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11 de dezembro de 2023

Lição 12: O Modelo de Missões da Igreja de Antioquia

 

TEXTO ÁUREO

E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado.” (At 13.2)

Esmiuçando o Texto Áureo:

- servindo provém de um termo grego que na Escritura descreve serviço sacerdotal. Servir na liderança da igreja é um ato de culto a Deus e consiste no oferecimento de sacrifícios espirituais a Deus, incluindo oração, supervisão do rebanho, pregação e ensino da Palavra. O texto ainda informa que esses crentes estavam jejuando. O jejum muitas vezes está ligado com oração fervorosa e vigilante, como em Ne 1.4, SI 35.13, Dn 9.3, Ml 17.21, e em Lc 2.37, e inclui a perda de desejo por alimento ou abstenção voluntária de alimento para concentrar-se em questões espirituais. O ato de jejuar é considerado uma parte normal da vida espiritual de uma pessoa (1Co 7.5). O jejum está associado à tristeza (Mt 9.14-15), oração (Mt 17.21), caridade (Is 58.3-6) e busca da vontade de Deus (At 13.2-3; 14.23).

 

VERDADE PRÁTICA

A ação do Espírito Santo é a garantia do sucesso de toda a obra missionária.

Esmiuçando a Verdade Prática:

- Paulo afirma que o homem irregenerado está morto em seus delitos e pecados (Ef 2.1). Um morto não pode decidir nada no âmbito de sua morte. A verdade é que não fomos nós quem buscamos ao Senhor Jesus, foi ele quem nos buscou primeiro (Jo 15.16). Ele nos amou primeiro e também começou a boa obra em nós pelo seu Santo Espírito (Jo 16.8). Essa é a obra do Espírito Santo, e sem Ele, qualquer empreitada não prosperará.

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Atos 11.19-26; 13.1-5

Esmiuçando a Leitura Bíblica em Classe:

- Localizada a cerca de 320 km ao norte de Sidom, Antioquia era uma importante metrópole pagã, a terceira maior cidade do Império Romano, depois de Roma e Alexandria.

11.20 Alguns... de Chipre e de Cirene... gregos. Judeus de fala grega.

11.21 mão do Senhor. Isso se refere ao poder de Deus expresso cm juízo (Êx 9.33; Dt 2.1 5: Js 4.24; 1Sm 5.6; 7.13) e bênção (Ed 7.9; 8.18; Me 2.8,18). Aqui se refere à bênção.

11.22 Barnabé. Pelo fato de ele ser um judeu de Chipre, provinha de uma origem semelhante a dos fundadores da igreja de Antioquia.

11.25 à procura de Saulo. Essa não era tarefa fácil. Vários anos haviam se passado desde que Saulo fugira de Jerusalém (At 9.30). Aparentemente ele linha sido deserdado e viu-se obrigado a deixar sua casa por causa de sua recente adesão ao Cristianismo (Fp 3.8).

11.26 cristãos. Termo escarnecedor que significa "do partido de Cristo" (At 26.28; 1Pe4.16).

13.1 O capítulo 1.3 assinala uma mudança importante em Atos. Os primeiros 12 capítulos centram-se em Pedro; os demais capítulos giram em torno de Paulo. Com Pedro, a ênfase está na igreja judaica em Jerusalém e na Judeia; com Paulo, o foco é a igreja gentílica dispersa pelo mundo romano, que começou na igreja de Antioquia. profetas. Eles desempenhavam papel importante na igreja apostólica (1Co 12.28; Ef 2.20). Eram pregadores da Palavra de Deus e eram os responsáveis, nos primeiros anos, pela igreja na função de instruir congregações locais. Em algumas ocasiões, receberam nova revelação de natureza prática (Cl 11.28; 21.10). Simeão, por sobrenome Niger. "Niger" significa "preto". Deve ter sido um homem de pele escura, um africano, ou ambos. Não há evidência direta que permita identificá-lo com Simão de Cirene (Mc 15.21). Lúcio de Cirene. Não o Lúcio de Rm 16.21, ou Lucas, o médico e autor de Atos. colaço. Pode ser traduzido por "meio-irmão". Manaém havia sido criado na extensa família de Herodes, O Grande. Herodes, o tetrarca. Herodes Antipas, o Herodes dos Evangelhos (Mt 14.1);

13.3 impondo sobre eles as mãos. Essa frase foi usada a respeito de Jesus quando curava (Mc 6.5; Lc 4.40; 13.13; 28.8) e às vezes era indicativa de ser levado preso (At 5.18; Mc 14.46). No Antigo Testamento, ofertantes de sacrifícios colocavam suas mãos sobre o animal como expressão de identificação (Lv 8.14,18,22; I !b 6.2). Mas o sentido simbólico, significava a afirmação, o apoio e a identificação com uma pessoa o seu ministério (1Tm 4.14). Selêucia. Essa cidade servia de porto para Antioquia, a 25 km de distância da desembocadura do rio Orontes. Saulo e Barnabé decidiram começar sua ação missionária ali porque esse era o lugar de residência de Barnabé, que ficava apertas a dois dias de viagem de Antioquia e contava com grande população de judeus.

13.5 Chegados a Salamina. Principal porto e centro comercial de Chipre; sinagogas. As sinagogas eram lugares de reunião, que começaram a existir no período intertestamentário onde os judeus dispersos (geralmente helenistas), que não tinham acesso ao templo, podiam reunir-se na sua comunidade para culto e leitura do Antigo Testamento. Paulo tinha o costume de pregar primeiramente aos judeus toda vez que entrava numa nova cidade (At 14,42; 14.1; 17.1,10,17; 18.4.19.26; 19.8) porque dispunha de uma porta aberta, como judeu que era, para falar e apresentar o evangelho. E também, se ele pregasse primeiramente aos gentios, os judeus nunca o escutariam,

13.6 Pafos. Capital de Chipre e, portanto, sede do governo romano.

 

INTRODUÇÃO

Nesta lição, estudaremos a respeito da primeira igreja cristã formada por gentios: a igreja de Antioquia. Veremos a sua fundação e formação, sua vida ministerial e de comunhão, como foram os resultados produzidos da prática missionária da igreja. Teremos, portanto, uma amostra clara de que nessa igreja havia uma dinâmica simples, porém profunda: jejum e oração para pedir orientação ao Espírito Santo; jejum e oração para executar a orientação do Espírito Santo (fazer missões); uma prática missionária na dependência do Espírito Santo.

- A maneira que Deus trabalha para o cumprimento dos seus propósitos é maravilhosa. Vemos isso no desenrolar do livro de Atos, uma narrativa histórica do surgimento da Igreja Cristã. Naqueles dias, foi necessário que se levantasse grande perseguição aos crentes em Jerusalém, para que estes saíssem de sua zona de conforto e se espalhassem levando a mensagem do Evangelho. Assim, a igreja de Antioquia foi fundada num momento histórico de grande crescimento da Palavra de Deus. O livro de Atos dos Apóstolos registra como o Evangelho de Cristo começou a ser anunciado em Jerusalém e logo alcançou toda a Judéia e Samaria. Na verdade, foi o próprio Deus que iniciou esse espalhamento do Evangelho quando no Dia de Pentecostes (At 2), judeus de todas as partes. Pelo dom do Espírito, pessoas de diversos lugares puderam ouvir as grandezas de Deus em sua própria língua nativa. A perseguição deflagrada após a morte de Estêvão fez com que os cristãos se espalhassem por várias regiões. Alguns dos cristãos dispersos pela perseguição foram até a Fenícia, Chipre e Antioquia anunciando o Evangelho. Inicialmente a mensagem era pregada somente aos judeus. Mas entre os dispersos havia alguns crentes anônimos de Chipre e Cirene que entraram em Antioquia e anunciaram o Senhor Jesus aos gregos. Nós não sabemos seus nomes, porém Deus era com eles e muitas pessoas foram convertidas ao Senhor. Ali teve início a igreja de Antioquia (At 11.19-21).

 

I. A IGREJA DE ANTIOQUIA: NATUREZA E CARACTERÍSTICAS

1. Antioquia da Síria. Antioquia da Síria era conhecida como “A rainha do Oriente”. A cidade tinha uma população estimada de 500 mil habitantes. Antioquia era constituída de diversas nacionalidades e, por isso, dizia-se ser possível conhecer os costumes do mundo inteiro pela mistura de povos que frequentavam suas praças. Não por acaso, essa cidade tornou-se “a segunda capital do Cristianismo”, depois de Jerusalém, e a sede de Missões da Igreja Cristã. Por isso, o evangelista Lucas altera o foco de sua narrativa, outrora centralizada em Jerusalém, para o ministério aos gentios, a partir de Antioquia da Síria, e a subsequente disseminação da igreja pelo mundo (At 11.19). Outrossim, não se deve confundir essa cidade com Antioquia da Pisídia, mencionada em Atos 13.14.

- Conhecida também por Antioquia-nos-Orontes, foi uma cidade erguida na margem esquerda do rio Orontes. Atualmente é a moderna Antáquia na Turquia. A igreja de Antioquia foi uma potência missionária no primeiro século. Ela foi uma importante base para a evangelização do mundo greco-romano. A liderança da igreja de Antioquia refletia a diversidade étnica e cultural que havia em seu corpo de membros. A população de Antioquia era cosmopolita e essa característica obviamente se estendia à membresia da igreja. Portanto, seguramente é possível dizer que a igreja de Antioquia era formada tanto por judeus helenistas quanto por gentios, especialmente os gregos. Outra cidade com o mesmo nome citada nos evangelhos e que não deve ser confundida a sede da primeira Igreja cristã fora de Jesalém, é Antioquia da Psídia. Foi uma das diversas cidades que receberam o nome de Antioquia, fundadas por Seleuco I Nicátor (312–280 a.C.), em honra a seu pai, Antíoco.

2. A igreja em Antioquia. Após a perseguição que sucedeu por causa da morte de Estevão, que fez os membros da igreja de Jerusalém se dispersarem para a Judéia e Samaria (At 8.1), o Espírito Santo dirigiu os passos dos primeiros cristãos dispersos para os confins da Terra, chegando, portanto, à Antioquia da Síria (At 11.22,23). Nessa cidade, após uma série de conversões, ocorreu a fundação da primeira igreja gentílica (At 11.26). Essa igreja tornou-se o centro da obra missionária de Paulo, o apóstolo dos gentios. É importante ressaltar que havia apenas duas cidades mais importantes do que Antioquia da Síria: Roma e Alexandria. Portanto, o Evangelho pregado a partir de Antioquia para outras regiões do mundo era espiritualmente estratégico.

- A ira assassina de Saulo contra os crentes foi manifestada em sua atitude em relação ao martírio de Estêvão (1Tm 1.13-15). Exceto os apóstolos, os quais permaneceram em Jerusalém por causa de sua devoção a Cristo para cuidar dos crentes de Jerusalém e para continuarem a evangelizar a região (At 9.2Ò-27), todos os demais crentes foram dispersos, em virtude da perseguição levantada, liderada por Saulo de Tarso. A perseguição espalhou a comunidade de Jerusalém e gerou a primeira ação missionária da igreja (forçada pela perseguição). Nem todos os membros da igreja de Jerusalém foram forçados a fugir; os helenistas, pelo fato de Estêvão ser provavelmente um deles, suportaram o impacto da perseguição (At 11.19-20).

Antioquia da Síria era a mais famosa entre as demais (em número de 16) Antioquias fundadas por Seleuco Nicátor em memória de seu pai Antíoco. Capital da província da Síria, era a terceira cidade em importância no império romano, e conhecida pela sua riqueza, cultura e imoralidade.

 

3. Uma obra de leigos. Não foram os apóstolos ou obreiros, mas os leigos, os discípulos e os crentes em geral, outrora dispersos por causa da perseguição em Jerusalém, que anunciaram o Evangelho aos gentios e, consequentemente, fundaram a igreja em Antioquia (At 11.19). Por causa do anúncio do Evangelho, a mão do Senhor estava sobre os crentes dispersos em Antioquia, o que fez com que muita gente se convertesse a Cristo. Essa notícia chegou a Jerusalém, a ponto de os apóstolos enviarem Barnabé para verificar de perto o que estava acontecendo. Barnabé viajou mais de 400 quilômetros, de Jerusalém até Antioquia. Ao chegar à cidade, ele se alegrou ao constatar que a graça de Deus havia alcançado muita gente e exortou a todos que permanecessem firmes no Senhor. Nessa oportunidade, pela primeira vez, os discípulos da igreja em Antioquia foram chamados de cristãos (At 11.26).

- Certamente, depois de Jerusalém, Antioquia da Síria foi a cidade mais ligada aos primórdios do cristianismo. Em Atos 6.5 é narrado que certo Nicolau abandonara o paganismo grego e se tornara membro de uma sinagoga judaica em Antioquia. Foi para esse importante centro que alguns cristãos fugiram após o martírio de Estêvão (At 11.19), e ali pregaram aos judeus. Logo chegaram outros que levaram o evangelho aos gregos também (At 11.20), e com o crescimento dessa Igreja, a cúpula da Igreja de Jerusalém envia Barnabé, que testifica a graça de Deus naquela cidade. O desenrolar dessa história nos conta que Barnabé saiu a procura de Saulo em Tarso e o trouxe consigo para o auxiliar (At 11.25,26), e durante um ano eles permaneceram em Antioquia ensinando muita gente. Desde o início de sua formação a igreja de Antioquia evangelizava igualmente a judeus e gentios, e notadamente, uma Igreja formada a partir da investida de crentes leigos, foi justamente a que se levantou contraria ao ensino de alguns judeus cristãos vindos da Judéia proclamando que os gentios deveriam ser circuncidados como pré-requisito para se tornarem cristãos. Foi essa Igreja que enviou a Jerusalém uma comitiva encabeçada por Paulo e Barnabé para resolver este impasse.

 

 

II. UMA IGREJA MISSIONÁRIA EM AÇÃO

1. “Havia alguns profetas e doutores” (At 13.1). A igreja em Antioquia tinha uma boa liderança exercendo a vocação. Nessa igreja, Deus estabeleceu profetas e doutores (1 Co 12.28; Ef 4.11). Os profetas eram pessoas que exerciam o dom de transmitir a mensagem a Deus sob inspiração do Espírito Santo e de maneira espontânea. Os doutores, ou mestres, eram cheios do Espírito Santo e ensinavam a Palavra de Deus com autoridade e sabedoria do alto; não eram, portanto, homens orgulhosos e cheios de sabedoria meramente humana.

- Nesse tópico aproveito para indagar por qual motivo, hoje, um pastor, antes de se apresentar como tal, ou mesmo depois, faz questão de elencar também outras credencias? Graduado nisso, Mestre naquilo, e tal, e tal, e tal... Que necessidade é essa de apresentarmos tantas credenciais? Nesse quesito, é interessante notarmos o que Lucas relata em seguida, no versículo 2: “E, servindo eles ao Senhor e jejuando,” servindo provém de um termo grego que na Escritura descreve serviço sacerdotal. Servir na liderança da igreja é um ato de culto a Deus e consiste no oferecimento de sacrifícios espirituais a Deus, incluindo oração, supervisão rio rebanho, pregação e ensino da Palavra. Não que possuí-las seja um erro, pelo contrário, é útil; talvez estejamos equivocados em fazer questão de apresenta-las, quando nossas credenciais deveriam ser o nosso exemplo de vida.

- Uma Igreja que possuía uma equipe de Profetas e Mestre como esta elencada em Atos 13, deveria possuir um estilo de vida peculiar. O estilo de vida de um líder deve ser padrão aos demais. Essa instrução foi claramente transmitida por Paulo a Timóteo e a Tito, líderes que havia levantado para o cuidado das igrejas: “Ninguém despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza.” (1Tm 4.12); e “Torna-te, pessoalmente, padrão de boas obras. No ensino, mostra integridade, reverência, linguagem sadia e irrepreensível, para que o adversário seja envergonhado, não tendo indignidade nenhuma que dizer a nosso respeito.” (Tt 2.7,8).

 

2. Uma liderança servidora (v.2). A liderança da igreja de Antioquia era constituída sem barreiras raciais ou espirituais, por exemplo: Barnabé – consolador, misericordioso; Simeão – negro, africano; Lúcio – cireneu, africano; Manaém – irmão de criação ou de leite de Herodes, o Tetrarca (Herodes Antipas), que matou João Batista; Saulo – fariseu, ex-perseguidor da Igreja. Essa profunda comunhão de adoração, oração e serviço na diversidade de pessoas salvas trazia uma convicção de trabalho em favor das multidões não alcançadas da Ásia Menor e da Europa.

- Talvez não haja um modelo designado de ser uma igreja missionária, no entanto, há princípios que devemos aprender nos relatos Bíblicos, principalmente os relatos que Lucas nos contou no livro de Atos. A igreja de Antioquia da Síria certamente tem muito a nos ensinar com seu exemplo. A narrativa de Atos não é normativa, do jeito que deve ser copiada em tudo, afinal, a operação do Espírito Santo na Igreja primitiva possuía nuances distintas de hoje, a obra do Senhor continua, todavia, igrejas irmãs do passado podem servir-nos de parâmetro e um modelo para o que Igreja de Cristo faz hoje.

- A liderança da igreja de Antioquia refletia a diversidade étnica e cultural que havia em seu corpo de membros. A população de Antioquia era cosmopolita e essa característica obviamente se estendia à membresia da igreja. Portanto, seguramente é possível dizer que a igreja de Antioquia era formada tanto por judeus helenistas quanto por gentios, especialmente os gregos. Quando olhamos os tipos de líderes presentes em Antioquia narrados por Lucas em Atos 13.1 vemos claramente o quão multirracial era esta igreja.

    Barnabé: era um levita natural de Chipre (Atos 4:36). Talvez ele tenha sido o principal líder da igreja de Antioquia naqueles dias.

    Simão: também chamado Níger, que significa “negro”. Provavelmente era um africano e alguns estudiosos sugerem que é possível que ele tenha sido o próprio Simão Cireneu que ajudou Jesus a carregar a cruz.

    Lúcio: apenas é dito que esse cristão era de Cirene. Alguns comentaristas já tentaram identificá-lo com o evangelista Lucas, mas isso é muito improvável.

    Manaém: um homem que foi criado com Herodes o tetrarca, isto é, Herodes Antipas.

    Paulo de Tarso: antes de ser enviado em suas conhecidas viagens missionárias pela própria igreja de Antioquia, o apóstolo Paulo esteve entre os líderes daquela comunidade cristã.

 

3. “Apartai-me a Barnabé e a Saulo” (v.2). Nesse ambiente de sensibilidade espiritual, o Espírito Santo ordenou que separassem Barnabé e Saulo. Em seguida, eles foram enviados para o campo. Note que, antes de receberem a orientação do Espírito Santo, a liderança (profetas, mestres) e toda a igreja estavam no propósito de jejum e oração (v.2). Após receberem a orientação do Espírito e, antes de enviarem Barnabé e Saulo ao campo missionário, profetas, mestres e toda a igreja continuavam jejuando e orando (v3). A lição aqui é muito clara: na obra missionária, e em qualquer projeto na obra de

Deus, devemos entrar num propósito de jejum e oração para receber a orientação do Espírito, bem como para executar a orientação do Espírito. Sem dúvida, essa era a base do sucesso missionário da igreja em Antioquia.

- “O texto de Atos 13.1-3 mostra como a igreja foi sensível aos novos desafios que surgiram diante dela, de levar o evangelho de Cristo Jesus a outros povos. Quando olhamos para o envio de Barnabé e Saulo, entendemos o grau de compromisso que a igreja tinha com a obra missionária, e como a própria igreja em Jerusalém vê a necessidade de avançar para o mundo gentílico a partir de Antioquia”. Bruce, F.F. História Do Novo Testamento, São Paulo: Editora Vida Nova, 2019. Pág 257.  Em Antioquia vemos uma igreja sensível aos comandos do Espírito Santo e pronta a renunciar a seus melhores líderes, enviando-os a alcançar outras regiões, as quais Cristo ainda não havia sido anunciada. Se queremos uma igreja como modelo de como participar da missão ainda hoje, é nos relatos Bíblicos da igreja de Antioquia da Síria que iremos encontrar. Devemos olhar como ela se envolveu com a obra missionária, e fazer uma averiguação de como os relatos acerca da igreja em Antioquia não somente fatos narrados e tidos como descritivos sobre a Igreja do primeiro século.

 

III. O SERVIÇO DE MISSÕES

1. O início das missões cristãs. A narrativa de Lucas, que denominamos de primeira viagem missionária de Paulo, começa em Antioquia com a escolha de Barnabé e Paulo, pelo Espírito Santo, para uma obra especial. João Marcos, autor do Evangelho que leva o seu nome, permaneceu em Jerusalém até ser levado para Antioquia por Barnabé (seu primo) e Paulo, que regressavam de uma missão de socorro a Jerusalém (At 12.25). Quando partiram para Chipre, na sua primeira viagem missionária, levaram João Marcos em sua companhia (At 13.5). Porém, ao chegarem a Perge, na Ásia Menor, Marcos os deixou e regressou para Jerusalém (At 13.5).

- A primeira missão para o mundo a ser evangelizado saiu de Antioquia. Não podemos falar da expansão da Igreja de Cristo Jesus sem lançar os olhares para Antioquia, e pensar como foi o seu envolvimento com a missão de evangelizar o mundo do primeiro século. Essa Igreja era unida somente pela graça do Senhor e não por fatores naturais e inerentes a eles, tais como raça ou cultura. Essa união em meio a diversidade, talvez tenha facilitado o envio de missionários. É fundamental para as igrejas locais perceberem, pelo ensino bíblico, que o alvo de Deus é ser glorificado entre as nações, e ter a sua adoração entre todos os povos (At 1.8). Antioquia compreendeu a ordem expressa de Cristo dada a sua Igreja e nos mostra como olhavam para os confins da terra.

 

2. Roteiro da viagem e atividades missionárias. Nos capítulos 13 e 14 de Atos, encontramos diversas localidades onde a atividade deles foi desenvolvida: Missões em Chipre (At 13.4-13); Missões em Antioquia da Pisídia (At 13.14-52); Missões em Icônio (At 14.1-7); Missões em Listra (At 14.8-20a); Missões em Derbe (At 14.20b-21b); Missões em lugares antigos e novos (At 14.21b- 28); Regresso à Antioquia da Síria (At 14.27). Basicamente, nessas regiões, a obra missionária foi caracterizada por uma variedade de estratégias de evangelização, visitas a cidades e países em que o Evangelho não havia chegado, perseguição e oposição ao Evangelho, batismo no Espírito Santo, separação de líderes para igrejas plantadas, contatos e revisões das igrejas plantadas e muitas outras atividades missionárias. Havendo cumprida essas e outras tarefas, os missionários voltaram a Antioquia da Síria, cheios de alegria, ansiosos para contar o que Deus havia feito entre os gentios (At 14.24-28). Eles poderiam dizer, de sã consciência: “Missão Cumprida”.

- Notadamente, a igreja em Antioquia é a primeira, por entendimento e escolha, a enviar missionários como demonstração do avanço do reino de Deus. Sua fundação não ocorreu por envio missionário, mas obediente à voz do Espírito Santo, prontificou-se a enviar a melhor equipe ao campo missionário.

Saulo, sabemos, fora comissionado pelo Senhor no momento de sua conversão para evangelizar aos gentios (At 26.16-18). Sua experiência na estrada de Damasco incluía grande transformação de sua vida ao conhecer Jesus Cristo como Salvador, e profunda revelação de que ele foi chamado para ser apóstolo aos gentios […]. A obra de Barnabé e Saulo se origina com Deus – não com planos inventados pelos homens – e é empreendida em obediência à voz do Espírito. Por conseguinte, a Igreja em Antioquia comissiona formalmente Barnabé e Saulo como missionários. Antes de fazê-lo, ela jejua e ora, e depois impõe as mãos nos dois homens. A imposição de mãos aqui não é ordenação ao ministério, mas a consagração a um trabalho especial. Dá-lhes uma responsabilidade solene, concedendo-lhes força e recomendando-os à graça de Deus. Barnabé e Saulo são enviados como representantes da Igreja em AntioquiaARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p. 695.

- Partindo de Antioquia da Síria, a rota foi a seguinte: Paulo e Barnabé foram para Selêucia e de lá pegaram um barco até a ilha de Chipre (At 13.4), passando pelas cidades de Salamina e Pafos. De Chipre, continuaram para Perge da Panfília (At 13.13) até Antioquia da Pisídia (At 13.14). A parada seguinte foi em Icônio (At 14.1), de onde foram para Listra e Derbe, cidades da Licaônia (At 14.6). Dali, fizeram o caminho de volta pelos mesmos lugares até regressarem ao ponto de partida, Antioquia da Síria. Se olharmos em um mapa, veremos que hoje esses lugares estão na Turquia. Por onde passavam, Paulo e seus companheiros usaram a estratégia de pregar o Evangelho na sinagoga da cidade. Quando o Apóstolo falava de Jesus, a mensagem do Evangelho impactava a audiência. Além disso, milagres e sinais aconteciam. Os ensinos de Paulo tiveram impacto para além do território das sinagogas. De modo que, não demorou muito para que os não judeus também se interessassem pela mensagem trazida pelos viajantes. Era o Espírito Santo trabalhando nos corações e levando os pecadores ao arrependimento. Assim, aumentava o número de cristãos e novas igrejas foram surgindo.

 

3. Prestando contas. Ao final de cada uma das viagens missionárias, Paulo e sua equipe prestavam contas à igreja que os havia recomendado. A despeito das fortes perseguições que sofreram no cumprimento da nobre tarefa missionária, Paulo e a equipe que estava com ele evidenciaram a manifestação do poder de Deus na primeira viagem missionária. Muitos gentios e judeus creram e aceitaram Jesus como Salvador, muitas igrejas foram fundadas, curas divinas e libertação ocorreram. A obra do Espírito Santo foi notória nessa jornada missionária. Assim, o grande legado missionário deixado pela igreja de Antioquia foi a porta da fé que Deus abriu aos gentios (At 14.27).

Aqui, aprendemos algumas lições preciosas. Primeira, a ideia “missionários independentes”, que respondem “somente ao Senhor” não é bíblica; o apóstolo Paulo não deixava de relatar a atividade missionária à sua igreja de origem (14.27-28). Segunda, teremos oposição e obstáculos na obra missionária, mas também teremos resultados que glorificarão o Senhor que nos chamou. E finalmente, não esqueça de que, na obra missionária, quem “leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria, trazendo consigo os seus molhos” (Sl 126.6).

- Somos ávidos em cobrar das pessoas que estão sob nossa responsabilidade e somente cobrar. Chegados ao ponto de partida, Paulo e Barnabé prestam contas dos acontecimentos da primeira viagem. A grande constatação é a de que Deus tinha, por meio deles, aberto as portas da fé aos pagãos (At 14.27). Paulo e Barnabé e outros entraram nos mínimos detalhes ao relatarem as muitas obras realizadas por Deus por meio do trabalho deles. Sem dúvida, forneceram evidência suficiente para confirmar a autenticidade da salvação dos gentios (At 10.44-48; 11.17-18).

 

CONCLUSÃO

À luz desta lição, podemos afirmar que a igreja cristã cumpre o seu propósito quando a cultura de missões faz parte da sua rotina. Uma das provas de que o Espírito Santo age na igreja é o investimento em missões. Assim, é nossa a tarefa de evangelizar, participar dos projetos missionários de nossa igreja local, orar e jejuar por missão, contribuir e se colocar à disposição para ir ao encontro de quem precisa ouvir de Jesus. Quando o Espírito Santo encontra pessoas despojadas e sedentas por almas, Ele as capacita com talentos e dons espirituais para que se lancem inteiramente na mais sublime missão: ganhar vidas para o Reino de Deus.

- É maravilhoso ver como o Espírito de Deus conduz a obra missionária na história. O envio missionário de Barnabé e Saulo é primordial para entendermos a direção que o Espírito Santo prescreve a sua Igreja. Neste episódio vemos uma igreja atenta a ordem de ir as nações, e prontamente obedece a direção do Espírito. O relato de Atos dos Apóstolos conta que a liderança da igreja em Antioquia estava servindo a Deus quando o Espírito Santo revelou que era o momento de enviar Paulo e Barnabé para o trabalho missionário. Os dois partiram com a bênção dos seus líderes para realizar a tarefa de pregar o Evangelho de Jesus. Ao final da viagem, voltaram à Antioquia para contar sobre o que Deus fez em cada cidade (At 14.27). Aprendemos com Paulo e Barnabé a importância de obedecer aos líderes e prestar conta da atividade ministerial. Que Deus continue despertando a chama missionária em sua Igreja nos dias atuais!

 

REVISANDO O CONTEÚDO

1. Como a Antioquia da Síria era conhecida?

Antioquia da Síria era conhecida como “A rainha do Oriente”.

2. Quem anunciou o Evangelho e, depois, fundou a igreja em Antioquia?

Não foram os apóstolos ou obreiros, mas os leigos, os discípulos e os crentes em geral, outrora dispersos por causa da perseguição em Jerusalém, que anunciaram o Evangelho e, consequentemente, fundaram a igreja em Antioquia (At 11.19).

3. Quem eram os líderes da igreja em Antioquia?

Barnabé consolador, misericordioso; Simeão – negro, africano; Lúcio – – cireneu, africano; Manaém – irmão de criação ou de leite de Herodes o Tetrarca (Herodes Antipas), que matou João Batista; Saulo – fariseu, ex- -perseguidor da Igreja.

4. Qual lição podemos aprender em relação ao jejum e à oração?

A lição aqui é muito clara: na obra missionária, e em qualquer projeto na obra de Deus, devemos entrar num propósito de jejum e oração para receber a orientação do Espírito, bem como para executar a orientação do Espírito.

5. Cite uma lição preciosa que podemos aprender com a experiência missionária da igreja em Antioquia.

A ideia “missionários independentes”, que respondem “somente ao Senhor” não é bíblica; o apóstolo Paulo não deixava de relatar a atividade missionária à sua igreja de origem (14.27-28).