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UM COMENTÁRIO APROFUNDADO DA LIÇÃO, PARA FAZER A DIFERENÇA!

Este Blog não é a palavra oficial da Igreja ou da CPAD. O plano de aula traz um reforço ao seu estudo. As ideias defendidas pelo autor do Blog podem e devem ser ponderadas e questionadas, caso o leitor achar necessário. Obrigado por sua visita! Boa leitura e seja abençoado!

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9 de dezembro de 2015

JOVENS-Lição 11: Relacionamento e Perdão



Lições Bíblicas CPAD – Jovens - 4º Trimestre de 2015
Título: Estabelecendo relacionamentos saudáveis — Vivendo e aprendendo a viver
Comentarista: Esdras Costa Bentho


Lição 11: Relacionamento e perdão
Data: 13 de Dezembro de 2015

TEXTO DO DIA
Então, Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe disse: Não te digo que até sete, mas até setenta vezes sete(Mt 18.21,22).

SÍNTESE
A doutrina bíblica do perdão é um bálsamo santo sobre a consciência pecaminosa do homem e uma ponte para relacionamentos rompidos.

AGENDA DE LEITURA
SEGUNDA — 1Co 13.1-13 - Perdão é o amor em ação
TERÇA — Gn 45.1-14 - O perdão irrestrito de José
QUARTA — At 7.54-60 - O perdão orante de Estêvão
QUINTA — Sl 51.1-19 - Suplicando o perdão divino
SEXTA — Mt 6.9-15 - Exortação ao perdão
SÁBADO — Mt 5.43-48 - O perdão conduz à perfeição

OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
  • DEFINIR perdão nas línguas bíblicas;
  • DESFAZER os equívocos sobre o perdão;
  • PRATICAR o perdão como uma dádiva.

INTERAÇÃO
Professor, como orientadores de nossos alunos, precisamos sempre estar em comunhão com nosso Senhor Jesus Cristo. Não somos apenas “transmissores” de doutrinas, mas profetas para a presente geração. Deste modo, é necessário que vigiemos para que a inquietação da vida cotidiana não subtraia os instantes que costumamos dedicar à comunhão diária com Cristo. Trabalho, estudo, tempo gasto no trânsito, nas filas — tudo coopera para a fragilidade dos relacionamentos seja social, seja espiritual. Contudo, precisamos nos dedicar a oração, ao estudo da Palavra e adoração ao Senhor. Não é possível influenciar nossos alunos apenas com palavras é preciso exemplo!

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Nesta lição estudaremos um tema muito conhecido pelos cristãos: a prática do perdão. Embora conhecido enquanto doutrina, muitos cristãos não perdoam com facilidade os agravos cometidos. Por isso é necessário sempre retornar ao assunto. O perdão envolve um ofensor (aquele que cometeu a ofensa) e um ofendido (aquele que sofreu a ofensa). Quem administra o perdão é este último. A ele cabe o dever de perdoar a ofensa cometida. Assim, oriente aos alunos a respeito do valor do perdão como mandamento divino e como saúde para as emoções e relacionamentos.

TEXTO BÍBLICO
Mateus 18.21-35.
21 — Então, Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete?
22 — Jesus lhe disse: Não te digo que até sete, mas até setenta vezes sete.
23 — Por isso, o Reino dos céus pode comparar-se a um certo rei que quis fazer contas com os seus servos;
24 — e, começando a fazer contas, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos.
25 — E, não tendo com que pagar, o seu senhor mandou que ele, e sua mulher, e seus filhos fossem vendidos, com tudo quanto tinha, para que a dívida se lhe pagasse.
26 — Então, aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, sê generoso para comigo, e tudo te pagarei.
27 — Então, o senhor daquele servo, movido de íntima compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a dívida.
28 — Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem dinheiros e, lançando mão dele, sufocava-o, dizendo: Paga-me o que me deves.
29 — Então, o seu companheiro, prostrando-se a seus pés, rogava-lhe, dizendo: Sê generoso para comigo, e tudo te pagarei.
30 — Ele, porém, não quis; antes, foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida.
31 — Vendo, pois, os seus conservos o que lhe acontecia, contristaram-se muito e foram declarar ao seu senhor tudo o que se passara.
32 — Então, o seu senhor, chamando-o à sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste.
33 — Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti?
34 — E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que devia.
35 — Assim vos fará também meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas.

COMENTÁRIO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO

A doutrina do perdão é um dos grandes pilares dos ensinos do Novo Testamento. Não é possível ser verdadeiro imitador de Cristo sem o exercício do perdão. Jesus não apenas perdoou como também ensinou o perdão, seja por parábolas, seja por ensinos diretos. O perdão vence os sentimentos de ira e vingança e estabelece a paz entre Deus e o homem e entre o homem e o seu próximo. Nesta lição estudaremos a doutrina do perdão e sua importância nas interações humanas. [Comentário: O relacionamento entre pessoas tem sido complicado desde a criação, como também o relacionamento entre homem e Deus. Isso é devido à deformação na forma de ver as coisas. Como ficará claro ao longo desta lição, a palavra grega traduzida como "perdoar" significa literalmente cancelar ou remir, isti é, liberação ou cancelamento de uma obrigação. Foi algumas vezes usada no sentido de perdoar um débito financeiro. O conceito bíblico de perdão deriva do entendimento de que o pecador é um devedor espiritual; uma pessoa se torna devedora quando transgride a lei de Deus (1Jo 3.4). Deus nos tem perdoado em Cristo uma multidão de pecados pelos quais jamais poderíamos pagar para satisfazer à justiça da santidade divina, e assim como Ele nos perdoou em Cristo, também devemos perdoar. O exercício do perdão caracteriza um cristão verdadeiro e é por causa de sua falta que somos disciplinados pelo Senhor com os Seus juízos corretivos quando nos deixamos vencer por mágoas, ressentimentos e amarguras contra o nosso próximo, seja por qual motivo for.]


I. O QUE É O PERDÃO
1. Nas línguas bíblicas. O vocabulário para “perdão” nas Escrituras do Antigo e Novo Testamentos é variado e rico. No hebraico, salach, designa a ação misericordiosa de Deus mediante a qual Ele perdoa, desculpa e livra o pecador da culpa e do castigo advindos pela transgressão (Gn 18.26; Lv 4.20; Nm 14.19; 15.25; Sl 25.18; 32.1,5; 85.2; Rm 4.6-8). No grego, aphiemi, quer dizer “soltar”, “cancelar”, “remir” e “perdoar” e aparece nos Evangelhos referindo-se ao perdão dos pecados (Mt 26.28; Mc 2.5; Lc 7.47), de dívidas (Mt 6.12) e “ofensas” (Mc 11.25). [Comentário: A palavra grega traduzida como "perdoar" significa literalmente cancelar ou remir. Significa a liberação ou cancelamento de uma obrigação e foi algumas vezes usada no sentido de perdoar um débito financeiro. Para entendermos o significado desta palavra dentro do conceito bíblico de perdão, precisamos entender que o pecador é um devedor espiritual. Até Jesus usou esta linguagem figurativa quando ensinou aos discípulos como orar: "e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores" (Mt 6.12). Uma pessoa se torna devedora quando transgride a lei de Deus (1 João 3:4). Cada pessoa que peca precisa suportar a culpa de sua própria transgressão (Ez 18.4,20) e o justo castigo do pecado resultante (Rm 6.23). Ele ocupa a posição de pecador aos olhos de Deus e perde sua comunhão com Deus (Is 59.1-2; 1Jo 1.5-7). Os vocábulos utilizados tanto no texto do Antigo quanto do Novo Testamento nos ensinam o seguinte: O perdão de Deus:
- Perdão completo, não parcial. Ele perdoa a todas as iniqüidades (Sl 103.3).
- Perdão imediato, não tardio. Ele é pronto em perdoar e abundante (Sl 86.5).
- Perdão com alegria, não de mau-humor. Ele tem prazer (Mq 7.18).
- Perdão definitivo, não guarda rancor. Ele esquece dos pecados (Is 43.25; Jr 31.34; Is 1.18)
- Perdão grande, não pequeno. Ele é grandioso em perdoar (Is 55.7; Ne 9.17).
Tememos a Deus pois mesmo podendo condenar, Ele perdoa (Mt 10.28; Sl 130.4). Na oração do Pai nosso em Mateus 6.12, lemos: "E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores;", o que nos leva a entender que o perdão de Deus é condicional. Ou seja, temos uma das poucas coisas que Deus depende do homem; para Deus nos perdoar, Ele depende de que primeiro perdoemos os outros. Logo, é necessário exercer perdão para obter o perdão de Deus.]

2. Nos atos e ensinos de Jesus. O perdão foi ensinado (Mt 6.9-15; 18.25-35; Lc 7.36-50; 15.11-32) e praticado por Jesus (Mt 9.6; Lc 23.34, 39-42). A pregação das Boas-Novas era o anúncio do perdão irrestrito ao pecador penitente (Mt 1.21; Mc 10.45). Incluía desde o cancelamento do efeito do pecado cometido (Mc 2.5; Jo 8.11) à aceitação graciosa do pecador à comunhão com Deus (Lc 15.20-24). A morte de Jesus Cristo no Calvário cumpria assim a oferta escatológica do perdão anunciada pelos profetas (Jr 31.34; 33.8 ver Lc 1.76-79; 4.18,19). [Comentário: Ao ouvir o ensino de nosso Senhor relativo ao exercício da disciplina na Igreja, Pedro se antecipou aos demais discípulos e Lhe perguntou Jesus quantas vezes estaria obrigado a perdoar um irmão faltoso. Ele se valeu da tradição dos escribas e fariseus quando perguntou se até sete vezes, porque eles ensinavam que este era o número máximo que uma pessoa poderia ser perdoada por alguém. O maior exemplo de perdão foi dado por Deus: o perdão da cruz (Lc 23.34). O perdão de Jesus libertou-nos das nossas dívidas (Cl 2.13-15). A boa nova do evangelho é que Jesus pagou o preço por nossos pecados com sua morte na cruz. Quando chegamos à Cristo pelo impulso do Espírito e alcançamos a salvação através da fé, é aquele ato no Calvário sendo o pagamento de nossos pecados e nos livrando da culpa por nossas transgressões. Não ficamos mais na posição de infratores da lei, de devedores diante de Deus, seus inimigos. Somos perdoados!]

3. Nos ensinos das epístolas. O perdão nas epístolas aparece no contexto da doutrina da justificação e da graça divina (Rm 3.21-26; 5.1,2,6-11). A pessoa não é tão somente perdoada dos pecados e livre da culpa, mas liberta completamente do poder do pecado sobre ela. O perdão promove a reconciliação do homem com Deus (Rm 5.10,11; 2Co 5.18-21) e faz com que o pecador participe da justiça de Cristo em Deus (Rm 3.21-28; 8.1; 9.30; 1Co 1.30,31). [Comentário: Paulo explana muito bem sobre o perdão em suas epístolas e nos esclarece que o perdão é o ato no qual o ofendido livra o ofensor do pecado, liberta-o da culpa pelo pecado. Este é o sentido pelo qual Deus “esquece” quando perdoa (Hb 8.12). Isso não implica dizer que Deus tenha aminésia. Por exemplo, Deus lembrou-se do pecado de Davi a respeito de Bate-Seba e Urias muito tempo depois que Davi tinha sido perdoado (2Sm 12.13; 1Rs 15.5). Ele liberta a pessoa perdoada da dívida do seu pecado, isto é, cessa de imputar a culpa desse pecado à pessoa perdoada (Rm 4.7-8). É estendido, ainda, a ideia de que o perdão de Deus é condicional. Deus, ao perdoar, não exige mais a morte do pecador que responde a seu convite de salvação, aplicando sobre ele a justiça de Cristo, mas para isto, Deus exige fé, arrependimento e confissão (At 2.37-38; 8.35-38; Rm 10.9-10).]

Pense!
“Não levante a espada sobre a cabeça de quem te pediu perdão” (Machado de Assis).
Ponto Importante
 “Quer ser feliz por um instante? Vingue-se. Quer ser feliz para sempre? Perdoe” (Tertuliano).

II. O QUE NÃO É PERDÃO
1. Não é fraqueza e covardia. Na perspectiva da filosofia existencialista anticristã, o perdão é visto tanto como fraqueza quanto covardia, e uma forma de corrupção e domesticação da natureza do homem por meio da moral cristã. O filósofo ateu F. Nietzsche entendia os ensinos de Jesus e a ética cristã deste modo. Para ele, o perdão ensinado por Jesus representava fraqueza e uma maneira de comprar a Deus. Ele afirmava que “o homem perde poder quando se compadece”. [Comentário: Realmente, Nietzsche reserva suas palavras mais amargas para a ética cristã. O que ele pretende mostrar é que o tipo de homem que a metafísica e a moral cristãs visam modelar é um tipo fraco, no sentido em que, para ser moral, deve alhear-se de uma parte da realidade, a mais concreta; a dimensão da sensibilidade. Assim, descreve o homem ideal da moral cristã como um «hemiplégico», paralisado de um lado http://lrsr1.blogspot.com.br/2011/04/nietzsche-e-moral-crista.html. A acusação principal de Nietzsche contra a ética cristã é que é uma moralidade de fraqueza. "Desde o próprio início, a fé cristã é um sacrifício: o sacrifício de toda a liberdade, de todo orgulho, de toda a auto-confiança da mente; ao mesmo tempo, é servidão, zombaria de si mesmo e auto-mutilação." Segundo Nietzsche: " Torne-se medíocre!' agora é a única moralidade que faz sentido, que acha ouvidos para ouvir." E no centro desta moralidade da mediocridade há o conceito cristão do amor. " 'A compaixão para todos' importaria em rigor e tirania para você, meu caro vizinho!" exclama ele. Além disto, diz: "amar a humanidade por amor a Deus tem sido, até agora, o sentimento mais distinto e forçado que a humanidade tem galgado." http://teoephilo.blogspot.com.br/2010/01/nietzche-transvalorizando-etica.html. A Bíblia ensina que o direito de vingança pertence ao Senhor (Rm 12.17-21). O perdão, contudo, não é simplesmente uma recusa a tirar vingança. Algumas vezes a pessoa ofendida abstém-se de responder ao mal com o mal, mas não está querendo libertar o pecador de sua condição de transgressor mesmo quando o pecador se arrepende. A pessoa contra quem se pecou pode querer usar o pecado como um cacete para castigar o pecador, mencionando-o de vez em quando para vergonha do pecador. Se perdôo meu irmão, tenho que "esquecer" seu pecado no sentido que não mais o atribuo a ele. Ao contrário do pensamento Nietzschiano, exercitar perdão é o maior ato de nobreza, desde que, entendamos que o perdão não significa a remoção das consequências temporais. O homem que assassina outro pode arrepender-se e procurar o perdão, mas ainda assim sofrerá o castigo temporal da lei humana. Mesmo se perdoado, pode ter que passar o resto de sua vida na prisão. O perdão remove as consequências eternas do pecado!]

2. Não é tolerância ao erro. Outro pensamento equivocado a respeito do perdão é considerá-lo como tolerância ao erro. Aquele que perdoa estaria deste modo sendo conivente com o erro, o mal, ou pecado. Assim, tolerar é compreendido como “consentimento” ou “permissão”. Todavia, tolerância é suportar o peso do erro de alguém em vez de concordar ou consentir com o pecado. Quem perdoa não é conivente com o erro que lhe foi cometido, mas suporta a ofensa e a perdoa. [Comentário: De fato, se libertamos o pecador de sua culpa sem arrependimento, encorajamo-lo a continuar em seus modos destruidores. O perdão não é a desculpa pelo pecado. Algumas pessoas "esquecem," isto é, ignoram os pecados cometidos contra elas porque têm medo de enfrentar o pecador. Entretanto a Bíblia é bem explícita sobre o curso da ação a ser seguida quando um irmão peca contra mim (Lucas 17:3; Mateus 18:15-17). O perdão fala de misericórdia, mas não deverá ser confundido com a tolerância e permissão do pecado. O Senhor perdoará ou punirá o pecador, dependendo da reação do pecador ao evangelho, mas ele não tolera a iniquidade. http://www.estudosdabiblia.net/d42.htm]

3. Não é anular a justiça (Lc 23.39-43). O perdão de modo algum anula o exercício ou prática da justiça (Dt 16.19). Justiça é dar a cada um o que lhe é devido (v.41). Está relacionada à ação (Jo 7.24). O perdão reconhece que a injustiça foi cometida, mas opera para além dela. É uma dádiva. Na morte de Jesus, entretanto, temos a satisfação da justiça de Deus e a ministração do perdão divino (Rm 1.17; 3.21-31 ver Mt 21.28-32). Assim, o perdão e a justiça podem atuar conjuntamente. No caso do ladrão na cruz, a justiça veio primeiro e, depois, o perdão (Lc 23.39-43). O perdão opera na esfera do sentimento e da subjetividade, a justiça, no entanto, é concreta e objetiva. [Comentário: Perdão não anula a Justiça. Perdão anula a Vingança: “Não retribuam a ninguém mal por mal. Procurem fazer o que é correto aos olhos de todos. Façam todo o possível para viver em paz com todos. Amados, nunca procurem vingar-se, mas deixem com Deus a ira, pois está escrito: “Minha é a vingança; eu retribuirei”, diz o Senhor. Ao contrário: “Se o seu inimigo tiver fome, dê-lhe de comer; se tiver sede, dê-lhe de beber. Fazendo isso, você amontoará brasas vivas sobre a cabeça dele”. Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem” (Rm 9.17-21).]

Pense!
Jesus ensinou que a justiça divina é distributiva e misericordiosa (Mt 20.1-16).
Ponto Importante
O exercício do perdão é uma lembrança de nossa posição diante de Deus.

III. PERDÃO, BASE DE RELACIONAMENTOS SAUDÁVEIS
1. Conflitos nos relacionamentos (Cl 3.13). Todo relacionamento humano está sujeito a conflitos, desavenças e queixas (At 15.36-39; 1Co 1.10-30). Não existe interação humana perfeita e por isso a dádiva do perdão deve estar presente (Mt 18.21,22). [Comentário: O pecado danifica as relações entre as pessoas como prejudica nossa relação com nosso Criador. A pessoa contra quem se pecou frequentemente se sente ferida, talvez irada pela injustiça do pecado cometido. O perdão é necessário para a cura espiritual da relação, mas precisamos preparar nossos corações para perdoar. Precisamos aceitar a injustiça do ferimento, a deslealdade do pecado, e ficarmos prontos para perdoar (observe os exemplos de Jesus e Estevão - Lc 23.34; At 7.60). Mesmo se o pecador se recusar a se arrepender, não podemos continuar a nutrir a raiva, ou ela se tornará em ódio e amargura (veja Ef 4.26-27,31-32). Ainda que o pecador possa manter sua posição como transgressor por causa de sua recusa a se arrepender, seu pecado não deverá dominar meu estado emocional http://www.estudosdabiblia.net/d42.htm.]

2. As duas dimensões do perdão. O perdão entendido corretamente abrange duas dimensões da vida humana: vertical e horizontal. Na primeira advém de Deus para o homem, removendo a culpa e se constituindo um ato de graça mediante o qual o ser humano é restaurado à comunhão com Deus (2Co 5.19; Dn 9.9). Ninguém perdoa a Deus, pois Ele é Perfeito e Justo (Sl 9.8; 18.30; 19.7; 98.9; Mt 5.48). Na segunda, diz respeito ao tratamento dispensado ao próximo (Mt 5.44; 6.12; 18.21,22; Rm 12.14,19). Essas duas dimensões são interdependentes (Mt 6.12; 18.23-35). [Comentário: Já lemos que o perdão divino é condicional, precisamos exercer perdão para alcançarmos o perdão divino. O site http://www.estudosdabiblia.net/d42.htm traz o artigo O que significa perdoar e apresenta o seguinte: “Jesus contou uma parábola sobre um servo que devia uma quantia enorme (10.000 talentos) ao seu rei (Mt 18.23-35). Ele era incapaz de pagar a dívida e implorou ao rei por compaixão. O rei perdoou-o por sua enorme dívida, mas este servo prontamente saiu e encontrou um dos seus companheiros servos que devia a ele uma quantia relativamente pequena e exigiu pagamento, agarrando-o pelo pescoço. Ainda que o companheiro de servidão implorasse por compaixão, o credor entregou-o à prisão. Quando o rei foi informado dos atos de seu servo incompassivo, irou-se e reprovou este servo, entregando-o aos torturadores até que ele pagasse totalmente sua dívida. É claro que estamos representados na parábola pelo servo que tinha uma dívida enorme. Não há comparação entre as ofensas que temos cometido contra Deus e aquelas que têm sido cometidas contra nós. Jesus observou que, justo como no caso do servo não misericordioso, o Pai não nos perdoará por nossas infrações se não perdoarmos nossos companheiros (18.35; veja também Mt 5.7). Para nos prepararmos para perdoar, precisamos lembrar que nós mesmos somos pecadores e necessitados do perdão divino (Rm 3.23). No caso do cristão, Deus já lhe perdoou uma imensa dívida no momento do batismo. Quando nos lembramos da grandeza da dívida que Deus quer nos perdoar, certamente podemos perdoar aqueles que nos devem muito menos em comparação (Ef 4.32; Cl 3.13)” http://www.estudosdabiblia.net/d42.htm.]

3. A dádiva do perdão. Perdoar é um ato de pura graça e de superação à ofensa recebida (Mt 18.21,22). Quem exerce o perdão lida melhor com o ressentimento e mágoas que advêm das injustiças sofridas. Perdoar é o melhor remédio para curar as feridas da alma: tristeza, angústia, compaixão própria, depressão entre outras. Quando a pessoa perdoa ela abre-se para uma nova e saudável experiência na qual as doenças psicossomáticas não se instalam sobre sua vida. O exercício do perdão traz saúde para a vida. Perdoe e viva feliz! [Comentário: Exercitar o perdão não é fácil, e quanto maior a intimidade que temos com aquele que peca contra nós, mais difícil é perdoá-lo. As Escrituras nos ensinam, contudo, que a má vontade em perdoar os outros nos retira o perdão divino (Mt 6.14-15). Desde que todos os indivíduos responsáveis diante de Deus necessitam de perdão, é portanto indispensável que entendamos e pratiquemos o perdão. Agora, é preciso entender que, não é o ofendido que deve pedir perdão ao ofensor! Não há nenhum exemplo Escriturístico desse estranho comportamento. Ah! Você poderia dizer: “mas Jesus enquanto padecia injustamente, disse: ‘Pai, perdoa-lhes porque...’"; isto é verdade, mas Ele não disse: "perdoem-Me pelo fato do Meu sangue ter espirrado e sujado suas roupas"! Pense em Jesus implorando a Judas: "Judas, não sei porque você está Me odiando, mas Eu lhe imploro, perdoe-Me por lhe fazer Me odiar". Isto afirmo em virtude de um entendimento equivocado que ensina a pedir-se perdão ao ofensor, e não há base bíblica para isso. Nosso texto do dia (Mt 18.21) diz que é o ofendido quem perdoa, não diz que é ele quem vai pedir perdão!]

Pense!
“Assim vos fará também meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas” (Mt 18.35).
Ponto Importante
“O juízo final será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia” (Tg 2.13).

CONCLUSÃO

O perdão é uma dádiva divina na qual o cristão é chamado a participar livremente. Todavia, se não o fizer por meio de um ato livre e misericordioso concedido por Deus, deve exercê-lo como mandamento divino. [Comentário: Finalmente, diante de tudo o que foi exposto, o que sobressai é que o ofendido quem deve perdoar, e perdoar independentemente do ofensor lhe pedir perdão! (Mt 18.15-17; Mc 11.25; Lc 11.4; 17.4; Ef 4.32; Cl 3.13). Quanto ao ofensor, terá que formular o pedido de perdão para alcançar a remissão. Se isso não for feito, nunca estará perdoado, ainda que o ofendido esteja disposto a fazê-lo ou que em seu coração haja feito. O pedido de perdão será verdadeiro se houver real arrependimento, sem o que não terá nenhum valor, nem perante o ofendido e nem perante Deus. Na oração do Pai nosso em Mt 6.12, lemos: "E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores;" - o que nos leva a entender que o perdão de Deus é condicional. Ou seja, temos uma das poucas coisas que Deus depende do homem, o quê? O exercício do perdão! “Se vocês perdoam a alguém, eu também perdoo; e aquilo que perdoei, ... perdoei na presença de Cristo, por amor a vocês, a fim de que Satanás não tivesse vantagem sobre nós; pois não ignoramos as suas intenções” (2Co 2.10).] “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Francisco Barbosa
Campina Grande-PB
Dezembro de 2015

ESTANTE DO PROFESSOR
ARRINGTON, F. L.; STRONSTAD, R. (eds.) Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2003.
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Matthew Henry. 1ª Edição. RJ: CPAD, 2002.

HORA DA REVISÃO
1. Descreva o perdão nas línguas bíblicas.
Designa a ação misericordiosa de Deus mediante a qual Ele perdoa, desculpa e livra o pecador da culpa e do castigo.
2. Fale sobre a relação entre Boas-Novas e perdão.
As Boas-Novas era o anúncio do perdão irrestrito ao pecador penitente.
3. O que diz a filosofia anticristã acerca do perdão?
Fraqueza e covardia; uma forma de corrupção e domesticação da natureza do homem por meio da moral cristã.
4. Faça a distinção entre perdão e tolerância.
Tolerância é suportar o peso do erro de alguém em vez de concordar ou consentir com o pecado.
5. Qual a relação entre perdão e saúde mental?
Quando a pessoa perdoa ela abre-se para uma nova e saudável experiência na qual as doenças psicossomáticas não se instalam sobre sua vida.

SUBSÍDIO I
“Perdoar não é uma opção
Perdoar não pode ser uma opção, até porque não há outra saída para quem foi ferido. Quem não perdoa anula a possiblilidade de ser livre, vivendo aprisionado às lembranças do que passou. Dentro desta ótica, o perdão é o passaporte para a liberdade: quem não perdoa sofre e vivencia a mágoa noite e dia, carregando um fardo que pode transformar-se em doenças do físico e da alma, ou até ser as duas associadas (doenças psicossomáticas).
O irônico é que muitas vezes quem comete o erro se arrepende, busca ajustar-se, procura terapia para conhecer seus motivos e fortalecer-se contra quedas futuras, e até passa a ter uma vida emocional e espiritual mais frutífera do que antes da queda. Até porque uma das capacidades humanas é aprender com o erro e com a dor, tornando-nos pessoas mais conscientes de fraquezas e tendências. Contudo, quem foi ferido, se não decidir perdoar e submeter-se ao processo de perdão, viverá sob o peso da dor da traição e pagará o preço emocionalmente pelo erro do ofensor.
É por essa razão que perdoar não é uma opção dentre outras para ser considerada. Mas é a opção, a única decisão correta a ser tomada para que você seja livre da dor, da ira, das doenças, do envelhecimento precoce, dos olhos turvos, da aniquilação dos projetos de vida” (CRUZ, Elaine. Sócios, Amigos & Amados: Os Três Pilares do Casamento. 1ª Edição. CPAD. RJ: 2005, p.206.)

SUBSÍDIO II
 “Perdoar não é esquecer
Deus é o único que consegue apagar nossas culpas e pecados, deles não se lembrando mais, tornando-nos, a cada vez que pedimos perdão a Ele, novas criaturas, limpas da nódoa do pecado e brancos como a neve.
Bom seria se tivéssemos um mar de esquecimento. Jogaríamos nele as nossas mágoas, os fatos que nos fazem sofrer, as palavras que nos machucaram, nossos desapontamentos, fracassos e tragédias — e para ficar melhor ainda, colocaríamos uma placa ao redor com os letreiros ‘É proibido pescar’. Não seria, simplesmente, maravilhoso?
Infelizmente isto não é possível. Nós, humanos, temos uma memória que não se apaga. Alguns podem até passar por traumas ou dores tão profundas, que submergem em uma amnésia temporária ou permanente os fatos e período que os fizeram sofrer: é comum que pessoas que sofram acidentes graves esqueçam os momentos que antecederam o fato.
A única forma de apagar definitivamente a memória é remover do cérebro as áreas onde ela se concentra, por uma lobotomia ou por perda da massa cinzenta. E isto certamente não é o que desejamos” (CRUZ, Elaine. Sócios, Amigos & Amados: Os Três Pilares do Casamento. 1ª ed. CPAD. RJ: 2005, p.203.)