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UM COMENTÁRIO APROFUNDADO DA LIÇÃO, PARA FAZER A DIFERENÇA!

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28 de dezembro de 2023

REVISTA JOVENS - Lição 01: A Bíblia – Fonte de Doutrina

 


TEXTO PRINCIPAL

Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça” (2 Tm 3.16)

Entenda o Texto Principal:

- Toda a Escritura. Construções gregas com gramática semelhante (Rm 7.12: 2Co 10.10; 1Tm 1.15; 2.3; 4.4) argumentam de modo persuasivo que a tradução "toda a Escritura é inspirada..." é precisa. Tanto a Escritura do Antigo Testamento como a do Novo Testamento estão incluídas (veja em 2Pe 3.15-16, que identificam os escritos do Novo Testamento como Escritura). inspirada por Deus. Literalmente, "expirada por Deus" ou "soprada por Deus". As vezes, Deus dizia aos escritores da Bíblia as palavras exatas que deveriam ser ditas, como por exemplo em Jr 1.9, mas, com maior frequência, ele usava a mente, o vocabulário e as experiências de cada um deles para produzir sua própria Palavra perfeita e infalível (1Ts 2.13; Hb 1.1; 2Pe 1.20-21). É importante observar que a inspiração aplica-se somente aos manuscritos bíblicos originais, e não aos escritores bíblicos; não existem escritores bíblicos inspirados, somente Escritura inspirada. Deus identifica-se tanto com sua Palavra que, quando as Escrituras falam, é Deus quem fala (Rm 9.17; Cl 3.8). A Escritura é chamada de "os oráculos (ou a palavra) de Deus" (Rm 3.2; 1P e 4.11) e não p ode ser alterada (Jo 10.35; Mt 5.17-18; Lc 16.17; Ap 22.18-19). ensino. A instrução divina ou o conteúdo doutrinário do Antigo Testamento e do Novo Testamento (2Tm 2.15; At 20.18,20-21,27; 1Co 2.14-16; Cl 3.16; 1Jo 2.20,24,27). A Escritura fornece o corpo compreensivo e completo da verdade divina que é necessário para a vida e a piedade (Sl 119.97-105). repreensão. A Bíblia repreende as pessoas por sua conduta ou crenças equivocadas. A Escritura expõe: o pecado (Hb 4.12-13) para que ele possa ser tratado mediante a confissão e o arrependimento; correção. A restauração de algo à sua devida condição. A palavra aparece somente aqui no Novo Testamento, mas aparecia na linguagem grega extrabíblica com a ideia de colocar no lugar um objeto que havia caído ou ajudar alguém que havia tropeçado a se colocar em pé novamente. A Escritura não só repreende a conduta errada, mas também mostra o caminho de volta a uma vida piedosa (SI 119.9-11; Jo 15.1-2). educação na justiça. A Escritura fornece o treinamento positivo ("educa ção" era uma referência original à instrução de uma criança) na conduta piedosa, e não apenas repreensão e correção de uma conduta errada (At 20.32; 1Tm 4.6; 1P e 2.1-2).

 

RESUMO DA LIÇÃO

A Bíblia é a única fonte genuína de doutrina para o cristão.

Entenda o Resumo da Lição:

- O conhecimento a respeito da Pessoa e Obra de Jesus Cristo e o que as Escrituras ensinam sobre Ele para que o cristão se torne apto a identificar a sã doutrina cristã e a aplicar em sua vida pessoal os ensinamentos de Cristo, só podem vir pelas Escrituras (Sola Scriptura, segundo a interpretação que a Reforma Protestante trouxe do que a própria Bíblia diz como sua autodefinição, é o princípio segundo o qual a Bíblia tem absoluta primazia, sendo ela a única regra de Fé e Prática que todo ser humano deve seguir).

 

TEXTO BÍBLICO

2 Timóteo 3.14-17

Entenda o Texto Bíblico:

- 3.14 de quem o aprendeste. Para encorajar ainda mais Timóteo a permanecer fiel, Paulo o faz lembrar de seu legado de piedade. A forma plural do pronome "quem" no original sugere que Timóteo tinha uma dívida não apenas para com Paulo, mas também para com outros (1.5).

3.15 desde a infância. Literalmente "desde criança''. Duas pessoas às quais Timóteo especialmente devia muito eram sua mãe e sua avó, que lhe haviam ensinado com fidelidade as verdades da Escritura do Antigo Testamento desde que era muito pequeno, de modo que ele estava pronto para receber o evangelho quando Paulo o pregou; sabes as sagradas letras. Literalmente "Os escritos sagrados", uma designação comum do Antigo estamento dada pelos judeus que falavam grego; sábio para a salvação. As Escrituras do Antigo Testamento apontavam para Cristo (Jo 5.37-39) e revelavam a necessidade de ter fé nas promessas de Deus (Gn 15.6; cf. Rm 4.1-3). Portanto, elas podiam levar as pessoas a reconhecer seu pecado e sua necessidade de justificação em Cristo (Gl 3.24). A salvação é trazida pelo Espírito Santo mediante o uso da Palavra (Rm 10.14-17; Ef 5.26-27; 1Pe 1.23-25). fé em Cristo Jesus. Embora não entendessem todos os detalhes em questão (1Pe 1.10-12), os cristãos do Antigo Testamento, entre eles Abraão (Jo 8.56) e Moisés (Hb 11.26), esperavam ansiosos pela chegada do Messias (Is 7.14; 9.6) e sua expiação pelo pecado (Is 53.5-6). O mesmo aconteceu com Timóteo, que respondeu de maneira positiva quando ouviu o evangelho.

3.16 Toda a Escritura. “Toda Escritura”, isto é, as Escrituras em todas as suas partes. No entanto, a Versão Inglesa é sustentada, embora o artigo grego esteja querendo, pelo uso técnico do termo “Escritura” sendo tão bem conhecido como não precisar do artigo. O grego nunca é usado de escritos em geral, mas apenas das escrituras sagradas. A posição dos dois adjetivos gregos intimamente unidos por “e”, proíbe que tomemos um como epíteto, o outro como predicado e traduzido como “Toda Escritura dada por inspiração de Deus também é proveitosa”. A Vulgata e os melhores manuscritos favorecem a versão em inglês. Claramente, os adjetivos estão tão intimamente conectados que, assim como um é um predicado, o outro deve ser assim também. Alford admite que sua tradução seja dura, embora legítima. É melhor com a versão inglesa para levá-lo em uma construção legítima, e ao mesmo tempo não dura. O grego, “inspirado por Deus”, não é encontrado em nenhum outro lugar. A maioria dos livros do Novo Testamento foram escritos quando Paulo escreveu sua última epístola: assim ele inclui na sentença “Toda a Escritura é inspirada por Deus”, não apenas no Antigo Testamento, no qual somente Timóteo era ensinado quando criança (2Timóteo 3:15), mas os livros do Novo Testamento de acordo como eram reconhecidos nas igrejas que tinham homens dotados de “discernimento de espíritos”, e assim capazes de distinguir enunciados realmente inspirados, pessoas, e assim seus escritos de espúrias. Paulo quer dizer: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e, portanto, útil”; porque não vemos utilidade em nenhuma palavra ou parte dela, ela não segue, não é inspirada por Deus. É útil, porque inspirado por Deus; não inspirado por Deus, porque útil. Uma razão para o artigo não ser antes do grego, “Escritura”, pode ser que, se tivesse, poderia ser suposto que limitava o sentido à {hiera grammata}, “Sagradas Escrituras” (2Timóteo 3:15) do Antigo Testamento, enquanto aqui a afirmação é mais geral: “toda a Escritura” (compare Grego, 2Pedro 1:20) A tradução, “toda Escritura que é inspirada por Deus também é útil”, implicaria que há alguma Escritura que não é inspirada por Deus, mas isso excluiria o sentido apropriado da palavra “Escritura”, e quem precisaria ser informado de que “toda a divina Escritura é útil (‘proveitosa’)?” Hebreus 4:13 iria, na visão de Alford, tem que ser traduzida, “Todas as coisas nuas também estão abertas aos olhos Dele”, etc .: assim também 1Timóteo 4:4, o que seria um absurdo [Tregelles, Observações sobre as Visões Proféticas do Livro de Daniel] Knapp define bem a inspiração, “uma agência divina extraordinária sobre os professores enquanto dá instruções, seja oral ou por escrito. n, pelo qual eles foram ensinados como e o que eles deveriam falar ou escrever ”(compare 2Samuel 23:1; Atos 4:25; 2Pedro 1:21). A inspiração dá a sanção divina a todas as palavras da Escritura, embora essas palavras sejam as declarações do escritor individual, e somente em casos especiais revelados diretamente por Deus (1Coríntios 2:13). A inspiração é aqui predicada dos escritos, “toda a Escritura”, não das pessoas. A questão não é como Deus fez isso; é como a palavra, não os homens que a escreveram. O que devemos crer é que Ele fez isso, e que todos os escritos sagrados são em todos os lugares inspirados, embora nem todos os assuntos semelhantes de revelação especial: e que mesmo as próprias palavras estejam estampadas com sanção divina, como Jesus as usou (por exemplo na tentação e Jo 10:34-35), para decidir todas as questões de doutrina e prática. Existem graus de revelação nas Escrituras, mas não de inspiração. Os escritores sagrados nem sempre conheceram a plena significação de suas próprias palavras inspiradas por Deus (1Pedro 1:10-12). Inspiração verbal não significa ditado mecânico, mas toda “Escritura é (assim) inspirada por Deus”, que tudo nela, suas narrativas, profecias, citações, o todo – ideias, frases e palavras – são como Ele achou por bem estar lá. A condição atual do texto não é motivo para concluir que o texto original está sendo inspirado, mas é uma razão pela qual devemos usar toda a diligência crítica para restaurar o texto inspirado original. Novamente, a inspiração pode ser acompanhada por revelação ou não, mas é tão necessária para escrever doutrinas ou fatos conhecidos com autoridade, quanto para comunicar novas verdades (Tregelles). A omissão aqui do verbo substantivo é, “penso eu, designada para marcar isto, não somente a Escritura então existente, mas o que ainda estava para ser escrito até que o cânon fosse completado, é incluído como Deus) – inspirado. A lei do Antigo Testamento era o professor para nos levar a Cristo; por isso é apropriadamente dito ser “capaz de tornar sábio para a salvação pela fé em Jesus Cristo”: o termo sabedoria sendo apropriado para o conhecimento das relações entre o Antigo e o Novo Testamento, e oposto à pretensa sabedoria dos falsos mestres (1Timóteo 1:7-8).

ensinar – grego, “ensinar”, isto é, ensinar as verdades dogmáticas ignorantes que eles não podem conhecer de outra forma. Ele assim usa o Antigo Testamento, Romanos 1:17.

para mostrar erros – “refutação”, condenando o erro do seu erro. Incluindo divindade polêmica. Como um exemplo desse uso do Antigo Testamento, compare Gálatas 3:6,13,16. “Doutrina e reprovação” compreendem as partes especulativas da divindade. Em seguida, siga a prática: as Escrituras são proveitosas para: (1) correção (grego, “assentando um certo”; compare um exemplo, 1Coríntios 10:1-10) e instrução (grego, “disciplinando”, como um pai faz seu filho veja em 2Timóteo 2:25, Efésios 6:4, Hebreus 12:5,11, ou “treinamento” por instrução, aviso, exemplo, gentileza, promessas e castigos, compare um exemplo, 1Coríntios 5:13). Assim, toda a ciência da teologia é completa nas Escrituras. Visto que Paulo está falando da Escritura em geral e na noção dela, a única razão geral pela qual, para aperfeiçoar o piedoso (2Timóteo 3:17), deve se estender a todo departamento de verdade revelada, deve ser que foi destinado a ser a regra completa e suficiente em todas as coisas que tocam a perfeição.

instruir na justiça  em contraste com a “instrução” em rudimentos mundanos (Colossenses 2:20,22). [Fausset, aguardando revisão] https://www.apologeta.com.br/2-timoteo-3/.

3.17 homem de Deus. Um termo técnico que se refere a um pregador oficial da verdade divina. perfeito. Capaz de fazer tudo o que se é chamado a fazer (Cl 2.10). perfeitamente habilitado. Capacitado para cumprir todas as exigências do ministério piedoso e da vida justa. A Palavra não somente faz isso na vida do homem de Deus, mas na de todos os que o seguem (Ef 4.11 -13).

 

INTRODUÇÃO

Neste trimestre, estudaremos a respeito do “Valor da Doutrina”. Este é um tema de fundamental importância para o cristão, individualmente e para a igreja. Quanto ao foco da primeira lição, abordaremos a Bíblia como fonte segura da doutrina. Certamente você concorda que a Bíblia é indispensável para uma vida cristã frutífera, saudável. Mas você sabe qual é a sua origem e natureza? Nesta primeira lição, vamos responder essas questões, discorrendo a respeito da origem da Bíblia, a sua inspiração divina e a sua elevada e inestimável importância.

- Uma doutrina bíblica é uma verdade fundamental ensinada na Bíblia. É um conjunto de crenças fundamentadas nas Escrituras que definem a verdadeira Igreja. A doutrina cristã é fundamentada na Bíblia. Cristãos protestantes afirmam que apenas as Escrituras são os registros escritos da auto-revelação de Deus aos homens, possuem autoridade suficiente para guiar o indivíduo na sua crença e no seu comportamento. A suprema fonte de autoridade é o Senhor Jesus Cristo, e toda a esfera da vida está sujeita à sua soberania. A Bíblia fala com autoridade porque é a palavra de Deus. É a suprema regra de fé e prática, porque é testemunha fidedigna e inspirada dos atos maravilhosos de Deus, através da revelação de Si mesmo e da redenção, sendo tudo patenteado na vida, nos ensinamentos e na obra Salvadora de Jesus Cristo. As Escrituras revelam a mente de Cristo e ensinam o significado de Seu domínio. Na sua singular e una revelação da vontade divina para a humanidade, a Bíblia é a autoridade final que atrai as pessoas a Cristo e as guia em todas as questões de fé cristã e dever moral. O indivíduo tem que aceitar a responsabilidade de estudar a Bíblia, com a mente aberta e com atitude reverente, procurando o significado de sua mensagem, através de pesquisa e oração, orientando a vida debaixo de sua disciplina e instrução. A Bíblia como revelação Inspirada da vontade divina, cumprida e completada na vida e nos ensinamentos de Jesus Cristo, é nossa regra autorizada de fé e prática.

 

I. A ORIGEM DA BÍBLIA

1. Definição do termo. As Escrituras Sagradas são uma confirmação de que Deus deseja ser conhecido pelos seres humanos, por isso a revelação de si mesmo foi preservada de forma escrita em um livro chamado Bíblia Sagrada. Qual o significado da palavra Bíblia? Como se deu o seu desenvolvimento dentro da história? O vocábulo Bíblia tem origem na expressão grega biblos (Mt 1.1), que significa “um livro”, ou ainda, da forma diminutiva “biblion” (Lc 4.17) que significa “pequeno livro”. O termo Bíblia relaciona-se com biblos, de onde vem o nome dado à parte interna do papiro, material usado na antiguidade para escrever os livros. A Bíblia é também chamada de: Escritura (Mc 12.10; 15.28); Santas Escrituras (Rm 1.2) e Sagradas Letras (2 Tm 3.15).

- Como explicado, o termo Bíblia é de origem grega significando “rolo pequeno de papiro”, diminutivo de Biblos, “folha de papiro preparada para a escrita”. O termo Bíblia foi usado pela primeira vez por João Crisóstomo, em Constantinopla, no ano de 398- 404 d.C. A Bíblia Sagrada não é um escrito qualquer, pois é o livro dos livros. É diferente porque só nele encontramos tudo o que Deus fez para dar a salvação e a vida eterna às pessoas. Através dele, sabemos qual é a vontade de Jesus para a nossa vida, nós que tomamos a decisão de não somente tê-lo como Salvador, mas também como o nosso Senhor. Por isso, a Bíblia é chamada de a Palavra de Deus.

Leia mais aqui.

2. A origem literária da Bíblia. A Bíblia é a Palavra de Deus aos homens e, como literatura, é um livro antigo. Seu formato original era a de um rolo (Jr 36.2) (2 Tm 4.13). Inicialmente, a Bíblia não foi formada de um livro só, mas cada livro compunha um rolo individual. A invenção do papel no século II pelos chineses e o desenvolvimento da imprensa, por Johannes Gutenberg, contribuíram com a junção de seus livros. A Bíblia tem 66 livros que foram escritos por 40 homens de lugares e culturas diferentes. Originalmente foi escrita em dois idiomas (hebraico e grego) e um dialeto (aramaico), dentro de mais de 1600 anos, com os mais variados temas, com uma unidade admirável e inigualável. O centro de sua mensagem não é o homem (antropológico), mas Deus (teocêntrico), abordando o criacionismo (Deus é o Criador de todas as coisas), a teologia (ênfase no conhecimento a respeito de Deus e a sua relação com o mundo), a antropologia (exposição sobre o lugar do homem no plano de Deus), culminando na soteriologia e na escatologia (a doutrina da salvação e das últimas coisas, respectivamente).

- A Bíblia é uma pequena biblioteca contendo 66 livros, distribuídos entre o Antigo Testamento (39 livros) e o Novo Testamento (27 livros). Esses livros foram escritos num período de 1600 anos aproximadamente, com 40 autores diferentes, dos mais distintos e remotos lugares, reis, profetas, vaqueiros, estadistas, pescadores, funcionários públicos, médicos... todos eles inspirados pelo Espírito Santo - “Toma o rolo, o livro, e escreve nele todas as palavras que te falei...” (Jr36.2); “Toda Escritura é inspirada por Deus... porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana, entretanto homens santos falaram da parte de Deus movidos pelo Espírito Santo” (2Tm 3.16)

Johannes Gutenberg criou uma revolução há quase 600 anos. Com a invenção da prensa de tipos metálicos móveis, na década de 1450, esse ferreiro e editor alemão tornou os textos na Europa mais acessíveis. [...] A escolha de Gutenberg de imprimir a Bíblia não foi uma decisão óbvia, porque o livro religioso não era central na vida cotidiana da Igreja no século XV. [...] Acredita-se que a Bíblia de Gutenberg foi concluída no ano de 1455 e se tornou o primeiro grande livro feito na Europa com uma prensa de tipos metálicos móveis”. https://www.bbc.com/portuguese/geral-50887912.

A produção da Bíblia deu início à impressão maciça de textos no Ocidente, marcando um ponto de virada na transição da Idade Média para o mundo moderno.

 

3. A origem da Bíblia Sagrada. A Bíblia é um livro sagrado e a expressão dada a isso é “cânon sagrado”. A palavra “cânon” é de origem cristã e vem do grego kanon e provavelmente do hebraico “kaneh”, que quer dizer “junco”, “cana” ou “vara de medir”, com referência a uma regra ou uma norma a seguir. O cânon bíblico é uma referência aos livros considerados como Palavra de Deus, servindo como regra de fé e prática (Gl 6.16). A canonização dos livros da Bíblia foi feita por concílios eclesiásticos nos quais os livros eram considerados úteis para a fé e a adoração cristã. O Antigo Testamento foi aceito como sagrado pelos judeus e, nos dias de Jesus, a sua composição já existia. Quanto ao Novo Testamento, a autoridade de seus livros se confirmou pelos seguintes critérios:

a) deveriam ter sido escritos por um dos apóstolos ou por alguém bem próximo a eles;

b) o conteúdo deveria ser coerente com os ensinos da igreja e os demais livros sagrados e

c) deveriam ser conhecidos e reconhecidos na igreja. Os concílios não concederam autoridade divina às Escrituras, apenas a reconheceu.

- A palavra cânon é mera transliteração do termo grego kanwvn, que significa vara reta, régua, regra. Aplicado às Escrituras, o termo designa os livros que se conformam à regra da inspiração e autoridade divinas. Atanásio (séc. IV) parece ter sido o primeiro a usar a palavra neste sentido. São chamados de canônicos, portanto, os livros que foram inspirados por Deus, os quais compõem as Escrituras Sagradas — o cânon bíblico.

O cânon protestante do Antigo Testamento (composto pelos trinta e nove livros) é exatamente igual ao cânon hebraico massorético. O cânon massorético é a Bíblia hebraica em sua forma definitiva, vocalizada e acentuada pelos massoretas. A ordem dos livros, entretanto, segue a da Vulgata e da Septuaginta.

O CÂNON DO NOVO TESTAMENTO

Por motivos óbvios, os judeus não aceitam os livros do Novo Testamento como canônicos. Se não reconheceram a Jesus como o Messias, não poderiam aceitar os livros do Novo Testamento como inspirados. Felizmente, entretanto, não precisamos falar de um cânon protestante e de um cânon católico do NT, visto que todos os ramos do cristianismo — incluindo a igreja oriental — aceitam exatamente os mesmos vinte e sete livros, como os temos em nossas Bíblias. Paulo Anglada. Leia mais aqui.

 

PENSE!

Qual a importância de se conhecer a origem da Bíblia?

 

PONTO IMPORTANTE!

O desenvolvimento histórico da Bíblia atesta ser ela a Palavra de Deus.

 

II. A INSPIRAÇÃO DAS ESCRITURAS

1. Uma breve definição. Termos como inspiração, iluminação, aplicação, convicção e testemunho compõem a discussão acerca da fonte das Escrituras. A expressão “inspiração” é a que coordena o funcionamento das demais, pois atesta a origem da Bíblia, reafirmando assim a sua autoridade final. Do latim inspiratio, que advém do verbo inspirare, inspiração quer dizer “soprar em”, ou ainda, “insuflar”. Ao afirmar que a Escritura é “divinamente inspirada”, o apóstolo Paulo está afirmando que ela foi idealizada e supervisionada pelo Espírito Santo (2 Tm 3.16), motivo pelo qual ela é “digna de toda aceitação” (1 Tm 1.15). Portanto, uma vez que o Espírito Santo é que inspirou a Bíblia, é Ele quem também ilumina o homem para que possa entendê-la, além de operar os seus resultados exclusivos, atestando ser ela a verdade eterna de Deus.

- A doutrina da inspiração não é invenção de teólogos. A própria Bíblia a expõe enfaticamente. Ela dá testemunho de si mesma (o que não é considerado válido pelos seus inimigos) e tem testemunho da história. Inspirada por Deus é literalmente "expirada por Deus" ou "soprada por Deus". As vezes, Deus dizia aos escritores da Bíblia as palavras exatas que deveriam ser ditas, por exemplo, Jeremias 1.9, mas, com maior frequência, ele usava a mente, o vocabulário e as experiências de cada um deles para produzir sua própria Palavra perfeita e infalível (1Ts 2.13; Hb 1.1; 2Pe 1.20-21). É importante observar que a inspiração aplica-se somente aos manuscritos bíblicos originais, e não aos escritores bíblicos; não existem escritores bíblicos inspirados, somente Escritura inspirada. Deus identifica-se tanto com sua Palavra que, quando as Escrituras falam, é Deus quem fala (Rm 9.17; Cl 3.8). A Escritura é chamada de "os oráculos (ou a palavra) de Deus" (Rm 3.2; 1P e 4.11) e não pode ser alterada (Jo 10.35; Mt 5.17-18; Lc 16.17; Ap 22.18-19). O propósito da inspiração é tornar as Escrituras “úteis”. Assim, a Bíblia veio de Deus para nos mostrar como viver e o que devemos fazer (2Tm 3.16).

 

2. A revelação especial da Bíblia. Inicialmente veremos duas questões a serem consideradas: “Por que Deus usou homens como autores de sua Palavra?” e “Como aceitar a Bíblia como Palavra de Deus se ela foi escrita por homens?” Deus, inicialmente, se revelou ao homem por meio de sua criação (Sl 19.1- 6; Rm 1.18-20). Ele também se revelou pela Bíblia, e por intermédio de Jesus Cristo, “a quem constituiu herdeiro de tudo” (Hb 1.1-3), o qual denominamos Revelação Especial. Portanto, a escolha de homens como autores da Bíblia é justificada pela estratégia divina em dar-se a conhecer à humanidade. Nota-se que, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, Deus se comunicou oralmente com o homem (Gn 1.28-30), e depois incumbiu pessoas a fazer o registro, em sua Palavra (Êx 17.14). Os homens que escreveram a Bíblia foram chamados por Deus para tal tarefa, servindo-lhes como instrumento divino (2 Pe 1.21). O “canal” usado foi o humano, mas a autoridade é divina, o que faz da Bíblia a Palavra de Deus para os homens de todos os tempos.

- Deus se revela ao homem de duas formas: pela natureza (Revelação Geral), e pelas Escrituras (Revelação Especial). A revelação geral é, como o próprio nome sugere, geral, enquanto que a revelação especial é muito mais específica, detalhada e extensa. Hoje, a revelação geral nos cerca na natureza, enquanto possuímos revelação especial na Bíblia. A revelação especial fala ao povo de Deus tudo que é revelado a respeito do caráter dele na revelação geral e muito mais. Em relação à revelação geral, Salmos 19:1-4 declara: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite. Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som; no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins do mundo.” De acordo com essa passagem, a existência e o poder de Deus podem ser vistos claramente através da observação do universo. A ordem, detalhes e maravilha da criação falam da existência de um Criador poderoso e glorioso.

A revelação geral também é ensinada em Romanos 1:20: “Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis”. Semelhante ao Salmo 19, Romanos 1:20 ensina que o poder eterno e a natureza divina de Deus “claramente se conhecem” e são “percebidos” pelo que foi criado, e não há nenhuma desculpa para negar esses fatos. Com essas Escrituras em mente, talvez uma definição de revelação geral seria: “A revelação de Deus a todas as pessoas, em todos os momentos e em todos os lugares que prova que Deus existe e que Ele é inteligente, poderoso e transcendente.”

A revelação especial é como Deus escolheu Se revelar através de meios milagrosos. Ela inclui aparições físicas de Deus, sonhos, visões, a Palavra escrita de Deus e mais importante – Jesus Cristo. A Bíblia registra Deus aparecendo de forma física várias vezes (alguns exemplos: Gênesis 3:8; 18:1; Êxodo 3:1-4; 34:5-7). A Bíblia registra Deus falando a pessoas através de sonhos (Gênesis 28:12; 37:5; 1 Reis 3:5; Daniel capítulo 2) e visões (Gênesis 15:1; Ezequiel 8:3-4; Daniel capítulo 7; 2 Coríntios 12:1-7).

Uma parte importante da revelação de Deus é a Sua Palavra, a Bíblia, a qual também é uma forma de revelação especial. Deus de forma milagrosa guiou os autores das Escrituras a registrarem corretamente a Sua mensagem à humanidade, ao mesmo tempo usando os seus estilos e personalidades. A palavra de Deus é viva e ativa (Hebreus 4:12). A Palavra de Deus é inspirada, útil e suficiente (2 Timóteo 3:16-17). Deus determinou que a verdade sobre Si mesmo seria registrada na forma escrita porque sabia da imperfeição e falta de confiabilidade da tradição oral. Ele também sabia que os sonhos e visões dos homens poderiam ser mal interpretados e as lembranças desses sonhos distorcidas. Deus decidiu revelar através da Bíblia tudo que a humanidade precisava saber sobre Ele, o que Ele quer e o que tem feito por nós. Ele também tem prometido sustentá-la e preservá-la por todos os tempos. A forma suprema da revelação especial é a pessoa de Jesus Cristo. Deus se tornou um ser humano (João 1:1,14). Hebreus 1:1-3 resume muito bem: “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo. Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser.” Deus se tornou um ser humano na pessoa de Jesus Cristo para se identificar conosco, para ser um exemplo para nós, para nos ensinar, para Se revelar a nós e, mais importante, para nos providenciar salvação ao Se humilhar com morte na cruz (Filipenses 2:6-8). Jesus Cristo é a “revelação especial” mais suprema de Deus.

- A Bíblia não tem a intenção de provar ao homem que ela é a inerrante Palavra de Deus, pois ela é. Muitos acreditam que as Escrituras não têm explicação para muitas questões da atualidade, mas isso é um equívoco. No Livro de Deus, encontramos, sim, respostas fundamentais a respeito do homem de todos os tempos, como por exemplo, a questão do pecado, do mal e da salvação. Paulo disse a Timóteo que desde criança, ele conhecia as Escrituras Sagradas, e que as Sagradas Letras o tornariam sábio para compreender e receber a salvação, pela fé em Jesus (2Tm 3.14).

 

3. A natureza divina da Bíblia. Como confirmar a natureza divina da Bíblia? Há meios pelos quais a fonte divina da Bíblia pode ser constatada e aceita, tais como:

a) sua unidade;

b) sua mensagem sem igual;

c) o cumprimento de suas profecias e

d) o seu testemunho próprio.

Mesmo tendo sido escrita por diferentes pessoas, nas mais variadas condições e em diferentes épocas, a unidade doutrinária e estrutural da Bíblia indica a inquestionável e necessária presença de um idealizador soberano, que conduziu a sua composição e estruturação. A mensagem das Escrituras também faz dela um livro divino, pois reafirma a perfeição de Deus, o estado de Queda do homem e os seus efeitos, o amor de Deus revelado em Cristo, bem como o chamado ao homem para a redenção e para a esperança de vida eterna. A Bíblia contém profecias, das quais muitas já se cumpriram, outras estão em franco cumprimento e outras que ainda se cumprirão, e somente Deus é capaz de anunciar antecipadamente e, com precisão, a sua vontade. A própria Bíblia dá testemunho de sua natureza divina (2 Sm 23.1,2; 2 Tm 3.16; 2 Pe 1.20,21). Os testemunhos da arqueologia, da própria Bíblia e das muitas vidas transformadas pela Palavra de Deus, de forma conjunta, também confirmam a natureza divina da Bíblia.

- A doutrina da inspiração não é invenção de teólogos. A própria Bíblia a expõe enfaticamente. Ela dá testemunho de si mesma (o que não é considerado válido pelos seus inimigos) e tem testemunho da história. Esse texto mostra a extensão da inspiração (toda a Escritura). Deus supervisionou os autores humanos da Bíblia para que compusessem e registrassem, sem erros, sua mensagem à humanidade utilizando as palavras de seus escritos originais. Isso significa que Deus não ditou as palavras da Bíblia (algumas vezes até o fez) para os escritores, mas os supervisionou soberanamente para que, no uso de suas capacidades mentais e habilidades, compusessem um material que fosse verdadeiro (Jo 17.17) e que fosse o que Deus desejava nos revelar.

- Quando se questiona a autenticidade e utilidade da Bíblia, a defesa mais contundente está nela mesma, expressa em muitos versículos sendo os mais utilizados os de 2Timóteo 3:16 e 2Pedro 1:21. Citar os versículos não configura um erro, até porque eles expressam toda a verdade a respeito da origem e utilidade da Escritura. “Mas essa citação dá margem à acusação de ‘raciocínio circular’2: Prova-se a Bíblia citando a Bíblia” (HARRIS, 2004, p. 39). Essa acusação feita pelos críticos pode não ser tão relevante quando se analisa o patamar em que a Igreja primitiva colocava as Escrituras, pois tanto o Antigo Testamento quanto o Novo Testamento eram tidos como Palavra de Deus infalível. A Palavra testemunhando da própria Palavra e a única capaz disso, validando-a e autenticando-a dando a si própria autoridade.

 

A Bíblia está repleta de afirmações do tipo “assim diz o Senhor” ou “está escrito”. Trata-se de uma evidência interna conhecida como “autoridade [bíblica] que se autoconfirma” (GEISLER; NIX, 2006, p. 64). Isso só pode ocorrer quando existem ouvintes para essas palavras. Um exemplo disso foi quando Deus veio ao profeta Ageu dizendo: “assim diz o Senhor dos Exércitos: ‘Ainda não chegou o tempo de reconstruir a casa do Senhor…’” (Ag 1:2). Na época os ouvintes eram o governador de Judá, Zorobabel, filho de Sealtiel, e o sumo sacerdote Josué, filho de Joazadaque, essas palavras vinham cheias de autoridade, pois, a expressão “assim diz o Senhor” qualifica a afirmação como autoridade máxima. Para o ouvinte hoje em dia, essas afirmações, antes desconhecidas, depois de captadas passam para o status de autoridade suprema e guia, palavras que se resumiam em tinta no papel ganham vida em seu coração com apenas uma atitude, a de ouvir, ouvir palavras que soam “semelhantes ao rugido de um leão […]. [E] o modo mais convincente de demonstrar a autoridade de um leão é soltá-lo” (GEISLER; NIX, 2006, p. 64), assim será visto do que ele é capaz. A Escritura não pode ser domesticada, semelhante ao leão não pode ser domada ou controlada, ela exerce a autoridade que lhe foi atribuída por natureza. Sendo assim, a Escritura toma o único posto que lhe é devido, que é sujeitar o ouvinte por inteiro a ela. Leia mais em: https://teologiabrasileira.com.br/a-inspiracao-e-suficiencia-da-escritura/.

 

 

PENSE!

Por que a Bíblia é um livro divino?

 

PONTO IMPORTANTE!

A Bíblia é um livro divino, pois o Espírito Santo é a sua fonte.

 

III. A BÍBLIA COMO FONTE DA DOUTRINA

1. Definição do termo. O significado do termo “doutrina” é amplo. A este respeito, o Dicionário Teológico editado pela CPAD afirma: “[Do lat. Doctrina, do verbo docio, ensinar, instruir, educar.] Conjunto de princípios que formam a base de um sistema religioso”. Já em uma análise mais específica, a referida obra dá a seguinte explicação: “A doutrina cristã acha-se baseada na Bíblia Sagrada – nossa única regra de fé e prática. Ela pode vir expressa em forma de credos, declarações de fé ou dogmáticas”. A doutrina também pode ser entendida como ensinamento. Portanto, doutrinar é ensinar com base em um conjunto de crenças pertencente a uma pessoa, individualmente, mas principalmente a um determinado grupo religioso, coletivamente. Quanto ao uso do termo “doutrina” nesta lição, e em todas as demais deste trimestre, relaciona-se com as bases da fé cristã, conforme expostas e ensinadas nas Escrituras Sagradas.

- À luz da Bíblia, doutrina é o ensino bíblico normativo, terminante, final, derivado das Sagradas Escrituras, como regra de fé e prática de vida, para a igreja, para seus membros. Ela é vista na Bíblia como expressão prática na vida do crente. Paulo mostra as consequências da falta do conhecimento de Deus: “Voltai à sobriedade, como convém, e não pequeis mais; porque alguns ainda não têm conhecimento de Deus. Digo isso para vossa vergonha” (1Co 15.34). Vida íntegra, fé verdadeira, só com o conhecimento bíblico. Vivendo num mundo em que as falsas religiões e as filosofias ideológicas e políticas se multiplicam, a relevância da doutrina bíblica se faz imperativa. Paulo declara que a falta do conhecimento bíblico é a causa da inconstância dos crentes imaturos, que se deixam levar ao redor por todo o vento de doutrina, pela mentira dos homens, pela sua astúcia na invenção do erro (Ef 4.14). Se não tivermos um conhecimento bíblico profundo, corremos o risco de sermos levados pelos ventos de falsos profetas e falsos apóstolos.

 

2. A importância da doutrina bíblica. A sua estima se confirma de muitas formas, principalmente se considerada a sua missão de apontar o caminho a ser seguido pela Igreja, isto é, para onde ela deve ir, mas também de protegê-la dos ataques externos, e, nesse caso, advertindo-a sobre o que não fazer como método de manutenção de sua saúde espiritual. Historicamente, as doutrinas bíblicas surgiram e se consolidaram como respostas às ameaças e defesa aos ataques à unidade da fé da Igreja. Nesse ponto, a doutrina se reafirma como indispensável à vida da igreja, pois ela cumpre uma função delimitadora, mantendo assim a sua integridade. Uma igreja sem as doutrinas bíblicas pode ser comparada a uma casa sem portas, cuja característica é a ausência de limites e a presença marcante e desastrosa da desordem. A doutrina bíblica lança luz na trajetória da igreja e fecha as portas para as ameaças externas.

- A doutrina que norteia a nossa fé é importante porque vai determinar como devemos nortear a nossa vida de acordo com a vontade de Deus.

- A doutrina bíblica é importante para que atinjamos a maturidade cristã. Para deixarmos de ser “crianças em Cristo”, precisamos nos alimentar diariamente com a Palavra de Deus. O conhecimento vem pela assimilação dos ensinos bíblicos. Para alcançar isso, precisamos ler a Bíblia. Meditar nos seus ensinos e nos aprofundar em todas as doutrinas. Sem conhecimento sólido da Bíblia, corremos o risco de sermos induzidos a falsas interpretações. Precisamos assumir a postura dos irmãos de Beréia, que após ouvirem cada pregação de Paulo, examinavam as Escrituras para ver se as coisas eram de fato assim (Atos 17.11).  Ao ouvirmos a pregação da Palavra, devemos estar atentos ao que o mensageiro diz. Se já conhecemos bem a Bíblia, podemos aceitar como verdade ou não o que está sendo dito. Se surgir qualquer dúvida, ao chegar em casa, devemos abrir a nossa Bíblia e conferir a veracidade ou não daquilo que ouvimos. Se a dúvida permanecer, podemos consultar livros teológicos confiáveis ou, ainda, buscar a orientação correta do pastor, desde que comprovadamente aprovado na sua fidelidade doutrinária.

 

A doutrina cristã é relevante para que tenhamos uma vida correta diante do Senhor. É por meio do ensino bíblico que sabemos o que é certo e errado. O que devemos fazer ou deixar de fazer. Só podemos cumprir a vontade de Deus se conhecermos a Deus como Ele realmente é e o que deseja de cada um de nós. A doutrina bíblica é importante também para capacitar o crente a responder a qualquer pessoa que desejar saber a razão da nossa fé. Devemos ter a convicção do que cremos e em quem cremos. Como responder a perguntas como: Porque observamos o 1º dia da semana como dia de descanso e não o 7º?; Porque o crente não deve tomar bebidas alcoólicas?; Por que o sexo só é lícito após o casamento e só com o seu cônjuge?; Por que o crente não deve ler e crer em horóscopo?; Por que o crente deve respeitar e orar pelos governantes, ainda que não tenham as mesmas convicções?; Por que o crente tem obrigação de perdoar todos e tudo?;  A Bíblia condena o homossexualismo?.  E inúmeras outras perguntas que são frequentes em nossos dias. Há resposta para tudo na Bíblia. Daí a necessidade premente do conhecimento de suas doutrinas. Pr. Miguel Horvath em: A IMPORTÂNCIA DA DOUTRINA BÍBLICA – II TIMÓTEO 3.14 – 17; EFÉSIOS 4.14. Disponível em: https://ibvm.org.br/a-importancia-da-doutrina-biblica-ii-timoteo-3-14-17-efesios-4-14/. Acesso em: 26 DEZ 23.

 

3. Bíblia, verdadeira fonte doutrinária. A esta altura deve estar claro que a Bíblia é o instrumento de comunicação de Deus com o homem, que se dá em duas dimensões: com o homem, em geral, e com a Igreja, em particular. Note que a ordem de Jesus é para que o Evangelho seja pregado a todo o mundo (Mc 16.15), assim como Paulo afirmou que compartilharia o mesmo Evangelho com os irmãos que estavam em Roma (Rm 1.15). Obedecendo os respectivos propósitos, o Evangelho a ser pregado ao pecador é o mesmo a ser ensinado à Igreja, cuja fonte é uma só, a Palavra de Deus, isto é, a Bíblia.

Considerando que, conforme já visto, doutrina é ensinamento, as palavras de Paulo confirmam que a Bíblia é a fonte de toda doutrina cristã: “Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça” (2 Tm 3.16).

- Crer na suficiência bíblica significa crer em sua inspiração. Para Paul Washer essa ideia pode não ser tão óbvia assim, pois quando a Igreja tem a Bíblia como inspirada ganha “somente metade da batalha […]. A maior questão que acompanha isso […] é: a Bíblia é suficiente?” (WASHER, 2011, p. 16). Na definição de Grudem:

As Escrituras são suficientes [que] significa dizer que [ela] contém todas as palavras divinas que Deus quis dar ao seu povo em cada estágio da história da redenção e que hoje contém todas as palavras de Deus que precisamos para salvação, para que, de maneira perfeita, nele possamos confiar e a ele obedecer” (1999, p. 86).

É impossível definir a suficiência da Bíblia sem incluir o fator inspiração, pois dizer que a Bíblia não é inspirada e afirmar sua suficiência não passa de um conceito de opinião. Da mesma forma crer na sua inspiração sem obedecer suas palavras não quer dizer nada, nenhuma mudança ocorre, pois a suficiência da Escritura é comprovada quando ocorrem mudanças invisíveis que refletem visivelmente, operadas pela Palavra de Deus.

Um grande apoio bíblico para o conceito de suficiência está em 2Timóteo 3:15 em que Paulo confirma o grande apreço de Timóteo pela Escritura desde sua infância,3 mostrando o poder de seus escritos que poderia “torná-lo sábio para a salvação mediante a fé em Cristo Jesus” e no verso seguinte Paulo descreve porque a Escritura tem esse poder. Um detalhe importante é, para que ela seja proveitosa ou suficiente, é necessário usá-la corretamente. Pois que proveito a Escritura teria quando o leitor “se interessa apenas por especulações curiosas? […], [ou] se porventura ele perverte o significado natural com as interpretações estranhas à fé” (CALVINO, 2009, p. 262), descaracterizando seu ponto central que é Cristo?

A suficiência bíblica é compreendida no sentido de que tudo o que é relacionado com a vida do cristão, seu chamado e vocação está presente nas Escrituras. O Apóstolo Paulo afirma a utilidade dos escritos no sentido de tornar o homem “apto e plenamente preparado para toda boa obra” (2Tm 3:17). Temas como casamento, divórcio, criação de filhos, relacionamento entre cristãos e governo, bem como questões doutrinárias relacionadas a “expiação, ou a pessoa de Cristo, ou a obra do Espirito Santo na vida do crente hoje” (GRUDEM, 1999, p. 87) fazem parte da gama de assuntos que a Escritura aborda, não somente na busca de respostas a cerca de um determinado assunto, mas na preparação do cristão para servir a Deus dentro do seu próprio contexto. No entanto, Deus não cobra do crente aquilo que ele não registrou, ou seja, ele não pode acrescentar mais palavras àquelas que já falou ao seu povo. De igual modo “o homem não pode, por conta própria, acrescentar nenhuma palavra àquelas que Deus já falou” (GRUDEM, 1999, p. 88).

A Bíblia é extremamente adequada para governar a Igreja, pois “tudo o que aprouve a Deus revelar […] em matéria de fé e prática” (GEISLER; NIX, 2006, p. 64) foi registrado nela, sem faltar ou passar qualquer tipo de informação e, como um leme preciso direciona um barco, a Escritura direciona a Igreja e até mesmo a sociedade. Um exemplo disso foi quando João Calvino, teólogo francês, retornou a Genebra depois de dois anos por ter sido expulso da cidade em função de discussões sobre “disciplina cristã, adesão à confissão de fé e práticas litúrgicas” (FERREIRA, 2006, p. 162). Esse retorno, tão aclamado pelos genebrinos, foi para que Calvino pudesse tirar da Bíblia princípios norteadores que regessem suas vidas.

Leia mais no artigo “A Importância da doutrina Bíblica”, do Pr José Martins de Calais Junior: https://www.adfabricianoipatinga.com.br/downloads/A_Importancia_da_doutrina_Biblica_PrJuniorCalais.pdf.

 

 

PENSE!

Qual a relação entre a Bíblia e a doutrina?

 

PONTO IMPORTANTE!

A Bíblia é a fonte de toda a doutrina cristã.

 

CONCLUSÃO

Nesta lição reafirmamos o lugar da Bíblia como fonte genuína da doutrina cristã. Vimos que ela é a inspirada Palavra de Deus, cujo desenvolvimento histórico e estrutural comprova que, não obstante tenha sido escrita por homens falíveis, Deus é a sua fonte; o que faz dela o Livro dos livros, pois é o instrumento infalível e inerrante de comunicação da mensagem de Deus aos seres humanos.

- A Bíblia é a inerrante Palavra de Deus para o ser humano em todos os tempos. Tudo o que precisamos saber para obtermos a salvação já nos foi transmitido pelas Escrituras Sagradas. Nada pode ser retirado ou acrescentado da Palavra de Deus (Ap 22.18,19). Que venhamos ler. meditar nas Escrituras e principalmente viver seus ensinamentos, pois Jesus afirmou que aqueles que ouvem as suas palavras e as praticam são semelhantes ao homem que construiu a sua casa sobre a rocha (Mt 7.24-27). Como filhos de Deus, não podemos nos afastar jamais das Sagradas Escrituras. Em seguida pergunte: “Por que?”. Porque, das Sagradas Escrituras, todos dependemos vitalmente. Diga que quanto mais as lermos, mais íntimos seremos de seu Autor.

 


HORA DA REVISÃO

1. Qual o significado do vocábulo Bíblia?

O vocábulo Bíblia tem origem na expressão grega biblos (Mt 1.1), que significa “um livro”, ou ainda, de forma diminutiva “biblion” (Lc 4.17) que significa “pequeno livro”.

2. Qual o significado da expressão “Cânon Sagrado”?

A palavra “cânon” é de origem cristã e vem do grego kanon e provavelmente do hebraico “kaneh”, que quer dizer “junco”, “cana” ou “vara de medir”, com referência a uma regra ou uma norma a seguir.

3. Qual era o formato original da Bíblia?

Seu formato original era a de um rolo (Jr 36.2), feito de papiro e pergaminho (2 Tm 4.13).

4. Segundo a lição, como confirmar a natureza divina da Bíblia?

Há meios pelos quais a fonte divina da Bíblia pode ser constatada e aceita, tais como: a) sua unidade; b) sua mensagem sem igual; c) o cumprimento de suas profecias e d) o seu testemunho próprio.

5.Defina o termo “doutrina”.

“Conjunto de princípios que formam a base de um sistema religioso.”