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UM COMENTÁRIO APROFUNDADO DA LIÇÃO, PARA FAZER A DIFERENÇA!

Este Blog não é a palavra oficial da Igreja ou da CPAD. O plano de aula traz um reforço ao seu estudo. As ideias defendidas pelo autor do Blog podem e devem ser ponderadas e questionadas, caso o leitor achar necessário. Obrigado por sua visita! Boa leitura e seja abençoado!

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28 de dezembro de 2015

Jovens_Lição 1: Conhecendo a carta aos Romanos



Lição 1: Conhecendo a carta aos Romanos
Data: 03 de Janeiro de 2016

TEXTO DO DIA
Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé(Rm 1.17). [Comentário: A justiça de Deus é a maneira de Deus justificar os pecadores, isto é, justificá-los perante Ele mesmo sem comprometer seu caráter moral absolutamente puro. Como está escrito: Habacuque 2.4 indica que a salvação somente pela fé também era claramente ensinada no Antigo Testamento – Note os exemplos de Abraão e Davi em Rm 4.1-8; Veja também Hb 11. As pessoas não eram salvas pelas obras ou obediência à Lei do Antigo Testamento mais do que do Novo Testamento, as pessoas colocavam fé em um Messias que ainda chegaria (Veja Jo 8.56 e Hb 11.13).]

SÍNTESE
A epístola do apóstolo Paulo aos romanos é leitura indispensável para entendermos o plano de salvação gratuita de Deus, revelado no evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo.

AGENDA DE LEITURA
SEGUNDA — Rm 1.1,5 - Paulo justifica suas credenciais de apóstolo
TERÇA — Rm 1.13 - O apóstolo já havia tentado ir a Roma
QUARTA — At 18.1-3 - Priscila e Áquila já conheciam Paulo
QUINTA — Rm 16.1-2 - Febe, uma diaconisa da igreja de Cencreia
SEXTA — Rm 1.16 - Paulo não tinha vergonha do evangelho de Cristo
SÁBADO — Rm 1.17 - O Evangelho revela a justiça de Deus

OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
  • CONHECER a autoria, data e local da escrita da Epístola aos Romanos;
  • MOSTRAR os destinatários e o propósito da Carta aos Romanos;
  • COMPREENDER a gratidão de Paulo em favor da comunidade cristã em Roma.

INTERAÇÃO
Caro(a) professor(a), vamos iniciar um novo trimestre com um dos escritos com maior profundidade teológica e, ao mesmo tempo, com o cuidado pastoral do apóstolo Paulo. Nesta epístola vamos perceber a paixão do apóstolo pela pregação do Evangelho, nunca satisfeito com os resultados, sabendo que podia oferecer sempre mais pelo Reino de Deus. Durante a caminhada deste trimestre, convido você a se colocar no lugar do autor e vivenciar cada momento ao estudar os textos bíblicos. Que este não seja simplesmente mais um trimestre, mas que faça a diferença em sua vida cristã e na de seus alunos. Aproveite cada aula, cada momento para se aproximar mais de Deus, reconhecer sua justiça e seu amor para com o ser humano. Caminharemos juntos por 13 lições, por isso, esperamos que seja agradável e produtivo para você.
O comentarista do trimestre é o pastor Natalino das Neves. Ele é mestre e doutorando em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná — PUC.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor(a), sugerimos que você faça a leitura de toda a epístola aos Romanos e todas as lições desta revista. Na sequência estude a lição específica que vai lecionar, destacando os principais pontos. Se possível, consulte literaturas que falem sobre o assunto e prepare um esboço sobre a lição, destacando os pontos principais de cada tópico em forma de frases.
Durante a aula, não leia a revista com os(as) alunos(as), mas apresente os principais pontos e incentive a participação de todos. Estimule os(as) alunos(as) a estudarem previamente a lição em suas casas.

TEXTO BÍBLICO

Romanos 1.1-8,13,16,17.
1 — Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus,
2 — o qual antes havia prometido pelos seus profetas nas Santas Escrituras,
3 — acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne,
4 — declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos — Jesus Cristo, nosso Senhor,
5 — pelo qual recebemos a graça e o apostolado, para a obediência da fé entre todas as gentes pelo seu nome,
6 — entre as quais sois também vós chamados para serdes de Jesus Cristo.
7 — A todos os que estais em Roma, amados de Deus, chamados santos: Graça e paz de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.
8 — Primeiramente, dou graças ao meu Deus por Jesus Cristo, acerca de vós todos, porque em todo o mundo é anunciada a vossa fé.
13 — Não quero, porém, irmãos, que ignoreis que muitas vezes propus ir ter convosco (mas até agora tenho sido impedido) para também ter entre vós algum fruto, como também entre os demais gentios.
16 — Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego.
17 — Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé.

COMENTÁRIO DA LIÇÃO

INTRODUÇÃO
Neste trimestre estudaremos a respeito da primeira epístola do cânon paulino, que apesar de ter um enfoque pastoral, é a mais longa e mais teológica de todas suas epístolas. Movido pela paixão que tinha pela evangelização dos gentios e o desejo de conhecê-los pessoalmente, o apóstolo escreveu, excepcionalmente, para uma igreja que ele não havia fundado. Paulo precisava auxiliar a comunidade, formada em sua maioria por gentios e uma minoria de judeus, que enfrentava conflitos com relação aos requisitos necessários para a justificação diante de Deus. Nesta epístola o apóstolo apresenta um espetacular tratado para demonstrar que a justificação se dá por meio da fé e não pelas obras. [Comentário: A proposta deste trimestre é ousada enquanto navega por águas profundas da teologia paulina aplicada à doutrina da justificação pela fé. Agostinho, Lutero e Wesley, três figuras extremamente importantes para a nossa herança cristã, viveram a firmeza da fé através do impacto da carta aos Romanos em suas vidas. Ao estudar esta obra de Paulo e os respectivos comentários de Santo Agostinho, Lutero chega às questões de justificação, graça e fé, centrais na reforma protestante. Curiosamente, para Lutero, a Carta aos Romanos era uma espécie de porta para a compreensão de toda a Escritura. "O primeiro mérito de Lutero é ter destacado, ainda que por vias tortuosas, o evangelho de Paulo, o mais antigo escritor do Novo Testamento e o primeiro intérprete da mensagem cristã. Para ele, a carta abre à inteligência de toda a Bíblia, que deve ser entendida toda de Cristo". Paulo explica aos Romanos como a salvação é aplicada por meio do Evangelho de Jesus Cristo. Esta é a primeira e a mais longa das Epístolas Paulinas, e é considerada a epístola com o "mais importante legado teológico". As cartas apostólicas, como um todo, constituem-se num importantíssimo segmento do ensinamento neotestamentário, porque são um vasto celeiro de ensinamentos teológicos, doutrinários e morais. Dentre as cartas de Paulo, certamente, a Carta aos Romanos ocupa lugar de destaque. Alguém já a chamou de “evangelho dentro do evangelho”, dado à forma linear, sistemática, profunda e completa pela qual seu autor expõe sua compreensão do plano da salvação. Assim expressou-se Lutero acerca desta epístola: “Esta carta e verdadeiramente a mais importante peça do Novo Testamento. É o evangelho mais puro.”] Let's think maturely Christian faith?
 

I. PRIMEIRAS QUESTÕES
1. Autoria, data e local da escrita. A autoria paulina da Epístola aos Romanos não é colocada em dúvida. Entretanto, desta vez, Paulo não escreveu com suas próprias mãos, mas ditou a carta ao copista Tércio, provavelmente conhecido dos irmãos da igreja de Roma, pois ele aproveita para enviar-lhes saudações (Rm 16.22). A epístola foi escrita durante os três meses que o apóstolo esteve em Corinto, hospedado na casa de Gaio, em sua terceira viagem missionária, aproximadamente no final do ano de 56 e início de 57 d. C. Paulo movido pelo ardor missionário de alcançar a Espanha (Rm 15.24), após levantar ofertas para as igrejas gentílicas para ajudar a comunidade de Jerusalém, anuncia que fará escala na igreja de Roma, com a certeza de que seria abençoado e abençoaria a igreja romana com a mensagem do Evangelho (Rm 15.25-29). [Comentário: A autoria de Paulo da carta aos Romanos é universalmente aceita, não existindo contestação relevante, seja do ponto de vista documental, seja da alta crítica. Não somente ela vem declarada na sua costumeira saudação (confira 1.1) como vem amparada por fatos históricos, tais como sua pretensão de ir a Roma (1.15, 15.24) em caminho para a Espanha, ou a referência à coleta feita em favor da igrejas empobrecidas de Jerusalém (15.26-33), como ainda por referências próprias características, tais como a de ser apóstolo entre os gentios (confira 15.16; Ef 3.7,8; Cl 1.27; Gl 1.16). Acresce-se, ainda a esses elementos, referências a pessoas de conhecimento comum, tais como Febe, Priscila e Áquila e Timóteo, que se tornam elo importante entre o escritor e os destinatários Estima-se que este texto tenha sido escrito no inverno de 57-58 d.C., estando Paulo em Corinto, na casa de seu amigo Gaio, ao final de sua terceira viagem missionária aos territórios que margeiam o Mar Egeu e às vésperas de partir para Jerusalém, levando a oferta para os crentes pobres (15.22-27). O portador é uma senhora chamada Febe, de Cencréia, subúrbio de Corinto, que estava de saída para Roma (16.1-2). Como não havia serviço postal particular no Império Romano da época, as cartas eram enviadas por viajantes de confiança. Tércio era o secretário ou amanuense que escrevia enquanto Paulo ditava (Veja Gl 6.11). Paulo usava regularmente um amanuense, identificando as epístolas como suas mediante uma breve saudação escrita de próprio punho (1Co 16.21; Gl 6.11; Cl 4.18; 2Ts 3.17).]
2. A cidade de Roma. Para Roma afluíam pessoas de todas as partes do Império Romano por meio de um moderno sistema de estradas. Pesquisas arqueológicas demonstram que era habitada desde a Era do Bronze, cerca de 1500 a. C., neste período foi submetida a invasões de vários povos como os gregos, etruscos e outros. Portanto, na cidade de Roma, devido a essa miscigenação, havia as mais diversas religiões e filosofias da época. Na área religiosa, era famosa pelo seu politeísmo e superstições. Os deuses do panteão grego foram adotados pelos romanos, todavia seus nomes originais foram trocados. Entre os principais deuses romanos estão: Júpiter, Juno, Apolo, Marte, Diana, Vênus, Ceres e Baco. Quando o apóstolo Paulo chegou a Roma, cerca de 60 d. C., encontrou uma população diversificada e cosmopolita. Os monumentos públicos lembravam aos visitantes o poder, as tradições e a amplitude do Império Romano. No tempo do apóstolo em Roma havia cerca de um milhão de habitantes. [Comentário: Roma, a cidade eterna, como era designada, era uma cidade voltada ao prazer a qualquer preço, basta lembrar uma das frases de Júlio César, no tocante a isso. Dizia ele: “Quero ser o homem de todas as mulheres, e a mulher de todos os homens”. Segundo a lenda, Roma foi fundada em 753 a.C, às margens do rio Tibre, sobre sete colinas: Palatino, Aventino, Campidoglio, Quirinale, Viminale, Esquilino e Celio, por dois irmãos, Rômulo e Remo, que teriam sido criados por uma loba. Ainda segundo a lenda, Rômulo matou Remo e se tornou o primeiro rei de Roma. Na época do Novo Testamento, Roma ocupava um lugar central em toda a sociedade ao redor do Mediterrâneo. Havia estradas por todo o Império Romano que ligavam as cidades a Roma, facilitando o comércio e a migração de pessoas. A população da cidade era de cerca de 1.200.000 pessoas, sendo a metade composta por escravos e tendo muitas pessoas livres vivendo de esmolas. Havia muito luxo na cidade, mas também muita devassidão moral e muitos crimes. A educação era reservada para poucos, entre os quais não se encontravam os plebeus]
3. A comunidade judaica em Roma. Judeus de todas as classes sociais viviam em Roma ou a visitava. Arqueólogos descobriram nas ruínas romanas várias inscrições com nomes das mais variadas origens e também nomes judaicos, inclusive as inscrições nas catacumbas judaicas indicam que a metade dos judeus tinha nomes latinos, provavelmente obtidos por emancipação da escravidão. A comunidade judaica era bem representada na capital do império, a ponto de no primeiro século constituir o maior centro judaico do mundo antigo, tendo pelo menos 13 sinagogas na cidade. Os judeus contavam com a simpatia da população. Isto se refletia na prática judaica de fazer prosélitos, a ponto de terem como convertidos ao judaísmo pessoas como Fúlvia, esposa de senador; Pompeia, esposa de Nero; e Flávio Clemente, primo de Domiciano, entre outros. Entre os prosélitos no dia de Pentecostes, provavelmente estavam vários romanos. [Comentário: Roma era a capital do mundo. É raro uma grande potência expressar compaixão por suas vítimas, mas quando Jerusalém caiu nas mãos dos romanos, em 70 d.C., foram cunhadas moedas muito comoventes. Uma destas trazia, de um lado, um soldado romano com a inscrição Judea Capta (a Judéia foi conquistada) e, do outro, uma mulher judia chorando sob uma árvore. Não sabemos quem fundou a igreja de Roma. Certamente não foi Pedro, ou qualquer dos outros apóstolos, já que Paulo dificilmente enviaria uma carta doutrinária a uma igreja que tivesse à sua frente um dos apóstolos. Nesta mesma Epístola ele diz que “não edifica sobre fundamento alheio” (Rm 15.20). Entende-se que foram visitantes de Roma que estiveram em Jerusalém durante a festa da Páscoa e se converteram no Pentecoste, voltaram a Roma levando a semente do Evangelho. Essa Igreja era predominantemente gentílica, e estava agindo de forma intolerante contra os cristãos judeus que obedeciam as regras alimentares e datas cerimoniais da tradição judaica.]

Pense!
“A Epístola aos Romanos é o principal livro do Novo Testamento e o mais puro Evangelho, tão valioso que um cristão não só deveria saber de memória cada palavra dela, mas tê-la consigo diariamente, como o pão cotidiano de sua alma” (Martinho Lutero).

Ponto Importante
A comunidade judaica em Roma era forte e provocava conflitos na comunidade cristã por meio da influência sobre judeus convertidos ao cristianismo.

II. OS DESTINATÁRIOS E O PROPÓSITO DA EPÍSTOLA
1. Endereço e saudação (Rm 1.1-7). A epístola de Paulo tinha um endereço certo: a comunidade cristã em Roma. Ele inicia com uma apresentação semelhante às demais epístolas que escreveu, entretanto, como ele não conhecia a comunidade cristã em Roma, acentua suas credenciais de servo, apóstolo e escolhido de Deus (Rm 1.1-7), se igualando aos profetas do AT (Am 3.7; Jr 25.4; 1.5). Em sua saudação, argumenta que o Evangelho que ele conhecera já havia sido predito pelos profetas. Na sequência, aborda a ação da Trindade, enfatizando a encarnação de Cristo, demonstrando sua humanidade, bem como sua divindade sob a ação do Espírito Santo. Defende seu apostolado, como recebido de Deus para a salvação das pessoas chamadas à obediência. Estimula a comunidade, afirmando que eles faziam parte desse povo escolhido. [Comentário: Na antiguidade, toda carta grega seguia uma metodologia padrão de construção. A primeira parte deveria identificar o remetente e sua saudação. Paulo se vale dessa formalidade para apresentar-se de forma mais clara e ampla possível a uma comunidade de irmãos que até aquele momento ele não conhecia pessoalmente, mas esperava conhecê-los em breve. O apóstolo se apresenta como servo de Cristo. A palavra original doulos, derivada do verbo deo (algemar, aprisionar), significa também escravo. Para um grego dessa época essa era uma expressão de vergonha e rebaixamento. Para os judeus, entretanto, era a mais expressiva forma de se posicionar em adoração ao Senhor Deus. Todo cristão é um servo do Senhor Jesus. O termo “servo” exprime total entrega à vontade de Cristo. Após uma saudação e ação de graças, Paulo passa a discorrer sobre a revelação da justiça de Deus ao homem e a aplicação desta a sua necessidade espiritual. De imediato introduz o tema (Justiça de Deus) que deve ser base de toda experiência cristã, ressaltando que ninguém pode entrar em contato com Deus, senão depois de estabelecida uma via de acesso adequado. Apresenta-se como apóstolo dos gentios e deixa transparecer seu direcionamento especial a estes, bem como a necessidade que todo homem tem da salvação.]
2. A comunidade cristã em Roma. Aproximadamente cinco anos depois de escrita a carta, o apóstolo chega à Roma. Mais tarde do que planejado e em condições (transporte de prisioneiros) que não imaginava na época da escrita. A comunidade cristã em Roma provavelmente foi fruto da facilidade de locomoção proporcionada pelo comércio mundial e a diáspora judaica, como os romanos que estiveram no Pentecostes (At 2). A igreja em Roma era constituída por judeus e gentios, sendo que estes últimos foram se tornando a maioria. Esta diferença foi mais acentuada depois do decreto do Imperador Cláudio que baniu os judeus de Roma, aproximadamente em 49 d.C., incluindo Áquila e Priscila (At 18.1-3). A composição da igreja pode ser percebida na lista de Rm 16.1-5, maioria de gentios e presença feminina (11 mulheres e 18 homens). [Comentário: Entendendo que concluíra seu trabalho evangelístico na região da Galácia, da Macedônia, da Acaia e da Ásia, com a fundação e estabelecimento de muitas igrejas; e entregues essas a seus pastores e líderes, Paulo planeja ampliar seu horizonte de evangelização. Queria campos novos para evangelizar para Cristo. Não querendo “edificar sobre fundamento alheio” (Rm 15.20), decidiu ir à Espanha, a mais antiga colônia romana do Ocidente. Mas a ida à Espanha também lhe daria a oportunidade de realizar um antigo sonho. Como cidadão romano, por direito de nascença (At 22.28) ele ainda não conhecia Roma. Seria, então unir o útil ao agradável, passar por Roma, em seu caminho para a Espanha. Seu objetivo era preparar os cristãos de Roma para sua chegada. O núcleo dessa igreja formara-se, provavelmente, dos romanos que haviam estado em Jerusalém no dia de Pentecostes (At 2.10). Nesse período de 28 anos a igreja cresceu, com cristãos provindos de vários lugares, sendo alguns deles amigos e discípulos de Paulo. A carta serve, portanto, como uma carta de apresentação, na qual o Apóstolo expõe, de forma sistemática sua compreensão do evangelho de Cristo, do qual se chamava apóstolo. Ele não chegará a Roma senão três anos depois de sua famosa carta. Há boas razões para crer que esta carta tenha sido enviada a outras igrejas, além de Roma. Uma delas está na forma como termina o capítulo 15, fazendo crer que havia uma versão onde não constava o capítulo 16, pelo fato de este referir-se a pessoas conhecidas e tratar de assuntos bem particulares. http://www.monergismo.com/textos/comentarios/romanos_amorese.htm]
3. O propósito da epístola. Aparentemente não tinha um único propósito. Pelo menos quatro podem ser identificados: a) missionário: evidente sentimento paulino de que o trabalho missionário na Ásia e na Grécia já estava completo (Rm 15.19,20) e tencionava levar o Evangelho até a Europa; b) doutrinário: exposição de forma didática e compreensiva das verdades centrais do Evangelho, provável deficiência devido à ausência de um líder apostólico; c) apologético: argumentação sobre a justificação pela fé não parece ser simplesmente informativa, mas uma oposição aos judaizantes que estavam atuando na cidade (Rm 14-15); d) didático: principalmente na seção de prática geral, sobre a moral e a conduta cristã (Rm 12-15), que tem por alvo ensinar, informar e iluminar, e não meramente resolver determinados problemas. [Comentário: A Epístola aos Romanos é uma resposta completa, lógica e reveladora para a grande pergunta da humanidade em todos os tempos: “Como pode o homem ser justo para com Deus?” (Jó 9.2). A discussão sobre o tema justificação toma o espaço dos capítulos 1 ao 5. A base dos argumentos de Paulo é a longânime, infalível e eterna justiça de Deus. O texto desta surpreendente epístola nos apresenta, de forma progressiva, a compreensão que seu autor tem da expressão de Habacuque 2:4: “O justo viverá pela sua fé”. Apresentando de outra forma esta expressão-chave, redigi-la-íamos, de forma livre, assim: “aquele que pela fé é justificado, terá vida eterna”. A Bíblia na Linguagem de Hoje fornece a seguinte tradução: “Viverá aquele que, por meio da fé, é aceito por Deus”. A carta de Paulo aos Romanos, como um todo, pode ser dividida nas duas partes: uma parte doutrinária (capítulos 1 a 11) e outra prática (capítulos 12 a 16). Dentro da parte doutrinária, Paulo desenvolve de forma soberba seu tema introdutório, deixando para a parte prática recomendações de santidade. Essa primeira parte, divide-a ele em dois segmentos. O primeiro, trata da iniciativa de Deus em relação à redenção humana (“aquele que pela fé é justificado)”, onde desenvolve os temas da justiça de Deus em condenar o pecador, da indesculpabilidade humana, da justificação do pecador e da aceitabilidade do homem diante de Deus, através da fé. O segundo segmento, (“viverá”), fala da vida prometida aos justificados por Deus, incluindo aí as expectativas de Deus quanto à resposta humana à sua iniciativa de amor. Para desenvolver sua primeira parte do argumento, Paulo mostra que todos os homens precisam de salvação, porque, judeus ou não-judeus, todos são pecadores diante de Deus. Nesse movimento de raciocínio, o Apóstolo demonstra que tanto os homens depravados quanto os moralistas ou mesmo os religiosos são culpados diante de Deus. Uns pecaram sem conhecer a lei de Deus, e serão julgados de forma condizente; outros pecaram contra a lei de Deus, e serão julgados mediante a mesma. Dessa forma, Paulo conclui que “não há justo, nem sequer um” (3:10). Assim, se alguém tiver que ser justificado diante de Deus, não o será por meio de obras, mas tão somente pela sua graça, que é capaz de tornar justo o ímpio. Desta forma, Deus é apresentado como justo e justificador daquele que crê em Jesus. Segue-se, ainda na parte doutrinária, uma exposição do poder de Deus em santificar o crente (capítulos 5 a 8) onde apresenta os temas da paz com Deus, da união com Cristo, da libertação do domínio da lei, da vida no Espírito e da vitória pelo Deus da graça. Abre-se, então, um parêntesis no veio principal da argumentação do autor, onde se apresentam temas difíceis, relacionados à justiça de Deus na história humana (capítulos 9 a 11). Nesse parêntesis Paulo trata, com exemplos da história de Israel, da questão da soberania Divina, em contraposição à liberdade e responsabilidades humanas, colocando frente-à-frente, sem resolvê-los, temas aparentemente contraditórios e inconciliáveis como um Deus soberano que, todavia, responsabiliza o homem por seu mau caminho. Deixa, contudo, uma luz final, dizendo que o propósito final do Altíssimo é o de “usar de misericórdia para com todos” (11:32). Segue-se a parte prática da carta que, iniciando no capítulo 12, segue até ao final, com recomendações à santidade e obediência na vida diária coletiva e individual. Nesta parte, após uma introdução na qual apela por consagração integral do cristão (12:1, 2), desenvolve recomendações de que o cristão se faça servo, seja no uso adequado dos dons, seja no uso do amor que vence o mal (12:3-21); de que o cristão se porte adequadamente como cidadão (13:1-14); de que o cristão manifeste sua salvação junto à igreja, seja no manejo da liberdade, seja no uso do amor altruísta (14:1-15:21). http://www.monergismo.com/textos/comentarios/romanos_amorese.htm]

Pense!
O apóstolo Paulo depois de fazer um grande trabalho na Ásia e na Grécia, não se deu por satisfeito e começa novo projeto para alcançar almas para Cristo em regiões distantes como Roma e Espanha. Jovem, você está satisfeito com o que já fez pelo Evangelho? Você pode fazer mais e melhor?

Ponto Importante
A comunidade cristã em Roma não foi fundada por Paulo e na época da escrita não tinha nenhum dos principais líderes da igreja para orientá-los. Por isso, o apóstolo dedica uma epístola com profundidade doutrinária para orientar e defender a mensagem do Evangelho.

III. A GRATIDÃO DE PAULO E A JUSTIÇA DE DEUS REVELADA

1. Paulo agradece a Deus pela comunidade cristã em Roma (Rm 1.8-15). Após as saudações (1.1-7), Paulo faz uma oração de agradecimento pelos cristãos romanos, demonstrando seu interesse pela comunidade (Rm 1.8-15). O fato de Paulo não ser o fundador da igreja não o impediu de orar e reconhecer a fé e o trabalho de seus membros. Seu exemplo evidencia que o interesse coletivo deve estar acima dos interesses pessoais. Ele nos dá um exemplo de como devem ser conduzidas as atividades no Reino de Deus. A comunidade em Roma deve ter se sentido amada, pois o apóstolo tem o cuidado de manifestar o seu desejo ardente de estar com eles, bem como informar que já havia tentado estar com eles, porém sem sucesso. Muitas pessoas são maltratadas por meio de interpretações teológicas antibíblicas que intimidam e provocam pavor, diferente do apóstolo Paulo que fortalece e encoraja o grupo, sem descuidar da verdade do Evangelho. [Comentário: Paulo  não conhecia a igreja em Roma, entretanto, intentando ir à Espanha, evangelizar, (Rm 15.24) espera visitá-la no caminho, assim como tê-la como um apoio em sua empreitada. É uma carta para apresentar-se, isto é, discorrer sobre seu ministério e entendimento do evangelho, que são suas credenciais, assim como solicitar apoio financeiro e logístico para sua viagem missionária até a Espanha. Viagem esta que nunca aconteceu, Paulo foi a Roma como prisioneiro e lá foi morto. Paulo agradece a Deus pela fé dos romanos, que se tornou conhecida em todo o mundo. Paulo pedia que Deus permitisse sua visita a Roma. Este exemplo nos ensina uma lição importante sobre a oração. Paulo escreveu esta carta perto do final de sua terceira viagem, pouco antes de levar ofertas dos gentios aos irmãos necessitados em Jerusalém. Ele falou dos seus planos e da sua vontade de fazer outra viagem depois, passando por Roma e continuando até a Espanha (15.25-28). Naturalmente, ele orava a respeito desses planos. De fato, Paulo chegou a Roma aproximadamente três anos depois de enviar esta carta, mas não da maneira que ele imaginava. Ele foi preso em Jerusalém, ficou mais dois anos na prisão em Cesaréia, e chegou a Roma depois de uma viagem cheia de calamidades e perigos. Quando oramos, devemos lembrar que Deus sempre atende as orações dos fiéis, mas nem sempre da maneira que imaginamos!]
2. Paulo era testemunha da justiça de Deus revelada pelo poder do Evangelho (Rm 1.16). O apóstolo reconhecia a situação em que estava, diante de Deus, antes de conhecer a Jesus e a mudança que o Evangelho fez em sua vida, após o encontro no caminho de Damasco (At 9). Da mesma forma que os judeus e alguns judeu-cristãos que não conseguiam se desvincular de forma definitiva do jugo da lei judaica, ele havia dedicado grande parte de sua vida em defesa dessa religião e tentado impor o peso destas doutrinas e crenças, pensando estar na direção e vontade de Deus. Convicto de sua justificação pela fé e não pelas obras, testifica o seu amor ao Evangelho, a ponto de afirmar: “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16). No século atual, enquanto muitas pessoas estão se identificando como cristãos evangélicos para tirar vantagem, outros continuam negando sua fé por temer as represálias. Jovem, defenda a bandeira do Evangelho. [Comentário: Talvez em nenhum outro ajuntamento humano se faça sentir tanto a necessidade de salvação quanto na cidade. Por sua insensibilidade e frieza a cidade põe o ser humano a nu com suas fraquezas, instintos e deficiências morais. O mundo rural tende a preservar os valores; o mundo urbano a desprezá-los em favor da sobrevivência. Sobreviver torna-se mais importante do que preservar valores éticos e morais. Só o evangelho pode salvar o homem, com especialidade o homem urbano, pois:
1-É o poder de Deus para regenerar qualquer ser humano, assim como para libertá-lo de todo o poder do mal.
2-Não depende do ser humano, pois é fruto de fé e fé é dom de Deus (Ef 2.8); a salvação é imerecida.
3-E assim é porque Deus declara justificado aquele que crê. E no que crê aquele que é justificado por Deus? Crê no fato de que a morte de Jesus Cristo pagou pelos erros da humanidade e, consequentemente, pelos seus erros em particular.
O evangelho não vem apenas em poder, mas é o próprio poder de Deus. Paulo o reputa como um tesouro sagrado (1Tm 1.11 e 15). Paulo aqui antecipa uma objeção, declarando de antemão que não se deixava intimidar pelos escárnios dos ímpios. Ele aproveita a oportunidade para enaltecer os méritos do evangelho, a fim de que ele não viesse a ser desdenhado pelos romanos. Note o leitor que, ao afirmar que não se sentia envergonhado em relação ao evangelho, Paulo está insinuando que o evangelho era de fato desprezível aos olhos do mundo! Em contrapartida, ele o expõe aos crentes como sendo de supremo valor. Note o leitor, ainda, quanto valor Paulo atribui ao ministério da Palavra ao declarar que Deus exerce seu poder nela para nossa salvação. Ele aqui não está falando de alguma revelação secreta, e, sim, da pregação por meio da expressão verbal que vem dos lábios. Segue-se disso que aqueles que se retraem de ouvir a Palavra proclamada estão premeditadamente rejeitando o poder de Deus e repelindo de si a mão divina que pode libertá-los. Quando o Espírito Santo ilumina nossos corações (Jo 16.8), pela pregação do evangelho, seu poder se manifesta transformando a vida do que crê. Assim, o evangelho é aroma de morte para os ímpios, para os que permanecem entregues à própria perversidade, mas para nós que estão sendo salvos, é aroma de Cristo! (2Co 2.15). Portanto, visto que o evangelho livra da ruína e da maldição da morte eterna, a salvação que ele assegura não é outra coisa senão a vida eterna. “Poder de Deus para salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16).]

Pense!
Um versículo da Epístola aos Romanos (Rm 1.17) foi a mola propulsora para transformar a realidade da humanidade, mudou a história ocidental por meio da Reforma Protestante.

Ponto Importante
O apóstolo Paulo deu um grande exemplo de quem valoriza o coletivo e não os interesses pessoais. Uma vida verdadeiramente transformada pela justiça de Deus revelada por meio da Epístola aos Romanos.

CONCLUSÃO
Nesta lição aprendemos que a epístola foi escrita por Paulo, por volta de 57 a.C., na cidade de Corinto, durante a terceira viagem missionária de Paulo. A comunidade cristã de Roma não foi fundada por Paulo, mas ele se ocupou em reforçar para a comunidade a revelação da justiça de Deus por meio da fé, tema central da epístola e fundamento para o desencadeamento da Reforma Protestante do Século XVI. [Comentário: O evangelho é o poder de Deus revelado no seu filho, Jesus Cristo; o Rev Hernandes Dias Lopes escreve sobre qual é a natureza do evangelho: “O evangelho trata das boas novas de salvação num mundo imerso na mais completa perdição. O homem morto em seus delitos e pecados é escravo da carne, do mundo e do diabo. É filho da ira e caminha para a perdição. Está no reino das trevas e sob a potestade de Satanás. Sem qualquer mérito existente nesse homem, Deus o amou. Mesmo sendo inimigo de Deus, o próprio Deus caminhou na sua direção para reconciliá-lo consigo mesmo por meio de Cristo Jesus. O Evangelho, portanto, é Deus buscando o perdido. É Deus abrindo para o pecador um novo e vivo caminho para o céu. O evangelho é a expressão da graça de Deus, manifestada em Cristo, aos pecadores perdidos.”( http://hernandesdiaslopes.com.br/2012/09/as-boas-novas-do-evangelho-num-mundo-de-mas-noticias/#.VoHJek8afIV) Em Romanos temos a essência desse evangelho, aqui Paulo afirma que o propósito da morte e ressurreição de Cristo é trazer todos à obediência da fé (vs.5). O homem que realmente aceita Cristo vai obedecer a Cristo e provar a sua fé. Assim expressou-se Lutero acerca desta epístola: “Esta carta e verdadeiramente a mais importante peça do Novo Testamento. É o evangelho mais puro.” ] “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Francisco Barbosa
Campina Grande-PB
Dezembro de 2015


ESTANTE DO PROFESSOR
CABRAL, Elienai. Romanos: O evangelho da justiça de Deus. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1986.
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico de Matthew Henry. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2002.
ZUCK, Roy B. Teologia do Novo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2008.

HORA DA REVISÃO
1. Segundo a lição quem foi o autor, qual a data e o local da escrita da Epístola aos Romanos?
A Epístola aos Romanos foi escrita pelo apóstolo Paulo, em 57 d.C., na cidade de Corinto, durante a sua terceira viagem missionária.
2. Quais eram os principais deuses romanos?
Entre os principais deuses romanos estão: Júpiter, Juno, Apolo, Marte, Diana, Vênus, Ceres e Baco.
3. Quando e por quem os judeus foram banidos de Roma? Qual casal estava entre os judeus banidos?
O imperador Cláudio baniu os judeus de Roma em 49 d.C., por meio de um decreto. Entre os judeus banidos estava Áquila e Priscila (At 18.1-3).
4. O apóstolo Paulo foi o fundador da comunidade cristã em Roma?
Não.
5. Qual o versículo da Epístola aos Romanos influenciou a teologia de Martinho Lutero, o principal protagonista da Reforma Protestante?
Romanos 1.17.

SUBSÍDIO
 “O escrito que mais se aproxima de uma apresentação teológica sistemática é a epístola aos Romanos, a única epístola, entre as seis, escrita para uma igreja que Paulo não fundou. Todavia, o foco, mesmo no caso de Romanos, não é a teologia em geral, mas a apresentação da mensagem da salvação. Embora Paulo não tivesse visitado a igreja, ele esperava ser bem recebido como apóstolo de Deus e encontrar apoio para seus planos de plantar igrejas nas regiões ocidentes do Império Romano” (ZUCK, Roy B. Teologia do Novo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2008, p.271).