecostes. Pentecostes significa "quinquagéstmo" e se
refere à Festa das Semanas (Êx 34.22-23) ou da Colheita (Lv 23.16), que era
celebrada 30 dias depois da Páscoa, em maio/junho (Lv 23.15-22). Era uma das
três festas anuais para as quais o povo devia ir a Jerusalém (Êx 23.14-19). No
Pentecostes, era feita a oferta das primícias (Lv 23.20). O Espírito Santo veio
nesse dia como as primícias da herança dos crentes (2Co 5.5; Ef 1.11,14). Os
que foram reunidos na igreja de então também foram as primícias da ceifa plena
de todos os crentes que estava por vir. no
mesmo lugar. No cenáculo mencionado em 1.13.
2.2 um som, como... vento impetuoso. A símile de Lucas
descreve a ação de Deus de enviar o Espírito Santo. Na Escritura, com
frequência o vento é usado como uma figura do Espírito (Ez 37.9-10; Jo 3.0).
2.37 compungiu-se-lhes o coração. A palavra grega para
"compungir" significa "traspassar" ou
"esfaquear"; indica, portanto, algo repentino e inesperado. Com
tristeza profunda, remorso e forte convicção espiritual, os ouvintes de Pedro
ficaram perplexos diante da acusação de terem matado o próprio Messias que
estavam esperando. Compungiu-se-lhes o
coração: (1) porque crucificaram Jesus; (2) porque não O reconheceram
como o Messias, e assim se privaram da esperança de salvação. [Dummelow, 1909]
2.38 Arrependei-vos. Temos neste pequeno versículo
o resumo da doutrina cristã em relação ao homem e a Deus. Arrependimento e fé
por parte do homem; perdão de pecados, ou justificação, e o dom do Espírito
Santo, ou santificação, por parte de Deus. E ambos são expressos no sacramento
do batismo, que por sua vez vincula o ato do homem à promessa de Deus. Pois o
sacramento expressa a fé e o arrependimento do homem, de um lado, e o perdão e
o dom de Deus, do outro. [Pulpit, 1895]
INTRODUÇÃO
Uma rápida leitura do Novo Testamento é suficiente para percebermos o que
a Igreja é de fato e que importância ela tem. Para os apóstolos e os primeiros
cristãos a Igreja era relevante. Paulo, por exemplo, a denominou de “coluna e
firmeza da verdade” (1 Tm 3.15); e Pedro a chamou de “geração eleita” (1 Pe
2.9). Nesta lição, mostraremos o que a Bíblia, de fato, revela sobre a Igreja
de Deus. Veremos que a ekklesia, a Igreja de Deus, longe de ser meramente uma
associação de pessoas, é uma instituição divina.
- 1Tm 3.15 chama-a “casa de Deus” – a Igreja (Hb 3.2,5,6;
10.21; 1Pe 4.17; 1Co 3.16, “o templo de
Deus”; Ef 2.22). O fato de que a esfera de sermos parte integrante dessa
congregação do Deus vivo (que é o sempre vivo Mestre da casa (2Tm 2.19-21), é o
motivo mais forte para a fidelidade neste comportamento. O Deus vivo é a fonte
da “verdade” e o fundamento de nossa “confiança” (1Tm 4.10). O trabalho
dirigido a uma Igreja particular é serviço à única grande casa de Deus, da qual
cada Igreja particular é uma parte, e cada cristão uma pedra viva (1Pe 2.5). A coluna e o alicerce da verdade –
evidentemente predicado da Igreja, não do “mistério da piedade”; pois depois de
dois importantes predicados, “pilar e base”, e esses substantivos, o terceiro,
um muito mais fraco, e que um adjetivo, “confessadamente” ou “sem grande
controvérsia”, não viria. “Pilar” é assim usado metaforicamente dos três
apóstolos, dos quais a Igreja Cristã Judaica dependia principalmente. A Igreja
é “o pilar da verdade”, como a existência continuada (historicamente) da
verdade repousa sobre ela; porque apoia e preserva a palavra da verdade. Aquele
que é da verdade pertence pelo próprio fato à Igreja. Cristo é o único
fundamento da verdade no sentido mais elevado (1Co 3.11). Os apóstolos são
fundamentos num sentido secundário (Ef 2.20; Ap 21.14). A Igreja repousa na
verdade como é em Cristo; não a verdade sobre a Igreja. Mas a verdade como é em
si mesma é ser distinguida da verdade como é reconhecida no mundo. No primeiro
sentido, não precisa de um pilar, mas se sustenta; no segundo sentido, precisa
da Igreja como seu pilar, isto é, seu sustentador e preservador (Baumgarten). A
importância da comissão de Timóteo é estabelecida lembrando-o da excelência da
“casa” em que ele serve; e isto em oposição às vindouras heresias que Paulo
prescientemente o avisa imediatamente (1Tm 4.1). A Igreja deve ser a
permanência da verdade e seu conservar para o mundo, e o instrumento de Deus
para assegurar sua continuação na terra, em oposição àquelas heresias (Mt 16.18;
28.20). O apóstolo não reconhece uma Igreja que não tem a verdade, ou só a tem
em parte. Roma falsamente reivindica a promessa por si mesma. Mas não é a
descendência histórica que constitui uma Igreja, mas somente isto, para aquelas
heresias. O apóstolo não reconhece uma Igreja que não tenha o intermediário.
Não é objeção que, tendo chamado a Igreja antes da “casa de Deus”, ele agora a
chama de “coluna”; pois a palavra literal “Igreja” imediatamente precede as
novas metáforas; assim a Igreja, ou congregação de crentes, que antes era
considerada como a habitação de Deus, é agora, de um ponto de vista diferente,
considerada como o pilar que sustenta a verdade.
I. O POVO DE DEUS
NA BÍBLIA E NA HISTÓRIA
1. No Antigo Testamento. O
termo hebraico qahal é usado para se referir a um ajuntamento do povo de Deus
debaixo do Antigo Pacto. Nesse aspecto, o seu uso é o de “uma convocação para
uma assembleia” ou “o ato de reunir-se em assembleia”. Dessa forma, qahal é
descrito como o povo reunido (Dt 4.10); congregação do povo (Jz 20.2); multidão
(1 Sm 17.47 – NAA); congregação (1 Rs 8.22); congregação de Israel (1 Cr 13.2)
e grande ajuntamento (Ne 5.7). O termo qahal, portanto, no contexto do Antigo
Testamento, se refere ao Israel étnico, uma nação que se juntava ou reunia
tanto com fins cúlticos ou não.
- No Antigo Testamento, os autores bíblicos
utilizaram o hebraico qahal, que significa “multidão humana reunida”, para
designar a assembleia do povo de Deus (Dt 10.4; 23.2,3; 31.30; Sl 22.23). Já na
Septuaginta (tradução grega do Antigo
Testamento hebraico, a Bíblia dos judeus em 250 a.C.), esse mesmo termo
geralmente é traduzido pelo grego ekklesia. No Antigo Testamento hebraico a
palavra qahal designa a assembleia do povo de Deus (Dt 10.4; 23.2-3; 31.30; Sl
22.23), e a LXX, a tradução grega do Antigo Testamento, traduz esta palavra por
ekklēsia e synagōgē, igualmente. Até mesmo no Novo Testamento, ekklēsia pode
significa a assembleia dos israelitas (At 7.38; Hb 2.12).
2. No Novo Testamento. O
termo grego ekklesia se refere à igreja cristã. Contudo, no contexto
neotestamentário, o seu sentido diferirá do que lhe é dado no Antigo
Testamento, tanto na forma como na função. Não é apenas uma raça ou nação, mas
todos aqueles, de diferentes raças e nações, que foram comprados pelo sangue de
Cristo (Ef 3.6; At 20.28; Ap 5.9). Assim, o seu sentido no Novo Testamento é
majoritariamente sacro, isto é, de uma assembleia de crentes que se juntaram
para adorar a Deus (At 12.5; 13.1). Não é apenas um ajuntamento de pessoas, mas
uma assembleia de crentes regenerados que se reúnem para adorar a Deus. Jesus,
por exemplo, usou o termo ekklesia com um sentido exclusivo – o povo adquirido
pelo seu sangue (Mt 16.18). Dessa forma, o uso paulino de ekklesia, nas suas
epístolas, designa sempre a comunidade dos salvos. Assim vemos Paulo saudando a
igreja (1 Co 1.2); ensinando as igrejas (1 Co 7.17); disciplinando o uso dos
dons na adoração da igreja (1 Co 14.4,5,12,19,23,28,33,34,35) e dando
diretrizes à igreja (1 Co 16.1).
- No Novo Testamento, “igreja” traduz a palavra
grega ekklēsia. No grego secular, ekklēsia designava uma assembleia pública, e
este significado ainda foi mantido no Novo Testamento (At 19.32, 39, 41). Robert
Cara, em artigo bem interessante chamado “Cuidado
com o Significado Oculto da Raiz de uma Palavra”, escreve sobre ekklesia: “No grego, mais do que no português, muitas
palavras são uma combinação de duas outras palavras, mas geralmente o estudo
etimológico do porquê e de quando essas palavras foram combinadas é
completamente desconhecido pelo autor do Novo Testamento. A palavra grega
ekklesia, que é geralmente traduzida por “igreja”, é uma combinação das
palavras chamar e fora. Contudo, os dicionários gregos acadêmicos não dão a
definição de “os chamados para fora” para a palavra ekklesia, porque ela não
está sendo usada dessa maneira no Novo Testamento. Embora seja teologicamente
verdadeiro que cristãos tenham sido chamados para fora do mundo pecaminoso para
ser a igreja, essa verdade não é derivada da palavra ekklesia”.
Como dito no subtópico anterior, no Novo Testamento,
ekklēsia pode significa a assembleia dos israelitas (At 7.38; Hb 2.12), o
contexto é que vai definir o significado correto do termo. Assim, A palavra
grega ekklesía pode ser traduzida por “igreja”, “assembleia”, “assentamento” ou
“congregação”, nem sempre com uma conotação religiosa, pois tem também a ideia
de uma assembleia pública. No contexto cristão, trata-se de uma reunião
convocada por Deus, é uma convocação de Deus ao seu povo.
3. Na história cristã. Há
quem creia que a Igreja subsiste governada pelo sucessor de Pedro e pelos
bispos em comunhão com ele. Evidentemente, a tradição protestante rejeita esse
conceito, visto que ele não reflete o contexto do Novo Testamento onde a figura
do sucessor de Pedro é totalmente estranha e desconhecida. Após a Reforma do
século XVI, a tradição protestante procurou dar um sentido bíblico e mais
preciso a respeito do que uma igreja é de fato. Em uma grande denominação
protestante histórica, a Igreja é definida como “uma congregação local de
pessoas regeneradas e batizadas após profissão de fé”. Por outro lado, de
acordo com um documento de uma grande denominação pentecostal americana,
entendemos a Igreja como “o corpo de Cristo, a habitação de Deus através do
Espírito Santo, com divinas nomeações para cumprimento de sua Grande Comissão
onde cada crente, nascido do Espírito, é parte integrante da Assembleia
Universal e da Igreja dos primogênitos, que estão inscritos no Céu” (Ef
1.22,23; 2.22; Hb 12.23).
- 1Pe 1.1 define Igreja como o grupo de eleitos
reunidos e organizados numa determinada localidade que, tendo a Sagrada
Escritura como autoridade máxima (2Tm 3.16) e sob a influência do Espírito
Santo, promove a expansão geográfica, numérica e cultural do Reino de Deus neste
mundo (At 9.31).
- Paulo diz em Ef 1.1 que a igreja é a comunidade
dos crentes em Cristo; ela foi comprada, fundada, protegida, edificada e
dirigida por Cristo (Mt 16.18; At 20.28), que se reúne para cultuar o Deus
Trino (At 13.1-2), sustentar com firmeza a verdade revelada (1Tm 3.15),
observar as ordenanças do Senhor (batismo e ceia), nutrir uma amorosa,
edificante e pura comunhão entre os irmãos (At 2.42-47) e proclamar a salvação
ao mundo (1Pe 2.9), tudo com o propósito final de promover a glória de Deus (Ef
3.21).
II. A IGREJA COMO
CRIAÇÃO DIVINA
1. A Igreja como um ideal de Deus. Desde
a eternidade, a Igreja estava no coração de Deus e foi idealizada por Ele. Em
sua essência, ela é um projeto divino: “Como também nos elegeu nele [Cristo]
antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante
dele em amor” (Ef 1.4). Na sua Carta aos Efésios, o apóstolo Paulo fala de um
“mistério” que estava oculto (Ef 3.3-6). Esse mistério que fora revelado era
exatamente a Igreja! Na mente de Deus, portanto, a Igreja já existia. O amor de
Deus fez com que Ele provesse um plano para salvar o homem caído. Assim, Cristo
amou a Igreja e se entregou por ela (Ef 5.25).
- Havia muitas verdades escondidas e reveladas
posteriormente no Novo Testamento que são chamadas de mistérios. Em Efésios 3.3-6 está uma: judeus e gentios reunidos num
corpo no Messias. Paulo não somente escreveu a respeito do mistério que, em
Cristo, judeu e gentio se tornam um na visão de Deus, no seu reino e na sua
família, como também explicou e esclareceu essa verdade. Ele percebeu que o
conhecimento espiritual deve preceder a aplicação prática. O que não é
entendido corretamente não pode ser aplicado corretamente.
2. A Igreja como uma realidade concreta. Como
vimos, a Igreja não ficou apenas na mente de Deus; ela passou a existir de uma
forma concreta. O início da Igreja acontece na plenitude dos tempos: “mas,
vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido
sob a lei” (Gl 4.4). Dessa forma, Deus faz “congregar em Cristo todas as
coisas, na dispensação da plenitude dos tempos” (Ef 1.10). Então, surge a
pergunta: “Quando a Igreja passou a existir de fato? Quando ela se estabeleceu
na sua forma concreta?” A maioria dos teólogos defende que foi no Pentecostes.
A Igreja, por exemplo, não é citada nos Evangelhos de Marcos, Lucas e João.
Mateus fala de sua existência, mas como um evento futuro (Mt 16.18).
- Mateus é o único Evangelho em que esse termo é
encontrado (Mt 16.18 e 18.17). Cristo a chama aqui de "minha igreja",
enfatizando que apenas ele é o Arquiteto, Construtor, Proprietário e Senhor.
Embora Deus esteja desde o início da história redentora reunindo os remidos
pela graça, a igreja singular que ele prometeu edificar começou no Pentecoste,
com a chegada do Espírito Santo, por meio de quem o Senhor batizou os crentes
em seu corpo, que é a igreja (At 2.1-4; 1Co 12.12-13). As palavras de Jesus,
"Eu edificarei a minha igreja",
foram uma previsão do que estava prestes a acontecer quando Ele enviou o
Espírito Santo para habitar nos crentes (Jo 15.26-27; 16.13). Jesus ainda tinha
que passar pela cruz e experimentar a ressurreição. Embora os discípulos
entendessem em parte, o cumprimento de tudo o que Jesus tinha vindo a fazer
ainda não tinha sido realizado. Depois de Sua ressurreição, Jesus não permitiu
que Seus seguidores começassem a obra que Ele lhes dera, para fazer discípulos
de todas as nações (Mt 28.19-20), até que o Espírito Santo tivesse vindo (At 1.4-5).
3. A Igreja no Pentecostes. Depois
do Pentecostes, Lucas destaca que “todos os dias acrescentava o Senhor à igreja
aqueles que se haviam de salvar” (At 2.47). Dessa forma, a Igreja, que existia
apenas no coração e na mente de Deus, se tornava uma realidade concreta quando
o Espírito Santo é derramado no Pentecostes após a ressurreição de Jesus (At
2.1,2).
- O livro de Atos detalha o início da igreja e sua
propagação miraculosa através do poder do Espírito Santo. Dez dias depois de
Jesus ter subido de volta ao céu (At 1.9), o Espírito Santo foi derramado sobre
120 dos seguidores de Jesus que esperaram e oraram (At 1.15, 2.1-4). Os mesmos
discípulos que tinham tremido por medo de serem identificados com Jesus (Mc 14.30,
50) foram subitamente capacitados a ousadamente proclamar o evangelho do
Messias ressuscitado, validando a sua mensagem com sinais milagrosos e
maravilhas (At 2.4, 41, 3.6-7, 8.7). Milhares de judeus de todas as partes do
mundo estavam em Jerusalém para a Festa de Pentecostes. Eles ouviram o
evangelho em suas próprias línguas (At 2.5-8), e muitos creram (At 2.41; 4.4).
Os que foram salvos foram batizados, acrescentando diariamente à igreja. Quando
a perseguição explodiu, os crentes se espalharam, levando a mensagem do
evangelho com eles, e a igreja se espalhou rapidamente para todas as partes da
terra conhecida (At 8.4; 11.19-21).
III. A IGREJA COMO
A COMUNIDADE DOS SALVOS
1. Regenerados pelo sangue de Cristo. No
Pentecostes, o apóstolo Pedro disse: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja
batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados” (At 2.38). Com essas
palavras, o apóstolo Pedro estava dizendo como se dá o ingresso de uma pessoa
na Igreja, ou seja, por meio do arrependimento e do batismo. A Igreja é uma
comunidade cristã formada por pessoas regeneradas que fizeram uma pública
profissão de fé. O ingresso de alguém à Igreja não se dá por adesão, mas pela
conversão. É exatamente esse o sentido da palavra grega metanoeo, traduzida
aqui por arrependimento. Significa uma mudança de mente. Assim, a Igreja é
formada por pessoas que estavam no pecado, a caminho da condenação eterna, mas
que, graças ao Evangelho, tiveram suas vidas transformadas.
- Temos em Atos 2.38 o resumo da doutrina cristã em
relação ao homem e a Deus. Arrependimento e fé por parte do homem; perdão de
pecados, ou justificação, e o dom do Espírito Santo, ou santificação, por parte
de Deus. E ambos são expressos no sacramento do batismo, que por sua vez
vincula o ato do homem à promessa de Deus. Pois o sacramento expressa a fé e o
arrependimento do homem, de um lado, e o perdão e o dom de Deus, do outro.
- “Jesus
estabeleceu a igreja como uma instituição pública e terrena que haveria de demarcar,
identificar e supervisionar aqueles que professam crer nele (Mt 16.18-19;
18.15-20). Jesus estabeleceu a igreja para reconhecer publicamente aqueles que
lhe pertencem, a fim de dar ao mundo uma exibição das boas novas acerca dele
mesmo (Jo 17.21,23; ver também Ef 3.10). Jesus quer que o mundo saiba quem lhe
pertence e quem não lhe pertence. E como o mundo há de saber quem lhe pertence
e quem não lhe pertence? Eles hão de olhar para aqueles que publicamente se
identificam com o seu povo na instituição visível e pública que ele estabeleceu
para esse mesmo propósito. Eles hão de olhar para os membros da sua igreja. E
se algumas pessoas alegam ser parte da igreja universal mesmo sem pertencer a
uma igreja local, elas rejeitam o plano de Jesus para elas e para sua igreja.
Jesus pretende que o seu povo seja identificado como um grupo visível e
público, o que significa fazer parte de igrejas locais.” https://voltemosaoevangelho.com/blog/2013/09/por-que-e-como-fazer-parte-da-membresia-de-uma-igreja/.
É importante, ainda, esclarecer que a “conversão” é a manifestação externa da
regeneração. Não podemos ver a regeneração, mas podemos ver os efeitos que ela
produz. O efeito mais notável produzido pela regeneração é a conversão, na qual
o regenerado expressa sua fé e seu arrependimento, com o consequente abandono
do pecado. Em outras palavras, quando falamos em conversão estamos falando da
vida cristã do ponto de vista de sua direção: um afastamento do pecado e uma
aproximação de Deus. A conversão pode ser definida como um ato consciente de
uma pessoa regenerada, no qual ela se volta para Deus em arrependimento e fé.
Observe que há dois movimentos presentes na conversão: um movimento de
afastamento do pecado, caracterizado pelo arrependimento, e um movimento de
aproximação de Deus, caracterizado pela fé. Através da graça de Cristo, somos
tocados e aceitamos Jesus como nosso único e suficiente Salvador e Senhor das
nossas vidas. Dentre as bênçãos decorrentes desse ocorrido, a principal é a
morada do Espírito Santo em nós. Somos adotados por Deus e passamos a fazer
parte de Sua família e pertencemos agora a igreja (corpo) de Cristo (Cl 1.24).
2. Selados pelo Espírito Santo. Já foi
dito que a Igreja tem sua origem no dia de Pentecostes. Por meio do Espírito de
Deus, somos batizados no Corpo de Cristo, a Igreja, então, passamos a fazer
parte dela. É exatamente isso o que o apóstolo Paulo diz aos Coríntios na sua
Primeira Carta: “Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um
corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido
de um Espírito” (1 Co 12.13).
- O subtópico não explica o que é o “selo do
Espírito Santo. "Em quem também confiastes,
depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e,
tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa"
(Ef 1.13). Em rápidas palavras, o “selo do Espírito Santo” é uma marca ou sinal
invisível que a pessoa recebe no seu espírito assim que ela crê no Senhor Jesus
Cristo de todo o seu coração (Ef 1.11-14); Essa marca indica que a pessoa “tem
o Espírito Santo” (Rm 8.15); que a pessoa é “Filho de Deus” (Rm 8.14-16); e que
é “propriedade de Deus” (Rm 8.16; 1Jo 3.2); e que tem a garantia do
arrebatamento (Ef 4.30). Paulo fortalece a ideia de propriedade, autenticidade
e inviolabilidade. Ambas as figuras – “penhor” e “selo” –, assinalam o fato de
que pertencemos a Deus e, que a obra que Ele mesmo iniciou será plenamente
cumprida em nós (Fp 1.6)
3. O Batismo de Cristo e do Espírito. O
apóstolo Pedro, que exortou os presentes no dia Pentecostes a se arrependerem,
também disse: “e recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2.38). Assim, podemos
afirmar que Cristo batizou os crentes com o Espírito Santo e com fogo, um
batismo de capacitação (At 1.4), enquanto o Espírito os batizou no Corpo de
Cristo, um batismo de iniciação, formando a Igreja (1 Co 12.13).
- O batismo com o Espírito Santo e com fogo é uma experiência
sobrenatural que segue à conversão, o novo nascimento, ou regeneração; e tem
como finalidade capacitar o crente para o serviço. É um revestimento de poder
(At 1.8) e tem como evidência o falar em línguas estranhas (mistérios com Deus)
(At 2.1-4; 10.44,45; 19.6; 1Co 14.2). – Os discípulos, até o evento de Atos 2
(Pentecoste) andavam escondidos e trancafiados por causa da perseguição dos
Judeus, mesmo Jesus já tendo “soprado” sobre eles o Espírito Santo (Jo 20.22);
Mas só após o evento do Pentecostes é que eles, segundo a promessa de Jesus (At
1.8), foram revestidos da virtude (poder) do Espírito, e então enfrentaram as
resistências, foram presos, açoitados, cantaram nas prisões e muitos até
perderam suas vidas por amor do Evangelho.
- 1º Coríntios 12.13 fala de um batismo distinto: o
ingresso na Igreja, o corpo espiritual de Cristo, que é formada quando os
cristãos são cheios do Espírito Santo por Cristo. Cristo é quem batiza (Mt
3.11) e coloca dentro de cada cristão o Espírito em unidade com todos os outros
cristãos. Paulo não faz aqui nenhuma referência ao batismo com o Espírito Santo
por Cristo, nem ao batismo em águas. William Menzies, teólogo pentecostal,
explica que “nós somos batizados pelo
Espírito em Cristo — isso é regeneração, novo nascimento”. Mais adiante,
acrescenta: “Nós somos batizados com o
Espírito por Cristo — essa é a capacitação para servir e ministrar!”.
CONCLUSÃO
Nesta lição vimos como surgiu a Igreja fundada por Jesus Cristo. Ela
existiu, primeiramente, no plano de Deus até se estabelecer no Novo Testamento
após a morte, ressurreição de Cristo e a infusão dos Cristãos no Corpo de
Cristo por meio do Espírito Santo. A Igreja, portanto, não foi idealizada por
homem algum, nem tampouco está fundada sobre teses humanas. O seu fundamento é
Cristo, que é a cabeça da Igreja. Por isso, é um grande privilégio fazer parte
da Igreja, o Corpo de Cristo.
- O nascimento da Igreja foi reconhecido pelos
cristãos como um cumprimento de parte da aliança feita com Abraão e Moisés.
Deus tinha feito um pacto com os israelitas pelo qual Ele iria estabelecer um
povo que seria seu, e que iria receber as suas promessas. Esse povo seria sua
“propriedade peculiar”, um “reino de sacerdotes”, uma “nação santa”, aquele que
levaria sua luz às nações (Êxodo 19.5,6). E exatamente nesses termos que Pedro
dirige-se à comunidade do Novo Testamento em sua primeira carta. Eles são
“eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a
obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo... que... nos gerou de novo
para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos,
para uma herança incorruptível, incontaminável e que se não pode murchar”
(1.2-4). Eles são preciosos “... como
pedras que vivem... edificados casa espiritual” para serem “sacerdócio santo”, a fim de oferecerem “sacrifícios espirituais” (2.4,5). Eles
tornaram-se “a geração eleita, o
sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido”, para anunciarem “as virtudes” daquele que os chamou “das trevas para a sua maravilhosa luz”
(2.9). O segundo fator para a escolha final do termo ekklesia pela comunidade
cristã está relacionado com a rejeição do Messias pelos judeus. Um novo povo de
Deus havia sido estabelecido. Para esse povo era adequada a escolha de uma
palavra da versão LXX que historicamente se referisse ao povo de Deus, um nome
familiar pelo seu uso e pelas suas associações, sagrado por fazer parte do
Livro Divino, do qual a oposição judaica ainda não tivesse se apropriado.
Pb Francisco Barbosa
@pbassis
REVISANDO O
CONTEÚDO
1. A que se refere o termo hebraico qahal no contexto do Antigo
Testamento?
O termo qahal, portanto, no contexto do Antigo
Testamento, se refere ao Israel étnico, uma nação que se juntava ou reunia
tanto com fins cúltico ou não.
2. A que se refere o termo grego ekklesia no sentido do Novo Testamento?
O termo grego ekklesia se refere a igreja cristã.
3. Onde a Igreja estava desde a eternidade?
Desde a eternidade a Igreja estava no coração de
Deus e foi idealizada por Ele.
4. Como se dá o ingresso de uma pessoa à Igreja?
O ingresso de alguém à Igreja não se dá por adesão,
mas pela conversão.
5. Por meio de quem somos batizados no Corpo de Cristo e passamos a fazer
parte da Igreja?
Por meio do Espírito de Deus somos batizados no
Corpo de Cristo, a Igreja, então, passamos a fazer parte dela.