LIÇÕES
BÍBLICAS CPAD
JOVENS
3º Trimestre de 2017
Título: Tempo para todas as coisas — Aproveitando as
oportunidades que Deus nos dá
Comentarista: Reynaldo Odilo
Material de apoio gratuito aos professores e alunos de escola dominical
que utilizam as revistas da CPAD
Lição 12: Milagres
no nosso tempo
Data:
17 de Setembro de
2017
TEXTO DO DIA
“Jesus Cristo é o mesmo ontem,
e hoje, e eternamente” (Hb 13.8).
SÍNTESE
Os milagres são eventos naturais
para Deus, mas sobrenaturais para os homens.
AGENDA DE LEITURA
Segunda: Is 53.4: O sacrifício de Jesus, garantia da cura
Terça: Is 61.1: A unção sobre Jesus, garantia dos
milagres
Quarta: Mc 16.17: A promessa de Jesus
Quinta: Mt 10.1: Os discípulos como instrumentos dos
milagres
Sexta: Sl 77.14: O Deus que realiza milagres
Sábado: Mt 19.26: Para Deus tudo é possível
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá
estar apto a:
- DISCUTIR a respeito da invasão do sobrenatural, milagres, em algumas igrejas;
- MOSTRAR que o Cristianismo é um grande milagre;
- DISSERTAR a respeito do simbolismo do milagre, sua natureza.
TEXTO BÍBLICO
Lucas 1.26,27,29-31,34,35,37,38.
26 E, no sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado por
Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré,
27 a uma virgem desposada com um varão cujo nome
era José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria.
29 E, vendo-o ela, turbou-se muito com aquelas
palavras e considerava que saudação seria esta.
30 Disse-lhe, então, o anjo: Maria, não temas,
porque achaste graça diante de Deus,
31 E eis que em teu ventre conceberás, e darás à
luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus.
34 E disse Maria ao anjo: Como se fará isso, visto
que não conheço varão?
35 E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre
ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; pelo
que também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus.
37 Porque para Deus nada é impossível.
38 Disse, então, Maria: Eis aqui a serva do
Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo ausentou-se dela.
COMENTÁRIO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
O verdadeiro Cristianismo
acredita nos milagres de Deus, pois há provas abundantes de que o Senhor
intervém sobrenaturalmente na natureza. O materialismo, porém, defende que a
natureza é a única realidade existente (Engels), sendo ela própria sua causa
primeira (e não Deus), a qual funcionaria com base em leis naturais
fundamentais, porém não responde qual a origem dessas leis, como elas foram
estabelecidas, ou mesmo quem escolheu o modelo de funcionamento da Natureza.
Por tudo isso, Einstein dizia que “o mais incompreensível do mundo é que ele
seja compreensível”. [Comentário: Os milagres foram fatos marcantes na vida do Senhor Jesus
e de seus apóstolos, dos setenta discípulos, e de mais algumas pessoas ligadas
aos apóstolos e por eles comissionadas. Principalmente depois da ressurreição
do Senhor Jesus Cristo, Deus deu a esse método uma atenção especial, pois
através dele autenticou o testemunho e a mensagem dos apóstolos, mensagem essa
que forma a base (fundamento) doutrinária da sua igreja e está revelada no Novo
Testamento. Sendo também os milagres, um sinal para o infiel Israel, pois eles
(os Judeus) buscavam sinais (1Co 1.22)1. Comentando sobre o Evangelho de Marcos, uma vez o
historiador sobre o século I, Robert Grant, afirmou, “é difícil achar qualquer
grão não milagroso no Evangelho”. Dos 661 versículos que se encontram neste
Evangelho, 209 tratam de milagres. Jesus não só pregou a chegada do reino de
Deus como também a demonstrou através do ministério de cura, expulsão de
demônios e outros milagres. Estes faziam parte normal do seu ministério (Mateus
4.23). Até os judeus mais hostis a Jesus reconheceram-no como operador milagroso
de maravilhas e exorcista. Também Jesus deu aos seus doze discípulos a
autoridade para realizar estas operações, como sinal e demonstração de que o
reino estava próximo (Mateus 10.7), e fez o mesmo para com os setenta
discípulos (Lucas 10.8-9). Estes sinais evidenciaram a chegada do reino e a
vitória conseqüente sobre Satanás e seu poder (Mateus 11.22-28 par.). Quando
examinamos os momentos “críticos” ou “chaves” na história quando havia um
avanço significante nos propósitos redentores de Deus, sempre encontramos a
presença de sinais extraordinários. Por quê? Não tanto para o povo de Deus,
quer seja Israel ou a igreja, mas para que o mundo, as nações saibam que IAHWEH
é o Deus verdadeiro e O glorifiquem. Qualquer outra motivação além deste
testemunho bíblico deve levar a certa suspeita. Portanto, os milagres servem a
um propósito missionário. Dirigem-se ao mundo com a finalidade de chamá-lo para
glorificar a Deus. Relegar-lhes qualquer papel ou nível insignificante só seria
desprezar, ou na melhor hipótese, ignorar sua importância no desempenho do
desafio missionário. Dizer que não são operantes hoje seria distorcer o
testemunho bíblico pelos olhos da incredulidade. Não disse Jesus que o crente
nele faria maiores obras que Ele (João 14.12)? Paulo não esclareceu que as
manifestações milagrosas, o carismati, só desapareceriam depois da vinda de
Cristo glorificado (1 Coríntios 13.10)?2] Dito isto, vamos
pensar maduramente a fé cristã?
I. MILAGRE: A INVASÃO DO
SOBRENATURAL
1. Possibilidade universal.
A possibilidade universal (a ideia de que tudo é possível) é um dos
pressupostos da ciência. Para analisar a ocorrência de um milagre, o cientista
deve despir-se de qualquer preconceito quanto ao resultado de sua pesquisa,
fato extremamente raro nos dias atuais. O primeiro passo é não distinguir entre
fato natural e sobrenatural, porque para Deus é tudo a mesma coisa, pois Ele é
a causa de tudo e, portanto, tudo lhe é normal. [Comentário: Em certa medida, a palavra “milagre” é usada de maneira
indiscriminada para descrever todo tipo de coisa, desde curar um paralítico até
encontrar uma vaga de estacionamento no shopping center na véspera de Natal.
Qual seria uma boa definição prática e bíblica de milagre? Max Turner,
professor de Novo Testamento no London Bible College, usa o termo no sentido
semitécnico de um evento que reúne as seguintes características: É um evento
observável extraordinário ou surpreendente; Não pode ser explicado de modo
racional em termos de capacidades humanas ou outras forças conhecidas no mundo;
É percebido como um ato direto de Deus; e É habitualmente entendido como tendo
valor simbólico ou sinalizador (por exemplo, aponta para Deus como redentor e
juiz)3. Por milagre entende-se um acontecimento sobrenatural, isto
é, está acima do natural; contraria as leis da natureza conhecidas, o que não
permite a ciência explicá-lo, por mais que os cientistas analisem, reanalisem e
debatam. A rejeição dos milagres de Cristo é resultado principalmente de uma
postura filosófica surgida no iluminismo e hoje intensamente questionada. Com o
surgimento da física quântica sabe-se que há a possibilidade de nem sempre os
fenômenos físicos comportarem-se segundo as leis da física clássica4. Assim o racionalismo empirista e mecanicista não pode ser
tomado como base segura para todas as conclusões. “A predisposição contra os
milagres sobrevive na teologia apenas como uma ressaca de uma era deísta antiga
e, a esta altura, deveria ser abandonada de uma vez por todas.” 5.]
4 CRAIG, William Lane. A
veracidade da fé cristã: uma apologética contemporânea.São Paulo: Edições Vida
Nova, 2004. p. 138
5 Opus cit. p. 151
2. Evidência histórica dos
milagres. Quando os céticos criticam os milagres bíblicos,
comentam sobre as superstições dos escritores, do comprometimento das
testemunhas, das aparentes contradições dos relatos, mas a Bíblia, por si só, é
suficiente para apresentar provas cabais sobre a veracidade dos milagres
escriturísticos. Observe-se a história sobre Jesus: Todos os apóstolos, à
exceção de João, foram martirizados e nenhum deles ficou rico! Antes, foram
considerados escória do mundo. Aqueles homens, especificamente, não morreriam
por uma mentira. Isso é uma evidência fabulosa. Outro ponto importante, é que
as narrativas dos Evangelhos são complementares e nunca contraditórias, sempre
mostrando a mesma história, contada a partir de vários olhares, o que fortalece
ainda mais a narrativa. Por fim, nos Evangelhos, são mencionados episódios de
traição, covardia, dúvida, fraqueza, desunião, inveja, envolvendo as pessoas
que formavam o ciclo de amizades de Jesus — os apóstolos. Ora, se fosse uma
mentira, os escritores caprichariam nas realizações altruísticas deles mesmos.
O que eles escreveram sobre si próprios é pífio e vergonhoso. Ou seja, somente
valeria a pena dizer as fraquezas, os próprios erros, como o fizeram, se fosse
para falar a verdade. [Comentário: Biblicamente, é impossível separar a veracidade dos
milagres de Cristo de seu caráter divino e de sua missão redentora, pois os
profetas anunciaram que o Messias prometido realizaria tais sinais, e o
apóstolo João afirmou que Jesus os cumpriu para que crêssemos nele (Isaias
35:2-6, João 20:30-31). Nós, evangélicos teologicamente conservadores, cremos
na inerrância da Bíblia, e, portanto, na veracidade dos milagres de Jesus4. Parte substancial dos Evangelhos consiste na narrativa
dos milagres de Jesus, sendo isto a principal causa de céticos colocarem em
dúvida e veracidade da narrativa dos Evangelhos. Se há honestidade intelectual,
há que se considerar seriamente a veracidade dos milagres de Cristo. Se há
sinceridade moral, o indivíduo pode ir mais além, dando o passo da fé e
permitindo que Jesus faça o maior milagre de todos em sua própria vida, que é a
sua transformação interior, conformando-o à vontade de Deus e dando-lhe plena
certeza de vida eterna6.]
3. Definição — a invasão.
O milagre não quebra nem suspende as leis da natureza, mas simplesmente a
invade. Logo em seguida, as leis naturais absorvem o fato miraculoso,
harmonizando-o com os demais acontecimentos. Lázaro, a filha de Jairo ou o
filho da viúva de Naim experimentaram uma invasão do sobrenatural, mas logo
depois seus corpos estavam novamente normais, sujeitos à morte, como sempre. O
que aconteceu foi uma intervenção, uma invasão, que logo foi absorvida pela
vida natural. Seus resultados seguem de acordo com a lei natural. Essa invasão
de um poder de fora da natureza é intolerável para os materialistas e até para
certos cristãos, como os deístas, que acham que Deus é um relojoeiro, que fez o
mundo e deixou-o entregue à própria sorte. [Comentário: O Dicionário On Line de Português assim define o termo milagre: “Acontecimento extraordinário, incomum ou formidável que não pode ser
explicado pelas leis naturais.”7. O Pr Claudionor de
Andrade escreve: “Classicamente, o milagre é definido como a suspensão, ou
derrogação, temporária das leis da natureza por uma força sobrenatural. Mario
Ferreira dos Santos aprofunda se no assunto: "Fato ou acontecimento que
ultrapassa a natureza de uma coisa ou de um conjunto de coisas, um fato, em
suma, sobrenatural (ou extranatural) e que exige, portanto, para a sua
explicação, a aceitação de uma causa eficiente, que não pode pertencer à
natureza de nenhuma das coisas finitas, sendo, portanto, atribuído à divindade.
Por extensão, e em sentido popular, todo fato extraordinário, para o qual não é
encontrada uma explicação satisfatória".”8. O Deísmo é a crença em um Deus ou uma força superior e
que sua existência pode ser provada pela razão e a observação do mundo físico.
Os deístas normalmente não acreditam que Deus interfere em nosso mundo. O
Deísmo rejeita a divindade de Jesus e a inspiração divina da Bíblia. O Deísmo
ensina que tudo deve ser avaliado pela razão. Assim, rejeita tudo que não tem
explicação racional9.]
Pense!
Será que, para Deus, existe diferença entre coisas naturais e
sobrenaturais?
Ponto Importante
Na ótica humana é possível
distinguir entre natural e sobrenatural, mas para o Senhor todos os fenômenos
são naturais, por isso tudo é possível para Ele (Lc 1.37).
II. CRISTIANISMO: A HISTÓRIA DE
UM GRANDE MILAGRE
1. O fenômeno milagroso na fé
cristã. Diferentemente do hinduísmo, budismo e islamismo,
dentre outras, como C. S. Lewis afirmava, “o Cristianismo é a história de um
grande Milagre”. Sem dúvida, toda a narrativa bíblica é envolta em milagres, a
partir de Gn 1.2, quando Deus invadiu decisivamente a “natureza”. No princípio
(Gn 1.1), Deus criou a natureza e depois a invadiu frequentemente, a partir das
suas palavras de ordem nos versículos seguintes e por toda a antiga aliança. Esse
padrão se manifestou com a mesma intensidade, ou mais até, com a vinda do
Messias. Por isso, a teologia pode ser considerada um efeito residual dos
milagres, pois eles sustentam quase tudo que se conhece sobre o caráter do
Altíssimo. [Comentário: Milagre não é espetáculo. Ele acontece tendo em mira
triplo objetivo: 1) glorificar o nome de Deus; 2) promover a doutrina
apostólica; e: 3) fortalecer a fé aos santos. O milagre não ocorre para aguçar-nos
a curiosidade. Haja vista o que aconteceu a Herodes quando lhe enviaram a Jesus
naquela noite de paixão e dor. Esperava o rei ver algum sinal por parte do
Cristo, mas o Senhor silênciou10. Lewis Smedes escreve:
“Um milagre não é sinal de que um Deus,
normalmente ausente, se faz momentaneamente presente, ... [mas], é um sinal de
que Deus, por um momento e com um propósito especial, está transitando por
caminhos que normalmente não transita, ...um sinal de que Deus, sempre presente
em poder criador, está operando aqui e agora, de uma maneira que não é familiar”11. Gordon J. Spykman assevera: “Numa cosmovisão biblicamente dirigida e abrangente, Deus e o mundo não
são duas forças em competição. Conseqüentemente, naquilo que denominamos
milagres, Deus não elimina a agência instrumental de suas criaturas. Elas
continuam sendo seus servos, que respondem ao poder governativo da Palavra. Por
isso, estes poderosos atos de Deus, nem contravém, nem suplantam sua ordem
dinâmica, mas estável, para a criação. O potencial para as obras miraculosas é
dado desde o começo em e com a permanente Palavra de Deus para a nossa vida em
seu mundo. Portanto, os milagres não são “aberturas” sobrenaturais acima e além
das ordenanças da criação”12. De fato, as
Escrituras são um milagre de capa a capa. Todas as possibilidades da criação
estão ao serviço de Deus. A Bíblia relata inúmeros milagres impressionantes,
tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Os milagres realizados por Deus
revelam Seus atributos como Seu poder infinito, Sua soberania, Seu amor sem
limites, Sua misericórdia, entre outros. Os milagres ajudam-nos a lembrar que
nada é demasiado difícil para Deus. Em sua soberania sobre cada átomo que há no
universo, Ele o ajusta conforme quer, tudo para o bem daqueles que O temem e
para a glória do Seu Nome (Rm 8.28; Sl 115.1). O registro das Escrituras
Sagradas nos revela o grande poder de Deus que vai além das leis naturais que
conhecemos, a exemplo da abertura do mar vermelho (Êx 14.21-22). Leia o artigo ‘Deus
na Natureza’ de autoria de Patrícia Barta Mendes, aqui.]
11 Lewis Smedes, Ministry and the Miracle, pp. 48-49
2. Encarnação — o principal
milagre. A Encarnação de Cristo foi o principal milagre que
ocorreu, sobretudo pelo que ele representa: a total desconstrução da razão
humana. Este milagre fez entrar em vigor um princípio até então desconhecido: a
capacidade do Todo-Poderoso apequenar-se, do Eterno tornar-se temporal, do
Transcendente vir a ser imanente, da Suprema Vida sujeitar-se à morte, a fim de
harmonizar-se com uma humanidade decaída, escravizada pelo pecado. A
Encarnação, portanto, é, em grande medida, uma morte. Isso faz lembrar que a
Deus pertence o poder... e a misericórdia. Nunca se tinha imaginado que o
Altíssimo tomaria para si o exemplo vegetal, em que um ser perfeito, adulto,
lança toda a sua essência em uma semente que, para cumprir sua missão, precisa
primeiramente morrer. Essa pobre analogia da natureza jamais demonstrará o
extremo rebaixamento e consequente ascensão dessa invasão de Deus no fundamento
milenar da Criação, servindo apenas como tênue sombra do maior Milagre do nosso
tempo. [Comentário: O maior de todos os
milagres foi a encarnação do Verbo. Sem a encarnação, nenhum outro milagre
teria ficado visível, tanto porque não teria sido feito em nosso mundo, quanto
porque não teríamos podido manter nossos olhos sadios para enxergá-los13. Jesus Cristo tornou-se o que não era sem deixar de ser o
que dantes fora (1Jo 1.14; 1Tm 3.16; Fp 2.5-11). Ninguém além de Deus poderia
pensar em uma “obra” assim. De fato, ninguém além de Deus poderia realizar uma
obra tão difícil e gloriosa como a encarnação do Filho de Deus. Ela é a “a
maior demonstração da sabedoria, bondade, poder e glória de Deus” (James
Ussher). Ou, como Goodwin colocou de forma bela, “Céu e Terra se encontram e se
beijam, a saber, Deus e homem”14. Em “Perelandra”, a
segunda obra da trilogia espacial de Lewis (que começa com “Longe do Planeta
Silencioso” e termina com “Uma Força Medonha”), o nascimento de Maleldil em
forma humana foi um evento que repercutiu em todo o universo e seus planetas. Ou
seja, um ser absoluto desceu ou se tornou em um ser inferior para lançar nele a
centelha da vida divina, reacendendo o seu lado espiritual que estava morto
desde a queda. E esse processo permitiu que nós, cristãos, nos tornássemos, por
imitação, “pequenos cristos”, ou seja, que participássemos da natureza divina
de Cristo, inclusive de sua missão redentora15. Leia sobre a Kenosis aqui
e aqui.]
13 O Milagre Do Livro Milagres Por João De Miranda Leão Neto,
Clube de Autores e Agbook, Pág 203.
3. Milagres que escravizam.
Dostóievski escreveu que Jesus, dias antes da crucificação, não fez milagres,
porque não queria escravizar os homens. Isso não aconteceu somente na semana da
crucificação, mas em toda a sua vida terrena, pois Jesus nunca quis conquistar
discípulos pelos milagres. Há igrejas modernas que fazem o milagre ser
importante em si mesmo, por isso passam as celebrações divulgando-o também pela
mídia. Não entendem o simbolismo do milagre, como um referencial no
relacionamento com Deus. A feitiçaria entende perfeitamente esse simbolismo,
por isso procura imitar os feitos miraculosos de Deus para escravizar o homem,
como aconteceu com os magos egípcios, ao transformarem suas varas em serpentes
diante de Faraó e Moisés. Eles queriam a manutenção da escravidão física e
espiritual de todos. [Comentário: O Pr Hernandes Dias Lopes escreve: “Deus opera milagres
ainda hoje. Ele é o mesmo Deus ontem, hoje e sempre. Deus faz o quer, com quem
quer, no tempo que ele quer, da forma que ele quer, para o louvor da sua
glória. Porém, os milagres operados por Deus não são um substituto do
evangelho. Os milagres são sinais de Deus, que abrem portas para o evangelho,
mas não são o evangelho. Só o evangelho traz salvação, pois só o evangelho é o
poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. As três gerações que mais
viram milagres (as gerações de Moisés, Elias e dos apóstolos) foram as mais
incrédulas. Nada substitui a pregação fiel da Palavra de Deus, nem mesmo os
milagres”16. Muitas denominações
cresceram usando o marketing do milagre; muitas outras surgem na mesma esteira.
]
Pense!
Por que a grande mídia não repercute com frequência os milagres
verdadeiros do nosso tempo?
Ponto Importante
Grandes milagres acontecem o
tempo todo, o problema é que alguns formadores de opinião tentam esconder “as
montanhas” de Deus apenas fechando os olhos.
III. MILAGRE: O SIMBOLISMO DO
PODER DE DEUS
1. Definição.
A palavra milagre, do latim miraculum,
significa “maravilhar-se”, que é o sentimento que deve envolver quem o
presencia. Quando acontece um milagre há um benefício prático imediato (a cura,
o livramento, etc), porém o mais importante é que a invasão de Deus na natureza
seja encarada, sobretudo, simbolicamente, porque seu objetivo maior é trazer
uma conexão mais relevante do que ele mesmo — o maravilhamento em Deus! Por
isso, a coisa mais maravilhosa em qualquer milagre é a ação, em amor, do
Todo-Poderoso na vida de um mortal. Moisés compreendeu essa circunstância ao
observar um arbusto queimar e não se consumir (Êx 3), Eliseu vislumbrou tal
sentido ao presenciar Elias subir ao céu (2Rs 2), Pedro entendeu isso na pesca
maravilhosa (Lc 5), Paulo captou isso na visão de Damasco (At 9) e João deduziu
esse maravilhamento ao ter a visão de Jesus em Patmos e cair como morto aos seus
pés (Ap 1). Observe-se que, em todos esses fatos, o simbolismo do milagre, o
que ele significou, superou em muito o milagre em si. Por esse mesmo motivo,
Jesus fez milagres que no mundo não caberiam os livros escritos (Jo 21.25), mas
os evangelistas repetem frequentemente alguns, trazendo nuances distintas. Por
quê? Por causa daquilo que eles simbolizam. Como eles são conexões, então é
preciso entendê-los bem e assim o objetivo de conhecer a Onipotência se tornará
menos distante. [Comentário: Em nossa perspectiva podem parecer como intervenções
surpreendentes, inesperadas, extraordinárias da mão de Deus na história.
Todavia, para Deus os milagres não são milagres como os percebemos. São apenas
a execução de sua vontade, conforme outros caminhos, que a nós parecem não
usuais e excepcionais, entretanto, são caminhos que são consistentes com a
ordem de Deus. Para citar outra vez a Diemer, “com os sinais e milagres da
providência de Deus na história da humanidade não se suplanta nenhuma lei, nem
relações estáveis. Mas, que sob condições distintas às ordinárias, bem
conhecidas, manifestam-se outros poderes. Isto ocorre quando o homem vive e
atua baseado na fé e oração. Assim as capacidades e poderes da natureza são
ativados a serviço da vinda do reino de Deus na terra” (Nature and Miracle, p.
16). Por isso, segundo o conceito bíblico: Um milagre não é sinal de que um
Deus, normalmente ausente, se faz momentaneamente presente, ... [mas], é um
sinal de que Deus, por um momento e com um propósito especial, está transitando
por caminhos que normalmente não transita, ...um sinal de que Deus, sempre
presente em poder criador, está operando aqui e agora, de uma maneira que não é
familiar. Por isso, devemos ser sensíveis ao cuidado providencial de Deus, não
somente em nossas experiências “de cima”, ou quando “escapamos com o justo” do
ameaçador desastre, mas, também em nossas “rotinas cotidianas”. O maná de Deus
no deserto, dificilmente seria mais milagre que o lançar a semente na terra,
onde morre, para produzir um novo grão. Sua resposta à oração fervorosa pode
ser tão real na terapia médica, como nas dramáticas curas realizadas por Jesus
e seus apóstolos. Nas palavras de Bavink: a providência] se manifesta não
somente e primordialmente em acontecimentos extraordinários e milagres, senão
de igual modo, na ordem estável da natureza e nos acontecimentos comuns da vida
cotidiana (Gereformeerde Dogmatiek, vol. II, p. 580). O significado mais
profundo e completo da providência especial de Deus, que chamamos milagres,
certamente está escondido em mistério. Mas isto também é certo, quanto a sua
providência geral. Nenhum aspecto da realidade criada, nenhum acontecimento na
história é racionalmente transparente. Racionalismo é uma pretensão de orgulho.
Portanto, o significado da profunda dimensão misteriosa dos milagres deve ser
mais adorado com reverência, do que discernido com o intelecto. Essa classe de
humildade nos “salva tanto do otimismo superficial, que não consegue ver os
enigmas da vida, como do orgulhoso pessimismo, que desespera do mundo e de
nosso destino” (Gereformeerde Dogmatiek, vol. II, p. 580) 17.]
2. O Céu tocando a Terra.
O ponto de intersecção entre a natureza e o milagre é a causa primária de
ambos: Deus. O Senhor criou as leis fixas, regulares da vida material e, por
isso, sem prévia licença, pode invadi-la a qualquer momento, sem alterá-las. Em
sua sublime perfeição, o Senhor deixou espaço para tratar com o homem por meio
dos milagres, como aconteceu ao chegar à casa de Lázaro somente no quarto dia,
para dissipar qualquer dúvida sobre sua identidade. Aliás, Ele falou disso
explicitamente aos discípulos. Lucas, em Atos, narra uma pequena quantidade de
milagres de Pedro e Paulo, não obstante, às vezes, ele diga que realizaram
muitos milagres, mas não os especifica. Por quê? Porque não era importante a
quantidade, mas o simbolismo deles. [Comentário: É difícil traçar uma linha demarcatória entre providência
regular e os milagres como “a outra maneira” do atuar de Deus na criação. Todas
as obras de Deus tem um significado profundo, misteriosamente miraculoso. Tomás
de Aquino criou um conceito clássico para a palavra milagre: "É algo superior, diferente ou contrário à
natureza. "Supra, praeter vei contra naturam". Em latim, temos
ainda outra definição para milagre: "miraculum", cujo radical é
"miror" e pode ser traduzido por prodígio, maravilha, fato estupendo
ou extraordinário. Milagre é a realização concreta da vida de Deus nos homens e
na natureza. É a manifestação do amor do Criador, milagre é Cristo em nós,
esperança e fé de uma vida vitoriosa, de um espírito renovado e cheio de paz em
um mundo corrompido pelo mal17.]
3. O milagre nosso de cada dia.
A vida de cada cristão é permeada por pequenos milagres, diariamente.
Livramentos, provisões, curas etc., afinal “o justo viverá da fé”. Via de
regra, os milagres acontecem inesperadamente, inovadoramente e de maneira perfeita.
Eles surgem subitamente e sempre representam uma novidade em relação aos
anteriores. Jesus nunca repetiu um milagre em sua forma. [Comentário: O principal milagre
professado pelos cristãos é a Encarnação. Os milagres não se relacionam com uma
série de incursões independentes na Natureza, mas com as várias fases de uma
invasão estrategicamente coerente — uma invasão que busca uma conquista
completa, a ocupação de todos os espaços. A adequação e, portanto, a
credibilidade de milagres específicos dependem de sua relação com o Grande
Milagre. Desse modo, o maior milagre operado em nós é a regeneração. A
providência divina nos mostra, diariamente, a mão do Todo-Poderoso agindo
milagrosamente em prol do Seu povo.]
Pense!
O simbolismo dos milagres é mais importante que o próprio milagre? Como
pode ser isso?
Ponto Importante
O milagre deve ser observado,
sobretudo, simbolicamente, porque seu objetivo maior é trazer uma conexão mais
importante que ele mesmo — o maravilhamento!
CONCLUSÃO
O milagre cria certas revelações
que só acontecem através dele, daí a sua essencialidade na vida cristã.
Observe-se o caso da transfiguração: não há palavras que produzam os efeitos de
um fato miraculoso daquela estirpe, tanto para os que o viram como para os
outros que têm conhecimento dele, pois ele abre a possibilidade de se pensar em
outra realidade existencial. Eles funcionam como uma ponte. [Comentário: A Bíblia é mais do
que um livro em que encontramos histórias fabulosas. Na Bíblia há sim muitas
narrativas de acontecimentos extraordinários, mas esses acontecimentos devem
ser compreendidos no interior do grande contexto histórico-salvífico, que os
distingue das fábulas e lendas dos mitos não-cristãos da antiguidade. O
problema é que somos herdeiros do projeto educacional do Iluminismo, e os
iluministas foram críticos contumazes dos relatos bíblicos sobre os milagres. O
filosofo alemão Gotthold Ephraim Lessing (1729-1781) afirmara que na Bíblia não
encontramos os milagres como tais, mas simples narrativas de milagres. O
teólogo protestante David Friedrich Strauss (1808-1874) ensinava que as
narrativas de milagres nos Evangelhos são míticas. Mais próximo de nossos dias
Rudolf Bultmann (1884-1976), outro importante teólogo protestante, defendeu uma
tese – amplamente aceita em diversos círculos teológicos – de que os milagres
são inconciliáveis com a cosmovisão do mundo contemporâneo. Os milagres são
expressões da intervenção amorosa de Deus, segundo Sua vontade. Representam no mundo grandiosidade da dinâmica vontade de
Deus, sob a qual repousa e se orienta nossa esperança acerca da salvação da
humanidade e de todo universo. São sinais da salvação vinda a nós e viva em
nós, e, isso em Cristo, mas sempre sinais da fé: “tua fé te salvou!”. Logo, o
milagre, segundo o Evangelho, pressupõe a fé e confirma a fé. Nisto vemos
grande importância do testemunho da fé, mais que qualquer sensacionalismo,
porque é apenas pela fé que reconhecemos a ação de Deus no cotidiano viver,
compreendendo que Ele age não apenas em acontecimentos extraordinários, mas de
modo muito luminoso Ele age nas pequenas coisas. Os milagres são apelos à fé,
e, não provas científicas de Deus. Os
maiores milagres…? Acredito que, assim de chofre, nós cristãos responderíamos:
a criação do mundo e sua redenção por Cristo! Este texto foi extraído de: https://philothanatos.wordpress.com/2015/09/05/o-cristao-e-o-sentido-dos-milagres/.] “... corramos, com perseverança, a carreira
que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé,
Jesus ...” (Hebreus 12.1-2),
Francisco Barbosa
Campina Grande-PB
Setembro de 2017
ESTANTE DO PROFESSOR
McDOWELL, Josh. McDOWELL, Sean. Evidências
da Ressurreição. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2012.
HORA DA REVISÃO
1. Sob o prisma da lógica, é
razoável não crer na existência de milagres?
Ter preconceito quanto à ocorrência de milagres é
uma atitude completamente condenável, haja vista que a ideia de que tudo é
possível (possibilidade universal) é um dos pressupostos da ciência.
2. Os fenômenos miraculosos quebram
as leis da natureza?
Não, eles simplesmente as invadem.
3. Os milagres podem ser
explicados?
Não, embora fenômenos, não se podem fazer
experimentos com eles, pois não são periódicos.
4. Qual a etimologia da palavra
“milagre”?
Significa “maravilhar-se” (do lat. miraculum).
5. Segundo a lição, “os milagres
nossos de cada dia” possuem quais características?
Ocorrem inesperadamente, inovadoramente e de
maneira perfeita.